sexta-feira, 15 de maio de 2009

Crescendo Negro na Alemanha Nazista

A vida marcante de Hans Massaquoi

Por Audrey FISCHER

Uma imagem pode valer mais do que mil palavras, mas a foto de um rapaz de pele escura vestindo uma suástica em um pátio de escola em Hamburgo, na Alemanha, tirada em 1933, não é o início da história da marcante vida de Hans J. Massaquoi. Ele, o ex-editor da revista Ebony, conta agora sua história em seu livro mais recente, Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany (“Destinado a testemunhar: crescendo negro na Alemanha nazista”.

"A primeira vez que ouvi falar do livro, eu fiquei paralisado", disse Yvonne Poser, professor de alemão da Universidade Howard, que entrevistou o Sr. Massaquoi no Teatro Pickford em 16 de fevereiro, como parte do programa mensal da Biblioteca de História Afro-Americana. "Sua história é uma história das vítimas ainda por contar".

A questão de como Massaquoi foi criado na Alemanha nazista tem sido feita "milhões de vezes". Neto do cônsul geral da Libéria em Hamburgo, o Sr. Massaquoi nasceu em 1926 de pai africano e mãe alemã. Na infância, teve uma vida privilegiada, por ser neto de um diplomata.

"Eu associava a pele negra à superioridade, já que nossos empregados eram brancos," disse Massaquoi. "Meu avô era 'o homem'", ele brincou.

Sua situação mudou radicalmente quando seu pai e seu avô regressaram à Libéria em 1929. Recusando-se a expor seu filho doente a um clima tropical, a mãe de Massaquoi preferiu criar seu filho na Alemanha da melhor forma possível com seu ínfimo salário de ajudante de enfermeira. Embora ele tivesse passado seus primeiros anos em uma vila, no início Massaquoi achava “interessante” a vida em um apartamento que só possuía água fria. O que mais o angustiava era ser o "estranho no quarteirão”.

"Era um problema constante", disse ele. "Eu era apontado sempre por causa de minha aparência exótica. Eu só queria ser como todos os outros." À semelhança de outros rapazes, ele nada mais queria do que se juntar à Juventude Hitleriana.

"Os nazistas encenavam o melhor espetáculo entre todos os partidos políticos. Havia desfiles, fogos de artifício e uniformes - estes foram os dispositivos pelos quais Hitler conquistou os jovens para as suas idéias. Hitler sempre se gabou que, apesar da persuasão política dos pais, a juventude alemã pertencia a ele". Massaquoi recebeu um golpe quando soube que a Juventude Hitleriana, assim como o playground local, não estavam abertos a "não-arianos".

Dois eventos ocorridos durante o Verão de 1936 fez com que ele sentisse "um orgulho genuíno de sua herança africana, numa época em que tal orgulho era extremamente difícil possuir". Dois jovens atletas negros americanos, o boxeador Joe Louis e o corredor olímpico Jesse Owens, dominaram as notícias. No início, Massaquoi torcia pelo alemão Max Schmeling, que iria lutar com Louis, mas logo mudou de idéia e passou a torcer para "a bomba marrom", por conta de observações racistas atribuídas a Schmeling. Seus colegas de classe começaram a chamá-lo de "Joe", o que lhe deu um muito bem vindo prestígio.

"Acho que fui mais esmagado que Louis quando ele perdeu de Schmeling", brincou Massaquoi. Em uma revanche vários meses mais tarde, Louis nocauteou Schmeling na primeira rodada.

Massaquoi sentiu um orgulho semelhante no legendário desempenho de Jesse Owens nos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim. Ele teve a sorte de ser incluído quando o pai de um de seus colegas levou um grupo de meninos ao jogos. O triunfo de um "não-ariano" sobre atletas alemães não era o que Hitler pretendia mostrar no filme quando encomendou ao cineasta alemão Leni Riefenstahl um documentário sobre os Jogos Olímpicos.

Anos mais tarde, enquanto trabalhava como jornalista, Massaquoi encontrou Owens e Louis e agradeceu-lhes "por terem lhe permitido andar um pouco mais alto entre os seus colegas naquele verão."

Quando se tornou adulto, Massaquoi foi impedido de se juntar ao exército alemão, prosseguir sua educação e se preparar para uma carreira profissional. Em vez disso, ele se tornou um aprendiz de maquinista. Após a II Guerra Mundial, ele imigrou para os Estados Unidos com um visto de estudante. Embora não fosse cidadão americano, foi requisitado para se apresentar ao serviço militar por causa de um erro de escrita e serviu por dois anos como soldado pára-quedista na Divisão Aerotransportada 82 durante a Guerra Coreana. Posteriormente, ele se aproveitou de GI Bill ** (Ato de Reajusto Militar) e obteve um diploma em jornalismo na Universidade de Illinois, que preparou o caminho para uma carreira de quase 40 anos na revista Ebony.

Ao ser perguntado como sobreviveu ao reinado de terror de Hitler, Massaquoi assinalou dois fatores. O fato de que havia tão poucos negros na Alemanha na época fez com que não fossem prioridade para o extermínio em massa. Além disso, o rápido avanço das tropas aliadas deu a Hitler "mais o que pensar do que se preocupar com Hans Massaquoi".

O que ele pensa da Alemanha hoje? "Eu a amo. É a minha pátria." Sua opinião de Joerg Haider, o recém-eleito líder da Áustria, do partido de direita liberal, cujas opiniões têm sido equiparadas ao nazismo, é muito diferente: "Ele deve ser repudiado. O mundo todo deve mostrar que não toleraremos este tipo de ideologia“. (Haider já renunciou como presidente de seu partido).

A Sra. Fischer é uma especialista em assuntos públicos do Instituto de Assuntos Públicos.

** O G.I. Bill (oficialmente chamado de Ato de Readaptação de Militares de 1944, P.L. 78-346, 58 Stat. 284m ,) fornece universidade ou educação vocacional no retorno de veteranos da Segunda Guerra (comumente referem-se a eles como GIs ou G.I.s) como também um ano de compensação por desemprego. Também provém muitos diferentes tipos de empréstimos no retorno de veteranos para compra de casas e início de negócios. Desdo o ato original, o termo vem incluindo outros programas de benefícios de veteranos criados para assistir veteranos das guerras subsequentes como também serviços em tempos de paz.

Retornar para Março de 2000 - Vol. 59, No. 3

Fonte: Library of Congress(Biblioteca do Congresso, EUA)
http://www.loc.gov/loc/lcib/0003/black_nazi.html
Tradução: Carla Jammer

3 comentários:

Diogo disse...

«Ao ser perguntado como sobreviveu ao reinado de terror de Hitler, Massaquoi assinalou dois fatores. O fato de que havia tão poucos negros na Alemanha na época fez com que não fossem prioridade para o extermínio em massa. Além disso, o rápido avanço das tropas aliadas deu a Hitler "mais o que pensar do que se preocupar com Hans Massaquoi".»


Foi uma sorte!

Leo Gott disse...

Troll detected. rsrsrsrsrs

Será que o Diogo não tem nada a fazer na sexta-feira à noite em Lisboa?

Deus me livre...

Roberto disse...

"Troll detected. rsrsrsrsrs"

Bom, o comportamento 'troll' continua o mesmo ou pior, rsrsrsrs.

Mais hilário é que o Joãozinho não consegue esquecer do blog e da tua presença comentando no revimanezismoemlinha:
comentários

"Johnny Drake disse...
Amigo, e que incentivo ainda podes ter tu em continuar a perder o teu tempo com comentários naquele outroa blogue de seguidores de mitos, holocontos, espíritas e "Elvis ainda vive!"?...
Sou obrigado a dar-te os parabéns pela paciência.

Um grande abraço"


Não é um "fofo"(ui! rs) o Joãozinho? rsrsrsrs

E ele virou fã de Elvis, cismou pra valer com a foto dele, hahahahahaha.

E descobri também que eu e você somos menos inteligentes porque repetimos chavões(sic) e ele achou que o Roberto concordou com as distorções dele(pelo visto ele não entendeu o que o Roberto comentou, ou não quis entender), pode?

Esses "revis" são demais, só rindo mesmo, rsrsrsrs.

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