quarta-feira, 25 de junho de 2014

Hans Krueger e o assassinato dos Judeus em Stanislawow - Parte 03

Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow - Parte 03

Shoah Resource Center,
The International School for Holocaust Studies
Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow (Galícia)
Dieter Pohl


Traduzido para o Inglês por William Temple
Yad Vashem Studies, Vol. 26, 1998, pp. 239- 265
Original: Hans Krueger and the Murder of the Jews in the Stanislawow Region (Galicia) [PDF]
Ver mais na Página de Ebooks sobre genocídio na segunda guerra.

É impossível determinar qual era a exata responsabilidade de Krueger em conexão com o "Domingo Sangrento." É claro que um massacre de tais proporções sob administração civil alemã era virtualmente sem precedentes. Mas pesquisa adicional é necessária sobre se Krueger realmente iniciou este crime. Ele foi sem dúvida responsável pela brutal execução e pelo grande número de vítimas. Para 1942, o aspecto fantástico é o assassinato, num momento relativamente precoce, de todos os judeus na área de Stanislawow.

Mas o quartel-general da Polícia de Fronteira de Kolomea era ainda mais radical neste aspecto. Mais importante aqui que o fator dos chefes individuais da Sipo era o fato de que havia poucos projetos de trabalho forçado de larga escala nas partes ao sul do distrito, projetos que em outras áreas tinham ajudado temporariamente a salvar vidas. Da primavera de 1942 em diante, operações contra os judeus seguiram-se de ondas varrendo por todo o distrito. Um elemento decisivo era a participação direta de Krueger na implementação radical de assassinatos em massa ali mesmo. Só na região de Stanislawow, mais de 85 por cento dos judeus foram fuzilados em vez de deportados. Krueger foi o arquiteto deste banho de sangue, certificando-se de que seus próprios homens estivessem envolvidos. Na realidade, isto significava que alguns de seus subordinados balearam pessoalmente milhares de homens, mulheres e crianças nas fossas. Só houve resistência insignificante da parte deles ao participaresm da matança. 66 Assim, o caso de Stanislawow foi marcado por uma mistura específica e distinta de personalidade e circunstâncias externas, particularmente geográficas.

Embora o escritório em Stanislawow e seu chefe Hans Krueger devessem ser vistos como um exemplo extremo, eles refletem aspectos típicos do pessoal e da atividade dos escritórios externos da KdS em áreas da Polônia ocupada e da União Soviética. Muito embora Krueger carregue responsabilidade pelo maior número de assassinatos em massa perpetrados por um divisão do KdS em todo o Governo Geral, havia vários chefes de estação que eram comparáveis, tais como Peter Leideritz em Kolomea 67, ou Hermann Mueller em Tarnopol. Nós sabemos menos ainda sobre outros "perpetradores ideoógicos" radicasis, uma vez que eles não sobreviveram à guerra e, dessa forma, não foram sujeitos a investigações criminais posteriores.

Eventos similares ocorreram nos outros quatro distritos do Governo Geral. Somente no caso da área ocidental do distrito de Varsóvia os judeus tinham sido deportados para o gueto de Varsóvia antes do início da real "Solução Final". Em outros distritos, as estações do KdS foram os reais carrascos em massa; nas capitais de distrito, as agências responsáveis foram as próprias agências centrais do KdS.

Ao ponto que os judeus não tinham sido já eliminados pelas SS móveis e unidades de polícia, as divisões externas da KdS na União Soviética ocupada tinha uma função análoga. Freqüentemente, entretanto, escritórios fixos da Sipo eram estabelecidos somente num momento posterior e às vezes não eram estabelecidos em áreas sob administração militar. Ao leste do Dnieper, a maioria dos judeus já tinham fugido antes de a Wehrmacht chegar. Na União Soviética ocupada, deportações dificilmente tinham qualquer função. Quase todos os judeus eram massacrados próximos às suas cidades-natal e vilarejos, ou gaseados em camionetes móveis. Não obstante, há ainda uma grande carência de pesquisa histórica básica relativa às atividades da Sipo nessas áreas.

Quando comparado com escritórios da Gestapo no Reich 68 e agências centrais da KdS, as quais em geral têm sido melhor pesquisadas 69, as diferenças são claras: primeiro, quanto mais se vai para o Leste, menor o quadro de pessoal nos escritórios externos. Em segundo lugar, o pessoal em tais divisões consistia geralmente de oficiais de carreira da Gestapo, enquanto muitos oficiais na Gestapo no Reich e as agências centrais do KdS eram advogados experientes. Em terceiro lugar, vários comandantes do KdS vinham das fileiras da SD, a elite ideológica da SS. As tarefas de tais comandantes em conexão com assassinatos em massa de judeus eram grandemente organizacionais e de supervisão; Principalmente, eles estavam fisicamente presentes somente quando havia deportações em larga escala e execuções em massa
diretamente em suas cidades especificas.

Em contraste, os chefes dos escritórios externos, seus chefes locais da Gestapo, e Judenreferenten organizavam o assassinato de judeus ali mesmo, negociando com outras instituições tais como a Orpo e a administração civil. Eles também executavam as matanças pessoalmente, em inúmeros casos usando suas próprias armas. Assim, estes homens constituíam o segmento base dos funcionários na "Solução Final"; sem sua participação, teria sido impossível implementar a carnificina desta maneira.

Notas:

1 Ver Christopher R. Browning, Ordinary Men - Reserve Police Battalion 101 and the Final Solution in Poland, (New York: Harper Collins, 1992); Helmut Krausnick and Hans-Heinrich Wilhelm, Die Truppe des Weltanschauungskriegs: Die Einsatzgruppen der Sicherheitspolizei und des SD 1938-1942, (Stuttgart: Deutsche Verlags-Anstalt, 1981).

2 Tatiana Berenstein, “Di farnichtung fun yidishe yeshuvim in Distrikt Galizien,” Bleter far geshikhte 6:3 (1953), pp.45-153; revised version: “ Esterminacja ludnosci zydowskiej w dystrykcie Galicja,” Biuletyn Zydowskiego Instytutu Historycznego, No. 61 (1967) (Berenstein, “Eksterminacja”), pp. 3-58.

3 Elisabeth Freundlich, Die Ermordung einer Stadt namens Stanislau. NS-Vernichtungspolitik in Polen, (Vienna: Oesterreichischer Bundesverlag, 1986) ( Freundlich, Ermordung), especially pp. 137-186; idem, ``Massaker in Stanislau 1941. Versuch einer Rekonstruktion,’’ Jahrbuch des Instituts fuer deutsche Geschichte, 4 (1975), pp. 423-455.

4 “Urteil Landgericht [LG] Muenster, 5 Ks 4/65./.Krueger u.a.,’’ May 3-6, 1968, p. 82 (hereafter, Verdict Krueger). The first indication of the presence of the Gestapo can be found in the minutes of the Municipal Administration Stanislawow, August 1, 1941, Derzhavniy Arkhiv Lvivskoy Oblasti (DALO), R-35/12/35, p. 2.

5 Zygmunt Albert, The Extermination of the Lwow Professors in July 1941, in idem (ed.), Kazn profesorow lwowskich, lipiec 1941. Studia oraz relacje i dokumenty (Wroclaw: Wydawnictwo Uniwersytetu Wroclawskiego, 1989), pp. 69-99 (Albert, Kazn profesorow); Slawomir Kalbarczyk, ``Okolicznosci smierci profesora Kazimierza Bartla we Lwowie w lipcu 1941 r.,’’ Biuletyn
Glownej Komisji Badania Zbrodni przeciwko Narodowi Polskiemu, 34 (1922), pp. 112-123.

6 Final remarks, State Prosecutor (Staatsanwaltschaft, StA) Hamburg 141 Js 12/65, May 2, 1966, Zentrale Stelle der Landesjustizverwaltungen (ZStL), Ludwigsburg 208 AR-Z 81/60. The shooting was probably carried out under the command of SS-Sergeant Horst Waldenburger.

7 Interrogation Hans Krueger, January 8, 1962, ZStL 208 AR-Z 398/59. Krueger mentions here that this RSHA order was delivered by SS and Police Leader (SSPF) Friedrich Katzmann, though that would not have been in keeping with the standard police hierarchy and command structure.

8 Ralf Ogorreck, Die Einsatzgruppen der Sicherheitspolizei und des SD im Rahmen der ``Genesis der Endloesung’’ (Berlin: Metropol, 1996). Contrary to Ogorreck’s thesis, killing of woman and children started already at the end of july in the Soviet Union.

9 Announcement, Municipal Administration Stanislawow, published in Ukrains'ke slovo, July 29, 1941.

10 “Ereignismeldung UdSSR des Chefs der Sipo and des SD,’’ No. 23 (July 15, 1941), Bundesarchiv Berlin (BAP) R 58/214, fol. 172. In the second half of August 1941, Hungarians prevented a massacre of Jews in Kolomea, see ``Tagebuch S.A.,’’ ZStL 208 AR-Z 277/60. This attempt was probably also at Krueger's initiative, since the Gestapo detachment for Kolomea did not arrive there until the first week in September 1941.

11 Verdict Krueger, pp. 98-130; Freundlich, Ermordung, pp. 139-147; list of the ninety-nine Polish victims, Archivum Glownej Komisji Badania Zbrodni przeciwko Narodowi Polskiemu (hereafter, AGK), Warsaw, W 249/73, vol. 1, pp. 65-67.

12 “Chef der Sipo und des SD an Gouverneur des Distrikts Galizien,’’ September 1, 1941, DALO R-35/2/57, p. 2.

13 Christopher R. Browning, ``Beyond ‘Intentionalism’ and ‘Functionalism’: The Decision for the Final Solution Reconsidered,’’ in idem, The Path to Genocide. Essays on Launching the Final Solution (Cambridge: Cambridge University Press, 1992), pp. 86-121, especially p. 117; Pierre Burrin, Hitler und die Juden. Die Entscheidung fuer den Voelkermord (Frankfurt a.M.: S. Fischer, 1993), p. 151.

14 Dieter Pohl, Von Der Distrikt Lublin des. zum Judenmord’’ Judenpolitik“. Der Distrikt Lublin des Generalgouvernements 1939-1944 (Frankfurt a/M.: Peter Lang, 1993), p. 101, and the entry in Himmler’s calendar for October 13, 1941. I am grateful to Peter Witte (Hemer) for this reference.

15 Dieter Pohl, Nationalsozialistische Judenverfolgung in Ostgalizien 1941-1944 Organisation und Durchfuehrung eines staatlichen Massenverbrechens.1944(Muenchen: Oldenbourg, 1996), pp. 139 ff.

16 Interrogation Hans Krueger, May 20, 1966, ``Hauptverhandlung LG Muenster, 5 Ks 4/65./. Krueger u.a.,’’ p. 84, ZStL 208 AR-Z 398/59.

17 Interrogation Hans Krueger, June 26, 1962, Generalstaatsanwaltschaft Berlin P (K) Js 7/68.

18 After Kalusz was dissolved on April 1, 1943, it was also responsible for the southern sections of Stryj County.

19 A 1943 map indicating the various areas of authority of the KdS branch offices is contained in DALO R-16/1/11, p. 25.

20 See Grzegorz Mazur, ``Aresztowania zolnierzy Armii Krajowej w okregu Stanislawow 1942-1943,’’ Studia Historyczne, 34, No. 1 (1991), pp. 89-109.

21 Vasyl Jashan, Pid brunatnym chobotom. Nimetska okupatsiya Stanislavivshchyn v Druhij svitovoj vijni, 1941-1944 (Toronto: New Pathway Publishers, 1989), p. 71 ff (Jashan, Pid Brunatnym).

22 In 1964, the CP Regional Committee Ivano-Frankovsk was able to establish a figure of only 125 Communists in the underground who were so executed. See Tsentralniy Derzhavniy Arkhiv Hromadskykh Obydanan Ukrainy, Kiev, P-57/4/228, p. 4. Execution orders by Krueger for the village Zelenoe, District Nadworna, October 13-November 7, 1941, Derzhavnyj Arkhiv Ivano-Frankivskoy Oblasti (DAIFO) R-432/1/1.

23 Mueller, who probably was himself from eastern Galicia, could not be traced after the war. On Varchim, see Verdict Krueger, pp. 36-39, 887-893.

24 Overview of the KdS in the occupied territories, approx. 1943, Federal Archives Berlin (formerly Berlin Document Center, BDC), binder 458 A; distribution list, ``KdS Galizien/V fuer polnische Kripo im Distr.,’’ n.d., DALO R-36/1/43, p. 40.

25 Simon Wiesenthal, Doch die Moerder leben (Muenchen, Zuerich: Droemer-Knaur, 1967).

26 See the personnel cards of the KdS Krakow in AGK CA 375.

27 In the case of Gerhard Hacker, Rudolf Mueller, and Kurt Renger, it was not possible to determine where they had served previously

28 See “Einwanderer-Zentralstelle (Wagner) an Oskar Brandt,’’ September 12, 1943, BDC, SSO Johannes Wagner; list of guards
in DALO R-36/3/1, p. 21.

29 Manuscript of speech by Albrecht, September 28, 1941, DALO R-35/2/67, pp. 25-26.

30 Interrogation Heinz Albrecht, November 6-9, 1962, ZStL 208 AR-Z 398/59. Kriegsverbrecher von Stanislau vor dem -Schupo, .Tuviah Friedmann, ed

31 Institut fuer : Haifa( Dokumentensammlung. VolksgerichtWienerDokumentation, 1957).

32 History Teaches a Lesson ( Kiev: Politvidav Ukraini, 1986), p. 219.

33 BDC, indictment file Paul Kleesattel.

34 For a detailed treatment, see Freundlich, Ermordung, pp. 148-154.

35 There had already been large-scale mass murders of Jewish men and women in 1939-1940, but these were unrelated to the decisions reached in the summer and fall of 1941.

36 Interrogation Gustav Englisch, October 9, 1964, ZStL 208 AR-Z 398/59.

37 Interrogation Emil Beau, August 2, 1962, ibid.

38 Interrogation W.B., May 17, 1966, ZStL 208 AR-Z 277/60.

39 For a detailed treatment, see Freundlich, Ermordung, pp. 154-164.

40 “Kriegstagebuch Polizeibataillon 310,’’ October 12, 1941, copy in Institut fuer Zeitgeschichte (Munich), Fb 101/01, p.246. CF, "Bericht des Vertreters des Auswartigen Amtes im GG, 23.11.1943’’, Institut fuer Zeitgeschichte, Nuernberger Dokument NG-3522.

41 Interrogation Ernst Varchmin, June 6, 1966, ``Prozessprotokoll LG Muenster 5 Ks 4/65./.Krueger u.a.,’’ p. 122, ZStL 208 AR-Z 398/59; interrogation O.F., October 14, 1964, interrogation A.Z., October 16, 1964, ZStL 208 AR-Z 267/60.

42 Bolechow Memorial Book, (Hebrow and Yiddish) Haifa: Irgun Yotzai Bolechow in Israel, 1957; “Vermerk Bayrisches Landeskriminalamt,’’ October 5, 1977, Archiv der Staatsanwaltschaft, Muenich I 115 Js 5640/76./.Jarosch.

43 See Berenstein, “Eksterminacja,’’ table 9; ``Schlussbericht Ermittlungsverfahren StA Dortmund, 45 Js 53/61./.Krueger u.a.,’’ February 27, 1964, p. 38, ZStL 208 AR-Z 398/59 (Schlussbericht Krueger).

44 Interrogation Hermann Mueller, May 23, 1962, Landgericht Stuttgart Ks 7/64, StA Ludwigsburg, EL 317 III, Bue 1408.

45 Underground report, Ringelblum Archive, June 1942, Ruta Sakowska, Die zweite Etappe ist der Tod ( Berlin : Hentrich, 1993 ) pp. 220-222 ; Verdict Krueger, pp. 294-306.

46 For details, Verdict Krueger, fols. 309-31. The court found there had been a mass execution, not a deportation. Likewise in “Report on Commision,’’ January 25, 1945, DAIFO R-98/1/2, p. 10. However, this contradicts the testimony of the preponderant majority of witnesses and their claim that the “operation’’ had begun in the evening.

47 Presumably the victims were shot, ibid., and not deported, as noted in ``Schlussbericht ZStL betr. Stanislau,’’ December 1, 1961, ZStL 208 AR-Z 398/59.

48 Letter, C.L. to Ribbentropp, April 11, 1942, Political Archives, Foreign Office, Bonn, Inland II A/B 67/3.

49 Berenstein, ``Eksterminacja,’’ table 9.

50 Private letter, May 4, 1942, in Schlussbericht Krueger, p. 161.

51 Verdict Krueger, fols. 446-464; cf. Freundlich, Ermordung, pp. 182-184.

52 “Arbeitsbericht der Kreishauptmannschaft Kalusch,’’ July 27, 1942, DALO R-35/12/11, fol. 4; “Report Rajon Commission Dolina,’’ DAIFO R-98/1/13; ``Tatortverzeichnis,’’ StA Munich, I 115 Js 5640/76.

53 Manuscript Jakub Zak, “Zusammenstellung der Gegebenheiten ueber die Vernichtung des Judentums in Ostgalizien,’’ ZStL 208 AR-Z 398/59.

54 Verdict Krueger, fols. 398-421, 478; interrogation D.M., November 27, 1947, ZStL 208 AR-Z 398/59.

55 Verdict Krueger, fols. 498-506; “Jewish Aid Committee to Jewish Social Self-Help,’’ July 8, 1942, Archiwum Zydowskiego Instytutu Historycznego (AZIH), Warsaw, ZSS/270, pp. 10-12; “Arbeitsbericht der Kreishauptmannschaft Kalusch,’’ July 25, 1942, DALOR – 35//2///p.4; Jashan, Pid brunatnym chobotom, pp. 197-198.

56 Wlodzimierz Bonusiak, Malopolska wschodnia pod rzadami Trzeciej Rzeszy(Rzeszow: Wyzsza Szkola Pedagogiczna, 1990).

57 Verdict Krueger, pp. 429-438.

58 “Jewish Aid Committee Nadworna to Jewish Assistance Office,’’ n.d. (stamped received, November 7, 1942), AZIH, ZSS/366, p. 1, translated from Polish.

59 “Lagebericht Gendarmeriezug Stanislau fuer 26.11.-25.12.1942,’’ December 30, 1942, DAIFO R-36/1/15, pp. 1-2.

60 “Rede an Arbeitseinsatzsaebe im Kreis,’’ November 2, 1942, DAIFO R-36/1/17, pp. 24-32.

61 Verdict Krueger, fols. 821-822; according to Schlussbericht Krueger, p. 23, the victims were deported to a death camp on February 22, 1943; ZStL 208 AR-Z 398/59.

62 “KdS Galizien IIIA4 an Reichssicherheitshauptamt IIIA,’’ June 26, 1943, BA R 58/1002, pp. 108-09.

63 “Bericht Reichrechnungshof/Pruefungsgebiet VI,’’ n.d. (1943/44), BA 23.01 . Die Sauberkeit der Verwaltung im KriegeRainer Weinert, . 103-82. , pp/22073:Wiesbaden(1946-1938Rechnungshof des Deutschen Reiches DerWestdeutscher Verlag, 1993), p. 153. According to a statement on December 10, 1963, by B.’s successor M.G., this must have taken place sometime in August or September 1942, ZStL 208 AR-Z 398/59.

64 “Hauptamt SS-Gericht an Krueger,’’ December 10, 1943, BDC, SSO Hans Krueger; recollections of Karolina Lanckoronska, in Albert, Kazn profesorow, pp. 234-251, especially pp. 241-242.

65 Copy in AGK W 249/73, vol. V, p. 2.

66 There is a story that Gestapo Chief Linauer did not want to pull the trigger himself. But it is fairly sure that one of the ethnic-German guards refused to take part in the shooting; interrogation A.M., December 5, 1947; interrogation S.S., October 27, 1961; ZStL 208 AR-Z 398/59.

67 On Leideritz see: Verdict Regional Court Warsaw, Novenber 17, 1947, AGKSOW.

68 Klaus Mallmann, Wolfgang Paul, eds., Die Gestapo. Mythos und Realitaet (Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1995).

69 Wlodzimierz Borodziej, Terror i polityka. Policja niemiecka a polski ruch oporu w GG 1939-1944 (Warszawa: Instytut Wydawniczy Pax, 1985); Stanislaw Biernacki, Okupant a polski ruch oporu. Wladze hitlerowskie w walce z ruchem oporu w dystrykcie warszawskim 1939-1944 (Warszawa: Glowna Komisja, 1989); Jozef Bratko, Gestapowcy ( Krakow: Krajowa Agencja Wydawnicza, 1985); Alwin Ramme, Der Sicherheitsdienst der SS(Berlin: Militoerverlag der DDR, 1970).

Fonte: Lista Holocausto-Doc
https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/Holocausto-Doc/conversations/messages/4523
Tradução: Marcelo Oliveira

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terça-feira, 24 de junho de 2014

Hans Krueger e o assassinato dos Judeus em Stanislawow - Parte 02

Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow - Parte 02

Shoah Resource Center,
The International School for Holocaust Studies
Hans Krueger e o Assassinato dos Judeus na Região de Stanislawow (Galícia)
Dieter Pohl


Traduzido para o Inglês por William Temple
Yad Vashem Studies, Vol. 26, 1998, pp. 239- 265

Imediatamente a partir de então, Krueger começou preparativos para o "Domingo Sangrento" em Stanislawow. Por uma ordem do comandante da Orpo em Lvov, o contingente de tarefa especial da Schupo e o Batalhão de Reserva da Polícia 133 receberam ordens para fornecer "assistência cooperativa" à Sipo. Em 11 de outubro, o deputado de Krueger, Brandt, deliberou com o comandante da RPB 133 Gustav Englisch, que inicialmente colocou um destacamento de seus homens à disposição 36. Naquele mesmo dia, o próprio Krueger entrou em contato com o comissário municipal Emil Beau, que então emitiu diretivas sobre as dimensões revisadas e reduzidas do perímetro do gueto 37. Não até a próxima manhã, 12 de outubro, todos as várias autoridades foram envolvidas, inclusive o novo chefe da Schupo, Walter Streege, convocado a uma reunião. Krueger também se esforçou para obter um destacamento da polícia rodoviária (Bahnpolizei) para se juntar à "doação de sangue" 38.

Pequenos destacamentos da Schupo imediatamente começaram a conduzir os judeus de suas casas para para uma vizinhança de Stanislawow; eles marchavam em grandes colunas para o cemitério judaico nos limites da cidade. Os cerca de 20.000 judeus foram conduzidos aos grandes terrenos do cemitério, cercados por um muro alto. As vítimas eram forçadas à extremidade de duas grandes valas que haviam sido escavadas lá, forçados a subir numa viga suspensa sobre a vala, e eram então fuziladas. Os carrascos eram homens da Sipo, incluindo o próprio Krueger, assim como membros da Orpo e da polícia rodoviária. O pânico tomou conta dos judeus horrorizados, que começavam a forçar o portão de saída do cemitério. Mas eles estavam numa armadilha apertada. Os fuzilamentos continuaram sem diminuir de ritmo até o sol se pôr. Somente alguns poucos judeus haviam sido selecionados na massa condenada pelos perpetradores antes que o banho de sangue começasse. Enquanto caía a noite, Krueger pediu pediu uma pausa nas matanças. Ele havia ordenado sem piedade a morte de 10 a 12 mil pessoas. Os portões do cemitério foram abertos mais uma vez, e os sobreviventes correram de volta para a cidade 39. Os poloneses e ucranianos já haviam tomado conta das residências abandonadas dos judeus. A fim de conter possíveis desavenças, uma companhia adicional do PRB 133 foi chamada de Lvov 40.

Estas atrocidades marcaram o início do assassinato da população judaica inteira na região de Stanislawow. O comandante da Sipo, Tanzmann, havia emitido novas ordens a este respeito: as comunidades judaicas nos Vales Varpáticos tinham que ser liquidadas. Em 16 de outubro, Ernst Varchmin da estação de polícia de fronteira em Tatarow, junto com a Terceira Companhia do PRB 133, começou a assassinar em Delatyn e Jaremcze, as comunidades judaicas mais meridionais na região 41. Finalmente, em 29-30 de outubro, a unidade Sipo de Stanislawow fuzilou várias centenas de judeus em Bolechow 42. Era impossível esclarecer as circunstâncias e datas exatas dos fuzilamentos em massa em Rohatyn, Kalusz, e Dolina, supostamente executados nesse mesmo tempo pela divisão KdS de Stanislawow 43. Em dezembro de 1941, Tanzmann ordenou uma pausa temporária nos fuzilamentos, uma vez que se tornou difícil cavar valas abertas no solo agora solidamente congelado 44.

Houve planos desde o início de março de 1942 para deportações para o campo de extermínio de Belzec, localizado cerca de 65 quilômetros a noroeste de Lvov. Neste período em particular, a área à volta de Rohatyn, ao norte do Dniester, foi estabelecida previamente para remoção da esfera de autoridade sob a Polícia de Segurança de Stanislawow. Assim, Krueger agiu rápido, despachando sem demora um destacamento para Rohatyn em 20 de março, para assassinar cerca de 2.300 judeus no frio congelante 45.

Krueger então continuou com a matança de judeus no gueto de Stanislawow. Para agilizar as coisas, o Escritório de Trabalho de lá compilara uma lista alfabética da população judaica. Em 31 de março de 1942, véspera da páscoa, vários milhares de judeus no gueto foram levados sob custória pela Schupo, destacamentos do RPB 133, e a polícia auxiliar ucraniana. Mais uma vez, os capturados foram chamados "elementos anti-sociais", os velhos, doentes, ou mendigos. Depois, os holofotes foram direcionados para suas residências, a fim de fazer sair qualquer um que estivesse se escondendo. Os judeus foram forçados a marchar para a estação de trem e deportados para Belzec em 1º de abril. Com vários milhares de pessoas, este se tornou o maior transporte para o campo até àquela época 46. Depois da deportação, o escritório de Trabalho de Stanislawow conduziu um novo registro de judeus, e, imediatamente depois, Krueger e seus capangas assassinaram mais outros milhares 47.

Em uma carta para o Ministro das Relações Exteriores Ribbentrop, um alemão étnico de Stanislawow queixou-se dos eventos na cidade e região: "O Sr. Krueger empregou esta mesma tática em outras localidades no Distrito de Stanislawow também, por exemplo, em Tatarow, Delatyn, Kosow, Kolomea, e outras cidades, onde milhares de judeus foram fuzilados e enterrados vivos" 48

No Distrito de Stanislawow, as autoridades civis agora começaram a concentrar comunidades judaicas menores na capital do respectivo subdistrito. Dentro de um breve período, os judeus afetados foram forçados a se realocar, arrastando-se em grandes colunas para a cidade do subdistrito depois de terem deixado para trás suas posses. Imediatamente depois da Judenaktion em Stanislawow em 31 de março, os judeus foram levados das cidades menores mais próximas para o gueto de Stanislawow: em 5-6 de abril, de Tlumacz, e depois também de Tysmienica e Wojnilow 49. As duas últimas cidades estavam agora "Judenfrei" [N.do T.-livre de judeus]. Numa carta particular enviada para a Alemanha, o comissário rural em Nadworna comentou: "Atualmente eu estou envolvido no reassentamento dos meus 7.000 judeus. Como - é algo que eu terei que contar a você pessoalmente. Não pode ser explicado por escrito" 50

Em Stanislawow, a maioria dos expulsos foram colocados num tipo de gueto dentro do gueto, onde eles foram logo executados. Nos limites da chamada área residencial judaica, havia um prédio inacabado de três lojas para um moinho de grãos, o chamado Moinho Rudolf. Esta instalação era usada em particular para confinar os idosos e os doentes, junto com os judeus da Rutênia, em isolamento. O prédio era guardado do lado de fora pela polícia auxiliar ucraniana, e o pessoal da Polícia Judaica (Ordnungsdienst) ficavam estacionados dentro. Como resultado da superlotação e da falta de suprimentos, as condições de higiene lá eram catastróficas. Epidemias estouraram duas semanas depois que as primeiras vítimas foram lá internadas.

Ao estabelecer o Moinho Rudolf, Kruger havia iniciado a a construção de um mecanismo brutal. Devido à condição geral pobre das vítimas e das terríveis privações e superlotação, era inevitável que alguns dos confidados adoecessem. Krueger havia ordenado que todos os judeus doentes confinados lá fossem liquidados. Schott, o Judenreferent da Gestapo em Stanislawow, exerceu um verdadeiro reino de terror no moinho, atirando pessoalmente num grande número de judeus doentes quase diariamente. Ele foi juntou-se depois voluntariamente neste desafio através do tenente da Schupo Ludwig Grimm, que também regularmente tomou parte nas matanças do Moinho Rudolf 51.

No verão de 1942, Krueger enviou seus subalternos para a cidade de Dolina, localizada a oeste de Stanislawow, no Distrito de Kalusz. Até então tinha havido somente algumas ações de assassinato em massa nesta região, e nenhuma deportação. O destacamento de Stanislawow era comandado por Rudolf Mueller da estação de Polícia de Fronteira no Desfiladeiro Wyszkow. Em 3 de agosto, todos os 3.500 judeus em Dolina foram levados de suas casas e conduzidos para a praça do mercado, onde muitos eram maltratados pela polícia e várias crianças eram baleadas. Depois de completar uma seleção, a polícia forçou um grupo de cerca de 2.000 judeus a marchar para o cemitério judaico, onde eles foram sumariamente massacrados 52.

Quando Krueger recebeu aviso da KdS em julho de que haveria uma pausa temporária para deportações adicionais de Stanislawow, ele fechou o Moinho Rudolf, que certamente havia servido como um tipo de campo transitório para judeus da área. A partir de agosto, os judeus eram agora regularmente executados no pátio do quartel-general da Sipo. Em 28 de agosto, 4, 9 e 26 de setembro e 3 de outubro, a Sipo fuzilou um total de várias centenas de pessoas diariamente 53. Quando as autoridadesm em Lvov anunciaram que havaria mais um trem para Belzec, o deputado de Krueger, Oskar Brandt, designou o primeiro dia do ano novo judaico como seu dia de deportação. Havia ainda cerca de 11.000 judeus vivendo em Stanislawow nesta época.

Mais uma vez, o "reassentamento" iminente era anunciado em cartazes. Dos 3.000 a 4.000 judeus capturados, somente os médicos eram separados do resto; todos os outros eram deportados 54. Em setembro, a maioria dos judeus das localidades menores distantes foram trazidos a Stanislawow e fuzilados lá no cemitério judaico. A maior comunidade judaica na região, em Kalusz, foi totalmente liquidada em 15-17 de setembro, nas mãos da Sipo de Stanislawow sob Wilhelm Assmann; somente alguns poucos trabalhadores foram poupados. Em julho, Kalusz ainda tinha uma grande população judaica, de mais de 5.500 (55). Depois desse massacre, havia somente 3.000 judeus restantes em todo o condado de Kalusz. No Condado de Stanislawow, havia agora oficialmente somente 6.000 judeus, comparado com a população judaica anterior de mais de 50.000. (56)

Em 15 de outubro de 1942, a comunidade judaica em Stanislawow foi aniquilada. Graças somente à intervenção de um corajoso oficial rodoviário, 150 trabalhadores rodoviários judeus foram escolhidos e permitidos a continuar na cidade 57. em 7 de novembro, o Escritório de Auto-Auxílio Social Judaico (Juedische Unterstuetzungsstelle, JUS) em Cracóvia recebeu um grito final de ajuda da cidade de Nadworna:
"Aqui em Nadworna e em toda nossa região, há agora uma operação em andamento com o objetivo de deportar quase todos os judeus da área, com somente exceções menores (médicos, farmacêuticos, artesãos independentes e os trabalhadores internados em campos individuais). Como resultado desta Aktion, o número de habitantes judaicos no nosso distrito caiu para cerca de 1.000, comparado com a antiga população judaica de cerca de 18.000. (58)"
A Gendarmerie (polícia rural) em Stanislawow relatou em dezembro:
"Com a exceção de alguns poucos médicos e farmacêuticos, todos os judeus no distrito foram evacuados ou transferidos para o gueto em Stanislawow. Os guetos nas cidades de Tlumacz e Nadworna foram liquidados." 59
Já em 2 de novembro de 1942, o Superintendente Albrecht ficara agradecido por ter notado num discurso público: "No curso deste ano, a judiaria européia foram largamente eliminados como resultado dos esforços de salvaguardar as vidas dos povos arianos. Num futuro próximo, seus remanescentes derradeiros desaparecerão da mesma maneira." 60

Em janeiro de 1943, a polícia em Stanislawow continuou incessante com seus assassinatos em massa. Em 24 e 25 de janeiro, eles deram uma batida aos judeus sem licença de trabalho; cerca de 1.000 dos capturados foram mortos a bala, e outros 1.500 - 2.000 foram deportados para o campo de Janowska em Lvov. Quase diariamente então, vasculhava-se o gueto por novas vítimas. Finalmente, em 22 fevereiro, o deputado de Krueger, Brandt, mandou cercar o gueto; todos os residentes foram levados sob custória. Somente algumas centenas de trabalhadores empregados na estrada de ferro oriental e no depósito de suprimentos foram selecionados; todos os outros foram mortos a bala. 61

O gueto era agora considerado como liquidado. Não obstante, a polícia continuava a vasculhar a área do gueto até abril, repetidamente apreendendo e executando judeus que tinham passado a se esconder. Há um único relatório existente, de 9 de março de 1943, no qual uma patrulha da Kripo registra o assassinato de um judeu descoberto numa antiga área do gueto. 62 A era de Krueger em Stanislawow havia agora chegado ao fim. Já no outono de 1942, ele encontrara problemas quando uma auditoria do Escritório do Auditor do Reich (RAO) em seu escritório havia achado certas descobertas surpreendentes:
"Um caso extremamente especial foi encoberto no escritório de Stanislau na Galícia. Grandes quantias de dinheiro e jóias confiscadas foram retidas lá. Durante uma inspeção local nas salas do oficial administrativo responsável, o Secretário de Polícia B., oficiais do Escritório do Auditor do Reich descobriram grandes quantias de dinheiro em espécie, incluindo moedas de ouro, e toda sorte de moedas - até mesmo 6 mil - assim como baús inteiros cheios de jóias extremamente valiosas. Estas eram armazenadas de todas as maneiras em caixas e recipientes, escrivaninhas, etc. Nada disso havia sido listado ou registrado. Em alguns recipientes, havia um papel escrito com a quantia original; mas na maioria, não havia registro escrito de nenhum tipo. O RAO tinha que limitar-se a estabelecer os conteúdos exatos do que foi encontrado lá, a fim de impedir que outros valores desaparecessem. O dinheiro, sozinho, totalizava 584.195,28 Zloty. Em acréscimo a isso, estavam as jóias descobertas lá; seus valores precisos não puderam ser determinados, mas é provável que estejam numa faixa de várias centenas de milhare de Reichsmarks. Vários dias depois da intervenção da RAO, o Secretário de Polícia B., que tinha responsabilidade maior por esses assuntos, suicidou-se com tiro." 63
O próprio Krueger finalmente provocou sua própria transferência e demoção ao revelar seus atos assassinos a uma mulher da nobreza polaca sob prisão. Após uma intercessão, a condessa foi liberada, e depois que ela fizera saber o que Krueger havia confessado a ela, processos foram iniciados contra ele. Ele foi formalmente acusado de traição por passar informações secretas e foi depois transferido de seu "reino" em Stanislawo para Paris. 64

Ao final da guerra, Krueger foi preso na Holanda e mantido em custódia pelos canadenses e depois pelas autoridades holandesas. Como suas atividades na Polônia eram desconhecidas por seus captores, ele foi posto em liberdade em novembro de 1948. Ele começou a trabalhar na Alemanha como um agente de viagens e logo abriu sua própria firma. Nos anos 50, Krueger já se sentia tão seguro que protocolou uma requisição para retornar como um servidor público de acordo com o Artigo 131. Entretanto, sua requisição foi negada, e seu pedido por uma posição com a agência de segurança estadual interna (Verfassungsschutz) no Norte Reno-Vestfália também foi rejeitada. Krueger então optou por uma carreira partido político; ele subiu ao posto de diretor de administração de distrito no Partido do Povo Livre (FVP) em Muenster, depois mudando para o Partido Alemão (DP). De 1949 a 1956, ele foi relator da Associação de Alemães de Berlim e Brandenburg (Landsmannschaft Berlin-Mark Brandenburg); em 1952, ele serviu como segundo porta-voz para a associação. Krueger concorreu sem sucesso como candidato às eleições de 1954 para a assembléia estadual de NRW, tomando parte nalista da Liga de Expulsos Orientais e Vítiamas da Justiça (Bund der Heimatvertrieben und Entrechteten).

Em 1959, sua nova carreira teve um final abrupto, quando, depois de dez anos de atividade sendo foco de atenção pública, seu passado retornou para perturbá-lo. Krueger foi levado para custódia investigativa. Investigações da Procuradoria Estadual de Dortmund arrastaram-se por mais seis anos, até que uma acusação formal foi emitida em outubro de 1965. Em seu julgamento, que durou dois anos, Krueger mostrou enorme autoconfiança e indultou em inúmeros acessos anti-semitas. Finalmente, em 6 de maio de 1968, a Corte Estadual de Muenster sentenciou-o à prisão perpétua. Ele foi, entretanto, solto em 1986. Krueger então foi para Munique. Ele morreu em 1988, na cidade do sul da Bavária de Wasserburg am Inn.

Qual foi a contribuição específica de Krueger para o curso da "Solução Final" na área sob seu controle? Devido ao estado fragmentado das fontes, nós só podemos arriscar uma resposta parcial. Krueger foi o primeiro a organizar assassinatos em massa na região, enquanto ela ainda estava sob ocupação húngara. No outono de 1941, tomando a iniciativa antes de outros líderes da Gestapo, ele foi executar judeus em situações não legalmente claras, por exemplo, judeus e meio-judeus apreendidos sem a braçadeira obrigatória. Em outro lugar naquela época, tais infrações ainda estavam sendo penalizadas por multa. Uma ordem de assassinato foi emitida por Krueger por apenas uma infração:

Eu fui informado confidencialmente que o judeu H.S. estava perambulando sem a braçadeira judaica obrigatória. Eu mandei prendê-lo em 10 de outubro de 1941 e confiná-lo aqui na prisão local. Em resposta à pergunta de por que ele não estava usando a braçadeira obrigatória, ele declarou que não sabia que ele, como um judeu batizado, também era obrigado a usar a faixa. É minha recomendação que o judeu H.S. seja liquidado como conseqüência de sua falha em aderir às normas alemãs."

"Lange Sargento SS Polícia Stanislau, 16 de outubro, 1941/Galicia/Ordem 1. O judeu H.S. deve ser liquidado. 2. Prepare um cartão de registro. / feito La./ 3. Sargento SS Hehemann deveria completar a lista-E[execução]. 4. Arquive-o. Krueger" 65

Foto: Yad Vashem/Pinterest de Brooke Gordon (conta)
http://www.pinterest.com/pin/2392606026213465/
http://collections.yadvashem.org/photosarchive/en-us/13412.html

Descrição da foto: SS-Untersturmbannfuehrer Ernst Linauer, um homem da Gestapo que participou da deportação e assassinato de judeus em Stanislawow; Rudolf Widerwald, serviu no Schupo* em Stanislawow; Josef Dunkel, era um oficial na polícia alemã em Stanislawow; Ruhouet Franz, serviu no Schupo em Stanislawow; Ernst Rabara, serviu na polícia alemã como comandante do gueto de Stanislawow em 1942-43; Michael Drangler, serviu no Schupo em Stanislawow; Erich Zimmerman, serviu no Schupo em Stanislawow.

*Schupo, abreviação de Schutzpolizei, polícia uniformizada ou de proteção, uma parte do aparato policial do regime nazista.

Fonte: Lista Holocausto-Doc
https://br.groups.yahoo.com/neo/groups/Holocausto-Doc/conversations/messages/4522
Tradução: Marcelo Oliveira

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domingo, 22 de junho de 2014

Direita pró-Dugin versus Direita Radical Anticomunista (e outras direitas radicais) no Brasil

O "embate" do século... esse "quebra pau" (entre aspas) vou assistir da arquibancada (rsrsrs).

Procurando algo sobre o Dugin (Link2), acabo me deparando com essa peça de 'humor involuntário' que mostra o quanto o extremismo surtado, com base em distorções e senso comum, radicalizado ao extremo (inflado pela grande mídia brasileira que tem incitado esse tipo de extremismo, principalmente em algumas revistas e jornais conhecidos, publicando literalmente idiotices e propaganda da guerra fria em pleno século XXI), torna-se algo caricato em si mesmo, quando não representa um risco real à integridade de grupos num país.

A direita brigando pra ver quem é a "verdadeira direita" ou quem está mais à direita lembra aqueles embates da esquerda radical (por exemplo, o PSTU) querendo se mostrar como a "verdadeira esquerda", rs.

Uma outra amostra se encontra aqui nos comentários. É o tipo de "discussão" perdida porque esse pessoal é tão bitolado que ao invés de tentarem entender a divisão do que se entende por direita ficam tentando pregar ou desvencilhar o fascismo (nazismo é um tipo de fascismo) da própria direita (neste caso por desonestidade e panfletagem). O fascismo é um dos seguimentos de direita, não o único. Mesmo que você aponte um teórico (historiador) como o francês René Rémond (que era de direita) num dos comentários, que teorizou essas divisões de direita na França (mostrou como ela se divide na França, o modelo serve pra outros países como o Brasil que segue mais as divisões ideológicas da Europa), esse pessoal continua ignorando e fazendo pregação estéril.

Se alguém quiser rir (tem tanta besteira que acho que até os "revis" vão discordar do seu "irmão de armas"), pode acessar o link abaixo do Stormfront. O Stormfront, é um site/fórum racista dos EUA criado por um ex-"guru" da Klan, talvez o maior fórum supremacista (neonazi) do mundo. Eles abriram uma seção em português quando esses negacionistas começaram a ter destaque no Brasil com a ascensão do Orkut. Pelo menos foi quando a coisa começou a ter algum destaque na mídia e pela web no Brasil.

Pra adiantar, o post é de um "revi" se queixando do "esquerdismo" (rsrsrs) do resto dos "revis" ou como ele chama, da "direita revisionista", vendo "comunismo" em tudo. Tudo o que ele discordar é "comunismo". É mais ou menos a retórica rasa que é difundida em parte da mídia brasileira, rotula-se tudo mesmo sem dizer o que significa ou sem saber o significado das coisas, puro fanatismo e ignorância pesada. Caso dê pra comentar, depois eu coloco o texto inteiro no post e destaco (ou noutro post), mas salvei em pdf caso apaguem. Segue abaixo:

Sua opinião sobre a 'direita revisionista'

Só um trecho:
"Em 2008 lá estavam eles no orkut espalhando a idéia de que haviam negros na SS, usando como 'provas' meia dúzia de fotos de soldados negros com capacetes alemães. Em 2010 eles já estavam apoiando cotas para negros nas universidades brasileiras, baseando-se na idéia de que, se haviam negros na SS alemã, então também deveriam haver negros nas universidades brasileiras."
Essa da propaganda sobre negros na Waffen-SS (que seria uma divisão da SS) ocorreu e ocorre sim, e não é algo original do Brasil. Foi feita uma tradução de propaganda de fora. Tem alguns fóruns neonazis russos com pilhas de fotos disso, que na verdade são divisões árabes (do Norte da África) e indianos na Waffen-SS etc.

A questão foi rebatida neste texto sobre estrangeiros na Waffen-SS e suas tropas "multiétnicas", mas havia sim esse tipo de besteirol no Orkut, inclusive com uma comunidade fácil de achar (se não apagaram com medo) de um cara (muito idiota. por sinal) com fake e nick sugestivo exótico de ditador africano espelhando essas idiotices.

É estranha essa germanofilia que esse pessoal manifesta que confunde uma idolatria à Alemanha com idolatria ao nazismo. Aliás, eles de fato são idólatras do nazismo, tanto faz se o nazismo fosse alemão ou não. Eles acham que Alemanha (país) e nazismo (ideologia) são uma coisa só, quando país/Estado é uma coisa e ideologia/regime é outra coisa, e nação também é outra coisa, confusão que os nazistas pregaram a exaustão mas só repete quem quer. Parece banal ter que comentar isso mas muita gente de fato não faz distinção entre os termos, que não são sinônimos.

Acesso à informação está aí a disposição de quase todo mundo, não há desculpa da maioria hoje não saber dessas coisas quando são indagados sobre essas questões, basta procurar o significado e assimilar (aprender). O que existe é uma falta de interesse real em aprender e uma procura demasiada em ler retórica pra passar por "esperto", "culto", "sabichão", algo que só impressiona pessoas extremamente tolas.

Mas essa das cotas é nova, não sabia disso (que tinha "revi" NS defendendo isso), rsrsrsrs.

Mas é 'curioso' o comentário do cara, por ele então não haveria negros nas Universidades brasileiras (dá pra deduzir isso)... interessante... ah, esses "revis" sempre defendendo o "interesse" da "coletividade" brasileira. E obviamente no entendimento dessas criaturas, o termo "coletivo" é coisa de comunista. Fora as outras bizarrices (idiotices) ao tentar criar mitificações em cima de crenças racistas pessoais ignorando a própria história/formação do país.

É aquele velho ponto que bato na tecla sobre o ensino brasileiro deixar de lado a discussão dessas questões (da formação do país, do ensino de História do Brasil que é uma verdadeira calamidade, pois se fosse bom não haveria essa proliferação de gente pregando besteira sem um mínimo de conhecimento porque não aprenderam nada no colégio), com um roteiro ultrapassado e que continua propagando a mitificação (imagem) feita do Brasil na Era Vargas. Como se já não bastasse a mídia fazer isso.

O próprio negacionismo e racismo no país se prolifera em cima dessa ignorância sobre História do Brasil, aí partem pra remendar o problema criando leis de criminalização, que é isso mesmo: remendo e não solução. Leis pra criminalizar não irão reparar (minar a crença racista que se propaga no desconhecimento e ignorância) ou conter um contingente de gente que cresceu ouvindo bobagem (senso comum, racismo, preconceito regional etc) como "verdades absolutas", isso é feito pela educação e não pela criminalização simplesmente, não menosprezando o valor da legislação antirracista do Brasil, mas eu considero aquilo um remendo e não uma solução. Coloca-se uma lei avançada e tende a se achar que com isso irão acabar com o racismo deixando o ensino precário repetindo as mesmas idiotices de geração em geração, fora a questão do ambiente doméstico que muitas vezes agrava ainda mais essas crenças.

Coisas como a ideologia do branqueamento nem sequer são mencionadas em escolas, o que é algo criminoso já que cria uma realidade mitificada do país em cima de distorções históricas, como se o Brasil nunca tivesse tido racismo institucional na escravidão e como se o país tivesse "começado" a existir na ascensão do Rio de Janeiro (cidade) e São Paulo (século XIX e século XX) quando na realidade o país surge em 1500 do choque entre índios (nativos) e portugueses, mais de meio milênio de história já se passaram até o presente e não um século e meio como fazem nesse recorte regional que a mídia adora martelar pra moldar a cultura do povo.

P.S. e está havendo Copa, por sinal, uma das melhores Copas da história até o momento. Os "pessimistas" atacaram tanto a Copa que o veneno que lançaram acabou se voltando contra eles. Ainda farei um post sobre essa questão da mídia e das "teorias da conspiração" que os "revis" seguem ou propagam pois em virtude da idiotice deles qualquer crítica ao sistema ou à mídia acaba caindo em descrédito ou pode vir a ser manipulada por quem não gosta de tais críticas. Pra turma do #naovaitercopa, fiquem aí se contorcendo de raiva já que a sabotagem de vocês não deu certo (e depois ainda vão negar que um dia fizeram isso) e o povo finalmente rechaçou firmemente essa propaganda cretina que parte da mídia brasileira e parte da mídia estrangeira (com destaque bastante negativo pra imprensa espanhola que não vi fazer uma notícia positiva sobre o mundial) fizeram junto com os grupos mercenários mascarados, apoiados por partidecos com interesses "difusos", fazendo baderna dentro do país.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Conversas com o carrasco: Franz Stangl, comandante de Treblinka (livro de Gitta Sereny)

Franz Stangl
Poucos foram os responsáveis dos campos de extermínio e concentração alemães que tiveram que responder por seus atos ante tribunais posteriormente com o fim da Segunda Guerra Mundial. A maioria deles havia morrido ou havia se suicidado para evitar a responsabilidade judicial e moral pelo ocorrido. Foi o caso do primeiro escalão de figuras do regime nazi (Hitler, Himmler, Göring...). Foi no segundo escalão de autoridades alemãs onde a justiça dos aliados pode se exercer durante os chamados Julgamentos de Nuremberg. O caso mais destacado, que já tratamos, foi o de Rudolf Höss, comandante de Auschwitz, executado em 1947. Nos anos 60 dois casos de responsáveis foragidos, e refugiados na América do Sul, voltou a atrair a atenção da opinião pública perante o tema das responsabilidades graças a sua prisão e julgamento.

O primeiro foi o de Adolf Eichmann, sequestrado na Argentina por um comando dos serviços de inteligência israelense e condenado a morte em Israel em 1962. O caso atraiu a maioria dos jornalistas, entre eles Hannah Arendt a quem escreveria um memorável livro convertido em "guia" para tratar de compreender a natureza do mal que se aloja nos responsáveis do extermínio de milhões de pessoas nos campos de concentração. O segundo caso, o que nos ocupa aqui, foi o de de Franz Stangl, comandante de Treblinka, cuja detenção no Brasil, depois de ter residido um tempo em Damasco, ocorreu em 1967, sendo extraditado para Alemanha. O caso de Stangl se converteu na Alemanha no equivalente midiático do caso Eichmann em Israel.

Durante o período de detenção de Stangl, uma jornalista, Gitta Sereny, teve acesso ao prisioneiro, realizando uma série de entrevistas que serviram de base para a elaboração deste livro. Sereny, nascida na Europa central em 1929 havia colaborado com a resistência francesa, trabalhado em campos de refugiados e colaborado com a ONU na ajuda a crianças refugiadas. Sua vinculação com Stangl - a própria autora explica no prefácio -, surgiu como consequência do fato do interesse pelo qual o tema despertou nos anos 60 entre a população na Alemanha e no resto do mundo, (e sobretudo nas novas gerações que não haviam vivido a guerra diretamente), plantava problemas de difícil resolução: "O que em certo modo segue sendo incompreensível para eles é, como isto pode ocorrer? Como homens podem cometer os atos que cometeram? Como puderam as vítimas "se deixar" maltratar? E como pode o resto do mundo deixar conscientemente que aquilo ocorresse?" (Gitta Sereny, "Desde aquella oscuridad", "Into That Darkness: An Examination of Conscience" pag. 18).

Essas eram as mesmas perguntas que ela carregava desde a guerra: como eram realmente os criminosos responsáveis pelo genocídio e extermínio de milhões de pessoas? Sob essa necessidade de conhecer a natureza do mal existiam já poucas possibilidades de encontrar a um responsável de mais alta patente que Stangl: "Antes que fosse tarde demais, eu pensava, era essencial penetrar na personalidade de ao menos uma das pessoas vinculadas intimamente neste Mal absoluto." (pág. 12). Tinha que conhecer sua vida cotidiana, sua infância, sua família, tudo o que servisse para discernir "até que ponto o mal nos seres humanos é fruto de seus genes e até que ponto é fruto de sua sociedade e seu entorno" (pág. 12). Era evidente para a autora o perigo da justificação que poderia surgir de uma tarefa assim: haver do carrasco uma vítima do sistema, da sociedade.

Stangl havia tentado a princípio aproveitar sua entrevista inicial para dar corda para as típicas justificativas que tantas vezes havia se utilizado: de que as ordens vinham de cima, que ele só obedecia, que eram situações lamentáveis e produto da guerra... Sereny incutiu em Stangl a necessidade de ir mais além dessas palavras vazias ("Eu não desejava discutir a bondade ou maldade de tudo isso", pág. 30), o que se propôs é se aprofundar em sua realidade, em sua psicologia e em sua vida para "encontrar uma certa verdade entre ambos, uma nova verdade que contribuísse para a compreensão de coisas que até então não havia se compreendido" (pág. 31). Sob essa perspectiva, o livro de Sereny se inicia com o relato da infância de Stangl sob a férrea disciplina de um pai oficial do exército austro-húngaro, seus hobbies - tocar cítara - ou seu início na polícia austríaca - incluindo o episódio no qual ele mereceu uma condecoração por acabar com um grupelho nazi no período anterior ao Anschluss, o que também lhe criou mais de uma preocupação posterior -. Seu casamento é um ponto-chave em sua biografia, pois Sereny nos mostra um homem que "mais além daquilo que havia se convertido, era capaz de amar" (pág. 55). Junto aos conflitos morais que padeceu Stangl devido à moral católica inculcada por sua mãe, seus principais problemas surgiram sempre ao tratar de distanciar sua esposa, fervorosa católica, do que era a realidade de ser comandante de um campo de extermínio. Precisamente Sereny segue sua investigação depois da morte de Franz Stangl, com entrevistas com sua viúva no Brasil e a outras testemunhas sobreviventes dos campos. O resultado é o retrato de um homem devorado pela ambição, superado por suas obrigações, mas em todo momento consciente da realidade criminosa na qual estava implicado: o programa de eutanásia e os campos de extermínio de Sobibor e Treblinka. Não há dúvida de que sua experiência na polícia austríaca lhe foi útil para seu trabalho de extermínio, mas também para ser consciente da diferença entre o bem e o mal, o que lhe leva a um certo reconhecimento de sua culpa: "Deveria ter morrido. Essa foi minha culpa". (pag. 548).

O livro, em definitivo, trata de mostrar a verdadeira natureza daqueles criminosos do Estado nacional-socialista, que longe de serem "monstros", podiam passar por pessoas normais, pais de família, profissionais competentes, cujo aspecto mais obscuro só era possível tornar evidente ao concluir o conflito bélico e serem julgados. Sereny conclui que "um monstro moral não nasce" (pág. 551) senão que a essência da pessoa se constrói a partir de um núcleo que "é profundamente vulnerável e dependente de certo clima de vida" (pág. 552). Mas além da natureza do mal, a autora aprofunda outros temas também destacados na introdução: como pode ser que o resto do mundo não reagisse? Neste sentido Sereny indaga na implicação da Igreja Católica na ocultação de criminosos nazistas durante os primeiros meses do pós-guerra, assim como no silêncio durante a guerra.

Definitivamente, "Desde aquella oscuridad", é uma obra imprescindível para se aproximar da responsabilidade moral do indivíduo e da coletividade, nos processos de crimes em massa, conhecer até que ponto o indivíduo atua de acordo com sua liberdade de decisão, ou é prisioneiro de um compromisso, ainda que seja criminoso, com a sociedade que o rodeia e o influencia.

PARA CONSULTAR AS TAGS DESTA OBRA: DESDE AQUELLA OSCURIDAD

Título do livro em espanhol: Gitta Sereny, Desde aquella oscuridad. Conversaciones con el verdugo: Franz Stangl, comandante de Treblinka, Edhasa, 2009.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/libro-del-mes-recensiones/gitta-sereny-desde-aquella-oscuridad/
Título original: Gitta Sereny: Desde aquella oscuridad (título em inglês: Into That Darkness: An Examination of Conscience)
Tradução: Roberto Lucena

Observação: ler no final deste post uma opinião sobre Hannah Arendt e essa ideia de "banalidade do mal". Há quem concorde com a ideia, tanto que é repetida ou citada por muita gente, mas em geral (pelo que já vi), repetem a coisa sem refletir o significado da ideia, que acho meio torta (opinião pessoal).

Não sou muito simpático a "ideia" que a Hannad Arendt elaborou sobre a ação desses nazistas, há uma ação consciente, lógica, fria, mecânica (é isso que pode assustar muita gente) de como operam o extermínio conduzidos por crenças racistas profundas ais quais se guiam e/ou absorvem. Também não gosto desses "psicologismos" para entender que alguém que quer matar, mata, sem precisar "fazer" essas reflexões "profundas" sobre moral ou conduta. Acho até tolice esse tipo de indagação, por isso que estou fazendo esse comentário à parte do texto acima.

Alguém com uma moral não muito sólida (torta), se encontrar facilidades (ou um meio que propicie isso e que não ache "nada demais" certos atos criminosos extremos como: matar) para praticar atos que sejam moralmente condenáveis, cometerá. Na verdade esses "psicologismos" mais ajudam a criar 'nuvens' moralistas sobre a questão do genocídio do que ajudam a explicar e entender o problema.

Prum nazista que achava que judeus não eram gente ou não tinham importância alguma, não seria um problema de consciência, ou moral, matar judeus (ou no caso: "se livrar" deles), mesmo que pudessem depois refletir sobre os atos que cometeram e "cair em si" (ou não). Se eles continuaram a crer que judeus não valiam nada e que fizeram o que achavam que era pra ser feito, então não se arrependeram de coisa alguma.

Também não me convence o que ela descreve como 'consciência de culpa' dele sobre os atos que cometera, se ele tivesse isso não haveria fugido pra ficar impune, é incoerente o que ele afirma com sua própria conduta no pós-guerra. Por isso que, como disse acima, odeio esses "psicologismos".

E uma observação dentro da observação, em virtude de aparecer muita gente religiosa "entusiasmada" com esses assuntos só por conta de "crença religiosa", só que não compartilho dessa visão de mundo deles ou de como eles interpretam essas questões. Há um problema nisso: essas pessoas em geral tentam impôr a forma de "pensar" não respeitando que outras pessoas não concordem com essa visão religiosa, e isso gera conflitos e atritos. Curiosamente os "revis" fazem esse tipo de "acusação" quando no fundo os religiosos são eles. Não a toa que tem aparecido sistematicamente matérias sobre intolerância religiosa no país que podem descambar, invariavelmente, prum conflito maior. Não estou nem um pouco propenso a ser tolerante com esse tipo de postura de fanatismo religioso, pois há uma certa tendência de grupos religiosos circularem em torno de assuntos relacionados a judeus e Israel, a meu ver de forma equivocada, só que o assunto nazismo e segunda guerra não se restringe à questão judaica, apesar da relevância do antissemitismo no racismo nazista e das chacinas citadas. Nazismo é um tipo de fascismo ou de extremismo de direita, essas pessoas tratam o nazismo achando que os outros fascismos e regimes de exceção de direita (o Brasil teve dois) são coisas "toleráveis" ou aceitáveis, algo que além de ser equivocado, é uma forma distorcida de entender esses assuntos.

Mas voltando ao assunto anterior, não sei se é porque a gente acaba de certa forma não se 'assustando' mais com a monstruosidade dos nazistas (não se assustar é diferente de concordar, mesmo não se assustando o tamanho da barbárie nazi continua monstruosa) que acaba se aborrecendo fácil com as famosas indagações de "como isso foi possível", e ficando um pouco intolerante com esse tipo de "pergunta".

Mas há também um problema de como esse assunto continua sendo abordado por alguns seguimentos como se o mundo atual fosse o mesmo de 50 anos atrás, e isso provoca inevitavelmente problemas pois coloca o evento da segunda guerra como algo à parte do que se passa no mundo atualmente ou desconectado de outras questões.

Como isso foi possível? É só ver os neonazis chegando ao poder na Ucrânia atualmente, ou os fascistas sendo os mais votados na França pro parlamento europeu, ou os massacres no Iraque, a invasão do Iraque etc. Como é constatável, um monte de coisas têm sido possíveis contra a vontade de A, B ou C, então é algo meio banal a tal pergunta "como foi possível".

De qualquer forma, esse registro é um documento importante dos relatos do carrasco de Treblinka.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética

Extrato do livro The Soviet Partisan Movement 1941-1944, de Edgar M Howell. Páginas 18-19

A forma da estrutura política final era levar não ficou totalmente clara. Como Rosenberg viu, a Rússia Branca era pra ser transformada em um protetorado alemão com laços muito estreitos progressivamente com a Alemanha; os países bálticos também se tornariam um protetorado, transformado-se em uma parte do Grande Reich alemão pela germanização dos elementos racialmente aceitáveis, pela colonização dos alemães ali, e pela deportação de todos aqueles racialmente indesejáveis; a Ucrânia deveria ser transformada em um Estado independente, em aliança com a Alemanha; e o Cáucaso, seus territórios do norte contíguos se tornariam uma federação de Estados do Cáucaso com um plenipotenciário alemão, bases militares e navais alemãs, e os direitos extraterritoriais militares para a proteção dos campos de petróleo que seriam explorados pelo Reich. [41]

As visões de Hitler eram a mesma coisa: em geral, a Crimeia se tornaria território do Reich, evacuada de todos os estrangeiros e colonizada apenas por alemães; os Estados Bálticos e a área de Don-Volga seriam absorvidos pela Grande Alemanha; enquanto o Cáucaso se tornaria uma colônia militar. O futuro estatuto da Ucrânia e da Rússia Branca permaneceu vago, entretanto, as formas das estruturas nunca foram feitas em detalhes. [42]

Exceto para as operações da administração econômica e das funções de polícia de Himmler (Himmler exerceu tanta autoridade na Rússia tanto quanto exerceu na Alemanha propriamente dita), Rosenberg teria a jurisdição de todo o território a oeste da zona de operações e seria o responsável por toda a administração lá. [43] De seu Ministério para os Territórios Ocupados do Leste, na parte superior, o controle desceria através do Reichskommissare em suas áreas político-étnicas, de modo geral, principalmente no distrito Kommissare. Um líder da SS e da polícia deveria ser colocado em cada Reichskommissariat. [44]

Tomados em conjunto pela "preparação" de Himmler, não havia nada de benevolente acerca desta administração. O que o povo russo sentia ou pensava não tinha importância, e não era pra ser nenhuma tentativa real de atrai-los para o campo alemão. A ocupação era para ser permanente. Este era o objetivo final do que Hitler queria fazer, e nada nem ninguém estava autorizado a interferir com a realização deste empreendimento. [45] Esta foi uma luta de ideologias, não de nações. [46] A intelligentsia "judeu-bolchevique" deveria ser exterminada. Na Grande Rússia vigoraria a lei da força a ser usada "em sua forma mais brutal." [47] Moscou e Leningrado seriam niveladas e tornadas inabitáveis, de modo a evitar a necessidade de alimentar as populações por conta do inverno. [48] A terra seria a primeira a ser dominada, e em seguida administrado e explorada. [49]

A lei marcial deveria ser estabelecida e todos os procedimentos legais para delitos cometidos por civis inimigos, eles deveriam ser eliminados. Guerrilhas seriam brutalmente aniquiladas a qualquer momento. Os civis que atacassem membros da Wehrmacht seriam tratados da mesma maneira (mortos) e no local. Nos casos em que não se pudesse facilmente identificar indivíduos que atacassem as forças armadas, medidas punitivas coletivas deveriam ser efetuadas imediatamente após ordens de um oficial com a patente de comandante de batalhão ou superior. Suspeitos não seriam para ser mantidos sob custódia para o julgamento em uma data posterior. Para as infrações cometidas por membros da Wehrmacht contra a população indígena (nativa), o julgamento não seria compulsório, mesmo quando tais atos constituíssem crimes ou delitos sob a lei militar alemã. Tais atos deveriam ser julgados somente por conta da manutenção da disciplina necessária. [50] Todos os funcionários do Partido Comunista e comissários do Exército Vermelho, incluindo aqueles de pequenas unidades de baixa patente, seriam eliminados como guerrilheiros, não tão depois daqueles prisioneiros de guerra transitando em campos. Esta foi a bem conhecida "Ordem dos Comissários" (tradução livre, em alemão Kommissarbefehl) [51]

Notas:

40 Aktenuermerk, Fuehrerhauptquartier 16. VII.41., memorando de registro, notas sobre a conferência do Fuehrer, 16 Jul 41,in I.M.T. op. cit., XXXVIII, págs. 86-94. (nota 40 começa na página anterior, trecho não traduzido)

41 Instruktion fuer einen Reichskomrnissar im Kaukasien, 7.V.41. Doc. 1027-PS. Arquivos do Gabinete do Chefe do Conselho para crimes de guerra. DRB, TAG: Znstruktion fuer einen Reichskommissar im der Ukraine, 7.V.41 in Z.M.T., op. cit., XXVI, págs. 567-73; Instruktion fuer einen Reichskommissar im Ostland, 8.V.41 in ibid., pp. 573-76; Allgemeine Instruktion fuer alle Reichskommissare in den besetzten Ostgebieten, 8.V.41 in ibid., págs. 576--80.

42 Ver: Aktenvermerk, Fuehrerhauptquartier, 16.VII.41. in Z.M.T., op. cit. XXVIII. págs. 86-94.

43 Abschriftzu Rk. 10714 B. Erlass des Fuehrers ueber die Verwaltung der neu besetzten Ostgebiete, Vom 17.VII.41. in I.M.T. op. cit., XXIX, págs. 235-37.

44 Erster Abschnitt: Die Organization der Verwaltung in den besetzten Ostgebieten, um documento sem data, sem assinatura encontrado nos documentos de Rosenberg que define a organização e administração dos territórios orientais ocupados, em I.M.T.,op. cit., XXVI, págs.592-609. De acordo com Rosenberg, "[Este documento] não é uma instrução direta do Ministério para os Territórios Ocupados do Leste, mas foi o resultado de discussões com diversos orgãos do governo do Reich oficialmente interessado no leste. Este documento contém instruções para o próprio Ministério do Leste." (Ver: I.M.T., op. cit., XXXVIII, págs. 86-94.

45 Aktenvermerk, Fuehrerhauptquartier, 16.VII.41. I.M.T., op. cit., XXXVIII, págs. 86-94.

46 Greiner, "Draft Entries in the War Diary of Def Br of Wehrmacht Operations (Dec 40-Mar 41)," op. cit., pág. 202.

47 "Halder's Journal," op. cit., VI, p. 29.

48 Ibid., p. 212.

49 Aktenvermerk, Fuehrerhauptquartier, 16.VII.41., in I.M.T., op. cit. XXXVIII, págs. 86-94.

50 Ordem sobre leis marciais na área da Operação Barbarossa e medidas especiais para as tropas," Fuehrer HQ, 13.V.41., Em "Fuehrer Directives," (Diretivas do Führer) op. cit., I, págs. 173-74.

Fonte: livro The Soviet Partisan Movement 1941-1944, de Edgar M Howell
Foto: Hitler orders all Soviet Commissars to be shot (site World War II Today)
Tradução: Roberto Lucena
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Se você quiser ler as observações originais completas deste post, acesse o post:
Observações do post "Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética"

Abaixo só consta um resumo pra não interferir no conteúdo do post, que poderá ser cortado depois, por isto o link acima.
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Observação 1: quem quiser ler mais sobre a diretiva de Hitler, conferir o link do blog Avidanofront:
Ordem do führer sobre a administração das regiões do leste novamente ocupadas
Quem quiser ver o documento em inglês:
Himmler’s Memorandum on the Treatment of Alien Peoples in the East, 25 May 1940

E se alguém achar que isso é o texto mais pesado sobre a questão, tem coisas piores, que envolvem o nazi Erhard Wetzel (figura pouco citada e conhecida) sobre o Generalplan Ost. É curioso o cinismo dos ditos "revis" com a dimensão da guerra de extermínio praticada pelos nazistas, eles praticamente evitar citar essa questão do extermínio no leste europeu.
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Observação 2: Quem quiser baixar o livro (PDF), vá ao link do site do Centro de História Militar do Exército dos EUA.
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Observação 3: tem uma parte do texto (nas notas 45 e 46) que diz o seguinte:
"A ocupação era para ser permanente. Este era o objetivo final do que Hitler queria fazer, e nada nem ninguém estava autorizado a interferir com a realização deste empreendimento.45 Esta foi uma luta de ideologias, não de nações."
Pois bem, essa era também minha opinião anterior sobre o evento, mas analisando a coisa hoje eu discordo da minha opinião anterior. Esta foi uma guerra ideológica sim, entre o fascismo (nazismo) e o socialismo da URSS, mas também uma guerra entre nações e de aniquilação.

A própria ideia racista de ocupação e aniquilação de povos no leste (por estes serem inferiores ou descartáveis por ideias racistas, na concepção nazista) não é propriamente algo original da guerra anticomunista da segunda guerra, esta guerra também foi uma guerra de colonização, uma guerra "racial" (étnica) de aniquilação, só que dessa vez na Europa, como as ocorridas nas colonizações feitas na África e nas Américas.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Franjo Tudjman, o ex-presidente croata antissemita e negador do Holocausto e Jasenovac

Tradução do texto "Holocaust Deniers at the U.S. State Department" (Negadores do Holocausto e o Departamento de Estado dos Estados Unidos) sobre as afirmações racistas e negacionistas de Franjo Tudjman, ex-presidente croata, negacionista do Holocausto, racista e antissemita.

Por Srdja Trifkovic
Terça-feira, 23 de março de 2010

O relatório de direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA sobre a Croácia, lançado em 11 de março, afirma com certa naturalidade que Jasenovac foi "o local do maior campo de concentração da Croácia durante a Segunda Guerra Mundial, onde milhares de sérvios, judeus e ciganos foram assassinados" [grifo feito; uma cena diária de Jasenovac, acima] Esta afirmação notável é o equivalente moral e factual exato de se afirmar que "dezenas de milhares" de judeus e outros povos foram mortos em Auschwitz ou Treblinka ..

O número de vítimas de Jasenovac ainda é incerto. A estimativa mais baixa sem qualquer pretensão de seriedade metodológica - de dezenas de milhares de vítimas - foi feita pelo falecido presidente croata Franjo Tudjman, famoso por ter dito "Graças a Deus, minha esposa não é nem sérvia e nem judia." A "estimativa" de Tudjman em Jasenovac encaixa-se com suas outras avaliações:
"Em seu livro: Wastelands verdades históricas, publicado em 1988, o Sr. Tudjman escreveu que o número de judeus que morreram no Holocausto foi de 900.000 - não seis milhões. Ele afirmou também que não mais que 70 mil sérvios morreram nas mãos da Ustasha - a mairoria dos historiadores dizem que cerca de 400 mil foram assassinados"(The New York Times, 20 de agosto, 1995)
Outras fontes fornecem estimativas dezenas de vezes maior que as de Dr. Tudjman, e centenas de vezes maior do que o apresentado como fato pelo Departamento de Estado dos EUA:
"Jasenovac" - entrada feita por Menachem Shelach na Enciclopédia do Holocausto, Yad Vashem, 1990, págs. 739-740: "Cerca de seiscentas mil pessoas foram assassinadas em Jasenovac, na maioria sérvios, judeus, ciganos e opositores do regime Ustasha."

Segundo o site "The Holocaust Education & Archive Research Team"**: "estima-se que perto de 600 mil pessoas ... principalmente sérvios, judeus, ciganos, foram assassinados em Jasenovac."
Se já basta de fontes judaicas, vamos olhar para o que os aliados alemães contemporâneos do regime Ustasha tinha a dizer sobre o assunto (todas as citações são de "The Crônica de Krajina: Uma História dos sérvios na Croácia, Eslavônia e Dalmácia" ("THE KRAJINA CHRONICLE: A History of Serbs in Croatia, Slavonia and Dalmatia"). Segundo Hermann Neubacher, especialista político mais importante de Hitler para os Balcãs, em seu livro Sonderauftrag Südost 1940-1945. Bericht eines Fliegenden Diplomaten (Goettingen:. Muster-Schmidt-Verlag, 1957, pág. 18)
"A receita para o problema dos sérvios ortodoxos pelo líder e Führer da Croácia, Ante Pavelic, foi lembrar das guerras religiosas de memória mais sangrenta: um terço deve ser convertido ao catolicismo, outro terço deve ser expulso e o terço final deve ser liquidado. A última parte do programa foi conduzida." [ou seja, um terço de cerca de 1,9 milhões foi chacinado]
Num relatório para Himmler, o general da SS Ernst Frick estimou que "entre 600 e 700 mil vítimas foram massacradas à moda dos Balcãs". O General Lothar Rendulic, comandando forças alemãs nos Balcãs Ocidentais em 1943-1944, estimou o número de vítimas da Ustasha em cerca de 500.000. Em suas memórias Gekaempft, gesiegt, geschlagen (Welsermühl Verlag, Wels und Heidelberg, 1952, pág.161), ele recordou a memorável discussão csobre essa questão com um dignitário croata:
"Quando eu me opus a um alto funcionário que estava perto de Pavelic, apesar do ódio acumulado, não consegui compreender o assassinato de meio milhão ortodoxos, a resposta que recebi foi característica da mentalidade que prevalecia lá: Meio milhão, isso é muito - não havia lá mais que 200 mil!"
O Departamento de Estado dos EUA pode ter em sua posse novas e incontroversas provas que os pesquisadores do Yad Vashem tenham exagerado no número de vítimas em Jasenovac em uma centena ou mais, de que testemunhas alemães estavam erradas, que até mesmo o negador do Holocausto, o Presidente Tudjman, esteja errado, e que o número de vítimas seja certamente de alguns "milhares" em vez de dezenas ou centenas de milhares.

Se isso existe, o Departamento de Estado deveria tornar tal prova pública. Em caso contrário (de não existir), ele deveria fazer uma correção detalhada e um pedido de desculpas.

Fonte: The Lord Byron Foundation for Balkans Studies (site)
http://www.balkanstudies.org/blog/holocaust-deniers-us-state-department
Título original: Holocaust Deniers at the U.S. State Department
Tradução: Roberto Lucena
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Para ler sobre os números do Holocausto na Croácia, conferir o seguinte post (e clicar em seus links): A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)

Todos os posts sobre a Ustasha nesta tag.

**Sobre o site "The Holocaust Education & Archive Research Team", favor conferir os posts do Holocaust Controversies sobre os problema deste site e da má conduta de seus atuais donos. Não foi possível cortar o trecho que cita o site do texto acima, senão eu teria cortado.

Como não sei se o R. Muehlenkamp gostaria de comentar o caso pois como é algo restrito a discussões em inglês (os que mantém o site são um britânico e um norte-americano), sendo que os donos são dois paspalhos usando vários trolls/fakes para atacar o pessoal do Holocaust Controversies com cyberbullying e stalking, acho que o link dos posts do HC comentando o caso sobre a má ação do site e dos mantenedores já é suficiente. Caso alguém tenha dificuldade em ler em inglês basta pôr o link no tradutor do Google que traduz boa parte pro português sem distorções idiomáticas.

Pra quem acha que os "revis" são o ápice do que há de pior na web, eis aí um exemplo do que gente supostamente "anti-"revi"" pode fazer por conta também de extremismo político, divergência de opinião e mau comportamento.

sábado, 7 de junho de 2014

Moscou-Paris-Viena: as reuniões de Aymeric Chauprade, o conselheiro de Marine Le Pen

Aleksandr Dugin
O novo eurodeputado do Rassemblement Bleu Marine (RBM)*, Aymeric Chauprade, sabe escolher seus aliados. Ele foi convidado, no último sábado, 31 de maio, a uma estranha reunião em Viena (Áustria) - onde vive e trabalha como consultor - com a presença de autoridades russas menos relevantes. O tema desta reunião, que foi realizada no Palácio Liechtenstein, foi: os 200 anos da Santa Aliança liderada pelo Império Russo, o Império Austríaco e o Reino da Prússia.

Na origem deste evento, está o oligarca e patrono russo ortodoxo Konstantin Malofeev, cujo nome foi mencionado várias vezes no caso dos separatistas pró-russos em Donetsk na Ucrânia (Le Monde em 28 e 31 de maio).

De acordo com o jornal suíço de Zurique, o Tages Anzeiger, que revelou a existência do encontro, o encontro também foi uma oportunidade para discutir a forma de salvar a Europa do liberalismo e do "lobby homossexual".

De acordo com este jornal, disse o Sr. Chauprade, entre os convidados estava notavelmente Heinz-Christian Strache, líder do FPÖ (Partido da Liberdade da Áustria) (aliado Marine Le Pen), e Volen Siderov do partido de extrema-direita búlgaro Ataka (com quem a Sra. Le Pen recusa a tratar). Mas o convidado de honra foi Aleksandr Dugin, eminência parda de Putin, propagador do eurasianismo. O Sr. Dugin é uma referência para a extrema-direita radical, e verdadeira coqueluche dos revolucionários nacionalistas de todo o mundo.

"A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional"

Místico ortodoxo, tradicionalista esotérico, muito influente em alguns círculos do poder em Moscou, Aleksandr Dugin é o papa do eurasianismo, uma doutrina que promove a formação de uma grande bloco continental da Eurásia para lutar contra o poder anglo-saxão. Dugin diz: "a ordem marítima (Cartago, Atenas, Reino Unido) está em oposição à ordem terrestre (Roma, Esparta, Rússia)."

Uma das frases do teórico russo que melhor resume seu pensamento político, segundo o pesquisador Nicolas Lebourg, é a seguinte: "A Terceira Roma, o Terceiro Reich e a Terceira Internacional são elementos que devem ser conectados em uma revolta contra o mundo moderno."

Tudo isto não é lá muito uma "demonização", mesmo vinda de um russófilo pró-Putin assumido como Aymeric Chauprade. Além disso, um de seus membros próximos minimiza a reunião: "Eles apenas dizem "olá", temos um pouco a discutir, e isso é tudo. Eles não possuem um projeto político em comum a seguir pela frente.".

Marion Maréchal-Le Pen no parlamento francês
A deputada de Vaucluse, Marion Maréchal-Le Pen**, passou alguns instantes no jantar, fechando o dia. Sua comitiva diz que ela não se encontrou com o Sr. Dugin. "Foi um fim de semana em Viena, por motivos pessoais, Heinz-Christian Strache sugeriu a Aymeric Chauprade que o convidasse para vir à noite, isso é tudo. Ela não participou de nada durante o dia", assegura-nos a FN (Frente Nacional).

Esta não é a primeira vez que o Sr. Chauprade aceita o convite do movimento pró-Putin mais radical. Sendo assim, em 16 de março, durante o referendo sobre a anexação da Crimeia pela Rússia. Ele foi um dos "observadores ocidentais" convidados por uma misteriosa ONG que reivindica - não por acaso - também o eurasianismo: o Observatório da Eurásia para Democracia e Eleições (o EODE). Esta ONG é dirigida por Luc Michel, chefe do Partido da Comunidade Europeia Nacional (NCP), metade porta dos fundos (elaborando complôs), metade um grupelho marrom-avermelhado que continua a obra do neofascista Jean Thiriart.

Os observadores convidados pela EODE são bastante diversificados, variando entre um membro do Partido Comunista Grego (KKE) ou um membro do Die Linke (Partido de Esquerda alemão), um eleito da Forza Italia (que havia convidado o neofascista Gabriele Adinolfi para apresentar seu livro para o Parlamento Europeu), até um membro do Vlaams Belang (partido de extrema-direita belga) ou ainda Enrique Ravello da Plataforma pela Catalunha. Este último é um veterano da CEDADE, onde se reuniram por muito tempo os espanhóis neonazistas.

Mais uma vez, o Sr. Chauprade jura que não sabia nada sobre o "pedigree" dos outros observadores. "Eu não conheço o Sr. Luc Michel que está na entrada do hotel. Por definição, o areópago de observadores é bem extenso. Sou apenas responsável pela sensibilidade da minha parte", disse-nos Chauprade sobre isso.

*Rassemblement Bleu Marine (RBM): Agrupamento Azul-Marinho (facção da Frente Nacional) que usa o trocadilho com o nome de Marine Le Pen. Marine (Marinho) como emblema.
** Marion Maréchal-Le Pen: fascista, neta e sobrinha dos também fascistas Jean-Marie Le Pen e Marine Le Pen (pai e filha)

Fonte: Droites Extremes (França, Le Monde)
Título original: Moscou-Paris-Vienne : les rencontres d’Aymeric Chauprade, conseiller de Marine Le Pen
http://droites-extremes.blog.lemonde.fr/2014/06/04/moscou-paris-vienne-les-rencontres-daymeric-chaupradeconseiller-de-marine-le-pen/#xtor=RSS-32280322
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: esse blog 'Droite(s) Extreme(s)', obviamente sobre extrema-direita, do Le Monde (jornal francês) é um dos melhores sobre extrema-direita na Europa, principalmente sobre a extrema-direita francesa. Faço o destaque (pra distinguir) porque a edição do Le Monde Diplomatique (a edição brasileira), salvo exceções, é carregada de chavões da extrema-esquerda trotskista francesa e certas avaliações rasas nos textos, principalmente quando o assunto é o Brasil.

O assunto Dugin pode ter ficado mais evidente com o conflito Ucrânia-Rússia-UE-EUA, mas já circula há algum tempo em parte da extrema-direita europeia que tenta se "desvencilhar" da imagem do nazismo (exemplo: o próprio Front National francês) e busca uma "renovação" do fascismo ou do tipo de fascismo que seguem. Ele tem 'adeptos' no Brasil (rs), embora, politicamente falando, o que mais tem no país são posers, gente que repete discurso sem nem saber o que está dizendo, ou porque se identificou com alguma ideia radical banalizada (do sentido adquirido no "senso comum"), pra "posar" de rebelde etc (pra aparecer mesmo, chamar atenção). O termo "poser" que me refiro não chega a ser exatamente o do sentido literal do link acima que coloquei, mas a ideia original do termo vem disso e pode ser adaptada.

Exemplo típico de "poser", citando um caso musical (matéria): "Modinha", camisetas do Ramones são banalizadas no Rock in Rio (Terra)

Destaco o trecho:

""Eu já escutava a banda antes de comprar essa camiseta", garantiu a estudante A. G., 19 anos, óculos escuros, batom vermelho, camiseta branca da banda, short e cinto de couro. Questionada pela reportagem sobre o seu álbum preferido dos Ramones, respondeu: "não sou fanática". Ao ser indagada, então, sobre uma canção predileta, confessou: "você me pegou"."

Ou seja, segundo a matéria podemos concluir com o trecho acima que a pessoa estava usando a camisa por modismo e não por gostar da banda, pois nunca ouviu nada da banda e nem tem ideia do que tocam. Ou seja, num exemplo hipotético radical: se alguém cismar de achar bonito uma camiseta com alguma coisa esdrúxula escrita em outro idioma (como merda), vai usar sem ligar pra isso, por futilidade e outros adjetivos não muito bons.

O mesmo ocorre com os Beatles (que é uma banda muito mais popular e conhecida), o que tem de "poser" dessa banda chega a dar agonia, além de ser um agrupamento bastante antipático. Um adendo, eu não gosto de Ramones, eu diria mais que desconheço a banda, tirando uma música ou outra.

Parece algo banal aparentemente essa postura, mas não é, é sintoma da alienação de uma época. Como alguém veste algo, um símbolo etc, e não sabe o significado do mesmo? E pior, não teve nem a curiosidade de saber o que é com o acesso à informação que se tem hoje. "Ah, a pessoa achou o símbolo bonito e tal...", pode ser, mas quando é algo com forte conotação política ou de movimento, é bem complicada essa postura de "achei bonito" ignorando o fator simbólico da coisa, porque é uma banalização por modismo e futilidade.

Eu usei um exemplo da música por ser mais fácil caracterizar a questão e não vir algum "radical" mala encher o saco discutindo o espectro político disso, mas o problema descrito acima também ocorre na política. Os "revis" mesmo são um exemplo claro disso (grande parte dos grupos que se denominam "revis" são bastante excêntricos e ideologicamente dispersos, exóticos). Tem muito poser "politizado" no país (atenção pras aspas), panfletários do senso comum raivoso e irracional apesar de achar que não são. São uma salada ideológica ou manifestação de uma postura meramente excêntrica/exótica, sem relevância política, sem identificação com o país e geralmente rasos (sem conteúdo ou mera cópia de panfletos extremistas de outros países).

Os grupos mais organizados de extrema-direita se proliferam culturalmente justamente neste ambiente de forte alienação, anomia, radicalização e niilismo, à parte a questão das crises econômicas e culturais/identitárias que podem escancarar pra valer esse problema. Esses grupos neofascistas abordam constantemente essa questão da identidade nacional para excluir quem eles julgam como "algo à parte", e por notarem que existe uma crise em torno dessa questão, acentuada por crises econômicas.

As pessoas imersas nessa alienação e vazio, com perda de identidade ou sentido, vivem em busca de "gurus" ou seguindo "gurus", gente que se apresenta como "iluminado" ou "sábio" e tendem a se comportar como seguidores de seita. Tive que procurar outro site-dicionário pro termo "seita" pra pôr como link pois alteraram de forma ridícula o verbete da Wikipedia (em português), algum fanático religioso adulterou.

Curiosamente, os grupos "revis" brasileiros (e em geral, o pessoal conservador raivoso), salvo exceções, costumam manifestar abertamente um certo ódio do Brasil e em ser brasileiros, fora os regionalismos obtusos (mitológicos, construídos com base em preconceitos e distorções), usam simbologias de outros países mesmo não tendo ligação alguma com os mesmos, o que torna a coisa mais esdrúxula (e ridícula) ainda (em comparação ao caso "revi" externo). Embora este fenômeno também ocorra nos EUA.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O auge da extrema-direita na Europa, por países

Marine Le Pen, Frente Nacional (extrema-direita da França)
Um fantasma ronda a Europa. A austeridade há incubado o ovo da serpente e os partidos xenófobos cresceram de forma terrível numa Europa que acreditava que havia deixado para trás o drama do fascismo. A Frente Nacional de Marine Le Pen, a filha do homem que disse que o Ébola ajudaria a controlar a imigração, foi a força mais votada na França com cerca de 25,4%, uma ascensão espetacular desde 2009 quando teve apenas cerca de 6,3%.

Na Alemanha, o partido que aglutina todos os grupos neonazis, entrará com um escaño no Parlamento Europeu. Em países como a Áustria o FPÖ, Partido da Liberdade, conseguiu cerca de 19,50%, aumentando o considerável apoio que já teve no ano de 2009. Na Croácia e Dinamarca, os partidos de extrema-direita foram as opções mais votadas, ainda que na Croácia o Partido Croata pelos Direitos participou das eleições numa coligação de partidos conservadores tradicionais que, isso sim, conseguiu cerca de 41,39% dos votos. O Jobbik mantém seu apoio na Hungria, o partido que tem milícias que se dedicam à caça de ciganos, mantém os 14% dos votos.


26 de maio de 2014; 11:04
Antonio Maestre

Fonte: La Marea (Espanha)
Título original: El auge de la extrema derecha en Europa, por países
http://www.lamarea.com/2014/05/26/resultados-de-la-extrema-derecha-en-europa-por-paises/
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: como não foi possível publicar as matérias antes quando saíram os resultados dessas eleições pro Parlamento Europeu, então fica aqui o registro da ascensão da extrema-direita em vários países da Europa (ou quase todos). Com destaque pra vitória da Frente Nacional (Front National) de Marine Le Pen na França, maior resultado de um grupo fascista no pós-segunda guerra em um país com arsenal nuclear/militar e força econômica de peso.

Links pras matérias:
'The New York Times': Vitória de Le Pen ameaçaria política de unidade europeia (Jornal do Brasil/NY Times)
Frente Nacional conquista França com sentimento eurocéptico (Pùblico, Portugal)
UE inquieta com avanço da extrema-direita (Diário de Notícias, Portugal)
Marine le Pen pede dissolução e mudança da lei eleitoral (Expresso, Portugal)
Extrema-direita alcança vitória histórica em França (Expresso, Portugal)

A matéria com o racismo explícito do imbecil fanfarrão fascista Jean-Marie Le Pen também não foi possível colocar antes. Quem quiser ler, seguem os links:
Le Pen diz que o "sr. Ébola" pode resolver a imigração (Diário de Notícias, Portugal)
Ébola “pode resolver” o problema de imigração da Europa, considera Jean-Marie Le Pen (Público, Portugal)

Esse é o efeito colateral da política de austeridade econômica equivocada encabeçada principalmente pela A. Merkel. Liberalismo econômico radical, desregulamentação e privatizações, precarização da vida do povo estão resultando na ascensão do fascismo na Europa. Sendo que esses partidos/grupos não estão pra brincadeira. Tem setores da direita brasileira que costumam, por provincianismo e visão rasa, brincar com essas questões, subestimar, pregar cinicamente coisas que não deram certo, e se dizem "democratas".

Reportagem Especial Pobreza em Portugal (SIC Notícias, Agosto 2011)
Pobreza extrema (Portugal), 17-10-2013
Consciencializa-te - Pobreza extrema em Portugal (Versão actualizada)
Polícia e autarquia e desmantelam muitos dos acampamentos dos acampamentos montados noutros locais
PORTUGAL E A CRISE (2013) - Um filme de Giovanni Alves

Curiosamente a questão da negação do Holocausto pouco ou nada influiu na ascensão desses partidos e grupos. O fator principal disso são a crise econômica, políticas econômicas radicais, mesquinhas e inconsequentes (pois já sabem o que isso levou o mundo nos anos 20-30 do século passado e flertam perigosamente com a coisa) e a degradação social acentuada em vários países decorrente da mesma. O ultranacionalismo/fascismo e extremismo, em países com agrupamentos deste tipo organizados, costuma crescer nesse ambiente de desesperança geral e convulsão social acentuada.

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