terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Quem traiu Anne Frank? Caso em aberto

Anne Frank (segunda a partir da esquerda), com suas
amigas, em 1939.
Uma equipe reabre a investigação a partir do achado de uma lista com os informantes dos nazis em Amsterdã.

Quem traiu Anne Frank e sua família e amigos judeus durante a Segunda Guerra Mundial? A pergunta foi feita durante décadas por múltiplos historiadores, escritores e jornalistas, mas ninguém conseguiu encontrar uma resposta fiável. Um agente jubilado do FBI se pôs agora no comando de uma equipe internacional de especialistas para buscar, usando técnicas policiais, novas pistas que permitam identificar o traidor.

O ex-agente Vince Pankoke, de 59 anos, está tratando de resolver a história pergunta e a mais frequente entre os visitantes do Museu Casa de Anne Frank em Amsterdã: a fonte que informou e permitiu os nazis descobrirem em 1944 o esconderijo dos Frank na rua Prinsengracht da capital holandesa.

As tentativas anteriores não chegaram a grandes resultados, mas esta equipe, composta por especialistas procedentes de diferentes partes do mundo, utiliza sua experiência, múltiplas técnicas usadas em casos frios e informação privilegiada de arquivos históricos de outros países para encontrar as respostas.

Na equipe de 19 pessoas figuram criminólogos, historiadores, jornalistas e informáticos, assim como um ex-chefe da unidade de Ciências do Comportamento do FBI, Roger Depue. A Holanda também se voltou para colaborar neste estudo, permitindo o acesso ao Arquivo Nacional dos Países Baixos, o instituto de guerra, os relatórios sobre o Holocausto e o genocídio, a prefeitura de Amsterdã etc.

Os investigadores estão fazendo uso de um novo software que pode organizar e analisar grandes quantidades de dados. A companhia Xomnia de Amsterdã, especializada no processamento de informação, está proporcionando suporte e inteligência artificial para a investigação.

"Há tanta informação disponível, de arquivos e velhas pesquisas, que para um ser humano é difícil de vincular e analisar, mas com bons programas de ordenador é possível fazer isso, pode-se analisar e fazer conexões", afirmou Pankoke, segundo a imprensa holandesa.

A ideia de iniciar este novo estudo veio do cineasta holandês Thijs Bayens e do jornalista Van Twisk. Ambos se reuniram com o ex-agente do FBI, que se aposentou no ano passado, para lhe pedir que dirigisse esta investigação na qual há também um ex-oficial da polícia holandesa.

Depois da segunda guerra mundial, os soldados estadounidenses reuniram toda a informação disponível e a enviaram para os Estados Unidos. Todos esses documentos estão num arquivo com o qual Pankoke passou horas nos últimos meses em busca de pistas. Entre outras questões, descobriu uma lista de informantes dos alemães em Amsterdã. "Os especialistas com os quais falei depois não sabiam da existência desta lista", assegurou.

Em 4 de agosto de 1944, depois de dois anos na clandestinidade escondidos num anexo da rua Prinsengracht, 263, de Amsterdã, Anne Frank foi presa junto com sua família. A traição parecia ser a única conclusão lógica que desembocou nesta detenção, mas a fonte segue sendo uma incógnita até os dias de hoje.

Quando Otto Frank regressou de Auschwitz, descobriu que era o único sobrevivente das oito pessoas que haviam se escondido em Prinsengracht. Sua esposa, Edith, suas duas filhas Margot e Anne, o dentista Fritz Pfeffer e os demais amigos judeus haviam morrido nos campos de concentração da Alemanha e Polônia.

Imediatamente depois da guerra, Otto iniciou uma investigação sobre a traição. O principal suspeito por isso até então era um dos trabalhadores do armazém, Wilhem van Maaren. Contudo, dois investigações, uma em 1947 e outra em 1963 lhe exoneraram de culpa por falta de provas.

Pankoke lançou uma página na web para recolher toda a informação útil que já apareceu nessas décadas para sua investigação. Durante os últimos 73 anos, várias pessoas tentaram resolver o mistério da traição, o que resultou em cerca de trinta suspeitos: um vizinho? um antigo empregado? uma faxineira? Pankoke está no caso.

Fonte: El Mundo (Espanha)
http://www.elmundo.es/cultura/2017/10/03/59d3441e268e3e46328b457d.html
Título original: "¿Quién traicionó a Ana Frank? Caso abierto"
Tradução: Roberto Lucena

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