sexta-feira, 25 de abril de 2008

Holocausto na Letônia - Rumbula (Ordens Finais)

Esta tradução se refere ao Capítulo 8 do livro The Holocaust in Latvia, 1941-1944: The Missing Center do Historiador letão Andrew Ezergailis.


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.rumbula.org/remembering_rumbula.shtml



Ordens Finais


Alguns dias antes da ação, talvez em 27 de Novembro, um encontro entre a cúpula da Ordnungspolizei e dos comandantes do SD que foram chamados ao QG da Schutzpolizei. Este encontro serviu para coordenar as atividades de todos os participantes das unidades: a SD de Jeckeln, a Ordnungspolizei, e a Latvian Schutzmannschaften. Ao todo, cerca de 20 a 25 pessoas estiveram presentes. Osis, Ítiglics, e Aråjs devem ter representados os contingentes letões. Esta reunião final estabeleceu o calendário da operação. Como representante de Jeckeln, Degenhart estava especialmente preocupado com o tempo e organização das colunas de judeus saindo do gueto e às tarefas dos homens no local dos assassinatos. A reunião durou pelo menos meia-hora.

Na tarde de 29 de Novembro, um dia antes da matança, Jeckeln chamou para uma reunião os oficiais comandantes na sala de conferências de Ritterhaus, onde ele falou sobre a vindoura liquidação do gueto. Ele salientou que a participação nos assassinatos era uma obrigação patriótica e salientou também que a recusa de participar era igual à recusa de participar de uma guerra, como se fosse uma deserção. Para aqueles membros do staff HSSPF que não tinham atribuição específica, Jeckeln ordenou a ida às valas como observadores, para que todo mundo soubesse e testemunhasse o evento. (“machte er zur Pflicht, den Exekutionen als Zuschauer beizuwohnen, um niemandem Mitwisserschaft und Mitzeugenschaft zu ersparen”).

Na conclusão da sessão de Ritterhaus, o comandante da Ordnungspolizei, Flick, tomou a palavras e em um breve discurso deu as últimas informações para seus funcionários. Nenhum letão importante estava presente na reunião.

Na noite do dia 29 por volta das 19:00 Degenhart coordenou uma sessão no quartel da Schutzpolizei em Rîga. O Major Heise ordenou que seus homens estivessem prontos às 4:00 da manhã no gueto para o “reassentamento” dos judeus. Ele disse que os judeus seriam movidos para uma estação ferroviária. A maioria dos homens já havia entendido que “reassentamento” era um eufemismo para assassinato. Compreendendo Heise adicionou: “Mas homens, não sujem os seus dedos!” (Aber Männer, macht Euch die Finger nicht schmutzig!). Ele disse que os judeus seriam entregues para outra pessoas na estação. Esta reunião demorou cerca de 50 minutos.

Os oficiais da Schutzpolizei foram chamados ao escritório de Heise e deram os detalhes da operação. Degenhart ainda estava atendendo. Os membros da polícia da Letônia ficaram à cargo de supervisionar os letos no circunscrição e certificar se os judeus estavam saindo de suas casas organizados em colunas de 1000. Heise disse-lhes que a ação levaria pelo menos dois dias, e que a limpeza do gueto iria começar pela parte ocidental. Heise ordenou ao Tenente da polícia Hesfer e a 12 membros da Schutzpolizei que supervisionassem a limpeza das habitações dos judeus. Os letões e os policiais do gueto judeu foram ordenados para ajudar Hesfer. Alguns membros manifestaram o receio de que poderia surgir pânico entre os judeus, mas Degenhart acalmou-os, dizendo que isso já tinha sido feito antes.

A transmissão das ordens para os letões foi um pouco mais complicada, porque eles tinham três diferentes unidades envolvidas: A guarda letã do gueto, o SD e a polícia da circunscrição. Para os guardas do gueto as ordens foram dadas diretamente a Danckop pelo supervisor alemão. A transmissão das ordens para os letões do SD foram dadas de Lange para Aråjs. Uma complicação surgiu para a polícia do perímetro porque as suas linhas de autoridade não eram claras. É provável que a ordem chegou de duas fontes, Osis e os alemães. Peters Stankéviçs, o único policial da cidade que tivemos acesso ao depoimento, testemunhou que o Capitão Riks de sua circunscrição, ordenou a todos na noite do dia 29 de Novembro, exceto aquele que estariam na circunscrição, deveriam apresentar-se às 7:00 na circunscrição. Riks disse-lhes que todos os judeus seriam “reassentados” em outro campo. Além da circunscrição de polícia de Rîga, o distrito policial de Riga sob o comando de Jånis Veide também receberam ordens para participar da ação.

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