(ANP)HOOGHALEN – A comemoração da libertação do campo de passagem Westerbork, ocorrido há 60 anos, atraiu milhares de visitantes nesta terça-feira. Entre eles estavam dois libertadores, 148 sobreviventes e trezentos familiares.
Dezenas de membros do alto escalão, entre os quais a princesa Margriet, e cerca de 2000 outras pessoas marcharam em silêncio.
Entre 1942 e 1945, durante a ocupação alemã, 107.000 judeus holandeses e outros refugiados foram deportados. Para isso, os nazistas utilizaram o campo Westerbork como uma estação intermediária. Também os ciganos das etnias Sinti e Roma e combatentes da resistência eram deportados desta estação para campos de extermínio tais como Auschwitz e Sobibor. Quase toda semana, às terças-feiras, partiam comboios dos três grupos para o Leste: 93 vezes no total.
Entre os participantes da cerimônia estavam dezenas de estudantes, os quais vieram assistir as palestras de dez sobreviventes. Eles tiveram a oportunidade, através de um local escolhido por eles mesmos no campo, para durante uma hora contar suas próprias experiências.
Jules Schelvis, 84, de Amsterdam, passou seis dias em Westerbork com sua esposa Rachel. Depois deste período, foram deportados para o campo de concentração de Sobibor no leste da Polônia. Das 3.000 pessoas neste comboio Schelvis e outros 79 homens foram selecionados para trabalhar em uma plantação de turfas. Ele não pôde se despedir de suas esposa: ela foi diretamente conduzida às câmaras de gás.
Schelvis ficou sabendo disso bem depois. Neste ínterim ele tornou-se tipógrafo e obteve emprego em outro lugar. Ele também sobreviveu a Auschwitz; e posteriormente ele foi enviado para uma fábrica da aviões em Stuttgart, onde foi libertado em 08 de abril de 1945.
Após o retorno ele teve um grande sentimento de abandono: quase todos seus estavam mortos e seus antigo empregador estava ‘muito pressionado’ para recontratá-lo. Seu pai também não sobrevivera à guerra. Por derrubar um tonel de excrementos, ele foi mandado para um campo de extermínio. Após dois meses de sua libertação, Schelvis reencontrou sua mãe e sua irmã. Uma lágrima cai ao lembrar o reencontro, assim como os visitantes utilizam-se discretamente de seus lenços.
Mais tarde foram lidos nomes dos 102.000 mortos, deportados via Westerbork. O tocar de sinos convidou os visitantes, espalhados por toda a área do campo, para um silenciosa marcha para o monumento nacional de dois trilhos retorcidos. Lá os sobreviventes Ruth Wallage-Binheim (tia do prefeito de Groningen Jacques Wallage) e Ed van Thijm (ex-ministro e ex-prefeito de Amsterdam) deram seus depoimentos. Ao som de música, houve a recitação de trechos religiosos por rabinos e entrevistas com os dois libertadores.
O poder desta narrativa pode se esvair ao longo das próximas cerimônias da Segunda Guerra Mundial. O poder da história permanece. Em livros, filmes e museus. Porém, ao mesmo tempo que o sobrevivente Schelvis comove, as gerações mais novas não dedicam tempo para refletir sobre a Segunda Guerra. “Infelizmente, para as novas gerações, haverá outras guerras para as quais se farão cerimônias”.
Fonte(alemão): http://www.volkskrant.nl/
Título: Libertação do Campo de Westerbork celebrada
Resenha(14 de Março de 2005): “Dezenas de pessoas se reuniram nesta tarde de terça-feira em uma marcha silenciosa para relembrar a libertação do campo de Westerbork, há exatamente sessenta anos...
Tradução(português): Marcelo Hiramatsu Azevedo
Publicado também no site: http://h-doc.vilabol.uol.com.br/Westerbork.htm