Gabriela Lousada
O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria da República em Santos, denunciou um homem que incentivava a discriminação contra nordestinos, homossexuais e judeus na internet. Entre agosto de 2008 e abril de 2010, o responsável pelo site, identificado como um eletricista, postou conteúdo preconceituoso na forma de expressões e ilustrações discriminatórias e de cunho neonazista.
A denúncia, feita nesta quarta-feira, é de autoria do procurador da República Thiago Lacerda Nobre. De acordo com a lei, o crime de racismo prevê pena de dois a cinco anos de prisão e multa.
Em nota, a Procuradoria da República no Estado de São Paulo informa que conseguiu, durante as investigações, rastrear o responsável pelo e-mail de contato do site e assim identificar o denunciado.
Ainda de acordo com a Procuradoria, embora o homem não tenha assumido a autoria do crime, análises técnicas comprovaram que acessos ao e-mail ocorreram em locais onde o denunciado costumava acessar a internet, em horários compatíveis com seus acessos.
O site permanece no ar, mas o MP já solicitou para a Justiça Federal a remoção da página da internet. |
Conteúdo
No topo do site é possível encontrar a inscrição "Minha honra chama-se lealdade", do alemão "Meine Ehre heißt Treue", lema da Schutzstaffel (organização paramilitar ligada ao partido nazista e a Adolf Hitler).
No portal estavam disponíveis ainda links para download de livros nazistas e de , como o "Minha Luta", da autoria de Adolf Hitler, e "O Envolvimento Judaico na Destruição da Solidariedade Racial Branca", de Stanley Hornbeck.
Há ainda publicações de caráter revisionista, que negam o holocausto. A página da internet inclui ainda panfletos virtuais contra a migração, com clara alusão a pessoas de origem nordestina. O site ainda vendia camisetas, chaveiros e outros objetos do grupo do qual o eletricista participava.
O site permanece no ar, mas o Ministério Público já solicitou para a Justiça Federal a remoção da página da internet.
Fonte: A Tribuna.com.br
http://www.atribuna.com.br/cidades/minist%C3%A9rio-p%C3%BAblico-de-santos-denuncia-homem-por-manter-site-nazista-1.362002
Ver mais:
MPF em Santos denuncia responsável por site que incitava racismo e discriminação (Diário do Litoral)
Observação: comentarei depois mais detalhadamente pois novamente reforçarei meu ponto de vista sobre essa "questão regional" e o que há por trás disso (o mascaramento de preconceito étnico no país se valendo de expressões regionais). E o pior, muita gente que "crítica" (entre aspas) essas pessoas com este tipo preconceito reproduz o mesmo pensamento tortuoso com esses estereótipos, não aceitando que essa questão regional é uma construção recente (século XX) e que não é "algo natural" e tampouco antigo, falam como se isso sempre tivesse existido na História do Brasil o que é uma fraude completa. O comportamento de quem ataca esses bandos e fala com as pessoas repetindo a mesma crença de "hierarquia étnica" por detrás do discurso é no mínimo um comportamento contraditório e insustentável.
Se não comentar a questão aqui (pois textos muito longos acabam não sendo bem lidos), abro um post só pra isso. Nunca é demais repetir o assunto até a coisa ser assimilada pelo povo já que o ensino do país não cita e tampouco discute estas questões essenciais na formação política do país, o que acaba por formar gerações de pessoas idiotizadas, fúteis e alienadas, que não têm noção histórica alguma do país em que nasceram (a não ser que verifiquem sozinhos o assunto, coisa que a maioria absoluta NÃO FAZ).
Acho lamentável que os jornais não coloquem o nome do autor do site denunciado. No link, em "ver mais", na outra matéria há as iniciais do nome do indivíduo, E.C.A.. No print do vídeo acima se encontra um debate ocorrido na TV Bandeirantes em 1989 (ano da primeira eleição direta para presidente no Brasil depois de 21 anos de ditadura), com gente de extrema-direita que nega o Holocausto, mais precisamente, dois integralistas e um cidadão de outro agrupamento de extrema-direita "nacionalista" idólatra de Hitler, suponho que extinto.
O vídeo se encontra mutilado/cortado e editado para colocar os comentários do finado S.E. Castan debochando das contradições de uma das pessoas que participou do debate. Por sinal acho que a pessoa deveria comentar isto e pôr por terra de vez a distorção feita pelo S.E. Castan. A gravação do vídeo foi feita em fita VHS, com imagem não muito bem conservada (a imagem esverdeada se deve por isso). Nunca colocaram a edição inteira, sem cortes, deste debate.
Espero que o Ministério Público também verifique os demais vídeos com cópias deste debate mutilado em contas no Youtube, há muita coisa "sinistra" (racista e de apologia) nessas contas, isto se os donos delas não as apagarem antes com medo da justiça. Nessas horas se vê a "valentia" dessa 'moçada', "ah, não serei preso nunca, a justiça não fará nada"... não é bem isso que vem acontecendo, mesmo que infelizmente demore.
Não é muito bom colocar opiniões ou comentários depois de textos de notícias, mas em virtude do viés das matérias (as que coloquei acima foram as melhores) e erros em tratar do assunto nazismo, extrema-direita e preconceito, infelizmente é necessário. Muitas matérias não fazem por mal (os erros), só que no mundo atual não dá mais pra tratar este tipo de assunto desta forma e infelizmente o Brasil não está preparado pra lidar com o problema, até pelo problema de leitura no país e como disse acima, do ensino deficiente que não aborda essas questões nem ensina o povo a pesquisar sozinho, a estimular as pessoas a aprenderem e buscarem conhecimento e não idiotices de "auto-ajuda fisológicas" como as que abundam na web no país.
6 comentários:
Só pra constar sobre esse vídeo do Castan, se não já o fiz por email, eu entrei em contato com a Rede Bandeirantes sobre a disponibilização completa do vídeo, e eles falaram que não é possível, pois o material é antigo e não está a venda.
Detalhe que eu nem queria comprar, só pedi para disponibilizarem, por exemplo, no canal de vídeo da própria emissora.
Vamos esperar o resultado das ações do Ministério Publico, e que não pare nesse único sujeito, pois a uma teia bem grande que se junta em torno desse tipo de site.
"Detalhe que eu nem queria comprar, só pedi para disponibilizarem, por exemplo, no canal de vídeo da própria emissora."
Daniel, o pior não é nem isso (a Bandeirantes viajar na maionese achando que queriam comprar o vídeo e não colocar material antigo pra ser acessado no site da emissora), eu acho que mais gente tem esse vídeo gravado completo e ninguém sobe, isso sim é bizarro e absurdo.
Não entendo a postura de avestruz dessas entidades brasileiras em relação a essa questão do antissemitismo e proliferação do negacionismo, não enfrentam, fazem de conta que não veem o problema (mas sabem que existe e sabem quem prolifera), e nem se preocupar com informação pra atacar isso se preocupam, é um negócio tão absurdo que a gente fica com vergonha de citar o que rola no país por exemplo nos fóruns de fora.
Só pra situar a dimensão da postura de avestruz que eu citei, fizeram um estardalhaço quando proibiram a venda do Mein Kampf e dos Protocolos dos Sábios de Sião de uma editora de SP, ignoranto que: qualquer pessoa baixa isso em 1 minuto da web, em vários idiomas se quiser (dá até pra escolher)e ainda estão com a cabeça voltada pro tempo da Guerra Fria onde o livro de papel tinha um poder simbólico grande quando a maior parte da propaganda neonazi e antissemita no Brasil é disseminada pela internet.
Enquanto essas entidades tiverem com a cabeça no tempo da União Soviética x EUA, é disso pra pior. Fora que fica a propaganda no ar (a edição do vídeo) sem sequer uma gravação do autor do erro desmentir a coisa. Por conta dessa contradição mostrada no vídeo eu mesmo não uso qualquer relato da testemunha que aparece no vídeo.
Pior que deve ter gente com o vídeo gravado mesmo. Realmente, é um absurdo, já que a proliferação do vídeo com os comentários do Castan se proliferam.
Sobre a venda dos livros "proibidos", isso beira a ignorância, pois, como citou, está na internet para qualquer um baixar, da forma mais fácil possível. É tentar tampar o sol com a peneira, atestado de burrice, ou atestado do atraso dessa justiça brasileira, mostrando a defasagem em relação a tecnologia atual.
Achei engraçado por quê não houve um vídeo resposta a esse editado do Castan.
"Pior que deve ter gente com o vídeo gravado mesmo. Realmente, é um absurdo, já que a proliferação do vídeo com os comentários do Castan se proliferam."
É impressionante essa postura, pois inevitavelmente a gente usa o pessoal de fora como parâmetro e vê o grau de engajamento (participação) deles no combate ao racismo e ao ver o engajamento zero do pessoal no Brasil, a gente se frustra, fica se perguntando do porquê dessa passividade e falta de engajamento. Quem tem, não passa o vídeo pra formato DVD e não sobe, e nem comenta o caso, fazer de conta que não existe é postura de avestruz, fazer vista grossa a isso é uma atitude no mínimo imprudente e questionável.
"Sobre a venda dos livros "proibidos", isso beira a ignorância, pois, como citou, está na internet para qualquer um baixar, da forma mais fácil possível. É tentar tampar o sol com a peneira, atestado de burrice, ou atestado do atraso dessa justiça brasileira, mostrando a defasagem em relação a tecnologia atual."
Daniel, aí no caso o atraso não foi nem da justiça brasileira (que não é um primor, pra deixar claro) e sim tosquice das entidades que processaram pois estão com a cabeça na guerra fria e em ações simbólicas pra dizer que fizeram algo pro público delas. Totalmente ineficaz isso pelos motivos descritos acima, os caras estão preocupados com livros de papel (impressos) quando a circulação de livros desse tipo se dá em pdf na rede?
De fato os caras pararam na guerra fria, ainda estão com aquela ótica refratária do problema nesse período, a coisa hoje tem outra dinâmica. E vc só vê isso no Brasil, veja a quantidade de sites em inglês refutando o negacionismo e compara com ações do tipo no Brasil.
Acrescente o fato dessas entidades só falarem de conflito no Oriente Médio, um negócio que não tem relevância pra maioria do país e por alienação ficam querendo tratar a coisa da mesma forma como isso é tratado nos EUA.
"Achei engraçado por quê não houve um vídeo resposta a esse editado do Castan."
Exatamente, por isso que descartei totalmente qualquer relato da pessoa citada nos vídeos pois mesmo eu sabendo que a afirmação feita no programa de "debate" com esses integralistas é a versão errada, cabe ao autor fazer isso pois é quem pode corrigir o erro, e incrivelmente fazem de conta que não veem nada (mesmo vendo pois duvido que não tenham visto esses vídeos da Bandeirantes no youtube).
Postar um comentário