Para divulgação, deixo aqui o link e a sinopse do livro "Chauvinismo e extrema-direita", de Jefferson Barbosa, que deixou a informação e o link do livro nos comentários do blog. Quem quiser baixar o livro tem que se inscrever no site da editora (Unesp).
Pra quem quiser entender o fenômeno da extrema-direita, de caráter fascista, no Brasil (ou mais precisamente o Integralismo), é uma boa indicação. A parte de estudos sobre integralismo no país é muito boa.
Chauvinismo e extrema direita (Crítica aos herdeiros do sigma)
Jefferson Rodrigues Barbosa
Nesta obra, Jefferson Rodrigues Barbosa investiga as ramificações na sociedade brasileira do integralismo, movimento de extrema direita surgido no início do século XX e que teve em Plínio Salgado seu principal líder. O objetivo da pesquisa aqui coligida é compreender a configuração ideológica da militância integralista, relacionando suas concepções e seus valores com o ideário que originou tal perspectiva política.
Para tanto, foram identificados, analisados e arquivados durante cinco anos, entre 2007 e início de 2012, os conteúdos de publicações impressas e digitais, assim como reportagens jornalísticas, vídeos e documentários das organizações chauvinistas nacionais e internacionais. O resultado é um quadro diverso e complexo sobre como atua o integralismo hoje em dia, bem como quais são suas estratégias para divulgar seu pensamento.
Assunto: Política. Ano: 2015; Editora: Unesp
Páginas: 385; Edição: 1; ISBN: 9788568334683
Link do livro, formato ebook:
http://editoraunesp.com.br/catalogo/9788568334683,chauvinismo-e-extrema-direita
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quinta-feira, 30 de junho de 2016
sábado, 27 de junho de 2015
Os incompatíveis. À luz do passado fascista de Mircea Eliade através de Mihail Sebastian
Mihail Sebastian // Mircea Eliade |
Por Juan Forn
Como Heidegger, Mircea Eliade também tinha um esqueleto no armário. Como Heidegger, os pecados políticos de Eliade implicaram numa traição a um ser querido. No caso de Heidegger, sua amante, a jovem Hannah Arendt. No caso de Eliade, seu melhor amigo de juventude, o escritor Mihail Sebastian. Diferentemente de Heidegger, Eliade nunca voltou a ver sua vítima: Mihail Sebastian morreu um ano depois do término da Segunda Guerra. Mas tal como Heidegger foi (para muitos incompreensivelmente) perdoado por Arendt, Mihail Sebastian terminou condenado sem resolver a questão com Eliade na tumba, e quando seu cadáver estava há mais de quatro décadas enterrado, Eliade passou este mesmo tempo desfrutando sua glória acadêmica nos Estados Unidos.
Talvez seja imprescindível ser judeu e romeno para entender em sua justa proporção a trágica história de Eliade e Sebastian. Ou talvez o alcance em ler a formidável novela autobiográfica "El regreso del húligan" (O regresso do hooligan), de Norman Manea (e seu livro de contos "Felicidad obligatoria" e seus ensaios como "Payasos. El dictador y el artista"), para entender que uma história não termina até que alguém a conte, alguém para quem essa história contém cifrada sua identidade como escritor.
Vamos por partes. Norman Manea é judeu e romeno ("um judeu do Danúbio" como prefere dizer ele), nascido trinta anos mais tarde de Eliade e Sebastian na Bucovina, no confim do Império Austro-Húngaro, que depois da Primeira Guerra se converteu em território romeno. Ao contrário de seus vizinhos, a Romênia (o mais latino dos países mitteleuropeus, ou Europa Central) pelejou aquela guerra no grupo oposto ao Kaiser e, no reparto posterior à vitória, o Tratado de Versalhes a premiou com os territórios da Bucovina e da Bessarábia. Nunca foi tão grande e próspero o território romeno (Bucovina, por exemplo, hoje pertence à Ucrânia); nunca foi mais mentiroso o comportamento dos romenos: na encruzilhada, a que vai do ano '30 até a entrada na Segunda Guerra ao lado dos nazis, Norman Manea situa o começo da quebra moral de seu país, com a escalada nacionalista antissemita, que não só havia de arrasar com a amizade entre Eliade e Sebastian, como que, décadas depois, terminaria convertendo a Romênia de Ceaucescu no único regime totalitário do mundo que praticava o comunismo e o fascismo ao mesmo tempo.
Eliade e Sebastian se conheceram em meados dos anos '20 ao ingressar na Universidade de Bucareste. Os dois queriam ser escritores, os dois mostravam um talento igualmente promissor, os dois eram (como os também jovens Emil Cioran e Eugene Ionesco) discípulos do famoso professor de lógica e metafísica Nae Ionesco. Eliade era, como seu mestre, cristão ortodoxo. Sebastian, cujo verdadeiro nome era Iosef Hechter (já veremos porque adotou em seus documentos esse pseudônimo em 1935), havia nascido no mesmo povoado do seu mestre, Braila, mas era judeu. A amizade entre ambos os jovens se desenvolveu sob a tutela de Ionescu e de uma jovem chamada Nina Mares, que seria primeiro namorada platônica de Sebastian e depois se casaria com Eliade. Nina passava à máquina os primeiros textos de Eliade e Sebastian enquanto eles percorriam o país dando conferências como membros da Associação Cultural Criterion, pregando o advento de uma nova literatura romena (eram anos de fervente curiosidade intelectual naquele país: para entendê-lo cabalmente, pode-se mencionar o fato de que os editores franceses, italianos e alemães vendiam quase uma décima parte de sua produção a livrarias romenas).
Sebastian adquiriu logo renome como jornalista ao se graduar, Eliade preferiu ensinar na universidade (uma viagem pela Índia que fez em fins dos anos '20 definiu a orientação intelectual de sua carreira), mas os dois jovens seguiam apostando em segredo pelas novelas que estavam escrevendo e que o professor Ionescu havia prometido prefaciar. Assim chegamos ao ano de 1934. Sebastian termina sua novela e a entrega a Ionescu para que ele escreva o prólogo. Entretanto, chamuscado pelos novos ares que sopravam da Itália e Alemanha, Nae Ionescu começou a se distanciar do cosmopolitismo pan-europeu e a predicar as bondades do fascismo mussoliniano e do programa de depuração nacionalista que pregava Adolf Hitler direto das páginas de Mein Kampf. Ionescu não havia se juntado ao movimento ultranacionalista Guarda de Ferro (fato que produziria a falência da Criterion), mas o texto que escreve para a novela de Sebastian (uma saga sobre os judeus do Danúbio intitulada "Desde hace dos mil años") é de uma virulência estremecedora. Em todo o prólogo se refere a Sebastian não pelo pseudônimo escolhido mas por seu sobrenome judeu, sustenta que a identidade romena se baseia de forma "inalienável" no cristianismo ortodoxo e diz coisas tão incendiárias como: "Iosef Hechter, tu estás enfermo porque só podes sofrer. Iosef Hechter, não sentes como se apoderam de ti o frio e as trevas?"
Ainda que Sebastian comentara perturbado a Eliade quando lhe mostrou o prólogo: "É uma autêntica condenação à morte", não se atreveu a retirá-lo antes da publicação. O livro produziu o previsível escândalo. Acusado pela esquerda e pela direita (de "inimigo" pelos judeus e de "pária" pelos nacionalistas), Sebastian não só adotou em seus documentos seu pseudônimo literário senão que escreveu uma resposta a todos aqueles ataques, um livro tão breve como potente que intitulou: "Cómo me hice húligan" ["Como me tornaram um vândalo"] (nesse mesmo ano Eliade havia publicado finalmente sua novela, chamada "Los jóvenes bárbaros"- título em romeno Huliganii -; é sugestivo assinalar que, nos anos comunistas na Romênia, aquele termo se usaria para assinalar a todo o inimigo do regime). O certo é que Eliade foi um dos poucos integrantes da Criterion que saiu em defesa de Sebastian, mas lentamente ele também adotou o rumo ideológico de seu mentor Ionescu, para então alcunhar "o Sócrates legionário". Em 1936 Eliade escreveu: "Sem delongas, sim, Mussolini é um tirano. Mas me interessa uma só coisa: que ele transformou um Estado de terceira ordem em uma das potências do mundo" (este sugestivo olhar internacional não se limitava à Itália; também disse o seguinte sobre a Hungria e Bulgária em 1937: "Dos chefes políticos da Transilvânia heroica, castigados e humilhados durante séculos pelos húngaros, o povo mais imbecil que existe na História depois dos búlgaros, esperamos nós uma Romênia nacionalista, armada, vigorosa, implacável e vingadora").
Muito já discutiram os intelectuais romenos que ficaram e os que se exilaram se Eliade pertenceu ou não à Guarda de Ferro. O certo é que, quando em 1938 a cúpula legionária (incluindo Ionescu) foi presa, Eliade se trasladou de apuro a Londres, onde logo se somou à delegação diplomática do governo militar de Antonescu na Inglaterra, até que a entrada da Romênia na guerra do lado nazi o obrigou a se trasladar para a embaixada de seu país em Lisboa (em Portugal Eliade passou toda a guerra; ali escreveu fervorosos elogios ao tirano Salazar e aos "mártires" franquistas da Guerra Civil espanhola). Sebastian permaneceu na Romênia, sobreviveu por milagre às purgas antissemitas e, em determinado momento de 1942, quando Eliade voltou à Bucareste incógnito (levando uma mensagem de Salazar para Antonescu), tentou contatá-lo para lhe pedir ajuda, mas Eliade evitou vê-lo. Até então, Sebastian outorgava o benefício da dúvida a seu amigo, mas esse episódio decretou o fim da amizade.
Em agosto de 1944, caiu o regime pró-nazi de Antonescu, os russos entraram em Bucareste e a Romênia se juntou aos Aliados na arremetida final contra a Alemanha. Em dezembro de 1944, Sebastian se inteirou da morte de Nina Eliade e escreveu em seu diário: "Uma onda de recordações se levanta do passado. Seu quartinho na pensão: a máquina de escrever na qual copiou as novelas de Mircea e minha, seu inesperado amor, sua boda civil em segredo, nossos anos de amizade fraternal e depois os anos de confusão e desintegração até a ruptura, a inimizade e o esquecimento. Tudo está morto, desaparecido, perdido para sempre". Menos de três meses depois, reabilitado pelo novo governo com uma cátedra na recém fundada Universidade Livre e Democrática, Mihail Sebastian esperava o bonde para dar sua primeira aula quando um caminhão o atropelou e o matou na hora. Eliade escreve a respeito em seu Diário português: "Tenho me inteirado pela Rádio Romênia de que Mihail Sebastian morreu ontem. A notícia me transtorna. Em meus sonhos era uma das poucas pessoas que me haviam feito Bucareste ser suportável. Inclusive durante meu clímax legionário o senti perto de mim. Contava com essa amizade para voltar à vida e à cultura romenas. E agora se foi atropelado por um caminhão! Com ele se vai também minha juventude. A maioria da gente que quis está mais além. Sinto-me mais só que nunca. Adeus, Mihail".
Terminada a guerra, Eliade se trasladou para Paris, onde foi professor da Ecole des Hautes-Etudes. Nos anos '50 emigrou para os Estados Unidos, onde alcançou a celebridade mundial como estudioso das religiões e onde morreu, em Chicago, em 1986. Diferentemente de Cioran, que na velhice confessou com escárnio suas simpatias legionárias da juventude (em seus diários evoca várias conversas com Ionescu nas quais, corado, pergunta-se: "Como pode ser tão insensato?"), Eliade deixou escritos quatro tomos de memórias mas nunca fez a menor luz sobre seu passado legionário (o médico de cabeceira que assinou seu atestado de óbito era outro romeno exilado de nome Alexandru Ronett, fervoroso legionário que havia dado asilo em seu hogar norte-americano à sobrinha do sanguinário chefe da Guarda de Ferro, Corneliu Codreanu).
Pouco depois, Beno Sebastian, o irmão mais novo de Mihail, morreu em Paris em 1990, sua filha entregou para sua publicação o diário que escreveu Mihail entre 1935 e 1944, um texto que havia sido tirado clandestinamente da Romênia e que Beno se negou a dar a conhecer em vida. Eliade já havia morrido há dez anos quando o texto por fim foi publicado, em 1996, e desatou a polêmica. Sob a pressão da adversidade e do horror, Mihail Sebastian conserva nas páginas de seu Diário a graça da inteligência. O tom intimista, a mistura de afeto e horror com a qual retrata a evolução de suas amizades (em particular as de Eliade, Cioran e Nae Ionescu) e os infortúnios que lhe tocam viver é demolidora. Sebastian nunca acreditou que sobreviveria à guerra. Mas escrevia essas páginas não para a posteridade senão unicamente para si, para manter secretamente sua relação com a escritura (como judeu, era proibido de publicar e ser jornalista).
O texto mais explosivo que se escreveu sobre a relação de Eliade e Sebastian o fez Norman Manea. Exilado ele mesmo do regime de Ceaucescu, e antes sobrevivente do campo de concentração durante a Segunda Guerra, Manea sofreu na própria carne o antissemitismo romeno e essa bizarra combinação de stalinismo e fascismo que asfixiou durante décadas seu país. O texto no qual compara o Diário de Sebastian com as Memórias e o Diário português de Eliade foi publicado na prestigiosa revista The New Republic (com o título "Felix culpa") e lhe valeu ameaças de morte provenientes tanto da Romênia pós-comunista como dos grupos de exilados romenos nos Estados Unidos. Manea se converteu para os romenos no que Orhan Pamuk representa para os turcos. Isso não evitou que Manea duplicasse a aposta alguns anos depois com sua novela "El regreso del húligan", um tipo de summa autobiográfica que funciona por sua vez como novela picaresca, ensaio político e afresco histórico do século XX romeno, e que lhe valeu desde sua aparição a candidatura ao Nobel.
Celebrado por autores como Claudio Magris, Philip Roth, Milan Kundera, Saul Bellow, Imre Kertesz e Antonio Tabucchi, o formidável livro de Manea propõe um contraponto entre a primeira viagem a sua terra natal depois de exilado (comparável ao que Tzvetan Todorov fez à Bulgária no "El hombre desplazado", em português "O homem desenraizado") e a história de sua vida na Romênia desde o momento em que seus pais o engendraram em Bucovina, no mesmo ano em que Eliade publicou sua novela hooligan e Sebastian seu manifesto anti-hooligan (a referência não é gratuita: os pais de Manea o conceberam nos altos de uma livraria onde ambos os livros, recém publicados, são o centro de um prolongado e febril debate sobre o futuro entre os mais jovens membros do clã Manea e seus amigos, que ignoram que pouco depois seriam arreados em conjunto para campos de concentração da Transnístria).
Manea relata com o mesmo desembaraço a episódios completamente incompatíveis. Vale a pena mencionar dois deles, arrepiantes: num conta como a polícia secreta romena convenceu a seu melhor amigo para que o espiasse, em troca de uma cama de hospital para seu pai moribundo (o amigo confessa isso a Manea e entre ambos redigem os relatórios de delação, assim creem haver burlado à Segurança até que o amigo consegue escapar da Romênia, e Manea passa anos observando paranoico a cada um de seus amigos, perguntando-lhes quem será o novo delator); o outro episódio é o misterioso assassinato do catedrático Ioan Culianu, em pleno dia, nos banhos da Universidade de Chicago. Culianu havia sido um colaborador de Eliade (graças a este havia chegado ao Estados Unidos) que, depois da morte de seu mentor, estava escrevendo um livro sobre o passado político de Eliade. Quando o FBI investigou o caso, apresentou a Manea para que os ajudassem a determinar se o assassino foi enviado pelo ex-rei romeno no exílio, ou uma seita parapsicológica inimiga das investigações religiosas de Culianu, ou pela "máfia acadêmica" (sic) ou os legionários sobreviventes no exílio, ou o novo governo romeno pós-comunista, ou por um/ou mero amante despeitado/a.
A assombrosa naturalidade com que Manea vem e vai ao longo do tempo por situações e registros inconcebíveis tem sua explicação numa frase de Mihail Sebastian que o autor de "El regreso del húligan" cita e completa. "Não há nada mais sério, nada mais grave, nada mais certo e nada mais falso nesta cultura de panfletários sorridentes. Sobretudo, nada é incompatível. Há aí uma noção que lhe falta completamente a nossa vida pública em todos seus planos: o incompatível", escreveu Sebastian em seu Diário em 1943. Manea vê nesta frase uma explicação antecipada tanto do inverossímil sistema político da Romênia de Ceaucescu, assim como do culto a um estudioso das religiões como Eliade que praticou uma ditadura supostamente ateu-materialista: "Em nenhuma parte se dá tão estranha, incompreensível compatibilidade entre incompatibilidades, entre os que poderíamos chamar convencionalmente de bons e maus. As evasivas e desconcertantes certezas morais, e não só morais, de nosso país. Muitas vezes ofereceram surpresas terríveis mas, é justo dizê-lo, houve também alguma surpresa benéfica de vez em quando. Só assim pode se explicar que um país onde se cometeram tais atrocidades contra a população judaica, tenha se conseguido sobreviver boa parte dela".
Correndo o risco de que a Manea arrepie os cabelos, para a exígua lista de surpresas benéficas produzidas por essa característica romena, deve-se agregar ao pequeno milagre de diversidade tonal que é "El regreso del húligan" ("O regresso do hooligan"). E outra mais: que a tradução de três livros de Manea ao castelhano, como a do Diário de Sebastian, como as do Diário português e a novela "Los jóvenes bárbaros" de Eliade, tenham sido lançadas ao longo dos últimos cinco anos, pela mesma pessoa: o espanhol residente em Bucareste Joaquín Garrigós. Só a Romênia pode fazer com que se sucedam coisas assim.
"El regreso del húligan" ("O regresso do hooligan"), "Felicidad obligatoria" e "Payasos", de Norman Manea, foram publicados pela Tusquets (Editora). "Diario 1935-1944", de Mihail Sebastian, e "Los jóvenes bárbaros" de Mircea Eliade, foram publicados pela Destino. O "Diário português", de Eliade, foi publicado pela Kairós.
Fonte: Página 12 (Argentina)
http://www.pagina12.com.ar/diario/suplementos/libros/10-2661-2007-08-12.html
Título original: Los incompatibles
Tradução: Roberto Lucena
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Notas:
1. O termo "húligan" no texto se refere a "hooligan" (em português se mantém a grafia inglesa, pro espanhol eles "espanholizaram" a palavra). Caso alguém ache estranho a palavra, significa isso mesmo, que num sentido amplo, ou no aplicado ao texto, "hooligan" é referente a vandalismo ou gangue de rua. Provavelmente é uma referência à Guarda de Ferro romena que também recebia a alcunha de Legião de São Miguel Arcanjo, por isso o termo "legionários" aparece com certa frequência no texto.
2. Eu não fiz uma observação no texto anterior sobre o Eliade que era a de comentar a origem da difusão desse tipo de autor fascista no país. Pensei em colocar num post à parte (é uma possibilidade), mas se for o caso vai ficar nesse post ou no anterior mesmo.
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quarta-feira, 24 de junho de 2015
O fascista romeno "cultuado" no Brasil - Mircea Eliade e o cavalo de Troia no mundo acadêmico
Mircea Eliade e o cavalo de Troia no mundo acadêmico, por Wolfgang Karrer
A orientação fascista de Mircea Eliade (1907-1986) está bem documentada pelo menos desde a publicação de Cioran, Eliade, Ionesco: l’oubli du fascisme [Cioran, Eliade, Ionesco: o esquecimento do fascismo], um livro de Alexandra Laignel-Lavastine do ano de 2002. Foi traduzido pro italiano, e na Argentina foi resenhado em 6 de outubro do mesmo ano no Página 12. Também na Wikipedia atual concede lentamente esta orientação ideológica a Mircea Eliade, ainda que trate de diminui-la como se tratasse de um "pecadinho juvenil".
Nesse ensaio quero demonstrar (usando o livro de Laignel-Lavastine) que esta orientação sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e que de certo modo Eliade se manteve fiel a suas convicções de ultradireita até sua morte. Vou apoiar esta tese com citações de Eliade, traduzidas pro espanhol por mim. Já é tempo de enfrentar suas ideias do eterno retorno, da ordem cósmica, do sacrifício e do xamanismo com mais crítica.
O terror na história de Mircea Eliade
Um breve resumo da vida de Mircea Eliade (1907-1986) até 1945 aclarará suas posições fascistas (Laignel-Lavastine 2002, 33-328). Como estudante en Bucareste, Eliade se destaca com um manifesto "O itinerário espiritual" (1927), no qual ele ataca "o mito do progresso sem fim" da ciência e da tecnologia e proclama valores novos para sua geração. Claramente se afilia com o movimento irracionalista de Chamberlein, Spengler, Papini etc. A circulação do manifesto o converte no líder estudantil de Bucareste, onde se encontram em 1927 jovens como Tristan Tzara, Victor Brauner, Constantin Brancusi e Emil Cioran. (A afiliação de Cioran ao nazismo forma outra parte do livro de Laignel-Lavastine). No mesmo ano se constitui uma organização militante de ultradireita na Romênia, a Guarda de Ferro. Imitava as quadras fascistas da Itália, introduzindo camisas verdes e a saudação romana (108-20). Militava contra os judeus como a origem da maçonaria, o freudismo, o marxismo e o ateísmo, e lutava por uma revolução espiritual nacionalista no país. Eliade se fez assistente acadêmico de Nae Ionescu, professor e ideólogo principal da direita em Bucareste (57-63).
O círculo intelectual de Eliade compartilhava muitas posições da Guarda de Ferro, ainda que inicialmente se absteve da atividade política. Começou com uma atividade jornalística febril: 250 artigos entre 1925 e 1928, e outros 250 mais entre 1932-33 (40), em todos propagando um nacionalismo autóctone. Com a conversão de seu professor Nae Ionesco em 1933 à Guarda de Ferro, o tono de Eliade também se faz mais militante, e mais fascista (85-120). Assim como Ionescu se converte num propagandista aberto do fascismo italiano e de sua variante cristã-antissemita na Romênia. Os artigos de Eliade o mostram claramente antissemita, pró-fascista e também militante no sentido da ação direta. Entre os líderes da Guarda de Ferro tem alguns amigos íntimos, com os quais mantém um contínuo contato. Quando a Guarda de Ferro começa a assassinar políticos e a formar oficialmente "esquadrões da morte" (echipele mortii), Eliade não se distancia, pelo contrário, segue publicando propaganda e participa da campanha eleitoral da Guarda de Ferro em 1937.
Ao mesmo tempo, Eliade ensina a história das religiões na Universidade de Bucareste. Nessas ensinanças, que vão formar a base de suas obras sobre ideias religiosas, publicadas a partir de 1949, o historiador de religiões põe suas aulas a serviço da "revolução espiritual" pela qual lutavam ele e seus amigos da Guarda de Ferro (165-234). Em 1936, por exemplo, recomenda o uso de um mito central e símbolos míticos de uma nova "ordem cósmica" para fortalecer a ideologia da Guarda (177). Propõe seguir o modelo de Mussolini e sacralizar a política (179), especialmente com ritos de sacrifício e de cultos aos fascistas mortos para "um renascimento espiritual" da Romênia (202-05). Busca analogias em textos históricos para propor um totalitarismo "cristão" (205-08). Numa pré-história romena encontra traços de um cristianismo arcaico para fundar uma nova Romênia, unida como "povo eleito" numa religião cósmica (209) e lamenta os ataques dos profetas israelitas contra a religião cósmica de Canaã (213). Também afirma em 1937:
A simpatia de Eliade por Hitler também deixa rastros em seus textos, em suas cartas e conversações, ainda que, sem dúvida, prefira um fascismo mais cristão:
As repressões e o golpes de estado que seguem às eleições de 1937 levam os membros dirigentes da Guarda de Ferro e Eliade à prisão, onde os legionários cantam "Gott mit uns!", protestando com a canção da SS (196). Eliade escapa do fuzilamento de seus amigos, mas é proibido de ensinar. Pensa em emigrar, mas em 1940 um governo (que já não crê mais na vitória dos aliados) libera os legionários e oferece a Eliade um posto na embaixada romena em Londres, como agregado cultural através do novo ministro de propaganda de Bucareste (200-01).
Na Inglaterra, o Foreign Office (Ministério de Relações Exteriores) o mantém sob vigilância, caracterizando-lhe como a pessoa mais nazificada na embaixada. Eliade se sente com as mãos atadas, impedido de propagar sua causa romena. Quando o governo inglês rompe com o governo de Bucareste (agora abertamente pró-nazi) em 1941, o traslado de Eliado para Lisboa foi a única alternativa para sair da Inglaterra (275-282).
À diferença do sucedido em Londres, na embaixada de Lisboa, Eliade encontra oportunidades para desenvolver sua propaganda fascista para o governo de Antonescu (286-324). A homenagem que realiza ao ditador Salazar mostra claramente qual era a nova ordem cósmica ou a revolução espiritual que propagava entre 1937 e 1945. O livro sobre Salazar não foi realizado por encargo, ainda que se tratasse de uma contribuição voluntária de Eliade a "uma forma cristã de totalitarismo", algo que ele definia também com a "reintegração do homem nos ritos cósmicos" (297). Como a derrota do fascismo na Segunda Guerra se fazia cada vez mais e mais evidente, Mussolini e o governo pró-nazi de Anotnescu foram substituídos, e Eliade, depois de escrever sobre o grande "sacrifício" dos soldados de Stalingrado (320), do horror do pacto "anglo-bolchevique" (275) e da iminente invasão norte-americana com a "degradação da Europa" (322), perdeu seu posto na embaixada (como um dos três mais expostos na propaganda fascista). Antes de renunciar, não deixou de lamentar a queda de Mussolini (322); ou seja, até o último momento manteve sua propaganda antissemita.
Em meio à enorme crise de 1944, Eliade retoma seu trabalho sobre história das religiões, ou seja, volta aos manuscritos de suas conferências em Bucareste. Em Portugal começa a escrever Le Mythe de l’éternel retour, o livro com o qual deve seu regresso ao mundo acadêmico depois de 49. Também seu primeiro livro pós-guerra, Traité d’histoire des religions (1949), tem suas raízes na derrota fascista de 44 e em 45.
O cavalo de Troia entre acadêmicos
A vida de Mircea Eliade depois da guerra se divide em duas fases: a de Paris (1945 até 1957) e a de Chicago (1957-1986). As duas estão estreitamente vinculadas. Aterrorizado de que se revelasse seu passado, começa a apagar sistematicamente seu rancor. Como quase ninguém lia romeno em Paris ou Chicago, encontrava bastante terreno para suas pretensões. Inclusive lhe ocultava seu passado a seus amigos mais próximos (383-416). Até sua morte nos Estados Unidos, guardou silêncio sobre os velhos tempos, ainda que não deixasse de manter relações com Julius Évola e os legionários exilados em Chicago. (O assassinato de seu aluno brilhante, Ioan Culiano, tem implicações legionárias não esclarecidas, como demonstra Laignel-Lavastine (485-89). Nos anos oitenta Eliade trabalhava com a NOVA DIREITA na França (461-62).
Do outro lado, Eliade se rodeava de um círculo de amigos, alunos deles judeus, que o protegem, às vezes ignorando seu passado: Georges Dumezil, Paul Ricoeur, Gershom Scholem e Saul Bellow, entre outros. E há gente com influência e muito dinheiro que o ajudam na recuperação de seus postos acadêmicos. Consegue acesso ao grupo Eranos de Carl Gustav Jung, a quem havia mostrado certas simpatias com Hitler nos anos 30, e através dele obtém apoio da Fundação Bollingen. O dinheiro provinha da família multimilionária dos Mellon nos EUA, e Jung tinha certa influência na fundação. Em todo caso, a beca da Fundação Bollingen lhe abriu o caminho à cátedra em Chicago. Uma quarta estratégia para acobertar seu passado foi uma extensa publicação de memórias, diários e reminiscências, tão parciais como em certos casos desonestas. A única exceção foi o diário de Portugal, que não foi redigido por Eliade, e que mostra suas ideias antes da derrota do fascismo.
Também há um vínculo forte entre as duas fases de Paris e Chicago com o passado de Bucareste e Lisboa. Não somente os dois primeiros livros de 1949, senão muito do que escreveu Eliade depois desse ano retém as posições centrais do seu passado. Laignel-Lavastine mostra em detalhe como cinco temas preferidos de Eliade repetem posições do fascismo cristão de sua época anterior:
A religião como oculta hierofania (que esconde e revela)
O culto do herói no labirinto (como modelo arquetípico)
O sacrifício sagrado como purga (o Holocausto)
O terror para história (consolado pela repetição)
O eterno retorno do pré-histórico (420-33)
Esses temas, em parte, evidenciam a posição intelectual que sustenta Eliade, de seu desejo de escapar de sua própria história - algo parecido com o caso de Paul de Man -, mas também mantém os fundamentos do fascismo espiritual de 37 a 45. Por exemplo, Eliade retém a ideia de que os judeus (depois del 45 Eliade usa a palavra "hebreus") substituíram a velha ordem cíclica do cosmos por uma concepção linear do tempo. O que diz sub-repticiamente, é que isso significa o desenvolvimento do mito do progresso, do racionalismo, da iluminação, das ciências, da tecnologia, da maçonaria, do freudianismo, do marxismo e da época moderna (212, 234, 429-51). O núcleo fascista de sua filosofia de religiões ficou intacto. É "O mito da reintegração" (um livro de 1942), "A necessidade de crer" (299), e o rechaço das ciências.
Por que então Eliade busca as universidade, os centros de ciências, da maçonaria judia, do racionalismo? Porque não se contentou com o rol de um Xamã da New Age nos EUA? Desde 1944, planificava em seu diário penetrar na Europa como um "cavalo de Troia no campo científico" (324). Já não confiava numa legião paramilitar para estabelecer seu totalitarismo espiritual. Queria destruir a cidadela das universidades desde dentro. Ou seja, continuar sua propaganda totalitária sob a camuflagem de uma história das religiões, que propagava o retorno de uma "ontologia arcaica" para deter a dissolução da "ordem cósmica" da sociedade.
Considerando essas luzes do passado, lê-se de outro modo o projeto de 1945, O mito do eterno retorno (há tradução espanhola na rede), esse livro que fez famoso entre leitores que não conheciam suas convicções subjacentes. Não contamos com o espaço para uma análise extensa, mas uma menção a umas linhas do prólogo mostra que Eliade não aceitou a derrota de suas ideias fascistas:
Em vez de comentá-las, convido a ler as seguintes citações tendo em conta que o livro foi começado em 1945, quando era derrotado o fascismo que propagava Eliade antes de sua demissão:
Wolfgang Karrer
Berlim, Alemanha, EdM, dezembro de 2012
Notas:
1. Laignel, Alexandra. Cioran, Eliade, Ionesco. L’oubli du fascisme. PARIS. Presses Universitaires de France, 2002 (Perspectives critiques).
2. Emilio Gentile. El culto del litoral. La sacralización de la política en la Italia fascista. Trad. L. Padilla López. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2007.
Fonte: Site Escritores del Mundo (Argentina)
http://www.escritoresdelmundo.com/2013/01/mircea-eliade-y-el-caballo-de-troya-en.html
Título original: Mircea Eliade y el caballo de Troya en el mundo académico, por Wolfgang Karrer
Tradução: Roberto Lucena
A orientação fascista de Mircea Eliade (1907-1986) está bem documentada pelo menos desde a publicação de Cioran, Eliade, Ionesco: l’oubli du fascisme [Cioran, Eliade, Ionesco: o esquecimento do fascismo], um livro de Alexandra Laignel-Lavastine do ano de 2002. Foi traduzido pro italiano, e na Argentina foi resenhado em 6 de outubro do mesmo ano no Página 12. Também na Wikipedia atual concede lentamente esta orientação ideológica a Mircea Eliade, ainda que trate de diminui-la como se tratasse de um "pecadinho juvenil".
Nesse ensaio quero demonstrar (usando o livro de Laignel-Lavastine) que esta orientação sobreviveu à Segunda Guerra Mundial e que de certo modo Eliade se manteve fiel a suas convicções de ultradireita até sua morte. Vou apoiar esta tese com citações de Eliade, traduzidas pro espanhol por mim. Já é tempo de enfrentar suas ideias do eterno retorno, da ordem cósmica, do sacrifício e do xamanismo com mais crítica.
O terror na história de Mircea Eliade
Um breve resumo da vida de Mircea Eliade (1907-1986) até 1945 aclarará suas posições fascistas (Laignel-Lavastine 2002, 33-328). Como estudante en Bucareste, Eliade se destaca com um manifesto "O itinerário espiritual" (1927), no qual ele ataca "o mito do progresso sem fim" da ciência e da tecnologia e proclama valores novos para sua geração. Claramente se afilia com o movimento irracionalista de Chamberlein, Spengler, Papini etc. A circulação do manifesto o converte no líder estudantil de Bucareste, onde se encontram em 1927 jovens como Tristan Tzara, Victor Brauner, Constantin Brancusi e Emil Cioran. (A afiliação de Cioran ao nazismo forma outra parte do livro de Laignel-Lavastine). No mesmo ano se constitui uma organização militante de ultradireita na Romênia, a Guarda de Ferro. Imitava as quadras fascistas da Itália, introduzindo camisas verdes e a saudação romana (108-20). Militava contra os judeus como a origem da maçonaria, o freudismo, o marxismo e o ateísmo, e lutava por uma revolução espiritual nacionalista no país. Eliade se fez assistente acadêmico de Nae Ionescu, professor e ideólogo principal da direita em Bucareste (57-63).
O círculo intelectual de Eliade compartilhava muitas posições da Guarda de Ferro, ainda que inicialmente se absteve da atividade política. Começou com uma atividade jornalística febril: 250 artigos entre 1925 e 1928, e outros 250 mais entre 1932-33 (40), em todos propagando um nacionalismo autóctone. Com a conversão de seu professor Nae Ionesco em 1933 à Guarda de Ferro, o tono de Eliade também se faz mais militante, e mais fascista (85-120). Assim como Ionescu se converte num propagandista aberto do fascismo italiano e de sua variante cristã-antissemita na Romênia. Os artigos de Eliade o mostram claramente antissemita, pró-fascista e também militante no sentido da ação direta. Entre os líderes da Guarda de Ferro tem alguns amigos íntimos, com os quais mantém um contínuo contato. Quando a Guarda de Ferro começa a assassinar políticos e a formar oficialmente "esquadrões da morte" (echipele mortii), Eliade não se distancia, pelo contrário, segue publicando propaganda e participa da campanha eleitoral da Guarda de Ferro em 1937.
Ao mesmo tempo, Eliade ensina a história das religiões na Universidade de Bucareste. Nessas ensinanças, que vão formar a base de suas obras sobre ideias religiosas, publicadas a partir de 1949, o historiador de religiões põe suas aulas a serviço da "revolução espiritual" pela qual lutavam ele e seus amigos da Guarda de Ferro (165-234). Em 1936, por exemplo, recomenda o uso de um mito central e símbolos míticos de uma nova "ordem cósmica" para fortalecer a ideologia da Guarda (177). Propõe seguir o modelo de Mussolini e sacralizar a política (179), especialmente com ritos de sacrifício e de cultos aos fascistas mortos para "um renascimento espiritual" da Romênia (202-05). Busca analogias em textos históricos para propor um totalitarismo "cristão" (205-08). Numa pré-história romena encontra traços de um cristianismo arcaico para fundar uma nova Romênia, unida como "povo eleito" numa religião cósmica (209) e lamenta os ataques dos profetas israelitas contra a religião cósmica de Canaã (213). Também afirma em 1937:
"Romênia cometeu a loucura de mostrar ao Ocidente que uma vida civil perfeita só se pode conseguir com uma vida autenticamente cristã e que o destino mais sublime de um povo é fazer história a medias de valores supra-históricos." (211)Ou seja, ele utiliza a mitologia religiosa e a pré-história para apoiar o movimento fascista e erigir um estado totalitário cristão na Romênia. "Religião cósmica", "espiritual" e "revolução" são as palavras-chaves para disfarçar tanto o fascismo antissemita e xenófobo. Tanto Eliade como seu professor Ionescu fazem o trabalho na Romênia de Julius Évola, com o qual se encontram amistosamente em 1938, que leva isto adiante na Itália.
A simpatia de Eliade por Hitler também deixa rastros em seus textos, em suas cartas e conversações, ainda que, sem dúvida, prefira um fascismo mais cristão:
"O povo romeno pode resignar-se à mais triste decomposição que sua história jamais conheceu, admitir que tenha sido abatido pela miséria e a sífilis, invadida pelos judeus, e destroçado pedaços por estrangeiros, desmoralizado, traído, vendido por alguns milhões de lei? "Porque eu não creio no Movimento Legionário", Dezembro 1937" (226)Elogia outro movimento cristão-fascista com as palavras: "Inclusive é melhor que Hitler". (184) Defende, ainda que de maneira ambígua, a noite contra as sinagogas na Alemanha; compara-a favoravelmente com as barbaridades anticristãs na Rússia e na Espanha (224). Nos textos de 1937 a 1945 já não restam dúvidas: Eliade é pró-Mussolini e é pró-Hitler. Fascista no mais completo sentido, mas à moda "romena". E não é tão jovem, completa 30 anos em 1937 e 38 em 1945.
As repressões e o golpes de estado que seguem às eleições de 1937 levam os membros dirigentes da Guarda de Ferro e Eliade à prisão, onde os legionários cantam "Gott mit uns!", protestando com a canção da SS (196). Eliade escapa do fuzilamento de seus amigos, mas é proibido de ensinar. Pensa em emigrar, mas em 1940 um governo (que já não crê mais na vitória dos aliados) libera os legionários e oferece a Eliade um posto na embaixada romena em Londres, como agregado cultural através do novo ministro de propaganda de Bucareste (200-01).
Na Inglaterra, o Foreign Office (Ministério de Relações Exteriores) o mantém sob vigilância, caracterizando-lhe como a pessoa mais nazificada na embaixada. Eliade se sente com as mãos atadas, impedido de propagar sua causa romena. Quando o governo inglês rompe com o governo de Bucareste (agora abertamente pró-nazi) em 1941, o traslado de Eliado para Lisboa foi a única alternativa para sair da Inglaterra (275-282).
À diferença do sucedido em Londres, na embaixada de Lisboa, Eliade encontra oportunidades para desenvolver sua propaganda fascista para o governo de Antonescu (286-324). A homenagem que realiza ao ditador Salazar mostra claramente qual era a nova ordem cósmica ou a revolução espiritual que propagava entre 1937 e 1945. O livro sobre Salazar não foi realizado por encargo, ainda que se tratasse de uma contribuição voluntária de Eliade a "uma forma cristã de totalitarismo", algo que ele definia também com a "reintegração do homem nos ritos cósmicos" (297). Como a derrota do fascismo na Segunda Guerra se fazia cada vez mais e mais evidente, Mussolini e o governo pró-nazi de Anotnescu foram substituídos, e Eliade, depois de escrever sobre o grande "sacrifício" dos soldados de Stalingrado (320), do horror do pacto "anglo-bolchevique" (275) e da iminente invasão norte-americana com a "degradação da Europa" (322), perdeu seu posto na embaixada (como um dos três mais expostos na propaganda fascista). Antes de renunciar, não deixou de lamentar a queda de Mussolini (322); ou seja, até o último momento manteve sua propaganda antissemita.
Em meio à enorme crise de 1944, Eliade retoma seu trabalho sobre história das religiões, ou seja, volta aos manuscritos de suas conferências em Bucareste. Em Portugal começa a escrever Le Mythe de l’éternel retour, o livro com o qual deve seu regresso ao mundo acadêmico depois de 49. Também seu primeiro livro pós-guerra, Traité d’histoire des religions (1949), tem suas raízes na derrota fascista de 44 e em 45.
O cavalo de Troia entre acadêmicos
A vida de Mircea Eliade depois da guerra se divide em duas fases: a de Paris (1945 até 1957) e a de Chicago (1957-1986). As duas estão estreitamente vinculadas. Aterrorizado de que se revelasse seu passado, começa a apagar sistematicamente seu rancor. Como quase ninguém lia romeno em Paris ou Chicago, encontrava bastante terreno para suas pretensões. Inclusive lhe ocultava seu passado a seus amigos mais próximos (383-416). Até sua morte nos Estados Unidos, guardou silêncio sobre os velhos tempos, ainda que não deixasse de manter relações com Julius Évola e os legionários exilados em Chicago. (O assassinato de seu aluno brilhante, Ioan Culiano, tem implicações legionárias não esclarecidas, como demonstra Laignel-Lavastine (485-89). Nos anos oitenta Eliade trabalhava com a NOVA DIREITA na França (461-62).
Do outro lado, Eliade se rodeava de um círculo de amigos, alunos deles judeus, que o protegem, às vezes ignorando seu passado: Georges Dumezil, Paul Ricoeur, Gershom Scholem e Saul Bellow, entre outros. E há gente com influência e muito dinheiro que o ajudam na recuperação de seus postos acadêmicos. Consegue acesso ao grupo Eranos de Carl Gustav Jung, a quem havia mostrado certas simpatias com Hitler nos anos 30, e através dele obtém apoio da Fundação Bollingen. O dinheiro provinha da família multimilionária dos Mellon nos EUA, e Jung tinha certa influência na fundação. Em todo caso, a beca da Fundação Bollingen lhe abriu o caminho à cátedra em Chicago. Uma quarta estratégia para acobertar seu passado foi uma extensa publicação de memórias, diários e reminiscências, tão parciais como em certos casos desonestas. A única exceção foi o diário de Portugal, que não foi redigido por Eliade, e que mostra suas ideias antes da derrota do fascismo.
Também há um vínculo forte entre as duas fases de Paris e Chicago com o passado de Bucareste e Lisboa. Não somente os dois primeiros livros de 1949, senão muito do que escreveu Eliade depois desse ano retém as posições centrais do seu passado. Laignel-Lavastine mostra em detalhe como cinco temas preferidos de Eliade repetem posições do fascismo cristão de sua época anterior:
A religião como oculta hierofania (que esconde e revela)
O culto do herói no labirinto (como modelo arquetípico)
O sacrifício sagrado como purga (o Holocausto)
O terror para história (consolado pela repetição)
O eterno retorno do pré-histórico (420-33)
Esses temas, em parte, evidenciam a posição intelectual que sustenta Eliade, de seu desejo de escapar de sua própria história - algo parecido com o caso de Paul de Man -, mas também mantém os fundamentos do fascismo espiritual de 37 a 45. Por exemplo, Eliade retém a ideia de que os judeus (depois del 45 Eliade usa a palavra "hebreus") substituíram a velha ordem cíclica do cosmos por uma concepção linear do tempo. O que diz sub-repticiamente, é que isso significa o desenvolvimento do mito do progresso, do racionalismo, da iluminação, das ciências, da tecnologia, da maçonaria, do freudianismo, do marxismo e da época moderna (212, 234, 429-51). O núcleo fascista de sua filosofia de religiões ficou intacto. É "O mito da reintegração" (um livro de 1942), "A necessidade de crer" (299), e o rechaço das ciências.
Por que então Eliade busca as universidade, os centros de ciências, da maçonaria judia, do racionalismo? Porque não se contentou com o rol de um Xamã da New Age nos EUA? Desde 1944, planificava em seu diário penetrar na Europa como um "cavalo de Troia no campo científico" (324). Já não confiava numa legião paramilitar para estabelecer seu totalitarismo espiritual. Queria destruir a cidadela das universidades desde dentro. Ou seja, continuar sua propaganda totalitária sob a camuflagem de uma história das religiões, que propagava o retorno de uma "ontologia arcaica" para deter a dissolução da "ordem cósmica" da sociedade.
Considerando essas luzes do passado, lê-se de outro modo o projeto de 1945, O mito do eterno retorno (há tradução espanhola na rede), esse livro que fez famoso entre leitores que não conheciam suas convicções subjacentes. Não contamos com o espaço para uma análise extensa, mas uma menção a umas linhas do prólogo mostra que Eliade não aceitou a derrota de suas ideias fascistas:
"O mito do eterno retorno é uma original introdução à Filosofia da História, cujo objeto de estudo são os mitos e crenças das sociedades tradicionais, movidas pela nostalgia do regresso às origens e rebeldes contra o tempo concreto. As categorias em que se expressa essa negação da história são os arquétipos e a repetição, instrumentos necessários para rechaçar as sequências lineares e a ideia de progresso. Um rechaço no que subyace, contudo, uma valorização metafísica da existência humana, uma ontologia arcaica que a antropologia filosófica deve incluir em suas reflexões em pé de igualdade com as concepções da cultural ocidental".Eliade pretende escrever um ensaio sobre a filosofia da história (7), contudo o que oferece é um ataque ao "historicismo" racional de Hegel e Marx. Busca trocar a história pelo mito. O mito do eterno retorno é o perfeito cavalo de Troia para reintroduzis as bases ideológicas da Guarda de Ferro: a sacralização da política.
Em vez de comentá-las, convido a ler as seguintes citações tendo em conta que o livro foi começado em 1945, quando era derrotado o fascismo que propagava Eliade antes de sua demissão:
"Viver de conformidade com os arquétipos equivalia a respeitar a "lei", a lei não era senão uma hierofania primordial, a revelação in illo tempore das normas da existência, feita por uma divindade ou um ser místico". (58).É o fascismo do eterno retorno. É deplorável que Eliade tenha escapado de uma crítica mais rigorosa de seus textos depois de 45. Em vez de considerá-lo como fundador de uma "história de religiões objetiva", seria necessário valorizá-lo numa línea com outros fascistas, como Julius Évola na Itália (Revolta contra o mundo moderno/Rivolta contro il mondo moderno, 1934) ou Alfred Rosenberg (Der Mythos des 20. Jahrhunderts, 1930) na Alemanha. O neo-paganismo de Évola e de Rosenberg ilumina obliquamente muitos aspectos do "espiritualismo" de Eliade. Os três trataram de ressacralizar a política, mas concretamente sacralizaram uma ditadura fascista no sentido de Emilio Gentile.
"Devemos agregar que esta concepção tradicional de uma defesa contra a história, essa matéria de suportar os acontecimentos históricos, seguiu dominando o mundo até uma época muita próxima a nós (1945); e que ainda hoje segue consolando sociedades agrícolas (tradicionais) europeias que se mantém com obstinação numa posição anti-histórica e por esse fato que se encontram expostas aos ataques violentos de todas as ideologias revolucionárias". (89)
"E, num momento (1945) no qual a história podia aniquilar a espécie humana em sua totalidade - coisa que nem o Cosmos, nem o homem, nem a causalidade conseguiram fazer até agora - não seria estranho que nos fosse dado assistir a uma tentativa desesperada para proibir 'os acontecimentos da história' mediante a reintegração das sociedades humanas no horizonte (artificial, por ser imposto) dos arquétipos e de sua repetição. Em outros termos, não está vedado conceber uma época, não muito distante, na qual a humanidade, para assegurar a sobrevivência, veja-se obrigada a deixar de 'seguir' fazendo a 'história' no sentido em ... que se conforme com repetir os feitos arquétipos pré-escritos ... " (96)
Wolfgang Karrer
Berlim, Alemanha, EdM, dezembro de 2012
Notas:
1. Laignel, Alexandra. Cioran, Eliade, Ionesco. L’oubli du fascisme. PARIS. Presses Universitaires de France, 2002 (Perspectives critiques).
2. Emilio Gentile. El culto del litoral. La sacralización de la política en la Italia fascista. Trad. L. Padilla López. Buenos Aires: Siglo XXI Editores, 2007.
Fonte: Site Escritores del Mundo (Argentina)
http://www.escritoresdelmundo.com/2013/01/mircea-eliade-y-el-caballo-de-troya-en.html
Título original: Mircea Eliade y el caballo de Troya en el mundo académico, por Wolfgang Karrer
Tradução: Roberto Lucena
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terça-feira, 9 de junho de 2015
Sobre Ben Abraham e o video do debate da TV Bandeirantes
A quem não acompanhou ou leu a discussão, vale a pena dar uma olhada nessa discussão abaixo (basta clicar no título do post) na caixa de comentários de um post sobre um impostor espanhol que se fazia passar por sobrevivente do Holocausto como perseguido político do franquismo. Pra quem não conhece a história da parte espanhola nesse "latifúndio", vários espanhóis republicanos (de esquerda), foram enviados/deportados pra campos de concentração pelo franquismo ou mais precisamente via França (vários fugiram pra França e foram pegos pelo regime de Vichy), (houve uma guerra civil na Espanha com pelo menos 500 mil mortos) e vários desses deportados que sobreviveram à guerra civil morreram nesses campos (cerca de 5 mil), com destaque pro campo de Mauthausen-Gusen na Áustria:
"O espanhol que se dizia sobrevivente do Holocausto, mas foi desmascarado"
A discussão saiu do contexto espanhol pra resvalar numa figura conhecida no Brasil que é a do Ben Abraham.
O João Lima (que comenta no post) comparou a figura do espanhol Enric Marco (o espanhol impostor) com a do Ben Abraham alegando que são impostores. Então tive que fazer uma ressalva comentando que não são casos parecidos.
Mas aproveito pra comentar essa questão do Ben Abraham de uma vez pois não quero retornar mais a esse assunto, porque apesar de nunca ter feito post sobre essa questão dele eu já comentei várias vezes o que penso sobre esse vídeo dele em discussões com "revisionistas" e é irritante ter que repetir tudo de novo pela enésima vez, então é melhor colocar tudo num post a ter que repetir a mesma coisa várias vezes. O fato de não se ter o registro do comentário (até porque a maior parte disso ficou no Orkut e o Orkut foi liquidado pelo Google que deve ter todo o conteúdo daquela rede arquivado) dá margem pra alguém sair alegando isso ou aquilo sem que ninguém tenha feito defesa dessas pessoas ou dito o que pensa sobre essas figuras e dos relatos.
O problema central com a figura do Ben Abraham vem de dois vídeos que mostram ele entrando em contradição (os vídeos estão editados em um só, chequem no link), embora uma das alegações de contradição não chega a ser (comento abaixo), todas as contradições foram tiradas de um debate na TV Bandeirantes (ou Band, como chamam hoje), de 1989, onde ele diz que passou cinco anos e meio em Auschwitz e noutro vídeo, de uma entrevista da TV Educativa de Porto Alegre, ele comenta que passou apenas duas semanas neste campo de extermínio, seguido do "sarcasmo" filonazi do S.E. Castan (já falecido).
A segunda contradição apontada pela edição dos vídeos é que ele fala que foram jogadas cápsulas de cianureto (cianeto, Zyklon-B) no trecho da Bandeirantes, e na TV de Porto Alegre ele fala que o gás saem de chuveiros na câmara de gás fechada, e novamente o S.E. Castan solta o "sarcasmo" dele repetindo uma bobagem sobre a Polônia.
Antes de ir pra questão dos cinco anos e meio de Auschwitz, a quem quiser saber como uma câmara de gás funcionava, sugiro lerem o texto abaixo (tradução) do The Holocaust History Project sobre as colunas Kula. De fato a descrição feita pelo Ben Abraham não está incorreta, as pastilhas ou cápsulas de Zyklon-B (cianeto) eram colocadas acima e o gás entrava na câmara como um "chuveiro" (a câmara obviamente lacrada pra ninguém fora inalar o gás), confiram o texto:
Colunas de Zyklon - coluna Kula (Câmaras de Gás)
Ou seja, a tal 'segunda contradição' não é tão contradição assim. Alguém acha que é algo complexo usar este método pra matar pessoas num local totalmente fechado com um gás altamente letal? Disso o Castan não tirou sarcasmo.
No vídeo do trecho da Band aparece mais abobrinhas ditas por um integralista, e aparece outro neofascista (neofascismo) de nome Armando Zanine (presumo que seja esse). O integralista cita o livro do Castan "Acabou o gás" (aparece a capa do livro) que nada mais é que uma cópia do Relatório Leuchter traduzida pro português:
Tag Relatório Leuchter
Só um adendo que já fiz nos comentários: os trechos do debate da Bandeirantes foram picotados, não subiram o debate inteiro quando deveriam subir por completo se o possuem gravado, pois, apesar do programa ser sensacionalista ao extremo (como quase toda programação de TV desse país), tirar conclusão de um debate só por trechos picotados é no mínimo "brincadeira".
O contexto político do país na época era de que o Brasil havia começado a redemocratização há apenas 4 anos (em 1985) e havia uma eleição altamente polarizada com Collor dum lado (representando a direita) e Lula e Brizola do outro (representando as forças de esquerda), eleição que foi a segundo turno com a disputa Collor e Lula onde o Collor foi eleito. Foi provavelmente a primeira vez que deram destaque a esse grupo negacionista no país. A Bandeirantes, a meu ver de forma irresponsável só pensando em audiência, deu margem a isso ignorando a problemática em torno desses grupos.
Mas voltando ao assunto, o Ben Abraham entra mesmo em contradição no primeiro ponto sobre o tempo em Auschwitz, não há o que negar ou "chorar" sobre isso, está gravado pra quem quiser ver. A segunda afirmação dele de que esteve por duas semanas é que é a correta pois entrar em Auschwitz em 1940 ou antes e sair vivo seria bem 'complicado', até porque o campo foi aberto em maio de 1940 e quem entrou primeiro no campo I foram prisioneiros políticos.
Como dito acima, Auschwitz foi aberto em maio de 1940 pra prisioneiros políticos, o campo de Auschwitz I. Auschwitz é dividido em 3 partes (ou campos) e mais 45 campos satélites, os principais são os 3 campos que recebem o nome de Auschwitz. O extermínio propriamente dito só começa em 1941 em Birkenau ou Auschwitz II, conhecido também como Auschwitz-Birkenau que é o campo de extermínio propriamente dito.
Auschwitz III ou Monowitz-Buna serviu como campo de trabalho escravo pra IG Farben, complexo industrial químico (maior empresa química da Europa na época, e talvez do mundo, estou citando de memória).
O que disse num dos comentários (que não é nem ideia nova já que esse assunto é bem antigo e os "revis" citam o nome do Ben Abraham como disco arranhado) é de que não dá pra entender a postura de entidades que deveriam cuidar disso com completo descaso com essas coisas, entidades como a CONIB etc. Em vez de se preocuparem com isso ficam mais preocupadas (neuróticas) com conflitos no Oriente Médio e uma ideia fixa com Israel. E essa questão da segunda guerra, pra elas, é tratada como algo secundário (na melhor das hipóteses) enquanto que fora do país há várias entidades que cuidam disso com bastante atenção.
Há tempo que percebo isso e toda vez que alguém, indevidamente, vem cobrar que a gente tome posição "X" ou "Y" sobre coisas que só dizem respeito a essas entidades, a resposta é essa: cobrem delas, falem com elas.
Estão pedindo demais dos outros e menos de quem deveria ter mais atenção (e recursos) com a coisa por envolver diretamente a questão judaica, embora a questão do genocídio não fique circunscrita à comunidade judaica (por isso que o tema é amplamente discutido, pois resvala sempre na questão do racismo e preconceito). O assunto nazismo e segunda guerra é muito abrangente, mas este cuidado em particular de testemunhas deveria receber uma atenção melhor dessas entidades ou grupos que cuidam disso.
É algo relativamente fácil de se resolver, bastaria alguém entrar em contato com ele (o quanto antes pois ele está em idade avançada) e tirar a dúvida (gravar um vídeo) sobre as afirmações. Fim de problema. Encerrava-se a "dúvida" levantada pelo negacionista já falecido Castan que aparece nos vídeos editados com o "sarcasmo" dele. E já devem ter visto os vídeos.
No frigir dos ovos ficará o dito pelo não dito com os vídeos gravados se não houver qualquer pronunciamento (e registro) da pessoa sobre esses erros.
E sim, isso é um problema, pois quando ele morrer o que valerá é o que está gravado pros mais "céticos" ("céticos" entre aspas é referente a quem tem uma cisma fora do comum com o assunto), pois mesmo que você demonstre o erro e qual a afirmação certa irão contestar. Algo simples de resolver mas não fazem nada.
Como já disse acima, eu tenho uma opinião sobre esse descaso, eu acho que a falta de ação sobre se coletar um simples relato é desleixo e desinteresse mesmo, mas os "revis" vão alegar que não gravaram nada porque ele está mentido (e que sabiam disso e ficaram com medo de rebater) e que todo o relato do Holocausto é feito por mentirosos e o bla bla bla enfadonho deles. É assim que eles acusam, e estão dando margem a isso com o desleixo.
Por essa razão e outras eu não uso relatos do Ben Abraham. Não uso e nem vou usar.
No blog só há uma matéria com o Ben Abahram na Folha de SP, com um relato, publicado há muito tempo (2008) quando não se tinha muita atenção com esses problemas. O Castan alega que o Ben Abraham é o que mais divulga o Holocausto no Brasil, eu mesmo não havia ouvido falar dele por isso (só notei que era a pessoa revendo o vídeo) que acho curiosas essas alegações "revisionistas".
Fora que eu removi quase todas as matérias da Folha de SP do blog depois daquela defesa ridícula (uma matéria cretina, patética) que este jornal fez (abriu espaço) daquela Mayara Petruso depois daquela confusão de 2010 pós-eleição. Inclusive essa matéria valeria um post.
Eu não publico uma vírgula sequer deste jornal depois deste episódio e de todos a mídia que segue a linha deste jornal, exceto se for pra criticar alguma coisa deles. Só não removi todas as matérias já postadas da Folha de SP pra não amputar o blog (teve umas matérias, poucas, que não deu pra substituir, mas não gosto disso por isso evito cortar mas abro exceções), mas no que foi possível eu troquei a matéria do jornal por tradução de alguma matéria estrangeira ou de Portugal, mas a vontade que dá é de remover até o que não deu pra cortar.
Voltando ao tema de novo, fora do Brasil o escrutínio com essas testemunhas do Holocausto é muito maior, existe um rigor, não precisa um blog ou site apontar o problema pra que grupos que cuidam disso (como o USHMM e outros) verifiquem o problema e apontem erros e não sejam rechaçados de forma leviana por fazerem isso.
Eu disse nos comentários que havia mais erros dele, e esse os "revis" nunca comentaram, pelo menos nunca vi. Citarei pela primeira vez abaixo (pelo menos no blog já que apontei isso no Orkut).
A TV Globo uma vez passou um episódio de um programa policial (que programação horrível, o bizarro é que o povo no país só fica sabendo das coisas se essa emissora passar, não existe comportamento parecido a esse em país algum do mundo) sobre a figura do Mengele. Consegui achar o vídeo: Linha Direta.
Pois bem, no vídeo o Ben Abraham é convidado a comentar e dá mais bolas fora alegando que o Mengele fugiu pros Estados Unidos e não morreu no Brasil, sem apontar prova alguma. Não lembro de mais coisa do vídeo, mas lembro nitidamente dessa. Ou seja, todas as provas colhidas que mostram que o "Anjo da Morte" de Auschwitz (Mengele) morreu no interior de São Paulo, afogado, são deixadas de lado por uma afirmação sem prova alguma de que ele fugiu que só dá pano pra manga pra negacionistas fazerem a festa. Eu não sei como os negacionistas não notaram isso já que ficam vidrados/alucinados com qualquer tema sobre nazismo e judeus.
Podem notar que a exclusão dos relatos do Ben Abraham não é por má vontade mas é que seria irresponsável, inconsequente, colocar depoimentos de uma pessoa que uma hora diz uma coisa e noutra diz outra sem qualquer crítica aos erros gravada, fora as alegações desqualificando a versão apontada pela polícia de que o Mengele havia de fato morrido no Brasil sem apontar prova alguma que demonstre que isso é falso.
Eu acho bizarro que nenhum departamento de Universidade do Brasil que cuide disse se pronuncie sobre essas questões, acho bizarro que nenhuma entidade que cuide da memória disso no país tenha cuidado ou escrutínio com esses relatos, o descaso é total, é simplesmente absurdo a forma como lidam com esse assunto, ao ponto deu dizer (ou torcer) que é melhor que nem discutam isso no país pra não sair besteira porque a maioria não lê nada ou quando lê, são aquelas besteiras rasas reproduzidas em algum site ou revista de quinta como a Veja ou outra publicação do tipo também publicando bobagem, ou a discussão rasa pautada num emocionalismo que remonta a guerra fria, cheio de tabus sobre o racismo no Brasil e esses grupos de extrema-direita.
Faz tempo que eu gostaria de pegar posts antigos ou questões antigas e comentar erros nos textos, esse foi o primeiro. E deve ter muitos outros, por exemplo, o da Ustasha que inclusive estou devendo um post no Holocaust Controversies com as correções do primeiro texto que publiquei sobre ela.
"O espanhol que se dizia sobrevivente do Holocausto, mas foi desmascarado"
A discussão saiu do contexto espanhol pra resvalar numa figura conhecida no Brasil que é a do Ben Abraham.
O João Lima (que comenta no post) comparou a figura do espanhol Enric Marco (o espanhol impostor) com a do Ben Abraham alegando que são impostores. Então tive que fazer uma ressalva comentando que não são casos parecidos.
Mas aproveito pra comentar essa questão do Ben Abraham de uma vez pois não quero retornar mais a esse assunto, porque apesar de nunca ter feito post sobre essa questão dele eu já comentei várias vezes o que penso sobre esse vídeo dele em discussões com "revisionistas" e é irritante ter que repetir tudo de novo pela enésima vez, então é melhor colocar tudo num post a ter que repetir a mesma coisa várias vezes. O fato de não se ter o registro do comentário (até porque a maior parte disso ficou no Orkut e o Orkut foi liquidado pelo Google que deve ter todo o conteúdo daquela rede arquivado) dá margem pra alguém sair alegando isso ou aquilo sem que ninguém tenha feito defesa dessas pessoas ou dito o que pensa sobre essas figuras e dos relatos.
O problema central com a figura do Ben Abraham vem de dois vídeos que mostram ele entrando em contradição (os vídeos estão editados em um só, chequem no link), embora uma das alegações de contradição não chega a ser (comento abaixo), todas as contradições foram tiradas de um debate na TV Bandeirantes (ou Band, como chamam hoje), de 1989, onde ele diz que passou cinco anos e meio em Auschwitz e noutro vídeo, de uma entrevista da TV Educativa de Porto Alegre, ele comenta que passou apenas duas semanas neste campo de extermínio, seguido do "sarcasmo" filonazi do S.E. Castan (já falecido).
A segunda contradição apontada pela edição dos vídeos é que ele fala que foram jogadas cápsulas de cianureto (cianeto, Zyklon-B) no trecho da Bandeirantes, e na TV de Porto Alegre ele fala que o gás saem de chuveiros na câmara de gás fechada, e novamente o S.E. Castan solta o "sarcasmo" dele repetindo uma bobagem sobre a Polônia.
Antes de ir pra questão dos cinco anos e meio de Auschwitz, a quem quiser saber como uma câmara de gás funcionava, sugiro lerem o texto abaixo (tradução) do The Holocaust History Project sobre as colunas Kula. De fato a descrição feita pelo Ben Abraham não está incorreta, as pastilhas ou cápsulas de Zyklon-B (cianeto) eram colocadas acima e o gás entrava na câmara como um "chuveiro" (a câmara obviamente lacrada pra ninguém fora inalar o gás), confiram o texto:
Colunas de Zyklon - coluna Kula (Câmaras de Gás)
Ou seja, a tal 'segunda contradição' não é tão contradição assim. Alguém acha que é algo complexo usar este método pra matar pessoas num local totalmente fechado com um gás altamente letal? Disso o Castan não tirou sarcasmo.
No vídeo do trecho da Band aparece mais abobrinhas ditas por um integralista, e aparece outro neofascista (neofascismo) de nome Armando Zanine (presumo que seja esse). O integralista cita o livro do Castan "Acabou o gás" (aparece a capa do livro) que nada mais é que uma cópia do Relatório Leuchter traduzida pro português:
Tag Relatório Leuchter
Só um adendo que já fiz nos comentários: os trechos do debate da Bandeirantes foram picotados, não subiram o debate inteiro quando deveriam subir por completo se o possuem gravado, pois, apesar do programa ser sensacionalista ao extremo (como quase toda programação de TV desse país), tirar conclusão de um debate só por trechos picotados é no mínimo "brincadeira".
O contexto político do país na época era de que o Brasil havia começado a redemocratização há apenas 4 anos (em 1985) e havia uma eleição altamente polarizada com Collor dum lado (representando a direita) e Lula e Brizola do outro (representando as forças de esquerda), eleição que foi a segundo turno com a disputa Collor e Lula onde o Collor foi eleito. Foi provavelmente a primeira vez que deram destaque a esse grupo negacionista no país. A Bandeirantes, a meu ver de forma irresponsável só pensando em audiência, deu margem a isso ignorando a problemática em torno desses grupos.
Mas voltando ao assunto, o Ben Abraham entra mesmo em contradição no primeiro ponto sobre o tempo em Auschwitz, não há o que negar ou "chorar" sobre isso, está gravado pra quem quiser ver. A segunda afirmação dele de que esteve por duas semanas é que é a correta pois entrar em Auschwitz em 1940 ou antes e sair vivo seria bem 'complicado', até porque o campo foi aberto em maio de 1940 e quem entrou primeiro no campo I foram prisioneiros políticos.
Como dito acima, Auschwitz foi aberto em maio de 1940 pra prisioneiros políticos, o campo de Auschwitz I. Auschwitz é dividido em 3 partes (ou campos) e mais 45 campos satélites, os principais são os 3 campos que recebem o nome de Auschwitz. O extermínio propriamente dito só começa em 1941 em Birkenau ou Auschwitz II, conhecido também como Auschwitz-Birkenau que é o campo de extermínio propriamente dito.
Auschwitz III ou Monowitz-Buna serviu como campo de trabalho escravo pra IG Farben, complexo industrial químico (maior empresa química da Europa na época, e talvez do mundo, estou citando de memória).
O que disse num dos comentários (que não é nem ideia nova já que esse assunto é bem antigo e os "revis" citam o nome do Ben Abraham como disco arranhado) é de que não dá pra entender a postura de entidades que deveriam cuidar disso com completo descaso com essas coisas, entidades como a CONIB etc. Em vez de se preocuparem com isso ficam mais preocupadas (neuróticas) com conflitos no Oriente Médio e uma ideia fixa com Israel. E essa questão da segunda guerra, pra elas, é tratada como algo secundário (na melhor das hipóteses) enquanto que fora do país há várias entidades que cuidam disso com bastante atenção.
Há tempo que percebo isso e toda vez que alguém, indevidamente, vem cobrar que a gente tome posição "X" ou "Y" sobre coisas que só dizem respeito a essas entidades, a resposta é essa: cobrem delas, falem com elas.
Estão pedindo demais dos outros e menos de quem deveria ter mais atenção (e recursos) com a coisa por envolver diretamente a questão judaica, embora a questão do genocídio não fique circunscrita à comunidade judaica (por isso que o tema é amplamente discutido, pois resvala sempre na questão do racismo e preconceito). O assunto nazismo e segunda guerra é muito abrangente, mas este cuidado em particular de testemunhas deveria receber uma atenção melhor dessas entidades ou grupos que cuidam disso.
É algo relativamente fácil de se resolver, bastaria alguém entrar em contato com ele (o quanto antes pois ele está em idade avançada) e tirar a dúvida (gravar um vídeo) sobre as afirmações. Fim de problema. Encerrava-se a "dúvida" levantada pelo negacionista já falecido Castan que aparece nos vídeos editados com o "sarcasmo" dele. E já devem ter visto os vídeos.
No frigir dos ovos ficará o dito pelo não dito com os vídeos gravados se não houver qualquer pronunciamento (e registro) da pessoa sobre esses erros.
E sim, isso é um problema, pois quando ele morrer o que valerá é o que está gravado pros mais "céticos" ("céticos" entre aspas é referente a quem tem uma cisma fora do comum com o assunto), pois mesmo que você demonstre o erro e qual a afirmação certa irão contestar. Algo simples de resolver mas não fazem nada.
Como já disse acima, eu tenho uma opinião sobre esse descaso, eu acho que a falta de ação sobre se coletar um simples relato é desleixo e desinteresse mesmo, mas os "revis" vão alegar que não gravaram nada porque ele está mentido (e que sabiam disso e ficaram com medo de rebater) e que todo o relato do Holocausto é feito por mentirosos e o bla bla bla enfadonho deles. É assim que eles acusam, e estão dando margem a isso com o desleixo.
Por essa razão e outras eu não uso relatos do Ben Abraham. Não uso e nem vou usar.
No blog só há uma matéria com o Ben Abahram na Folha de SP, com um relato, publicado há muito tempo (2008) quando não se tinha muita atenção com esses problemas. O Castan alega que o Ben Abraham é o que mais divulga o Holocausto no Brasil, eu mesmo não havia ouvido falar dele por isso (só notei que era a pessoa revendo o vídeo) que acho curiosas essas alegações "revisionistas".
Fora que eu removi quase todas as matérias da Folha de SP do blog depois daquela defesa ridícula (uma matéria cretina, patética) que este jornal fez (abriu espaço) daquela Mayara Petruso depois daquela confusão de 2010 pós-eleição. Inclusive essa matéria valeria um post.
Eu não publico uma vírgula sequer deste jornal depois deste episódio e de todos a mídia que segue a linha deste jornal, exceto se for pra criticar alguma coisa deles. Só não removi todas as matérias já postadas da Folha de SP pra não amputar o blog (teve umas matérias, poucas, que não deu pra substituir, mas não gosto disso por isso evito cortar mas abro exceções), mas no que foi possível eu troquei a matéria do jornal por tradução de alguma matéria estrangeira ou de Portugal, mas a vontade que dá é de remover até o que não deu pra cortar.
Voltando ao tema de novo, fora do Brasil o escrutínio com essas testemunhas do Holocausto é muito maior, existe um rigor, não precisa um blog ou site apontar o problema pra que grupos que cuidam disso (como o USHMM e outros) verifiquem o problema e apontem erros e não sejam rechaçados de forma leviana por fazerem isso.
Eu disse nos comentários que havia mais erros dele, e esse os "revis" nunca comentaram, pelo menos nunca vi. Citarei pela primeira vez abaixo (pelo menos no blog já que apontei isso no Orkut).
A TV Globo uma vez passou um episódio de um programa policial (que programação horrível, o bizarro é que o povo no país só fica sabendo das coisas se essa emissora passar, não existe comportamento parecido a esse em país algum do mundo) sobre a figura do Mengele. Consegui achar o vídeo: Linha Direta.
Pois bem, no vídeo o Ben Abraham é convidado a comentar e dá mais bolas fora alegando que o Mengele fugiu pros Estados Unidos e não morreu no Brasil, sem apontar prova alguma. Não lembro de mais coisa do vídeo, mas lembro nitidamente dessa. Ou seja, todas as provas colhidas que mostram que o "Anjo da Morte" de Auschwitz (Mengele) morreu no interior de São Paulo, afogado, são deixadas de lado por uma afirmação sem prova alguma de que ele fugiu que só dá pano pra manga pra negacionistas fazerem a festa. Eu não sei como os negacionistas não notaram isso já que ficam vidrados/alucinados com qualquer tema sobre nazismo e judeus.
Podem notar que a exclusão dos relatos do Ben Abraham não é por má vontade mas é que seria irresponsável, inconsequente, colocar depoimentos de uma pessoa que uma hora diz uma coisa e noutra diz outra sem qualquer crítica aos erros gravada, fora as alegações desqualificando a versão apontada pela polícia de que o Mengele havia de fato morrido no Brasil sem apontar prova alguma que demonstre que isso é falso.
Eu acho bizarro que nenhum departamento de Universidade do Brasil que cuide disse se pronuncie sobre essas questões, acho bizarro que nenhuma entidade que cuide da memória disso no país tenha cuidado ou escrutínio com esses relatos, o descaso é total, é simplesmente absurdo a forma como lidam com esse assunto, ao ponto deu dizer (ou torcer) que é melhor que nem discutam isso no país pra não sair besteira porque a maioria não lê nada ou quando lê, são aquelas besteiras rasas reproduzidas em algum site ou revista de quinta como a Veja ou outra publicação do tipo também publicando bobagem, ou a discussão rasa pautada num emocionalismo que remonta a guerra fria, cheio de tabus sobre o racismo no Brasil e esses grupos de extrema-direita.
Faz tempo que eu gostaria de pegar posts antigos ou questões antigas e comentar erros nos textos, esse foi o primeiro. E deve ter muitos outros, por exemplo, o da Ustasha que inclusive estou devendo um post no Holocaust Controversies com as correções do primeiro texto que publiquei sobre ela.
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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Apresentam na FIL de Guadalajara "El Fascismo en Brasil y América Latina" (O Fascismo no Brasil e América Latina)
MÉXICO, D.F. (proceso.com.mx).- O fascismo costuma ser definido como um movimento conservador ou reacionário, sobretudo na literatura marxista, que o considera um fenômeno político surgido para contra-arrestar os avanços do socialismo.
Contudo, não é "nem reacionário nem conservador, mas está ligado a ambos por parentesco ideológico e por conveniência política, sobretudo no período entreguerras", assinalam Franco Savarino Roggero e João Fábio Bertonha em "El Fascismo en Brasil y América Latina" (O Fascismo no Brasil e América Latina), livro editado pelo Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH).
Na obra, que foi apresentada na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, os autores comentaram que o fascismo latinoamericano surgiu no início do século XX com a crise do liberalismo ocasionada pela Primeira Guerra Mundial; ante as elites liberais que perderam a força e o controle da esfera política, surgiram novas forças promovidas e impulsionadas pela classe média, nas quais se inseriu o fascismo.
O desenvolvimento desse movimento na América Latina é muito mais débil e não se dá em todos os países; basta dizer que a Ação Integralista Brasileira, similar ao Partido Fascista Italiano, ou ao Nacional-Socialista alemão, pode ser considerado o único partido e massas na região. Não tem intelectuais de renome; “talvez Vasconcelos se aproxima um pouco do fascismo, ainda que não se pode classificá-lo como fascista a secas”, considerou Savarino Roggero.
Como pensador utópico, José Vasconcelos desenvolveu a ideia de um homem nome em seu ensaio "raça cósmica", retomando o sonho de Bolívar, onde a América Latina é o centro da civilização mundial, o que soa muito próximo ao fascismo, disse o pesquisador da INAH.
Fundado por Gustavo Sáenz de Sicilia, um produtor de cinema, em 1922 nasce em ambientes católicos o Partido Fascista Mexicano. Integravam-no curas e conservadores; nessa época, a imprensa mexicana e a dos Estados Unidos denunciavam que o Episcopado Mexicano se encontrava ligado a esse partido pelos apoios que outorgavam a este. Ele desaparece praticamente em fins de 1923.
Inclusive, narram os autores, um dos motivos pelos que Obregón expulsou o delegado apostólico do México, em 1923, foi a presunção de estar impulsionando o Partido Fascista Mexicano.
Existem muitos movimentos imitadores de grupos e pessoas que tratam de ser fascistas sem sê-lo; o exemplo mexicano mais conhecido se deu em 1934 com o movimento dos Camisas Douradas, que pelo nome evocavam os Camisas Negras italianos, ou os Camisas Pardas alemães, afirmou Savarino Roggero.
“Muitos saem com a ideia de que os Camisas Douradas eram os fascistas mexicanos; até houve colegas que escreveram livros sobre isso, mas eu não estou de acordo. Estudei a documentação da diplomacia italiana e claramente ela dizia que não eram fascistas", finalizou.
A Redação; 7 de dezembro de 2014
Cultura e Espetáculos
Fonte: proceso.com.mx (México)
http://www.proceso.com.mx/?p=390142
Título original: Presentan en la FIL de Guadalajara “El Fascismo en Brasil y América Latina”
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Presentan en México una obra sobre el fascismo en Brasil y América Latina (Notimérica.com, México, editado por Europa Press)
Contudo, não é "nem reacionário nem conservador, mas está ligado a ambos por parentesco ideológico e por conveniência política, sobretudo no período entreguerras", assinalam Franco Savarino Roggero e João Fábio Bertonha em "El Fascismo en Brasil y América Latina" (O Fascismo no Brasil e América Latina), livro editado pelo Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH).
Na obra, que foi apresentada na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, os autores comentaram que o fascismo latinoamericano surgiu no início do século XX com a crise do liberalismo ocasionada pela Primeira Guerra Mundial; ante as elites liberais que perderam a força e o controle da esfera política, surgiram novas forças promovidas e impulsionadas pela classe média, nas quais se inseriu o fascismo.
O desenvolvimento desse movimento na América Latina é muito mais débil e não se dá em todos os países; basta dizer que a Ação Integralista Brasileira, similar ao Partido Fascista Italiano, ou ao Nacional-Socialista alemão, pode ser considerado o único partido e massas na região. Não tem intelectuais de renome; “talvez Vasconcelos se aproxima um pouco do fascismo, ainda que não se pode classificá-lo como fascista a secas”, considerou Savarino Roggero.
Como pensador utópico, José Vasconcelos desenvolveu a ideia de um homem nome em seu ensaio "raça cósmica", retomando o sonho de Bolívar, onde a América Latina é o centro da civilização mundial, o que soa muito próximo ao fascismo, disse o pesquisador da INAH.
Fundado por Gustavo Sáenz de Sicilia, um produtor de cinema, em 1922 nasce em ambientes católicos o Partido Fascista Mexicano. Integravam-no curas e conservadores; nessa época, a imprensa mexicana e a dos Estados Unidos denunciavam que o Episcopado Mexicano se encontrava ligado a esse partido pelos apoios que outorgavam a este. Ele desaparece praticamente em fins de 1923.
Inclusive, narram os autores, um dos motivos pelos que Obregón expulsou o delegado apostólico do México, em 1923, foi a presunção de estar impulsionando o Partido Fascista Mexicano.
Existem muitos movimentos imitadores de grupos e pessoas que tratam de ser fascistas sem sê-lo; o exemplo mexicano mais conhecido se deu em 1934 com o movimento dos Camisas Douradas, que pelo nome evocavam os Camisas Negras italianos, ou os Camisas Pardas alemães, afirmou Savarino Roggero.
“Muitos saem com a ideia de que os Camisas Douradas eram os fascistas mexicanos; até houve colegas que escreveram livros sobre isso, mas eu não estou de acordo. Estudei a documentação da diplomacia italiana e claramente ela dizia que não eram fascistas", finalizou.
A Redação; 7 de dezembro de 2014
Cultura e Espetáculos
Fonte: proceso.com.mx (México)
http://www.proceso.com.mx/?p=390142
Título original: Presentan en la FIL de Guadalajara “El Fascismo en Brasil y América Latina”
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Presentan en México una obra sobre el fascismo en Brasil y América Latina (Notimérica.com, México, editado por Europa Press)
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quinta-feira, 6 de novembro de 2014
"O nacionalismo argentino foi o mais forte" - Sandra McGee Deutsch
"Estudou e comparou a extrema-direita da Argentina, Brasil e Chile e comprovou que a nossa foi a que mais influência teve. Sua maior criação foi o revisionismo histórico, "que foi até muito pouco tempo o mais aceito".
SANDRA MCGEE DEUTSCH, HISTORIADORA
"O nacionalismo argentino foi o mais forte"
Por Sergio Kiernan
Pequena, vivaz, dona de um excelente castelhano, McGee Deutsch estuda nosso país há mais de vinte anos. Professora de história latinoamericana, titular dessa cátedra na Universidade do Texas em El Paso, especializou-se na extrema-direita argentina. Sobre nossos fascistas, aliancistas e nazis, e sobre os nazis (nacis) chilenos e os integralistas brasileiros escreveu vários artigos acadêmicos e dois livros: um sobre a história da Liga Patriótica e outro sobre as direitas dos três países entre 1890 e 1939. Novamente estudando arquivos argentinos para um novo livro sobre sua outra paixão, a história das mulheres na política, falou para o Página/12 sobre o passado, a influência e, o mais inquietante, o possível futuro de nossa direita.
–Por que Argentina?
–Escolhi a Argentina porque é claro que teve a extrema-direita mais proeminente da América Latina. E, como piada pessoal, porque o primeiro livro de história argentino escrito por um argentino que li foram as memórias de Carlos Ibarguren. E isso me fez interessar sobre o tema.
–Você visitou este país pela primeira vez em 1977... toda uma introdução à direita argentina.
–Realmente, e assustadora. Cheguei a me perguntar se ia poder fazer minha pesquisa, mas não tive problemas porque meu trabalho ia até 1930.
–Por que a Argentina desenvolveu uma extrema-direita tão forte?
–Há vários fatores. Um é que, em contraste com os outros países que estudei, Brasil e Chile, aqui houve uma próspera economia exportadora que controlou bem sua demanda interna. Isto fez com que as críticas ao desenvolvimento econômico argentino não fossem contra o capitalismo como um todo senão contra a conexão britânica, a banca internacional. No Chile, a crítica à influência e o controle estrangeiros se fez em conexão com o capitalismo como sistema. Aqui, ao estar dissociados os dois elementos, a crítica jogou a favor da direita.
-Por que?
–Porque a crítica do capitalismo ficou nas mãos da esquerda e a direita ficou com a crítica detalhada ao domínio estrangeiro. Outro fator especialmente importante foi a debilidade dos conservadores argentinos. Economicamente tinham muito poder, mas politicamente não podiam ganhar eleições por isso recorriam à fraude, como ocorreu depois de 1916. E a debilidade dos conservadores sempre deixa mais espaço para a direita extremista. Os mesmos conservadores trabalharam às vezes com a extrema-direita, para ganhar o poder ou para conservá-lo. Se tivessem sido fortes, não teriam necessidade deles. No Brasil e no Chile, os conservadores eram muito mais fortes e raramente usaram ou trataram com os extremistas. Outro fator é que os nacionalistas argentinos, por várias razões, puderam forçar uma aliança muito forte com a Igreja e as Forças Armadas. Novamente, no Brasil e no Chile a tendência existiu, mas nunca chegou ao nível que chegou aqui, e que lhe deram apoio institucional ao nacionalismo.
–Com essas experiências tão diferentes, havia grandes diferenças ideológicas entre os nacionalismos desses três países?
–Não realmente, nada terrível, exceto que os aspectos mais radicalizados e extremos da ideologia foram enfatizados fora da Argentina, em particular no Chile. Nos anos 30, o Chile tinha um movimento de esquerda tão forte que para competir com a esquerda - e isto é algo que a direita extremista sempre faz, competir com e combater a esquerda - os nacistas tiveram que plantar ideias mais radicalizadas e realizar ações muito radicais. Enfatizaram os aspectos mais revolucionários de sua ideologia, a necessidade de mudanças sociais, de reforma. Esses aspectos foram mais proeminentes aqui, mas certamente estiveram presentes, coisas que muito historiadores abordam superficialmente.
–Que nível de violência geraram os nacionalistas?
–Muita, os anos 30 foram muito violentos na Argentina, com muitos incidentes na rua entre nacionalistas, esquerdistas e sindicatos. Os nacionalistas iam aos bairros operários e atacavam socialistas e sindicalistas. Até assassinaram um legislador socialista em Córdoba. Também atacaram sinagogas, atiraram petardos em cinemas que exibiam filmes antinazis. O que houve foi uma batalha pelo espaço. Os nacionalistas chegaram tarde à cena e trataram de fazer um espaço nos bairros operários pra cima da esquerda. Houve grupos mais radicalizados como a Alianza de la Juventud Nacionalista, que trataram de atrair os operários, trataram de tirar por cima a imagem aristocrática do nacionalismo e militaram nos bairros de trabalhadores. Isso gerou violência.
–Como fizeram uma aliança com os militares e a Igreja?
–Tinham prioridades em comum. Opunham-se contra a esquerda, o que era muito importante, queriam ordem e tinha muito da agenda social da Igreja. O padre Menvielle foi muito influente entre os nacionalistas quando falava da ordem corporativa, da justiça social e de uma concepção cristã da economia, sem usura. Os setores da Igreja que acreditam nesta agenda eram mais poderosos aqui que em outros países. Em relação ao exército, ele também compartilhava boa parte das ideias, mas o desacordo estava em que nenhuma força armada oficial gostaria de compartilhar o monopólio da violência, por isso que ele não gostava dos uniformes e das milícias dos nacionalistas.
–Mas essas instituições, que são profundamente conservadoras, como aceitavam o lado revolucionário do nacionalismo?
–Era um ponto de conflito, mas não muito grave. Tomar a agenda social da Igreja significa dizer que a direita também pode propor, como a esquerda, uma ordem social mais justa. E isso é algo que os conservadores não sonham falar. O mesmo com o assunto de fundar movimentos onde o povo que usa uniforme e segue ordens, a militarização da política: enquanto não se usasse armas, o Exército poderia tolerá-lo.
–Você fala da influência do nacionalismo argentino. Isso se traduziu em poder? Em nomeações?
–Não tanto como na Itália ou Alemanha, obviamente, mas a maioria dos movimentos fascistas europeus - e chamar de fascista o nacionalismo é um tema que se debate - tampouco conseguiram tanto poder. Os nacionalistas que rodearam a Uriburu no golpe de 1930 ganharam cargos: alguns interventores provinciais, como Carlos Ibarguren, foram nacionalistas e houve uns 30 funcionários que provinham dessa corrente. Depois, esteve o governo bonaerense (buenairense) do conservador Federico Martínez de Hoz, que evoluiu até o nacionalismo e nomeou vários deles em postos chaves, mas durou pouco; o presidente Justo interveio na província. O governo militar de 1943 foi nacionalista em muitos aspectos e teve ministros como Hugo Wast, Gustavo Martínez Zuviría. E tomaram medidas da plataforma nacionalista, como a educação católica em escolas públicas. Também exerceram certo poder de modo informal, como colaborando com o Estado na repressão da esquerda, informando sobre judeus e supostos subversivos...
–Já o faziam nos anos trinta...
–Sim, já nesses tempos.
–Este relativo poder que os nacionalistas argentinos conseguiram se compara com o que conseguiram no Chile e no Brasil?
–Não, no mais mínimo. No Chile o máximo que conseguiram foi eleger três deputados. Em 1938, os nacis - com "c", como eles escreviam - trataram de tomar o poder pela força e foram duramente reprimidos, com muitos mortos. Curiosamente, pouco depois houve eleições e os nacis apoiaram a Frente Popular, que ganhou. Deve ser o único caso na história de um grupo fascista que seja parte de uma Frente Popular. No Brasil, os nacionalistas estiveram um pouco melhor que no Chile, mas menos que na Argentina. Eles foram úteis a Getúlio Vargas quando tratava de consolidar sua ditadura e quando em 1935 reprimiu duramente a esquerda. Mas em 1938 os havia repudiado e os liquidado.
–E Perón?
–Perón adotou muitas ideias nacionalistas, mas não lhes deu espaço nem poder, não se aproximou deles. Os via por demais aristocráticos e sabia que o viam como bastante populista e que eles não gostavam de Evita. Como dizem amargamente muitos nacionalistas, ele lhes roubou consignas como a da soberania econômica. E há algo a dizer de Perón: ainda que tenha recebido os nazis europeus, também lhes deu um lugar proeminente e inovador de reconhecimento aos judeus argentinos e entendo que foi o primeiro presidente a ir a uma sinagoga.
–Que influência tiveram na cultura?
–No Chile e no Brasil tiveram alguns intelectuais proeminentes, mas quase nada de influência. Nem sequer se vê esse costume de pôr interventores nacionalistas nas universidades a cada golpe que faziam os militares argentinos. O grande êxito dos nacionalistas aqui foi criar e impor o revisionismo histórico, algo que nenhum outro nacionalismo pode fazer, criar sua própria escola histórica e fazer com que até muito pouco tempo fosse a interpretação mais popular da história argentina. É extremamente importante.
–É possível falar como algo do passado os nacionalistas?
–Sob risco de ser míopes. Muitas vezes ressurgem, depende de como anda a economia, do espaço que tenham no cenário político e do poder que podem exercer os conservadores. Se se sentem representados, como com Carlos Menem, não há problema. Se não, podem começar a manobrar até a direita radicalizada.
Fonte: Página 12 (Argentina)
http://www.pagina12.com.ar/2000/00-09/00-09-10/pag14.htm
Tradução: Roberto Lucena
SANDRA MCGEE DEUTSCH, HISTORIADORA
"O nacionalismo argentino foi o mais forte"
Por Sergio Kiernan
Pequena, vivaz, dona de um excelente castelhano, McGee Deutsch estuda nosso país há mais de vinte anos. Professora de história latinoamericana, titular dessa cátedra na Universidade do Texas em El Paso, especializou-se na extrema-direita argentina. Sobre nossos fascistas, aliancistas e nazis, e sobre os nazis (nacis) chilenos e os integralistas brasileiros escreveu vários artigos acadêmicos e dois livros: um sobre a história da Liga Patriótica e outro sobre as direitas dos três países entre 1890 e 1939. Novamente estudando arquivos argentinos para um novo livro sobre sua outra paixão, a história das mulheres na política, falou para o Página/12 sobre o passado, a influência e, o mais inquietante, o possível futuro de nossa direita.
–Por que Argentina?
–Escolhi a Argentina porque é claro que teve a extrema-direita mais proeminente da América Latina. E, como piada pessoal, porque o primeiro livro de história argentino escrito por um argentino que li foram as memórias de Carlos Ibarguren. E isso me fez interessar sobre o tema.
–Você visitou este país pela primeira vez em 1977... toda uma introdução à direita argentina.
–Realmente, e assustadora. Cheguei a me perguntar se ia poder fazer minha pesquisa, mas não tive problemas porque meu trabalho ia até 1930.
–Por que a Argentina desenvolveu uma extrema-direita tão forte?
–Há vários fatores. Um é que, em contraste com os outros países que estudei, Brasil e Chile, aqui houve uma próspera economia exportadora que controlou bem sua demanda interna. Isto fez com que as críticas ao desenvolvimento econômico argentino não fossem contra o capitalismo como um todo senão contra a conexão britânica, a banca internacional. No Chile, a crítica à influência e o controle estrangeiros se fez em conexão com o capitalismo como sistema. Aqui, ao estar dissociados os dois elementos, a crítica jogou a favor da direita.
-Por que?
–Porque a crítica do capitalismo ficou nas mãos da esquerda e a direita ficou com a crítica detalhada ao domínio estrangeiro. Outro fator especialmente importante foi a debilidade dos conservadores argentinos. Economicamente tinham muito poder, mas politicamente não podiam ganhar eleições por isso recorriam à fraude, como ocorreu depois de 1916. E a debilidade dos conservadores sempre deixa mais espaço para a direita extremista. Os mesmos conservadores trabalharam às vezes com a extrema-direita, para ganhar o poder ou para conservá-lo. Se tivessem sido fortes, não teriam necessidade deles. No Brasil e no Chile, os conservadores eram muito mais fortes e raramente usaram ou trataram com os extremistas. Outro fator é que os nacionalistas argentinos, por várias razões, puderam forçar uma aliança muito forte com a Igreja e as Forças Armadas. Novamente, no Brasil e no Chile a tendência existiu, mas nunca chegou ao nível que chegou aqui, e que lhe deram apoio institucional ao nacionalismo.
–Com essas experiências tão diferentes, havia grandes diferenças ideológicas entre os nacionalismos desses três países?
–Não realmente, nada terrível, exceto que os aspectos mais radicalizados e extremos da ideologia foram enfatizados fora da Argentina, em particular no Chile. Nos anos 30, o Chile tinha um movimento de esquerda tão forte que para competir com a esquerda - e isto é algo que a direita extremista sempre faz, competir com e combater a esquerda - os nacistas tiveram que plantar ideias mais radicalizadas e realizar ações muito radicais. Enfatizaram os aspectos mais revolucionários de sua ideologia, a necessidade de mudanças sociais, de reforma. Esses aspectos foram mais proeminentes aqui, mas certamente estiveram presentes, coisas que muito historiadores abordam superficialmente.
–Que nível de violência geraram os nacionalistas?
–Muita, os anos 30 foram muito violentos na Argentina, com muitos incidentes na rua entre nacionalistas, esquerdistas e sindicatos. Os nacionalistas iam aos bairros operários e atacavam socialistas e sindicalistas. Até assassinaram um legislador socialista em Córdoba. Também atacaram sinagogas, atiraram petardos em cinemas que exibiam filmes antinazis. O que houve foi uma batalha pelo espaço. Os nacionalistas chegaram tarde à cena e trataram de fazer um espaço nos bairros operários pra cima da esquerda. Houve grupos mais radicalizados como a Alianza de la Juventud Nacionalista, que trataram de atrair os operários, trataram de tirar por cima a imagem aristocrática do nacionalismo e militaram nos bairros de trabalhadores. Isso gerou violência.
–Como fizeram uma aliança com os militares e a Igreja?
–Tinham prioridades em comum. Opunham-se contra a esquerda, o que era muito importante, queriam ordem e tinha muito da agenda social da Igreja. O padre Menvielle foi muito influente entre os nacionalistas quando falava da ordem corporativa, da justiça social e de uma concepção cristã da economia, sem usura. Os setores da Igreja que acreditam nesta agenda eram mais poderosos aqui que em outros países. Em relação ao exército, ele também compartilhava boa parte das ideias, mas o desacordo estava em que nenhuma força armada oficial gostaria de compartilhar o monopólio da violência, por isso que ele não gostava dos uniformes e das milícias dos nacionalistas.
–Mas essas instituições, que são profundamente conservadoras, como aceitavam o lado revolucionário do nacionalismo?
–Era um ponto de conflito, mas não muito grave. Tomar a agenda social da Igreja significa dizer que a direita também pode propor, como a esquerda, uma ordem social mais justa. E isso é algo que os conservadores não sonham falar. O mesmo com o assunto de fundar movimentos onde o povo que usa uniforme e segue ordens, a militarização da política: enquanto não se usasse armas, o Exército poderia tolerá-lo.
–Você fala da influência do nacionalismo argentino. Isso se traduziu em poder? Em nomeações?
–Não tanto como na Itália ou Alemanha, obviamente, mas a maioria dos movimentos fascistas europeus - e chamar de fascista o nacionalismo é um tema que se debate - tampouco conseguiram tanto poder. Os nacionalistas que rodearam a Uriburu no golpe de 1930 ganharam cargos: alguns interventores provinciais, como Carlos Ibarguren, foram nacionalistas e houve uns 30 funcionários que provinham dessa corrente. Depois, esteve o governo bonaerense (buenairense) do conservador Federico Martínez de Hoz, que evoluiu até o nacionalismo e nomeou vários deles em postos chaves, mas durou pouco; o presidente Justo interveio na província. O governo militar de 1943 foi nacionalista em muitos aspectos e teve ministros como Hugo Wast, Gustavo Martínez Zuviría. E tomaram medidas da plataforma nacionalista, como a educação católica em escolas públicas. Também exerceram certo poder de modo informal, como colaborando com o Estado na repressão da esquerda, informando sobre judeus e supostos subversivos...
–Já o faziam nos anos trinta...
–Sim, já nesses tempos.
–Este relativo poder que os nacionalistas argentinos conseguiram se compara com o que conseguiram no Chile e no Brasil?
–Não, no mais mínimo. No Chile o máximo que conseguiram foi eleger três deputados. Em 1938, os nacis - com "c", como eles escreviam - trataram de tomar o poder pela força e foram duramente reprimidos, com muitos mortos. Curiosamente, pouco depois houve eleições e os nacis apoiaram a Frente Popular, que ganhou. Deve ser o único caso na história de um grupo fascista que seja parte de uma Frente Popular. No Brasil, os nacionalistas estiveram um pouco melhor que no Chile, mas menos que na Argentina. Eles foram úteis a Getúlio Vargas quando tratava de consolidar sua ditadura e quando em 1935 reprimiu duramente a esquerda. Mas em 1938 os havia repudiado e os liquidado.
–E Perón?
–Perón adotou muitas ideias nacionalistas, mas não lhes deu espaço nem poder, não se aproximou deles. Os via por demais aristocráticos e sabia que o viam como bastante populista e que eles não gostavam de Evita. Como dizem amargamente muitos nacionalistas, ele lhes roubou consignas como a da soberania econômica. E há algo a dizer de Perón: ainda que tenha recebido os nazis europeus, também lhes deu um lugar proeminente e inovador de reconhecimento aos judeus argentinos e entendo que foi o primeiro presidente a ir a uma sinagoga.
–Que influência tiveram na cultura?
–No Chile e no Brasil tiveram alguns intelectuais proeminentes, mas quase nada de influência. Nem sequer se vê esse costume de pôr interventores nacionalistas nas universidades a cada golpe que faziam os militares argentinos. O grande êxito dos nacionalistas aqui foi criar e impor o revisionismo histórico, algo que nenhum outro nacionalismo pode fazer, criar sua própria escola histórica e fazer com que até muito pouco tempo fosse a interpretação mais popular da história argentina. É extremamente importante.
–É possível falar como algo do passado os nacionalistas?
–Sob risco de ser míopes. Muitas vezes ressurgem, depende de como anda a economia, do espaço que tenham no cenário político e do poder que podem exercer os conservadores. Se se sentem representados, como com Carlos Menem, não há problema. Se não, podem começar a manobrar até a direita radicalizada.
Fonte: Página 12 (Argentina)
http://www.pagina12.com.ar/2000/00-09/00-09-10/pag14.htm
Tradução: Roberto Lucena
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domingo, 22 de junho de 2014
Direita pró-Dugin versus Direita Radical Anticomunista (e outras direitas radicais) no Brasil
O "embate" do século... esse "quebra pau" (entre aspas) vou assistir da arquibancada (rsrsrs).
Procurando algo sobre o Dugin (Link2), acabo me deparando com essa peça de 'humor involuntário' que mostra o quanto o extremismo surtado, com base em distorções e senso comum, radicalizado ao extremo (inflado pela grande mídia brasileira que tem incitado esse tipo de extremismo, principalmente em algumas revistas e jornais conhecidos, publicando literalmente idiotices e propaganda da guerra fria em pleno século XXI), torna-se algo caricato em si mesmo, quando não representa um risco real à integridade de grupos num país.
A direita brigando pra ver quem é a "verdadeira direita" ou quem está mais à direita lembra aqueles embates da esquerda radical (por exemplo, o PSTU) querendo se mostrar como a "verdadeira esquerda", rs.
Uma outra amostra se encontra aqui nos comentários. É o tipo de "discussão" perdida porque esse pessoal é tão bitolado que ao invés de tentarem entender a divisão do que se entende por direita ficam tentando pregar ou desvencilhar o fascismo (nazismo é um tipo de fascismo) da própria direita (neste caso por desonestidade e panfletagem). O fascismo é um dos seguimentos de direita, não o único. Mesmo que você aponte um teórico (historiador) como o francês René Rémond (que era de direita) num dos comentários, que teorizou essas divisões de direita na França (mostrou como ela se divide na França, o modelo serve pra outros países como o Brasil que segue mais as divisões ideológicas da Europa), esse pessoal continua ignorando e fazendo pregação estéril.
Se alguém quiser rir (tem tanta besteira que acho que até os "revis" vão discordar do seu "irmão de armas"), pode acessar o link abaixo do Stormfront. O Stormfront, é um site/fórum racista dos EUA criado por um ex-"guru" da Klan, talvez o maior fórum supremacista (neonazi) do mundo. Eles abriram uma seção em português quando esses negacionistas começaram a ter destaque no Brasil com a ascensão do Orkut. Pelo menos foi quando a coisa começou a ter algum destaque na mídia e pela web no Brasil.
Pra adiantar, o post é de um "revi" se queixando do "esquerdismo" (rsrsrs) do resto dos "revis" ou como ele chama, da "direita revisionista", vendo "comunismo" em tudo. Tudo o que ele discordar é "comunismo". É mais ou menos a retórica rasa que é difundida em parte da mídia brasileira, rotula-se tudo mesmo sem dizer o que significa ou sem saber o significado das coisas, puro fanatismo e ignorância pesada. Caso dê pra comentar, depois eu coloco o texto inteiro no post e destaco (ou noutro post), mas salvei em pdf caso apaguem. Segue abaixo:
Sua opinião sobre a 'direita revisionista'
Só um trecho:
A questão foi rebatida neste texto sobre estrangeiros na Waffen-SS e suas tropas "multiétnicas", mas havia sim esse tipo de besteirol no Orkut, inclusive com uma comunidade fácil de achar (se não apagaram com medo) de um cara (muito idiota. por sinal) com fake e nick sugestivo exótico de ditador africano espelhando essas idiotices.
É estranha essa germanofilia que esse pessoal manifesta que confunde uma idolatria à Alemanha com idolatria ao nazismo. Aliás, eles de fato são idólatras do nazismo, tanto faz se o nazismo fosse alemão ou não. Eles acham que Alemanha (país) e nazismo (ideologia) são uma coisa só, quando país/Estado é uma coisa e ideologia/regime é outra coisa, e nação também é outra coisa, confusão que os nazistas pregaram a exaustão mas só repete quem quer. Parece banal ter que comentar isso mas muita gente de fato não faz distinção entre os termos, que não são sinônimos.
Acesso à informação está aí a disposição de quase todo mundo, não há desculpa da maioria hoje não saber dessas coisas quando são indagados sobre essas questões, basta procurar o significado e assimilar (aprender). O que existe é uma falta de interesse real em aprender e uma procura demasiada em ler retórica pra passar por "esperto", "culto", "sabichão", algo que só impressiona pessoas extremamente tolas.
Mas essa das cotas é nova, não sabia disso (que tinha "revi" NS defendendo isso), rsrsrsrs.
Mas é 'curioso' o comentário do cara, por ele então não haveria negros nas Universidades brasileiras (dá pra deduzir isso)... interessante... ah, esses "revis" sempre defendendo o "interesse" da "coletividade" brasileira. E obviamente no entendimento dessas criaturas, o termo "coletivo" é coisa de comunista. Fora as outras bizarrices (idiotices) ao tentar criar mitificações em cima de crenças racistas pessoais ignorando a própria história/formação do país.
É aquele velho ponto que bato na tecla sobre o ensino brasileiro deixar de lado a discussão dessas questões (da formação do país, do ensino de História do Brasil que é uma verdadeira calamidade, pois se fosse bom não haveria essa proliferação de gente pregando besteira sem um mínimo de conhecimento porque não aprenderam nada no colégio), com um roteiro ultrapassado e que continua propagando a mitificação (imagem) feita do Brasil na Era Vargas. Como se já não bastasse a mídia fazer isso.
O próprio negacionismo e racismo no país se prolifera em cima dessa ignorância sobre História do Brasil, aí partem pra remendar o problema criando leis de criminalização, que é isso mesmo: remendo e não solução. Leis pra criminalizar não irão reparar (minar a crença racista que se propaga no desconhecimento e ignorância) ou conter um contingente de gente que cresceu ouvindo bobagem (senso comum, racismo, preconceito regional etc) como "verdades absolutas", isso é feito pela educação e não pela criminalização simplesmente, não menosprezando o valor da legislação antirracista do Brasil, mas eu considero aquilo um remendo e não uma solução. Coloca-se uma lei avançada e tende a se achar que com isso irão acabar com o racismo deixando o ensino precário repetindo as mesmas idiotices de geração em geração, fora a questão do ambiente doméstico que muitas vezes agrava ainda mais essas crenças.
Coisas como a ideologia do branqueamento nem sequer são mencionadas em escolas, o que é algo criminoso já que cria uma realidade mitificada do país em cima de distorções históricas, como se o Brasil nunca tivesse tido racismo institucional na escravidão e como se o país tivesse "começado" a existir na ascensão do Rio de Janeiro (cidade) e São Paulo (século XIX e século XX) quando na realidade o país surge em 1500 do choque entre índios (nativos) e portugueses, mais de meio milênio de história já se passaram até o presente e não um século e meio como fazem nesse recorte regional que a mídia adora martelar pra moldar a cultura do povo.
P.S. e está havendo Copa, por sinal, uma das melhores Copas da história até o momento. Os "pessimistas" atacaram tanto a Copa que o veneno que lançaram acabou se voltando contra eles. Ainda farei um post sobre essa questão da mídia e das "teorias da conspiração" que os "revis" seguem ou propagam pois em virtude da idiotice deles qualquer crítica ao sistema ou à mídia acaba caindo em descrédito ou pode vir a ser manipulada por quem não gosta de tais críticas. Pra turma do #naovaitercopa, fiquem aí se contorcendo de raiva já que a sabotagem de vocês não deu certo (e depois ainda vão negar que um dia fizeram isso) e o povo finalmente rechaçou firmemente essa propaganda cretina que parte da mídia brasileira e parte da mídia estrangeira (com destaque bastante negativo pra imprensa espanhola que não vi fazer uma notícia positiva sobre o mundial) fizeram junto com os grupos mercenários mascarados, apoiados por partidecos com interesses "difusos", fazendo baderna dentro do país.
Procurando algo sobre o Dugin (Link2), acabo me deparando com essa peça de 'humor involuntário' que mostra o quanto o extremismo surtado, com base em distorções e senso comum, radicalizado ao extremo (inflado pela grande mídia brasileira que tem incitado esse tipo de extremismo, principalmente em algumas revistas e jornais conhecidos, publicando literalmente idiotices e propaganda da guerra fria em pleno século XXI), torna-se algo caricato em si mesmo, quando não representa um risco real à integridade de grupos num país.
A direita brigando pra ver quem é a "verdadeira direita" ou quem está mais à direita lembra aqueles embates da esquerda radical (por exemplo, o PSTU) querendo se mostrar como a "verdadeira esquerda", rs.
Uma outra amostra se encontra aqui nos comentários. É o tipo de "discussão" perdida porque esse pessoal é tão bitolado que ao invés de tentarem entender a divisão do que se entende por direita ficam tentando pregar ou desvencilhar o fascismo (nazismo é um tipo de fascismo) da própria direita (neste caso por desonestidade e panfletagem). O fascismo é um dos seguimentos de direita, não o único. Mesmo que você aponte um teórico (historiador) como o francês René Rémond (que era de direita) num dos comentários, que teorizou essas divisões de direita na França (mostrou como ela se divide na França, o modelo serve pra outros países como o Brasil que segue mais as divisões ideológicas da Europa), esse pessoal continua ignorando e fazendo pregação estéril.
Se alguém quiser rir (tem tanta besteira que acho que até os "revis" vão discordar do seu "irmão de armas"), pode acessar o link abaixo do Stormfront. O Stormfront, é um site/fórum racista dos EUA criado por um ex-"guru" da Klan, talvez o maior fórum supremacista (neonazi) do mundo. Eles abriram uma seção em português quando esses negacionistas começaram a ter destaque no Brasil com a ascensão do Orkut. Pelo menos foi quando a coisa começou a ter algum destaque na mídia e pela web no Brasil.
Pra adiantar, o post é de um "revi" se queixando do "esquerdismo" (rsrsrs) do resto dos "revis" ou como ele chama, da "direita revisionista", vendo "comunismo" em tudo. Tudo o que ele discordar é "comunismo". É mais ou menos a retórica rasa que é difundida em parte da mídia brasileira, rotula-se tudo mesmo sem dizer o que significa ou sem saber o significado das coisas, puro fanatismo e ignorância pesada. Caso dê pra comentar, depois eu coloco o texto inteiro no post e destaco (ou noutro post), mas salvei em pdf caso apaguem. Segue abaixo:
Sua opinião sobre a 'direita revisionista'
Só um trecho:
"Em 2008 lá estavam eles no orkut espalhando a idéia de que haviam negros na SS, usando como 'provas' meia dúzia de fotos de soldados negros com capacetes alemães. Em 2010 eles já estavam apoiando cotas para negros nas universidades brasileiras, baseando-se na idéia de que, se haviam negros na SS alemã, então também deveriam haver negros nas universidades brasileiras."Essa da propaganda sobre negros na Waffen-SS (que seria uma divisão da SS) ocorreu e ocorre sim, e não é algo original do Brasil. Foi feita uma tradução de propaganda de fora. Tem alguns fóruns neonazis russos com pilhas de fotos disso, que na verdade são divisões árabes (do Norte da África) e indianos na Waffen-SS etc.
A questão foi rebatida neste texto sobre estrangeiros na Waffen-SS e suas tropas "multiétnicas", mas havia sim esse tipo de besteirol no Orkut, inclusive com uma comunidade fácil de achar (se não apagaram com medo) de um cara (muito idiota. por sinal) com fake e nick sugestivo exótico de ditador africano espelhando essas idiotices.
É estranha essa germanofilia que esse pessoal manifesta que confunde uma idolatria à Alemanha com idolatria ao nazismo. Aliás, eles de fato são idólatras do nazismo, tanto faz se o nazismo fosse alemão ou não. Eles acham que Alemanha (país) e nazismo (ideologia) são uma coisa só, quando país/Estado é uma coisa e ideologia/regime é outra coisa, e nação também é outra coisa, confusão que os nazistas pregaram a exaustão mas só repete quem quer. Parece banal ter que comentar isso mas muita gente de fato não faz distinção entre os termos, que não são sinônimos.
Acesso à informação está aí a disposição de quase todo mundo, não há desculpa da maioria hoje não saber dessas coisas quando são indagados sobre essas questões, basta procurar o significado e assimilar (aprender). O que existe é uma falta de interesse real em aprender e uma procura demasiada em ler retórica pra passar por "esperto", "culto", "sabichão", algo que só impressiona pessoas extremamente tolas.
Mas essa das cotas é nova, não sabia disso (que tinha "revi" NS defendendo isso), rsrsrsrs.
Mas é 'curioso' o comentário do cara, por ele então não haveria negros nas Universidades brasileiras (dá pra deduzir isso)... interessante... ah, esses "revis" sempre defendendo o "interesse" da "coletividade" brasileira. E obviamente no entendimento dessas criaturas, o termo "coletivo" é coisa de comunista. Fora as outras bizarrices (idiotices) ao tentar criar mitificações em cima de crenças racistas pessoais ignorando a própria história/formação do país.
É aquele velho ponto que bato na tecla sobre o ensino brasileiro deixar de lado a discussão dessas questões (da formação do país, do ensino de História do Brasil que é uma verdadeira calamidade, pois se fosse bom não haveria essa proliferação de gente pregando besteira sem um mínimo de conhecimento porque não aprenderam nada no colégio), com um roteiro ultrapassado e que continua propagando a mitificação (imagem) feita do Brasil na Era Vargas. Como se já não bastasse a mídia fazer isso.
O próprio negacionismo e racismo no país se prolifera em cima dessa ignorância sobre História do Brasil, aí partem pra remendar o problema criando leis de criminalização, que é isso mesmo: remendo e não solução. Leis pra criminalizar não irão reparar (minar a crença racista que se propaga no desconhecimento e ignorância) ou conter um contingente de gente que cresceu ouvindo bobagem (senso comum, racismo, preconceito regional etc) como "verdades absolutas", isso é feito pela educação e não pela criminalização simplesmente, não menosprezando o valor da legislação antirracista do Brasil, mas eu considero aquilo um remendo e não uma solução. Coloca-se uma lei avançada e tende a se achar que com isso irão acabar com o racismo deixando o ensino precário repetindo as mesmas idiotices de geração em geração, fora a questão do ambiente doméstico que muitas vezes agrava ainda mais essas crenças.
Coisas como a ideologia do branqueamento nem sequer são mencionadas em escolas, o que é algo criminoso já que cria uma realidade mitificada do país em cima de distorções históricas, como se o Brasil nunca tivesse tido racismo institucional na escravidão e como se o país tivesse "começado" a existir na ascensão do Rio de Janeiro (cidade) e São Paulo (século XIX e século XX) quando na realidade o país surge em 1500 do choque entre índios (nativos) e portugueses, mais de meio milênio de história já se passaram até o presente e não um século e meio como fazem nesse recorte regional que a mídia adora martelar pra moldar a cultura do povo.
P.S. e está havendo Copa, por sinal, uma das melhores Copas da história até o momento. Os "pessimistas" atacaram tanto a Copa que o veneno que lançaram acabou se voltando contra eles. Ainda farei um post sobre essa questão da mídia e das "teorias da conspiração" que os "revis" seguem ou propagam pois em virtude da idiotice deles qualquer crítica ao sistema ou à mídia acaba caindo em descrédito ou pode vir a ser manipulada por quem não gosta de tais críticas. Pra turma do #naovaitercopa, fiquem aí se contorcendo de raiva já que a sabotagem de vocês não deu certo (e depois ainda vão negar que um dia fizeram isso) e o povo finalmente rechaçou firmemente essa propaganda cretina que parte da mídia brasileira e parte da mídia estrangeira (com destaque bastante negativo pra imprensa espanhola que não vi fazer uma notícia positiva sobre o mundial) fizeram junto com os grupos mercenários mascarados, apoiados por partidecos com interesses "difusos", fazendo baderna dentro do país.
domingo, 27 de abril de 2014
Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo (Livro, lançamento)
Livro sobre integralismo e "neointegralismo" no Brasil. O Odilon me mandou aviso sobre o livro e estou divulgando pois, quem quiser entender como pensa e funciona a extrema-direita no Brasil precisa levar em conta o integralismo, coisa que como já citei várias vezes em outros posts costuma ser "deixada de lado" (intencionalmente ou por ignorância) quando a mídia começa com o sensacionalismo em torno dos ditos "neonazis" brasileiros, que na prática são fascistas ou supremacistas raciais usando suástica.
Resumindo pra não me alongar e tomar espaço da resenha do livro: o que parece ser um "absurdo" (a existência de "neonazis" no Brasil), uma vez que o nazismo original era destinado só a alemães, alemães étnicos e a crença de "raça ariana" (que envolvia povos nórdicos como meta a ser alcançada de "pureza racial", na crença dos nazis), não esse absurdo que muita gente pensa se se levar em conta o passado racista e escravagista brasileiro escamoteado principalmente pelos governos republicanos com destaque pra Getúlio Vargas que foi um dos que mais propagou esse mito de "democracia racial brasileira" e todas essas crenças que envolvem e formam a identidade do país no século XX até agora, além dos regionalismos atuais que são cria do Estado Novo.
Segue abaixo uma pequena descrição do livro "Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo" (Eduem, 2014), de Odilon Caldeira Neto.
Labtempo UEM
- E-mail: odiloncaldeiraneto@gmail.com
- Facebook Odilon Caldeira Neto.
Link2
Resumindo pra não me alongar e tomar espaço da resenha do livro: o que parece ser um "absurdo" (a existência de "neonazis" no Brasil), uma vez que o nazismo original era destinado só a alemães, alemães étnicos e a crença de "raça ariana" (que envolvia povos nórdicos como meta a ser alcançada de "pureza racial", na crença dos nazis), não esse absurdo que muita gente pensa se se levar em conta o passado racista e escravagista brasileiro escamoteado principalmente pelos governos republicanos com destaque pra Getúlio Vargas que foi um dos que mais propagou esse mito de "democracia racial brasileira" e todas essas crenças que envolvem e formam a identidade do país no século XX até agora, além dos regionalismos atuais que são cria do Estado Novo.
Segue abaixo uma pequena descrição do livro "Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo" (Eduem, 2014), de Odilon Caldeira Neto.
"Verifica-se, no exercício realizado por Odilon Caldeira Neto, como os herdeiros atuais do movimento oscilam entre a negação, a aceitação e a reelaboração do fato da AIB ter tido traços antissemitas, produzindo conflitos internos entre eles que são característicos desses movimentos. Seu estudo, assim, é não apenas uma colaboração fundamental para a historiografia do integralismo, como também fornece um insight precioso sobre a melhor forma, em termos metodológicos, de lidar com o problema da memória, ou seja, compreendendo como os agentes políticos lidam com seu passado, ao mesmo tempo em que não perde de vista a realidade por trás dessas versões" (João Fábio Bertonha; do Prefácio)Link1
Labtempo UEM
Com muita satisfação, o Labtempo UEM informa o lançamento do livro "Sob o Signo do Sigma: Integralismo, Neointegralismo e o Antissemitismo", recém publicado pela Editora da Universidade Estadual de Maringá. A obra é resultado de pesquisa realizada no Mestrado em História da Universidade Estadual de Maringá, conta com prefácio de João Fábio Bertonha (UEM) e apresentação de René E. Gertz (PUCRS).Aos interessados em adquirir uma cópia, basta entrar em contato diretamente com o autor:
- E-mail: odiloncaldeiraneto@gmail.com
- Facebook Odilon Caldeira Neto.
Link2
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quarta-feira, 23 de abril de 2014
Dos perigos de se divulgar imagens sem contextualizar o problema - caso do poster de Hitler em Itajaí-SC
Pros leitores do blog de fora do país, a sigla SC é a sigla do estado de Santa Catarina, a cidade de Itajaí fica neste estado.
Feitas as considerações acima, vamos lá.
Primeira vez que eu vi a divulgação dessa foto foi através da página de uma revista, segue o link: link1. (Foto ao lado com o cartaz).
Até aí nada de novo no front, mas...
Como já vi outras tosquices nessas revistas nem quis ler o resto na ocasião pois já sabia que vinha bobagem (e veio), mas acabei lendo depois o "conteúdo".
Eu acho um desserviço ficarem divulgando de forma sensacionalista essas coisas sem comentarem detalhadamente sobre o problema do extremismo de direita no Brasil e como e porque isso se manifesta. Essa revista não fez isso em nenhuma das vezes que tocou no assunto.
Antes de prosseguir vou fazer uma aparte já que se você criticar uma publicação no país que é odiada por determinado grupo (de direita), com a mentalidade binária que se proliferou no país, vai chegar um "radicalzinho" ou outro querendo te empurrar pra direita ou esquerda sem nem saber qual tua posição política sobre isso e eu não ando com saco de discutir moderadamente com esse tipo de troll. Eu sou de esquerda, não sou sectário mas também não tolero muito gente que vem me "doutrinar" achando que me fará seguir cartilha/agenda política contrária ao que penso. Dispenso também os reducionismos em torno da esquerda querendo rotular todo mundo de autoritário, ditador etc, esse tipo de papo furado pode "emocionar" gente que acredita nesse tipo de idiotice mas discutir comigo nesses termos é o mesmo que pedir pra tomar toco (como os "revis" tomam).
Eu não gosto desse tipo de publicação, não só essa CC, como também de uma concorrente dela que não vou nem citar o nome daquele detrito que parece panfleto do PSDB (acho que dá pra fazer a associação e descobrir qual é a revista que se enquadra nessa descrição), exceto talvez a revista IstoÉ que ainda prima em fazer reportagem jornalística investigava vez ou outra, mas não é o tipo de publicação que me "comova". Eu já coloquei aqui textos da IstoÉ sobre lançamento de livros sobre segunda guerra, gostei do texto, não descambaram pro sensacionalismo 'desinformativo' dessas outras publicações.
Mas voltando ao assunto, lendo os comentários (tristes por sinal embora a maioria rechace a ideia em torno do nazismo, mas rechaçam sem uma leitura ou ideia precisa do que seja) a gente fica com uma pulga atrás da orelha com esse tipo de divulgação desses micro-episódios sem comentar detalhadamente o problema que citei acima, o extremismo de direita de cunho fascista.
Sinceramente, qual a relevância de uma porcaria de um cartaz pregado num poste, que poderia ter sido colocado em qualquer canto do país até como pilha, provocação? Fazerem divulgação disso dessa forma é sem propósito, é falta de reflexão mesmo. "Ah, mas eu fiquei chocado", caramba, e adianta ficar chocado? Isso vai resolver problema? A não ser ficarem "indignados" num determinado momento e 1 hora depois esquecerem de tudo. Francamente. Dá raiva ver um troço desses divulgado dessa forma.
A publicação deveria comentar "que grupos são esses", "quais os grupos de extrema-direita de cunho fascista atuantes no Brasil", etc, detalhar a extrema-direita brasileira, mas não, ficam simplesmente no senso comum rasteiro, no superficial, cultuando a imagem e o "aspecto simbólico" da coisa sem tocar em questões mais importantes como informar à população a origem do problema.
Eu já discuti (e até detalhei) isso aqui, na verdade é só um resumo pra orientar o povo sobre quais grupos atuam no país em torno disso: A extrema-direita brasileira. Mapeamento do fascismo no Brasil - Parte 01
E espero um dia fazer a sequência do post do link acima sobre a extrema-direita no Brasil. Pois estão criando um sensacionalismo escroto em torno de suásticas e simplesmente omitindo (por ignorância ou cinismo) os grupos que de fato são problemáticos no país (os mais organizados, numerosos, fascistas como o integralismo).
Adiantando o post que eu gostaria de fazer como sequência daquele primeiro do link acima, há duas extrema-direita no Brasil: uma tradicional alinhada com grupos de ideologia fascista (integralismo e afins, o integralismo é o mais relevante deles pois é um movimento nacional enquanto esses neonazis e imitadores de grupos White Power de fora não passam de caricatura política, são um bando de racistas que imitam o racismo de países como os EUA e do continente europeu). E há uma outra extrema-direita neoliberal ou liberal alinhada a revistas de tiragem nacional, à grande mídia em geral cuja a agenda política gira em torno de privatizações, entrega de patrimônio nacional (empresas nacionais relevantes), ataques à esquerda (demonização midiática) requentando propaganda da guerra fria, apologia da ditadura militar ou banalização disso etc. Esta última extrema-direita fomenta um público altamente alienado e agressivo discutindo, com um complexo de vira-latas (de inferioridade) atroz.
Mas voltando novamente ao assunto do post, há um problema visível de desvio de foco pra região Sul. Eu nunca vi estamparem com estardalhaço as agressões antissemitas e racistas em outros estados do país, há até um vídeo famoso de 1992 (isso mesmo, é antigo pra caramba) mostrando o cenário da extrema-direita em São Paulo (por sinal o documentário é formidável, o melhor já feito no Brasil sobre o problema), mas só miram numa direção.
Eu não estou negando nem pormenorizando que hajam fascistas e racistas nos estados da região Sul ou algo parecido, pra ser preciso, há racistas no país inteiro, de Norte a Sul, o que ocorre é que a manifestação do racismo varia de cidade pra cidade, adapta-se a uma realidade local etc, de região pra região. Negar isso seria cair na esparrela de criar outro tipo de negacionismo que cria mais desinformação em torno desses assuntos.
Só que pelo que eu noto, essa questão desses grupos no Sul (região) costuma ser supervalorizada ao extremo (principalmente na mídia) e nunca vejo esses mesmos sites de notícias (Carta Capital e afins) mencionarem os grupos políticos organizados de extrema-direita do Rio e de São Paulo. Omitem isso por quê? Qual a razão afinal disso?
Quem vê uma matéria dessas e não conhece nada sobre esse tipo de tema, pode achar que esses grupos que citei não existem, pois é nesses dois Estados que o grosso da coisa se concentra, por serem mais organizados e em maior número, ironicamente. Então por que esse sensacionalismo com um cartaz? Por que não fazem a droga de uma matéria citando o problema na sua totalidade?
Parece que essa questão da região Sul virou uma espécie de bode expiatório pra não citarem nunca (e eu toco nessa questão no post que fiz sobre isso) os grupos que atuam em outros estados (inclusive no estado onde essa revista fica sediada).
Eu não estou fazendo ataques a estados pois essas questões não podem ser tratadas na base do bairrismo, eu não tenho essa visão tosca de uma parte dos brasileiros residentes em outras regiões de criarem mitologias (por ignorância, pois a bem da verdade é que esse povo não lê nada que preste, ou quando leem só leem besteira) de superioridade em torno de Estados sem entender os processos políticos e econômicos que formaram o Brasil atual. Só que não sou trouxa de ignorar que muita gente neste país TEM esse comportamento espírito de porco.
Mas como eu dizia, eu avalio o Brasil num todo, estruturalmente, se você é adepto de mitologias, sinto te dizer mas se for discutir comigo com base em preconceitos e crenças eu irei triturar esse tipo de discurso em dois tempos e sem pena alguma. Faço inclusive questão de fazer isso pois considero uma afronta esses brasileiros ou pseudo-brasileiros repetindo essas asneiras supremacistas por algum complexo e/ou também por ignorância, alguns aliam isso à malícia (algo maldoso, sadismo, vontade de querer humilhar quem eles acham que são "inferiores" etc).
Mas voltando ao assunto (peço desculpas por sair do tema mas é que uma coisa sempre puxa outras questões em torno disso), embora a parte discutida acima faça parte dessa discussão (no fundo a discussão desse problema do "neonazismo" no Brasil se resume a problemas identitários brasileiros, gerados por algum problema de formação histórico ideológico, educacional e/ou econômico), é necessário apontar os focos do problema e as origens de cada grupo desse, a matriz dos grupos, como se formam, o que há por trás disso.
Mostrar cartaz de Hitler num poste pregado provavelmente por dois ou três gatos pingados racistas imbecis que pregam isso num país de maioria de descendentes indígenas, negros e com o maior grupo étnico europeu sendo do grupo ibérico (português), soa como asneira e piada involuntária. Curioso o fato de que quando eu leio esse tipo de assunto nessas publicações não vejo comentarem esses pontos que estou citando aqui. "Ah, mas você está sendo pedante", sem querer ser chato, mas o pessoal aqui do blog de fato não é o que se pode chamar de ignorante na questão do fascismo e segunda guerra, então cobrar informação correta, exata, é o mínimo que se espera de uma publicação, não é qualquer bobagem publicada que eu vou sair aplaudindo e elogiando. Eu uso as publicações de fora (que são boas) como referência, se publicarem bobagem, se for o caso, não pensarei duas vezes em criticar (apontando as falhas) a bobagem.
Em suma, pra não alongar a coisa, a Carta Capital fez um estardalhaço com essa foto, a meu ver desnecessário, que teria sido bom se houvesse uma matéria que detalhasse e comentasse 'o que são esses bandos', a origem do fenômeno etc, sem aquelas matérias caricatas dos "150 mil neonazis no Brasil" (pra quem não sabe da pendenga, leia esta matéria aqui com o hist. gaúcho René Gertz sobre essa questão) e coisas desse tipo. Eu já comentei em outro post o que penso disso, por essa razão fiz questão de publicar o texto com a entrevista do historiador gaúcho R. Gertz que vai direto ao ponto, penso e concordo bastante com ele com a crítica acerca do estardalhaço que estão fazendo em torno desse assunto.
E a questão mais importante: por que os integralistas são poupados quando se fala em extrema-direita no Brasil? Alguém vê esse grupos ser citado quando se fala em extremismo de direita no país nessas publicações? Esse "poupar" se dá por ignorância apenas ou pra não tocar no assunto já que iriam ter que falar da manifestação deles em outros centros?
Como disse acima, eu sei que rola um bairrismo pesado nessas redações em prol dos estados de origem das mesmas, esse papinho furado de "somos brasileiros" e bla bla bla é lindo mas é um refúgio pro bairrista mala sem alça se abrigar. Essas redações ao invés de denunciar o problema fica querendo "proteger a imagem" de determinada cidade e Estado. Já vi esse comportamento no Orkut. Tinha um cara de SP, bem tosco e sem noção (conhecimento histórico zero), que se metia nas comunas de discussão de negacionismo e toda vez que se tocava no assunto abordando algum grupo de SP o cara começava com o discurso vitimista, defensivo, negando ou diminuindo o problema porque achava que quando alguém discutia o assunto, a própria discussão seria um "ataque ao estado dele", o que beira o delírio e imbecilidade pois denunciar isso é uma defesa ao cidadão comum que vive nesses centros. Quem toma esse tipo de atitude histérica negando o problema no fundo está contribuindo com os extremistas e não os combatendo.
Uma das distorções da grande mídia que mais percebo (e considero isso coisa de gente burra mesmo, uma pessoa que não sabe geografia básica vai escrever matéria de jornal como?), é sobre a região Nordeste, que é só nome de região (ou ponto colateral, noroeste, sudoeste, rs) já virou "Estado da federação" em vários desses textos de jornais pretensamente "informativos".
Falam, com petulância e ignorância como se uma região fosse um Estado do país, ignorando as divisões históricas e os nomes dos Estados de fato, comportamento altamente babaca. Querem saber o que fomenta esse tipo de extremismo de direita racista? Essa questão que acabei de abordar, a própria mídia fomenta o monstrinho.
Mas se você pensa que para por aí o festival de besteiras que assola o país (FEBEAPA), até "etnia" a região "virou" no imaginário dessas pessoas. É algo tão ridículo e estúpido que chega dar nojo comentar isso.
Esses grupos extremistas se alimentam dessas informações toscas, distorcidas e enviesadas publicadas pela grande mídia do país, seriados toscos com estereótipos etc, ao longo de décadas formaram esses "monstrinhos" metidos a "White Power" país afora, por isso que toco nesse assunto já que isso não será abordado nessas publicações. Eu nunca vejo publicação falar de problema identitário no Brasil e regional, é como se isso não existisse e é o que mais tem desde a redemocratização do país. Curioso que já vi pilhas de textos estrangeiros abordando esse tipo de questões e no Brasil, quase nada.
Acho que já detalhei o que penso sobre o caso acima. O espaço dos comentários serve pra discussão, se o povo lê e evita discutir não posso fazer nada. Digo isso porque pode haver gente que discorda e ao invés de comentar, discutir, fica remoendo raiva com idiotice.
Acho um erro o estardalhaço em torno desse cartaz num poste sem esclarecer as pessoas do que se trata, se for tratar "neonazismo" (que na verdade no Brasil é neofascismo) e racismo como tabu, dá nisso.
O povo ao invés de discutir e explicar racionalmente, sem pitis emocionais, o que se passa, quem são os bandos etc, fazem um estardalhaço puro e simples aumentando o "poder" de fato dessa meia dúzia de Zé Roelas querendo chocar. Não é por aí, essa postura defensiva e de "estou chocado" não resolve porcaria alguma.
O racismo no Brasil é muito, mas muito anterior a essas manifestações atuais de racismo repaginadas com uma suástica no meio pra chamar atenção (e conseguiram o que queriam). Esse tipo de manifestação tem ligação direta com o racismo histórico brasileiro e não com o cabo austríaco propriamente, coisa que não foi abordada pela revista.
Observação: a última, espero. O fato deu criticar o conteúdo dessa publicação (Carta Capital) não quer dizer que eu goste das outras publicações do tipo como já comentei lá no começo.
Digo isso pois há umas "inteligências raras" que acham (de forma oportunista e escrota) que quando a gente critica uma publicação que é odiada por certo seguimento (de direita/extrema-direita), acham (erroneamente, por presunção) que a gente "gosta" do seguimento oposto "automaticamente" que publica coisas "divergentes" desse tipo de publicação que citei, pensamento binário total dessas pessoas.
O curioso é que a Carta Capital tem a The Economist como parceira (link) e tem muita gente que se diz de esquerda no país que nem "repara" nesses detalhes. Pra quem não está entendendo a crítica, a The Economist é uma bíblia neoliberal britânica (link), chega a ser hilário ver o grau de demência e extremismo/polarização no país como por exemplo a outra extrema-direita liberalóide chiar chamando essa revista de comunista, e uma penca de gente que se diz de esquerda achando que a publicação é socialista ou coisa do tipo.
É por isso que eu fico uma arara quando leio essas coisas. O povo não fala por falar, fala cheio de "certezas" que adquiriram sabe-se lá onde já que não leem, pelo visto. E ainda vem gente me mostrar link dessas revistas sem nem ter ideia dos erros (e bobagens) que elas publicam, como se só existisse esse tipo de fonte de informação disponível. De besteira já chega o "revisionismo", me poupem de ficar lendo mais bobagens além disso.
Não quero mudar opinião de ninguém sobre isso, cada um lê o que quer etc, só fiz esses comentários porque infelizmente a gente é obrigado a explicitar a opinião/posição porque sempre chega gente repassando essas coisas querendo uma espécie de "bênção" da gente concordando com esses textos que A, B ou C segue a risca por alguma crendice ou sectarismo ideológico. Há pilhas de textos, em inglês principalmente, infinitamente melhores pra se entender nazismo e fascismo que essas publicações do país, infelizmente. Tanto que há pilhas de traduções no blog justamente POR essa razão.
Feitas as considerações acima, vamos lá.
Primeira vez que eu vi a divulgação dessa foto foi através da página de uma revista, segue o link: link1. (Foto ao lado com o cartaz).
Até aí nada de novo no front, mas...
Como já vi outras tosquices nessas revistas nem quis ler o resto na ocasião pois já sabia que vinha bobagem (e veio), mas acabei lendo depois o "conteúdo".
Eu acho um desserviço ficarem divulgando de forma sensacionalista essas coisas sem comentarem detalhadamente sobre o problema do extremismo de direita no Brasil e como e porque isso se manifesta. Essa revista não fez isso em nenhuma das vezes que tocou no assunto.
Antes de prosseguir vou fazer uma aparte já que se você criticar uma publicação no país que é odiada por determinado grupo (de direita), com a mentalidade binária que se proliferou no país, vai chegar um "radicalzinho" ou outro querendo te empurrar pra direita ou esquerda sem nem saber qual tua posição política sobre isso e eu não ando com saco de discutir moderadamente com esse tipo de troll. Eu sou de esquerda, não sou sectário mas também não tolero muito gente que vem me "doutrinar" achando que me fará seguir cartilha/agenda política contrária ao que penso. Dispenso também os reducionismos em torno da esquerda querendo rotular todo mundo de autoritário, ditador etc, esse tipo de papo furado pode "emocionar" gente que acredita nesse tipo de idiotice mas discutir comigo nesses termos é o mesmo que pedir pra tomar toco (como os "revis" tomam).
Eu não gosto desse tipo de publicação, não só essa CC, como também de uma concorrente dela que não vou nem citar o nome daquele detrito que parece panfleto do PSDB (acho que dá pra fazer a associação e descobrir qual é a revista que se enquadra nessa descrição), exceto talvez a revista IstoÉ que ainda prima em fazer reportagem jornalística investigava vez ou outra, mas não é o tipo de publicação que me "comova". Eu já coloquei aqui textos da IstoÉ sobre lançamento de livros sobre segunda guerra, gostei do texto, não descambaram pro sensacionalismo 'desinformativo' dessas outras publicações.
Mas voltando ao assunto, lendo os comentários (tristes por sinal embora a maioria rechace a ideia em torno do nazismo, mas rechaçam sem uma leitura ou ideia precisa do que seja) a gente fica com uma pulga atrás da orelha com esse tipo de divulgação desses micro-episódios sem comentar detalhadamente o problema que citei acima, o extremismo de direita de cunho fascista.
Sinceramente, qual a relevância de uma porcaria de um cartaz pregado num poste, que poderia ter sido colocado em qualquer canto do país até como pilha, provocação? Fazerem divulgação disso dessa forma é sem propósito, é falta de reflexão mesmo. "Ah, mas eu fiquei chocado", caramba, e adianta ficar chocado? Isso vai resolver problema? A não ser ficarem "indignados" num determinado momento e 1 hora depois esquecerem de tudo. Francamente. Dá raiva ver um troço desses divulgado dessa forma.
A publicação deveria comentar "que grupos são esses", "quais os grupos de extrema-direita de cunho fascista atuantes no Brasil", etc, detalhar a extrema-direita brasileira, mas não, ficam simplesmente no senso comum rasteiro, no superficial, cultuando a imagem e o "aspecto simbólico" da coisa sem tocar em questões mais importantes como informar à população a origem do problema.
Eu já discuti (e até detalhei) isso aqui, na verdade é só um resumo pra orientar o povo sobre quais grupos atuam no país em torno disso: A extrema-direita brasileira. Mapeamento do fascismo no Brasil - Parte 01
E espero um dia fazer a sequência do post do link acima sobre a extrema-direita no Brasil. Pois estão criando um sensacionalismo escroto em torno de suásticas e simplesmente omitindo (por ignorância ou cinismo) os grupos que de fato são problemáticos no país (os mais organizados, numerosos, fascistas como o integralismo).
Adiantando o post que eu gostaria de fazer como sequência daquele primeiro do link acima, há duas extrema-direita no Brasil: uma tradicional alinhada com grupos de ideologia fascista (integralismo e afins, o integralismo é o mais relevante deles pois é um movimento nacional enquanto esses neonazis e imitadores de grupos White Power de fora não passam de caricatura política, são um bando de racistas que imitam o racismo de países como os EUA e do continente europeu). E há uma outra extrema-direita neoliberal ou liberal alinhada a revistas de tiragem nacional, à grande mídia em geral cuja a agenda política gira em torno de privatizações, entrega de patrimônio nacional (empresas nacionais relevantes), ataques à esquerda (demonização midiática) requentando propaganda da guerra fria, apologia da ditadura militar ou banalização disso etc. Esta última extrema-direita fomenta um público altamente alienado e agressivo discutindo, com um complexo de vira-latas (de inferioridade) atroz.
Mas voltando novamente ao assunto do post, há um problema visível de desvio de foco pra região Sul. Eu nunca vi estamparem com estardalhaço as agressões antissemitas e racistas em outros estados do país, há até um vídeo famoso de 1992 (isso mesmo, é antigo pra caramba) mostrando o cenário da extrema-direita em São Paulo (por sinal o documentário é formidável, o melhor já feito no Brasil sobre o problema), mas só miram numa direção.
Eu não estou negando nem pormenorizando que hajam fascistas e racistas nos estados da região Sul ou algo parecido, pra ser preciso, há racistas no país inteiro, de Norte a Sul, o que ocorre é que a manifestação do racismo varia de cidade pra cidade, adapta-se a uma realidade local etc, de região pra região. Negar isso seria cair na esparrela de criar outro tipo de negacionismo que cria mais desinformação em torno desses assuntos.
Só que pelo que eu noto, essa questão desses grupos no Sul (região) costuma ser supervalorizada ao extremo (principalmente na mídia) e nunca vejo esses mesmos sites de notícias (Carta Capital e afins) mencionarem os grupos políticos organizados de extrema-direita do Rio e de São Paulo. Omitem isso por quê? Qual a razão afinal disso?
Quem vê uma matéria dessas e não conhece nada sobre esse tipo de tema, pode achar que esses grupos que citei não existem, pois é nesses dois Estados que o grosso da coisa se concentra, por serem mais organizados e em maior número, ironicamente. Então por que esse sensacionalismo com um cartaz? Por que não fazem a droga de uma matéria citando o problema na sua totalidade?
Parece que essa questão da região Sul virou uma espécie de bode expiatório pra não citarem nunca (e eu toco nessa questão no post que fiz sobre isso) os grupos que atuam em outros estados (inclusive no estado onde essa revista fica sediada).
Eu não estou fazendo ataques a estados pois essas questões não podem ser tratadas na base do bairrismo, eu não tenho essa visão tosca de uma parte dos brasileiros residentes em outras regiões de criarem mitologias (por ignorância, pois a bem da verdade é que esse povo não lê nada que preste, ou quando leem só leem besteira) de superioridade em torno de Estados sem entender os processos políticos e econômicos que formaram o Brasil atual. Só que não sou trouxa de ignorar que muita gente neste país TEM esse comportamento espírito de porco.
Mas como eu dizia, eu avalio o Brasil num todo, estruturalmente, se você é adepto de mitologias, sinto te dizer mas se for discutir comigo com base em preconceitos e crenças eu irei triturar esse tipo de discurso em dois tempos e sem pena alguma. Faço inclusive questão de fazer isso pois considero uma afronta esses brasileiros ou pseudo-brasileiros repetindo essas asneiras supremacistas por algum complexo e/ou também por ignorância, alguns aliam isso à malícia (algo maldoso, sadismo, vontade de querer humilhar quem eles acham que são "inferiores" etc).
Mas voltando ao assunto (peço desculpas por sair do tema mas é que uma coisa sempre puxa outras questões em torno disso), embora a parte discutida acima faça parte dessa discussão (no fundo a discussão desse problema do "neonazismo" no Brasil se resume a problemas identitários brasileiros, gerados por algum problema de formação histórico ideológico, educacional e/ou econômico), é necessário apontar os focos do problema e as origens de cada grupo desse, a matriz dos grupos, como se formam, o que há por trás disso.
Mostrar cartaz de Hitler num poste pregado provavelmente por dois ou três gatos pingados racistas imbecis que pregam isso num país de maioria de descendentes indígenas, negros e com o maior grupo étnico europeu sendo do grupo ibérico (português), soa como asneira e piada involuntária. Curioso o fato de que quando eu leio esse tipo de assunto nessas publicações não vejo comentarem esses pontos que estou citando aqui. "Ah, mas você está sendo pedante", sem querer ser chato, mas o pessoal aqui do blog de fato não é o que se pode chamar de ignorante na questão do fascismo e segunda guerra, então cobrar informação correta, exata, é o mínimo que se espera de uma publicação, não é qualquer bobagem publicada que eu vou sair aplaudindo e elogiando. Eu uso as publicações de fora (que são boas) como referência, se publicarem bobagem, se for o caso, não pensarei duas vezes em criticar (apontando as falhas) a bobagem.
Em suma, pra não alongar a coisa, a Carta Capital fez um estardalhaço com essa foto, a meu ver desnecessário, que teria sido bom se houvesse uma matéria que detalhasse e comentasse 'o que são esses bandos', a origem do fenômeno etc, sem aquelas matérias caricatas dos "150 mil neonazis no Brasil" (pra quem não sabe da pendenga, leia esta matéria aqui com o hist. gaúcho René Gertz sobre essa questão) e coisas desse tipo. Eu já comentei em outro post o que penso disso, por essa razão fiz questão de publicar o texto com a entrevista do historiador gaúcho R. Gertz que vai direto ao ponto, penso e concordo bastante com ele com a crítica acerca do estardalhaço que estão fazendo em torno desse assunto.
E a questão mais importante: por que os integralistas são poupados quando se fala em extrema-direita no Brasil? Alguém vê esse grupos ser citado quando se fala em extremismo de direita no país nessas publicações? Esse "poupar" se dá por ignorância apenas ou pra não tocar no assunto já que iriam ter que falar da manifestação deles em outros centros?
Como disse acima, eu sei que rola um bairrismo pesado nessas redações em prol dos estados de origem das mesmas, esse papinho furado de "somos brasileiros" e bla bla bla é lindo mas é um refúgio pro bairrista mala sem alça se abrigar. Essas redações ao invés de denunciar o problema fica querendo "proteger a imagem" de determinada cidade e Estado. Já vi esse comportamento no Orkut. Tinha um cara de SP, bem tosco e sem noção (conhecimento histórico zero), que se metia nas comunas de discussão de negacionismo e toda vez que se tocava no assunto abordando algum grupo de SP o cara começava com o discurso vitimista, defensivo, negando ou diminuindo o problema porque achava que quando alguém discutia o assunto, a própria discussão seria um "ataque ao estado dele", o que beira o delírio e imbecilidade pois denunciar isso é uma defesa ao cidadão comum que vive nesses centros. Quem toma esse tipo de atitude histérica negando o problema no fundo está contribuindo com os extremistas e não os combatendo.
Uma das distorções da grande mídia que mais percebo (e considero isso coisa de gente burra mesmo, uma pessoa que não sabe geografia básica vai escrever matéria de jornal como?), é sobre a região Nordeste, que é só nome de região (ou ponto colateral, noroeste, sudoeste, rs) já virou "Estado da federação" em vários desses textos de jornais pretensamente "informativos".
Falam, com petulância e ignorância como se uma região fosse um Estado do país, ignorando as divisões históricas e os nomes dos Estados de fato, comportamento altamente babaca. Querem saber o que fomenta esse tipo de extremismo de direita racista? Essa questão que acabei de abordar, a própria mídia fomenta o monstrinho.
Mas se você pensa que para por aí o festival de besteiras que assola o país (FEBEAPA), até "etnia" a região "virou" no imaginário dessas pessoas. É algo tão ridículo e estúpido que chega dar nojo comentar isso.
Esses grupos extremistas se alimentam dessas informações toscas, distorcidas e enviesadas publicadas pela grande mídia do país, seriados toscos com estereótipos etc, ao longo de décadas formaram esses "monstrinhos" metidos a "White Power" país afora, por isso que toco nesse assunto já que isso não será abordado nessas publicações. Eu nunca vejo publicação falar de problema identitário no Brasil e regional, é como se isso não existisse e é o que mais tem desde a redemocratização do país. Curioso que já vi pilhas de textos estrangeiros abordando esse tipo de questões e no Brasil, quase nada.
Acho que já detalhei o que penso sobre o caso acima. O espaço dos comentários serve pra discussão, se o povo lê e evita discutir não posso fazer nada. Digo isso porque pode haver gente que discorda e ao invés de comentar, discutir, fica remoendo raiva com idiotice.
Acho um erro o estardalhaço em torno desse cartaz num poste sem esclarecer as pessoas do que se trata, se for tratar "neonazismo" (que na verdade no Brasil é neofascismo) e racismo como tabu, dá nisso.
O povo ao invés de discutir e explicar racionalmente, sem pitis emocionais, o que se passa, quem são os bandos etc, fazem um estardalhaço puro e simples aumentando o "poder" de fato dessa meia dúzia de Zé Roelas querendo chocar. Não é por aí, essa postura defensiva e de "estou chocado" não resolve porcaria alguma.
O racismo no Brasil é muito, mas muito anterior a essas manifestações atuais de racismo repaginadas com uma suástica no meio pra chamar atenção (e conseguiram o que queriam). Esse tipo de manifestação tem ligação direta com o racismo histórico brasileiro e não com o cabo austríaco propriamente, coisa que não foi abordada pela revista.
Observação: a última, espero. O fato deu criticar o conteúdo dessa publicação (Carta Capital) não quer dizer que eu goste das outras publicações do tipo como já comentei lá no começo.
Digo isso pois há umas "inteligências raras" que acham (de forma oportunista e escrota) que quando a gente critica uma publicação que é odiada por certo seguimento (de direita/extrema-direita), acham (erroneamente, por presunção) que a gente "gosta" do seguimento oposto "automaticamente" que publica coisas "divergentes" desse tipo de publicação que citei, pensamento binário total dessas pessoas.
O curioso é que a Carta Capital tem a The Economist como parceira (link) e tem muita gente que se diz de esquerda no país que nem "repara" nesses detalhes. Pra quem não está entendendo a crítica, a The Economist é uma bíblia neoliberal britânica (link), chega a ser hilário ver o grau de demência e extremismo/polarização no país como por exemplo a outra extrema-direita liberalóide chiar chamando essa revista de comunista, e uma penca de gente que se diz de esquerda achando que a publicação é socialista ou coisa do tipo.
É por isso que eu fico uma arara quando leio essas coisas. O povo não fala por falar, fala cheio de "certezas" que adquiriram sabe-se lá onde já que não leem, pelo visto. E ainda vem gente me mostrar link dessas revistas sem nem ter ideia dos erros (e bobagens) que elas publicam, como se só existisse esse tipo de fonte de informação disponível. De besteira já chega o "revisionismo", me poupem de ficar lendo mais bobagens além disso.
Não quero mudar opinião de ninguém sobre isso, cada um lê o que quer etc, só fiz esses comentários porque infelizmente a gente é obrigado a explicitar a opinião/posição porque sempre chega gente repassando essas coisas querendo uma espécie de "bênção" da gente concordando com esses textos que A, B ou C segue a risca por alguma crendice ou sectarismo ideológico. Há pilhas de textos, em inglês principalmente, infinitamente melhores pra se entender nazismo e fascismo que essas publicações do país, infelizmente. Tanto que há pilhas de traduções no blog justamente POR essa razão.
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