segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A histeria da imprensa, que mais divulga o Mein Kampf (Minha Luta) de Hitler em vez de esclarecer (sem pânico)

Como já foi publicado posts no blog sobre isto (clique aqui pra ver os textos), no fim do ano passado expirou os direitos autorais do Estado da Baviera (Alemanha) sobre o livro autobiográfico de Hitler, o "Mein Kampf" ("Minha Luta", em português).

Já saiu também notícia há algum tempo (agora que vi que o post é de 2008, quase 8 anos...) que um Instituto de História Contemporânea (IFZ) na Alemanha queria lançar (e já lançou) uma edição comentada do livro, que tem quase 2000 páginas. Edição comentada do livro completo, pois ele foi lançado em dois volumes, além de ter uma "continuação". Geralmente o povo só "conhece" os dois primeiros volumes. Ambas cópias se encontram facilmente em inglês.

Pra quem não conhece a sequência do Mein Kampf (Minha Luta), que irei chamar de "a continuação", ela foi lançada em inglês e se encontra fácil em sites online de venda dos EUA e Reino Unido, não há restrição nesses países sobre a venda desses livros:
Hitler's Second Book: The Unpublished Sequel to Mein Kampf
Zweites Buch

Não colocarei link de site online (tem um bem conhecido) pra não fazer propaganda gratuita de site de vendas, a menos que fosse algo extremamente necessário.

Prosseguindo... aqui temos a matéria no site do Instituto sobre a edição comentada, texto em inglês. Como não fiz post comentando a existência deste outro blog abaixo, eu criei um blog pra postar textos em outros idiomas que poderiam ser traduzidos praqui, mas que acabaram não sendo. É muito mais fácil publicar isso nos idiomas originais que a tradução. Caso alguém tenha interesse em ver:
Hitler, Mein Kampf. A critical edition (IFZ, Alemanha)

O que chama atenção pro caso da publicação do livro é a histeria da imprensa alemã com o fato, ou estão querendo ter audiência porque o tema "chama atenção", como por exemplo a DW (Deutsche Welle) que tem versão em português (Brasil) e que age como se o livro não estivesse acessível na internet há mais de década, em vários idiomas, formatos etc ou estão querendo promover mesmo o livro.

Basta colocar na busca de qualquer navegador o nome do livro, acrescido do formato PDF (o formato fica a critério de cada um) que aparecem cópias e mais cópias do livro.

Vou dar um exemplo de como é fácil achar isso. Colocarei a busca pra versão em inglês pra não facilitar os "curiosos" que ficam "fascinados" com isso. Caso algum site retire o arquivo que consta dos links, paciência, isto é só pra ilustrar como é fácil de achá-lo e baixar:
mein kampf pdf english

Aqui uma versão em português (apareceu também na busca acima), mas acho que não é a versão completa (em PDF):
Link
Na própria Wikipedia há cópias disso, no verbete em inglês:
https://en.wikipedia.org/wiki/Mein_Kampf#External_links

Um adendo: o verbete da Wikipedia em português pro livro tem várias distorções ou é bem precário, colocaram o termo "racialista" em vez de "racista" pro livro (alguma viúva chorosa do III Reich deve ter feito a alteração), e o próprio verbete "racialista" em português é um verdadeiro lixo. O pior é que até pra alterar é complicado, a fiscalização do site com a versão em português é muito ruim e o número de pessoas que contribui muito baixo, fora o sectarismo político e distorções que rola na direita brasileira com esses temas.

Ou seja: qual a razão da histeria? Nunca viram essas coisas citadas acima?

Agora toda vez que se falar em nazismo será essa histeria, por pura ignorância? Pensei que a postura do povo tivesse amadurecido, mas pelo visto (vou me restringir ao Brasil) o brasileiro (generalizando) continua imaturo pra qualquer tipo de discussão política, isso quando não descambam pro sectarismo e agressão aberta.

Pra que tanto alarde só por conta de uma publicação em papel? Eles acham mesmo que é o único meio de propagação de ódio na face da terra ou o principal? cheio de tablets e mídia eletrônica em todo canto?

A pseudo-polêmica em torno do livro irrita, pois parece mais material de divulgação e propaganda as matérias que qualquer coisa que esclareça algo, por exemplo, poucos citam esses fatos narrados acima. Fora que vários textos de nazistas (Diários de Rosenberg, Goebbels etc) se encontram disponíveis à venda, principalmente nas versões em inglês.

Não existe restrição à venda disso no Reino Unido e nem nos Estados Unidos.

Mais um motivo pra eu ficar perplexo com a reação histérica da mídia em torno disso. Começou com a mídia alemã, mas as outras mídias dos outros países, por mimetismo (já que ninguém lê nada), saíram repetindo o "comportamento" só copiando a discussão original, sem refletir.

Pois bem, minha opinião sobre o fim dos direitos autorais desse livro e publicação livre em vários países, e eu já devo ter dito isso antes mais de uma vez, é de que uma edição comentada é muito bem-vinda.

Ela vale muito mais que o livro original, pois é um livro novo, com acréscimos que devem valer à pena. Só que só será lançada em alemão até agora, essa edição crítica, e em número limitado. O que é um erro.

Não há previsão de lançamento (se é que vão lançar) de tradução desta edição comentada alemã em outros países, principalmente nos de língua inglesa e espanhola, já que o grosso do mercado dos livros em português se resume quase que praticamente ao Brasil, e a tiragem de uma edição dessas no país seria pouco provável, pois seria cara (até pelo tamanho) e o conhecimento político e de História da população não é dos melhores. É só ver os comentários negando o caráter nocivo dos mais de três séculos de escravidão no país e das manifestações racistas no mesmo na última década.

um lançamento programado na Espanha, pro dia 19 de janeiro próximo, de uma edição espanhola desse livro, comentada (se eu localizar a matéria eu coloco o link), só que não é a edição do IZF (Inst. de História alemão). O livro será lançado também em Portugal, só que na versão normal, não a comentada (que é a que eu destaco e valeria a pena).

O piti de grupos tentando barrar a publicação desta edição comentada é burrice explícita (não tem outro termo pra se chamar), ignora todos os fatos apontados acima (que não são novidade) e trata o livro apenas pelo aspecto simbólico ignorando que o livro é uma chatice e não é o principal livro pra se entender o nazismo ou mesmo fazer "propaganda".

O mecanismo de propagação de ódio na internet tem outra dinâmica, a maioria dessas viúvas do III Reich são muito toscas, tem uma interpretação deturpada disso (quando leem), seguem mais uma estética e discurso fácil de ódio. Quem quiser entender algo sobre nazismo e segunda guerra, comece pela biografia de Hitler de Joachim Fest (saiu em dois volumes a última edição) ou a do Ian Kershaw (ambas lançadas em português).

Esse "fetiche" em torno do Mein Kampf (Minha Luta) não passa de exibicionismo, idiotice e coisa de momento, quando deixar de ser novidade, cairá no limbo.

A histeria ou falácia (já vi matéria com essa baboseira, pra variar) de que esse livro aumentará o "xenofobismo" na Europa, é coisa de gente paranoica ou querendo criar alarmismo sobre o assunto porque sabe que o grosso da população no Brasil tem uma ideia genérica (quando tem) sobre nazismo, fascismo e segunda guerra. Ainda bem que existe a internet como espaço democrático onde não precisamos mais ficar reféns dessas "inteligências raras", além de termos acesso ao que é publicado em outros países, publicações de ponta e não bobagens.

Só pra esclarecer: o comentário acima não se trata de uma provocação, eu já tinha em mente fazer um post sobre essa histeria da mídia acerca desse livro, desde dezembro, mas é que como tive o desprazer de ler mais uma besteira sobre o assunto, e acabei citando a coisa. Só que não posso restringir o que penso pra não desagradar a A, B ou C que dizem o que quer e não gostam de críticas, resquício de um comportamento cultural autoritário do país, que eu não tolero. A reação padrão, em geral, é fingir que não leram a crítica. Continuem assim (rs).

Resta aos leitores lusófonos torcer pra que lancem isso na Espanha (principal mercado editorial em espanhol), só que deverá custar caro. Cito a Espanha pela proximidade dos dois idiomas, português e espanhol. "Ah, mas não sei ler espanhol", tente aprender e pare de reclamar de tudo, será bom pra você e pra todos no seu entorno. Digo isso porque muita gente reclama que tem dificuldade com o inglês, mas com o espanhol não existe essa desculpa de "ah, eu não sei, é difícil", papo furado, isso é preguiça.

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