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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

"O autoritarismo nosso de cada dia". O baixo nível da discussão política no Brasil - à direita e à esquerda

Esse post era pra ser sobre o "Mein Kampf" (Minha Luta), mas antes de prosseguir irei ironizar o assunto: estão cansados do assunto sobre o livro de Hitler? Não? Sim? De qualquer forma ele será citado mais vezes porque, se a mídia faz alarde dessa publicação, aqui há espaço de expor outra opinião além do "senso comum" da mesma, e há textos melhores "soltos" pela web que não tratam com sensacionalismo o tema.

Mas voltando ao que dizia, este post seria sobre o "Mein Kampf", mas há uma parte no texto que saiu na DW Brasil que descreve bem o "nível" político da discussão política neste país e merece ser destacado e não como parte de um post sobre "Mein Kampf". Está tão raro aparecer na mídia uma crítica séria neste país sobre política, mesmo que seja sobre um livro, que quando sai a gente tem que destacar.

Como hpa gente que fica em alvoroço querendo atacar opinião quando vê o blog e afins, porque acham que toda opinião é válida mesmo se for composta só com idiotices (o que já a tornaria inválida), esta parte do texto que mencionei destaca o (baixo) nível da direita e esquerda do país.

Como já fiz vários posts citando a extrema-direita brasileira (confiram na parte de História do Brasil), dessa vez o lado destacado será o outro, e ainda ficarem em dívida por eu teria mais coisas pra apontar e criticar de "setores" da esquerda brasileira, mesmo porque eu estou "amando" o baixo nível de gente enchendo meu saco com: esquerdismo, autoritarismo (com direito a fazer "beicinho", esquecendo que cara feia, pra mim, sempre foi sinal de "fome", como dizem na minha terra) e idiotice.

Ao menos aqui não terei que aturar "beicinho" (frescura) de gente que não tolera opinião contrária/divergente, gente que fica patrulhando e enchendo o saco. Quem quiser discutir, pode vir, mas se baixar o nível e não tiver educação, eu não sou (nem ninguém) obrigado a tolerar esse tipo de comportamento (grosseria, falta de educação):
"A nova direita brasileira é deploravelmente estúpida, grotesca e iletrada. Não leem nada. Nosso país intelectualmente subdesenvolvido tem uma esquerda radical iletrada que não lê Marx e uma direita estúpida que não lê os filósofos e economistas conservadores. Eles não chegarão perto de Mein Kampf. Acho que nossa edição será mais para estudiosos de História e curiosos", diz ele à DW Brasil."
O trecho acima foi tirado de uma matéria da DW Brasil (link abaixo), comentário do publisher da Geração, Luiz Fernando Emediato, leiam a matéria inteira:
Editoras preparam relançamento do livro de Hitler no Brasil

Ele (o Emediato) disse mais ou menos o que já escrevi aqui muitas vezes, só que com outras palavras (foi até mais duro, curto e mais preciso). Gente iletrada, que eu chamo de ignorantes, e eu acrescentaria: intolerantes, cheios de complexo de vira-lata, que não sabem discutir sem xingar e coisas do tipo.

Não procuram ler nada, mas o pior: sentem raiva profunda de quem lê ou procura se informar. Comportamento que não será aceito por qualquer pessoa sã.

O L. Emediato está correto, quem provavelmente procurará esse livro no país é o espectro que ele citou, estudiosos de História (quem tem interesse no assunto segunda guerra) ou curiosos.

Tem gente que manifesta "interesse" nesse livro quando sai matéria sobre o mesmo, mas só pra fazer "pose" (como se isso impressionasse alguém, futilidade), ou então por conta da capa, mas não leem nada (se lessem saberiam que há edição do livro na web há mais de década), usam o livro como decoração ou pra "meter medo" em alguém com a foto de Hitler (caso tenha foto dele na capa).

A quem pensar que o fenômeno do "urro coletivo" (comportamento agressivo de manada) é só à direita, quebrará a cara, o que existe de gente tosca que se diz de "esquerda" nesse mesmo "nível" (de burrice e intolerância) da direita, é um verdadeiro 'festival'

Em comum com os ignorantes de direita, esses à esquerda também não leem nada, ou quando leem não entendem direito o que leem, não assistem nem documentários. Os dois extremos se tocam pois são muito parecidos (basta ver este grupelho MPL e suas "máximas políticas" demagógicas).

A questão da leitura recai diretamente na forma como as pessoas se expressam, é só ver a dificuldade em articular uma ideia, qualquer que seja, e transmitir isso adiante. Não é um problema banal (qualquer). Afeta inclusive as relações sociais num país.

Como disse, esse pessoal não assiste nem um mísero documentário sobre qualquer assunto, já que em tese seriam mais "politizados", não conseguem emitir uma opinião analisando algo friamente, são passionais ao extremo, fazem birra quando não têm o que dizer e quando desaprovam algo (embora não digam do que discordam exatamente), são pessoas manobráveis (gente passional é extremamente manipulável), são completamente alienados do que se passa no mundo, ou só se informam pelo que o Globo diz.

Esse pessoal é pautado pela programação da Globo, embora vários digam que a odeiam, mas assistem as novelas dela sem perder nada, fora os programas esdrúxulos que a mesma transmite (eles sabem a programação dela decorada), e só se informam pelo que A, B ou C (que eles consideram "gurus" ou como os chamo: "subcelebridades" de Facebook) comentam naquela rede social.

Quando a gente repassa algo (informação, matéria), ficam fazendo beicinho com raiva porque acham um 'atrevimento' alguém "saber" (entre aspas) mais que eles. Se não for alguém que dê pra eles puxar o saco (pela carteirada), pra bajular, o ódio vem fácil. Tudo por conta de complexo. É o famoso "puxar pra baixo" (o nível), não sabem de nada mas não querem que ninguém saiba.

Na verdade, o que se discute aqui não se trata de "saber mais" disso ou daquilo, essa ânsia em quem "sabe mais" é uma tolice extrema, é uma neurose fruto de complexo. O que se passa é que esse pessoal não lê nada, não se informam decentemente, não se interessam por nada (mas querem estar no "rebuliço" mesmo assim, no meio da discussão), não sabem discutir nada, e acabam se sentindo por baixo com quase todo mundo. A tendência de quem se comporta assim é sempre essa. Gente complexada é um perigo, costumam ser agressivos gratuitamente por qualquer coisa e não é um problema banal. Ou seja, é caso pra psicólogo tratar e não pra web resolver.

Por "complexo" não me refiro à depressão (muita gente confunde as duas coisas, mas não são sinônimos), depressão é uma doença séria que todo mundo está sujeito a ter durante a vida e não é "frescura" (como a massa ignorante costuma tratar/dizer no Brasil). Complexo neste caso é um sentimento de inferioridade fruto do próprio comportamento que esse pessoal se autocondiciona.

É um festival de indigência cultural fora do comum, é porcaria nos dois polos, nos dois extremos políticos, e tem pra todo gosto. Você fica num fogo cruzado. Toma "paulada" dos dois extremos.

Os de direita (refiro-me a esse perfil citado mais acima) são mais afoitos, defecam a estupidez em tudo quanto é página de jornal na rede (aqui mesmo no blog já fizeram isso na caixa de comentários), uma parte é seguidora de um astrólogo "metido a filósofo" (expulso da Página do Exército), mas mesmo assim ainda é possível discutir com alguns deles, mesmo que repitam os mantras que assistem na Globo etc.

Os de esquerda, de tanto bullying que tomaram, ou porque sofrem de 'cagaço' crônico (covardia), ficam em guetos falando entre si, que eu apelidei de a "revolução do gueto". Eu acho que não sou uma pessoa boa com esse pessoal (rs), vejam a ironia que acabo fazendo com eles (isto se chama "saco cheio").

Prosseguindo, os da extrema-esquerda são mais arrogantes e intolerantes (por incrível que pareça), principalmente com gente de esquerda que pensa diferente deles (tem opinião divergente). Em suma: não toleram divergência, opinião contrária, coisas que são o alicerce de uma democracia, de uma sociedade que tem pluralidade e não "pensamento único".

O que essa gente (dos dois extremos) diz de absurdo sobre episódios históricos e de política é coisa que deixaria um Freud (se fosse vivo) enlouquecido de tanta bizarrice, com tanta estupidez junta, e sentem um certo orgulho em agir assim, isso é que é o pior, não existe nem humildade da parte deles em reconhecer que não sabem algo (mesmo porque ninguém nasce sabendo, saber é algo construído, adquirido, acumulado, surge da interação entre humanos, via livros, contatos, vídeos etc).

Há alguns anos era comemorado a inclusão digital no país. Nada contra, de fato é bom que o país tenha acesso total à internet, mas... (tem sempre um "mas") o que emergiu desse acesso foi igual a abrir a tampa de um esgoto.

E antes que alguém chie com os termos, sou contra o "politicamente correto" que essa tranqueira do PSOL prega e enche o saco de forma exacerbada. Preconceito se acaba com livre discussão e rebatendo a idiotice proferida (com argumentos, conhecimento, gozação, ironia etc, até elevando o tom se for necessário), não com censura simplesmente. Minha última resistência a essa questão era justamente sobre o PL da negação do Holocausto e hoje sou contra este projeto de lei que fará aniversário de dez anos em breve (o pessoal do Holocaust Controversies me convenceu do problema dessas restrições).

Não se acaba preconceito por decreto e sim com educação, conhecimento e livre discussão.

Quem achar que acaba com preconceito por decreto, irá alimentá-lo no "submundo". Ele fica circulando no submundo, "fermentando", e numa hora isso emerge com muita força (como se vê nos últimos anos).

Só pra ilustrar o que citei acima, não lembro mais do ano exatamente mas acho que foi em 2014 (não tenho certeza), alguém foi comentar algo no perfil daquele deputado do Rio, Jean Wyllys (PSOL), e achei que o ambiente do cidadão era democrático (a página dele), fiz um comentário, acho que sobre a Globo, e a equipe dele simplesmente apagou.

Ele andou fazendo "sucesso" com uma viagem que fez a Israel, mas não entremos nesse assunto, a menos que alguém queira (isso foi uma provocação, rs).

Pra quem achar que eu "morro de amores" pelo PSOL, sinto se decepcionar alguém. Eu considero este partido algo ridículo e delirante. Foi este partido que disseminou, junto com essa extrema-direita liberal esse clima de ódio político no país baixando o nível da discussão política. O PSOL é um partido liberal mal assumido que usa cor vermelha, com um discurso radicaloide pra enganar trouxa, basicamente. É o mesmo discurso/agenda do Partido Democrata dos EUA (da ala dos Clinton).

É esse o "modelo de democracia" que o deputado em questão defende: censura e "fim de papo"? É essa "ideia" de democracia dele que não é democracia alguma? E ao que parece que é, isso explica e muito deu ter aversão à figura dele.

Não fiz uma agressão, só um comentário que nem o citava, e tive o comentário cortado só porque a "equipe" dele não gostou. Estou comentando aqui sobre uma figura pública, político, não de "gente comum". Vejam quanto tempo faz que isso ocorreu (2014), só vim comentar agora porque o assunto do post é pertinente e já estava com essa questão entalada há tempo.

Quem lê o blog e me conhece sabe do que penso dos rivais políticos diretos dele (como o Bolsonaro e cia), não gosto de nenhum deles, mas também não gosto do PSOL, o deputado em questão e os rivais dele se nivelam por baixo, desviam o foco de discussões mais sérias pro país com briga de quitanda.

O PSOL é um partido rancoroso, infantilizado (tem uma dancinha da ciranda pra "derrubar o capitalismo", hahahaha), antidemocrático que nasceu no ressentimento incontido que sente pelo PT (de onde parte da cúpula do PSOL foi expulsa por radicalismo).

Quero ver algum "revi" vir encher o saco alegando que eu defendo Wyllys e o PSOL, na verdade eu quero que vocês da extrema-direita (liberal ou não) e essa extrema-esquerda do PSOL-PSTU se explodam. Vocês se merecem.

Esse cidadão e o Bolsonaro dependem um do outro politicamente, são unha e carne, ambos se elegem sob o pretexto dessa suposta "briga-polarização" que ajuda a projetar ambos e desviar o foco da discussão política de coisas mais sérias pro país (ataque especulativo ao pré-Sal etc). Um é demagogo e só diz besteira (e agora virou neoliberal, Bolsonaro liberal-conservador), o outro se elege sob o manto do "combate ao preconceito" mas não acaba com preconceito algum, isso quando não projeta ainda mais essa bancada religiosa fundamentalista e afins com a polarização que cria no congresso, pois o deputado do PSOL não passa de um intolerante também como o seu rival, ambos sem preparo político algum. Revejam (quem vota) o voto de vocês nesse tipo de radicalismo pueril, depois não reclamem do "baixo nível" na discussão política do país.

Os dois encarnam o nivelamento por baixo da política brasileira, são o que há de pior. Quer dizer, o Eduardo Cunha consegue ser mais "punk" que esses dois, ainda (esse é duro de superar).

Teve outro exemplo de intolerância política e truculência. Não lembro a quantidade exata de comentários, mas vamos chutar, por baixo foram uns cinco. Mas houve mais comentários com problemas, que só foram liberados depois da matéria descer, pra não gerar discussão e o povo não ler.

Estou citando o site do Nassif. Fui comentar no site do Nassif e tive comentário (s) não publicado (s). Ou seja, sou "subversivo" e não sabia, hahahaha.

Essa é pros "revis" que leem o blog não virem encher o saco falando de "censura", como se só eles tivessem o "privilégio isolado" de ter comentário cortado naquele site/blog pois já publicaram o assunto da "negação" por lá.

Eu tive mais comentários cortados que eles/vocês juntos. Pelo visto sou um "perigo" à sociedade (à sociedade de pensamento único, autoritária) na concepção desse site (aos desavisados, isso é uma ironia).

"Ah, mas pode ser a equipe do blog e não ele". Pode ser, embora ele seja o responsável pelo site e deve traçar alguma linha editorial pra equipe, embora eu também lembre que comentei em posts que ele fez. Ou seja, ele vê os comentários.

Só que é ruim de salvar este tipo de corte porque você não espera ser cortado, até por não ter feito comentário ofensivo. Quando a coisa começou a se repetir (da terceira vez) comecei a prestar atenção. O fato é que deixei de comentar naquele espaço depois disso, e não faz falta.

Lembrei de outro caso que foi com o Emir Sader (figura que essa "neodireita" adora).

Ele também cortou comentário por discordância, mas sem dizer o motivo. Lembro vagamente do post. Quando ele estava escrevendo besteira sobre Pernambuco, sem escrever o nome do Estado e mais alguma idiotice (só citam o nome da região, pedantismo insuportável desse povo). Ou seja, tenho que ler o cara escrever besteira de algo que conheço e sou parte e aceitar a idiotice quieto. Petulância extrema desse pessoal.

Esses cidadãos deixam espaço pro povo comentar e quando não gostam, cortam. Pela postura parece que se sentem, sei lá, "semideuses" ou algo do tipo. Nunca vi tanta cretinice e futilidade juntas. Não é a toa que o país vive a crise política que passa, não é só questão econômica a causa (antes fosse).

No dia que ele souber mais sobre meu estado (e eu sei quando dizem besteira, ele não acompanha o que se passa no estado, só sabe superficialidades, na melhor das hipóteses, além de ter aquela visão idiotizada genérica regional que acha que estado não tem bandeira, hino e constituição, ou que o país não é uma República Federativa e sim uma "República regional", quando ele deveria saber já que é tido como "intelectual"), sem aquela visão preconceituosa idiota dele, eu saio com uma melancia pendurada na cabeça pelado pela rua.

Ele pensa que é um Evaldo Cabral de Mello? Que duvido fosse me tratar assim. Pra quem não conhece a pessoa, o Evaldo Cabral de Mello (irmão do João Cabral de Melo Neto e primo de Manuel Bandeira e Gilberto Freyre, só "nomes fracos", rs) é um diplomata e talvez o maior historiador vivo do Brasil, e duvido que ele trate alguém com a petulância dessas figuras citadas acima.

No dia que eu precisar de alguma "estrela" dessas criticadas acima (os da censura) como "fonte de conhecimento", eu prefiro pular de cabeça de uma ponte. Parece que quando a gente dirige a palavra a essas pessoas, eles pensam que estão fazendo um "favor" falar com a gente. Estão no mundo das nuvens, fora de si.

Mas voltando às críticas, quando esse pessoal fala de Fascismo, é uma calamidade, e ficam com raiva quando a gente "corrige" (comenta).

Teve gente irritada com o Ian Kershaw, o autor da que é considerada a melhor biografia sobre Hitler/nazismo, historiador britânico renomado (conhecido no mundo inteiro), e citaram um título idiota que circula no país "sobre fascismo" que é um amontoado de bobagens (aparentemente). A quem se interessar, leiam uma crítica aqui, não sei se sobre o livro mas tem a ver. Repetir o clichê como se Fascismo fosse sinônimo de autoritarismo, puro e simples (fascismo também virou xingamento, mas tem o sentido original) sem entender o significado original é simplesmente bizarro. É surreal ver essas coisas, a pessoa entra em depressão (rs).

Depois chega gente achando que a gente é pedante simplesmente porque o nível intelectual da produção acadêmica sobre esses temas políticos no país anda muito baixo, não querendo generalizar (tem partes boas, sobre racismo e integralismo, só pra ficar nessas, mas esse pessoal "engajado" com o PSOL, não dá).

O que mais me choca nisso é a arrogância, pretensão ou petulância desse pessoal.

Criticam a mídia oligopolizada do país, que é o maior problema do Brasil hoje (país sem mídia plural, de qualidade, fica no limbo, vulnerável), mas se comportam de forma parecida ou pior à mídia que criticam.

Nem a Globo me tratou assim (pausa pro riso de novo), e eu "amo" a Globo (rs), mas tenho que ser justo na crítica, "A César o que é de...".

Querem formar opinião assim? Tá feia a coisa.

Mudem de postura. Em internet não tem espaço pra "vedetismo" e "estrelismo". Aquela idolatria e histeria dos anos 60 passou.

Como revido sempre (minha forma de revide muitas vezes é só o famoso ignorar esse tipo de "figura" ou ironizar, o deboche sempre irrita o autoritarismo), deixei de ver o perfil do cidadão e também não repasso nada que ele publicar (mesmo porque nunca publiquei nada dele mesmo, então não faz muita diferença, rs). Bateu, toma de volta, curto e direto, sendo de direita ou de esquerda.

Não tolero esse tipo de autoritarismo.

Já tive que barrar comentários por conta do teor racista e agressivo por conta da legislação do país, mas sempre discuti abertamente. Estou acostumado a esse tipo de cultura de discussão aberta e não a de censores, "estrelinhas". Mas são essas "estrelas" que o povo traz pra gente.

Eu leio coisa melhor em jornal estrangeiro e as pessoas nessas publicações/jornais não se comportam com esse vedetismo que se observa no país. A tal "mídia alternativa" do país, com exceções obviamente (o Azenha, o Paulo Henrique Amorim e outros) está nesse "nível". Eu fico abismado com o baixo nível político do país. Não vou nem falar da Veja e cia, pois o fato é que está tudo nivelado por baixo. Uma porcaria.

E tem mais casos, se eu for enumerar tudo a lista é muito grande.

É muito ódio e ressentimento juntos misturados com estupidez extrema, petulância e falta de valores democráticos, uma cultura autoritária e muita infantilidade, um bando de adultos com comportamento de criança birrenta de escola se sentindo "deuses".

Se uma rede social sobe à cabeça desse povo, imagina se aparecessem direto na TV com muita audiência. Iriam comer o fígado de todo mundo.

Parece que estamos diante de "pop stars", do Pink Floyd, dos Stones. Francamente, só rindo.

Por isso que muita gente se irrita e se isola dessa/nessa rede. Não dá pra passar a mão na cabeça desse povo e dizer que está tudo bem, pois não está, estamos chegando a um limite (se já não chegou).

Em 2015 essa estupidez política levou à exaustão o país inteiro. Chega.

Aqui ao menos posso descrever o fenômeno (problema) sem esse pessoal castrar/patrulhar o que a gente pensa ou diz.

Leiam mais (não só sobre Brasil, a cobertura geopolítica do país é um completo chiqueiro, muito ruim), aprendam a discutir - mesmo que role alguma rusga na discussão -, tenham a mente mais aberta, mas não esperem mais tolerância com comportamento agressivo gratuito e falta de educação (educação aqui significa aquela "educação formal", do "bom dia" etc). Tolerância zero com grosseria e estrelismo.

Ninguém é obrigado a suportar/tolerar esse tipo de "comportamento excêntrico" autoritário porque esse povo não sabe conviver numa democracia, não toleram divergência (à direita e à esquerda). Chegamos a um limite onde, ou se reverte isso ou a incivilidade dessa gente (dos dois extremos, esse culto à cretinice) levará o país à barbárie.

Acho que a maioria da população no fundo não quer isso, mas precisa se manifestar mais contendo esses extremos, sair de cima do muro porque uma hora o muro desaba com todo mundo junto. Não tenham medo de tomar posição porque tem gente "urrando" e babando saliva.

Atualização: 24.01.2016
Fiz uma revisão do texto (não tinha revisão alguma, foi publicado como foi escrito) pra corrigir erros e cortar trechos com mesmo sentido repetidos (sem necessidade). Fica melhor de ler assim.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A histeria da imprensa, que mais divulga o Mein Kampf (Minha Luta) de Hitler em vez de esclarecer (sem pânico)

Como já foi publicado posts no blog sobre isto (clique aqui pra ver os textos), no fim do ano passado expirou os direitos autorais do Estado da Baviera (Alemanha) sobre o livro autobiográfico de Hitler, o "Mein Kampf" ("Minha Luta", em português).

Já saiu também notícia há algum tempo (agora que vi que o post é de 2008, quase 8 anos...) que um Instituto de História Contemporânea (IFZ) na Alemanha queria lançar (e já lançou) uma edição comentada do livro, que tem quase 2000 páginas. Edição comentada do livro completo, pois ele foi lançado em dois volumes, além de ter uma "continuação". Geralmente o povo só "conhece" os dois primeiros volumes. Ambas cópias se encontram facilmente em inglês.

Pra quem não conhece a sequência do Mein Kampf (Minha Luta), que irei chamar de "a continuação", ela foi lançada em inglês e se encontra fácil em sites online de venda dos EUA e Reino Unido, não há restrição nesses países sobre a venda desses livros:
Hitler's Second Book: The Unpublished Sequel to Mein Kampf
Zweites Buch

Não colocarei link de site online (tem um bem conhecido) pra não fazer propaganda gratuita de site de vendas, a menos que fosse algo extremamente necessário.

Prosseguindo... aqui temos a matéria no site do Instituto sobre a edição comentada, texto em inglês. Como não fiz post comentando a existência deste outro blog abaixo, eu criei um blog pra postar textos em outros idiomas que poderiam ser traduzidos praqui, mas que acabaram não sendo. É muito mais fácil publicar isso nos idiomas originais que a tradução. Caso alguém tenha interesse em ver:
Hitler, Mein Kampf. A critical edition (IFZ, Alemanha)

O que chama atenção pro caso da publicação do livro é a histeria da imprensa alemã com o fato, ou estão querendo ter audiência porque o tema "chama atenção", como por exemplo a DW (Deutsche Welle) que tem versão em português (Brasil) e que age como se o livro não estivesse acessível na internet há mais de década, em vários idiomas, formatos etc ou estão querendo promover mesmo o livro.

Basta colocar na busca de qualquer navegador o nome do livro, acrescido do formato PDF (o formato fica a critério de cada um) que aparecem cópias e mais cópias do livro.

Vou dar um exemplo de como é fácil achar isso. Colocarei a busca pra versão em inglês pra não facilitar os "curiosos" que ficam "fascinados" com isso. Caso algum site retire o arquivo que consta dos links, paciência, isto é só pra ilustrar como é fácil de achá-lo e baixar:
mein kampf pdf english

Aqui uma versão em português (apareceu também na busca acima), mas acho que não é a versão completa (em PDF):
Link
Na própria Wikipedia há cópias disso, no verbete em inglês:
https://en.wikipedia.org/wiki/Mein_Kampf#External_links

Um adendo: o verbete da Wikipedia em português pro livro tem várias distorções ou é bem precário, colocaram o termo "racialista" em vez de "racista" pro livro (alguma viúva chorosa do III Reich deve ter feito a alteração), e o próprio verbete "racialista" em português é um verdadeiro lixo. O pior é que até pra alterar é complicado, a fiscalização do site com a versão em português é muito ruim e o número de pessoas que contribui muito baixo, fora o sectarismo político e distorções que rola na direita brasileira com esses temas.

Ou seja: qual a razão da histeria? Nunca viram essas coisas citadas acima?

Agora toda vez que se falar em nazismo será essa histeria, por pura ignorância? Pensei que a postura do povo tivesse amadurecido, mas pelo visto (vou me restringir ao Brasil) o brasileiro (generalizando) continua imaturo pra qualquer tipo de discussão política, isso quando não descambam pro sectarismo e agressão aberta.

Pra que tanto alarde só por conta de uma publicação em papel? Eles acham mesmo que é o único meio de propagação de ódio na face da terra ou o principal? cheio de tablets e mídia eletrônica em todo canto?

A pseudo-polêmica em torno do livro irrita, pois parece mais material de divulgação e propaganda as matérias que qualquer coisa que esclareça algo, por exemplo, poucos citam esses fatos narrados acima. Fora que vários textos de nazistas (Diários de Rosenberg, Goebbels etc) se encontram disponíveis à venda, principalmente nas versões em inglês.

Não existe restrição à venda disso no Reino Unido e nem nos Estados Unidos.

Mais um motivo pra eu ficar perplexo com a reação histérica da mídia em torno disso. Começou com a mídia alemã, mas as outras mídias dos outros países, por mimetismo (já que ninguém lê nada), saíram repetindo o "comportamento" só copiando a discussão original, sem refletir.

Pois bem, minha opinião sobre o fim dos direitos autorais desse livro e publicação livre em vários países, e eu já devo ter dito isso antes mais de uma vez, é de que uma edição comentada é muito bem-vinda.

Ela vale muito mais que o livro original, pois é um livro novo, com acréscimos que devem valer à pena. Só que só será lançada em alemão até agora, essa edição crítica, e em número limitado. O que é um erro.

Não há previsão de lançamento (se é que vão lançar) de tradução desta edição comentada alemã em outros países, principalmente nos de língua inglesa e espanhola, já que o grosso do mercado dos livros em português se resume quase que praticamente ao Brasil, e a tiragem de uma edição dessas no país seria pouco provável, pois seria cara (até pelo tamanho) e o conhecimento político e de História da população não é dos melhores. É só ver os comentários negando o caráter nocivo dos mais de três séculos de escravidão no país e das manifestações racistas no mesmo na última década.

um lançamento programado na Espanha, pro dia 19 de janeiro próximo, de uma edição espanhola desse livro, comentada (se eu localizar a matéria eu coloco o link), só que não é a edição do IZF (Inst. de História alemão). O livro será lançado também em Portugal, só que na versão normal, não a comentada (que é a que eu destaco e valeria a pena).

O piti de grupos tentando barrar a publicação desta edição comentada é burrice explícita (não tem outro termo pra se chamar), ignora todos os fatos apontados acima (que não são novidade) e trata o livro apenas pelo aspecto simbólico ignorando que o livro é uma chatice e não é o principal livro pra se entender o nazismo ou mesmo fazer "propaganda".

O mecanismo de propagação de ódio na internet tem outra dinâmica, a maioria dessas viúvas do III Reich são muito toscas, tem uma interpretação deturpada disso (quando leem), seguem mais uma estética e discurso fácil de ódio. Quem quiser entender algo sobre nazismo e segunda guerra, comece pela biografia de Hitler de Joachim Fest (saiu em dois volumes a última edição) ou a do Ian Kershaw (ambas lançadas em português).

Esse "fetiche" em torno do Mein Kampf (Minha Luta) não passa de exibicionismo, idiotice e coisa de momento, quando deixar de ser novidade, cairá no limbo.

A histeria ou falácia (já vi matéria com essa baboseira, pra variar) de que esse livro aumentará o "xenofobismo" na Europa, é coisa de gente paranoica ou querendo criar alarmismo sobre o assunto porque sabe que o grosso da população no Brasil tem uma ideia genérica (quando tem) sobre nazismo, fascismo e segunda guerra. Ainda bem que existe a internet como espaço democrático onde não precisamos mais ficar reféns dessas "inteligências raras", além de termos acesso ao que é publicado em outros países, publicações de ponta e não bobagens.

Só pra esclarecer: o comentário acima não se trata de uma provocação, eu já tinha em mente fazer um post sobre essa histeria da mídia acerca desse livro, desde dezembro, mas é que como tive o desprazer de ler mais uma besteira sobre o assunto, e acabei citando a coisa. Só que não posso restringir o que penso pra não desagradar a A, B ou C que dizem o que quer e não gostam de críticas, resquício de um comportamento cultural autoritário do país, que eu não tolero. A reação padrão, em geral, é fingir que não leram a crítica. Continuem assim (rs).

Resta aos leitores lusófonos torcer pra que lancem isso na Espanha (principal mercado editorial em espanhol), só que deverá custar caro. Cito a Espanha pela proximidade dos dois idiomas, português e espanhol. "Ah, mas não sei ler espanhol", tente aprender e pare de reclamar de tudo, será bom pra você e pra todos no seu entorno. Digo isso porque muita gente reclama que tem dificuldade com o inglês, mas com o espanhol não existe essa desculpa de "ah, eu não sei, é difícil", papo furado, isso é preguiça.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Crítica publicará "Minha Luta" de Hitler em 19 de janeiro a cargo de Sven Felix Kellerhoff


Um exemplar da primeira edição
de "Mein Kampf"- EFE
O selo editorial Crítica publicará em 19 de janeiro "Mi lucha. La historia del libro que marcó el siglo XX" (Minha Luta. A história do livro que marcou o século XX), sob responsabilidade do historiador e jornalista Sven Felix Kellerhoff, com um "estudo amplamente documentado".

Segundo informou a editora num comunicado, em 31 de dezembro de 2015 expiram os direitos de "Mein Kampf", escrito por Adolf Hitler, já que 70 anos depois da morte do ditador o Estado da Baviera perde os direitos autorais.

Nesta versão, Kellerhoff conta como se escreveu a obra na cadeia de Landsberg; revela como Hitler falsificou nela sua vida; analisa as ideias que expõe, e desvela sua procedência.

Segue depois o processo pelo qual o livro, que foi um fracasso de vendas nos primeiros anos, converteu-se num negócio (até 1945 foram impressos uns doze milhões de exemplares) que fez o Führer milionário, às custas de evasão de impostos, e na forma na qual suas ideias se aplicaram na política do regime nazi.

Kellerhoff nasceu em 1971 em Stuttgart; estudou história e jornalismo e, depois de uma longa carreira em diferentes meios de comunicação, atualmente é chefe de redação do "Die Welt".

EFE Barcelona - 14/12/2015 às 19:34:51h. - At. às 12:08:55h.

Fonte: ABC (Espanha)
http://www.abc.es/cultura/libros/abci-critica-publicara-lucha-hitler-19-enero-cargo-sven-felix-kellerhoff-201512141934_noticia.html
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 6 de dezembro de 2015

"Mein Kampf" (Minha Luta) regressa às bancas alemãs

Instituto histórico de Munique quer fazer edição pedagógica da obra que inspirou o regime nazi.


Numa altura em que o fluxo de refugiados a entrar na Alemanha está a gerar uma onda de descontentamento e a reacender os fantasmas da xenofobia , uma instituição universitária germânica vai lançar, em Janeiro do próximo ano, o manifesto ‘Mein Kampf’, de Adolf Hitler.

O livro, que explica a ideologia racista e antissemita que inspirou o regime nazi, foi publicado pela primeira vez em 1925, oito anos antes de Hitler chegar ao poder em Berlim. Na altura passou razoavelmente despercebido. Hitler era um ilustre desconhecido e livros de temática antijudaica eram muito abundantes na Europa de então – tinham passado apenas 30 anos sobre o caso de alta traição de Alfred Dreyfuss, que abalou todo o continente e afundou França num momento de vergonha nacional.

O Instituto de História Contemporânea, sediado em Munique, vai imprimir uma edição da obra de quatro mil exemplares, onde o texto original será acompanhado de mais de 3.500 notas, que pretendem assumir um cariz pedagógico oposto às propostas incendiárias do responsável direto pela morte de mais de seis milhões de judeus durante o conflito mundial de 1939/45.

Andreas Wirsching, diretor do instituto, já disse que o texto com comentários de especialistas irá “quebrar o mito” em torno do manifesto: trata-se de "um trabalho acadêmico" que, afirmou, pretende ir mais longe que as publicações “irresponsáveis” que estão amplamente disponíveis nas livrarias de segunda mão. Também Thomas Krüger, presidente do Centro para a Educação Política, uma organização estatal, veio defender a publicação, dizendo que é importante “quebrar o tabu ‘Mein Kampf’”.

A publicação da obra foi proibida logo a seguir à derrota dos nazis em 1945 e os seus direitos atribuídos pelas potências ocupantes ao Estado da Baviera. Segundo a lei germânica, estes direitos cessam ao cabo de 70 anos, em Janeiro de 2016, pelo que ‘Mein Kampf’ passa a ser de acesso livre no mercado. E para que ninguém faça uso abusivo da obra de Hitler – que foi um ‘best-seller’ com mais de 12 milhões de cópias –, as autoridades judiciais alemãs decidiram no passado que não deveria existir uma edição acrítica do livro. Mas, para já, não se livram das críticas de diversas instituições e grupos ligados à diáspora judaica – que alegam que a obra nunca mais deveria ver a luz do dia. Temem que a ‘bondade’ da nova edição se perca no meio da situação explosiva que se vive na Alemanha por estes dias.

03 Dez 2015 António Freitas de Sousa
antonio.sousa@economico.pt

Fonte: Económico (Portugal)
http://economico.sapo.pt/noticias/mein-kampf-regressa-as-bancas-alemas_236493.html

Ver mais:
“Mein Kampf”. O livro proibido de Hitler volta a ser publicado na Alemanha 70 anos depois (Observador, Portugal)

domingo, 26 de janeiro de 2014

"Mein Kampf" de Hitler será reeditado na Alemanha

O Instituto de História Contemporânea de Munique está a preparar uma nova edição comentada do livro "Mein Kampf", de Adolf Hitler. A polêmica gerada em torno do projeto não é nova, mas a ideia vai mesmo ser concretizada, segundo os decisores políticos.

Os direitos autorais da obra fundamental do ditador nazi estavam, desde 1948, nas mãos do ministério das Finanças da Baviera, assim como todos os bens que pertenciam ao Führer.

Tendo em conta que os direitos sobre o livro ("Minha Luta", em tradução livre) expiram a 31 de dezembro de 2015, e de modo a evitar a publicação de novas edições financiadas pela extrema direita, o instituto de Munique conseguiu, em 2012, obter uma autorização do governo bávaro para publicar uma edição comentada do livro.

Segundo conta o jornal El País, o ambicioso projeto do Instituto esteve quase a fracassar em dezembro do ano passado quando a chefe do Executivo bávaro, Christine Haderthauer, anunciou que o governo do Estado continuaria a impedir a publicação do famoso livro, mesmo depois de caducarem os direitos autorais. "A nossa posição é de que será preciso deter também o projeto do Instituto porque não é tarefa do Estado difundir propaganda nazi", defendeu a chefe do gabinete bávaro.

No entanto, na última quarta-feira, o ministro da Cultura da Baviera, Ludwig Spaenle, anunciou, depois de um polêmico debate no parlamento regional, que Munique renunciaria a novas medidas judiciais contra a reedição, pelo instituto, de "Mein Kampf".

"Não se pode atentar contra a liberdade científica", sustentou o ministro bávaro. "[o instituto] pode publicar uma edição sob sua própria responsabilidade", acrescentou.

O livro, uma obra fundamental sobre os ideais do nacional-socialismo, foi concluído pelo autor em 1925. No último meio século, a reprodução e venda do volume estiveram proibidos na Alemanha. No final da década de setenta, uma decisão do Supremo Tribunal da então Alemanha Federal autorizou a venda, mas apenas a antiquários. Atualmente, com a difusão dos meios de edição digital não será fácil impedir a circulação daquele instrumento de propaganda nazi.

Fonte: Diário Digital
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=681357

Observações:

1. é importante uma publicação comentada por historiadores deste livro, é uma forma de criar uma publicação com conteúdo em contraponto à edição original que conta só com os delírios racistas do cabo da Bavária, com conteúdo pra lá de duvidoso a não ser exibir a cretinice megalomaníaca e obsessão racista dele, fora pencas de erros históricos de todo tipo.

Seria um erro grosseiro e estúpido do Estado da Bavária proibir a publicação de um livro comentado por historiadores (esta sim uma publicação interessante) ignorando que perderá o controle da publicação do livro. Se é que a tem pois dá pra encontrar pilhas de cópias deste livro na internet (em vários idiomas). Castrar a ideia genial do Instituto é no mínimo tolice ou preciosismo por parte do Estado da Bavária que acaba por criar um ar de "mistério" sobre o livro e um certo tabu, e tabus costumam atrair mais ainda gente sem formação histórica/política alguma que fará uma leitura literal do original deste livro sem as contextualizações dos historiadores, por curiosidade mórbida ou idiota, criando um público idiotizado em torno do "simbolismo" por conta desse excesso de "temor" com uma publicação comentada, edição que poderia ter saído antes mesmo da pressão em torno do livro por conta dele cair em domínio público.

2. a mídia, mais precisamente a grande mídia brasileira (jornalões, portais de notícias e TV aberta) constantemente cria mistificações e sensacionalismo barato sobre esse livro e o tema nazismo e Holocausto, o que acaba despertando a curiosidade (na maioria dos casos, estúpida) de um público leigo sem formação política alguma e que mal lê. Isto pode vir a ajudar na proliferação de doutrinas racistas.

Colocam o mercantilismo barato da notícia pela notícia acima da questão ética de publicarem um texto mais equilibrado e de fato informativo sobre o assunto. Esta questão ficará pra outro tópico a respeito do problema da mídia divulgando baboseiras sobre estes temas delicados como genocídio, nazismo e afins. Como dá pra notar, eu não sou muito "fã" da mídia brasileira (é uma generalização obviamente, alguns ainda se salvam, mas poucos...), que parece agir como um partido político do que algo voltado ao jornalismo.

Pra ilustrar o problema: esta notícia saiu há pouco tempo: E-book Mein Kampf torna-se um best-seller na Amazon. O que há de relevante na matéria? Basicamente, nada. Mas o que tem de gente "curiosa" que pipoca quando lê o nome Hitler, é demais. É mesmo necessário "saber" pela Amazon a quantidade de downloads pra se ter uma ideia de que este livro é muito baixado? E desde quando este é o pior livro com doutrina racista? Os Protocolos dos Sábios de Sião é bem pior. E ainda pior são as conclusões tiradas do "fato", lembra e muito a "história" dos 150 mil neonazis no Brasil (ler texto com entrevista do historiador René Gertz), número levantado de forma obscura pois só é possível saber disso com ordem judicial pra saber o que é baixado no país via provedores ou cada site divulgar os números.

A título de curiosidade: o que pinta de perfil no Facebook postando besteira sobre nazismo em grupos de segunda guerra, francamente, a gente fica enojado ou de saco cheio, e não é nem com o conteúdo em si e sim com a futilidade e banalidade como estas pessoas tratam essas questões, a falta de interesse em ler um livro (e ainda ficam com raiva quando a gente sugere, por puro recalque dessas pessoas, pois acham que quem sugere está "disputando" conhecimento) e por aí vai.

3. tentarei, mas não prometo, procurar depois esta matéria do El País (Espanha) pra ver se está mais completa. Tem mais outro assunto relacionado ao Mein Kampf que fica prum próximo post, só pra reforçar e mostrar o quanto estas matérias sensacionalistas são toscas.

4. não se deve tratar este tipo de assunto com histeria, tabu, pânico e sensacionalismo e sim de forma racional e objetiva, a quantidade de atrocidades do evento segunda guerra por si só se encarrega de gerar uma consciência crítica e humanista nas pessoas, a não ser que a pessoa seja um sociopata. Caso você seja uma pessoa que quer transformar um sociopata em humanista, sinto lhe informar: você está sendo cretino e pouco sensato (como se diz no popular: você está gastando vela com defunto ruim). Digo isso pois já vi gente fazendo isso, tentando dialogar cordialmente com esses fascistas achando que vão "humanizar" postura patológica de alguns deles, o que acaba sendo interpretado por eles como um ato de covardia ou mesmo provocação por parte de quem age assim.

Histeria e pânico não educam ninguém além de parir gente histérica, surtada, delirante, insensata e raivosa.

domingo, 29 de abril de 2012

Baviera vai publicar edição comentada do livro de Hitler

Objetivo é reduzir o aproveitamento comercial de "Minha luta", que cairá em domínio público em 2015. Edição comentada ajudará também a desmistificar o panfleto nazista.

O estado alemão da Baviera vai publicar uma edição comentada do livro Minha luta (Mein Kampf), do ditador nazista Adolf Hitler, em 2015, quando os direitos autorais do principal panfleto do nazismo se tornarem de domínio público.

Segundo o governo da Baviera, a decisão é uma tentativa de desmistificar o livro, bem como de reduzir o aproveitamento comercial da obra oferecendo uma edição com comentários de especialistas. A edição comentada já está sendo preparada, afirmou o governo bávaro.

"O objetivo é desmistificar o Mein Kampf e elucidar os alunos sobre o caráter da obra, porque a abolição dos direitos autorais pode levar a uma propagação mais ampla dela junto aos jovens", declarou o secretário das Finanças da Baviera, Markus Soeder, nesta terça-feira (24/04) em Munique.

Até hoje, o estado da Baviera havia impedido qualquer tentativa de publicar o livro ou trechos dele na Alemanha. A Baviera detém os direitos sobre o livro porque o estado foi o último domicílio de Hitler.

"Queremos tornar claro o grande disparate que é o Mein Kampf, mas um disparate com consequências funestas", acrescentou Soeder, aludindo ao genocídio de 6 milhões de judeus pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

Recentemente, o Tribunal Regional de Munique proibiu o editor britânico Peter McGee de publicar trechos comentados de Minha luta no seu semanário Zeitungszeugen, a pedido do estado da Baviera.

A primeira edição de Minha luta surgiu em 1925 e, até 1945, foram vendidos na Alemanha 9,8 milhões de exemplares da obra, sobretudo porque, após a chegada dos nazistas ao poder, em 1933, o livro passou a ser oferecido a cada casal, durante o registro civil do matrimônio.

AS/lusa/dpa/epd
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,15908019,00.html

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Alemanha barra publicação de trechos da obra de Hitler

Decisão judicial sobre 'Mein Kampf' retoma debate sobre capacidade do país de lidar com obra que semeou o antissemitismo

The New York Times | 01/02/2012 08:01

Imagem de dezembro de 1938 mostra
Hitler em Berlim, na Alemanha (Foto: AP)
Na semana passada as autoridades alemãs conseguiram mais uma vitória numa batalha contínua para impedir que o livro "Mein Kampf", famosa obra de Adolf Hitler, seja publicada na Alemanha. Um tribunal da Baviera decidiu que uma editora britânica não poderia publicar trechos anotados do livro.

A editora Peter McGee havia planejado publicar cerca de 100 mil cópias do livro com passagens importantes anotadas a partir de quinta-feira como parte de um projeto mais amplo de divulgar publicações históricas da era nazista. Mas uma ordem do tribunal estadual de Munique decidiu que a publicação do livro violaria direitos autorais da obra, que pertencem ao Estado da Baviera até 2015.

No começo da quarta-feira, ao antecipar a decisão, a editora com sede em Londres afirmou que iria segurar a publicação de trechos da obra.

Esta controvérsia faz parte do confronto ideológico que a Alemanha moderna enfrenta ao ter que lidar com uma obra que plantou as sementes do Holocausto. Cópias na oficiais de "Mein Kampf" são facilmente encontradas na internet e a publicação do livro é legalmente permitida no exterior, inclusive nos Estados Unidos.

Esta semana o governo divulgou os resultados de um estudo que durou dois anos e mostrou que um em cada cinco alemães ainda mantém crenças antissemitas, apesar de décadas em que as crianças foram educadas nas escolas do país sobre o judaísmo e a tolerância, além de uma forte rejeição ao antissemitismo por parte dos partidos políticos que governam o país.

"Apesar dos muitos programas em andamento e dos esforços feitos para lidar com isso, é incrível como é difícil mudar as crenças sobre esse assunto", disse Aycan Demirel, que lidera um grupo em Berlim que luta contra a propagação do antissemitismo entre os jovens imigrantes da Alemanha.

Mas a editora McGee, que queria publicar trechos do livro "Mein Kampf" em sua revista semanal, a Zeitungszeugen, diz que o livro tem uma reputação "mítica e carrega um significado injustificado só porque foi por muito tempo escondido, banido e proibido."

"Queremos que o 'Mein Kampf' esteja acessível às pessoas para que elas possam vê-lo pelo que ele é, e então descartá-lo", ele disse à agência de notícias Reuters na semana passada.

Mas muitas pessoas na Alemanha acreditam que disponibilizar o livro que Hitler escreveu para aqueles que ainda apoiam o que ele fez pode ser algo perigoso.

Cerca de 26 mil extremistas de direita são reconhecidos pelo governo, apenas uma pequena fração de uma população de 82 milhões de habitantes. Mas pela internet eles conseguem atingir um maior número da população em geral.

Um estudo feito pelo governo, divulgado na segunda-feira, constatou que os apoiadores da extrema-direita da Alemanha continuam sendo a fonte mais importante de disseminação de uma ideologia antissemita na Alemanha.

Em novembro, os alemães ficaram chocados quando autoridades descobriram um grupo de neonazistas que operou durante anos sem que ninguém tivesse qualquer consciência de suas ações, chegando a matar nove alemães de ascendência turca e grega entre 2000 e 2006, entre outros crimes. Um inquérito concluiu que estes membros tiveram ajuda de outros apoiadores do movimento que permitiram que eles vivessem escondidos.

Na quarta-feira, a polícia do Estado da Saxônia revistou a casa de algumas pessoas que eram suspeitas de ter fornecido armas e explosivos ao grupo.

São estes tipos de casos que deixam Stephan Kramer, secretário-geral do Conselho Central dos Judeus em Berlim, dividido sobre "Mein Kampf" ainda dever ser considerado perigoso.

"Fico dividido sobre o assunto", disse ele, reconhecendo todo o esforço que foi feito para banir a ideologia nazista. "Se não podemos confiar na população alemã atual para lidar com o 'Mein Kampf' de uma maneira madura, então os anos que passamos tentando educar as pessoas sobre o Holocausto foram em vão.”

Por Melissa Eddy

Fonte: The New York Times/Último Segundo IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/nyt/alemanha-barra-publicacao-de-trechos-da-obra-de-hitler/n1597608100034.html

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"Mein Kampf", de Hitler, volta às bancas da Alemanha

BERLIM, 16 Jan (Reuters) - O livro de Adolf Hitler "Mein Kampf" (Minha Luta), banido das livrarias alemãs, em breve estará disponível em bancas de jornal. Um editor britânico disse que publicará trechos do texto na Alemanha.

O Estado da Bavária, porém, que detém os direitos autorais da visão nazista sobre a supremacia racial ariana, disse que considera a possibilidade de entrar na Justiça para bloquear a publicação.

A republicação da autobiografia do ditador nazista, que expõe sua ambição de tomar vastas áreas de terra no leste da Europa para proporcionar espaço para a chamada raça superior, está proibida na Alemanha, a não ser para estudo acadêmico.

O primeiro dos três trechos de 16 páginas do livro, acompanhado por um comentário crítico, será publicado neste mês com uma tiragem de 100 mil cópias, disse à Reuters Peter McGee, chefe da editora Albertas Ltd, com sede em Londres.

"É um assunto delicado na Alemanha, mas o incrível é que a maioria dos alemães não tem acesso ao 'Mein Kampf' porque há um tabu, essa 'magia negra' que o cerca", afirmou ele.

"Queremos que o 'Mein Kampf' seja acessível para que as pessoas o vejam pelo que ele é, e depois o descartem. Uma vez exposto, ele pode retornar à lata de lixo da literatura", disse ele.

Os excertos serão distribuídos como um suplemento de uma publicação semanal da empresa, uma polêmica série chamada "Zeitungszeugen" ou "Testemunha do Jornal", que republica páginas dos jornais nazistas datados dos anos 1920 e 1930, com um comentário.

A mais recente edição da série, lançada na semana passada, vendeu até agora 250 mil exemplares, de acordo com McGee.

A secretaria de Finanças do Estado bávaro no sul da Alemanha, porém, que detém os direitos autorais, disse nesta segunda-feira que o suplemento da revista fere a lei dos direitos autorais.

"O ministério das Finanças bávaro atualmente estuda tomar medidas legais contra essa publicação", disse um porta-voz da secretaria num comunicado.

McGee, entretanto, defendeu o suplemento e disse que sua empresa age totalmente dentro da lei dos direitos autorais.

A divulgação da ideologia nazista para propósitos não educacionais está proibida na Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Suásticas e a saudação nazista estão proibidas.

(Reportagem de Alice Baghdjian)

Fonte: Reuters Brasil
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRSPE80F06O20120116

Ver mais:
Proibido, livro de Hitler deve ter trechos publicados na Alemanha (Terra, Brasil)
Excertos de "Mein Kampf" prestes a ser editados na Alemanha (Público, Portugal)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Exposição em Berlim aborda popularidade de Hitler durante o nazismo

Edição de 'Minha Luta',
livro escrito por Adolf Hitler
Com a mostra "Hitler e os Alemães", o Museu Histórico de Berlim investiga como o ditador nazista conquistou a população e conseguiu contar com seu apoio por tanto tempo.

Esta é a primeira vez que uma exposição na Alemanha tenta decifrar o enigma da popularidade de Adolf Hitler durante o Terceiro Reich. A mostra intitulada Hitler e os Alemães – Nação e Crime exibe até 6 de fevereiro 600 objetos e cerca de 400 fotografias e cartazes.

O fio condutor da mostra é o ditador que, segundo o curador Hans-Ulrich Thamer, não teria na realidade nenhum outro atributo a não ser o de orador e agitador. "A aura carismática que se criou em torno da sua figura se deve às expectativas que a população depositou nele em um momento em que a Alemanha atravessava uma profunda crise econômica no período entreguerras", assinalou.

O poder que Hitler atingiu não se explica por suas qualidades pessoais, mas sim pelas condições políticas e sociais e pelo impacto psicológico dessas circunstâncias sobre a população alemã. "A população estava buscando um bode expiatório a ser culpado por sua miséria, algo que Hitler também ofereceu, estigmatizando judeus, esquerdistas, ciganos, homossexuais e outros grupos considerados estranhos à sociedade", explicou o curador.
Retrato de Adolf Hitler
Sem relíquias de Hitler

A mostra exibe diferentes tipos de objetos, desde os uniformes da Gestapo e da SS até a escrivaninha de madeira com uma suástica incrustada, que Hitler usava na Chancelaria. Também se podem ver espadas, punhais de ferro, cassetetes e botas militares que demonstram o potencial de violência de objetos considerados viris. Além disso, a exposição inclui estandartes nazistas que insinuavam a proximidade entre as camadas mais pobres da população e as elites.

Um dos uniformes expostos no Museu Histórico de Berlim foi fabricado pela marca Hugo Boss, que naquela época tinha unidades em Stuttgart e Tübingen, no sul da Alemanha. Por meio de documentos, fotografias e testemunhos, a mostra aborda as diferentes etapas do nazismo e explica como Hitler usou o poder para reprimir adversários e sindicatos. A exposição também demonstra que muitos inicialmente subestimaram o ditador, até a escalada do nacional-socialismo e o impacto extremamente destrutivo que ele teve sobre a Europa.

A mostra não tem nenhum objeto que tenha pertencido ao ditador. "Não queríamos relíquias, mas sim analisar a estilização da política através de sua propaganda", assinalou Thamer.

Exposição exibe objetos de época
A marca do regime no cotidiano

"O carisma de Hitler durou muito tempo e isso se deve à disposição da população em participar de sua luta. As pessoas diziam que tinham que trabalhar para o Führer", constata o curador, mostrando como exemplo uma grande tapeçaria com uma suástica no centro, confeccionada por uma pequena comunidade luterana. "Gestos como esses se constataram em inúmeros grupos sociais, o que revela as grandes expectativas que o ditador despertou entre a população, grupos empresariais, agricultores e jovens", disse Thamer.

A exposição no Museu Histórico de Berlim não fez nenhuma publicidade com cartazes, cumprindo a lei que proíbe mostrar símbolos nazistas. Mas, ao adentrar no espaço subterrâneo, o visitante submerge no mundo nazista, que inclui desde maços de cigarro com a suástica, o carrinho de mão usado pelos vendedores do jornal do partido, Voelkischer Beobachter, bonecos reproduzindo a imagem de Hitler, até o protótipo do modelo Volkswagen projetado pelo fabricante Ferdinand Porsche como presente de aniversário ao ditador.

O contágio das massas pelo nazismo

Além de documentar a expansão do Estado nazista com sua indústria, suas rodovias e manifestações públicas, a exposição também mostra o crescente ódio racista e a discriminação. Em um cartaz, vê-se um menino deficiente mental ao lado de um atleta musculoso e abaixo se lê uma advertência sobre "os perigos demográficos caso os deficientes tenham quatro filhos e os normais, somente dois".

Curador Hans-Ulrich Thamer
"Todos os dias, os jornais propagavam manchetes como ‘os judeus são a nossa desgraça'. A partir de sua posição de poder, o partido radicalizou gradativamente a perseguição aos judeus até iniciar sua deportação em 1942, com amplo apoio da população", lembra o curador.

Hans-Ulrich Thamer explica o mecanismo que transformou em assassinos os funcionários de campos de concentração, por exemplo. "Eles tinham uma base ideológica que fora criada pelo partido, que também se respaldava na pressão do grupo. Temos a informação que um comandante ordenou a um batalhão policial que fuzilasse um grupo de judeus russos. O comandante acrescentou que quem não quisesse participar poderia ficar em casa e descascar batatas. Qual homem que crescera sob os ideais masculinos do período entreguerras poderia optar voluntariamente por ficar na cozinha?", indaga Thamer. "Depois se davam conta do que haviam feito e se refugiavam no álcool", explica o curador.

Autora: Eva Usi (sl)
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6115899,00.html

quinta-feira, 1 de julho de 2010

As mordomias de Hitler na prisão

Documentos mostram que o fuhrer pôde organizar o movimento nazista enquanto esteve preso em Landsberg

JAN FRIEDMAN - O Estado de S.Paulo
Novos documentos históricos mostram que Adolf Hitler desfrutou de bastante conforto no breve período em que ficou preso em Landsberg, em 1924. Ele podia receber pessoas e manteve seus contatos políticos - tudo isso com o consentimento da administração carcerária.

Um funcionário do local não poderia ser mais benevolente em sua descrição: "Ele era sempre razoável, frugal, modesto e educado com todos, principalmente com os funcionários da instituição", escreveu o guarda Otto Leybold sobre o interno, em 18 de setembro de 1924. "O prisioneiro não fuma, não bebe e acata de boa vontade todas as restrições", acrescentou.

O prisioneiro ao qual o guarda se referia em termos tão reverentes era nada menos que Adolf Hitler. Então ainda um ambicioso agitador de cervejaria, Hitler cumpria pena no Castelo de Landsberg por uma tentativa de golpe contra a República de Weimar, em novembro de 1923, juntamente com seus colegas de extrema direita.

Aquele foi um período de definição para Hitler e para a história da Alemanha. Segundo seu biógrafo, Ian Kershaw, a pena de prisão serviu "para sua absoluta preeminência no movimento völkisch e sua ascensão à liderança suprema".

Hoje é notório que as condições da prisão de Hitler, em Landsberg am Lech, eram confortáveis e ele aproveitava o tempo para escrever Mein Kampf. Mas agora os documentos históricos proporcionam uma visão mais profunda de como ele teve a possibilidade de organizar sua rede debaixo dos olhos da administração da prisão.

O material, que provavelmente saiu do arquivo de documentos antigos da prisão, irá a leilão na Casa de Leilões Behringer, na cidade bávara de Fürth, no dia 2. A pilha de papéis inclui 300 fichas preenchidas pelas pessoas que visitaram Hitler, bem como ampla correspondência da administração da prisão.

Alguns dos documentos eram desconhecidos, outros são transcrições de papéis que já foram analisados. Entre eles há uma cópia da sentença extremamente branda imposta pelo Tribunal Popular de Munique: 5 anos de prisão no Castelo de Landsberg, com a possibilidade de obter a liberdade condicional.

Um dos documentos que acabam de ser descobertos é o registro que contém os dados do seu ingresso na prisão: "Hitler, Adolf". Data de admissão: 1.º de abril de 1924. Resultados do exame médico: "saudável, vigor moderado". Altura: 1m75. Peso: 77 quilos. Os nomes dos leais seguidores presos com Hitler em Landsberg estão na mesma página: Friedrich Weber, Hermann Kriebel, Emil Maurice, e seu posterior vice-líder , Rudolf Hess.

Visitas . Hitler começou a receber visitas pouco depois de dar entrada na prisão. Erich Ludendorff, o estrategista da Batalha de Tannenberg na 1.ª Guerra, que, para sua indignação, foi inocentado das acusações de envolvimento na tentativa de golpe liderada por Hitler, o visitou várias vezes. Entre as outras visitas de Hitler estão "capitão Röhm, Munique," e "Alfred Rosenberg, arquiteto e escritor", o círculo mais fechado dos líderes do recém-constituído Partido Nazista da época. Röhm, Wilhelm Frick e Rosenberg posteriormente tornaram-se respectivamente o chefe da SA, o ministro do Interior do Reich, e o principal ideólogo nazista.

Outros visitantes foram incluídos na categoria de benfeitores ricos, como Helene Bechstein, a mulher de um fabricante de pianos de Berlim, que compartilhava com Hitler do amor pela música de Richard Wagner.

Outra visitante, Hermine Hoffman, de Solin, Munique, foi apelidada de "mamãe de Hitler". Segundo os documentos, a atenciosa visitante, viúva de um diretor de escola, também mandava ações para Hitler.

Como interno, Hitler dispunha de grande conforto. A ala onde estava sua cela, no segundo andar, foi apelidada de "Feldherrenhügel" (o morro do general). Seu amigo Ernst Hanfstaengl, disse posteriormente, após uma visita a Hitler, que teve a sensação de "entrar numa loja de delicatessen". Segundo ele, "havia frutas, flores, vinho e outras bebidas alcoólicas, presunto, linguiças, bolo, caixas de chocolates e muito mais". Embora tivesse engordado bastante em consequência de uma dieta copiosa, Hitler aparentemente menosprezou a sugestão de Hanfstaengl de que fizesse um pouco de exercício.

Os detalhes que começam a surgir não levarão certamente a uma nova versão da história. Mas, segundo os arquivos do Estado da Bavária e os de Munique, onde são mantidos os registros dos bens de Hitler e os documentos incompletos referentes à prisão de Landsberg, os papéis que acabam de ser descobertos dão "a impressão de que Hitler mantinha contatos intensos e tinha a possibilidade de estar sempre com pessoas". Os funcionários encarregados dos arquivos afirmam que a autenticidade do material "é inquestionável". Mas os documentos ainda devem ser estudados detalhadamente.

Os documentos foram postos à venda pelo proprietário de uma empresa de táxis, cujo pai aparentemente os adquiriu no fim da década de 70, juntamente com livros da 2.ª Guerra, num mercado das pulgas de Nuremberg.

Roubo. É bastante possível que tenham sido roubados quando os americanos criaram uma prisão para criminosos de guerra em Landsberg, em 1946, ou que tenham sido subtraídos durante o 3.º Reich, quando os seguidores de Hitler transformaram sua cela em centro de peregrinações e em um memorial de seus supostos sofrimentos durante aquele período.

A transcrição de uma carta a Jakob Werlin, um vendedor de automóveis de Munique, também revela as verdadeiras condições de vida de Hitler em Landsberg. Muito antes de sua libertação, em 20 de dezembro de 1924, graças em grande parte aos esforços do guarda Leybold, Hitler já pensava no tipo de carro que compraria: um Mercedes-Benz modelo 11/40, que "atenderia às minhas exigências atuais", ou um motor mais potente. Sua cor preferida era o cinza.

Hitler pediu ao revendedor tratamento diferenciado e escreveu que provavelmente teria de fazer um empréstimo para efetuar a compra; além do que, "as custas judiciais e os honorários" que devia eram de "arrepiar os cabelos". Na carta, Hitler pediu ainda a Werlin que indagasse à direção da empresa que desconto poderia ser dado.

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

Fonte: Estado de São Paulo
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100627/not_imp572725,0.php

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rússia proíbe livro de Hitler para combater extremismo

MOSCOU (Reuters) - Promotores russos proibiram nesta sexta-feira o livro semi-autobiográfico de Adolf Hitler "Mein Kampf" (Minha Luta), de 1925, em uma tentativa de combater a crescente fascinação por políticas de extrema direita.

(Imagem) Uma anotação de 1924 com uma foto de Hitler é exibida em Paris (reuters_tickers)

Banido na Alemanha desde a 2a Guerra Mundial, o livro delineia a visão de Hitler de supremacia racial. Apesar de incluir trechos anti-semitas e anti-russos, o livro tem sido promovido por alguns grupos russos de extrema direita.

O livro tem uma "perspectiva militar que justifica a discriminação e a destruição de raças não-arianas e reflete ideias que, quando implementadas, deram início à 2a Guerra Mundial", disse em comunicado promotoria-geral russa.

"Até agora, o 'Mein Kampf' não era reconhecido como extremista", disse o comunicado, anunciando a proibição do livro e sua inclusão numa lista federal de materiais extremistas. O livro estava disponível nas lojas e online, segundo o comunicado.

Extremistas russos atacaram trabalhadores imigrantes de nações pobres da Ásia Central e do Cáucaso que vão à Rússia e frequentemente buscam empregos subalternos e vivem em condições precárias, assim como estudantes africanos e asiáticos e russos sem aparência eslava.

Ao menos 60 pessoas morreram e 306 ficaram feridas em ataques racistas na Rússia no ano passado, de acordo com a Sova, organização não-governamental em Moscou que rastreia violência racista.

A proibição foi instaurada depois que um departamento regional da promotoria buscou novas formas de combater o extremismo e descobriu que o livro estava sendo distribuído na região de Ufa.

Hitler ditou o livro para seu assistente Rudolf Hess enquanto estava em uma prisão na Baviera depois da frustrada tentativa de golpe conhecida como o "Putsch de Munique" em 1923. O livro explica sua doutrina de supremacia racial alemã e suas ambições de anexar áreas gigantescas da União Soviética.

Na Alemanha, é ilegal distribuir o livro exceto em circunstâncias especiais, como para pesquisa acadêmica. Mas o livro está disponível em outros lugares, como a livraria online amazon.co.uk.

Mas a proibição fará pouco para restringir material que promove o nazismo na Rússia, disse Galina Kozhevnikova, do Sova.

"Eu tenho a sensação de que pessoas precisavam divulgar que estavam combatendo o extremismo", disse ela sobre a proibição do livro. "Ainda estará disponível na Internet, é impossível impedir que seja distribuído", disse ela.

(Reportagem de Conor Sweeney)

Fonte: Reuters/Swissinfo
http://www.swissinfo.ch/por/internacional/Russia_proibe_livro_de_Hitler_para_combater_extremismo.html?cid=8564116

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Historiadores alemães querem edição comentada do "Mein Kampf" de Hitler

Berlim, 24 Abr (Lusa) - Historiadores alemães voltaram a exigir a publicação de uma edição comentada do "Mein Kampf" (A Minha Luta), de Adolf Hitler, antes que expirem os direitos de autor, em 2015, e possa haver edições para fins propagandísticos.

Desta vez, o pedido veio do centro de Documentação da História do Nacional-Socialismo, em Nuremberga, cujos responsáveis defendem que deve haver uma edição científica, crítica e comentada antes de expirarem, 70 anos após a morte do ditador nazi, os direitos de autor do livro, confiados ao governo regional da Baviera.

A Baviera, um dos 16 estados federados alemães, passou a ter, em 1946, os direitos sobre "Mein Kampf", concedidos pelas potências aliadas que derrotaram a Alemanha nazi (Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), com a condição expressa de não autorizar a respectiva publicação.

O livro, publicado por Hitler em duas partes, em 1925 e 1926, é uma espécie de "Bíblia" do nazismo, em que o ditador destila ódio contra os judeus e os considera responsáveis por todos os males da Alemanha de então, e expõe prematuramente a sua estratégia belicista, por exemplo.

A atribuição dos direitos de autor pelos aliados tem sido uma dor de cabeça para as autoridades alemãs, que nos últimos anos tem tentado impedir, quase sempre sem êxito, a publicação de "Mein Kampf" no estrangeiro.

Até em Israel, pátria dos judeus vítimas do Holocausto, há edições novas do livro, enquanto edições mais antigas podem também ser adquiridas com relativa facilidade nos antiquários.

Hoje em dia, quem não quiser gastar dinheiro poderá mesmo encontrar o texto integral de "Mein Kampf" na Internet.

Há anos que o Instituto de História Contemporânea de Munique (IfZ) vem pedindo autorização para publicar uma edição crítica do livro, cientificamente comentada.

Até agora, porém,os detentores dos direitos de autor têm hesitado, por respeito para com as vítimas do III Reich, embora compreendam os objectivos da ideia.

"Assim poderíamos dar a todos a possibilidade de reunir argumentos para a discusssão com os incorrigíveis", afirmou o director do IfZ, Udo Wengst, ao jornal Sueddeutsche Zeitung.

O IfZ tenciona publicar a referida edição comentada antes de 2015, e o tempo urge, porque tal exige, segundo Wengst, que um especialista em história do nazismo se ocupe da obra pelo menos durante três anos.

Segundo um dos historiadores do IfZ habilitado para fazer esse traballho, Dieter Pohl, será necessário "um enorme esforço", sobretudo porque no seu livro Hitler faz muitas afirmações não sustentadas por factos, e praticamente todas as linhas teriam de ser comentadas.

Para evitar uma edição de proporções desmedidas e inacessível ao grande público, o IfZ pretende, no entanto, limitar-se a descodificar as diversas versões existentes, e a explicar a origem dos pensamentos e afirmações de Hitler.

O reputado instituto já editou numerosas obras da época nazi, mas trata-se de publicações científicas, exaustivamente comentadas, e muito caras para serem adquiridas por neofascistas comuns.

Para a edição comentada do "Mein Kampf" atingir os fins pedagógicos em vista, teria de ser vendida, no entanto, por um preço razoável, ou mesmo colocada gratuitamente na Internet, propõe o IfZ.

Até agora, todas as tentativas para levar por diante o projecto científico esbarraram com a recusa do governo regional da Baviera, por respeito à memória das vítimas do Holocausto e para protecção dos judeus.

O professor Wengst considera este argumento "honroso", mas errado, e refere que, em recente conversa com um jornalista israelita, este lhe disse: "não precisamos dessa protecção".

FA

Fonte: LUSA - Agência de Notícias de Portugal
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=341931&visual=26

quarta-feira, 5 de março de 2008

Os médicos da morte

Médicos e medicina na Alemanha nazi

Origem ideológica da política nazi nos anos ’30 para os doentes mentais, que a partir de 1942 acabou derivando os grandes centros de matança em escala industrial, onde o médico passou a ser um assassino com diploma.

A combinação destes dois termos parece uma incongruência, pois a essência, a missão mesma da medicina é salvar vidas, aliviar os sofrimentos. Como pode se dar na Alemanha nazi tal monstruosa combinação?

Para isto é necessário voltar um pouco a épocas anteriores, especialmente ao século XIX, que foi quando começaram a ser elaboradas teorias que logo depois puderam ser implementadas. Por suposto que já muito antes se sabia que havia seres humanos de diferentes aspectos. Quando os europeus chegaram à América puderam comprová-lo, mas recentemente no século XIX, graças ao trabalho de certos antropólogos, chegou-se à conclusão que as diferenças implicavam também em juízos de valor. Havia seres humanos cujas vidas valiam menos que outras. E dali também uma série de conclusões sociais: seu estado de pobreza ou atraso, não era circunstancial, senão algo orgânico que jamais poderia nem deveria ser mudado, se não quisesse violentar as “leis objetivas” da natureza.

A Revolução Francesa alterou esses conceitos ao declarar um princípio universal de igualdade dos homens ante a lei, além disso sancionou os princípios de liberdade e fraternidade. Alguns círculos sociais consideraram que esses princípios atacavam e intentavam destruir costumes e modelos sociais aceitos desde tempos imemoriais. Além disso, o vertiginoso desenvolvimento industrial e urbanístico criou uma série de problemas sociais: amontoamento, enfermedades sociais se fizeram presentes. Mas curiosamente, não se culpou as novas condições criadas pelo industrialismo de serem responsáveis. Os enfermos mesmos, quer dizer, as vítimas, passaram a ser os culpados, por serem pobres e enfermos, pois isso era um sinal de sua “inferioridade racial”, um sinal de degeneração hereditária.

Criou-se uma nova “pseudo-ciência” chamada higiene racial, cujos ideólogos foram psiquiatras e antropólogos. Eles proporcionaram os instrumentos ideológicos para uma solução biológica a um problema que era eminentemente social. Não era a enfermidade que devia ser eliminada, mas os seus portadores. Com a chegada dos nazis ao poder em 1933, criaram-se as condições para que estas idéias assassinas pudessem ser postas em prática. Como é sabido, já em 1933 se ordenou na Alemanha que certa categoria de pessoas fossem esterelizadas a fim de que não pudessem reproduzir-se e propagar suas “taras hereditárias”. Já em 1923 Hitler havia anunciado que haveria de proibir os matrimônios entre alemães e estrangeiros, em particular negros e judeus.

A Alemanha requeriu a remédios violentos, talvez inclusive “amputações”. Todas essas medidas produziram uma depuração racial. Na última página de seu livro "Minha Luta" Hitler dizia: “Um estado que numa época de contaminação das raças vela zelosamente pela conservação dos melhores elementos da sua raça, um dia deve converte-se no dono da Terra”.

Estas idéias, por si mesmas não foram a fonte do desastre. Quando em 1947 estavam julgando esses médicos assassinos, disse Alexander Misterlich, o delegado oficial da câmara de médicos da Alemanha Ocidental: “Antes de que tais idéias pudessem traduzir-se em fatos monstruosos e em rotina diária, tiveram que cruzar-se duas correntes cujos resultados foram a de que o médico passou a ser um um assassino com diploma, autorizado não para curar senão para matar. O ser humano deixou de ser uma criatura sofredora: passou a ser um “caso” ou um número tatuado no braço.

A isto há que se agregar as graves conseqüências das crises econômicas e políticas que afetaram a Alemanha durante boa parte da década de vinte e sobretudo em início da década de trinta, com sua seqüela de reduções orçadas para atender a saúde da população. O resultado foi que milhares de médicos começaram a afiliar-se ao partido nazi.

Muitos que chegaram a fortuna profissão levados pelo idealismo, rapidamente sentiram as limitações que a ciência lhes impunha. Começou-se a abrir passagem a idéia de que havia não somente seres inferiores que deveriam ser esterilizados, senão que tinham que serem totalmente eliminados, porque eram “consumidores desnecessários e improdutivos” que havia que se manter até que morressem naturalmente.

Ainda hoje em dia se escutam opiniões dos herdeiros de tais idéias. Dizem, por exemplo, que se deve proceder a “descontinuidade de tratamentos sofisticados aplicados a pessoas mais velhas de 75 anos com o fim de prolongar suas vidas”.

Mas não se trata da Alemanha nazi dos anos trinta senão dos Estados Unidos nas décadas de oitenta e noventa.

Já durante os primeiros anos do regime nazi, começou-se a realizar uma profunda campanha por meio de posters que demonstravam a quantidade de dinheiro crescente que o Estado devia gastar para manter crianças defeituosas, frente a somas muito menores que se dedicavam a crianças sadias. O objetivo era claro. Se esse dinheiro fosse dedicado a crianças sadias, estas poderiam desenvolver-se muito melhor. Eram os enfermos e portadores de enfermidades genéticas os culpados por essa situação. E como se isso fosse pouco, noutro poster havia figuras humanas: um homem adulto carregava sobre seus ombros duas criaturas deformes, com rostos de macacos. O peso de ambas as crianças o agoniava.

A guerra: uma oportunidade para o assassinato

Em 1º de Setembro de 1939, no mesmo dia que a Alemanha atacou a Polônia, Hitler firmou um decreto que autorizava os médicos psiquiatras a solicitar informes das instituições para doentes mentais e entregar àqueles, que em seu julgamento, não tinham uma cura previsível, não podiam trabalhar, mas também incluiam outras pessoas que noutra sociedade não houvessem sido considerados doentes mentais: depressivos, não conformistas ou inclusive presos políticos.

Esse programa, como todos os planos assassinos implementados pelos nazis recebeu nomes em código. Este mal nomeado plano de eutanásia, recebeu o nome código de T-4, porque a oficina central do mesmo se encontrava na rua Tiergarten 4 de Berlim. Curiosamente “Tiere” em alemão significa animal, fera. O edifício foi logo depois totalmente destruído por bombardeios.

Os diretores de instituições psiquiátricas receberam questionários onde lhes era perguntado acerca do tipo de enfermidade, tempo de internação e capacidade para o trabalho. Aos diretores lhes foi dito que essas perguntas tinha a ver com a economia de guerra, mas não acerca do objetivo último. Logo depois de reunidos os questionários, uma comissão de médicos, sobre um total de trinta que formavam a equipe, visitava os estabelecimentos e decidia quem viveria e quem morreria. Estes últimos imediatamente eram transportados a centros de matança onde eram assassinados por meios de gás. O processo de matança começou em 9 de outubro de 1939 e se prolongou até agosto de 1941, quando eclodiu uma onda de protestos, lideradas pelo arcebispo von Galen. Segundo um cálculo estatístico preparado anteriormente, sobre uma população de setenta milhões com a que então contava a Alemanha, tinha-se por aceito que 0,01% eram de doentes mentais incuráveis. Até a data da suspensão temporária dos assassinatos, deveriam ter assassinado 70.000 doentes. Com uma típica pedantismo germânico informaram que lamentavelmente esse número havia sido superado em 243 pessoas!, quer dizer, haviam superado a marca que haviam estabelecido.

Contudo, as matanças não cessaram, senão que foram apenas suspendidas para se tomar um tempo e estudar novas medidas. Pensou-se em aplicar novos critérios de seleção, incluindo-se nas listas de futuros candidatos para ser assassinados os enfermos tuberculosos, pessoas maiores incapazes de trabalhar e que não podiam permanecer muito tempo num mesmo trabalho.

Todos foram igualmente considerados deficientes, cujas vidas careciam de valor para a economia alemã. Existia além disso o formidável pretexto de que, devido à guerra, necessitava-se mais e mais leitos nos hospitais alemães para atender aos feridos de guerra. Logicamente ficava aberta a pergunta: que aconteceria com essas vítimas de guerra que não pudessem trabalhar ou resultassem com uma grave enfermidade mental, como conseqüência de sua participação na guerra? Matá-los resultaria ser mais barato que mantê-los com vida. Mas também corriam a mesma sorte os pacientes que estavam detidos legalmente por virtude de uma condenação ou aqueles de origem judia, quer dizer, pessoas que como resultado de sua classificação social ou racial não necessitavam de nenhuma resolução médica para se ordenar seu assassinato.

Enquanto isso, os responsáveis da execução do 'formidável' plano, ante o requerimento dos médicos, resignaram-se a emitir instruções mais precisas a fim de reduzir o número de pacientes mentais crônicos, ainda que levassem em conta a possibilidade de realizar previamente uma terapia intensiva.

Inclusive pensaram em abrir dois departamentos dedicados à investigação neurológica e psiquiátrica básica, planejando também emitir sua própria publicação científica com os resultados de suas investigações. Estes planos deveriam ser engavetados devido a grande onda de derrotas que começaram a se suceder a partir de 1942. Contudo, a medida que a guerra foi ampliando-se, o plano T.-4 encontrou a possibilidade de incluir mais e mais gente na categoria de possíveis vítimas, extendendo seu campo de ação muito mais além dos simples doentes mentais. Os critérios para as matanças clínicas foram se extendendo, abarcando já não somente o antigo território alemão, senão a todos os internados nas clínicas da União Soviética, sem nenhuma exceção. Podia-se dizer ironicamente que ali, além disso, os doentes mentais sofriam de outra enfermidade incurável: eram comunistas.

Enquanto isso na Alemanha, os desastres da guerra, os doentes e feridos trazidos das frentes de guerra, os civis vítimas de raids(bombardeios)aéreos, também apresentaram serias pertubações mentais, pelo que foram transladados à instituições para doentes mentais, onde lhes foi dado a morte, não com gás mas mediante o uso de overdoses de tranqüilizantes.

Como pode se imaginar estes assassinatos realizados por médicos, que nada têm a ver com a eutanásia, foram rapidamente utilizados para fins totalmente distintos. Com a experiência acumulada em matanças de doentes mentais, e outros, pode-se com toda lo´gica pensar que esses mesmos métodos podiam se aplicar em maior escala, em escala industrial. E assim foi como já em 1941, fizeram sua aparição unidades móveis na Croácia, o primeiro país onde usaram esses métodos para matar a uma grande quantidade de gente; logo depois em Chelmno, na Polônia em fins de 1941 e finalmente, a partir de 1942, com a construção dos grandes centros de matança em escala industrial em Auschwitz-Birkenau, Maidanek, Belzec, Sobibor e Treblinka. Ali, com métodos totalmente industrializados podia se assassinar a milhões de vítimas, as que conduziram de todos os rincões da Europa. Nem todas as vítimas foram judeus. Ciganos, homossexuais, inimigos políticos e toda uma gama de gente indesejável, como por exemplo prisioneiros de guerra soviéticos, foram assassinados nas câmaras de gás. Mas todos os judeus eram candidatos a ser vítimas.

E para finalizar, dois detalhes interessantes: o pessoal que trabalhou em princípio na matança de doentes mentais na Alemanha, devido a sua experiência foi o que treinou mais tarde os que acionaram os grandes campos de extermínio, e segundo, nem todos os médicos que participaram nesses assassinatos foram condenados ou sofreram longas penas. Alguns foram condenados e executados. Outros, muito poucos, chegaram a entender a monstruosidade que haviam cometido e se suicidaram antes de serem julgados.

Muitos, conseguiram fazer fazer importantes carreiras médicas, como se nada houvesse ocorrido. Sua consciência não os molestou jamais. Um deles, Josef Mengele, fugiu para a Argentina e abriu um laboratório de análises clínicas, porque a Universidade de Munique invalidou seu diploma de médico. A justiça argentina se negou a extraditá-lo.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/19/losmed.htm
Texto(espanhol): Prof. Abraham Huberman
Tradução: Roberto Lucena

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