A quem estranhar de onde vem a questão ("Nazismo de direita ou esquerda"), com a expansão da internet no mundo(principalmente na segunda metade da década passada), com a sombra da derrocada da URSS (que caiu nos anos noventa, logo no começo) e o vácuo de poder e instabilidade que isso gerou, com a crise global do neoliberalismo (propagado principalmente pelos Estados Unidos desde sua ascensão como única superpotência, agora em crise interna e por conta da ascensão chinesa), grupos de extrema-direita (radicais) de cunho liberal passaram a disseminar na web a panfletagem de que o "nazismo é de esquerda". Um joguete retórico pra limpar a "mancha" da direita no século XX (principalmente a dos liberais) e a ligação (ou simpatia) da direita tradicional de vários países com os movimentos nazistas e fascistas (e ditaduras conservadoras nacionais), que são de direita. Alguém que está lendo este post não ouviu falar desta panfletagem antes? Vou colocar link da web em inglês com os termos pra verem como a coisa é bem difundida. Link:
nazism is leftist
Tem mais de uma combinação com esses termos, mas uma só basta (é só uma amostragem). Saiu há pouco um texto que menciona isso, também em cima da morte do Ernst Nolte (historiador alemão e de extrema-direita). A quem quiser ler (não foi possível traduzir, está em inglês), segue o link, só que não registrei a existência desse segundo blog aqui, depois comento sobre:
Ernst Nolte’s Revenge
Pois bem, eu já respondi o que penso na parte dos comentários (primeiro link do post), mas concordei que seria relevante fazer um post mostrando o que os historiadores da segunda guerra, nazismo etc descrevem/pensam sobre o que o nazismo é (o nazismo continua existindo com o neofascismo) ou "tenha sido" (o nazismo original), um movimento de extrema-direita (fascista).
Já havia pensado num post deste tipo antes mas... com a onda de extremismo da direita liberal "norte-americanoide" (que é hegemônica no país) que tomou conta do país (e isso desde aquelas malfadas marchas de 2013 (Tag: marchas de 2013), que pôs o país de ponta-cabeça), com direito a golpe de Estado e destruição da soberania do Brasil com um surto de vira-latice profunda (e burrice), bateu um desânimo se as pessoas neste país (a maioria) estão mesmo interessadas em aprender algo ou se só querem repetir idiotices (galhofas) que leem de "gurus" de internet ou youtubers pra encher o saco alheio ou tentar impor opinião sem embasamento algum, negando coisas ou distorcendo outras (ao gosto do "cliente").
Confesso que não tenho mais paciência pra discutir com esse tipo de perfil bitolado político que passou a achar que é detentor de uma certa "sabedoria" porque as "manadas" perderam a modéstia e enchem a "bola" desses caras, seguindo "gurus de internet", e de acharem que por gritar mais alto isso é suficiente pra terem algum tipo de "razão".
Independente destes fatos que mencionei acima, farei o post (ou posts), pois como os trechos são longos, acho que será melhor dividir os posts por historiadores (os de destaque) e trechos de seus livros mostrando o que descrevem ou pensam sobre o nazismo e dele ser de extrema-direita. Alguns desses livros foram lançados no país, mas, infelizmente, a "turba do urro" prefere ler ou ouvir astrólogos (gurus) e seus congêneres dizendo besteira na internet. Aqui vocês ficarão com o que historiadores de peso do nazismo pensam sobre a natureza do movimento e regime, a quem se interessar por "fantasias" e "devaneios" sobre segunda guerra, acho que há pilhas de site dessa natureza pela web pra vocês extravasarem essas touperices por lá, poupe-nos disso aqui.
Em um país normal eu acho que coisas como essa (o assunto do post) seriam encaradas como algo marginal (à margem) ou algo "excêntrico", uma vez que a imprensa de fora sempre cita grupos neonazis e neofascistas como extrema-direita e existe um entendimento melhor desses grupos, mas eu não estou em um país normal então não posso me dar ao luxo de ignorar o problema.
Saiu no país a trilogia sobre nazismo ou Terceiro Reich, do Richard J. Evans, e só no primeiro volume há várias passagens que mostra a posição ideológica do nazismo. Estou dizendo isso pois não dá pra copiar um livro inteiro e ainda tem mais dois volumes. Então, sem mais delongas, seguem alguns trechos do livro, primeiro volume.
Quem é Richard J. Evans, um dos mais prestigiados historiadores sobre nazismo da atualidade: professor régio de História na Universidade de Cambridge e presidente da Wolfson College, Cambridge.
Richard J. Evans - A Chegada do Terceiro Reich Vol. 1
___________________________________________________
pág. 17
A despeito de todas as impropriedades, a tentativa de entendimento de Meinecke levantou uma série de questões-chave que, conforme ele previu, continuaram a ocupar as pessoas desde então. Como uma nação avançada e altamente culta como a Alemanha pôde ceder à força brutal do nacional-socialismo tão rápida e facilmente? Por que houve tão pouca resistência séria à tomada nazista? Como pôde um partido insignificante da direita radical ascender ao poder com subitaneidade tão dramática? Por que tantos alemães fracassaram em perceber as consequências potencialmente desastrosas de ignorar a natureza violenta, racista e assassina do movimento nazista?18pág. 165
As respostas para essas questões variaram amplamente ao longo do tempo, entre historiadores e comentaristas de diferentes nacionalidades, e de uma posição política para outra.19 O nazismo foi apenas uma de uma série de ditaduras violentas e implacáveis estabelecidas na Europa na primeira metade do século XX, uma tendência tão disseminada que um historiador referiu-se à Europa dessa era como um “Continente Sombrio”.20 Isso, por sua vez, levanta questões sobre até que ponto o nazismo estava enraizado na história alemã, e até que ponto, por outro lado, foi produto do desenrolar de acontecimentos europeus mais amplos, e a extensão em que compartilhava características centrais de origem e domínio com outros regimes europeus da época. Tais considerações comparativas sugerem ser
Nessa situação, uma unidade em pânico do Exército Vermelho começou a cometer atos de represália contra os reféns aprisionados em uma escola local, o Ginásio Luitpold. Estes incluíam seis membros da Sociedade Thule, uma seita pangermânica e antissemita fundada perto do fim da guerra. Nomeada em homenagem ao suposto local da pureza “ariana” última, a Islândia (“Thule”), a seita usava o símbolo da suástica “ariana” para denotar suas prioridades raciais. Com raízes na “Ordem Germânica” pré-guerra, outra organização conspiratória de extrema direita, era dirigida pelo pretenso barão von Sebottendorf, que na realidade era um falsificador condenado, conhecido pela polícia como Adam Glauer.pág. 173
A sociedade incluía pessoas que viriam a ser proeminentes no Terceiro Reich.8 Sabia-se que Arco-Valley, o assassino de Kurt Eisner, havia tentado tornar-se membro da Sociedade Thule. Em um ato de vingança e desespero, os soldados do Exército Vermelho enfileiraram dez reféns, colocaram-nos diante de um pelotão de fuzilamento e os abateram. Entre os executados estavam o príncipe de Thurn e Taxis, a jovem condessa von Westarp e mais dois aristocratas, bem como um professor idoso que havia sido preso por fazer um comentário desfavorável sobre um cartaz revolucionário. Cinco prisioneiros capturados das Brigadas Livres invasoras completaram o grupo.
Os cursos que Hitler frequentou destinavam-se a arrancar quaisquer sentimentos socialistas remanescentes nas tropas regulares da Bavária e doutriná-las com as crenças da extrema direita. Entre os palestrantes estavam Karl Alexander von Müller, professor conservador de história de Munique, e Gottfried Feder, economista teórico pangermânico, que colocou um verniz antissemita na economia ao acusar os judeus de destruir o meio de vida de esforçados trabalhadores “arianos” usando o capital de forma improdutiva. Hitler assimilou as ideias desses homens tão prontamente que foi selecionado por seus superiores e enviado como instrutor em um curso semelhante em agosto de 1919. Ali, descobriu pela primeira vez o talento para falar a um grande público.pág. 178
Os comentários daqueles que assistiram às suas palestras referiram-se de forma admirada à sua paixão e comprometimento e à sua capacidade de se comunicar com homens simples, comuns. Também foi notada a veemência de seu antissemitismo. Em uma carta escrita em 16 de setembro, Hitler expôs suas crenças sobre os judeus. Em uma metáfora biológica do tipo a que iria recorrer em muitos discursos e textos subsequentes, escreveu que os judeus provocavam “a tuberculose racial dos povos”. Rejeitou o “antissemitismo com base puramente emocional” que levou aos pogroms em favor de um “antissemitismo da razão”, que devia almejar “o combate e a remoção legislativos planejados dos privilégios dos judeus”. “A meta final e inabalável deve ser a remoção dos judeus por completo.”23
No final de 1920, a ênfase inicial de Hitler no ataque ao capitalismo judaico havia se modificado para ter como alvo o “marxismo” ou, em outras palavras, social-democracia e também bolchevismo. As crueldades da guerra civil e o “terror vermelho” de Lênin na Rússia estavam causando impacto, e Hitler pôde usá-los para garantir ênfase às visões comuns da extrema direita sobre a suposta inspiração judaica por trás dos levantes revolucionários de 1918-19 em Munique. Entretanto, o nazismo também teria sido possível sem a ameaça comunista: o antibolchevismo de Hitler era produto de seu antissemitismo, e não o contrário.33 Seus principais alvos políticos permaneceram os social-democratas e o espectro mais vago do “capitalismo judaico”.pág. 182
Tomando emprestados os argumentos do repertório antissemita de antes da guerra, Hitler declarou em numerosos discursos que os judeus eram uma raça de parasitas que só podiam viver subvertendo outros povos, sobretudo a mais superior e melhor de todas as raças, a ariana. Assim sendo, eles dividiam e jogavam a raça ariana contra si mesma, por um lado organizando a exploração capitalista e por outro liderando a luta contra isso.34 Os judeus, disse ele em um discurso proferido a 6 de abril de 1920, deveriam “ser exterminados”; a 7 de agosto do mesmo ano, falou para a plateia que não deveria acreditar que “se possa lutar contra uma doença sem matar a causa, sem aniquilar o bacilo, nem pensar que se pode lutar contra uma tuberculose racial sem cuidar para que as pessoas fiquem livres da causa da tuberculose racial”. Aniquilação significava a remoção violenta dos judeus da Alemanha por quaisquer meios. A “solução para a questão judaica”, disse ele a seus ouvintes em abril de 1921, só poderia ser resolvida pela “força bruta”. “Sabemos”, disse Hitler em janeiro de 1923, “que, se eles chegarem ao poder, nossas cabeças vão rolar pelo chão; mas também sabemos que, quando pusermos nossas mãos no poder: ‘Que Deus então tenha piedade de vocês!’.”35
Àquela altura, esses homens e muitos mais como eles haviam se filiado ao Partido Nazista; o movimento novato tinha um programa oficial, composto por Hitler e Drexler com uma mãozinha do “economista racial” Gottfried Feder, e aprovado em 24 de fevereiro de 1920. Seus 25 pontos incluíam a exigência da “união de todos os alemães em uma Alemanha Maior”, a revogação dos tratados de paz de 1919, “terra e território (colônias) para alimentar nosso povo”, a prevenção de “imigração não germânica” e pena de morte para “criminosos comuns, agiotas, especuladores, etc.”. Os judeus deveriam ter os direitos civis negados e ser registrados como estrangeiros, e proibidos de possuir ou escrever em jornais alemães. Uma nota pseudossocialista era dada pela exigência da abolição de rendas indevidas, confisco de lucros de guerra, nacionalização dos cartéis empresariais e introdução da participação nos lucros. O programa concluía com a exigência da “criação de um poder estatal central forte para o Reich e a substituição efetiva dos parlamentos dos estados federados por corporações baseadas em estado e ocupação”.42 Era um documento de extrema direita típico da época. Na prática, não significava muita coisa, e, como o programa de Erfurt dos social-democratas de 1891, era com frequência desviado ou ignorado na luta política cotidiana, embora logo fosse declarado “inalterável”, para evitar que se tornasse um foco de dissensão interna.43págs. 188-189
O nazismo inicial, portanto, assim como a miríade de movimentos rivais da extrema direita nos anos imediatos do pós-guerra, inseria-se firmemente nesse contexto mais amplo do surgimento do fascismo europeu. Por um longo tempo, Hitler fitou Mussolini com admiração, como um exemplo a seguir. A “marcha sobre Roma” galvanizou os movimentos fascistas nascentes da Europa, assim como a marcha sobre Roma de Garibaldi e a subsequente unificação da Itália haviam galvanizado os movimentos nacionalistas da Europa cerca de sessenta anos antes. A maré da história parecia mover-se na direção de Hitler; os dias de democracia estavam contados. À medida que a situação na Alemanha começou a se deteriorar com rapidez crescente ao longo de 1922 e 1923, Hitler começou a pensar que poderia fazer na Alemanha o mesmo que Mussolini havia feito na Itália. Quando o governo alemão não cumpriu os pagamentos de reparação e tropas francesas ocuparam o Ruhr, os nacionalistas da Alemanha explodiram de raiva e humilhação. A perda de legitimidade da república foi incalculável; o governo tinha que ser visto fazendo algo para se opor à ocupação. Uma campanha disseminada de desobediência civil, encorajada pelo governo alemão, levou a represálias adicionais por parte dos franceses, com detenções, prisões e expulsões. Entre muitos exemplos de repressão francesa, os nacionalistas lembravam como um veterano de guerra e ferroviário foi posto na rua e deportado com a família por proferir um discurso pró-alemão em um memorial de guerra; outro homem, um professor, sofreu a mesma sina após fazer seus alunos darem as costas quando tropas francesas passaram marchando.57pág. 408
Gangues de estudantes raspavam a cabeça de mulheres que se acreditava que estivessem “vergonhosamente mantendo relações com os franceses”, ao passo que outros, de forma menos dramática, demonstravam seu patriotismo caminhando quilômetros até a escola em vez de viajar no trem operado pelos franceses. Alguns poucos trabalhadores tentaram de modo ativo sabotar a ocupação; um deles, Albert Leo Schlageter, um ex-soldado das Brigadas Livres, foi executado por suas atividades, e a direita nacionalista, guiada pelos nazistas, rapidamente agarrou o incidente como exemplo da brutalidade dos franceses e da fraqueza do governo de Berlim, transformando Schlageter em mártir nacionalista muito propagandeado nesse processo. A indústria foi paralisada, exacerbando ainda mais os já calamitosos problemas financeiros do país.58
Os nacionalistas tinham uma potente arma de propaganda na presença de tropas francesas coloniais negras entre as forças de ocupação. O racismo era endêmico em todas as sociedades europeias nos anos entreguerras, como também o era nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. De modo geral, os europeus supunham que pessoas de pele escura eram seres humanos inferiores, selvagens a quem o homem branco tinha a missão de domar. 59 O uso de tropas coloniais por britânicos e franceses durante a Primeira Guerra Mundial havia estimulado um certo volume de comentários desfavoráveis na Alemanha; mas foi a presença delas no território alemão em si, primeiro na parte ocupada da Renânia, e a seguir em 1923, durante a breve marcha francesa para o Ruhr, que realmente abriu as comportas para uma vívida propaganda racista. Muitos alemães que viviam na Renânia e no Sarre sentiram-se humilhados, conforme um deles mais tarde explicou, por “siameses, senegaleses e árabes se terem feito de donos de nossa terra natal”.60 Dentro em pouco, os cartunistas estavam atiçando emoções racistas e nacionalistas ao produzir desenhos grosseiros, semipornográficos, de soldados negros bestiais levando embora mulheres alemãs brancas e inocentes para um destino pior que a morte. Na direita, isso tornou-se um potente símbolo da humilhação nacional da Alemanha durante os anos de Weimar, e o mito do estupro em massa de mulheres alemãs por tropas coloniais francesas tornou-se tão poderoso que as poucas centenas de crianças de raça mista que se encontravam na Alemanha no início da década de 1930 eram quase universalmente consideradas fruto de tais incidentes. Na verdade, a esmagadora maioria delas na verdade parecia resultar de uniões consensuais, frequentemente entre colonizadores alemães e nativos africanos das colônias alemãs antes ou durante a guerra.61
Um golpe militar, como muitos temiam, poderia ter levado à resistência violenta dos nazistas, bem como dos comunistas. Restaurar a ordem teria causado um tremendo banho de sangue, levando talvez à guerra civil. O Exército estava tão ansioso quanto os nazistas para evitar isso. Ambos os lados sabiam que suas perspectivas de sucesso se tentassem agarrar o poder sozinhos eram dúbias, para dizer o mínimo. A lógica da cooperação era, portanto, virtualmente inevitável; a única questão era qual forma essa cooperação assumiria. Por toda a Europa, elites conservadoras, exércitos e movimentos de massa radicais fascistas ou populistas encaravam o mesmo dilema. Eles o resolveram de várias maneiras, dando vantagem para a força militar em alguns países, como Espanha, e para movimentos fascistas em outros, como Itália. Em muitos países, as democracias foram substituídas por ditaduras nas décadas de 1920 e 1930. O que aconteceu na Alemanha em 1933 não parece tão excepcional à luz do que já havia acontecido em países como Itália, Polônia, Letônia, Estônia, Lituânia, Hungria, Romênia, Bulgária, Portugal, Iugoslávia ou, na verdade de forma bastante diferente, na União Soviética. A democracia em breve também seria destruída em outros países, como Áustria e Espanha.Série: Nazismo de esquerda? Parte 2
Em tais países, violência política, tumultos e assassinatos haviam sido comuns em vários períodos desde o fim da Primeira Guerra Mundial; na Áustria, por exemplo, graves distúrbios em Viena haviam culminado no incêndio do Palácio da Justiça em 1927; na Iugoslávia, esquadrões da morte macedônios causavam devastação no mundo político; na Polônia, uma grande guerra com a União Soviética que nascia havia mutilado o sistema político e a economia e aberto caminho para a ditadura militar do general Pilsudski. Por toda parte, a direita autoritária também compartilhava da maioria das – se não de todas – crenças antissemitas e teorias conspiratórias que animavam os nazistas. O governo húngaro do marechal Miklós Horthy pouco devia à extrema direita alemã no ódio aos judeus, alimentado pela experiência do breve regime revolucionário liderado pelo judeu comunista Béla Kun em 1919. O regime militar polonês da década de 1930 viria a impor severas restrições à grande população judaica do país. Vistos no contexto da época, nem a violência política da década de 1920 e início da década de 1930, nem o colapso da democracia parlamentar, nem a destruição das liberdades civis teriam parecido particularmente incomuns a um observador desapaixonado. Tampouco tudo que aconteceu na sequência da história do Terceiro Reich tornou-se inevitável pela nomeação de Hitler como chanceler. Oportunidade e acaso viriam a desempenhar sua parte nisso também, como haviam desempenhado antes.121
Notas:
Do prefácio
18. Daí o catálogo de questões colocadas no início do clássico de Karl Dietrich Bracher Stufen der Machtergreifung, volume I de Karl Dietrich Bracher et al., Die nationalsozialistische Machtergreifung: Studien zur Errichtung des totalitären Herrschaftssystems in Deutschland 1933/34 (Frankfurt am Main, 1974 [1960]), p. 17-8.
19. Entre discussões muito boas da historiografia do nazismo e do Terceiro Reich, ver em especial o breve exame de Jane Caplan, “The Historiography of National Socialism”, em Michael Bentley (ed.), Companion to Historiography (Londres, 1997), p. 545-90; e o estudo mais longo de Ian Kershaw, The Nazi Dictatorship: Problems and Perspectives of
Interpretation (4ª ed., Londres, 2000 [1985]).
Parte 3 - A Ascensão do Nazismo
8. Large, Where Ghosts Walked, p. 70.
23. Hitler para Adolf Gemlich, 16 de setembro de 1919, em Eberhard Jäckel e Axel Kuhn (eds.), Hitler: Sämtliche Aufzeichnungen 1905-1924 (Stuttgart, 1980), p. 88-90; Ernst Deuerlein, “Hitlers Eintritt in die Politik und die Reichswehr”, VfZ 7 (1959), p. 203-5.
33. Ernst Nolte, Three Faces of Fascism: Action Française, Italian Fascism, National Socialism (Nova York, 1969 [1963]), e depois, de forma diferente e mais controversa, Der europäische Bürgerkrieg 1917-1945: Nationalsozialismus und Bolschewismus (Frankfurt am Main, 1987), argumentaram em favor da primazia do antibolchevismo.
34. Hitler, Mein Kampf, p. 289.
35. Tudo citado em Longerich, Der ungeschriebene Befehl, p. 32-4.
42. Citando Deuerlein (ed.), Der Aufstieg, p. 108-12.
43. Dietrich Orlow, The History of the Nazi Party, I: 1919-1933 (Newton Abbot, 1971 [1969]), p. 11-37.
57. AT 567, 199, em Merkl, Political Violence, p. 196-7.
58. AT 206, 379, ibid.; para um ângulo incomum do caso Schlageter, ver Karl Radek, “Leo Schlageter: The Wanderer in the Void”, em Kaes et al. (eds.), The Weimar Republic Sourcebook, p. 312-4 (originalmente “Leo Schlageter: Der Wanderer ins Nichts”, Die Rote Fahne, p. 144, 26 de junho de 1923). Para um relato detalhado da “resistência passiva”,
sublinhando suas raízes populares, ver Fischer, The Ruhr Crisis, p. 84-181; para o passado de Schlageter nas Brigadas Livres, Waite, Vanguard, p. 235-8; para o movimento de sabotagem organizado nos bastidores pelo Exército alemão, Gerd Krüger, “‘Ein Fanal des Widerstandes im Ruhrgebiet’: Das ‘Unternehmen Wesel’ in der Osternacht des Jahres 1923. Hingergründe eines angeblichen ‘Husarenstreiches’”, Mitteilungsblatt des Instituts für soziale Bewegungen, 4 (2000), p. 95-140.
59. Sander L. Gilman, On Blackness without Blacks: Essays on the Image of the Black in Germany (Boston, 1982).
60. AT 183, em Merkl, Political Violence, p. 193.
61. Gisela Lebeltzer, “Der ‘Schwarze Schmach’: Vorurteile – Propaganda – Mythos”, Geschichte und Gesellschaft, 11 (1985), p. 37-58; Keith Nelson, “‘The Black Horror on the Rhine’: Race as a Factor in Post-World War I Diplomacy”, Journal of Modern History, 42 (1970), p. 606-27; Sally Marks, “Black Watch on the Rhine: A Study in Propaganda,
Prejudice and Prurience”, European Studies Review, 13 (1983), p. 297-334. Para seu eventual destino, ver Reiner Pommerin, “Sterilisierung der Rheinlandbastarde”: Das Schicksal einer farbigen deutschen Minderheit 1918-1937 (Düsseldorf, 1979).
Parte 6 – A REVOLUÇÃO CULTURAL DE HITLER
121. Volker Rittberger (ed.), 1933: Wie die Republik der Diktatur erlag (Stuttgart, 1983), esp. p. 217-21; Martin Blinkhorn, Fascists and Conservatives: The Radical Right and the Establishment in Twentieth-Century Europe (Londres, 1990); idem, Fascism and the Right in Europe 1919-1945 (Londres, 2000); Payne, A History of Fascism, p. 14-9.
|***| Nazismo de esquerda? (Richard J. Evans) O que os Historiadores nos dizem sobre o Nazismo SER de (extrema) Direita - Parte 02
2 comentários:
Milagre os olavetes não terem invadido o post.
Sobre o blog, vocês fazem um trabalho excelente contra a New Wave extrememista, vocês o professor Bertone!
"Milagre os olavetes não terem invadido o post."
Por enquanto, rs, se bem que eles costumam mesmo manter certa distância de posts com muitas fontes, pois fica difícil eles virem malhar com aquele besteirol panfletário deles batido, que não encontra respaldo de gente de peso alguma (como o Richard Evans). Mas não duvido que cedo ou tarde alguns deles cismem e venham encher o saco, geralmente quando o post fica "velho", porque sai do raio de visão inicial do blog.
Já teve post antigo que as olavetes vieram e acaba como sempre, com o a "educação" peculiar deles chiando e atacando. A procissão de como eles tentam negar o caráter de direita do nazismo é que intriga, que diferença isso faz de fato pra direita, vide que na Europa isso não se prolifera (existem os fascistas, conservadores, liberais etc), ou vai ver se sentem tão parecidos com os nazis que tentam negar o termo pois o termo carrega um peso difícil de segurar.
A estratégia inicial dessa negação do nazismo como parte da direita é mais marota (embora frágil, tanto que fora do país muitos já desencanaram disso pra não ficarem com a pecha de mentirosos), é uma forma de demonização da esquerda que surgiu nos EUA, com os bandos "libertários" (extrema-direita liberal) de lá, mesmo eles sabendo que a panfletagem é falsa, mas surte certo efeito político num país como nosso.
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