segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Mundo Maluco de Walter Sanning - Parte 1

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
Uma maneira de saber a diferença entre um acadêmico e um “negador do Holocausto” é analisar a forma como estes selecionam e tratam as suas fontes. Um pesquisador que propositadamente limita o seu leque de fontes, que não faz qualquer tentativa para verificar a sua veracidade, e exerce uma falta de julgamento crítico, não iria receber passe na primeira base se tivesse que apresentar os seus trabalhos de revisão aos pares da comunidade acadêmica. Ele seria então, um não-acadêmico, ou mesmo, por assim dizer, um anti-acadêmico. É nossa afirmação de que todos os negadores do Holocausto rotineiramente cometem esses pecados de anti-academia. Além disso, estes anti-acadêmicos também são propensos a mentir e enganar para encobrir a sua ordinária utilização de fontes.

Para ilustrar este ponto, juntamos seis partes do estudo dos métodos utilizados pelo negador do Holocausto Walter Sanning em seu livro A Dissolução dos judeus do Leste Europeu. Nesta primeira parte, discutimos a alegação feita por Sanning (p.33), que número de judeus na Polônia, no final do mês de Setembro de 1939 foi de 2.633.000, uma redução de cerca de 500.000 referentes ao censo de 1931 que era a cifra de 3.113.933. Um estudo de suas fontes e argumentos revela um certo número de omissões deliberadas, distorções e interpretações maldosas dos dados.

Em primeiro lugar, para justificar a sua escolha de fontes, Sanning (p.44) faz uma falsa alegação sobre os dados dos nazistas de população ao afirmar que "os seus números não foram baseadas em um censo, nem mesmo em estimativas". Esta é uma flagrante mentira, porque, Sanning deveria saber que cada gueto judeu na Polônia foi forçado a efetuar um censo. Esta era uma ordem de Heydrich de 21 de setembro, 1939:

(3) Os Conselhos Judaicos foram improvisados para assumir um censo dos judeus em suas áreas locais - separados por sexo, se possível (faixas etárias): a) até 16 anos de idade, b), de 16 a 20 anos de idade, e c)superior [a 20 anos], assim como os principais grupos ocupação devem relatar os resultados no menor espaço de tempo possível.


Sanning contradiz sua própria mentira quando ele discute os valores demográficos nazistas para cidades soviéticas(p.74). Subitamente, nós descobrimos que:

As autoridades alemãs começaram a dar início à contagem detalhada do restante da população. Obviamente, os invasores alemães tinham de obter algumas informações sobre o estoque disponível da população ativa.


No capítulo soviético de Sanning, portanto, a classificação de hipocrisia, pende sobre demografia nazista que ele ignora, no capítulo polonês. Esta desonetidade flagrante é condenável porque ele revela sua verdadeira motivação: evasão e ofuscação do verdadeiro dado histórico.

Em segundo lugar, Sanning afirma que o crescimento natural da população judaica (nascimentos mais mortes), entre 1931 e 1939 foi de apenas 0,2% ao ano. Este valor é refutado por um estudo do Governo polonês, publicado originalmente em 1936, o que é familiar para qualquer demógrafo da Polônia: "A Precisão do Registro de Nascimentos e Óbitos" (Estatísticas, Série C. Pág. 41). Uma equipe de demógrafos examinou registros rabínicos que remontam a 1927 e verificaram que o número de nascimentos da população judaica na Polônia era, pelo menos, 50% maior do que o indicado nas tabelas oficiais de nascimento. Joseph Marcus em The Social and Political History of the Jews in Poland, 1919-1939 (1983, p.173) discute estes dados em profundidade e conclui que a taxa de crescimento natural foi de 1,32% ao ano entre 1931-1935 e 1,29% por ano entre 1936-1938. Sanning (p.26-27) afirma que, em 1931, houve mais de 40.000 mortos e 52.305 nascimentos, mas os dados poloneses indicam uma taxa de natalidade de 2,7% (84.076), e a taxa de mortalidade em 1,38% (42.972). Por isso que Sanning não entende o crescimento natural de 30.000 por ano.

Em terceiro lugar, Sanning imprime um gráfico (p.28) mostrando que, a partir de 1931, o percentual de judeus para não-judeus foi caindo em proporção com o aumento da idade, ou seja, houve proporcionalmente muito mais velhos do que os judeus mais jovens na população total. Ele alega que isso prova que a taxa de natalidade judaica foi bem menor do que para os não-judeus. No entanto, Sanning não menciona a explicação óbvia desses dados, a saber que, como ele próprio observa (p.30), 294.139 judeus emigraram entre os censos de 1921 e 1931, e a maioria destes jovens eram crianças de família.

Em quarto lugar, Sanning alega que 100.000 judeus deixaram a Polônia anualmente a partir de 1933. Conforme Roberto Muehlemkamp demonstrou, Sanning obteve este valor à partir de um artigo de Hermann Graml que teve por base o pressuposto de que o documento imperfeito de sua fonte refere-se à emigração da Polônia quando ele realmente se refere à emigração de toda o Leste Europeu, incluindo a URSS, e não apenas a Polônia. Sanning não faz qualquer tentativa para verificar a fonte de Graml. O “bumbling demographer" faz um erro semelhante ao discutir a emigração de judeus poloneses para os E.U.A.. Sanning (p.31) cria um fato ao afirmar que:

Dos 4,3 milhões de judeus na área geográfica que envolve a Polônia, os Países Bálticos, Romênia e Checoslováquia antes da guerra, cerca de dois terços viveu na Polônia. Portanto, o maior contingente de imigrantes judaicos para a América do Norte entre 1933 e 1943 devem ter chegado a partir desse país.


O grande absurdo dessa posição pode ser demonstrado pela análise do American Jewish Yearbook à partir deste período. Por exemplo, o Anuário de 1937-38 (p.765, Quadro XVII) enumera todos os imigrantes judaicos que entraram nos E.U.A. por país de última residência. O total de todos os países até 30 de Junho de 1936 é 6.252. O número destes, provenientes da Polônia fica em apenas 528. Sanning exibe mais ignorância sobre os Estados Unidos quando se trata especificamente deste país no Capítulo 7, pp. 160-166. Sanning cita um artigo do American Jewish Yearbook (1976, Vol. 77, p.268), em sua alegação ele mostra que a população judaica dos E.U.A. passou de 4.228.029 em 1927 para 4.770.000 em 1937. Sanning argumenta que o aumento destes números não podem ser explicados pelo aumento natural, mas só pode ser devido à imigração clandestina. Se Sanning tivesse consultado a fonte original dos números de 1937(1940-41 Yearbook, p.215-256), ele teria descoberto dois fatos que derrubariam sua suposição. Em primeiro lugar, o autor, H.S. Binfield do U.S. Census Bureau, explicitamente diz, que o crescimento não se deveu a imigração. Em segundo lugar, os dados foram coletados a partir de um censo de órgãos religiosos, ou seja, os números eram auto-reportados pelos judeus. Portanto, é absurda a alegação de que estes judeus entraram nos E.U.A. ilegalmente, com a volta do recenseamento, assim eles iriam se auto-incriminar. A população não iria se revelar como clandestina em um inquérito do governo. A falta de conhecimentos báscicos de Sanning é mais exposta quando ele discute a possibilidade de emigração judaica da Polônia para a França. Ele assume (p.31), que os judeus chegaram na França provenientes da Alemanha ou dos "países do Leste e Sudeste da Alemanha". Ele então diminui este domínio para um país: Polónia! Qualquer pessoa com conhecimento da história judaica francesa saberia que a França tinha um império no Norte de África, que existiam muitos judeus, e estes foram autorizados a entrar livremente França. A França também teve uma forte reputação, antes de 1939, para a imigração judaica da Turquia, Grécia e Iugoslávia, devido ao seu papel histórico como um receptor de refugiados judeus que fugiam do Império Otomano, um papel que continuou depois do período otomano até a década de 30.

Além desta ignorância, a tese de Sanning contém contradições flagrantes. Sua alegação de que houve uma elevada emigração clandestina da Polônia no período de 1918-1939 contradiz sua alegação de que o crescimento natural da população judaica foi muito baixo. Se o ápice da emigração clandestina ocorreu durante os anos 20, não teria necessidade de ser extraordinariamente elevado o excedente de nascimentos mais as mortes entre 1921 e 1931 para substituir a partida da população, caso contrário, a população judaica teria nivelado entre os censos de 1921 e 1931, em vez de realmente aumentar.

No entanto, eu me limito a acusar Sanning de ignorância e de hipocrisia afim de esquecer seus gritantes exemplos de desonestidade flagrante. Vimos acima que Sanning mentiu sobre os dados populacionais nazistas e discutiu sobre os dados de nascimentos e mortes dos judeus poloneses sem fazer qualquer menção ao estudo do governo polonês de 1936, que constitui a pedra angular de toda a demografia acadêmica do período.
Esta desonestidade aparece novamente em sua discussão sobre os E.U.A., quando Sanning cita a alegação do Secretário de Estado Adjunto dos EUA, Breckenridge Long, feita em 1943, de que os E.U. tinham admitido 580.000 refugiados nos dez anos anteriores. Sanning omite citar um fato que ele deve ter conhecimento: pouco depois do depoimento de Long, o congressista Emanuel Celler demonstrou que a citação foi enganosa, porque o número de 580.000 foi a quota máxima limite de imigrantes (e não apenas refugiados), e não o número de refugiados que foram concedidos vistos.

Mais uma vez, portanto, concluímos que Sanning elaborou uma peça de trabalho enganosa e fraudulenta.

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