sábado, 12 de abril de 2008

"Revisionismo": a "ciência" da negação, a negação da ciência

Técnicas de negação do Holocausto
Autor: Mike Stein

Nos últimos anos, os negadores do Holocausto tem se empenhado a recorrer a argumentos "científicos" para "provar" que o regime nazi não pode sar câmaras de gás para levar a cabo um programa de extermínio contra os judeus e os ciganos. Os "Relatórios Leuchter e Rudolf" intencionaram provar que não havia suficientes resíduos de cianeto de hidrogênio nas câmaras de gás de Auschwitz como para demostrar que não se havia realizado gaseamentos massivos. Friedrich Paul Berg, em seu documento "As Câmaras de Gás de Motor Diesel: Um Mito dentro de um Mito", afirma que é capaz de demostrar que é improvável no melhor dos casos e impossível, no pior, usar os escapes de um motor diesel para matar pessoas na maneira e no tempo descritos por testimunhas oculares nas câmaras de gás de Belzec e Treblinka. Ambos documentos citam experimentos, análises de laboratorio, compostos químicos, etc. Igual que em qualquer documento científico objetivo - ou ao menos isso é o que os autores nos querem fazer crer.

O perigo deste novo planteamento negador é que poucar pessoas têm os conhecimentos técnicos necessários para analisar os documentos e descobrir suas falsidades. Demasiada gente examina os argumentos, vê a palavra "ciência" e imediatamente se perde. Consideram que se é "científico", deve estar certo. Esta negação do Holocausto obtem assim credibilidade "cientítica".

Por desgraça, há uma diferença entre a "ciência" negadora e a verdadeira ciência. O princípio fundamental da verdadeira ciência é este: "qualquer teoria há de ter em conta todos os fatos observáveis relevantes. Quer dizer, a teoria há de ajustar-se aos fatos; um verdadeiro cientista nunca nega os fatos simplesmente porque não se ajustam a sua teoria. O método de trabalho de um cientista honesto é em primeiro lugar realizar observações, e só depois elaborar uma teoria que explique o que foi visto. Se em algum momento os fatos contradizem a teoria, esta é descartada como falsa, e se elabora uma nova.

Os negadores do Holocausto invertem este processo. Em primeiro lugar, decidem como querem que sejam os "fatos", em lugar de recorrer a testemunhas oculares e a provas físicas e documentais. Elaboram teorias para "provar" que os fatos "autênticos" são como eles querem que sejam. Assim, todos os documentos verdadeiros são falsificações ou expressam algo distinto do que parecem dizer, e as testemunhas de fatos que contradigam suas teorias são uns mentirosos, ou se equivocam, ou estão loucos, ou são vítimas de algum tipo de coação que provocou que dessem falso testemunho.

Há outras maneirs de distinguir a ciência autêntica da charlatanice. Os verdadeiros cientistas são cautos. Buscam possíveis explicações alternativas. Buscam possíveis fontes de erros. Explicam todas as limitações e todos os problemas que tenham suas teorias. Procuram evitar fazer suposições, e sem têm que fazê-las, explicam-nas e as justificam abertamente. Todas as conclusões tem por base em fatos e em teorias corretamente estabelecidas, não em especulações e suposições sem demonstrações.

Quando se examina a "ciência" negadora, se descobre que se rompem todas estas regras. Fred Leuchter simplesmente supôs que para matar persoa havia sido usada a mesma a mesma quantidade de cianeto de hidrogênio que havia sido usada para matar piolhos. Isto é falso; Há de se usar muito mais cianeto de hidrogênio para matar piolhos, e há de estar expostos a ele muito mais tempo. Também parece que supôs que os gaseamentos tinham lugar com muito mais freqüência que de fato, ao ter considerado condições anormais no momento frio das deportações da Hungria como as típicas durante todo o tempo em que esteve aberto o campo de Birkenau.

Leuchter também supôs que dado que nos lugares onde se havia efetuado despiolhamentos aparecem manchas azuis(ao aparecer pela presença de compostos cianídricos como o azul da Prússia), nas câmaras de gás deveriam ter aparecido as mesmas manchas. Na realidade, o processo de formação do azul da Prússia a partir da exposição ao cianeto de hidrogênio não é ainda de todo conhecido. A taxa de formação, se é que chega a se formar, pode variar consideravelmente baixo diferentes circunstâncias.

Friedrich Berg argumentou que é muito difícil fazer que um motor diesel gere suficiente monóxido de carbono para matar alguém em meia hora, como declararam diversas testemunhas em Treblinka. Na verdade, está nisto certo - a primeira causa de morete foi provavelmente a asfixia(quer dizer, a simples falta de oxigênio). Sem embargo, Berg rompeu todas as regras. Em primeiro lugar, ignorou os testemunhos explícitos de testemunhas que afirmam que as vítimas morreram asfixiadas. Em segundo lugar, não examinou cuidadosamente outras circunstâncias distintas das que se havia falado sobre Treblinka nas que os escapes de un motor diesel podiam matar pessoas. Fechou os olhos para não perguntar-se a si os efeitos combinados de uma baixa concentração de oxigênio, uma alta concentração de dióxido de carbono, uma concentração média de monóxido de carbono, altos níveis de óxidos de nitrogênio e a aglomeração numa sala muito pequena podiam matar as pessoas presentes na sala ainda que quiça(possibilidade)não houvesse podido matá-las se houvessem entrado na câmara um por um.

Contam uma história, quiça apócrifa, segundo a qual alguém, utilizando a teoria de aerodinâmica, "provou" que os zangões não podiam voar. Sem embargo, os zangões, sem deixar-se impressionar por este triunfo da ciência, se negam a caminhar de flor em flor e seguem voando como eles tem feito sempre.

"Os "cientistas" negadores do Holocausto estão na mesma posição: tratam de provar que os fatos não são fatos. Em todos os sentidos, a "ciência" empregada ao serviço da negação do Holocausto é, na realidade, a negação de todos e cada um dos princípios do método científico - uma total negação da ciência em si mesma.

Fonte:
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/denial-of-science-sp.html
Tradução: Roberto Lucena

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