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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Liepaja - Holocausto na Letônia

O assassinato de judeus de Liepaja, Letônia, foi documentado em numerosas fontes. As SS e o Chefe de Polícia Emil Dietrich registrram a maioria deles em seu diário (ver nota de rodapé 40 aqui). Dietrich foi enforcado por um tribunal militar dos EUA na prisão de Landsberg-am-Lech em 22 de outubro de 1948. Entre 15 e 17 de dezembro de 1941, três esquadrões alemães e letões assassinaram 2749 judeus, principalmente mulheres e crianças, nas dunas de Skede, próximo à Liepaja. Os eventos foram registradas nestas infames fotografias por Carl-Emil Strott, que foi condenado e setenciado no julgamento de Grauel e outros em Hanôver em 1971. Mais das fotografias de Strott podem ser achadas nesta discussão.

Além disso, se não fosse o fato de que os negadores são estúpidos o suficiente para espernear sobre 'julgamento espetáculo' e 'forjado', os assassinatos em Liepaja foram demonstrados por pesquisas demográficas de Anders e Dubrovskis, que examinaram o censo nazista de 30 de agosto de 1941 nos arquivos do Estado letão, e compararam-no com outras fontes demográficas como as do censo soviético de fevereiro de 1935, do Salão de Nomes no Yad Vashem, da lista de deportados para o interior soviético, do julgamento de Grauel, dos registros residenciais, da lista de "Coleção de Metais", dos relatórios das Schutzpolizei, registrados do campo em Stutthof, e da 'Comissão Extraordinária para Investigação de Crimes Fascistas' soviética.

Sua pesquisa é outro cravo na tumba da reputação do fraudulento 'demógrafo' Walter Sanning. Como eu apontei neste mesmo blog, Sanning desonestamente pretendia que estimativas demográficas nazistas de janeiro de 1943 se referissem a dados da população soviética como se fossem de junho de 1941. Este enabled him para afirmar que a maioria dos judeus tinha ou fugido ou sido deportados para o interior soviético como parte da política de 'scorched earth' de Stalin. Anders e Dubrovskis demonstram que apenas 209 judeus de Liepaja(de uma população judaica de 7140) foram deportados e um máximo de 300 fugiram.

Liepaja aqui nos dá uma extrema demonstração da bancarrota da negação do Holocausto. Para negar que os nazis deliberadamente assassinaram mulheres e crianças de Liepaja, negadores tem que ignorar a existência de um diário escrito a mão pelas SS e o Chefe de Polícia, fotografias tiradas por um perpetrador que fora julgado numa corte da Alemanha Ocidental, um censo que os nazis levaram a cabo dois meses após invadirem a Letônia, e os dados residenciais coletados pelos nazistas em 1942, mostrando que muitas das pessoas nos mais recentes censos foram assassinadas. Tal negação só pode ser uma deliberada cegueira em relação a evidência do genocídio.

Nota de rodapé: meu obrigado a KentFord9 no fórum RODOH por desenhar minha observação aos dados demográficos.

Fonte: Holocaust Controversies
Por Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/04/liepaja.html
Tradução(português): Roberto Lucena

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O Mundo Maluco de Walter Sanning – Parte 9

Traduzido por Leo Gott à partir do link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/11/crazy-world-of-walter-sanning-part-9.html


Abaixo estão mais dois casos de manipulação e distorção flagrante para a conta de Walter Sanning.

Primeiramente, Sanning afirma (p.103) que um jornalista judeu-canadense de nome Arthur Raymond Davies, que freqüentou uma reunião da Comissão Judaica Anti-Fascista no outono de 1944, durante a qual o secretário Schachne Epstein, “relatou a evacuação de 3,5 milhões de judeus nos territórios ocupados pela Alemanha". O forista do RODOH (Warheitseeker [“revisionista”]) localizou a passagem no livro de Davies e gentilmente postou-o aqui. Isto é o que realmente Davies escreveu:

Ele agradeceu pelos judeus do mundo a ajuda do povo soviético. Ele recebeu os judeus da Polônia. Ele revelou que os alemães haviam assassinado cerca de cinco milhões de judeus e que a União Soviética tinha conseguido salvar 3,5 milhões.

Então, o que faz Sanning adicionar ou omitir? Em primeiro lugar, Epstein não mencionou evacuação; Sanning infere sem falar aos seus leitores que ele está desenhando uma inferência, em vez de um reporte direto do discurso. Isto em si é desonesto. Em segundo lugar, Epstein não especifica que os judeus "salvos" nunca tinham vivido nos territórios ocupados pela Alemanha. Epstein simplesmente diz que, bloqueando o avanço alemão, a URSS tinha salvado judeus em áreas desocupadas, tanto na URSS quanto no resto do mundo.

Em terceiro lugar, Sanning omite a mais óbvia refutação da sua interpretação: o assassinato de 5 milhões de vítimas judaicas. Claramente, muitas dessas vítimas deveriam estar vivendo nas áreas em que Sanning alega que foram evacuados. Além disso, toda a alegação de Sanning se embasa nas 5 milhões de vítimas, portanto, é uma desonestidade descarada usar uma fonte que, na verdade, refere-se a eles na mesma frase como "3,5 milhões" de judeus salvos, onde Sanning usa uma “Garimpagem de Citações”.

A segunda distorção de Sanning ocorre na p.112, onde ele consulta a proporção sexual de judeus soviéticos:


Com base na distribuição etária dos judeus na RSFSR, 705.290 de 2.267.814 de judeus registrados na União Soviética (1959) pertenciam à faixa etária de "0-28 anos", que no final da Segunda Guerra Mundial não tinha sido nem nascidos ou ainda eram muito jovens para o serviço militar; a estrutura sexual deveria ter sido mais ou menos equilibrada. A composição de masculino/feminino entre os maiores de 29 anos foi 677.984 e 884.540, respectivamente. [...]


Sanning, portanto, absurdamente tomou o perfil etário para a República Soviética, o RSFSR, que sofreram proporcionalmente muito menos óbitos no Holocausto do que nas repúblicas ocidentais, e usou-a para uma projeção sobre toda a população soviética, o que ele tem, então, usado como "provas" de que o Holocausto não ocorreu na área ocidental da URSS! Isso por si só já o desqualifica como um demógrafo honesto.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

O Mundo maluco de Walter Sanning (Parte 8)


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/08/crazy-world-of-walter-sanning-part-8.html

Neste último capítulo da minha série sobre [Walter]Sanning, eu investiguei sua alegação relativa à população judaica da Bessarábia, na qual ele novamente exibe uma recusa deliberada de consultar fontes primárias para refutar as teses.

Em The Dissolution of Eastern European Jewry, pags.91-92, Sanning afirma que:

A contagem [censo] dos romenos de 16 de Agosto de 1941 [mostra que]aproximadamente 200.000 judeus da Bessarábia tinham se retirado para a URSS e não 6.882.
Esta afirmação é contradita por inúmeras fontes que foram publicadas, tempos atrás como em 1946-48, em três volumes por Matatias Carp, cujas conclusões são resumidas aqui e por Raul Hilberg em The Destruction of the European Jews, 3rd edition, págs.808-852. Estas mostram que foi realizado um censo pelos militares romenos em 1 de setembro de 1941, que apurou que 72.625 judeus estavam na Bessarábia. Além disso, os romenos ocupantes assassinaram os judeus, ao dirigirem ao longo da fronteira da Ucrânia ocupada pelos alemães desde o início de julho. Por exemplo o Operational Situation Report 67 reportou que:


O romenos tinham conduzido milhares de pessoas inaptas para trabalho, como inválidos e crianças, da Bessarábia e Bucovina na esfera alemã. Nos arredores de Svanzia-Mogilev-Podoiski-Yampol, um total de aproximadamente 27.500 judeus foram conduzidos de volta ao território romeno, e 1.265, em sua maioria, mais novos, foram fuzilados.

Este relatório é corroborado por outros documentos alemães, debatidos aqui por Angrick. Assim, mesmo se, como alega Sanning, um recenseamento realizou-se em 16 de agosto de 1941 (apenas duas semanas antes de um documento!), o déficit entre o censo e a contagem de setembro poderia ser explicado pelo retorno dos judeus do outro lado da fronteira.

Sanning deve, naturalmente, ter verificado essas fontes, e foi novamente desonesto em não citar. Além disso, ele deveria ter tomado conhecimento que muito mais do que 6.882 judeus foram deportados da Bessarábia para a Transnístria após agosto 1941. O número verdadeiro foi novamente documentado por Carp (ver pág.18 deste link), já admitido por Vasilui antes de 1943:

Com base em dados agora em nossa posse, o número de evacuados em 1941 foi o seguinte:

Da Bessarábia: 55.867
De Bucovina: 43.798
Da cidade
de Dorohoi Co.: 10.368
Total: 110.033

A grande maioria destes judeus morreram na Transnístria antes dela ser libertada em 1944. Sanning poderia ter sido mais claro para com seus leitores de que estas mortes não aconteceram.

O Mundo Maluco de Walter Sanning (Parte 7)

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/07/crazy-world-of-walter-sanning-part-7.html


A minha série sobre o “Negador do Holocausto” que está desaparecido Walter Sanning, continua aqui em um divertido postscript fornecido em seu artigo Scorched Earth Warfare.

Sanning alega que os soviéticos foram "beneficiários de uma incrivelmente generosa assistência à reconstrução" a partir dos nazistas, e que "a alegada brutalidade da sistemática alemã na Rússia é simples exposto da propaganda soviética". Esta alegação conforme demonstrada foi baseada em uma recusa deliberada dele em ler a literatura primária sobre a política de alimentação nazista. Por exemplo, Roberto [Muehlenkamp] traduziu e transcreveu parcialmente dois documentos-chave neste tópico no RODOH, mostrando que existia um “plano de fome” antes da Barbarossa, Roberto [Muehlenkamp] resume esta evidência aqui.

Roberto também revelou uma carta de Rosenberg para Keitel relativo aos maus tratos de POW da URSS (Documento de Nuremberg 081-PS).

Este contém a admissão da tentativa dos cidadãos soviéticos de fornecer comida para os prisioneiros de guerra, mas foram impedidos à força de fazer:

De qualquer forma, com uma certa dose de compreensão para os objetivos que visam a política alemã, poderiam ter evitado a morte e a deterioração, na medida descrita. Por exemplo, de acordo com as informações em mãos, a população nativa no seio da União Soviética está absolutamente disposta a colocar alimentos à disposição dos prisioneiros de guerra. Vários comandantes de campo compreendem que esta escolha teria êxito. No entanto, na maioria dos casos, os comandantes de campo estão proibindo a população civil de pôr comida à disposição dos reclusos, e eles estão deixando-os com fome para que morram. Até mesmo na marcha para os campos, a população civil não foi autorizado a dar alimentos aos prisioneiros de guerra. Em muitos casos, os prisioneiros de guerra, quando já não podia manter-se na marcha por causa da fome e da exaustão, foram fuzilados diante dos olhos horrorizados da população civil, e os cadáveres ali foram deixados.


Roberto[Muehlemkamp] também fez uma compilação das fontes sobre [O cerco de]Leningrado tornando claro que a intenção dos nazistas eram “matar a cidade” de fome.

Finalmente, além das excelentes fontes de Roberto, também podemos apontar para uma passagem do discurso de Himmler em Posen onde ele não deixa qualquer dúvida sobre a política nazista:

O que acontece com um russo, com um checo, não me interessa nem um pouco. O que as nações podem oferecer em matéria de bom sangue para o nosso modelo, vamos levar, se necessário sequestramos seus filhos e para recrutá-los conosco. Se as nações vivem em prosperidade ou estão morrendo de fome, me interessa apenas na medida em que precisamos deles como escravos para a nossa cultura: caso contrário, não tenho interesse algum.
Se uma mulher russa cair de esgotamento enquanto cava uma vala anti-tanque me interessa apenas na medida em que termine as valas anti-tanque para a Alemanha (Documento de Nuremberg 1919-PS)

terça-feira, 15 de abril de 2008

O Mundo Maluco de Walter Sanning - Parte 6

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2007/10/crazy-world-of-walter-sanning-part-6.html
Nas últimas cinco partes desta série, fizemos as exposição da utilização fraudulenta de fontes por Sanning. Esta sexta parte examina a convergência das evidências dos arquivos soviéticos e poloneses que nos permite afirmar, além de uma dúvida razoável, que o número de judeus poloneses deportados para o interior Soviética entre 1940-41 foi inferior a 100.000. A primeira fonte do arquivo de dados é Aleksander Gurjanov, que teve acesso aos registros de deportação soviéticos em GARF e suas conclusões publicadas em Cztery deportacje 1940-1941 (Quatro deportações 1940-1941), KARTA, 12, 1994, pp. 114-136; disponível on-line aqui. Gurjanov conclui que aproximadamente 315.000 pessoas foram deportadas, em quatro conjuntos de deportações, sobre os transportes os temos aqui, listados em Inglês. Os dados de Gurjanov nos permitem estimar o número máximo de deportados que estavam refugiados na Polônia Ocidental. A deportação direcionada dos refugiados judeus teve lugar em Junho-Julho de 1940; a ação de transporte totalizou 75.267 deportados, nem todos eles eram judeus.

Gurjanov refuta os dados de Sanning, não apenas para o conjunto total de deportados, mas também individualmente por cidades. Sanning (p.41-42) afirma que 50.000 refugiados judeus foram deportados de Lvov, e entre 50.000-60.000 de Bialystok, mas os dados de Gurjanov mostram apenas 26.798 deportados no total de Lvov e 9.551 no total de Bialystok.

Os dados de Gurjanov convergem estreitamente com a segunda fonte: os arquivos do NKVD relativos aos campos da URSS. Sergey Romanov encontrou uma excelente discussão desses arquivos em Mordechai Altshuler's Soviet Jewry on the Eve of the Holocaust (1998: p. 325-326). Este citado relatório da NKVD, datado de 1 Abril 1941, mostra que o número de deportados da Polônia Ocidental e os refugiados (bezhentsy) que estavam nos campos sob controle da NKVD nessa data eram 76.068, dos quais 64.533 eram judeus. Altschuler conclui que estes dados, quando ajustados para nascimentos e mortes, correspondem aos transportes dos meses de Junho-Julho de 1940.

Outros desclassificados, e anteriormente 'top secret'(ultra confidencial)documentos soviéticos também corroboram o número de deportados. Esta fonte afirma que, em 13 de Janeiro de 1943, 215.081 antigos cidadãos poloneses permaneceram no interior da União Soviética, entre os quais 102.153 judeus (Fonte: Katyn. Mart 1940 - sentyabr' 2000. Rasstrel. Sud'by zhivykh. Ekho Katyn, compilado por N.S.Lebedeva, Moscou, "Ves' mir", 2001, document 184.) Além disso, o mesmo documento afirma que 389.041 antigos cidadãos poloneses tinham sido libertados na anistia de agosto de 1941, dos quais 90.662 eram judeus. Revelaram ainda que, entre 1939-1941, 218.606 antigos cidadãos poloneses do Oeste da Ucrânia e da Bielorússia se voluntariaram para trabalhar no interior soviético, dos quais 8830 eram judeus. Uma nota da NKGB de V. Merkulov, datada de 1 de Maio de 1944, diz-nos que 257.660 dos 389.041 antigos cidadãos poloneses anistiados foram “passaportizados” na URSS, em Janeiro de 1943 (221.150 civis, 36.510 exército Berling), e que, entre estes antigos cidadãos poloneses, o número de matriculados judeus mais seus filhos ascenderam à 81.217. (Fonte: GARF 9401-2-64, pp. 381-384; imagem e transcrição aqui, e traduzido pelo Dr. Nick Terry aqui).

Em nossa opinião, é razoável inferir que os 81.217 judeus polaneses anistiados em vida no interior Soviética, em Janeiro de 1943 e no documento de 1944, após o ajuste para nascimentos e mortes, eram um subconjunto dos 90.662 judeus anistiados vivos, em Agosto de 1941 no documento Beria-Stalin. O valor de 81.217 era também um subconjunto do número total de 102.153 judeus poloneses vivos em Janeiro de 1943 que foram contadas por Beria (ambos os valores referem-se ao mesmo mês: Janeiro de 1943). A diferença numérica entre os 90.662 e 81.217 podem ser parcialmente atribuídas aos 4.226 judeus poloneses que foram para o Irã com o Exército de Anders em 1942, e pelas mortes entre Agosto de 1941 e Janeiro de 1943. A diferença numérica entre os 102.153 e 81.217 consiste nos 20.936 judeus poloneses, que não foram anistiados e não figuravam porque nunca foram presos. Isso pode ser explicado pelo número de trabalhadores voluntários, tais como os 8.830 do documento Beria, e por outros refugiados que podem ter fugido para o interior soviético, por iniciativa própria, ao invés de serem deportados.

Além disso, também parece razoável inferir que os 64.553 refugiados deportados 64.553 refugiados como citado por Altschuler e datado de 1 de Abril de 1941 no documento da NKVD formou um subconjunto (ajustado para nascimentos e mortes) dos 90.662 judeus anistiados em Agosto de 1941 no documento Beria-Stalin. Os outros 26.009 judeus anistiados podem ter sido, citados em outro transporte nos dados de Gurjanov (em deportações que os refugiados não eram alvo), ou podem ter sido detidos no interior soviético, ou podem ter sido sobreviventes de um grupo de prisioneiros de guerra(POW) pela URSS Em 1939.

Quando postamos alguns desses fatos no Fórum RODOH, alguns "revisionistas" levantaram quatro objeções que vamos refutar a seguir. Em primeiro lugar, eles afirmam que a mortalidade entre os deportados fora tão elevadas que 50% das mortes deve ser adicionado aos dados da NKVD. Em segundo lugar, eles insistem que os dados soviéticos são enganosos e não devem ser confiáveis. Em terceiro lugar, alegam que os nossos valores são inferiores aos das fontes do Governo polonês no exílio. Em quarto lugar, eles observam que o número de judeus poloneses repatriados da URSS após a guerra era superior ao nosso número de deportados.

As alegações relativas às mortes ignoram o fato de que os refugiados foram deportados no Verão de 1940, de modo que mortes por frio seriam muito menores do que para os poloneses que foram deportados em Fevereiro. Além disso, os dados sobre as mortes nos Gulag, o que Roberto Muehlenkamp postou aqui, mostram que a taxa global das mortes foram muito inferiores ao que os “revisionistas” assumem. O total de mortes de todos os que foram detidos nos Gulag era de 46.665 em 1940, de uma população total nos Gulag de 1.344.408, tornando a taxa de mortalidade em 3,47% (Fonte: Richard Overy, The Dictators, 2004, Tables 14.2 & 14.3). Além disso, como já demonstrado acima, o número de judeus poloneses anistiados e “passaportizados” no início de 1943 (81.217) foi apenas 5,76% menor do que o número de judeus anistiados em Agosto de 1941, deduzido o número de judeus poloneses que foram para o Irã no Exército de Anders (ou seja, 90.662 menos 4.226).

A alegação de que as fontes do NKVD fontes são suspeitas ignoram o fato de que Beria e outros funcionários eram do NKVD e enviaram por escrito para seus superiores hierárquicos, não era uma consulta pública, e que a punição para mentir para um superior no estado de terror de Stalin era a morte.

A terceira objeção “revisionista” cita a alegação de Sanning(p.42) de que "O Governo polonês no exílio, também declarou que os soviéticos deportaram 600.000 refugiados judeus da Polônia ocidental na Primavera de 1940”. No entanto, Sanning não tem nenhuma nota para esta frase, assim não nos permite checar a sua fonte. Mais importante ainda, a alegação de Sanning é contrariada pelo Governo polonês no exílio de que as origens das estatísticas podem ser detectadas com precisão. Em sua contribuição para a edição dos ensaios Polonsky e Davies, "Jews in Eastern Poland and the U.S.S.R., 1939-46", publicado em 1991, David Engel (p.177) cita uma comunicação do ministro dos Negócios Estrangeiros, Raczynski do Governo polaco no exílio, ao representante da Zygielbojm Bund, de 17 Março 1943, afirmando que havia 260.000 cidadãos poloneses na URSS, "metade dos quais são judeus". O número de 260.000 poloneses é muito semelhante ao que já fora referido na nota da NKGB, de V. Merkulov, datada de 1 de Maio de 1944, que declarou que 257.660 dos 389.041 poloneses anistiados ainda estavam na URSS, em Janeiro de 1943. Raczynski, portanto, é claramente uma fonte muito mais válida do que a fonte não identificada de Sanning.

Quanto ao porquê de Raczynski ter dado um número maior de judeus que os dados da NKVD, a explicação mais provável é fornecida pelo contexto, a saber, que foi o alerta de Raczynski a Bund que ajudou os refugiados judeus do perigo que Bund corria estando ao criticar as ações de Stalin. Portanto, é provavelmente exagerada a proporção de judeus de Raczynski na população refugiada, a fim de tornar o seu ponto mais persuasivo.

Esta hipótese pode ser suportada por referência à segunda fonte do Governo polonês no exílio. Em outra contribuição para a coleção de Polonsky e Davies, Keith Sword (p.155) discute um documento que ele encontrou nos arquivos do Museu do Instituto Polonês General Sikorski (PIGSM), localizado em Londres. O documento que foi compilado por Raczynski do Ministério dos Negócios Estrangeiros é intitulado “Socorro dispensado aos cidadãos poloneses pela Embaixada polonesa na URSS (com especial referência para os cidadãos judeus de nacionalidade polonesa) “(PIGSM Arquivo A/11.49 (Semeando) ,31). O relatório revelou que a embaixada coordenou a ajuda para 260.399 cidadãos poloneses, de quem a proporção de judeus era 36,15%, ou 39,4% (o relatório deu duas diferentes análises). O relatório, por conseguinte, corrobora Raczynski totalmento sobre os números de poloneses, mas revela que o seu valor para os judeus era efetivamente superior àquela relatada ao seu próprio Ministério.

Além disso, é revelado ainda uma outra omissão da parte de Sanning: um documento de um arquivo de Londres, escrito em inglês, da época da guerra de uma fonte da Embaixada polonesa na URSS, Sanning teria abusado do seu equívoco sobre o auxílio que as agências de refugiados foram prestar aos 600.000 judeus poloneses na Ásia Central.

No que diz respeito ao repatriamento, 157.420 judeus foram "repatriados" e registrados pelo "Central Committee of Polish Jewry"(Comitê Central dos Judeus Poloneses) como tendo retornado à Polónia até o final de Junho de 1946. Este número foi citado por Sanning e confirmado por Yosef Litvak na sua contribuição (Capítulo 13, pp. 227-239), para a coleção de ensaios editada por Polonsky e Davies, já citado acima. Litvak (p.235), também afirma que mais de 70.000 judeus poloneses foram repatriados até o final da década (elevando o total para 230.700), e mais de 30.000 retornaram pelo acordo de repatriação de 1957. No entanto Sanning(p.45) pressupõe falsamente que todos os judeus foram repatriados, em refugiados do oeste da Polônia que tinham deixado a linha de demarcação em 1939:
Das muitas centenas de milhares que fugiram para a União Soviética em 1939 apenas 157.420 tomaram vantagem desta opção e regressaram à Polônia. Em outras palavras, a fonte primária que liberou estes números - o "Central Committee of Polish Jewry", uma organização comunista - quer fazer-nos acreditar que só 83.059 judeus da Polônia ocidental sob administração alemã (240.489 menos 157.420) sobreviveram à Segunda Guerra Mundial.

Esta alegação de Sanning é outro exemplo de sua má qualidade de investigação, uma vez que ignora o fato de que o acordo de repatriamento polonês-soviético, assinado em 6 de Julho de 1945, permitiu qualquer pessoa que tivesse sido um cidadão polonês em 17 de Setembro de 1939 retornar. Repatriados, portanto, poderia incluir não só ocidentais, mas nenhum refugiado polonês do leste da Polônia, teve cidadania soviética entre 1939-41.

Repatriados, assim incluídos os judeus que não foram deportados. Quem cruzou a linha de demarcação polonesa-soviética entre 1939-1941 mas não foi deportado poderia ser um repatriado; e quem fugiu para o Leste, quando os nazistas cruzaram a linha de demarcação em Junho 1941 poderia ser um repatriado, desde que fosse cidadão polonês em 17 de Setembro de 1939.

Além disso, o total de 157.420 que havia retornado até Junho de 1946, não consiste apenas de repatriados a partir do acordo de 6 de Julho de 1945, mas também incluiu muitos dos repatriados que foram repatriados sob os acordos de Setembro de 1944 entre a Polônia e os distritos do Oeste da URSS, o que resultou (entre 7 de Setembro de 1944 e 1 de Janeiro de 1947) em 784.000 poloneses repatriados da Ucrânia, 272.000 da Bielorrússia e 170.800 da Lituânia (Fonte: Piotrowski (2000), "Genocide and Rescue in Wolyn", p. 248). A pesquisa de Czerniakiewicz (Repatriacja ludnosci polskiej z ZSRR, 1944-1948, Warsaw, 1987, p.154) alega que destes 54.594 eram judeus.

Consequentemente, nem todos os repatriados tinham sido do interior soviética, em Setembro de 1944. Esta é mais uma prova de que repatriados não incluíam apenas deportados, mas também migrantes que tinham fugido dos nazistas por sua própria iniciativa, e judeus poloneses nos territórios anexados do antigo Leste da Polônia, que tinham sido incapazes de fugir dos nazistas em 1941, mas sobreviveram à ocupação nazista.

Os números de repatriamento são ainda mais complicados por três outros fatores. Em primeiro lugar, Litvak (p.231) revela que os poloneses, que se casaram com cidadãos soviéticos durante a guerra foram autorizados a levar os seus cônjuges, bem como os cônjuges, filhos de casamentos anteriores, de volta para a Polônia. Ele afirma que muitas viúvas de guerra soviéticas tinham se casado com poloneses. Em segundo lugar, Litvak (p.235) aconselha-nos que o "Central Committee of Polish Jewry" relatou que o número de repatriados foi registrado entre 10-15 por cento mais elevado do que os atuais, porque algumas pessoas foram registradas mais de uma vez. Em terceiro lugar, a separação dos repatriados por sexo, Litvak(p.235) mostra também que a proporção de homens para mulheres foi maior do que no censo de 1931, o que sugere que um número significativo de trabalhadores voluntários foram repatriados em vez de refugiados.

Os dados de repatriamento não são, portanto, quando devidamente analisados, provas que refutam o que temos apresentado de fontes soviéticas e polonesas, na nossa opinião estas provam, para além da dúvida razoável, é de que menos de 100.000 judeus poloneses foram deportados para o interior da URSS em 1940-41.

O Mundo Maluco de Walter Sanning - Parte 5

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2007/10/crazy-world-of-walter-sanning-part-5.html

Andrzej Gawryszewski muito gentilmente me enviou uma lista de dados de transporte referentes às deportações para o interior da União Soviética conforme mostrado abaixo dos dados de transporte para deportações para o interior da União Soviética nas áreas do antigo Leste da Polônia entre Fevereiro de 1940 e Junho de 1941.

Isso ajuda a desmantelar a incansavelmente reivindicação, feita por Walter Sanning, de que 2.000.000 de poloneses foram deportados, dos quais 750.000 eram judeus. Gurjanov estima um total de 315.000 deportados, com uma margem de erro entre 10.000 e 15.000. A deportação alcançada de refugiados judeus que teve lugar entre Junho-Julho de 1940; a ação de transporte totalizou-se em 75.267 deportados, nem todos eles eram judeus. Na próxima postagem(do blog), vamos mostrar como esses registros podem ser sintetizados com outras documentações soviéticas e polonesas para refutar Sanning.

A planilha completa pode ser consultada on-line aqui. Os pormenores das partidas são indicados a seguir:

Fonte: Aleksander Gurjanov, Cztery deportacje 1940-1941 [Four deportations 1940-1941]. Karta, 12, 1994, Warszawa, p. 130-136.

Formato: Data, Estação da Partida, Número de Deportados)

Nota do tradutor: Não vou reproduzir aqui os dados, é só verificar no link da planilha on-line.

O Mundo Maluco de Walter Sanning - Parte 4


Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2007/09/crazy-world-of-walter-sanning-part-4.html

Na parte 3 desta série, nós destacamos a falsa datação de dados demográficos nazistas por Sanning. Nesta quarta parte analisaremos duas outras formas de distorção. Em primeiro lugar, temos de destacar a deturpação de Sanning dos testemunhos no julgamento de Eichmann. Em segundo lugar, examinar a utilização abusiva das fontes da Jewish Encyclopedia.

Sanning (p.41) discute o testemunho dado por Zvi Pachter no julgamento de Eichmann, e cita a descrição de Pachter dos judeus em marcha forçada "quatro pares em longas colunas" em toda a linha de demarcação nazista-soviética. No entanto, Sanning não menciona essas partes do testemunho:

Pergunta: Dos dois mil, que começaram a marcha, quantos chegaram à fronteira?
Resposta: Poucos, muito poucos, talvez cem pessoas.

[…]
[A] Eu não quero entrar nos pormenores da tragédia, para que eles não sejam relevantes para este julgamento - mas eles nos enviaram de volta pra lá.


Pergunta: O que você quis dizer com "lá" - para a área do Governo Geral na Alemanha?
Resposta: Sim, para esta ponte, era a ponte entre Sokal, a vila que pertencia à União Soviética, e um subúrbio que pertencia ao Governo Geral alemão. Assim nós retornamos para a Alemanha - sim, para a Alemanha.

Contrariamente à alegação de Sanning, portanto, a testemunha foi dando provas de uma grande mortalidade durante as marchas forçadas que os alemães empregaram aos judeus, e ele testemunhou que os soviéticos tiveram uma política de forçar os judeus a voltarem, por toda a linha. É impossível que 750.000 judeus poderiam ter atravessado a linha da maneira descrita pela testemunha. Além disso, Sanning leva em “conta” citações de Rassinier de 1963 do julgamento, de modo que a distorção nem sequer é original. Sanning simplesmente reciclou uma falsidade de um guru da negação “das antigas” (por conta do tradutor).

Uma nova técnica utilizada por Sanning que equivale a fraude é o uso de registros de antigas enciclopédias, mesmo quando eles já foram substituídos nas mais recentes enciclopédias. Em outras palavras, não só Sanning vergonhosamente utiliza uma fonte secundária escassa para distorcer uma fonte primária, [também] ele escolhe aquela que foi posteriormente corrigida. Por exemplo, Sanning (p.40) cita um registro à cidade de Tomaszow Lubelski a partir do Fascículo 15 da Enciclopédia Judaica, publicado em 1972, que alegou que "75% da cidade, 6.000 judeus saíram juntamente com o Exército Vermelho quando estes se retiraram à recém-criada linha de demarcação mais ao leste", em 1939. Contudo, em uma entrada mais recente em Pinkas Hakehillot Polin, escrito em 1976, afirma-se que apenas 2.000 judeus se retiraram enquanto permaneceram 3.500.

Além disso, Sanning tem uma clara motivação para esta mudança da população desta cidade para o território soviético: a maioria dos judeus que ficaram foram gaseados em Belzec.

O Mundo Maluco de Walter Sanning - Parte 3


Na parte 2 desta série, analisamos a distorção de Sanning a uma fonte judaica na época da guerra. Nesta terceira parte, iremos examinar seu falso namoro com os dados demográficos nazistas. Sanning constrói uma fraude deliberada no Quadro 6 (p.75-78), em que pretende mostrar a população das grandes cidades da União Soviética (incluindo a parte Leste da Polônia) imediatamente anterior à invasão nazista, em Junho de 1941. Na nota de rodapé de Sanning (p.78) revela que a maioria destes dados são tomados a partir de um documento nazista escrito em janeiro 1943:

j. Zentralblatt des Reichskommissars für die Ukraine, Rowno, 2. Jahrgang, No. 2, 9. January 1943, S. 8-20.

Na página 85, Sanning usa esse mesmo documento para notar que a "população local da Ucrânia de 16,91 milhões vivia sob administração alemã(RK), a partir de 1º de janeiro de 1943." Devemos saber que, os números na Tabela 6 de Sanning devem se aplicar à esta data, e não à data em que os nazistas invadiram a União Soviética, ele ainda vai alegar sobre as reduções na população da Ucrânia entre 1939 e 1º de janeiro de 1943 que foram inteiramente devido à ação Soviética, apesar do fato de que os nazistas estivessem na Ucrânia houvesse dezoito meses, nesse ponto:
… a população do pré-guerra da Ucrânia tinha mais de 22.5 milhões; no entanto, os alemães encontraram algo inferior a 17 milhões. Um quarto da população tinha desaparecido.

Sanning tem, portanto, convertido deliberadamente os judeus assassinados pelos Nazis entre Junho de 1941 e Janeiro de 1943 em deportados para a União Soviética confluindo as duas datas e fingindo que os dados da população se referem a de Junho de 1941 a Janeiro de 1943.

As distorções de Sanning relativas à União Soviética são sistemáticas. Por exemplo, Zimmerman demonstrou como Sanning repetidamente distorce fontes relacionadas com a política de evacuação soviética para dar a impressão de que a maioria dos judeus foram enganosamente evacuados, quando na verdade essas fontes indicam explicitamente que a maioria dos judeus "não deveriam ou não poderiam sair." A data da fonte nazista de Sanning também é reveladora, pois coincide com a do Korherr Report, que incidiu sobre o mesmo horizonte temporal como a fonte de Sanning(1942), mas este admitiu abertamente que as reduções na população foram causadas pela política nazista. Por exemplo, ao pé da página 2 do seu "curto" relatório (que foi especificamente criado em atenção de Hitler), o útil Korherr resumiu os resultados dos assassinatos nazistas. Roberto [Muhlemkamp] traduziu esta tabela da seguinte forma:
Região; Data de tomada do poder; Número de judeus antes da tomada do poder; Número de judeus em 31.12.1942

Antigo Reich e Sudetos; 30.1.1933 e 29.9.1938; 561.000 e 30.000; 51327

Ostmark [Áustria pós anexação, nt tradutor]; 13.3.1938; 220000; 8102

Boêmia e Morávia; 16.3.1939; 118.000; 15.550

Territórios do Lestes (com Bialystok); Setembro 1939 (Junho de 1940); 790000; 233210

Governo Geral (com Lemberg); Setembro 1939 (Junho de 1940); 2.000.000; 297.914.

Soma Total: -; 3.719.000; 606.103


O fracasso de Sanning ao discutir esse relatório revela seu desconforto com o seu conteúdo. Por exemplo, os números fraudulentos de Sanning são claramente expostos pelas datas de transporte para a os campos da Operação Reinhard que podem ser encontrados no Korherr Report, e também no telegrama de Hoefle e no livro de Arad "Belzec, Sobibor, Treblinka". Todos estes dizem a mesma história. Sanning tinha afirmado que apenas 857.000 judeus ficaram na parte ocidental da Polônia, o restante fugiu depois pela linha de demarcação, ainda que os números de Korherr mostram que um maior número de judeus foram transferidos para os campos da Reinhard e Chelmno:

Número de enviados para os campos no Governo Geral [da Polônia]...1.274.166 [e] através para o campo Warthegau [Chelmno]… 145.301

O Telegrama de Hoefle repetiu o total de 1.274.166, consistindo 24.733 em Majdanek, 434.508 em Belzec, 101.370 em Sobibor e 713.555 em Treblinka.

Nas estimativas de Arad foram transportados 1,7 milhões. Além disso, a separação dos transportes no livro de Arad a partir de locais específicos refuta a alegação de Sanning de que a redução da população ocorreu antes da invasão nazista. Por exemplo, Sanning (p.42) afirma que 50.000 refugiados judeus tinham sido deportados de Lvov pelos soviéticos, mas Arad demonstra que mais de 70.000 judeus foram deportados de Lvov para Belzec.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Mundo Maluco de Walter Sanning - Parte 2

Traduzido por Leo Gott à partir do link:

Na Parte 1 desta série, analisamos a distorção das fontes por Sanning relativas à população judaica da Polônia pré-guerra. Esta segunda parte analisa o tratamento de Sanning a uma fonte judaica do tempo de guerra que se refere aos refugiados judeus poloneses que haviam sido deportados para a URSS.

Em sua tentativa de colocar os judeus da Polônia ocidental e central fora do alcance dos nazistas, Sanning alega que 750.000 judeus cruzaram a linha de demarcação germano-soviética entre Setembro de 1939 e Junho de 1941, e que posteriormente Stalin tinha deportado todos eles para áreas no interior da União Soviética onde a maioria deles posteriormente morreu por maus tratos. Na seguinte passagem (p.43-44) Sanning explica como o valor de 750.000 foi obtido:

A Enciclopédia Judaica Universal [Universal Jewish Encyclopedia] informou que o Comitê Misto de Distribuição - uma grande organização internacional que ajuda refugiados judeus - iniciou um programa de ajuda no início de 1942 -600.000 refugiados judeus de origem polonesa refugiaram-se na Rússia asiática. No entanto, se houvesse 600.000 destes refugiados judaicos na Ásia Soviética, no início 1942, muitos mais devem ter sido enviados para a Sibéria pelos soviéticos, porque a viagem trouxe a morte e o sofrimento a muitos. Em conexão com o transporte desumano para o leste, o Comitê Misto de Distribuição escreveu em seu Boletim de Junho de 1943: "A partir de um quinto até a um terço do número de refugiados morreram... quem não viu as milhares de sepulturas, principalmente das crianças, não pode compreender". Isto significa que o número de refugiados judeus da Polônia Ocidental que foram presos e deportados pelos soviéticos para a Sibéria variou entre 750.000 a 900.000! Mas apenas 600.000 sobreviverem à incrível viagem e chegaram ao seu destino. [...]Por falta de mais uma prova, vamos aceitar o menor valor de 750.000 judeus como tendo abandonado o oeste da Polônia para o antigo território polonês ocupado pela União Soviética.


Uma grave falha de metodologia pode ser encontrada nesta passagem. Porque Sanning depende de uma fonte secundária (A Enciclopédia Judaica Universal), para fazer referência a uma fonte primária (o JDC) cujos arquivos são facilmente acessíveis? Para investigar essa questão, nós contatamos a seção de arquivo do JDC, que gentilmente nos enviou digitalizações da publicação mensal JDC Digest e relatórios anuais de 1942 e 1943. A primeira referência a um valor de 600.000 nestas digitalizações está contida no JDC Digest, Vol. 1, n º 4, Outubro de 1942:

… A JDC está comprando equipamento completo com 6x100 camas-bases de hospitais para cuidar dos muitos enfermos entre os estimados 2.000.000 de refugiados poloneses na Sibéria, dos quais 600.000 dizem ser judeus.

Provavelmente esta fonte é da Universal, mas ainda é visível a partir desta passagem que o valor de 600.000 são boatos: "600.000 dizem ser judeus". Sanning evita a fonte direta porque ele seria envergonhado por ser de natureza de um boato. Mais importante ainda, Sanning teria sido obrigado a mencionar posteriormente que uma JDC Digest, a partir de Abril de 1943, continha um relatório intitulado 'Field Trip to Teheran by Harry Viteles'("Viagem de Campo à Teerã por Harry Viteles"), que admitiu que haviam enormes variações nas estimativas disponíveis:

Estimativas sobre a variação do número de judeus poloneses nas Repúblicas Russas Asiáticas. Algumas alegações foram tão altas como os 600.000, outros indicaram que havia menos de 100.000...


Além disso, Sanning não faz uma pergunta óbvia crítica sobre a origem da suposta informação do JDC: o JDC tinha pessoas no território da Rússia para distribuir ajuda? A resposta pode ser encontrada na edição de Novembro 1942, p.4:

O Governo polonês [no exílio] providenciou este material para entrar com isenção de direitos aduaneiros e ser enviado para a sua embaixada em Kuibyshev, o ponto a partir do qual serão distribuidos para seus 300 escritórios distritais.


Além disso, era uma condição de que esse programa de ajuda tivesse de ser distribuído em uma "base-não-sectária". Esta estrutura, não se aplicava apenas à JDC, mas a todas as associações caritativas. Portanto, não se exige muita imaginação para saber por que razão os funcionários do Governo polonês no exílio poderiam ter alimentado a JDC com falsas informações sobre o número de judeus poloneses na União Soviética.

A JDC deve ter pensado que seus pacotes iriam para Judeus mas estes funcionários devem ter os desviado para seus próprios parentes e amigos.

Esta suspeita é apoiada por um estudo de uma outra entidade de caridade, a "Vaad", que forneceu ajuda aos estudiosos judeus poloneses exilados na Rússia em 1942, e passou por essa mesma burocracia como a JDC, discutido aqui. Note a seguinte passagem:

Este projeto enfrentou formidáveis obstáculos técnicos, uma vez que muitas vezes era difícil localizar as pessoas a quem o Vaad procurou ajudar e, por outro lado, o auxílio do governo soviético foi dificultado pela regulamentação do trabalho. A mais importante diretiva estabelecia que todos os cidadãos poloneses na União Soviética ajudassem em massa, teve de ser canalizadas através de agências do governo polonês no exílio. Enquanto a assistência poderia ser direcionada para indivíduos específicos, poderia haver nenhuma ajuda especial de programas de judeus para judeus. Assim a ajuda enviada para a Rússia teve de ser dividida entre os refugiados-judeus poloneses e não-judeus por funcionários poloneses. Esta medida punha refugiados judeus a mercê dos funcionários poloneses, muitos dos quais eram anti-semitas.

A falta de citação diretamente das fontes do JDC por Sanning deve, portanto, levar a uma suspeita de que ele tenha ocultado as fontes primárias, a fim de evitar revelar que a JDC não tinha funcionários na União Soviética e foi confiando em boatos, que o conduziu a uma citação de um vasto leque de estimativas de "inferior a 100.000" para "600.000". Na citação, Sanning usa a estimativa mais elevada, embora omitindo uma menor do Viteles Report, ou é simplesmente negligente ou fraudulento.

A suspeita de fraude, ao invés de simples negligência é reforçada pelo fato de Sanning ter distorcido da mesma forma a fonte da JDC nos valores para a Polônia Ocidental. No intuito de "mostrar" que 750.000 judeus cruzaram a linha de demarcação, Sanning tenta demonstrar que apenas 630.000 judeus foram deixados na parte ocidental da Polônia, em Junho de 1941. Para isso, ele recorre a uma citação fora do contexto da supracitada Enciclopédia Judaica Universal(Universal Jewish Encyclopedia), sugerindo que o JDC tratava de 630.000 judeus na zona alemã. Conforme demonstrado por Zimmerman, a citação que Sanning retirou do contexto está nesta passagem:

Na área ocupada pela Alemanha cerca de 1.725.000 judeus foram submetidos a força à toda fúria alemã. Cerca de 250.000 perderam a vida durante os 12 meses após a eclosão da guerra. Pelo menos um número igual foi arrancado das suas casas. Eles, juntamente com o restante dos judeus da Polônia, foram confinados em guetos, espancados, expulsos de suas casas, arrastados para trabalho forçado e reduzidos a mendigos. Mais uma vez, fome e doença tiveram seu porte. A taxa de mortalidade no gueto de Varsóvia, contendo mais de 500.000 pessoas em 100 quarteiros de área, subiu para 15 vezes do tamanho no pré-guerra. Durante todo este período trágico a rede de instituições que a JDC tinha acumulado na Polônia desde a primeira Guerra Mundial, elas se mantiveram bem firmes... a ajuda da JDC estava atingindo 630.000 pessoas diariamente em mais de 400 localidades em todo o território ocupado pela Alemanha...


Sanning, portanto, tira o seu valor de 630.000 de uma fonte que declara explicitamente que 1.725.000 judeus foram “guetificados” e postos em trabalhos forçados em grupo, dos quais 500.000 estavam somente no gueto de Varsóvia. Mais uma vez, portanto, nós flagramos Sanning abusando de sua fonte.

O Mundo Maluco de Walter Sanning - Parte 1

Traduzido por Leo Gott à partir do link:
Uma maneira de saber a diferença entre um acadêmico e um “negador do Holocausto” é analisar a forma como estes selecionam e tratam as suas fontes. Um pesquisador que propositadamente limita o seu leque de fontes, que não faz qualquer tentativa para verificar a sua veracidade, e exerce uma falta de julgamento crítico, não iria receber passe na primeira base se tivesse que apresentar os seus trabalhos de revisão aos pares da comunidade acadêmica. Ele seria então, um não-acadêmico, ou mesmo, por assim dizer, um anti-acadêmico. É nossa afirmação de que todos os negadores do Holocausto rotineiramente cometem esses pecados de anti-academia. Além disso, estes anti-acadêmicos também são propensos a mentir e enganar para encobrir a sua ordinária utilização de fontes.

Para ilustrar este ponto, juntamos seis partes do estudo dos métodos utilizados pelo negador do Holocausto Walter Sanning em seu livro A Dissolução dos judeus do Leste Europeu. Nesta primeira parte, discutimos a alegação feita por Sanning (p.33), que número de judeus na Polônia, no final do mês de Setembro de 1939 foi de 2.633.000, uma redução de cerca de 500.000 referentes ao censo de 1931 que era a cifra de 3.113.933. Um estudo de suas fontes e argumentos revela um certo número de omissões deliberadas, distorções e interpretações maldosas dos dados.

Em primeiro lugar, para justificar a sua escolha de fontes, Sanning (p.44) faz uma falsa alegação sobre os dados dos nazistas de população ao afirmar que "os seus números não foram baseadas em um censo, nem mesmo em estimativas". Esta é uma flagrante mentira, porque, Sanning deveria saber que cada gueto judeu na Polônia foi forçado a efetuar um censo. Esta era uma ordem de Heydrich de 21 de setembro, 1939:

(3) Os Conselhos Judaicos foram improvisados para assumir um censo dos judeus em suas áreas locais - separados por sexo, se possível (faixas etárias): a) até 16 anos de idade, b), de 16 a 20 anos de idade, e c)superior [a 20 anos], assim como os principais grupos ocupação devem relatar os resultados no menor espaço de tempo possível.


Sanning contradiz sua própria mentira quando ele discute os valores demográficos nazistas para cidades soviéticas(p.74). Subitamente, nós descobrimos que:

As autoridades alemãs começaram a dar início à contagem detalhada do restante da população. Obviamente, os invasores alemães tinham de obter algumas informações sobre o estoque disponível da população ativa.


No capítulo soviético de Sanning, portanto, a classificação de hipocrisia, pende sobre demografia nazista que ele ignora, no capítulo polonês. Esta desonetidade flagrante é condenável porque ele revela sua verdadeira motivação: evasão e ofuscação do verdadeiro dado histórico.

Em segundo lugar, Sanning afirma que o crescimento natural da população judaica (nascimentos mais mortes), entre 1931 e 1939 foi de apenas 0,2% ao ano. Este valor é refutado por um estudo do Governo polonês, publicado originalmente em 1936, o que é familiar para qualquer demógrafo da Polônia: "A Precisão do Registro de Nascimentos e Óbitos" (Estatísticas, Série C. Pág. 41). Uma equipe de demógrafos examinou registros rabínicos que remontam a 1927 e verificaram que o número de nascimentos da população judaica na Polônia era, pelo menos, 50% maior do que o indicado nas tabelas oficiais de nascimento. Joseph Marcus em The Social and Political History of the Jews in Poland, 1919-1939 (1983, p.173) discute estes dados em profundidade e conclui que a taxa de crescimento natural foi de 1,32% ao ano entre 1931-1935 e 1,29% por ano entre 1936-1938. Sanning (p.26-27) afirma que, em 1931, houve mais de 40.000 mortos e 52.305 nascimentos, mas os dados poloneses indicam uma taxa de natalidade de 2,7% (84.076), e a taxa de mortalidade em 1,38% (42.972). Por isso que Sanning não entende o crescimento natural de 30.000 por ano.

Em terceiro lugar, Sanning imprime um gráfico (p.28) mostrando que, a partir de 1931, o percentual de judeus para não-judeus foi caindo em proporção com o aumento da idade, ou seja, houve proporcionalmente muito mais velhos do que os judeus mais jovens na população total. Ele alega que isso prova que a taxa de natalidade judaica foi bem menor do que para os não-judeus. No entanto, Sanning não menciona a explicação óbvia desses dados, a saber que, como ele próprio observa (p.30), 294.139 judeus emigraram entre os censos de 1921 e 1931, e a maioria destes jovens eram crianças de família.

Em quarto lugar, Sanning alega que 100.000 judeus deixaram a Polônia anualmente a partir de 1933. Conforme Roberto Muehlemkamp demonstrou, Sanning obteve este valor à partir de um artigo de Hermann Graml que teve por base o pressuposto de que o documento imperfeito de sua fonte refere-se à emigração da Polônia quando ele realmente se refere à emigração de toda o Leste Europeu, incluindo a URSS, e não apenas a Polônia. Sanning não faz qualquer tentativa para verificar a fonte de Graml. O “bumbling demographer" faz um erro semelhante ao discutir a emigração de judeus poloneses para os E.U.A.. Sanning (p.31) cria um fato ao afirmar que:

Dos 4,3 milhões de judeus na área geográfica que envolve a Polônia, os Países Bálticos, Romênia e Checoslováquia antes da guerra, cerca de dois terços viveu na Polônia. Portanto, o maior contingente de imigrantes judaicos para a América do Norte entre 1933 e 1943 devem ter chegado a partir desse país.


O grande absurdo dessa posição pode ser demonstrado pela análise do American Jewish Yearbook à partir deste período. Por exemplo, o Anuário de 1937-38 (p.765, Quadro XVII) enumera todos os imigrantes judaicos que entraram nos E.U.A. por país de última residência. O total de todos os países até 30 de Junho de 1936 é 6.252. O número destes, provenientes da Polônia fica em apenas 528. Sanning exibe mais ignorância sobre os Estados Unidos quando se trata especificamente deste país no Capítulo 7, pp. 160-166. Sanning cita um artigo do American Jewish Yearbook (1976, Vol. 77, p.268), em sua alegação ele mostra que a população judaica dos E.U.A. passou de 4.228.029 em 1927 para 4.770.000 em 1937. Sanning argumenta que o aumento destes números não podem ser explicados pelo aumento natural, mas só pode ser devido à imigração clandestina. Se Sanning tivesse consultado a fonte original dos números de 1937(1940-41 Yearbook, p.215-256), ele teria descoberto dois fatos que derrubariam sua suposição. Em primeiro lugar, o autor, H.S. Binfield do U.S. Census Bureau, explicitamente diz, que o crescimento não se deveu a imigração. Em segundo lugar, os dados foram coletados a partir de um censo de órgãos religiosos, ou seja, os números eram auto-reportados pelos judeus. Portanto, é absurda a alegação de que estes judeus entraram nos E.U.A. ilegalmente, com a volta do recenseamento, assim eles iriam se auto-incriminar. A população não iria se revelar como clandestina em um inquérito do governo. A falta de conhecimentos báscicos de Sanning é mais exposta quando ele discute a possibilidade de emigração judaica da Polônia para a França. Ele assume (p.31), que os judeus chegaram na França provenientes da Alemanha ou dos "países do Leste e Sudeste da Alemanha". Ele então diminui este domínio para um país: Polónia! Qualquer pessoa com conhecimento da história judaica francesa saberia que a França tinha um império no Norte de África, que existiam muitos judeus, e estes foram autorizados a entrar livremente França. A França também teve uma forte reputação, antes de 1939, para a imigração judaica da Turquia, Grécia e Iugoslávia, devido ao seu papel histórico como um receptor de refugiados judeus que fugiam do Império Otomano, um papel que continuou depois do período otomano até a década de 30.

Além desta ignorância, a tese de Sanning contém contradições flagrantes. Sua alegação de que houve uma elevada emigração clandestina da Polônia no período de 1918-1939 contradiz sua alegação de que o crescimento natural da população judaica foi muito baixo. Se o ápice da emigração clandestina ocorreu durante os anos 20, não teria necessidade de ser extraordinariamente elevado o excedente de nascimentos mais as mortes entre 1921 e 1931 para substituir a partida da população, caso contrário, a população judaica teria nivelado entre os censos de 1921 e 1931, em vez de realmente aumentar.

No entanto, eu me limito a acusar Sanning de ignorância e de hipocrisia afim de esquecer seus gritantes exemplos de desonestidade flagrante. Vimos acima que Sanning mentiu sobre os dados populacionais nazistas e discutiu sobre os dados de nascimentos e mortes dos judeus poloneses sem fazer qualquer menção ao estudo do governo polonês de 1936, que constitui a pedra angular de toda a demografia acadêmica do período.
Esta desonestidade aparece novamente em sua discussão sobre os E.U.A., quando Sanning cita a alegação do Secretário de Estado Adjunto dos EUA, Breckenridge Long, feita em 1943, de que os E.U. tinham admitido 580.000 refugiados nos dez anos anteriores. Sanning omite citar um fato que ele deve ter conhecimento: pouco depois do depoimento de Long, o congressista Emanuel Celler demonstrou que a citação foi enganosa, porque o número de 580.000 foi a quota máxima limite de imigrantes (e não apenas refugiados), e não o número de refugiados que foram concedidos vistos.

Mais uma vez, portanto, concluímos que Sanning elaborou uma peça de trabalho enganosa e fraudulenta.

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