Traduzido por Leo Gott à partir do link:
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/diesel-02.html
Ainda que Berg diga que é muito difícil ajustar o motor para que produza níveis altos de CO, os mesmos documentos técnicos que cita em seu estudo demonstram que os autores conseguiram produzir níveis de CO de até 6% ajustando o sistema de combustível. Também poderia fazer um bloqueio na entrada de ar para alterar a mistura de combustível e ar. Berg não pode escapar do fato de que os autores que ele usa como referencia puderam produzir emissões letais com um motor a diesel, também era possível para um técnico das SS fazê-lo.
Ainda assim, devido ao testemunho sobre a cor azul dos cadáveres, um ponto crucial que Berg poderia estar certo é que, contra a crendice popular, as pessoas que morreram nas câmaras de motor à diesel não morreram de envenenamento agudo por CO. A partir disto, ele gostaria de fazer crer que as pessoas, não morreram por essa causa como se crêem comumente, toda a história é uma invenção.
No entanto, existem muitas peças soltas que constituem a evidência que aponta a concluir que centenas de milhares de pessoas entraram nos campos de Treblinka, Sobibor e Belzec e nunca mais saíram vivos dali. Existem registros de comboios ferroviários de pessoas que chegavam aos campos, e de comboios de roupa que saía de lá, mas não de pessoas que saíam. Existem relatórios da resistência polonesa que confirmam isto. Foram encontradas grandes quantidades de ossos. Existem testemunhos de escassos sobreviventes, assim como de muitos guardas dos campos. Até hoje, só foram encontrados vivos 2 pessoas, de aproximadamente 600.000 pessoas que foram enviadas para o campo de Belzec.
Assim, se Berg está certo quando diz que as vítimas, se foram gaseadas com os escapamentos de motores a diesel, não morreram pelo monóxido de carbono, como morreram? Infelizmente, uma vez que os campos foram destruídos antes do final da guerra, e as câmaras de gás e motores com eles, não é possível reconstituir precisamente o que aconteceu. No entanto, é possível elaborar as possibilidades e determinar a causa geral de morte, se não for a combinação precisa de causas. Na realidade, Berg tem esta resposta, mas têm-se negado a enxergar – ou não pretendeu. Provavelmente, as vítimas morreram asfixiadas com outras combinações de fatores.
Como é possível isto, se Berg "provou" que existe muito oxigênio nos gases do escapamento de um motor a diesel, como a asfixia seria possível? Existem certas quantidades de fatores significativos que Berg “esquece”. Em primeiro lugar, os motores a diesel também produzem altos níveis de óxidos de nitrogênio (NOx), que são tóxicos. Berg só falou do potencial cancerígeno em longo prazo destes produtos químicos, mas usando a concentração adequada também tem efeitos em curto prazo - uma concentração entre 250 e 500 ppm (partes por milhão) de NO2 é fatal [3].
Embora não exista uma maneira de dizer se os níveis eram dessa altura nas câmaras de diesel, uma vez que existem muitas variáveis envolvidas, a fonte principal da informação de Berg sobre a composição dos gases do escapamento de um motor a diesel dá umas emissões de NOx de até 690 ppm em uma prova - dependendo da distribuição precisa dos compostos, eventualmente, uma dose letal dentro do limite de tempo mesmo sem o adicional considerações abaixo indicadas. [4]
Os resultados de muitas provas do documento caem no intervalo entre 267 e 448 ppm - um fator significativo para contribuir para a morte, se esta não chegou a ser a causa direta. Curiosamente, as maiores concentrações foram conseguidas com uma proporção de combustível-ar de 0,03, e uma velocidade do motor de 600 RPM - algo importante, devido à insistência de Berg em que só com uma proporção maior de combustível-ar se pode afirmar que os escapamentos de um motor a diesel sejam suficientemente tóxicos para matar a média assinalada pelos testemunhos.
Em segundo lugar, as pessoas que estiveram na câmara haveriam tido um alto ritmo respiratório devido ao pânico e ao esforço, já que eles os faziam correr no trajeto até a câmara. Este fator unido aos altos níveis de dióxido de carbono (CO2) haveriam consumido com maior rapidez o oxigênio disponível. Não se pode ignorar este aspecto.
Em terceiro lugar, e o mais importante, os testemunhos declararam que os tetos das câmaras de gás eram baixos, e que se acomodavam as pessoas dentro do maior rigor possível. Isto significa que não havia muito ar para as pessoas quando estas começavam a funcionar. A medida que o motor introduzia os gases do escapamento com baixos níveis de oxigênio e altos de CO2, fuligem, NOx (e se, diferente do combustível usado no documento de Holtz e Elliot, os nazistas usaram diesel com altos níveis de enxofre, também de dióxido de enxofre, outro tóxico), as vítimas haveriam respirado as toxinas e gastado o air disponível (e carregado a câmara com mais dióxido de carbono, provocando um ritmo respiratório ainda mais rápido e entrando assim em um círculo vicioso).
Isto pode ser feito sem modificar o motor. Entretanto, ajustando a entrada de combustível, ou bloqueando parcialmente a entrada de air, se pode produzir gases com mais ou menos oxigênio. (De novo, não se pode confirmar que isto foi feito, mas é perfeitamente possível).
Portanto, é possível criar condições letais usando motores a diesel, embora não exista muita margem de erro. E de novo, os testemunhos indicam que algumas vezes se descobriu que o processo não matava todo mundo, e de vez em quando se tinham que efetuar tiros na nuca de alguns sobreviventes. Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz, declarou que em uma viajem a Chelmno, onde se utilizavam vans de gaseamento, ele viu que os gases do escapamento não conseguiram matar todas as vítimas.
E sobre o argumento da eficiência deste método? Este argumento assume em primeiro lugar que os que decidiram utilizar motores a diesel possuíam os mesmos conhecimentos técnicos que Berg possui. Pouca gente sabe que os motores a diesel não produzem tanto monóxido de carbono como os motores a gasolina. Se eles testaram e os mesmos funcionaram, não se preocuparam mais com isso.
Os motores a gasolina certamente poderiam ter funcionado melhor, mas teriam dois problemas. Em primeiro lugar, os níveis de CO produzidos eram tão altos que era potencialmente explosivo (um ponto que Berg assinalou em um de seus artigos na Usenet citado no apêndice ainda que não foi capaz de ver seu significado). Em segundo lugar, estes veículos teriam um uso mais importante -como veículos. O motor a diesel era de um tanque soviético capturado. Existiam milhares destes em restos nos campos de batalha, muitos deles inutilizáveis porque os alemães não dispunham de instalações para repará-los. Assim que se examinam as considerações econômicas, não somente as técnicas, o uso de motores a diesel tem mais sentido.
E o argumento de que as vítimas teriam morrido de asfixia por somente estar trancadas nas câmaras? Este argumento vai de encontro ao mito que considera que todos os nazistas eram monstros sádicos. Eram assassinos sim, mas não era seu objetivo causar o máximo de sofrimento possível. A intenção de usar monóxido de carbono teria como finalidade levar a cabo uma execução relativamente humana. Isto era importante para o moral dos homens das SS, como demonstrou a experiência que passaram durante os fuzilamentos em massa na Rússia ocupada (Einsatzgruppen).
O uso de motores a diesel em câmaras de gás não era o melhor meio técnico, mas poderia funcionar - e como declararam muitos testemunhos, funcionou. Eventualmente procuraram um método melhor em Auschwitz, e deixaram de usar as câmaras de gás com motores a diesel.