Götz Aly esclarece a origem do antissemitismo na Alemanha de Hitler
Alguns judeus conduzidos a campos de concentração EFE
20 de dezembro de 2012. 02:13h Luis PALACIOS.
Por que os alemães assassinaram seis milhões de homens, mulheres e crianças pelo único motivo de serem judeus? Como foi possível tal atrocidade? Com estas inquietantes perguntas começa o livro do historiador Götz Aly entitulado "Por que os alemães? Por que os judeus?". São perguntas que todos nós fazemos quando, considerando o povo alemão como civilizado, trabalhador e rico culturalmente, não podemos entender de onde procede essa veia criminosa. O livro, bem documentado, desenvolve com rigor um processo que começa no século XIX. Explica o antissemitismo como uma questão social e explica como o coletivismo nacional vai ganhando terreno; detém na etapa do entreguerras e dedica atenção ao "partido escoba nacionalsocialista" e a Hitler. A tese a que se propõe esse volume, bem documentado, é que foi a inveja - analizada em profundade pela mão de Kant - e o ressentimento do povo alemão ante os judeus que lhes levou a uma arrogância racial, ao antissemitismo e ao extermínio. Além disso, acrescente "quem não queira falar das vantagens que brindou a milhões de alemães comuns, que não fale do nacional-socialismo e nem do Holocausto", mas os "estômagos agradecidos" dos alemães e as vantagens que retiraram do regime nazi se pagaram às custas de assassinatos, dos judeus aniquilados.
Patrimônio alemão
Estamos ante uma história interminável, afirma Aly, que explica em que momento e sob que circunstâncias concretas os alemães desenvolveram seu próprio antissemitismo. Arnold Zweig diria no ano de 1927 que "o alemão não é, faz-se", ainda que o evidente é que o antissemitismo se converteu em patrimônio dos alemães. O autor rechaça com Röpke o argumento encubridor de que o capitalismo e a alta burguesía haviam contribuído para a vitória do nacional-socialismo, a verdade é que sem o apoio da ampla maioria do povo alemão, o nacional-socialismo não haveria alcançado o poder nem teria se mantido nele. Um livro original, polêmico e preciso que nos reafirma no rechazo mais absoluto do Holocausto. E que nos alerta, porque um sucesso estruturalmente parecido pode se repetir.
Sobre o autor
Historiador e jornalista especializado no extermínio que levou a cabo o Terceiro Reich
Ideal para...
conhecer as causas que alentaram o antissemitismo na Alemanha.
Um defeito
É um volume muito escueto para um tema muito amplo.
Uma virtude
A precisião com a qual é detalhada cada afirmação. Seus evidentes paralelismos com a atualidade.
Pontuação: 8
Fonte: La Razón (Espanha)
http://www.larazon.es/detalle_normal/noticias/438188/cultura+libros/asi-comenzo-el-terror
Tradução: Roberto Lucena
Observação: não concordo com vários pontos citados na matéria, mas acho que não é motivo pra rechaçar de cara o livro de Götz Aly.
2 comentários:
Seria interessante ler e comparar com os livro de Goldhagen, o do Christopher Browning(Ordinary Men), e o Robert Gellately(Apoiando Hitler)e o livro do Kershaw (Popular opinion and political dissent in the Third Reich) e a Sonderweg e dar uma estudada mais a fundo.
Sempre que pego o do Goldhagen, lembro do Hilberg chamando o livro dele de inútil.
"Sempre que pego o do Goldhagen, lembro do Hilberg chamando o livro dele de inútil."
Daniel, mas acho que foi por motivo óbvio, o Goldhagen segundo o Hilberg e mais gente que o criticou, fez uma acusação como se o genocídio da 2aGM fosse típico de alemães ou como se não tivesse ocorrido coisas semelhantes antes com os judeus na Europa em outros países. Não li o livro do Goldhagen, mas geralmente quando gente de peso malha dessa forma a gente fica com um pé atrás.
Em todo caso, se a crítica do Hilberg proceder, ele está correto no que diz respeito a especificar esse genocídio da 2aGM como se fosse coisa da Alemanha. Não sei se houvesse câmara ou máquina fotográfica no tempo da Inquisição espanhola e portuguesa se a imagem que se teria de Portugal e Espanha hoje seria a mesma, principalmente a Espanha que tem um catolicismo que beira o fanatismo.
Se o que a matéria diz estiver certo, eu mantenho minha crítica, mas só lendo o livro pra saber mesmo, o prolema é esse tipo de livro chegar no país. Quem sabe agora com a Amazon funcionando no Brasil se a situação (acesso) em relação a esse tipo de livro não muda no país.
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