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domingo, 2 de julho de 2017

Discurso de Himmler em Posen (Poznan), Polônia, 4 de outubro de 1943 (Extermínio)

Tradução do texto do site The Holocaust History Project que atualmente se encontra arquivado no site Phdn.org (site francês) porque o site original perdeu o servidor (ficou fora do ar) e o conteúdo se perderia ou as pessoas não teriam acesso mais ao conteúdo do site original.

Este é um dos problemas da internet, a "crença" de que esses textos ficarão pra sempre na rede sem que haja manutenção e algum fundo. A tradução do texto só foi possível justamente porque uma pessoa perguntou sobre o texto em um dos posts antigos e vendo os posts, vários links estão "mortos", incluindo o link original do THHP (The Holocaust History Project) em inglês.

O discurso completo tem 3 horas de duração, abaixo segue o trecho mais relevante (ou um dos) que consta do THHP. Na página do site (arquivado) consta o texto original em alemão e a tradução dele em inglês, abaixo segue a tradução pro português.
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Texto completo do discurso de Posen (Poznan)
Abaixo segue o texto completo da apresentação do Quicktime do discurso em Posen (Poznan) de Heinrich Himmler em 4 de outubro de 1943.

4 DE OUTUBRO, 1943

POZNAN, POLÔNIA

Reichsführer-SS Heinrich Himmler, o segundo homem mais poderoso da Alemanha nazista, fala aos oficiais da SS por três horas em um encontro secreto.

As gravações de Himmler sobreviveram à guerra. Está agora no "National Archives" (Arquivo Nacional) em College Park, Maryland.

O que você está ouvindo não foi editado.

Himmler finaliza falando sobre fábricas de armas.

Ele lembra a seus oficiais da lealdade que ele espera deles no extermínio dos judeus.
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"Eu também quero mencionar um assunto muito difícil para vocês aqui, de forma totalmente aberta.

Isso deveria somente ser discutido entre nós, e, portanto, nunca falaremos sobre isso em público.

Assim como não hesitamos em conduzir nosso serviço em 30 de junho, como ordenado, contra os camaradas que falharam em pé contra o muro atirando neles.

Sobre algo o qual nunca falamos, e nunca falaremos.

Ou seja, graças a Deus, um tipo de tato natural para nós, uma conclusão inevitável desse tato, que nunca conversamos a respeito entre nós, nunca falamos sobre isso, todos tremeram, e ficou claro para todos que, da próxima vez ele faria a mesma coisa de novo, se fosse ordenado e necessário.

Estou falando sobre a "evacuação judaica": o extermínio do povo judeu.

É uma das coisas que é facilmente dita. "O povo judeu está sendo exterminado", todos os membros do Partido dirão isto a vocês "de forma perfeitamente clara, isto é parte dos nossos planos, estamos eliminando os judeus, exterminando-os, ha!", um pequeno problema".

E então, todos eles virão, todos os 80 milhões de alemães corretos, e cada um deles tem seu judeu decente. Eles dizem: todos os outros são suínos (porcos), mas aqui este aqui é um judeu de primeira classe.

E nenhum deles têm visto isso, apoiou isto. A maioria de vocês saberá o que isto significa quando 100 corpos (cadáveres) ficam juntos, quando há 500, ou quando há 1000. E ter visto isso, e - com exceção das fraquezas humanas - permanecer decente, fez de nós pessoas duras e é uma página de glória nunca mencionada e nunca será mencionada.

Porque sabemos como as coisas difíceis seriam, se hoje em todas as cidades durante os atentados com bomba, os encargos da guerra e das privações, ainda tivéssemos judeus como sabotadores secretos, agitadores e instigadores. Nós provavelmente estaríamos no mesmo estágio de 1916-17, se os judeus ainda residissem no corpo (seio) do povo alemão.

Tiramos as riquezas que eles tinham, e dei uma ordem estrita, que o Obergruppenführer Pohl realizou, entregamos essas riquezas completamente ao Reich, ao Estado. Não tomamos nada deles para nós mesmos. Alguns poucos, que se ofenderam contra isso, serão [julgados] de acordo com uma ordem que eu dei no início: aquele que carrega um marco (moeda) disso é um homem morto.

Um certo número de homens da SS se ofenderam contra esta ordem. Não muitos, mas eles serão homens mortos - SEM CLEMÊNCIA! Nós temos o direito moral, nós tivemos o dever com o nosso povo para fazê-lo, para matar essas pessoas que queriam nos matar. Mas não temos o direito de enriquecer-nos com um só pelo, com um marco (moeda), com um cigarro, com um relógio ou com qualquer coisa. Que não temos. Porque no final disso, nós não queremos, porque exterminamos o bacilo (judeus), e não para ficarmos doentes e morrermos do mesmo bacilo.

Eu nunca verei isso acontecer, mesmo que um pouco de putrefação entre em contato conosco, ou que se enraíze entre nós. Pelo contrário, onde isto tentar se enraizar, vamos queimá-lo juntos. Mas, em conjunto, podemos dizer: realizamos essa tarefa tão difícil por amor a nosso povo. E não assumimos qualquer defeito (crise de consciência) dentro de nós, em nossa alma ou em nosso caráter."
Fonte: The Holocaust History Project/PHDN.org (EUA/França)
http://www.phdn.org/archives/holocaust-history.org/himmler-poznan/speech-text.shtml
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Alguns heróis ciganos

O povo romani reivindica referências como o boxeador Johan Trollmann, o ilustrador Helios Gómez ou o líder anarquista Mariano Rodríguez Vázquez

Da esquerda para a direita, o líder da CNT Mariano Rodríguez Vázquez,
o grafista Helios Gómez, e o boxeador Johan Trollmann.
Jóvenes gitanos plantan cara al antigitanismo
HELENA LÓPEZ / BARCELONA

Quinta-feira, 8 de dezembro de 2016 - 17:18 CET

Johan Trollmann (1907-1944), conhecido como Rukeli, foi campeão nacional de boxe na Alemanha de 1933, ano em que Hitler ascendeu ao poder. Não é estranho dizer, pois, que oito dias depois, os nazis retiraram o título alegando "falta de nível". O Terceiro Reich não podia aceitar exaltar a um cigano. Um jovem como Rukeli, nas antípodas do modelo ariano que o nazismo pretendia impor. Não só por sua tez morena e sua frondosa mata de cabelo azeviche, senão também por seu característico estilo dançarino sobre o quadrilátero, muito longe do duro 'estilo alemão'. Saltos ágeis e muito efetivos que, contam, tiravam os nazis do sério. Assim que, não sendo bastante lhe retirar o título de campeão, ameaçaram-no em lhe negar também a licença para seguir competindo a nível profissional se não deixasse de "dançar" enquanto lutava.

A seguinte peleja que ele participou acudiu depois de terem tirado seu título, Rukeli, desafiante, subiu ao ringue com o cabelo tingindo de ruivo e o rosto polvilhado de branco (algumas versões dizem que com farinha, outras, que com pó de talco). Com a rebeldia própria de sua condição cigana, Rukeli fez caso e, por uma vez, não dançou. Ficou no centro do ringue coberto em pó branco sem mover as pernas até que foi nocauteado no quinto assalto; tudo dignamente. Ali terminou sua carreira, mas esse gesto de galhardia lhe converteu em um herói para o povo cigano. Um gesto simples mas estoico com o qual ridicularizou a todo um regime racista, que acabou o encarcerando em um campo de trabalho forçado.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL HELIOS GÓMEZ
Os anjos negros da 'Capela cigana' da Modelo,
pintados por Helios Gómez na prisão
Histórias como a de Rukeli, ainda referência, são as que os jovens ciganos não só daqui, senão de meia Europa, reivindicam, fazendo pressão tanto a seus governos locais como através das poderosas redes sociais para lhes fazer justiça.

ARTISTA INTERNACIONAL

Em Barcelona também há heróis ciganos com histórias muito desconhecidas, pese o impacto que deixam em quem as descobre (algo que se sente difícil, já que a história do povo cigano não é estudada nos colégios). É o caso de Helios Gómez (1905-1956), autor da 'Capela cigana' (Link2) de 'La Modelo', ainda tapada sob uma capa de cal em uma habitação fechada. Rebelde como Rukeli, Gómez foi anarquista, comunista e de novo anarquista, segundo desencadeou em decepções. Preso em incontáveis ocasiões por sua ideologia, o ilustrador foi 'convidado' pelo cura do cárcere pra que desenhasse em uma das paredes da cela um fresco da Virgem das Mercês (Barcelona). Também ao melhor estilo Rukeli, Gómez - que fora proibido de pintar entre grades - concordou, mas o fez, como não, a sua maneira. Pintou uma Virgem e um menino Jesus rasgos inequivocamente ciganos, acompanhados por uns anjos negros de Machín que acabaram se convertendo em um apelo contra o regime.

O filho de Helios, Gabriel, passa anos trabalhando na associação cultural que leva o nome de seu pai para restituir a memória do ilustrador, grafista e poeta e de "todos os que, como ele, lutaram pela liberdade".

Outra figura cigana muito reivindica, também rebelde e anarquista, é Mariano Rodríguez Vázquez, 'Marianet'. Secretário Regional da Catalunha e da CNT entre novembro de 1936 e junho de 1939, "desempenhou um papel decisivo no futuro anarcosindicalista e na vida política e social da guerra civil espanhola", segundo a Wikipedia. Urge que as petições do coletivo de que se estude e documente a fundo sua história sejam escutadas para poder ir mais além da enciclopédia livre.

Fonte: El Periódico, Barcelona (Espanha)
http://www.elperiodico.com/es/noticias/barcelona/algunos-heroes-gitanos-5674253
Título original: Algunos héroes gitanos
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Filme: "Holocausto Brasileiro" mostra barbárie em hospital psiquiátrico em Minas Gerais

Baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, novo documentário da HBO estreia neste domingo (20) e choca por realidade desconhecida

Depois de inspirar uma série de reportagens e um livro, a história do Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, é tema do documentário "Holocausto Brasileiro", que estreia neste domingo (20), às 21h, no canal MAX.
Divulgação/HBO: "Holocausto Brasileiro" mostra caso
do Hospital Colônia de Barbacena, onde 60 mil pessoas morreram
Baseado no livro homônimo de Daniela Arbex, "Holocausto Brasileiro" conta o que acontecia nos muros do Colônia, que tratava de pacientes com supostos problemas mentais. Cerca de 60 mil pessoas morreram no hospital durante seus 80 anos de funcionamento.

"Muita gente da minha geração não conhecia essa história, então achei importante contar", explicou a diretora em entrevista ao iG. Ela assina o documentário com Alessandro Arbex e a equipe da HBO Latin America.

O filme demorou dois anos para ser produzido, entre 2013 e 2015, e traz depoimentos emocionantes de sobreviventes do hospital. "Não dá para contar uma história dessas sem se tocar", confessou Daniela sobre a produção do documentário. Na época em que ela começou a série de reportagens sobre o Colônia para o jornal Tribuna de Minas, em 2011, a jornalista tinha acabado de ser mãe pela primeira vez. "Mexeu muito comigo ver as histórias daquelas mulheres que tiveram seus filhos tirados delas", admitiu.

O documentário mostra com detalhes as condições as quais as pessoas internadas no Colônia eram submetidas. Entrevistas com funcionários do hospital e jornalistas que acompanharam a situação de perto são a base para o filme, que faz revelações chocantes, como as de que centenas de pessoas morreram de fome na instituição e de que os pacientes chegaram a beber esgoto por não terem água limpa.

Reprodução: O Hospital Colônia de Barbacena,
em Minas Gerais, é o cenário de "Holocausto Brasileiro"
Para a jornalista, o filme serve para documentar a memória das pessoas que sofreram no hospital. Muitas das pessoas que seriam entrevistadas morreram durante a produção do documentário, enquanto outras que aparecem na tela nunca chegarão a assisti-lo. Um deles é o maquinista do trem que levava os internos até Barbacena. "Era o sonho dele estar em um filme", lamenta a diretora sobre o personagem da entrevista que abre "Holocausto Brasileiro", que morreu antes de conseguir ver o filme.

Mexendo no vespeiro

Quando começou a explorar a história do hospital, Daniela Arbex sabia que o tema poderia causar bastante barulho, mas não tinha ideia da grandeza que ele tomaria. "Eu sabia que era uma história grandiosa, mas o filme foi a grande surpresa", contou. Quando a série de reportagens foi publicada, a jornalista lembra de ter recebido milhares de e-mails de pessoas que tiveram parentes internados em Barbacena.

O crescimento da história também tornou o trabalho de Arbex mais difícil. Seu caminho foi se complicando à medida que o caso do Colônia ganhava mais atenção. "Fui muito bem recebida para fazer a matéria, o governo de Minas Gerais até me passou alguns contatos para as entrevistas. Mas quando fui retomar o caso para escrever o livro, passei a incomodar", disse. "O problema maior foi para fazer o filme", contou a diretora, que passou dois meses em Barbacena produzindo o documentário. "As pessoas da cidade não gostavam da gente lá."

Além do Brasil, "Holocausto Brasileiro" também será exibido pela HBO em toda a América Latina. Para Daniela Arbex, isso cumpre seu compromisso com a história. Além do livro ter sido adotado em cursos de ensino fundamental e médio, a jornalista levará o caso do Hospital Colônia de Barbacena para todo o País e o exterior. "O filme é incrível, a gente sabe o potencial dele, e espero que tenha um caminho lindo", disse a diretora.

"Holocausto Brasileiro" mostra barbárie em hospital psiquiátrico em Minas Gerais
Por Caio Menezes | 20/11/2016 09:00

Fonte: Portal IG
http://gente.ig.com.br/cultura/2016-11-20/holocausto-brasileiro.html
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Acréscimo:

Um pequeno adendo (pequena introdução) ao documentário e livro, lembro de uma matéria que tratava do assunto feita pelo Goulart de Andrade sobre um Hospital psiquiátrico em Juqueri (https://www.tvgazeta.com.br/videos/goulart-de-andrade-em-juqueri/). Mais sobre a matéria conferir aqui. Sempre que vejo algo sobre o livro ou documentário desse livro da Daniela Arbex lembro dessa matéria no Juqueri que me impactou profundamente (provocou um ódio profundo das classes dominantes deste país, do desprezo deles pela vida humana, do higienismo ideológico nazi-liberal dessa gente, gente bárbara, asquerosa, gente da pior espécie, sempre que olho as imagens me causa nojo da classe dominante deste país, da perversão pela qual são "fabricados"). Esses hospitais psiquiátricos parecem/pareciam campos de concentração, literalmente.

Eu ia divulgar o livro "Holocausto brasileiro" (Daniela Arbex) no ano em que saiu (acho que em 2013), mas devidos aos altos e baixos do país (com um golpe no meio, sabotagens etc, e um certo desânimo), foi ficando pra depois, depois... e acabou por não se mencionar antes o livro, e agora o documentário sobre o livro. Mas antes tarde que nunca.

O documentário "Holocausto brasileiro" (procurem pelo Youtube, se não tirarem do ar) mostra a outra face do Brasil, a que a "propaganda oficial" do país não mostra pro mundo, pois colocaria abaixo a imagem de "país cordial", "pacato", "diferente de todos os outros" que a propaganda oficial do país costuma vender, e que acaba por acobertar os inúmeros crimes, desrespeitos e brutalidade que ocorrem corriqueiramente no país pelas pessoas "cordiais" do país e aparato burocrático/privado.

Um país que trata doentes mentais desta forma como a relatada nesses documentários e livro, mostra na realidade um país não muito diferente de uma Alemanha nazi, o princípio de internamento dessas pessoas era o mesmo usado no nazismo, e por 80 longos anos (o regime nazi durou 12 anos). Até a escala de mortes é parecida.

A quem quiser ler mais: Doentes mentais e o Nazismo

Há alguns puristas ou fanáticos religiosos (cheios de melindre, serei sincero, não gosto de quem mistura crença religiosa com questões desse tipo, não gosto de fanático religioso) que não gostam que usem a palavra "Holocausto" pro livro e pro documentário.

Sinceramente, sacralizar uma palavra ou confinar a mesma a um episódio histórico é uma postura bem perigosa (e egoísta também) e que em nada ajuda no entendimento dessas questões, até porque o termo mais adequado pro que houve na segunda guerra é genocídio. Não vou entrar aqui na discussão do surgimento e adoção/uso do termo Holocausto pro genocídio nazista, no blog tem explicação pra isso em posts antigos (clique aqui). Também não tenho o menor interesse em que melindra com supostas "ofensas" sobre uso do nome, não acredito nessas ofensas e sim em uma postura fanática, autoritária e possessiva.

Não vou me alongar mais, leiam a matéria sobre o filme (esta introdução ficaria no começo do post mas resolvi pôr no fim pra não atrapalhar a leitura).

Entrevista com a autora: Livros 63: Holocausto Brasileiro - Daniela Arbex

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Morre, aos 93 anos, o polêmico historiador alemão Ernst Nolte

O intelectual avivou com sua obra o debate sobre os crimes do nazismo ao tratar de justificá-los. Hoje sua obra é fundamental para o ideário dos grupos ultradireitistas que tomam força na Alemanha.

O historiador Ernst Nolte - AFP
O historiador Ernst Nolte, um dos principais intelectuais revisionistas da Alemanha, faleceu em Berlim aos 93 anos, segundo informaram fontes de sua família. Ao longo de sua carreira publicou obras de grande relevância como "A guerra civil europeia", "O fascismo em sua época" ou "A crise do sistema liberal e os movimentos fascistas", algumas delas muito polêmicas. Grande parte de sua fama como historiador se deve a seu papel na chamada "Historikerstreit"(disputa dos historiadores) que se desatou com seu ensaio publicado no diário "Frankfurter Allgemeine Zeitung" em 6 de junho de 1986, intitulado "O passado que não quer passar".
Nolte defendeu em sua obra que o nazismo foi a resposta lógica ao bolchevismo
Uma das principais teses da obra de Nolte é que o fascismo surgiu na Europa como oposição à modernidade. Além disso, adotou muitas posturas polêmicas com a intenção de justificar de algum modo os crimes do nazismo. Em seu artigo do "Frankfurter Allgemeine Zeitung", Nolte relativizava os crimes do nacional-socialismo e os via como uma reação aos crimes do stalinismo. "Não foi o Gulag anterior a Auschwitz? Não foi o assassinato de classe dos bolcheviques o antecedente lógico e fático do genocídio dos nazis?", perguntava-se Nolte no ensaio. O historiador concluía que a política dos nazis havia sido por fim uma resposta à "ameaça existencial" que representava o bolchevismo.

Sua disputa com Habermas

Trata-se de uma obra que deu lugar a grandes polêmicas e sobre a que se fundaram algumas ideias atualmente em voga como a dos radicais de ultradireita do Alternativa para a Alemanha (AFD). O artigo de Nolte gerou uma resposta do filósofo e sociólogo Jürgen Habermas, publicada no seminário "Die Zeit". Habermas acusava a Nolte de pôr na cabeça de um grupo de intelectuais neoconservadores que procurava liberar os alemães de sua responsabilidade histórica negando o caráter único e sem precedentes do Holocausto. Além disso, Habermas mencionava outros historiadores, como Klaus Hildebrandt e Andreas Hilgruber, a quem os via próximos da posição representada por Nolte.
As ideias de Nolte são fundamentais para movimentos como o Alternativa para a Alemanha
Quando se cumprirem 30 anos do "Historikerstreit" o diário "Die Welt" lhe dedicou um artigo de Nolte no qual afirmava que ele havia formulado muitas posições que agora representam o agrupamento da AFD. A carreira de Nolte como historiador se iniciou em 1963 com a publicação de seu livro "O fascismo em sua época" no qual fazia uma aproximação comparativa do fascismo italiano, o nacional-socialismo e a Ação Francesa (Action Française). Em 1994, Nolte aportou um artigo para um livro intitulado "Die selbsbewuste Nation" (A nação segura de si mesma) no qual se agruparam várias vozes da nova direita alemã, que tratava nesse movimento de aproveitar o jubilo que haviam gerado na reunificação quatro anos atrás.

Fonte: ABC
http://www.abc.es/cultura/abci-fallece-93-anos-polemico-historiador-aleman-ernst-nolte-201608181833_noticia.html
Título original: Muere, a los 93 años, el polémico historiador alemán Ernst Nolte
Tradução: Roberto Lucena

Observação: ao texto. O site ABC é de um jornal com viés de direita/conservador da Espanha. É sempre curioso e irônico colocar matérias como essa mostrando o grau de desonestidade patológico que boa parte da direita brasileira assume quando começam com o mantra do "nazismo de esquerda", que como podem ver acima, não é corroborado por nenhuma publicação minimamente séria de fora, razão essa porque não costumo discutir com paciência com quem vem repetir essa bobagem, pois das duas uma, ou quem prega isso não sabe nem o que está dizendo ou sabe (que é panfletagem) e quer encher o saco.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Morre o último sobrevivente do campo de Treblinka. Samuel Willenberg

Samuel Willenberg faleceu aos 93 anos. Esteve no campo de concentração onde morreram cerca de 875.000 pessoas.

Sobrevivente do Holocausto, Samuel Willenberg mostra
um mapa do campo de extermínio de Treblinka.
Foto do ano de 2010. (Foto: AP)
Samuel Willenberg, o último sobrevivente do campo de concentração de Treblinka (Polônia), faleceu. Informaram allegados. Tinha 93 anos.

Cerca de 875 mil pessoas pereceram nesse campo da morte durante o genocídio nazi.

Willenberg foi membro de um grupo de prisioneiros judeus que em 1943 atearam fogo ao campo e fugiram para os bosques próximos. Centenas deles conseguiram fugir, mas a maioria foi abatida por soldados nazis ou capturados por aldeões poloneses.

Os nazis e seus colaboradores mataram cerca de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

Willenberg, numa entrevista com a AP em 2010, narrou como lhe dispararam na perna enquanto montava por cima de companheiros mortos até saltar a mureta do campo de concentração. depois da guerra conseguiu se estabelecer em Israel.

Fonte: AP/El Comercio (Peru)
http://elcomercio.pe/mundo/europa/murio-ultimo-sobreviviente-campo-nazi-treblinka-noticia-1880599
Título original: Murió el último sobreviviente del campo nazi Treblinka
Tradução: Roberto Lucena

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Observações do post "Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética"

Antes de repassar as observações do post que também dá título parcial a este post (separarei o texto original com um traço), irei transcrever, quando for possível, algumas observações de outros posts pra não alongar os posts originais, já que algumas observações acabam saindo do tema do post e citando questões políticas atuais no país ou no mundo.

Mas por quê, às vezes (ou muitas vezes), estas observações "saem pela tangente" do tema original do post? (a quem quiser pular esta observação extra, as observações originais do post estão após o traço abaixo e tem informação sobre segunda guerra)

Porque não é possível, por mais esforço que se faça, ignorar a realidade ao redor (do que se passa no país e no mundo) num ambiente de polarização política extrema.

Desde o "Vem pra rua" de 2013 (a "revolução colorida" que não se concretizou, mas faz estrago até hoje) a radicalização política no Brasil, que já era grande, degringolou de vez com grupos reacionários (que se autodenominam como "liberais" ou "liberais-conservadores", e alguns usam o termo "libertários", mas são todos uma coisa só: autoritários, vira-latas, estúpidos e anacrônicos) atacando tudo que consideram "inimigo". E se querem radicalizar, vão ter obviamente um contraponto ou resposta.

Essa polarização política pesada (radicalização) não ocorre só no Brasil, em praticamente quase todo mundo está ocorrendo radicalização política, alguns mais outros menos, mas ocorre em todo mundo.

Só que a polarização no Brasil é agravada ainda mais pela atuação partidarizada da "grande mídia" (o oligopólio de mídia, com destaque pra Rede Globo ou Organizações Globo) e principalmente pelo fato da vulnerabilidade da maior parte da população por aceitar passivamente o que esta grande mídia (que ascendeu na ditadura de 21 anos do país) repassa como "verdade" em questões atuais do país.

Esse não é um "problema" pequeno, é algo extremamente sério e não dá pra ignorar ou deixar de lado.

Evitei ao extremo não sair do tema segunda guerra, mas... uma vez que muita gente não mantém distância dos temas atuais (tentam misturá-los) e uma outra parte fica "calada" (quieta) pra não tomar posição, por covardia (mesmo quando deve), então não sou obrigado a respeitar qualquer um desses lados (não levarei em conta qualquer um desses dois lados pra tomar posições).

Quando pessoas começam a "cercar", enchendo a paciência com temas atuais porque querem usar A, B ou C como "escudos" pra algum fim político (no Orkut isso ocorreu), a tentativa de distanciamento de questões atuais (pra evitar trazer gente tosca, fanática e ignorante panfletando besteira pra junto) vai literalmente pro ralo.

E ninguém se iluda, eu não faço questão alguma de agradar A, B ou C porque alguém aparenta ser "educado" ao mesmo tempo que defende extremismo, ou porque comunidade A ou B tem posição "x" em relação ao Oriente Médio e coisas afins.

Sou humano (porque questões nacionais não devem ficar acima da condição humana), mas sou cidadão brasileiro, e minha visão política de mundo é de cidadão brasileiro (carregada do nativismo de minha terra natal, nativismo que também ocorre em todos os estados do país, uns mais outros menos), mesmo que eu saiba qual é o ponto de vista de outros países.

Não abro mão disso em hipótese alguma discutindo com outros brasileiros. Porque há brasileiros com crise de identidade nacional aguda (tanto brasileiros fora do Brasil como dentro do país), mas isso é problema dessas pessoas, não meu. Não sou "clínica de autoajuda" pra gente com esse tipo de problema.

Que fique claro que quando faço as observações acima, estou me referindo estritamente a discussões em português, principalmente com brasileiros, porque eu não percebo esse tipo de crise de identidade ou "grilo" (de grilado) que sempre remete a um complexo, ou mesmo preconceito agudo porque "fulano" é de tal país, estado, região, cidade (tirando o antissemitismo característico dos "revis") nas discussões em inglês como no blog Holocaust Controversies, no Rodoh etc.

Observações do post "Sobre a Ordem dos Comissários: instruções da guerra de aniquilação nazista na União Soviética" logo abaixo.
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Observação 1: quem quiser ler mais sobre a diretiva de Hitler, conferir o link do blog Avidanofront:
Ordem do führer sobre a administração das regiões do leste novamente ocupadas
Quem quiser ver o documento em inglês:
Himmler’s Memorandum on the Treatment of Alien Peoples in the East, 25 May 1940

E se alguém achar que isso é o texto mais pesado sobre a questão, tem coisas piores, que envolvem o nazi Erhard Wetzel (figura pouco citada e conhecida) sobre o Generalplan Ost. É curioso o cinismo dos ditos "revis" com a dimensão da guerra de extermínio praticada pelos nazistas, eles praticamente evitar citar essa questão do extermínio no leste europeu.

Cinismo e muitas vezes ignorância e estupidez também já que o conhecimento de boa parte deles do evento é precário ou totalmente distorcido, o que não apaga a ideia asquerosa por detrás desse apego desmedido deles com o que eles visualizam ou identificam como 'nazismo'.

Antes de ser algo caricato como a gente costuma ironizar a cretinice de alguns deles, no fundo esse pessoal é adepto do darwinismo social, como também o é alguns grupos que se denominam "liberais", mas que evitam a citação do termo "darwinismo" explicitamente por motivos óbvios (seriam facilmente rotulados de racistas), embora tenham uma aversão cínica e profunda com a questão do combate ao preconceito e racismo no Brasil e um ódio de classe profundo contra pobres (é essa uma das raízes do darwinismo social).

Ao contrário do que muita gente pensa, esse tipo de ideia de exclusão e racista é bem difundida em algumas cidades brasileiras. A "aparição" de grupos denominados "neonazis" no Brasil, ao contrário do que a mídia propaga como sendo "algo absurdo", infelizmente não é. O que ocorre é que esta mesma mídia e governos não têm interesse de esclarecer nada do assunto e nem de se aprofundar no problema da origem do racismo moderno no Brasil (que tem ligação direta com o evento da imigração pro Brasil no século XIX e começo do século XX), assunto que nem sequer é citado em colégios quando deveria ser obrigatório a discussão disso. E um adendo, refiro-me tanto à mídia de direita e de esquerda. Só vi uma vez citarem algo relativo a isso no site Viomundo, mas era só sobre São Paulo. Ou seja, o assunto sobre branqueamento no Brasil (que é o que dá base a esse racismo atual no país, as crenças racistas, além da herança racista colonial) sequer é discutido por conveniência, pra manter esses preconceitos regionais (preconceitos com conotação racista) inalterados.

Mas como dizia, a aparição desses bandos ditos "neonazis" no Brasil não é algo tão "absurdo" assim, apesar da adoção de símbolos do fascismo alemão por eles sempre soar ridículo pois o Brasil é um país com predominância da cultura portuguesa, indígena e negra, não excluindo as contribuições dos outros povos que pra cá migraram, mas essa também é a base étnica da maior parte do país, inclusive em regiões que a mídia propagam como "brancas" ou sem ligação com essas três culturas e povos (apesar de falarem português o tempo todo... vejam só...) porque há um sentimento de aversão dessas cidades com Portugal, negros e indígenas.

A mídia brasileira, de uns tempos pra cá, andar querendo "escandinavizar" o Brasil, talvez pra suprir seus complexos e sentimentos obscuros (que não tem coragem de externar), embora mantenha pro público externo a imagem do Brasil "tropical" formulada no Estado Novo do país (com contribuição da Disney) que perdura até hoje.

Como já deu pra notar, minha opinião sobre a mídia brasileira não é lá muito boa (e também de boa parte da mídia estrangeira). Digamos que, fizeram por onde ter essa imagem negativa, a "birra" não surgiu do nada. Em geral, a imagem da mídia hoje no mundo não é muito boa, pra não dizer que é terrível.
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Observação 2: Quem quiser baixar o livro (PDF), vá ao link do site do Centro de História Militar do Exército dos EUA.

Fiz questão de frisar a fonte pra servir como uma amostra pros fanáticos de direita do Brasil, com uma obsessão em repetir discurso da guerra fria.

A quem assistiu a abertura da Copa e leu o texto que coloquei aqui sobre ela (eu não profetizei...), viram uma demonstração desse fanatismo e radicalização imbecil nos xingamentos que esses fanáticos bitolados (e sem qualquer pingo de educação), na parte mais cara do estádio (com ingressos mais caros, setor "VIP" da baixaria e da elite Zé Povinho, o populacho medonho, a gentalha abastada brasileira), proferiram contra a presidente do país, quando não caberia numa cerimônia de abertura se comportarem tão grotescamente daquela forma achando que estavam "abafando", independente de divergência política.

Seria igualmente errado se o fato ocorresse com um presidente com outro retrospecto ideológico, eleito democraticamente. Há que se saber separar divergências de fanatismo e sectarismo, que é o que esse pessoal está fazendo há bastante tempo insuflados por certa mídia irresponsável, inconsequente e corporativa do país. Queimaram-se lindamente pro mundo inteiro ver.

Nem a principal potência rival da URSS (que não existe mais) possui um sectarismo e fanatismo tão estreitos com esses assuntos como o que se verifica na direita brasileira e latinoamericana (e ibérica), ou na maior parte dela. Sectarismo que mistura uma dose de paranoia, idiotice, má educação, prepotência e fanatismo religioso (obscurantismo).
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Observação 3: tem uma parte do texto (nas notas 45 e 46) que diz o seguinte:
"A ocupação era para ser permanente. Este era o objetivo final do que Hitler queria fazer, e nada nem ninguém estava autorizado a interferir com a realização deste empreendimento.45 Esta foi uma luta de ideologias, não de nações."
Pois bem, essa era também minha opinião anterior sobre o evento, mas analisando a coisa hoje eu discordo da minha opinião anterior. Esta foi uma guerra ideológica sim, entre o fascismo (nazismo) e o socialismo da URSS, mas também uma guerra entre nações e de aniquilação.

A própria ideia racista de ocupação e aniquilação de povos no leste (por estes serem inferiores ou descartáveis por ideias racistas, na concepção nazista) não é propriamente algo original da guerra anticomunista da segunda guerra, esta guerra também foi uma guerra de colonização, uma guerra "racial" (étnica) de aniquilação, só que dessa vez na Europa, como as ocorridas nas colonizações feitas na África e nas Américas.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Relatório Salitter (Riga, Letônia)

Relatório do oficial de polícia Salitter, que comandou os guardas de transporte de judeus deportados de Duesseldorf para Riga em 11 de dezembro de 1941 [1]

Duesseldorf, 26 de dezembro de 1941 Relatório Confidencial sobre a evacuação dos judeus para Riga ... 11-17 novembro de 1941. O transporte de judeus planejado para 11 de dezembro de 1941 incluiu 1.007 judeus das cidades de Duisburg, Krefeld e várias pequenas cidades e comunidades das áreas industriais de Rhinelandand Westfalia. Duesseldorf apresentou apenas 19 judeus. O transporte foi composto por judeus de ambos os sexos, de várias idades - desde bebês até pessoas de 65 anos. A partida do transporte estava prevista para às 09:30. Os judeus foram, portanto, trazidos para a rampa de carregamento já prontos para embarcar às 4:00 da manhã. Entretanto, o Reichsbahn não podia ter o trem pronto tão cedo, alegadamente devido à falta de pessoal, então o carregamento dos judeus só começou às 9:00 da manhã.

O carregamento foi feito com grande pressa, tanto quanto o Reichsbahn insistiu que o trem devia sair na hora certa. Portanto, não é surpresa que alguns carros estavam superlotados (de 60-65 pessoas), enquanto outros tinham apenas 35-40 passageiros. Essas circunstâncias causaram problemas ao longo de toda a viagem para Riga, desde judeus sozinhos que tentaram várias vezes entrar em carros menos movimentadas. E por mais que o tempo permitisse, em alguns casos foi permitido fazer alterações, como também havia mães que tinham sido separadas de seus filhos. No caminho da área de desembarque para do matadouro para a plataforma, um judeu do sexo masculino tentou cometer suicídio, atirando-se na frente do bonde. Mas ele bateu no para-choque do carro de rua e ficou apenas ligeiramente ferido. Ele se recuperou durante a viagem, e percebeu que não podia evitar compartilhar do destino de the evacuados. Uma mulher judia idosa se afastou da plataforma sem que ninguém percebesse - estava chovendo e muito escuro - entrou numa casa próxima, tirou a roupa e sentou-se num vaso sanitário. No entanto uma mulher da limpeza notou o caso e ela foi levada de volta para o transporte.

... O carregamento do trem terminou às 10:15 e ... o trem deixou a estação Duesseldorf-Derendorf por volta das 10:30 .... Devido a um sistema de aquecimento com defeito, a pressão de vapor não atingia os últimos carros do comboio. Por causa do frio, a roupa dos esquadrões de guarda não secavam. (Choveu durante todo o transporte). Assim, tive que lidar com guardas que não conseguiam cumprir seu serviço devido à doença. ... [O trem chegou à Lituânia em 12 de dezembro] Normalmente, a viagem de comboio a partir deste ponto para Riga levaria 14 horas, mas como não havia apenas uma faixa de trilho e nosso trem tinha apenas uma segunda prioridade, a viagem foi muitas vezes mantidos por longos períodos de tempo. ... Chegamos em Mittau na Letônia às 19:30 [13 de dezembro]. Estava frio e a neve caindo. Chegamos em Riga às 21:50. O trem foi mantido na estação por uma hora e meia. ...

O trem ficou parado sem calor. A temperatura exterior era de menos 12 graus centígrados .... À 01:45, voltamos para o trem e mais seis guardas letões foram encarregados de ver o trem. Porque era meia-noite, escuro e a plataforma estava coberta com uma espessa camada de gelo, então foi decidido transferir os judeus para o gueto de Sarnel apenas no domingo de manhã. Conclusões: as provisões [para os guardas] eram boas e suficientes. Para os homens foram fornecidos dois cobertores, utensílios de cozinha e fogões de campo, roupas quentes, peles e botas quentes, que provaram ser muito úteis e foram recomendados para transportes futuros. As pistolas e munições fornecidos eram suficientes porque não havia perigo de ataques por partidários na Lituânia e Letônia. ... as duas luzes de busca serviram bem a seu propósito .... a assistência da Cruz Vermelha foi louvável ...

Para prover os judeus com água, era essencial que a Gestapo entrasse em contato com o Reichsbahn e coordenasse uma hora de parada todos os dias numa estação ferroviária no Reich. Devido à tabela de tempo, o Reichsbahn estava relutante em cumprir a vontade do comandante dos transportes. Os judeus ficaram geralmente na estrada por 14 horas ou mais antes do transporte partir e de ter se esgotado todas as bebidas que eles tinham para eles. Quando eles não são supridos com água durante a viagem, eles tentam, apesar da proibição, deixar o trem em cada ponto possível ou pedir a outros para obter água. É também essencial que o Reichsbahn preparasse os trens pelo menos 3-4 horas antes da partida, para que o carregamento dos judeus e seus pertences, de modo que o carregamento de judeus pudesse ser conduzido de forma ordenada. A Gestapo tem que se certificar que o Reichsbahn colocou o carro (vagão) para o destacamento de guarda no centro do comboio. ... Isto é essencial para a supervisão do transporte .... Durante frio extremo, deve-se ter certeza de que o aquecimento do trem funciona. Os homens do pelotão de guarda não me deram nenhum motivo para eu reclamar. Com exceção do fato de que tive que pedir a alguns deles para agir mais energicamente contra os judeus que queriam desobedecer minhas ordens, todos eles se comportaram bem e cumpriram bem seu dever. Não houve incidentes de doenças ou quaisquer outros problemas. Assinado: Salitter (ver mais), Hauptmann (Capitão) da Schupo (Link2).

[1]. Ver também "Deportation to Riga" -- testemunho de Hilde Sherman que foi deportado no mesmo transporte.

Fonte: Yad Vashem site (Shoah Resource Center, The International School for Holocaust Studies)
http://www.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%203288.pdf
Título original: Report by Police officer Salitter, who commanded the guards on the transport deporting Jews from Duesseldorf to Riga 11 December 1941
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais: «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (3, 3) (Holocaust Controversies)

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Hitler (A biografia). De Joachim Fest (resenha)

Hitler, de Joachim Fest,
tradução de Analúcia
Teixeira Ribeiro, Editora
Nova Fronteira, 2 volumes,
935 páginas.
Em novembro de 1923, há exatos 83 anos, aconteceu o lendário Putsch de Munique, quando pela primeira vez Hitler tentou tomar o poder na Alemanha. A república de Weimar assistiu pasma ao golpe do recém-fundado Partido Nacional-Socialista, que só naquele ano teve 35 mil novas adesões. Hitler contou com o apoio de 15 mil homens da S. A., a tropa de assalto do partido nazi. Resultado: golpe frustrado e os líderes presos – mas o prestígio de Hitler e de seu partido só fez aumentar.

Esse e outros episódios estão descritos na colossal biografia de Adolf Hitler escrita por Joachim Fest, publicada primeiramente na Alemanha, em 1973, e cuja segunda edição em português, revisada e ilustrada, foi lançada neste ano no Brasil pela Editora Nova Fronteira, em dois grandes volumes que somam 935 páginas. Joachim Fest, que morreu em setembro deste ano, foi um jornalista de grande nome na Alemanha e professor honorário da Universidade de Heidelberg. Ele mesmo chegou a lutar na 2a Guerra Mundial e acabou como prisioneiro da França. Além de Hitler, Fest escreveu No bunker de Hitler, livro que inspirou o filme A queda – As últimas horas de Hitler, dirigido por Oliver Hirschbiegel.

Considerada uma das mais completas biografias sobre o estadista alemão que permaneceu no poder entre 1933 e 1945, Hitler é caracterizada pela riqueza de detalhes pessoais e “históricos”, que dão a sensação ao leitor de estar vendo os acontecimentos in loco. Sobre o Putsch de 1923, escreveu Fest: “Trajado com uma longa casaca negra, a cruz-de-ferro pregada ao peito, Hitler tomou lugar na Mercedes vermelha comprada havia pouco. (...) Com aquele gosto peculiar por cenas exageradas e teatrais, brandiu um copo de cerveja e, enquanto uma pesada metralhadora era posta em bateria ao seu lado, engoliu dramaticamente um último gole, arremessando em seguida com estrondo o copo aos pés”.

O Putsch da cervejaria poderia ser considerado, então, um momento essencial na vida do futuro Führer do governo alemão: quando ele entraria definitivamente no caminho político. Hitler passaria, nesse momento, a controlar seus instintos artísticos e se transformaria em um “tecnocrata do poder”. Foi um grande passo para sua chegada ao poder como chanceler do Reich, em 1933.

E se ele tivesse chegado ao Brasil?– Frustrado o golpe, rotulado por muitos como “carnaval político”, “putsch de escada de serviço” e “farsa de faroeste”, Hitler, mesmo preso, continuou sua escalada megalomaníaca ao poder. Na prisão em Landsberg, aproveitou para continuar se articulando politicamente: compartilhava a cela com seus comparsas de partido, que chegavam, inclusive, a cuidar da limpeza de seus aposentos. Sentado em uma bandeira da suástica, costumava presidir o horário das refeições.

Dentro da prisão, sua fama aumentou na Alemanha. O futuro Führer recebeu muitas cartas e flores de seus fãs e aproveitou os anos de reclusão para escrever o livro Minha luta, considerado uma bíblia do nacional-socialismo, permeada por ataques aos judeus e caracterizada por um estilo duvidoso, que se pretendia erudito, mas confundia figuras de linguagem e teorias. Os 25 pontos do programa do partido tinham sido promulgados em 1920, mas é com Minha luta que Hitler desenvolveu sua teoria racista que teria como ápice o extermínio em massa dos judeus em plena 2a Guerra. A idéia inicial era escrever uma biografia dos seus então 30 anos de vida, da pobreza de sua infância e das suas tentativas no universo artístico.

Os 10 milhões de exemplares publicados não fizeram o sucesso esperado. Segundo Fest, faltava a presença de Hitler como orador que fazia a diferença para suas idéias cheias de fracas obsessões e fantasias. Até mesmo a teoria nacional-socialista não é convincente: carente de qualquer idéia original, mostrou-se um “caldo de tendências”. Rauschning, autor da obra Conversa com Hitler, afirmou que tudo nela já havia sido dito, falado, escrito: nacionalismo, anticapitalismo, culto à tradição, concepções de política exterior, racismo e anti-semitismo. Nada era novidade. Mas a falta do novo não afetou o sucesso estrondoso da teoria entre as massas.

A abordagem do nazismo de Joachim Fest prima por dois pontos essenciais. O principal deles é a construção de um mito. Hitler não é descrito como uma pessoa normal, mas sim como um líder carismático capaz de acionar multidões que estavam amorfas antes de seu chamado. Para Fest, não seria possível o nacional-socialismo sem essa figura emblemática. Para provar sua teoria, ele enche o leitor de detalhes pessoais da vida de Hitler, desde criança dotado de pensamentos de conquista do mundo. Interessante é a fileira de adjetivos utilizados pelo autor para descrever as faces dessa múltipla e esquizofrênica personalidade, ora caracterizada como “impessoa”, ora como uma figura extremamente sedutora, capaz de exterminar qualquer resistência diante dele. Com um quê de exagero, Fest chega a afirmar que Hitler seria um guardião de todas as angústias de seu tempo. Vai mais longe, dizendo que, além de ser o denominador comum, “imprimiu aos acontecimentos seu rumo, sua extensão e seu dinamismo”.

Da mesma maneira, pontua sua biografia, organizada de maneira cronológica, por títulos significativos dessa mesma abordagem de “louco e gênio” de Hitler. A infância e a participação na 1a Guerra são classificadas no tópico “vida sem objetivo”; a fundação do partido e o Putsch de Munique se encontram no tópico “O caminho da política”. Em seguida são pontuados “os anos de espera”, “o tempo de luta” e finalmente “a tomada do poder”, seguida da “Guerra errada” e terminando com “A queda”, com o fim do regime hitlerista. Nesse momento, Fest não poupa suas tintas para mostrar um Hitler manco, que se arrastava com seu cachorro, isolado dentro de seu bunker. Sua desgraça pessoal atingiu também os seus amores: a sua companheira Eva Braun teria tentado suicídio logo aos 23 anos.

Moderno – O segundo ponto essencial do Hitler de Fest é desmontar as outras tantas teses que afirmam que o nacional-socialismo foi produto de condições históricas específicas, pontuadas principalmente pela Alemanha derrotada na 1ª Guerra Mundial, vítima de um cruel Tratado de Versalhes – assinado pelas nações vitoriosas –, que provocou a perda de valiosos territórios alemães, ocasionando então uma crise no governo que se formava no pós-guerra, a República de Weimar. Fest, em lugar disso, tenta refletir sobre todos os acontecimentos da Europa nessa época pela ótica pessoal da história de Hitler. O resultado é um exercício, no mínimo, interessante. Mostra um outro viés do nacional-socialismo, que traz algo diferente da historiografia em vigência, que prima por considerar as forças históricas evidentes no período como determinantes do processo.

Além disso, a pesquisa de pano de fundo é monumental. Como se para todos os acontecimentos dessas décadas (principalmente de 1930 e 1940) houvesse um comentário especial ou frases de Hitler. Para provar a importância especial de Hitler na história, Fest argumenta que o nazismo morreu no momento em que Hitler se envenenou, em 1945, pouco antes da capitulação da Alemanha. “Com a morte de Hitler e a capitulação”, afirma, “o nacional-socialismo desapareceu de cena quase sem transição, de um momento para o outro, como se fosse apenas o movimento, a embriaguez e a catástrofe provocados por Hitler.” Mesmo no Tribunal de Nuremberg, montado pelos aliados entre 1945 e 1949 para julgar os criminosos de guerra, os acusados se mostravam ideologicamente alienados, de maneira que se levasse a crer que o único culpado por toda a catástrofe da guerra e do assassinato em massa fosse mesmo o ditador alemão.

Mesmo assim, Fest não deixou de mostrar que Hitler foi extremamente moderno para seu tempo, trazendo novas realizações técnicas, como a propaganda em massa, cujos vestígios se encontram em diversos políticos populistas da atualidade. Fazendo “política para os apolíticos”, para a imensa massa mobilizada pelos festejos coletivos que mais pareciam shows, Hitler construiu o seu poder na esfera da sedução, criando duas faces para o mesmo nazismo: uma marcada pela prisão em massa e posterior extermínio dos excluídos, e outra, dentro dessa aura de magia, dos grandes comícios voltados para os eleitos, dos quais se tornaram mais famosas as festas do Dia do Partido, realizadas em Nuremberg.

O personagem de Hitler retratado por Fest não deixa de ser marcante, mesmo que para o lado do mal, visto como a encarnação do que de pior pôde acontecer para a humanidade. O autor provoca o leitor quando – através de uma bela metáfora – afirma que Hitler nada mais foi do que um espelho de sua época, uma época cruel, sem esperanças e permeada de angústias. Tempos sombrios, diria Hannah Arendt.

Ana Maria Dietrich, historiadora e jornalista, faz doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP sobre o tema “Nazismo tropical? O Partido Nazista no Brasil”. É co-autora de Alemanha (Imesp, 1997).

Fonte: Site da USP (Jornal da USP)
http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2006/jusp783/pag1213.htm

Observação: a edição antiga desse livro tinha apenas 1 volume. Essa capa é da edição mais recente, dividida em dois volumes. A quem quiser compreender melhor a segunda guerra e o nazismo, este livro é essencial.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Crítica publicará "Minha Luta" de Hitler em 19 de janeiro a cargo de Sven Felix Kellerhoff


Um exemplar da primeira edição
de "Mein Kampf"- EFE
O selo editorial Crítica publicará em 19 de janeiro "Mi lucha. La historia del libro que marcó el siglo XX" (Minha Luta. A história do livro que marcou o século XX), sob responsabilidade do historiador e jornalista Sven Felix Kellerhoff, com um "estudo amplamente documentado".

Segundo informou a editora num comunicado, em 31 de dezembro de 2015 expiram os direitos de "Mein Kampf", escrito por Adolf Hitler, já que 70 anos depois da morte do ditador o Estado da Baviera perde os direitos autorais.

Nesta versão, Kellerhoff conta como se escreveu a obra na cadeia de Landsberg; revela como Hitler falsificou nela sua vida; analisa as ideias que expõe, e desvela sua procedência.

Segue depois o processo pelo qual o livro, que foi um fracasso de vendas nos primeiros anos, converteu-se num negócio (até 1945 foram impressos uns doze milhões de exemplares) que fez o Führer milionário, às custas de evasão de impostos, e na forma na qual suas ideias se aplicaram na política do regime nazi.

Kellerhoff nasceu em 1971 em Stuttgart; estudou história e jornalismo e, depois de uma longa carreira em diferentes meios de comunicação, atualmente é chefe de redação do "Die Welt".

EFE Barcelona - 14/12/2015 às 19:34:51h. - At. às 12:08:55h.

Fonte: ABC (Espanha)
http://www.abc.es/cultura/libros/abci-critica-publicara-lucha-hitler-19-enero-cargo-sven-felix-kellerhoff-201512141934_noticia.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

França autoriza acesso a alguns arquivos policiais e jurídicos de Vichy

Cidadãos e investigadores podem, a partir de hoje, conhecer melhor o regime de Vichy, colaboracionista da Alemanha nazi durante a ocupação de França, na Segunda Guerra Mundial, após a abertura de arquivos policiais e judiciais da época.

Pétain e Hitler
Entre os documentos até agora abrangidos pelo segredo de defesa nacional que poderão ser "livremente consultados, sob reserva de desclassificação prévia", figuram os relativos às atividades da polícia judiciária francesa entre setembro de 1939 e maio de 1945, precisa um decreto publicado no "Journal Officiel" (Diário Oficial).

Os pedidos de desclassificação de documentos deverão ser formulados pelos serviços públicos de arquivos e o Diário Oficial precisa que serão "altos funcionários de defesa e segurança" os encarregados de dar seguimento a tais pedidos, pelo que determinados documentos continuarão a ser confidenciais.

Assinado pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Justiça, Defesa, Interior e Cultura, o decreto diz também respeito às investigações e atividades da polícia judiciária do Governo provisório formado após a libertação da Alemanha nazi, em 1945.

Poderão igualmente ser consultados os casos levados a tribunais de exceção instaurados por Vichy, os crimes julgados logo pelos tribunais de exceção criados após a libertação e os arquivos sobre a perseguição e julgamento de criminosos de guerra nas zonas de ocupação francesa na Alemanha e na Áustria.

Historiadores como Gilles Morin esperam que estes ficheiros, consultáveis quase cinco anos antes de expirar o prazo de 75 anos previsto para o efeito no Código do Património, revelem dados inéditos sobre líderes da Resistência como Jean Moulin, detido, torturado e assassinado em 1943, disse ao canal privado TF1.

O escritor, advogado e caçador de nazis Serge Klasferld que, como outros especialistas, já trabalhou com esses documentos graças a derrogações individuais obtidas desde princípios dos anos 1980, adiantou à emissora France Info que "não se esperam revelações" destes arquivos que, sublinhou, "são sumamente precisos".

Considerou igualmente que, apesar de qualquer derrogação geral "ser um avanço da liberdade de informação", a que hoje começa "é algo quase simbólico".

Segundo o Memorial da Shoah (Holocausto) de Paris, durante o Governo do general Pétain foram assassinados cerca de 80.000 judeus franceses, 76.000 dos quais depois de serem deportados para os campos de concentração nazis.

Os historiadores estimam que, também vítimas do nazismo, além de milhares de comunistas, ciganos, homossexuais e resistentes perderam a vida em França entre 1941 e 1945 cerca de 40.000 a 50.000 doentes mentais, principalmente de fome e esgotamento.

Lusa

Fonte: SIC (Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/cultura/2015-12-28-Franca-autoriza-acesso-a-alguns-arquivos-policiais-e-juridicos-de-Vichy

domingo, 20 de dezembro de 2015

Planos para judeus franceses e "outros inimigos", de dezembro de 1942 a março de 1943

Esta excelente análise de Peter Longerich merece ser citada inteira:
19.6(5) Num relatório para Hitler em 10 de dezembro de 1942, Himmler preparou uma lista escrita à mão dos pontos que ele queria apresentar. Sobre o "II SD e assuntos policiais", Himmler especificou como ponto 4 a seguinte palavra-chave:
  • Judeus na França
  • 6-700.000
  • outros inimigos.
19.7 Próximo a essas palavras-chaves pode ser encontrado um crédito e no próprio manuscrito de Himmler a palavra "abolir" (abschaffen): Himmler tinha então trazido esses a Hitler e recebeu sua permissão para "abolir", ou seja, para liquidar os estimados 600.000-700.000 judeus na França, bem como "outros inimigos".179 Após a reunião, Himmler enviou uma nota para Müller, chefe da Gestapo, na qual afirmou:
O Führer deu ordens para que os judeus e outros inimigos na França devam ser presos e deportados. Isso deveria ter ocorrido, mesmo que ele tenha falado com Laval sobre isso apenas uma vez. É um problema de 6-700.000 Jews.180
19.8 Dois meses depois, em fevereiro de 1943, Eichmann, em uma breve visita a Paris apresentou um programa máximo para a deportação de todos os judeus que viviam na França, incluindo aqueles com cidadania francesa.181

19.9 Na reunião de 10 de dezembro de 1942, Himmler apresentou a Hitler uma proposta de criação de um campo de trabalho para judeus mantidos na França, Hungria e Romênia, para um total de 10.000 pessoas. De acordo com uma nota escrita à mão por Himmler, Hitler aceitou a proposta. 182 Após a reunião, Himmler enviou uma ordem para Müller para concentrar essas 10.000 pessoas num "campo especial" (Sonderlager). Ele afirmou: "Certamente eles devem trabalhar lá, mas sob condições em que permaneçam saudáveis e vivos." 183

19.10 As notas manuscritas de Himmler deste encontro com Hitler e as ordens enviadas para Müller confirmam que foi desejo de Hitler que aqueles judeus franceses que não se enquadrassem nessa regra não fossem "mantidos vivos" (am Leben bleiben), mas que fossem "abolidos", ou seja, assassinados.
Observe também esta análise interessante de Edith Shaked. Embora os nazistas tenham sido incapazes de terminar esses planos de extermínio, a intenção é clara.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/08/plans-for-french-jews-and-other-enemies.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Plans for French Jews and "other enemies", December 1942 to March 1943
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 6 de dezembro de 2015

"Mein Kampf" (Minha Luta) regressa às bancas alemãs

Instituto histórico de Munique quer fazer edição pedagógica da obra que inspirou o regime nazi.


Numa altura em que o fluxo de refugiados a entrar na Alemanha está a gerar uma onda de descontentamento e a reacender os fantasmas da xenofobia , uma instituição universitária germânica vai lançar, em Janeiro do próximo ano, o manifesto ‘Mein Kampf’, de Adolf Hitler.

O livro, que explica a ideologia racista e antissemita que inspirou o regime nazi, foi publicado pela primeira vez em 1925, oito anos antes de Hitler chegar ao poder em Berlim. Na altura passou razoavelmente despercebido. Hitler era um ilustre desconhecido e livros de temática antijudaica eram muito abundantes na Europa de então – tinham passado apenas 30 anos sobre o caso de alta traição de Alfred Dreyfuss, que abalou todo o continente e afundou França num momento de vergonha nacional.

O Instituto de História Contemporânea, sediado em Munique, vai imprimir uma edição da obra de quatro mil exemplares, onde o texto original será acompanhado de mais de 3.500 notas, que pretendem assumir um cariz pedagógico oposto às propostas incendiárias do responsável direto pela morte de mais de seis milhões de judeus durante o conflito mundial de 1939/45.

Andreas Wirsching, diretor do instituto, já disse que o texto com comentários de especialistas irá “quebrar o mito” em torno do manifesto: trata-se de "um trabalho acadêmico" que, afirmou, pretende ir mais longe que as publicações “irresponsáveis” que estão amplamente disponíveis nas livrarias de segunda mão. Também Thomas Krüger, presidente do Centro para a Educação Política, uma organização estatal, veio defender a publicação, dizendo que é importante “quebrar o tabu ‘Mein Kampf’”.

A publicação da obra foi proibida logo a seguir à derrota dos nazis em 1945 e os seus direitos atribuídos pelas potências ocupantes ao Estado da Baviera. Segundo a lei germânica, estes direitos cessam ao cabo de 70 anos, em Janeiro de 2016, pelo que ‘Mein Kampf’ passa a ser de acesso livre no mercado. E para que ninguém faça uso abusivo da obra de Hitler – que foi um ‘best-seller’ com mais de 12 milhões de cópias –, as autoridades judiciais alemãs decidiram no passado que não deveria existir uma edição acrítica do livro. Mas, para já, não se livram das críticas de diversas instituições e grupos ligados à diáspora judaica – que alegam que a obra nunca mais deveria ver a luz do dia. Temem que a ‘bondade’ da nova edição se perca no meio da situação explosiva que se vive na Alemanha por estes dias.

03 Dez 2015 António Freitas de Sousa
antonio.sousa@economico.pt

Fonte: Económico (Portugal)
http://economico.sapo.pt/noticias/mein-kampf-regressa-as-bancas-alemas_236493.html

Ver mais:
“Mein Kampf”. O livro proibido de Hitler volta a ser publicado na Alemanha 70 anos depois (Observador, Portugal)

domingo, 15 de novembro de 2015

Hilmar Wäckerle, primeiro comandante de Dachau

Hilmar Wäckerle na batalha de
Grebbeberg, Países Baixos. Original
de waroverholland.nl
Hilmar Wäckerle nasceu em 24 de novembro de 1899 em Forchheim, no norte da Baviera. Aos catorze anos, já começava a Grande Guerra, entrou na escola de oficiais do exército bávaro. Depois de três anos, antes de completar os 18, foi destinado ao regimento de infantaria da Bavária nº2, "Príncipe herdeiro" em agosto de 1917, um dos regimentos mais prestigiados (e com maior índice de baixas) do antigo Reino da Bavária.

Em setembro de 1918, o alferes (Fähnrich) Wäckerle foi ferido gravemente. Recuperou-se do armistício no hospital, longe do front, compartilhando desta forma a mesma experiência de Hitler. No pós-guerra, depois de ingressar no Freikorps Oberland, de 1921 a 1924, estudou engenharia agrícola na Universidade Técnica de Munique, ainda que não consta se se relacionou com quem fora seu condiscípulo de 1919 a 1922, Heinrich Himmler, um ano mais jovem. Hilmar também ingressou no NSDAP um ano antes que Himmler, mas deixou de pagar as cotas e se distanciou da política ao terminar seus estudos. Não solicitou ingressar na SS até 1929, quando Heinrich já era seu Reichsführer. Depois de dois anos de teste, foi admitido como SS-Mann com o número 9.729. Também voltou a ingressar no NSDAP em 1 de maio de 1931, com o número de 500.715. Hilmar nesses momentos era administrador de uma propriedade agrícola em Kempten. Seu irmão, Emil, também era membro da SS.

Em fevereiro de 1933, com Hitler recém nomeado chanceler em 30 de janeiro, Wäckerle chega a SS-Hauptsturmführer (capitão). Em março, Freidrich Jeckeln, chefe da SS do sul da Alemanha, nomeia-o comandante do primeiro campo de concentração da SS, em Dachau. Desde 30 de janeiro, por toda a Alemanha proliferou todo tipo de cárceres "selvagens", casas ou prisões onde Gauleiters (chefes do partido) e grupos da SA detinham e torturaram seus inimigos políticos. Nesses momentos o cargo oficial de Himmler é o de chefe da polícia da Bavária, e decide criar um grande campo centralizado para "reeducar" esquerdistas e inimigos do Estado. A desculpa é o incêndio do Reichstag, que se supõe a um chamamento de um levante comunista. Na realidade quem se levanta são os homens do NSDAP, com o apoio de outros grupos de extrema-direita, como o Stahlhelm.

A primeira denúncia contra Hilmar Wäckerle, como comandante de Dachau, foi feita por Sophie Handschuch pela morte de seu filho. Outros prisioneiros que morreram nesses primeiros dias foram o doutor Rudolf Benario, Fritz Dressel, Sepp Götz, Ernest Goldmann, Arthur Kahn e Erwin Kahn, além de Karl Lehrburger e Wilhelm Aron, judeus. A promotoria também determinou que Herbert Hunglinge havia se suicidado por não poder aguentar as condições de sua reclusão. Em maio, as investigações do promotor se ampliaram para as mortes de Sbastian Nefzger, Leonard Hausmann, o doutor Alfred Strauss e Louis Schloss, esses dois últimos, judeus.

Supõe-se que Himmler destituiu Hilmar Wäckerle de seu cargo em Dachau por todas essas mortes, ainda que só o fez pra manter as aparências. Também é possível que influíra que se conseguisse fugir um deputado comunista, que publicou em agosto o primeiro escrito sobre a vida e morte nos campos de concentração da Alemanha. De todas as formas, Wäckerle foi elevado a SS-Sturmbannführer (comandante) em 01 de março de 1934, menos de um ano depois de sua destituição em Dachau.

Desenvolveu o resto de sua carreira na Waffen-SS, e teve seu momento de glória na invasão dos Países Baixos, em maio de 1940, ao comando do III batalhão do regimento Der F6uhrer. Disfarçou seus homens com uniformes holandeses para tomar pontes de surpresa, e utilizou prisioneiros de guerra como escudos humanos. Estima-se que uns cinquenta prisioneiros holandeses morreram por este tipo de tática. Foi ferido duas vezes, e ainda que fora indicado para a cruz de cavalheiro da cruz de ferro, teve que se conformar com a cruz de ferro de 1ª classe.

Morreu numa emboscada no começo da Barbarossa, no comando da SS-Infanterie-Regiment Westland, da SS-Division (mot) Wiking próximo da atual Lviv, Ucrânia (Lemberg para os alemães, Lvov para os poloneses), em 2 de julho de 1941. Sua morte desencadeou um pogrom em 9 de julho na zona, no qual soldados de sua unidade mataram a uns 600 judeus.

Notas:

1. Tom Segev: Soldiers of Evil, Berkley Books, 1991, pg. 64-68
2. George H. Stein, Las Waffen-SS, pg. 272
3. Richard Rhodes, Los amos de la muerte. Los Einsatzgruppen y la solución final, Seix Barral pg. 109-111
4. A descrição mais detalhada do massacre para vingar sua morte, em Pontolillo, pg. 162
5. Site: http://www.waroverholland.nl/index.php?page=chapter-11---myth-and-reality

Fonte: Blog Antirrevisionismo (Espanha)
https://antirrevisionismo.wordpress.com/2015/11/14/hilmar-wackerle-primer-comandante-de-dachau/
Título original: Hilmar Wäckerle, primer comandante de Dachau
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Hitler era astuto, não tanto hipnótico, diz nova biografia alemã (Peter Longerich)

BERLIM (Reuters) - Uma nova biografia de Hitler escrita por um proeminente historiador alemão deve gerar controvérsias com seu argumento de que a perspicácia política do líder nazista foi subestimada e de que a crença de seu domínio hipnótico sobre os alemães é inflado.

O livro "Hitler", de Peter Longerich, que será publicado na segunda-feira é um tomo de 1.295 páginas que inclui material sobre os diários do chefe de propaganda nazista Joseph Goebbels e os primeiros discursos de Hitler.

"De modo geral, você tem uma imagem de um ditador que controlou muito mais, que era mais envolvido de perto em decisões individuais do que se pensava anteriormente. Eu quis colocar Hitler como uma pessoa de volta ao centro", disse Longerich em entrevista à Reuters.

Trabalhos recentes sobre o Terceiro Reich têm colocado mais ênfase nos climas social e político que levaram à ascensão do nazismo após a derrota na Primeira Guerra Mundial e as demandas de reparação incapacitantes.

Logo após a Segunda Guerra Mundial, os alemães agarraram-se na crença de que eles foram mantidos reféns de uma gangue criminosa liderada pelo carismático Hitler, empenhada em conquistar a Europa e exterminar judeus.

Longerich, professor da Universidade de Londres, argumenta que enquanto todas as políticas de Hitler e os resultados foram catastróficos, ele agiu de maneira inteligente em situações específicas.

"A questão de porquê ele conseguiu chegar tão longe precisa ser abordada: Obviamente ele tinha habilidade para explorar situações individuais em seu interesse próprio e para seus objetivos próprios", disse ele.

Mesmo suas políticas raciais foram em grande parte devido a um oportunismo político, disse Longerich, que não acha que Hitler era radicalmente anti-semita na sua juventude.

"Nos anos de 1919-1920 ele percebeu que poderia ser bem sucedido em política ao abraçar e incitar o antissemitismo", disse, acrescentando que isso virou elemento central apenas em 1930.

A habilidade de Hitler de tomar o poder é ainda mais impressionante dado que o estudante de arte nascido na Áustria era um "ninguém" sem ideologia até seus 30 anos. Apenas então, recusando-se a aceitar a derrota da Alemanha, ele foi levado ao recém-criado Partido Nazista.

Longerich também busca desmascarar a teoria de que Hitler tinha um carisma irresistível que cativou os alemães, argumentando que ela foi em grande parte construída artificialmente pela máquina de propaganda nazista, que bombardeou imagens de fãs extasiados em comícios.

O autor não exonera os alemães, dizendo que grande parte da população apoiou Hitler enquanto outros foram oportunistas em segui-lo, mas argumenta que havia uma tensão social e um descontentamento, por exemplo dentro da Igreja.

"Não seria lógico pensar que um país profundamente dividido como a Alemanha de repente se uniu por trás de uma pessoa e compartilhava de uma única visão política", disse Longerich.

Setenta anos após sua morte, as atitudes dos alemães em relação a Hitler ainda estão evoluindo, disse Longerich.

"Eu não acho que há qualquer entusiasmo por Hitler, mas estamos vendo tabus sendo quebrados", afirmou ele, citando filmes recentes sobre o ditador e um debate sobre a publicação "Minha Luta".

Com um crescimento de temores sobre o radicalismo de direita na Alemanha, por conta da crise dos refugiados, ele alerta que com uma atmosfera política "mais dura", "o potencial de uma figura política singular é um fator que não deve ser subestimado".

(Por Madeline Chambers)
sábado, 7 de novembro de 2015 11:01 BRST

Fonte: Reuters Brasil
http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRKCN0SW0GH20151107
Hitler was shrewd, not so hypnotic, new German biography says (Reuters, EUA)

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre a UGIF (Union générale des israélites de France) e o filme "Amor e ódio" (La Rafle)

A quem perdeu a discussão, confiram na parte de comentários do post:
Filme: La Rafle (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno. França de Vichy

A discussão que o João Lima traz à tona é sobre a UGIF (Union générale des israélites de France, em tradução livre: União Geral dos Judeus da França), que não é citada no filme "La Rafle" que saiu com o título no Brasil de "Amor e ódio" (bem distante do título original que é mais próximo de "A prisão", algo assim) e o livro do Maurice Rajsfus, historiador francês, com o nome de "Des Juifs dans la collaboration, L'U.G.I.F. 1941-1944" (Ebook aqui, em PDF e outros formatos), com prefácio de Pierre Vidal-Naquet, prestigiado historiador francês.

Este filme, "La Rafle" (Amor e ódio) só saiu em DVD/Blu Ray e não foi lançado nos cinemas, não sei por qual razão.

A discussão se dá porque eu comento que, mesmo com a omissão da UGIF no filme, quem quiser ter uma ideia sobre a perseguição e deportação dos judeus na França, o filme é um dos mais recentes sobre o assunto e há versão dele dublado em português, com legenda em português etc (pra todos os gostos). O filme não é muito conhecido, justamente porque não foi exibido nos cinemas com divulgação.

Outro filme lançado recentemente (e já se vão quase 4 anos...) foi o "A chave de Sarah" feito em cima do livro homônimo (com mesmo nome), também sobre a França e judeus na segunda guerra, só que esse segundo filme eu não assisti. Não faço ideia do conteúdo do filme exceto esse comentário superficial.

Mas como dizia, eu ia fazer um post melhor sobre a UGIF (União Geral dos Judeus da França), mas ela já foi citada no blog pelo menos duas vezes. Acabei resgatando esses posts abaixo que a citam:
Judeus: questões sobre Vichy (Livro de Laurent Joly)
Casa Izieu. Memorial das crianças assassinadas na França pelo Carniceiro de Lyon, Klaus Barbie

O segundo post, dos dois acima, foi uma indicação que traduzi "meio" a contragosto porque não há menção bibliográfica no texto, e é um texto genérico. Mas ambos citam a UGIF.

Pra situar a coisa, a UGIF foi um órgão criado em 1941 pelo regime de Vichy, a pedido e em concordância com as políticas nazistas de perseguição a judeus. Foi um órgão coordenado por judeus que ajudou na espoliação e colaboracionismo com o regime fantoche de Vichy, algo próximo de um "Judenrat"(uma espécie de Conselho judeu dos guetos pra colaborar com os nazistas e organizar os judeus nos guetos seguindo as diretrizes nazis).

O João Lima cita o historiador Maurice Rajsfus (já mencionado acima), que de fato escreveu um livro sobre esses judeus colaboracionistas da UGIF, como também um livro sobre a prisão do Velódromo de Inverno (Link2) que é o tema do filme "La Rafle". E há mais livros dele (fico devendo colocar os links aqui). A razão da demora pra elaborar o post é justamente o fato deu não lembrar de memória da UGIF, tanto que não citei os posts que citam ela no comentário que fiz meses atrás. E o livro dele só se encontra em francês, sem tradução pro espanhol ou inglês, o que dificulta a leitura pois eu consigo traduzir texto em francês com ajuda do tradutor do Google, mas não leio com facilidade em francês (está melhorando, mas longe de ser algo fluente, chegaremos lá um dia...).

Só que como havia comentado na caixa de comentários do post do filme, temendo ser repetitivo (estou escrevendo o post rápido, senão acabaria não saindo mais), apesar da não citação do episódio da UGIF (União Geral dos Judeus da França), continua válido assistir o filme "Amor e ódio" (La Rafle), que é estrelado pela Mélanie Laurent (a protagonista francesa do filme "Bastardos Inglórios") e pelo Jean Reno, ator famoso da França, que vendo agora, o cara nasceu no Marrocos (Casablanca) e é filho de pais espanhóis, Jean Reno é nome artístico.

O Jean Reno ficou conhecido, mundialmente eu acho, com o filme "O Profissional" (Léon), que contracena com a Natalie Portman ainda criança, e também com a participação no filme "Missão Impossível" (o primeiro).

Só complementando: na verdade a "curiosidade" sobre esses temas 'desconhecidos' da maioria das pessoas ocorre porque entidades e alguns grupos ligados à memória desses eventos, continuam com uma postura datada que adotavam durante a Guerra Fria com o tema Holocausto, tratando esse tipo de assunto (dos colaboracionistas) como "tabu", porque se aborda um lado não "muito glorioso" de grupos judeus colaborando com o inimigo a perseguir outros judeus. Quando você cria um tabu por não querer tocar no assunto, dá margem pra terceiros propagandearem a coisa como "olhem só, eles escondem o assunto", o que acaba dando margem pra propaganda "revisionista" (negacionista) de citar esses episódios com ares de "descoberta" porque acabam os grupos de memória empurram o assunto pra debaixo do tapete em vez de citá-los normalmente (que é o correto), vide a não tradução do livro citado pra outros idiomas. Essa postura "melindre" já deveria estar superada neste século, mas a postura datada continua, mesmo com a internet escancarando tudo. Digo isso porque já veio gente encher o saco com discurso moralista sobre essas questões "cabeludas" e não tenho a menor pretensão em esconder esse tipo de assunto. Não se combate "revisionismo" empurrando essas questões pra debaixo do tapete.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Filmes e fotos de crimes nazistas no Youtube

Semana passada topei com este trailer de um documentário do History Channel chamado "O Holocausto nunca visto" (tradução livre), que anuncia "uma sequência de imagens recém-descobertas" mostrando assassinatos em massa nazistas "no Front Oriental", ou seja, nas áreas da antiga União Soviética ocupada pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

O documentário completo em inglês não está disponível no Youtube, mas existe uma versão, que parece estar em húngaro, que permite a visualização de algumas dessas "sequências recém-descobertas".

A maioria das imagens visualizáveis dificilmente merece a designação de "recém-descobertas", pois são obviamente sequências que foram incluídas no documentário "As atrocidades cometidas pelos Fascistas alemães na URSS" (The Atrocities committed by German Fascists in the USSR), que foi exibido no Julgamento de Nuremberg dos criminosos de guerra ante o Tribunal Militar Internacional em 19 de fevereiro de 1946 e é assunto de uma série anterior neste blog (parte 1, parte 2, parte 3).

Subi para o Youtube um slideshow (sequência de slides) correspondente à cada parte da série do blog acima mencionada (ver aqui, aqui e aqui).

Também subi uma apresentação de slides com as imagens vinculadas no blog do post "June 22, 1941 ("Nazi Crimes in the USSR (Graphic images!)")" [22 de Junho de 1941, Crimes Nazistas na URSS]* (Atenção: imagens com conteúdo chocante/violento!).

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2015/09/films-and-photos-of-nazi-crimes-on.html
Texto e fotos: Roberto Muehlenkamp
Título original: Films and photos of Nazi crimes on Youtube
Tradução: Roberto Lucena
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Observação 1:

*O post traduzido de "June 22, 1941" se encontra dividido em três partes em português, clique abaixo:
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 1
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 2
22 de junho de 1941(fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 3

Resolvi dividir em três partes pois o público brasileiro (e muitas vezes até o de fora) prefere ver as imagens e textos divididos em posts menores, como "sequências", do que um post longo único. Mas isto é opcional (uma escolha), não modifica em nada o conteúdo do post original. Se a pessoa quiser ver logo tudo de uma vez pode ver a versão em inglês pois consta o link original nas sequências.

O público anglófono e de outros países vai até o fim em posts longos (mas pode ser uma impressão equivocada minha) e o público lusófono corre de textos longos como o "diabo foge da cruz" (sobre a postura desse último público eu tenho certeza absoluta sobre isso, só lê até o fim os textos quem tem interesse de fato e gosta do tema), então, quando dá, eu sempre faço este tipo de modificação (adaptação) criando uma sequência, na expectativa que acabem vendo tudo.

Observação 2:

Eu achei que os posts do Holocaust Controversies com o título de "The Atrocities committed by German-Fascists in the USSR", post de fotos (mais de um post), já haviam sido publicados no blog, só que não encontrei qualquer um deles.

Vou dar uma olhada com calma depois pra ver se não se encontram com outro título pois tem posts similares como este aqui, até pra não se fazer uma duplicata de posts e organizar melhor os marcadores (tags) de fotos. Eu tinha certeza que isso já havia sido publicado aqui só que não encontrei nada por isto constam os links originais do Holocaust Controversies no texto principal deste post.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Sobre comentários xenófobos na DW Brasil

Estou transcrevendo pra cá o comentário extra que fiz no post sobre o chute da repórter húngara do Jobbik. Sobre comentários xenófobos na DW Brasil proferidos principalmente por brasileiros, alguns inclusive vivendo na Alemanha. Há que separar o joio do trigo pois há vários brasileiros vivendo na Alemanha que não têm nada a ver com a postura dessa minoria de imbecis, justamente por isso serve o alerta já que na versão em inglês dessa publicação ela costuma fazer uma limpa dos comentários desse tipo ou chamar atenção, fora que há órgãos alemães monitorando as verões dessas publicações em inglês e alemão, resta saber se verificam também as em português.

Os ataques xenófobos são variados. Quando há publicação sobre nazismo e Holocausto aparecem os germanófilos pró-nazi com antissemitismo e afins. Quando há publicação sobre refugiados da Síria, a xenofobia é direcionada a muçulmanos e tudo o que se possa imaginar, coisa pesada mesmo, fora os comentários dos que sofrem complexo de vira-lata agudo atacando tudo do país com uma idealização (de Cinderela) que beira o ridículo de outros países, algo sem propósito que torna a convivência com essas pessoas insuportável (impossível), fora que, é desagradável ler uma publicação e já estar entupida de porcaria xenófoba de cima abaixo. A revista não está tratando como deve o país. E por favor (a quem queira vir chiar), eu não sofro de "vira-latice", comigo esse papo de "Brasil é uma merda" não causa comoção alguma a não ser desprezo profundo. Sim, eu sei que o país tem problemas, todos os países do mundo têm, mas não é com lamúrias que vocês irão mudar isso, não é torrando a paciência alheia atacando e menosprezando o país que irão mudar coisa alguma, se é que querem pois o vira-lata convicto quer mesmo a piedade alheia e isso eu jamais darei porque é falta de vergonha na cara. Sempre houve uma diferença entre críticas (sérias) ao país e choradeira de gente com complexo de vira-lata comentando idiotice, não são coisas iguais.

Como disse acima, espero que os órgãos alemães que leem estas publicações verifiquem o conteúdo xenófobo dessa brasileirada sem noção, pois sem noção ou não, estão incitando ódio de outro país e isso é crime na Alemanha, e no Brasil, mas aqui o Ministro Soneca (o Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo) nunca fez nada, nem os ministros anteriores a ele sobre esse tipo de problema, tratam o problema com descaso até acontecer algo mais sério e serem cobrados por isso.

Sem mais delongas, transcrevo o comentário que fiz no outro post abaixo, pois acho melhor colocar comentários longos como posts à parte, facilita de ler o post original. Publicado originalmente aqui:
O ataque da repórter do Jobbik (extrema-direita) na Hungria aos refugiados
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2. Vou fazer outro relato de problema referente à xenofobia, agora vindo de brasileiros, mas se for melhor colocar num post à parte depois eu transfiro, que é sobre a presença de comentários xenófobos e racistas na edição da DW (Deutsche Welle) em português ou DW Brasil, comentários de brasileiros que fariam o cabo Adolfo (Hitler) corar de inveja com o conteúdo dos comentários. Eu acho que este segundo relato será removido depois e ficará em um post só pra retratar a DW, mas o antecipo aqui.

Não vou nem ressaltar a ignorância e estupidez da maioria dos que proferem os ataques, embora isso não "limpe a barra" deles (a intenção é a que conta), pois são muito, mas muito ignorantes. Não sabem absolutamente nada sobre o que se passa e se metem e emitir opinião cheia de preconceito pra querer "mostrar que existe". Que forma de inclusão esdrúxula esse pessoal "pratica", a pior possível, são orgulhosos da própria ignorância e falam com uma petulância fora do comum quando antes gente estúpida costumavhttps://draft.blogger.com/blogger.g?blogID=936216226993954018#allpostsa ter medo de dizer algo pra não passar por burro em público.

É uma enxurrada de comentários agressivos (xenófobos, preconceituosos etc), não são poucos. Alguns estão na Alemanha inclusive e poderiam (e deveriam) ser enquadrados em leis antirracismo naquele país, pra tomarem no mínimo vergonha na cara e não acharem que podem defecar imundície por alguma brecha que dão pois na frente dos outros devem posar de "anjinhos". Eles atacam longe dos olhos do pessoal daquele país se valendo da arena "vale-tudo" de extremismo que virou o país (Brasil) com esse Ministro da Justiça omisso (pra não usar outro termo), o Zé Cardozo ou Zé da "Justiça", o "petista" querido da mídia oligopolizada e seu "republicanismo" seletivo, uma nova "noção" de "justiça" (entre aspas).

Caso algum órgão alemão que trate dessas questões leia o blog, a DW precisa tomar uma chamada pois adota dois pesos e duas medidas no tratamento do problema. Na edição em inglês ela é cheia de dedos e corta os ataques aparentemente ou chama atenção, pra parecer zelosa, na versão do Brasil ela deixa a selvageria (racismo e xenofobia) rolar solta. Estão de "brincadeira", mas isso tem que ter fim.

Como já frisei, boa parte dos ataques xenófobos, racistas e sectários (tem ataque religioso no meio vindo de fanáticos) são feitos por brasileiros, ataques com viés de extrema-direita (o conteúdo), mas não é de gente ligada a agremiações fascistas, aparentemente (fascista no sentido literal do termo, tema tratado no blog), esse pessoal aparenta ser gente "comum", fazendo ataques e todo tipo de cretinice possíveis por estarem longe dos olhos do pessoal na Alemanha, teoricamente. Alguns residem na Alemanha o que permite o Estado alemão processá-los por crimes de ódio já que estão usando território alheio pra praticar patifaria e sujar a imagem do país, embora achem que estão "abafando", má educação e canalhice (preconceito) agora virou sinônimo de "status" pra esse pessoal.

Segue a tradução da matéria abaixo da jornalista fascista húngara pois evito, quando dá, colocar links de jornal do país justamente pela questão do oligopólio de mídia. Restou poucas mídias no Brasil pra se usar.

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