EFE – ter, 26 de fev de 2013. Nacho Temiño.
Varsóvia, 26 fev (EFE).- Grupos ciganos lembram nesta terça-feira o aniversário da sua chegada, há 70 anos, ao campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, dos primeiros deportados dessa etnia, cuja maioria das 23 mil pessoas morreu ou foi assassinada.
Em dezembro de 1942, as autoridades nazistas decidiram pela prisão de todos os ciganos do Reich e dos territórios ocupados e, dias depois, ordenou o seu confinamento em campos de concentração, começando oficialmente o extermínio dos ciganos europeus.
Algumas semanas depois, a primeira "carga" dos sinti e dos roma - os dois grandes grupos de ciganos da Europa central - chegaram até Auschwitz-Birkenau, localizado na cidade polonesa de Oswiecim, onde ciganos de 14 nações diferentes sofreram a barbárie nazista até a libertação do campo.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas perderam a vida em Auschwitz, a maioria judeus, mas também eslavos, insurgentes poloneses, sacerdotes católicos e homossexuais, assim como ciganos, dos quais se calculam que 21 mil morreram.
O certo é que o povo cigano esteve no centro dos olhares do Terceiro Reich desde a chegada dos nazistas ao poder, com um grande número de regras que inicialmente os obrigava a se registrarem e limitava o direito de ir e vir de uma minoria tradicionalmente nômade, e que acabou em confinamentos, assassinatos maciços e deportações.
Na Polônia, milhares de ciganos foram enviados aos campos de concentração, apesar de muitos terem sido mortos entre os muros de guetos como o da cidade polonesa de Lódz (centro do país), onde chegaram a ficar até 5 mil romas.
Desde o dia 26 de fevereiro de 1943 até 21 de julho 1944, chegaram a Auschwitz-Birkenau cerca de 21 mil ciganos, entre eles muitas mulheres e crianças. Este número não inclui os mais de 1.700 vindos de Bialystok (leste da Polônia), que não ficaram no campo, pois foram imediatamente transferidos às câmaras de gás devido a suspeita de um surto de tifo.
A maioria dos ciganos morreu por consequência das doenças, como o próprio tifo e outras provocadas pela fome extrema e pela falta de higiene, especialmente as crianças. Outros sofreram com os experimentos médicos nazistas, como aqueles para comprovar os efeitos da ingestão de água salgada em organismos debilitados.
O extermínio final da população cigana estava previsto para meados de maio de 1944, embora uma rebelião de prisioneiros na noite do dia 16 de maio tenha atrasado a "solução final" até o dia 3 de agosto daquele ano.
Por ordem de Heinrich Himmler, o chefe da temida SS nazista, o acampamento cigano foi liquidado, e dezenas de caminhões carregados com presos realizaram o trajeto mortal rumo às câmaras de gás. Milhares de corpos seriam queimados e enterrados em valas comuns nesse dia obscuro.
Acredita-se que 21 mil ciganos morreram entre os alambrados de Auschwitz-Birkenau, milhares de nomes esquecidos que se somam ao de milhões de vítimas daquele que foi o campo de concentração nazista mais mortal.
No dia 27 janeiro de 1945 o exército soviético chegou ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde, após a fuga, os nazistas deixaram pouco mais de sete mil prisioneiros em um estado moribundo, tremendo de frio, que presenciaram como os soldados de Stalin traziam, paradoxalmente, a liberdade.
Apesar de comumente só se falar do Holocausto em referência aos judeus na Europa, o certo é que cerca de metade da população cigana da Alemanha e do resto das regiões ocupadas morreu por causa da Segunda Guerra Mundial e da perseguição do Terceiro Reich. EFE
Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/ciganos-lembram-in%C3%ADcio-holocausto-h%C3%A1-70-anos-090620691.html
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