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sábado, 19 de abril de 2014

"Há países onde os ciganos vivem pior que na II Guerra Mundial"

O Instituto de Cultura Cigana lhe homenageou por reivindicar a memória romani
José Marcos 11 ABR 2014 - 18:27 CET

A mãe de Sarguerá ajudou judeus a
escaparem para a Espanha
. / Álvaro García
Jean Sarguerá nasceu no pior dos mundos. Sua mãe, uma cigana espanhola, pariu-o em 1942, com a II Guerra Mundial no seu apogeu, no campo de internamento de Rivesaltes (Link2) (França). Ali, próximo de Perpignan, os párias da Europa compartilharam o confinamento durante três anos: republicanos que haviam cruzado a fronteira em 1939 fugindo de Franco, judeus e romanis. Até 20.000 se apertavam num recinto para menos da metade disto.

“Quando a guerra estourou pegou minha família em suas caravanas, fiéis ao princípio de 'hoje aqui' e 'amanhã no outro lado'. As autoridades lhes tiraram os cavalos, meteram meus pais e meus seis irmãos em vagões para gado e lhes enviaram para o campo de concentração", narra Sarguerá enquanto dá conta de um café expresso com um par de goles. Também conhecido como Tio Pipo, o filho de María e Baptiste foi homenageado esta semana pelo Instituto de Cultura Cigana, coincidindo com o Dia Internacional dos Roma, por toda uma vida dedicada à recuperação de sua memória histórica. Com um empenho especial: a recordação das vítimas no Holocausto.

"Desgraçadamente, há países na UE (União Europeia) onde vivemos pior que durante a II Guerra Mundial”, aponta Tio Pipo. Mostra-se especialmente crítico com a Eslováquia, onde "segregam" sua gente nas escolas. "Em muitos países do Leste nos tratam como se fôssemos retardados. Discriminam-nos na Romênia e na Bulgária... Dificultam que tenhamos acesso a um ensino decente", insiste Sarguerá. Ao par de que se mostra inquieto pelo auge na Hungria do Jobbik: anticigana e antissemita, foi a terceira força mais votada nas recentes eleições parlamentares.

"Em muitos países do Leste nos tratam como se fôssemos retardados"

“Hitler é culpado do assassinato de seis milhões de judeus, mas também da morte de meio milhão de ciganos", denuncia Sarquerá. A cifra exata de vítimas do Porrajmos ou "A Devoração", o equivalente cigano da Shoá, é desconhecido. Sim, está documentada, com detalhes, a obsessão do Terceiro Reich com a questão cigana ou Zigeunerfrage frente à pureza do sangue dos "arianos". "A esterilização de ciganos começou pouco após Hitler ganhar as eleições de 1933. Já nesses anos nos proibiram de nos casar com "arianos" na Alemanha, e inclusive se estabeleceu a Semana de Limpeza Cigana, nossa versão da Noite dos Cristais... Por fortuna, pouco a pouco estamos deixando de ser os grandes esquecidos daquele horror", mostra-se esperançoso Sarguerá, que se emociona quando conta como sua mãe ajudou vários judeus a escapar para a Espanha.

“Também conseguia alimentos trocando as mantas que colhia em Rivesaltes. Fugia-se constantemente”, acrescenta o Tio Pipo. Depois de outras peripécias, mãe e filhos fugiram quando, pouco tempo depois do nascimento de Sarquerá, Rivesaltes foi fechado e seus prisioneiros repassados para outros complexos da barbárie nazista. "Até o fim da guerra fugimos de um lado para o outro, evitando o front, dormindo debaixo de pontes... Nascer no inferno marca qualquer um", insiste Sarquerá. Enquanto parte, alguém cantoria o Gelem gelem, o hino internacional cigano. Ou o mesmo que: "Andei, andei".

Fonte: El País (ed. espanhola)
Título original: “Hay países donde los gitanos viven peor que en la II Guerra Mundial” ciganos
http://sociedad.elpais.com/sociedad/2014/04/11/actualidad/1397233656_151339.html
Tradução: Roberto Lucena

domingo, 30 de março de 2014

Suécia admite que durante 100 anos marginalizou e esterilizou o povo cigano

Dois ciganos desalojados de um
acampamento em Estocolmo
em 14 de março. / Rikard Stadler
(Cordon Press)
O Governo reconhece 100 anos de perseguição e roubos de crianças
Ana Carbajosa / Miguel Mora Madri / Paris 29 MAR 2014 - 15:20 BRT

Ao longo do último século, a Suécia esterilizou, perseguiu, retirou crianças de suas famílias e proibiu a entrada no país dos ciganos; e as pessoas dessa minoria étnica foram tratadas durante décadas pelo Estado como “incapacitados sociais”. Estes anúncios não foram feitos por uma ONG militante. Eles fazem parte do relato do Governo conservador sueco, que em um gesto inédito na Europa, tanto por sua honestidade intelectual como pela amplitude do respeito à verdade, decidiu olhar para o passado e a revirar seus arquivos mais obscuros.

A ideia é saldar as dívidas com o passado para procurar melhorar o presente: “A situação que vivem os ciganos hoje se devem à discriminação histórica a que ele foram submetidos”, afirma o chamado Livro Branco, que foi apresentado nesta semana em Estocolmo, e no qual se detalham os abusos cometidos com os ciganos a partir de 1900.

A coalizão de centro-direita vigia a ascensão da extrema direita

O ministro de Integração,Erik Ullenhag, definiu essas décadas de impunidade e racismo de Estado como “um período escuro e vergonhoso da história sueca”. Suas palavras coincidiram com um episódio que ilustra a situação atual: na quarta-feira, uma das mulheres ciganas convidadas a dar seu depoimento foi proibida pelos funcionários do hotel Sheraton de entrar na área do café da manhã.

Os abusos históricos, assinala o Livro Branco, seguiram um padrão criado há séculos pelas monarquias europeias: começaram com os censos que elaboraram organismos oficiais como o Instituto para Biologia Racial ou a Comissão para a Saúde e o Bem-estar, que identificaram os ciganos que viviam no país. Os primeiros documentos oficiais descreviam os ciganos como “grupos indesejáveis para a sociedade” e como “uma carga”. Entre 1934 e 1974, o Estado prescreveu às mulheres ciganas a esterilização apelando ao “interesse das políticas de população”, como fez Austrália com os aborígenes. Não há cifras de vítimas, mas no Ministério de Integração explicam que uma em cada quatro famílias consultadas conhece algum caso de abortos forçados e esterilização. Os órgãos oficiais ficaram com a custódia de crianças ciganas que foram arrancadas de suas famílias. O estudo também não oferece dados sobre este costume, mas Sophia Metelius, assessora política do ministério, explica que se tratava de “uma prática sistemática”, sobretudo no inverno.

Estocolmo admite que proibiu a entrada de ciganos na Suécia até 1964, apesar de se saber o destino que tinham as minorias em um cenários de expansão nazista: os especialistas calculam que ao menos 600.000 romas e sintis foram exterminados no Porrajmos (como é conhecido o holocausto cigano), nas mãos do regime hitlerista e outros similares.

O Livro Branco detalha as prefeituras suecas que proibiram que os ciganos se assentassem de forma permanente, e lembra que as crianças eram segregadas em sala de aulas especiais e que não podiam ser atendidas pelos serviços sociais. “A ideia era tornar a vida deles impossível para que fossem embora do país”, resume Metelius.

Algumas destas práticas acontecem ainda em diversos países europeus, e a ciganofobia permanece com força na França , Grã-Bretanha e Alemanha. Paris desalojou em 2013 mais de 20.000 ciganos. Berlim planeja uma lei para evitar que os migrantes romenos e búlgaros —a maioria, roma— sem trabalho fiquem mais de seis meses no país.

Na próxima semana, a União Europeia celebrará uma cúpula especial para avaliar o caminho das políticas de integração da minoria roma. O panorama geral é desolador, com mostras de ódio racial na Hungria, Eslováquia e a República Tcheca.

Na Suécia, um país de cerca de nove milhões e meio de habitantes, vivem hoje mais de 50.000 ciganos. Por enquanto, as autoridades não contemplam a compensação aos familiares das vítimas de abusos, embora o Livro Branco abra porta para as demandas. O Governo estabeleceu a verdade histórica cruzando entrevistas pessoais de dúzias de ciganos com os arquivos oficiais. “Não são revelações novas. Os ciganos estão há anos contando estas histórias, mas ninguém dava atenção. Agora, simplesmente, reunimos os documentos oficiais e os cruzamos com depoimentos”, diz Sophia Metelius.

A coalizão de centro-direita enfrenta um forte crescimento nas pesquisas da extrema direita (10% das intenções de voto) e se propôs combater as mensagens xenófobas com uma firme defesa da tradição progressista sueca.

A aceitação em massa de refugiados sírios é uma das políticas com as quais liberais e conservadores querem demonstrar que o catastrofismo populista não deve irremediavelmente se converter em profecia autocumprida. O reconhecimento das selvagerias cometidas com os ciganos caminha nessa mesma direção. A ironia é que o civilizado e tolerante norte da Europa, ao final, não era tudo isso. A esperança se propaga com esse infrequente exercício de memória e respeito.

Fonte: El País (edição brasileira)
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/28/internacional/1396032026_384483.html

quinta-feira, 6 de março de 2014

"O cigano deverá ser esterilizado em casa"

"O cigano deve ser esterilizado em casa"

Com base nas idéias eugênicas/racistas de Robert Ritter, o mentor intelectual da tragédia ciganos na Alemanha nazista, "pesquisadores" romenos consideravam os Roma uma praga:
"Ciganos nômades e semi-nômades devem ser internados em campos de trabalho forçado. Lá, as roupas devem ser trocadas, suas barbas e cabelo cortados, seus corpos esterilizados [...]. Suas despesas para sobrevivência deverão ser pagas com seu próprio trabalho. Após uma geração, poderemos nos livrar deles. Em seu lugar, podemos colocar os romenos étnicos da Romênia ou do exterior, capazes de fazer trabalho ordenado e criativo. O cigano sedentário deve ser esterilizado em casa [...]. Desta forma, as periferias das nossas vilas e cidades deixarão de ser locais repletos de doenças, e se transformarão num paredão étnico útil para nossa nação."
Fonte: site FACTSHEETS ON ROMA (Áustria)
http://romafacts.uni-graz.at/index.php/history/persecution-internment-genocide-holocaust/deportations-from-romania
Ill. 3 (traduzido pro inglês de Fãcãoaru, Gheorghe (1941) Câteva date în jurul familiei si statului biopolitic, Bucureşti)
Tradução: Roberto Lucena

Observação: pelo site ser um pouco confuso só deu pra traduzir esta parte, mas tem mais coisas interessantes neste site austríaco (a quem quiser checar mais coisas sobre a deportação e extermínio de ciganos no Holocausto).

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

(Berlim) Marzahn. Campo de concentração cigano das Olimpíadas de Berlim (1936)

A "limpa" dos ciganos da Alemanha nas Olimpíadas de 1936.

Campo de Concentração cigano de Marzahn
"A polícia não estava passiva enquanto as leis raciais de restrição a casamento e relações sexuais entre ciganos e alemães estavam sendo promulgadas ... Os Sinti e Roma, tradicionalmente, tinham sido vítimas de assédio principalmente na Bavária depois de 1933, no entanto, o assédio direto tornou-se sistemático com a expulsão de ciganos estrangeiros do país, e com outras pessoas enquadradas como vagabundos, criminosos habituais e vários outros tipos de antissociais. Usando os Jogos Olímpicos como pretexto, a polícia de Berlim, em maio de 1936, prendeu centenas de ciganos e transferiram famílias inteiras com suas carroças, cavalos e outros pertences para o chamado Marzahn "lugar de descanso", que ficava próximo de um depósito de lixo e de um cemitério do outro lado. Logo o lugar inteiro foi fechado com arame farpado. Um campo de concentração cigano de fato então havia sido criado num subúrbio de Berlim. foi a partir Marzahn, e de outros lugares semelhantes criados em pouco tempo próximos a outras cidades alemãs, que alguns anos mais tarde milhares de Sinti e Roma foram enviados para os locais de extermínio no leste". (Friedlaender, pág. 205)

Extraído do livro: Nazi Germany and the Jews: (Volume One). The Years of Persecution, 1933-1939. New York: HarperCollins, 1997; Saul Friedlaender

Última modificação: 1997/06/04

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/ftp.cgi?camps//marzahn//marzahn-established
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Memorial to the Victims of the Marzahn "Gypsy Camp"

domingo, 22 de setembro de 2013

Mulher grega pisando em garota cigana em Atenas - foto se torna viral

por Maria Arkouli em 17 de setembro de 2013, tags: Culture, Media, News, Racism, Society

Músicos de rua na Grécia

Uma fotografia de uma dona de loja feminina pisando uma garota cigana (Roma) música de rua numa passarela de pedestres sob a Acrópole para mandá-la embora virou viral na Internet e forçou as autoridades gregas a investigar o abuso.

O local é frequentado por crianças ciganas (Roma) que são colocadas lá para pedir trocados, tocar música para doações ou venda de flores, atividades que na Grã-Bretanha são encontradas fazendo por até $ 160,00 por criança, tornando-se um negócio muito lucrativo.

A foto foi tirada pelo fotógrafo da Associated Press Dimitris Messinis em um dos mais movimentados pontos turísticos de Atenas, perto da principal estação de metrô e do Novo Museu da Acrópole. Não foi relatado por que a mulher queria a menina fora da área, mas isso aconteceu na frente de muitas testemunhas.

A imagem é chocante: uma mulher está pisando uma menina que toca o acordeão para forçá-la a ir para fora do ponto, talvez porque a menina a "ofendeu" esteticamente.

Depois do alvoroço causado pela publicação da fotografia, do Departamento de Proteção à Criança da Segurança da Ática lançou uma investigação para tentar encontrar a mulher.

Fonte: Greek Reporter
http://greece.greekreporter.com/2013/09/17/woman-kicking-girl-pic-goes-viral/

Comentário: não preciso comentar esta foto, a imagem fala por si. Só fica o aviso aos fascistinhas cagões que vez por outra deixam mensagens racistas com fakes por não terem coragem de assumir o que escrevem (comentários racistas) com o nome, se vierem escrever besteira aqui não terão comentário algum publicado, não baterei boca com lixo covarde e defensor desse tipo de imundície que não assume sequer o que escreve. Sejam ao menos homens pra escrever com o nome as imundícies que defendem (duvido que façam isso).

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Pesadas penas de prisão para homicidas de ciganos na Hungria

Crime. Quatro homens foram hoje considerados culpados de “crimes racistas” por um tribunal húngaro e três deles condenados a prisão perpétua por seis mortes de Roms (ciganos), incluindo uma criança de cinco anos, em 2008 e 2009.

Pesadas penas de prisão para homicidas de ciganos na Hungria
DR. Mundo; 17:38 - 06 de Agosto de 2013 | Por Lusa

Zsolt Peto e os irmãos Arpad e Istvan Kiss foram condenados a prisão perpétua por terem assassinado, com premeditação, seis Roms em nove ataques à granada, armas de fogo e ‘cocktail molotov’ em diversas localidades do nordeste da Hungria entre julho de 2008 e agosto de 2009, provocando ainda cinco feridos graves.

Um quarto homem, Istvan Csontos, foi condenado a 13 anos de prisão, acusado de cumplicidade por ter conduzido a viatura no momento dos crimes, apesar de ter negado participação nas mortes.

Alguns ataques foram particularmente cruéis: uma criança de cinco anos e o seu pai foram mortos quando tentavam escapar da sua casa em chamas. Num outro ataque, uma mulher foi morta enquanto dormia.

“É moralmente inaceitável… que pessoas se reúnam para cometer crimes com o objetivo de intimidar um grupo étnico”, considerou o juiz Laszlo Moszori, do tribunal de Budapeste.

Estas pesadas condenações foram pronunciadas quando se assinala o Holocausto que vitimou esta minoria sempre muito estigmatizada na Hungria e que representa entre 5% a 8% dos 10 milhões de habitantes. Em 02 de agosto de 1944 os nazis massacraram cerca de 3.000 Roms no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, situado no sul da Polônia.

Os quatro condenados, membros de movimentos ‘skinheads’ de extrema-direita, permaneceram impassíveis durante a leitura da sentença, enquanto centenas de pessoas se concentraram no tribunal para tomar conhecimento do veredicto, perante forte aparato policial.

“Penso que esta condenação, a mais pesada que existe no direito húngaro, é totalmente justificada”, disse o advogado das partes civis, Laszlo Helmeczy.

“Eles pretendiam provocar uma guerra civil entre os húngaros e os Roms húngaros. As atas de acusação deveriam ser: crime contra a humanidade, terrorismo e racismo”, sustentou o presidente da Associação para os direitos cívicos dos Roms, Aladar Horvath.

A minoria cigana da Hungria, marginalizada e pobre, é sujeita com frequência a agressões verbais e físicas promovidas por milícias de extrema-direita e descrita com frequência como “criminosa” pelo partido de extrema-direita Jobbik.

Em janeiro, o influente jornalista Zsolt Bayer, próximo do primeiro-ministro conservador Viktor Orban, associou os Roms a “animais” que “não deveriam ser tolerados” e “não deveriam existir”. O seu jornal foi condenado ao pagamento de uma multa pela entidade reguladora dos ‘media’.

Fonte: Notícias ao Minuto (Portugal)
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/96417/pesadas-penas-de-pris%C3%A3o-para-homicidas-de-ciganos-na-hungria

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tribunal: Quatro húngaros condenados por matarem seis ciganos

Um tribunal de Budapeste condenou hoje três homens a prisão perpétua e um quarto a 13 anos de prisão por envolvimento na morte de seis ciganos entre 2008 e 2009, noticia a AFP.

Quatro húngaros condenados por matarem seis ciganos
DR. Mundo. 11:59 - 06 de Agosto de 2013 | Por Lusa

Esta condenação surge numa altura em que se assinala o aniversário do Holocausto contra esta minoria étnica, ainda hoje muito estigmatizada no país.

Arpad Kiss, Istvan Kiss e Zsolt Peto foram condenados a prisão perpétua e Istvan Csontos a 13 anos de prisão.

Estes quatro húngaros, que na altura tinham entre 28 e 42 anos, realizaram entre julho de 2008 e agosto de 2009 nove ataques com granadas, espingardas e coqueteis Molotov, atos que resultaram em seis mortos e cinco feridos em diferentes aldeias do nordeste do país.

Os crimes foram particularmente cruéis, com uma criança de cinco anos e o pai abatidos quando tentavam fugir da sua casa em chamas e uma mulher assassinada enquanto dormia.

"Seis pessoas húngaras foram mortas simplesmente porque eram ciganas. Esta tragédia deve ficar viva na memória coletiva da nação, como todas as tragédias nacionais", disse o partido da oposição do antigo primeiro-ministro de centro esquerda Gordon Bajnai, o principal rival político do chefe do governo conservador Viktor Orban.

Os quatro suspeitos, todos membros do núcleo duro de apoiantes da equipa de futebol de Debrecen, grande cidade do leste do país, com inclinações neonazis, tinham todos contas a ajustar com ciganos e foi ao trocar as suas experiências num bar que a ideia de vingança surgiu, segundo o Ministério Público.

Detidos no fim de agosto de 2009, os três principais acusados declararam-se inocentes enquanto o último cúmplice, que servia de motorista, reconheceu ser culpado mas disse não ter participado nas mortes.

O Ministério Público tinha pedido prisão perpétua para os três principais acusados e uma pena de 20 anos para o quarto. O julgamento começou a 25 de março de 2011.

A sentença surge numa altura em que a Hungria assinala o Holocausto contra os ciganos. A 02 de agosto de 1944, os Nazis massacraram quase 3.000 ciganos no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, situado na Polônia.

Dois de agosto foi também o dia do último dos homicídios realizados pelo grupo agora condenado.

Os ciganos, cidadãos de etnia Roma, pobres e marginalizados, representam entre cinco e oito por cento (5,8 %) da população húngara, de 10 milhões de habitantes.

Fonte: AFP/Notícias ao Minuto/Lusa (Portugal)
http://www.noticiasaominuto.com/mundo/96296/quatro-h%C3%BAngaros-condenados-por-matarem-seis-ciganos

Ver mais:
Menina cigana queimada em ataque neonazista deixa o hospital
Aparece degolado um juiz tcheco que condenou neonazis (elcorreo.com, Espanha)

sábado, 6 de julho de 2013

Korkoro - Liberté - Freedom - Filme sobre o Holocausto cigano na França ocupada (Vichy)

Segue abaixo a descrição do filme Korkoro que foi lançado em 2009 na França como Liberté, pouco conhecido do público geral, que retrata a perseguição dos ciganos na França ocupada pelos nazistas pelo regime de Vichy (dos fascistas franceses colaboracionistas dos nazis). Uma indicação pra quem quiser saber mais sobre a perseguição dos ciganos pelo regime nazi e pelos colaboracionistas dos nazis pela Europa (em vários países houve colaboracionismo por parte dos regimes fascistas fantoches locais, com deportações e perseguições de minorias).
Korkoro ("Sozinho" na língua romani) é um filme francês de drama de 2009 escrito e dirigido por Tony Gatlif, estrelado pelos atores franceses Marc Lavoine, Marie-Josée Croze e James Thierrée. O elenco do filme foi formado por várias nacionalidades, com gente da Albânia, Kosovo, Geórgia, Sérvia, França, Noruega, e os nove ciganos que Gatlif encontrou na Transilvânia.

Baseado em uma anedota/conto sobre a Segunda Guerra Mundial escrita pelo historiador Romani (Cigano) Jacques Sigot (seu blog e website), o filme foi inspirado na verdadeira vida de um Romani que escapou dos nazistas com a ajuda de aldeões franceses, e mostra o assunto raramente retratado do Porrajmos (o Holocausto Cigano). [1] Além dos ciganos, o filme tem um personagem que representa a resistência francesa na pele de Yvette Lundy (o link direciona pra verdadeira Yvette Lundy e não a atriz do filme), uma professora de francês deportada por forjar os passaportes para os ciganos. Gatlif queria que o filme fosse um documentário, mas a falta de documentos de apoio fez com que ele apresentasse o filme como um drama.

O filme estreou no Festival de Filme Mundial de Montreal (Montréal World Film Festival), vencendo o Grande Prêmio das Américas, entre outros prêmios [2] Foi lançado na França como Liberté em fevereiro de 2010, onde arrecadou $ 601.252 dólares; e receitas provenientes da Bélgica e dos Estados Unidos levaram o total para $ 627.088 dólares. [3] A música do filme, composta por Tony Gatlif e Delphine Mantoulet, recebeu uma indicação na categoria de melhor música escrita para um filme no 36º César Awards.

Korkoro tem sido descrito como "uma rara homenagem cinematográfica" aos mortos no Porrajmos. [4] Em geral, o filme recebeu críticas positivas da crítica, incluindo elogios por ter um ritmo incomum vagaroso para um filme sobre o Holocausto. [5] Os críticos o consideraram como um dos melhores trabalhos do diretor, junto a Latcho Drom, o "mais acessível" de seus filmes. O filme tem o mérito em mostrar os Romanis (ciganos) de uma forma não-estereotipada, longe de suas representações clichês como músicos.
Trailer:


Link do filme completo no Youtube (sem legendas):
http://www.youtube.com/watch?v=wlTdGWDnl5U

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Holocausto cigano, 8 de abril - Dia Internacional do Povo Cigano

Holocausto cigano. O professor Ortega, entre o
delegado da Junta e a diretora do
centro. | Jesús G. Hinchado
José A. Cano | Granada. Atualizado, segunda-feira 08/04/2013 13:44 horas

1. Homenagem em Granada ao meio milhão de ciganos exterminados
2. José Ortega apresenta um livro sobre as vítimas ciganas do genocídio nazi
3. A bandeira da comunidade cigana balança nos edifícios da Junta

Durante o Holocausto nazi, mais de meio milhão de ciganos europeus foram exterminados. Marcaram-nos para serem reconhecidos pelas ruas, tiraram-nos à noite de suas casas e os arrastaram para campos de concentração, converteram-nos em trabalhadores escravos, experimentaram contra eles como se fossem animais e, para terminar, gasearam-nos. Homens, mulheres e crianças de uma tragédia até há pouco tempo, se não silenciada, ao menos ignorada.

José Ortega, professor emérito das universidades de Granada e Wisconsin, especialista em cultura cigana e política internacional, aproveitou a efeméridade do Dia Internacional do Povo Cigano para apresentar seu último livro, "Los gitanos. Un holocausto ignorado" (Os Ciganos. Um Holocausto ignorado), em um ato de homenagem às vítimas da barbárie nazi celebrada no Centro Sociocultural Cigano Andaluz, com sede em Granada.

Os ciganos, segundo explicou Ortega, foram, juntos com os judeus, "a única etnia a ser perseguida simplesmente por serem de sua etnia. Na Europa viviam então pouco mais de um milhão de ciganos e quase a metade morreu nos campos de concentração nazis". O delegado de Saúde e Bem-estar social da Junta em Granada, Higinio Almagro, destacou que essa quantidade "é mais do que os ciganos que vivem atualmente na Andaluzia, 350.000, que são a metade dos que se encontram na Espanha".

Ortega recorda que "sempre se destacou a tragédia que sofreu o povo judeu, mas a dos ciganos tem se mantido ignorada. O reconhecimento da Alemanha foi muito importante, e hoje em Berlim existe já o único monumento que recorda essas vítimas. Os ciganos foram arrancados de suas casas, foram submetidos a experimentos, sobretudo as mulheres, e foram convertidos em mão-de-obra escrava. Este livro reúne alguns testemunhos e trata de mostrar as histórias dessas pessoas".

Durante o ato solene no Salão de Atos do Centro Sociocultural se pode escutar o Hino Internacional da Comunidade Cigana, Gelem gelem, e a fachada do edifício luziu a bandeira da Comunidade Cigana, que também foi compartilhada por outros centros dependentes de Bem-estar Social.

Este ano, a homenagem aos ciganos exterminados durante o Holocausto se celebra com a satisfação do reconhecimento por parte do Estado alemão da etnia cigana como vítima do Holocausto, que aconteceu ano passado em Berlim, na inauguração por parte da chanceler Angela Merkel do único monumento existente no mundo em homenagem a esse meio milhão de europeus vítimas do racismo.

Em Granada e toda a Andaluzia, os atos do Dia Internacional do Povo Cigano se viram acompanhados da tradicional cerimônia do Rio, com a leitura de um manifesto, o canto do "Gelem, gelem" e um espetáculo flamenco, no caso nazarí junto ao rio Genil.

Fonte: Elmundo.es (Espanha)
http://www.elmundo.es/elmundo/2013/04/08/andalucia/1365421483.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
El Manifiesto Gitano 2013, una llamada de atención a la discriminación (murcia.com, Cartagena)

domingo, 7 de abril de 2013

Prestam homenagem na República Tcheca às vítimas do Holocausto cigano (Samudaripen - Porrajmos)

Praga, 5 abr (PL) - O ministro de Relações Exteriores da República Tcheca, Karel Schwarzenberg, prestou homenagem hoje às vítimas do Holocausto cigano junto com várias organizações e dezenas de cidadãos dessa etnia.

Os participantes na cerimônia acenderam uma grande quantidade de velas no pátio do Palacio Lichtenstein na capital, por razão do Dia Internacional do Povo Cigano, que se celebra em 8 de abril, disse a Radio Praga.

Segundo a fonte, dos milhares de ciganos que viviam na antiga Tchecoslováquia na primeira metade do século XX, só uma décima parte sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, e atualmente vivem na República Tcheca uns 250 mil.

A decisão de dedicar o 8 de abril aos ciganos se deve ao fato de que nesse dia, em 1971, foi instituído em Londres a bandeira e o hino que os identifica, durante a celebração do Primeiro Congresso Mundial dessa comunidade.

O principal objetivo daquele evento era manter vivo a recordação das vítimas de Samudaripen, o holocausto contra los gitanos executado pelo regime nazi, no qual perderam a vida mais de 500 mil pessoas.

rc/mar

Fonte: Prensa Latina
http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&idioma=1&id=1281131&Itemid=1
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 12 de março de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 4 (Holocausto)

Gannon, você acha que foi bom o que seus heróis fizeram com os ciganos em Auschwitz? Gaseá-los, e esmagar as cabeças das crianças ciganas que tentavam se esconder?
Citação de "Auschwitz: A Report on the Proceedings Against Robert Karl Ludwig Mulka and Others Before the Court at Frankfurt" (Auschwitz: um relatório sobre o processo contra Robert Karl Ludwig Mulka e outros antes do Tribunal de Frankfurt), por Bernd Naumann, 1966, publicado por Frederick A. Praeger, NY.

[O livro resume os acontecimentos do julgamento de 22 homens da SS que serviram no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Como a maioria dos julgamentos de homens da SS que serviram nos campos de extermínio, este foi realizado pelo sistema jurídico alemão, de acordo com o código penal alemão de 1871].

Do testemunho de Maximilian Sternol (p. 114):
... foi a liquidação do composto cigano. Cenas terríveis aconteceram. Mulheres e crianças estavam de joelhos na frente de Mengele e Boger chorando, 'Tenham piedade, tenham piedade de nós ". Nada disso ajudou. Eles foram espancados brutalmente, pisoteados, e empurrados para os caminhões. Foi uma noite terrível, terrível".

"Será que também atingiu Boger-los?".

"Sim, ele os matou. Eles desmaiaram e morreram e depois foram lançados nos caminhões. Toda a seção política estava lá. Sim, eu vi Baretzki e Broad".
Do testemunho de Josef Piwko (p. 123):
"Isso aconteceu cerca de três a quatro semanas após os eventos no campo Tcheco [Theresienstat]. As crianças freqüentemente vinham para o arame farpado e gostaríamos de lhes dar pequenas coisas. Então, um dia, os caminhões chegaram, e houve grande emoção no acampamento , porque os ciganos já sabiam que eles seriam gaseados. Eles tinham uma boa rede de inteligência porque os homens da SS tinham moças ciganas lindas e elas lhes disseram um monte de coisas ".

A testemunha conta como ele se escondeu no mato e viu que os ciganos foram espancados e como também foram conduzidos para os caminhões e conduzidos para as câmaras de gás. Então os homens da SS procuraram os barracões e arrastaram cerca de seis crianças com idades entre quatro e sete.

"Eles foram levados ante Boger, que primeiro os pisou, em seguida, agarrou seus pés pequenos e bateu suas cabeças contra a parede".
[Boger e Baretzki foram condenados à prisão perpétua por terem participado de inúmeros assassinatos em Auschwitz. Broad foi condenado a 4 anos. Dr. Mengele fugiu após a guerra e, aparentemente, morreu na América do Sul em meados dos anos 1980].

-Danny Keren.
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Shofar FTP Archive File: camps/auschwitz//gypsies.04
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.04
Last-Modified: 1993/12/12

From: dzk@cs.brown.edu (Danny Keren)
Newsgroups: alt.revisionism
Date: 22 Dec 1993 08:40:22 GMT
Organization: Brown University Department of Computer Science
Lines: 62
Distribution: world
Message-ID: <2f915m cat.cis.brown.edu="" f13="">
NNTP-Posting-Host: cslab6b.cs.brown.edu

Fonte: Nizkor (10.01.13)
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.04
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 1

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ciganos lembram início de seu Holocausto há 70 anos

EFE – ter, 26 de fev de 2013. Nacho Temiño.

Varsóvia, 26 fev (EFE).- Grupos ciganos lembram nesta terça-feira o aniversário da sua chegada, há 70 anos, ao campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, dos primeiros deportados dessa etnia, cuja maioria das 23 mil pessoas morreu ou foi assassinada.

Em dezembro de 1942, as autoridades nazistas decidiram pela prisão de todos os ciganos do Reich e dos territórios ocupados e, dias depois, ordenou o seu confinamento em campos de concentração, começando oficialmente o extermínio dos ciganos europeus.

Algumas semanas depois, a primeira "carga" dos sinti e dos roma - os dois grandes grupos de ciganos da Europa central - chegaram até Auschwitz-Birkenau, localizado na cidade polonesa de Oswiecim, onde ciganos de 14 nações diferentes sofreram a barbárie nazista até a libertação do campo.

Estima-se que mais de um milhão de pessoas perderam a vida em Auschwitz, a maioria judeus, mas também eslavos, insurgentes poloneses, sacerdotes católicos e homossexuais, assim como ciganos, dos quais se calculam que 21 mil morreram.

O certo é que o povo cigano esteve no centro dos olhares do Terceiro Reich desde a chegada dos nazistas ao poder, com um grande número de regras que inicialmente os obrigava a se registrarem e limitava o direito de ir e vir de uma minoria tradicionalmente nômade, e que acabou em confinamentos, assassinatos maciços e deportações.

Na Polônia, milhares de ciganos foram enviados aos campos de concentração, apesar de muitos terem sido mortos entre os muros de guetos como o da cidade polonesa de Lódz (centro do país), onde chegaram a ficar até 5 mil romas.

Desde o dia 26 de fevereiro de 1943 até 21 de julho 1944, chegaram a Auschwitz-Birkenau cerca de 21 mil ciganos, entre eles muitas mulheres e crianças. Este número não inclui os mais de 1.700 vindos de Bialystok (leste da Polônia), que não ficaram no campo, pois foram imediatamente transferidos às câmaras de gás devido a suspeita de um surto de tifo.

A maioria dos ciganos morreu por consequência das doenças, como o próprio tifo e outras provocadas pela fome extrema e pela falta de higiene, especialmente as crianças. Outros sofreram com os experimentos médicos nazistas, como aqueles para comprovar os efeitos da ingestão de água salgada em organismos debilitados.

O extermínio final da população cigana estava previsto para meados de maio de 1944, embora uma rebelião de prisioneiros na noite do dia 16 de maio tenha atrasado a "solução final" até o dia 3 de agosto daquele ano.

Por ordem de Heinrich Himmler, o chefe da temida SS nazista, o acampamento cigano foi liquidado, e dezenas de caminhões carregados com presos realizaram o trajeto mortal rumo às câmaras de gás. Milhares de corpos seriam queimados e enterrados em valas comuns nesse dia obscuro.

Acredita-se que 21 mil ciganos morreram entre os alambrados de Auschwitz-Birkenau, milhares de nomes esquecidos que se somam ao de milhões de vítimas daquele que foi o campo de concentração nazista mais mortal.

No dia 27 janeiro de 1945 o exército soviético chegou ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde, após a fuga, os nazistas deixaram pouco mais de sete mil prisioneiros em um estado moribundo, tremendo de frio, que presenciaram como os soldados de Stalin traziam, paradoxalmente, a liberdade.

Apesar de comumente só se falar do Holocausto em referência aos judeus na Europa, o certo é que cerca de metade da população cigana da Alemanha e do resto das regiões ocupadas morreu por causa da Segunda Guerra Mundial e da perseguição do Terceiro Reich. EFE

Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/ciganos-lembram-in%C3%ADcio-holocausto-h%C3%A1-70-anos-090620691.html

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ceija Stojka - sobrevivente do Holocausto, artista cigana morre aos 79 anos

Nascida na Áustria, Ceija Stojka passou por três campos de concentração. Com sua obra, ela ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo.

Da Reuters

A artista cigana Ceija Stojka
(Foto: Divulgação/The
Gypsy Chronicles)
A artista cigana Ceija Stojka, cujo trabalho ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo, morreu na segunda-feira (28) aos 79 anos em um hospital de Viena, disse sua agente à agência de notícias APA.

Sobrevivente do Holocausto, Stojka escreveu um dos primeiros relatos autobiográficos de ciganos (ou "romanis") sobre a perseguição nazista, em um livro intitulado "Vivemos em reclusão: as memórias de uma romani", de 1988. Além disso, ela passou décadas dedicando a falar do seu povo pela música e a arte.

Os ciganos, como os judeus, foram enviados para campos de concentração pelo regime nazista alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1,5 milhão deles morreram.

Nascida na Áustria, Stojka sobreviveu a passagens pelos campos de Auschwitz, Bergen-Belsen e Ravensbrueck. Apenas cinco outros membros de sua família, que tinha mais de 200 pessoas, sobreviveram.

"Busquei a caneta porque precisava me abrir, gritar", disse a ativista numa exibição de 2004 no Museu Judaico de Viena.

Stojka começaria a pintar aos 56 anos, muitas vezes usando os dedos ou palitos em vez de pincéis. Muitas das suas obras aludem à experiência nos campos de concentração, e eram descritas como "assustadoras" e "infantis" por visitantes em exposições dela mundo afora.

Fonte: Reuters/Terra
http://diversao.terra.com.br/gente/artista-cigana-ceija-stojka-sobrevivente-do-holocausto-morre-aos-79,1376494267f7c310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 3 (Holocausto)

Os ciganos foram oficialmente definidos como não-arianos pelas leis de Nuremberg de 1935, que primeiramente havia definido os judeus; os dois grupos foram proibidos de casar com alemães. Os ciganos foram posteriormente rotulados como antissociais pelas Leis 1937 contra o crime, independentemente de terem sido acusados ​​de atos ilegais.

Duzentos homens ciganos foram selecionados através de quotas e encarcerados no campo de concentração de Buchenwald. Em maio de 1938, o SS Reichsfuehrer Himmler criou o Escritório Central de Combate à Ameaça Cigana, que definiu a questão como 'uma questão de raça', discriminando os ciganos por serem ciganos assim como os judeus também eram discriminados, e ordenando os registrassem. Em 1939, o reassentamento dos ciganos foi colocado sob a jurisdição de Eichmann, juntamente com a dos judeus. Os ciganos foram proibidos de circular livremente e estavam confinados em acampamentos na Alemanha, em 1939, transformados mais tarde (1941) em guetos cercados, do qual eles seriam apreendidos para o transporte pela polícia criminal (auxiliada por cães) e enviados para Auschwitz em Fevereiro de 1943.

Durante maio de 1940, cerca de 3.100 foram enviados para guetos judaicos na Governo-Geral (Polônia): os outros podem ter sido adicionados aos transportes judeus de Berlim, Viena e Praga para Nisko, Polônia (à vista de uma reserva abortada pra receber os judeus deportados). Estas medidas foram tomadas contra os ciganos, que não tinham direito à isenção em virtude de ter um cônjuge ariano ou ter sido regularmente contratado por cinco anos.

Alguns evitaram a rede primeiramente. Apesar das leis de 1937 excluindo ciganos do serviço militar, muitos serviram nas forças armadas, até serem desmobilizados por ordens especiais entre 1940 e 1942. Crianças ciganas também foram expulsas de escolas a partir de março de 1941. Assim, aqueles que eram nominalmente livres e que ainda não estavam confinados, perderam sitematicamente o status de cidadãos e foram segregados. O status jurídico dos ciganos e judeus, irrevogavelmente determinados pelo acordo entre o ministro da Justiça Thierack e o SS Reichsfuehrer Himmler em 18 de setembro de 1942, removia os dois grupos da jurisdição de qualquer tribunal alemão, confirmando assim seus destinos. Thierack escreveu: "Eu quis transferir todos os procedimentos penais relativos [essas pessoas] a Himmler. Faço isso porque percebo que os tribunais só podem debilmente contribuir para o extermínio dessas pessoas."

A Lei de Cidadania de 1943 omitia qualquer referência a ciganos, uma vez que não se esperava que fossem existir por muito tempo. Himmler decretou o transporte de ciganos para Auschwitz em 16 de dezembro de 1942, mas ele não autorizou o seu extermínio até 1944. A maioria morreu ali e em outros campos: de fome, doenças e torturas dos abusos como serem cobais vivas de experimentos. Até o final da guerra, 15.000 dos 20.000 ciganos que tinham vivido na Alemanha, em 1939 já teriam morrido.

Newsgroups: alt.revisionism,soc.history
Subject: Holocaust Almanac: 15,000 German Gypsies Die at Nazi Hands
Followup-To: alt.revisionism
Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy,gypsies,nisko
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.03
Last-Modified: 1993/12/12

Extraído de: "Accounting for Genocide: Victims - and Survivors - of the Holocaust" (New York: Free Press, 1979) Helen Fein

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.03
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 2

domingo, 13 de janeiro de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 2 (Holocausto)

Como os judeus, os ciganos foram destacados pelos nazistas na perseguição racial e aniquilação. Eles eram 'nonpersons', de 'sangue estrangeiro', 'aversos ao trabalho', e como tal, foram denominados antissociais. Até certo ponto eles compartilharam o mesmo destino dos judeus nos guetos, nos campos de extermínio, na mira dos pelotões de fuzilamento, como cobaias humanas, recebendo injeção com substâncias letais.

Ironicamente o escritor alemão Christof Wagenseil afirmou em 1697 que os ciganos eram da mesma árvore genealógica que os judeus alemães. Um teórico nazi mais contemporâneo acreditava que "os ciganos não poderiam, por sua composição interna e externa (Konstruktion), ser membros úteis de uma comunidade humana." [70]

As Leis de Nuremberg de 1935 visando os judeus foram logo alteradas para incluir também os ciganos. Em 1937, eles foram classificados como antissociais, cidadãos de segunda-classe e sujeitos à prisão em campo de concentração. [71] No início de 1936, alguns haviam sido enviados para os campos. Depois de 1939 os ciganos da Alemanha e dos territórios ocupados alemães foram foram enviados aos milhares primeiramente para guetos judaicos na Polônia, em Varsóvia, Lublin, Kielce, Rabka, Zary, Sedlce e outros. [72]

Não se sabe quantos foram mortos pelos Einsatzgruppen, responsáveis pelo rápido extermínio por fuzilamentos. Por uma questão de eficiência os ciganos também foram fuzilados nus, de frente para suas covas cavadas anteriormente. De acordo com especialistas nazis, o assassinato de judeus era mais fácil, eles ficavam parados 'enquanto os ciganos gritavam, uivavam e se mexiam constantemente, até quando eles já estavam no chão por conta dos disparos. Alguns deles até pulavam dentro da cova antes dos disparos e fingiam estarem mortos.' [73] Os primeiros a ir foram os ciganos alemães; 30.000 foram deportados para o Leste em três levas, em 1939, 1941 e 1943. Aqueles casados com alemães foram dispensados mas foram esterilizados, como também foram suas crianças depois da idade de doze anos. [74]

Sendo assim, como os ciganos foram 'despachados' da Europa? Adolf Eichmann, estrategista-chefe destas logísticas diabólicas, forneceu uma resposta no telegrama de Viena para a Gestapo:
Referente ao transporte dos Ciganos, foi informado de que na sexta-feira, 20 outubro, 1939, o primeiro transporte de judeus partirá de Viena. Para este transporte, de 3 a 4 carros de ciganos devem ser anexados. Trens subseqüentes partirão de Viena, Mährisch-Ostrau e Katowice [Polônia]. O método mais simples é atracar alguns vagões cheios de ciganos para cada transporte. Porque estes transportes devem seguir a programação, e uma execução tranquila deste problema é esperada. Quanto ao início da remoção no Altreich [das partes anexadas à Alemanha] é informado que isto acontecerá em 3-4 semanas. Eichmann. [75]
A Temporada Aberta de Caça foi declarada para os ciganos, também. Por um momento Himmler quis poupar duas tribos e 'apenas' esterilizá-las, mas por volta de 1942 ele assinou o decreto para todos os ciganos serem enviados para Auschwitz. [76] Onde estavam sujeitos a tudo o que Auschwitz significava, incluindo experimentos médicos antes de serem exterminados.

Os ciganos morreram em Dachau, Mauthasusen, Ravensbruck e outros campos. Em Sachsenhausen eles foram submetidos a experimentos especiais para provar cientificamente que seu sangue era diferente dos alemães. Os médicos responsáveis pela 'pesquisa' eram os memos que haviam feito isto anteriormente em prisioneiros negros de guerra. No entanto, por 'motivos raciais', eles foram considerados inadequados para experimentos com água do mar. [77] Os ciganos foram muitas vezes acusados de atrocidades cometidas por outros, foram responsabilizados, por exemplo, do saque de dentes de ouro de cem judeus mortos abandonados numa estrada da Romênia. [78]

Mulheres ciganas foram forçadas a se tornarem cobaias humanas nas mãos de médicos nazistas. Entre outros, eles foram esterilizados como "indignos de reprodução humana" (fortpflanzungsunwuerdig), apenas para ser definitivamente aniquilados por não serem dignos de viver. ... Com tudo isso, alguns ciganos foram mais afortunados; na Bulgária, Grécia, Dinamarca e Finlândia eles foram poupados. [80]

Por um tempo, houve um acampamento de famílias ciganas em Auschwitz, mas em 6 de agosto de 1944, isto foi liquidado. Alguns homens e mulheres foram enviadas para fábricas alemãs para o trabalho escravo, e o resto, cerca de 3.000 mulheres, crianças e idosos, foi gaseados. [81]

Não existem estatísticas precisas sobre o extermínio dos ciganos europeus. Algumas estimativas colocam o número entre 500.000 e 600.000, a maioria deles gaseados em Auschwitz. [82] Outros indicam um número mais conservador, em torno de 200.000 vítimas ciganas no Holocausto. [83] (Laska)

Notas:

[70] Raul Hilberg, "The Destruction of the European Jews" (Chicago: Quadrangle Books, 1961), p.641; quotation by Staatsrat Turner, chief of the civil administration in Serbia, October 26, 1941, in ibid., p.438

[71] Donald Kenrick and Grattan Puxon, "Destiny of Europe's Gypsies" (New York: Basic Books, 1972), p.72

[72] Jan Yoors, "Crossing, A Journal of Survival and Resistance in World War II" (New York: Simon & Schuster, 1971), pp. 33-34

[73] Hilberg, p. 439

[74] Ruzena Bubenickova, et al., "Tabory utrpeni a smrti" (Camps of Martyrdom and Death)(Prague: Svoboda, 1969), pp. 189-190

[75] Simon Wiesenthal, "The Murderers Among Us" (New York: Bantam, 1967) pp. 237-238

[76] Kendrick, pp. 88-90

[77] Hilberg, pp. 602, 608; the doctors were Hornbeck and Werner Fischer

[78] ibid., p.489

[79] Julian E. Kulski, "Dying We Live" (New York: Holt, Rinehart & Winston, 1979), p.200

[80] Kenrick, p.100

[81] Ota Kraus and Erich Kulka, "Tovarna na smrt" (Death Factory) (Prague: Nase vojsko, 1957), p.200

[82] Yoors, p.34; Bubenickova, p. 190

[83] Gilbert, Martin. "The Holocaust, Maps and Photographs" (New York: Mayflower Books, 1978. p.22; Kendrick, p. 184

Laska, Vera, Ed. Women in the Resistance and in the Holocaust: The Voices of Eyewitnesses. Wesport & London: Greenwood Press, 1983. LOC 82-12018, ISBN 0-313-23457-4

Newsgroups: alt.revisionism
Subject: Holocaust Almanac: The Fate of the Gypsy
Reply-To: kmcvay@nizkor.almanac.bc.ca
Followup-To: alt.revisionism
Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.02
Last-Modified: 1992/10/17

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.02
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 3

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ciganos em Auschwitz - Parte 1 (Holocausto)

Para a Alemanha nazista os ciganos tornaram-se um dilema racista. Os ciganos eram arianos, mas na mente nazista havia contradições entre o que eles consideravam como superioridade da raça ariana e a imagem dos ciganos...*

Em uma conferência realizada em Berlim em 30 de janeiro de 1940, foi tomada a decisão de expulsar 30 mil ciganos da Alemanha para os territórios da Polônia ocupada ...

Os relatórios dos SS Einsatzgruppen [forças-tarefa especiais] que operavam nos territórios ocupados da União Soviética mencionam o assassinato de milhares de ciganos, juntamente com o extermínio em massa dos judeus nessas áreas.

As deportações e execuções dos ciganos veio sob autoridade de Himmler. Em 16 de dezembro de 1942, Himmler emitiu uma ordem para enviar todos os ciganos para os campos de concentração, com algumas exceções ...

Os ciganos deportados foram enviados a Auschwitz-Birkenau, onde um acampamento especial cigano foi erguido. Mais de 20.000 ciganos da Alemanha e de outras partes da Europa foram enviados para este acampamento, e a maioria deles foram gaseados lá ...

Wiernik descreveu a chegada do maior grupo cigano trazido para Treblinka, na primavera de 1943:
"Um dia, enquanto eu estava trabalhando perto do portão, vi os alemães e ucranianos fazerem preparativos especiais ... enquanto isso, o portão se abriu e cerca de 1.000 ciganos foram trazidos (este foi o terceiro transporte de ciganos). Cerca de 200 deles eram homens, e o resto mulheres e crianças ... todos os ciganos foram levados para as câmaras de gás e depois cremados"
Ciganos do Governo Geral [Polônia] que não foram enviados para Auschwitz e para os campos da Operação Reinhard foram baleados no local pela polícia local ou gendarms. Na região oriental do distrito de Cracóvia, nos municípios de Sanok, Jaslo, e Rzeszow, cerca de 1.000 ciganos foram mortos.

Extraído de. Yitzhak Arad, BELZEC, SOBIBOR, TREBLINKA - the Operation Reinhard Death Camps Indiana University Press -, 1987.,--páginas150-153--

De acordo com o Institut Fuer Zeitgeschicthe, em Munique, pelo menos 4.000 ciganos foram assassinados por gás em Auschwitz-Birkenau. (Ver contagem das vítimas em Holocaust Almanac)

Fonte: Site da Universidade Fordham/Nizkor*
http://www.fordham.edu/halsall/mod/gypsy-holo.asp
Tradução: Roberto Lucena

*Observação: este texto foi publicado originalmente em grupos de discussão da Usenet ou da Undernet (mais provável que tenha sido no da Usenet no grupo alt.revisionism), nos primórdios da internet. O site Nizkor apresenta uma cópia do texto da discussão original de 1993, ou seja, o texto tem quase 20 anos na rede:
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.01

O interessante é ver no verbete da Wikipedia que a Undernet tombou devido as famosas Flame Wars provocadas por trolls, mesma causa do declínio do Orkut (do Google) e de várias redes/listas de discussão.

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 3

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pode um memorial acabar com o preconceito contra os sinti e roma?

Durante décadas os sinti e roma alemães lutaram por um memorial, por terem sido vítimas de um genocídio e por serem discriminados até hoje em várias regiões da Europa. Agora ele foi inaugurado em Berlim.

"O trágico no fato de o memorial ser inaugurado hoje é que muitos dos sobreviventes não podem mais vivenciar esse reconhecimento", declarou Silvio Peritore, membro da direção do Conselho Central dos Sinti e Roma da Alemanha.

O Estado alemão levou muito tempo para reconhecer o genocídio dos sinti e roma – para muitos, tempo demais. Por exemplo para Franz Rosenbach. Ele foi obrigado a prestar trabalhos forçados, sobreviveu a Auschwitz e foi a escolas alemãs relatar tudo o que viveu. Ele foi um dos maiores defensores do memorial. Há poucos dias, Rosenbach faleceu, aos 85 anos.

Uma exposição em Heidelberg retrata o genocídio dos sinti e roma no período nazista. Ela foi inaugurada em 1997. Um ano depois, Peritore passou a fazer parte do grupo do centro cultural e de documentação. "Em muitos memoriais, o genocídio dos sinti e roma era apenas uma nota de rodapé na história do Holocausto judeu, porque, durante décadas, pesquisadores em parte esqueceram esse tema, em parte o ignoraram conscientemente", afirma.

Não se trata de opor o número de vítimas: seis milhões de judeus europeus contra 500 mil sinti e roma, argumenta. "O que um memorial representa? O reconhecimento das vítimas, a responsabilidade para com a história que resultou do Holocausto."

Aparentemente, os sinti e roma são, até hoje, uma minoria indesejada. Por isso, o reconhecimento de que foram vítimas, a memória do genocídio foi por muito tempo recusada para eles. Ao menos essa é a impressão que pessoas como Franz Rosenbach têm. "As pessoas se perguntam: por que eles não querem isso?" Eles são os outros, o que inclui a maioria da sociedade alemã.

Preconceito e exclusão seculares

Família sinti e roma alemã
Cerca de 15 mil pessoas por ano visitam a exposição sobre o genocídio dos sinti e roma alemães em Heidelberg: turmas de escolas, universitários e também policiais, que na sua profissão têm de lidar com os "ciganos", frequentemente tachados de criminosos. Como diz Armin Ulm, pesquisador no centro de documentação, esses clichês existem há séculos.

"Esse é um fenômeno que existe na Europa desde a chegada dos sinti e roma, nos séculos 14 e 15. Havia também atribuições positivas, como o clichê romântico representado na figura de Carmen (a 'cigana' apaixonada da ópera de Georg Bizet), mas a maioria são atribuições negativas: o 'cigano' ladrão, a 'cigana' que lê a mão."

Essas ideias se perpetuaram com o passar do tempo. A expressão 'cigano' pode ser encontrada já nas crônicas da Idade Média: "A palavra aparece, por exemplo, na crônica da cidade de Hildesheim." Em diversos documentos é possível encontrar diferentes formas de escrita, porém não é claro sobre quem se está falando, pois nem os sinti nem os roma se descreviam como ciganos. A maioria rejeita esse termo por considerá-lo discriminatório.

"Como é possível que a tradição dos clichês "ciganos" se perpetue até hoje numa sociedade esclarecida?", pergunta Peritore. A pergunta não é retórica. Há 12 milhões de sinti e roma vivendo na Europa, e em muitos países eles continuam sendo excluídos, também em países da União Europeia.

"Em países como Hungria, Romênia, República Tcheca e Eslováquia, os sinti e roma são privados de direitos humanos elementares. Eles não possuem o mesmo direito de acesso a fatores essenciais para a vida, como emprego, serviço de saúde pública e moradia digna", diz Peritore.

Membros da etnia sinti e roma são discriminados, criminalizados e estilizados com inimigos em muitos países do sul e do centro da Europa. Em vez de investimentos em infraestrutura, o que tornaria a vida dos sinti e roma mais fácil em suas terras natais, o dinheiro da União Europeia some por caminhos obscuros, denuncia Peritore.

Deportação de sinti e roma em
Colônia na época nazista
Ele não economiza críticas aos políticos e à sociedade da Europa Ocidental. "Se ouvimos falar aqui na Alemanha sobre o 'problema dos roma', então trata-se de pessoas que vêm para cá procurando uma vida mais segura e melhores oportunidades de emprego. Essa é um desejo legítimo." Mas também aqui ele são considerados um risco para a segurança e frequentemente criminalizados, como aconteceu na França em 2010, quando o então presidente Nicolas Sarkozy afrontou a lei francesa e europeia e deportou os sinti e roma.

Peritore denuncia também a prática alemã de deportar sinti e roma de volta para o Kosovo, mesmo que lá eles corram o risco de ser perseguidos e na Alemanha já tenha há muito se integrado na sociedade. Onde os sinti e roma tiveram chances iguais, argumenta, seguiram os mesmos caminhos que seguem os outros integrantes da sociedade.

"Isso contradiz principalmente as afirmações generalizadas daqueles que são contra os sinti e roma e dizem que de nada adiantam todos os programas e projetos, pois supostamente eles são contrários à cultura desses povos. Isso mostra que essas afirmações são mentiras, pois podemos ver que é possível quando as pessoas recebem chances iguais e justas."

Um memorial em Berlim

Estas duas meninas foram
deportadas para a Polônia
A exposição sobre o genocídio dos sinti e roma mostra também fotos de sinti e roma alemães antes de 1933. São cenas da vida familiar, bons civis, quase caretas. Elas mostram que essas pessoas faziam parte da sociedade. Isso não as salvou da perseguição e da morte.

"Pesquisadores sérios já mostraram há muito tempo que houve um segundo Holocausto: eram as mesmas motivações político-raciais, o mesmo aparelho criminoso, os mesmos métodos de extermínio nos mesmos locais, executados de forma sistemática e eficiente." Contudo, somente o chanceler federal alemão Helmut Schmidt reconheceu esse fato, em 1982.

Após a decisão parlamentar de que não haveria um memorial único para todas as vítimas do Holocausto, o Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) autorizou em 1992 a construção de um memorial para os sinti e roma. O que se seguiu foi uma longa discussão: governo, historiadores e também os representantes dos sinti e roma não conseguiram chegar a um acordo sobre os detalhes.

Para o Conselho Central dos Sinti e Roma da Alemanha não se trata somente de um reconhecimento tardio, mas também de responsabilidade com o presente e o futuro, para evitar a discriminação e a exclusão. "Se for para aprender algo, então que seja isso. Mas talvez essa seja uma pretensão muito grande", diz Peritore, e na sua voz é possível reconhecer um tom de tristeza.

Autora: Birgit Görtz (cn)
Revisão: Alexandre Schossler

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/pode-um-memorial-acabar-com-o-preconceito-contra-os-sinti-e-roma/a-16328944

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Memorial aos ciganos vítimas do Holocausto será inaugurado em Berlim

De Céline LE PRIOUX (AFP) – Há 6 horas

BERLIM — Mais de 65 anos depois do Holocausto, a chanceler alemã, Angela Merkel, irá inaugurar nesta quarta-feira, em Berlim, um memorial aos ciganos vítimas do nazismo, no momento em que esta comunidade ainda enfrenta casos de racismo e discriminação na Europa.

Quase 500 mil sinti e roms da Europa, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha e considerados "racialmente inferiores", foram assassinados pelo III Reich, segundo estimativas oficiais.

Situado em frente ao Parlamento alemão, o memorial aos sinti e roms, criado pela artista israelense Dani Karavan, consiste em um eixo com um pilar central no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida. Ele está localizado perto de um outro dedicado às vítimas do Holocausto e um dedicado aos homossexuais mortos pelos nazistas.

"O Holocausto contra os ciganos - ou "Porajmos", que significa literalmente devorar - tem sido por muito tempo negado e não tem sido objeto de pesquisas históricas, não só na Alemanha, mas também em outros países como a França de Vichy ou países do Leste Europeu que participaram da perseguição", considerou o historiador Wolfgang Wippermann, da Universidade Livre de Berlim.

"Ao contrário dos judeus, que os nazistas perseguiam pela sua religião, os ciganos, católicos em sua maioria, não eram necessariamente identificáveis entre outros cidadãos", explica Romani Rose, presidente do Conselho Central alemão dos sinti e roms.

Para remediar esta situação, os "pesquisadores raciais" da Alemanha nazista gravaram uma série de características e estabeleceram genealogias que às vezes remontavam ao século XVI, para detectar um "ancestral cigano", a fim de enviar para os campos de extermínio os "de sangue misturado". Em Auschwitz e em Ravensbrück, eles serviram como cobaias para experiências médicas.

A RFA reconheceu oficialmente este genocídio em 1982, com um gesto do chanceler Helmut Schmidt. E em 1997, o presidente Roman Herzog ressaltou pela primeira vez que ele teve a mesma motivação racista e que havia sido praticado pelos nazistas com a mesma resolução e o mesmo desejo que o extermínio dos judeus.

Atualmente, 11 milhões de ciganos vivem no continente europeu, entre eles sete milhões na União Europeia, principalmente na Europa Central e do Sudeste, na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.

A maior minoria étnica na Europa é também a mais pobre, que sofre com a discriminação e o racismo. Rose denuncia principalmente a situação na Romênia, onde foram libertados da escravidão em 1856, na Bulgária, Hungria, Eslováquia, mas também na França e Itália.

A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocou a migração de alguns para o oeste mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.

Atualmente vivem na Alemanha cerca de 70 mil ciganos de nacionalidade alemã. "Eles não são nômades e suas famílias estão, por vezes, instaladas há 600 anos em nosso país", indica Wippermann.

Eles fazem parte desde 1997 das quatro minorias protegidas na Alemanha, como os dinamarqueses e os frísios instalados no norte, e os sorbs que vivem no leste.

Nas últimas duas décadas, várias dezenas de milhares de ciganos originários do Leste Europeu também tentaram uma chance na Alemanha. Mas não existem campos selvagens, com dizia o presidente Nicolas Sarkozy há dois anos, afirmando que Angela Merkel procederia com evacuações.

Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de fazer parar essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jcaxA9djip7D5zxIC3LV5EhX9knw?docId=CNG.33a5fe2e73c231d7d6abac75c4abd70b.41

Ver mais:
El Holocausto gitano, por fin reconocido (Deutsche Welle, Alemanha)
Berlín inaugura su monumento en memoria de los gitanos víctimas del Holocausto (AFP, em espanhol)

sábado, 20 de outubro de 2012

Especialistas da ONU exortam Estados a confrontarem a violência e ódio modernos contra os Roma

Jovens Roma forçosamente deslocados do sudeste
da Europa. Muitos não têm cidadania o que afeta
suas vidas diárias. Foto: ACNUR / L. Taylor
2 de Agosto de 2012 – Dois especialistas independentes das Nações Unidas pediram aos países, particularmente aqueles com comunidades Roma, para confrontar o atual ódio, violência e discriminação contra este grupo e encontrar soluções para sua persistente exclusão.

Seus comentários chegam no Dia da Lembrança do Holocausto Roma, ou ‘Pharrajimos’ (Porrajmos) na língua Romani, que é observado a cada ano em 2 de Agosto. Cerca de 3,000 Roma e Sinti foram assassinados nas noites de 2-3 de agosto de 1944, quando o campo "Cigano" no campo de concentração do complexo de Auschwitz-Birkenau foi liquidado pelo regime nazista.

A especialista independente da ONU sobre problemas das minorias, Rita Izsák, sendo ela mesma de origem húngaro-Roma, disse que não está sendo feito o suficiente para confrontar “a onda crescente de hostilidade e discriminação contra os Roma na Europa, algo que envergonha as sociedades.”

A Sra. Izsák, a quem a experiência pessoal com o racismo e discriminação motivou seu trabalho pelo direito das minorias, instou os Estados a adotar uma postura de tolerância zero contra atos de extremismo anti-Roma, ódio e violência, de acordo com o comunicado feito pelo Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (OHCHR).

Além disso, o relator especial da ONU sobre formas contemporâneas de racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância, Mutuma Ruteere, pediu por aumento da conscientização e ação para resolver estas questões.

"O ensino nas escolas da história dos Roma, incluindo o genocídio que sofreram durante o regime nazista, e medidas de sensibilização para informar e sensibilizar as populações sobre a identidade Roma e sua cultura são essenciais para enfrentar os preconceitos persistentes que servem de combustível para o racismo e a intolerância contra eles," disse o Sr. Ruteere.

"Deve haver também uma mensagem mais forte de que os Roma (ciganos) são uma parte valiosa da sociedade - e não apenas em palavras, mas em ações concretas - para proteger os Roma e melhorar suas condições de vida e inclusão", acrescentou.

Os especialistas que reportam ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, com um trabalho independente e não pago, saudaram em 2011 os esforços e iniciativas no âmbito do Quadro da União Europeia de estratégias nacionais para integração dos Roma.

No âmbito do Quadro, os países membros da UE concordaram em preparar estratégias nacionais de inclusão dos ciganos, ou um conjunto integrado de medidas políticas mais amplas dentro de suas políticas de inclusão social para melhorar a situação dos ciganos.

As estimativas sugerem que até 12 milhões de ciganos vivem na Europa, e outras populações consideráveis ​​de Romas vivem na América Latina e em outras regiões, a maioria deles à margem da sociedade.

Fonte: site da ONU (UN experts urge States to confront modern-day hatred, violence against Roma)
http://www.un.org/apps/news/story.asp?NewsID=42606&Cr=+Roma+&Cr1=
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Expertas de ONU piden recordar el Holocausto del pueblo gitano (mizamora)
Expertas de la ONU piden recordar el Holocausto que sufrieron los gitanos (lainformacion.com)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Dr. Robert Ritter: ciência racial e "ciganos" (Holocausto)

Dr. Robert Ritter: Ciência Racial e "Ciganos"

A pesquisa do cientista racial Dr. Robert Ritter e seus associados serviram ambos como instrumento e justificação para o regime Nazista isolar e eventualmente destruir a população Cigana Alemã.

Estudando os Ciganos, Ritter, que era um psiquiatra, esperava determinar as ligações entre a hereditariedade e a criminalidade. Com financiamento da 'Associação Alemã para Pesquisa Científica' e com acesso a registros da polícia, Ritter começou em 1937 a sistematicamente entrevistar todos os Ciganos residindo na Alemanha. Para fazer isso, ele viajou a acampamentos Ciganos e, depois a deportação e internamento de Ciganos começaram, para os campos de concentração.

Ritter desenvolveu genealogias detalhadas--históricos de família--para distingüir os Ciganos "puros" daqueles de "sangue misto/misturado" e desenraizar os Ciganos assimilados da população geral alemã. A polícia de estado ajudou Ritter em seu requerimento de registros genealógicos de todos os Ciganos movidos a força para campos especiais municipais depois de 1935. Acreditando que qualquer um com sangue Cigano podia ser um perigo a sociedade, Ritter classificou um "meio-Cigano" como alguém com um ou dois avós Ciganos ou dois ou mais avós meio-Ciganos, isto é, alguém com um pouco de um quarto de sangue cigano.

Aos associados a Ritter incluíam o antropólogo Dr. Adolf Wurth e, até 1942, e o zoologista e antropólogo Dr. Sophie Ehrhardt. O associado mais próximo a Ritter era Eva Justin, uma enfermeira que recebeu seu doutorado em antropologia em 1944 baseado na sua pesquisa com crianças Ciganas afastadas de suas famílias. Na conclusão de seu estudo, estas crianças eram deportadas a Auschwitz, onde todos com exceção de alguns eram mortos.

"Num relatório dos resultados de sua pesquisa em 1940, Ritter concluiu que 90 porcento dos Ciganos nativos da Alemanha eram "de sangue misto/misturado". Ele descreveu aqueles Ciganos como "os produtos de relacionamentos com criminosos anti-sociais alemães do subproletariado." Ele caracterizou os Ciganos como povos "primitivos" "incapazes de uma real adaptação social."

Do final de 1944 entrando em 1946, Ritter ensinou biologia criminal na Universidade de Turbingen; em 1947 ele entrou no Centro de Saúde de Frankfurt como um médico de crianças. Enquanto esteve lá, ele empregou Eva Justin como uma psicóloga. Seu colaborador Dra. Sophie Ehrhardt entrou na faculdade de antropologia na Universidade de Tubingen em 1942 e continuou a usar os dados de Ritter em sua pesquisa pós-guerra. Dr. Adolph Wurth serviu no Bureau de Estatística Baden-Wurttemberg até 1970.

Os esforços para trazer provas contra Ritter e seus associados como assessores nas mortes dos Ciganos Alemães foram interrompidos. O julgamento do Dr. Robert Ritter chegou ao fim com seu suicídio em 1950.

Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena

Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945

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