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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

"Aqui não houve câmaras de gás, mas se praticou o extermínio e a exploração"

O jornalista Carlos Hernández de Miguel publicou "Los campos de concentración de Franco" (Os campos de concentração de Franco)

Prisioneiros caminham pela estação de Irun. (Foto: Biblioteca Nacional)
"Na Espanha não houve um genocídio judeu ou cigano, mas sim um holocausto ideológico contra os diferentes".

Donostia - Foram três anos de intenso trabalho entre arquivos e testemunhas para reverter 80 anos de silêncio e confusão. O jornalista Carlos Hernández de Miguel crê que o capítulo dos campos de concentração do franquismo foi "esquecido" pela História e pela política. Não só durante a ditadura como também na Transição. E isso que resulta complexo ocultar que na Espanha houve cerca de 300 campos de concentração franquistas que fizeram da Espanha um "gigantesco campo de concentração" na ditadura", indica a EFE.

Carlos Hernández de Miguel
Jornalista e pesquisador
Os campos de concentração, assinala o autor, foram "uma dos pés da enorme mesa que foi a repressão franquista", uma prática da qual hoje pouca documentação deriva "da destruição em massa de arquivos que se realizou durante a ditadura e os primeiros anos da Transição". Depois da segunda guerra mundial, realizou-se um "apagão" geral especialmente da documentação que podia relacionar o regime franquista com o nazismo, de tal forma que há um "lacuna brutal dos arquivos existentes sobre essa etapa". Porque, apesar das diferenças, houve uma analogia e existiram alguns elementos em comum entre esses campos de concentração espanhóis e os implantados pelo sistema nazista, sustenta Carlos Hernández, que explica que inclusive dirigentes da Gestapo participaram do treinamento das forças policiais espanholas. O sistema franquista desses campos foi desenhado de acordo com as necessidades da ditadura, qu eram - recalca o escritor - o "extermínio" dos elementos "mais ativos" do entorno republicano e a consecução da mão de obra através dos "batalhões de trabalho", uma derivada dos mesmos ainda que diferentes. "O sistema de campos buscava um extermínio ligado a uma classificação. Num primeiro bloco estavam os irrecuperáveis (membros de partido, oficiais do exército republicano...): acabam mortos nos campos ou em um conselho de guerra que os devolvia à prisão ou ao paredão. A seguir estavam os desafetos, pessoas classificadas como republicanos ou duvidosos. Muitos não têm informação ao proceder da zona vermelha. Estão nos campos e são os que resultam acabar nos batalhões de trabalho como forma de reeducação. A seguir estavam os "afetos", gente que ao final era liberada para que fosse ao front nas fileiras nacionais", detalha.

"Nos campos de concentração franquistas não houve câmaras de gás, mas se praticou o extermínio e se explorou os cativos como trabalhadores escravos. Na Espanha não houve um genocídio judeu ou cigano, mas sim houve um verdadeiro holocausto ideológico, uma solução final contra quem pensava de forma diferente", ressalta Carlos Hernández de Miguel. Com sua pesquisa, na qual visitou dezenas de arquivos, o autor identificou 296 campos de concentração oficiais, abertos em outras tantas cidades e povoados.

Andaluzia, com 52 campos de concentração, encabeça este "ranking do horror" desenhado por Carlos Hernández, no que seguem a "Comunidade Valenciana" com 41, "Castela-Mancha" com 38, "Castela e Leão" com 24 e Aragão com 18. Extremadura, com 17 desses campos;Madrid com 16, Catalunha com 14, Astúrias com 12, Galícia e Múrcia com 11, Cantábria com 10, a CAV (Comunidad Autónoma Vasca, País Basco) com 9, Baleares (ilhas) com 7, Canárias com 5, Navarra com 4, La Rioja, com 2 e Ceuta, junto às antigas colônias espanholas no norte da África com 5, completam as cifras. - T. Iribarren

Domingo, 31 de março de 2019

Fonte: Noticias de Gipuzkoa (País Basco, Espanha)
https://www.noticiasdegipuzkoa.eus/2019/03/31/politica/aqui-no-hubo-camaras-de-gas-pero-se-practico-el-exterminio-y-la-explotacion
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Alguns heróis ciganos

O povo romani reivindica referências como o boxeador Johan Trollmann, o ilustrador Helios Gómez ou o líder anarquista Mariano Rodríguez Vázquez

Da esquerda para a direita, o líder da CNT Mariano Rodríguez Vázquez,
o grafista Helios Gómez, e o boxeador Johan Trollmann.
Jóvenes gitanos plantan cara al antigitanismo
HELENA LÓPEZ / BARCELONA

Quinta-feira, 8 de dezembro de 2016 - 17:18 CET

Johan Trollmann (1907-1944), conhecido como Rukeli, foi campeão nacional de boxe na Alemanha de 1933, ano em que Hitler ascendeu ao poder. Não é estranho dizer, pois, que oito dias depois, os nazis retiraram o título alegando "falta de nível". O Terceiro Reich não podia aceitar exaltar a um cigano. Um jovem como Rukeli, nas antípodas do modelo ariano que o nazismo pretendia impor. Não só por sua tez morena e sua frondosa mata de cabelo azeviche, senão também por seu característico estilo dançarino sobre o quadrilátero, muito longe do duro 'estilo alemão'. Saltos ágeis e muito efetivos que, contam, tiravam os nazis do sério. Assim que, não sendo bastante lhe retirar o título de campeão, ameaçaram-no em lhe negar também a licença para seguir competindo a nível profissional se não deixasse de "dançar" enquanto lutava.

A seguinte peleja que ele participou acudiu depois de terem tirado seu título, Rukeli, desafiante, subiu ao ringue com o cabelo tingindo de ruivo e o rosto polvilhado de branco (algumas versões dizem que com farinha, outras, que com pó de talco). Com a rebeldia própria de sua condição cigana, Rukeli fez caso e, por uma vez, não dançou. Ficou no centro do ringue coberto em pó branco sem mover as pernas até que foi nocauteado no quinto assalto; tudo dignamente. Ali terminou sua carreira, mas esse gesto de galhardia lhe converteu em um herói para o povo cigano. Um gesto simples mas estoico com o qual ridicularizou a todo um regime racista, que acabou o encarcerando em um campo de trabalho forçado.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL HELIOS GÓMEZ
Os anjos negros da 'Capela cigana' da Modelo,
pintados por Helios Gómez na prisão
Histórias como a de Rukeli, ainda referência, são as que os jovens ciganos não só daqui, senão de meia Europa, reivindicam, fazendo pressão tanto a seus governos locais como através das poderosas redes sociais para lhes fazer justiça.

ARTISTA INTERNACIONAL

Em Barcelona também há heróis ciganos com histórias muito desconhecidas, pese o impacto que deixam em quem as descobre (algo que se sente difícil, já que a história do povo cigano não é estudada nos colégios). É o caso de Helios Gómez (1905-1956), autor da 'Capela cigana' (Link2) de 'La Modelo', ainda tapada sob uma capa de cal em uma habitação fechada. Rebelde como Rukeli, Gómez foi anarquista, comunista e de novo anarquista, segundo desencadeou em decepções. Preso em incontáveis ocasiões por sua ideologia, o ilustrador foi 'convidado' pelo cura do cárcere pra que desenhasse em uma das paredes da cela um fresco da Virgem das Mercês (Barcelona). Também ao melhor estilo Rukeli, Gómez - que fora proibido de pintar entre grades - concordou, mas o fez, como não, a sua maneira. Pintou uma Virgem e um menino Jesus rasgos inequivocamente ciganos, acompanhados por uns anjos negros de Machín que acabaram se convertendo em um apelo contra o regime.

O filho de Helios, Gabriel, passa anos trabalhando na associação cultural que leva o nome de seu pai para restituir a memória do ilustrador, grafista e poeta e de "todos os que, como ele, lutaram pela liberdade".

Outra figura cigana muito reivindica, também rebelde e anarquista, é Mariano Rodríguez Vázquez, 'Marianet'. Secretário Regional da Catalunha e da CNT entre novembro de 1936 e junho de 1939, "desempenhou um papel decisivo no futuro anarcosindicalista e na vida política e social da guerra civil espanhola", segundo a Wikipedia. Urge que as petições do coletivo de que se estude e documente a fundo sua história sejam escutadas para poder ir mais além da enciclopédia livre.

Fonte: El Periódico, Barcelona (Espanha)
http://www.elperiodico.com/es/noticias/barcelona/algunos-heroes-gitanos-5674253
Título original: Algunos héroes gitanos
Tradução: Roberto Lucena

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Romênia proíbe símbolos fascistas e a negação do Holocausto

O presidente da Romênia promulgou uma lei que penaliza a negação do Holocausto e o fomento do Movimento Legionário fascista com sentenças de até três anos de prisão.

O presidente Klaus Iohannis assinou na terça-feira emendas a uma legislação já existente, aprovadas no mês passado pelo Parlamento.

A legislação também proíbe organizações e símbolos fascistas, racistas, xenofóbicos, e promover culpados de crimes contra a humanidade. As sentenças serão de até três anos de prisão.

A negação do Holocausto se refere a negar a participação da Romênia no extermínio de judeus e Romanis (ciganos) entre 1940 e 1944. Cerca de 280.000 judeus e 11.000 Romas, ou ciganos, foram assassinados durante o regime pró-fascista do ditador Marechal Ion Antonescu.

A Romênia tem poucos grupos radicais de direita como o Noua Dreapta, que poderia se ver afetado pela lei.

AP 22.07.2015 - 08:46h PST

Fonte: 20minutos (Espanha)
http://www.20minutos.com/noticia/b85789/rumania-prohibe-simbolos-fascistas-y-negar-el-holocausto/
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Rumania prohíbe símbolos fascistas y negar el Holocausto (Pulso, México)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O triângulo negro / Nenhum povo é ilegal

Violência, propaganda e deportação.
Um manifesto de escritores, artistas e intelectuais contra a violência contra os rom*, os romenos e as mulheres.

"Negócio ariano"
[A faísca surgiu num grupo de escritores e intelectuais fartos de observar a tendência racista que cruza toda a Itália, por desgraça agravada com a violenta morte de Giovanna Reggiani. Desta saturação, a necessidade de compartilhar uma tomada de posição firme. Assim nasceu "O triângulo negro", chamamento elaborado por Alessandro Bertante, Gianni Biondillo, Girolamo De Michele, Valerio Evangelisti, Giuseppe Genna, Helena Janeczek, Loredana Lipperini, Monica Mazzitelli, Marco Philopat, Marco Rovelli, Stefania Scateni, Antonio Scurati, Beppe Sebaste, Lello Voce e o coletivo Wu Ming. A este grupo logo se juntaram outros importantes nomes da cultura que decidiram aderir ao mesmo. Entre eles: Gad Lerner, Erri De Luca, Bernardo Bertolucci, Massimo Carlotto, Carlo Lucarelli, Moni Ovadia, Nanni Balestrini, Franca Rame, Stefano Tassinari, Marcello Flores, Andrea Bajani, Lisa Ginzburg, Lanfranco Caminiti, Ugo Riccarelli, Enrico Brizzi, Marco Mancassola, Simona Vinci, Raul Montanari, Giulio Mozzi, Andrea Porporati, Sandro Veronesi e muitos outros que se somam a cada minuto, para ratificar que os direitos individuais não justificam castigos coletivos. Clique Aqui, a possibilidade de aderir ao chamamento. Na continuação, o texto].

A história recente deste país é uma sequência de campanhas de alarme, cada vez mais próximas entre si e envoltas no escândalo. As campanhas soam o alarme, as palavras dos demagogos geram incêndios, uma nação com os nervos a flor da pele responde a cada estímulo criando "emergências" e escolhendo bodes expiatórios.

Uma mulher foi violada e assassinada em Roma. O homicida seguramente é um homem, talvez um romeno. Romena é a mulher que, atirando-se na rua para deter um ônibus que não freava, tentou salvar aquela vida. O horrendo crime sacode toda a Itália, o gesto de altruísmo cai no silêncio/esquecimento.

No dia anterior, sempre em Roma, uma mulher romena é violada e deixada quase sem vida por um homem. Duas vítimas com igual dignidade? Não: da segunda não se sabe nada, nada publicam os diários: da primeira se tem que saber que é italiana, e que o assassino é um homem, senão um romeno um rom.

Três dias depois, sempre em Roma, membros encapuzados de um grupo fascista atacam com porretes e navalhas a alguns romenos na saída de um supermercado, ferindo quatro. Não houve jornalistas junto ao leito desses feridos, que ficam sem nome, sem história, sem humanidade. Sobre seu estado, nada mais a dizer.

A partir desses sucesos se desencadeia uma alucinante criminalização massiva. Culpado um, culpado todos. As forças da ordem desalojam o povoado favelado em que vivia o suposto assassino. Duzentas pessoas, mulheres e crianças incluídas, foram colocados na rua.

E depois? Ódio e receio alimentam as generalizações: todos os romenos são rom, todos os rom são ladrões e assassinos, todos os ladrões e assassinos têm que ser expulsos da Itália. Políticos velhos e novos, de direita ou esquerda, competem para ver quem grita mais forte, denunciando a emergência. Emergência que, de acordo com os dados do Rapporto sulla criminalità (1993-2006), não existe: homicídios e delitos estão, hoje, com as cifras mais baixas dos últimos vinte anos, enquanto que estão com forte aumento os delitos cometidos entre paredes domésticas ou por razões passionais. O relatório Eures-Ansa 2005, L'omicidio volontario in Italia e o relatório Istat 2007 dizem que um homicídio em quatro ocorre no lar; sete entre dez vítimas é uma mulher; mais de um terço das mulheres entre os 16 e 70 anos padeceu com violência física ou sexual no curso de sua vida, e o responsável da agressão física ou violação é, sete em cada dez, seu marido ou companheiro: a família mata mais que a máfia, as ruas com frequência apresentam menor risco de violação que os dormitórios.

No verão de 2006, quando Jina, jovem de vinte anos paquistanesa, foi degolada por seu pai e seus parentes, políticos e meios de comunicação se embarcaram no paralelo entre culturas. Afirmavam que a ocidental, e a italiana em particular, havia evoluído felizmente em relação aos direitos das mulheres. Falso: a violência contra as mulheres não é um legado atroz em outras culturas, senão que cresce e floresce na nossa, cada dia, na construção e na multiplicação de um modelo feminino que privilegia o aspecto físico e a disponibilidade sexual fazendo-os passar como uma conquista. Pelo contrário, como testemunha o recente relatório do World Economic Forum on Gender Gap, sobre a igualdade feminina no trabalho, na saúde, nas expectativas de vida e na influência política, a Itália está no posto 84. Última na União Europeia. A Romênia está no posto 47.

Se esses são os fatos, o que é que está se passando?

O que se passa é que é mais fácil agitar um fantasma coletivo (hoje os romenos, ontem os muçulmanos, um pouco antes os albaneses) em vez de se comprometer com as verdadeiras causas do pânico e da insegurança social causados pelos processos de globalização.

O que se passa é que é mais fácil, e pega antes e melhor como consenso incondicional, gritar "perigo" e pedir expulsões em vez de cumprir as diretrizes europeias (como a 43/2000) sobre o direito à assistência sanitária, ao trabalho e a habitação dos migrantes; que é mais fácil mandar escavadoras para privar seres humanos de suas míseras casas, em vez de ir aos lugares de trabalho para combater o emprego ilegal.

O que se passa debaixo do tapete da equação romenos-deliquência é que se esconde a poeira da feroz exploração do povo romeno.

Exploração em obras, onde cada dia um trabalhador romeno é vítima de um acidente laboral mortal.

Exploração nas ruas, onde trinta mil mulheres romenas são obrigadas a se prostituir - a metade menores de idade - são cedidas pelo crime organizado a italianíssimos clientes (a cada ano nove milhões de homens italianos compram sexo de escravas estrangeiras, forma de violência sexual que está ante os olhos de todos mas poucos "querem ver").

Exploração na Romênia, onde empresários italianos - depois de terem "deslocalizado" (transferido) e gerado desemprego na Itália - pagam soldos de fome aos trabalhadores.

O que se passa é que ministros demais, prefeitos e menestréis convertidos em caudilhos jogam para serem aprendizes de bruxo para obter seus quinze minutos de popularidade. Não se perguntam o que se passará amanhã, quando os ódios que ficam no terreno seguirão fermentando, envenenando as raízes de nossa convivência e despertando esse micro-fascismo que está dentro de nós e nos faz desejar o poder e admirar os poderosos. Um micro-fascismo que se expressa com palavras e gestos rancorosos, enquanto já se sente, não muito longe, o sapateado de botas militares e a voz das armas de fogo.

O que se passa é que se está levando a cabo a construção do inimigo absoluto, como com os judeus e ciganos no nazifascismo, como com os armênios na Turquia em 1915, como com os sérvios, croatas e bósnios, reciprocamente, na ex-Iugoslávia dos anos noventa, em nome de uma política que promete segurança em troca de renunciar aos princípios de liberdade, dignidade e civilização; que se faz indistinguíveis a responsabilidade individual e coletiva, efeitos e causas, males e remédios; que invoca homens fortes no governo e pede aos cidadãos que sejam súditos obedientes.

Só falta que alguém recupere do desvão da intolerância o triângulo negro dos antissociais, marca da infâmia que os nazis faziam coser nas roupas dos ciganos.

E não parece ser mais que a última etapa, por agora, de uma propagada guerra contra os pobres.

Frente a todo isto não podemos permanecer indiferentes. Não nos reconhecemos no silêncio, na renúncia ao direito de crítica e no abandono da inteligência e da razão.

Delitos individuais não justificam castigos coletivos.

Ser romeno ou rom não é uma forma de "cumplicidade".

Não existem as raças, e muito menos raças culpáveis ou inocentes.

Nenhum povo é ilegal.

*A palavra "rom" é a forma mais usada na Itália para designar a um membro da comunidade cigana. Na tradução ao castelhano se manteve esta denominação quando era necessário indicar o equívoco que pode se produzir com membros da nacionalidade romena. [Ninguém em particular].

15 de Novembro de 2007

Fonte: Site Wumingfoundation.com
http://www.wumingfoundation.com/italiano/outtakes/triangulonegro.htm
Título original: El triángulo negro / Ningún pueblo es ilegal
Tradução: Roberto Lucena

Observação: eu cortei do texto acima as assinaturas, quem quiser ver basta acessar o link do texto original. Este texto é de 2007 (só fui ver depois) e o pior é que continua atual.

domingo, 24 de agosto de 2014

"Hitler não matou ciganos suficientes", deputado francês é condenado por racismo

Deputado condenado por afirmar que "Hitler não matou ciganos suficientes"

Gilles Bourdouleix diz que as suas declarações
foram deturpadas, mas vai ter de pagar 3000 euros.
O deputado francês Gilles Bourdouleix foi condenado a pagar uma multa de 3000 euros por ter afirmado que Adolf Hitler não "matou suficientes ciganos". O "desabafo" aconteceu no momento em que o também presidente da Câmara de Cholet presenciava os desacatos provocados pela ocupação ilegal de um terreno agrícola por centenas de caravanas.

Avança o jornal "Le Monde" que o também Presidente da Câmara de Cholet, proferiu estas declarações em julho do ano passado, no decorrer de um desacato quando da ocupação ilegal de um terreno agrícola por centenas caravanas. As palavras proferidas por Bourdouleix poder-lhe-iam ter custado até 5 anos de prisão e 45000€ de multa.

A controversa declaração, pela qual Bourdouleix arriscou uma pena de cinco anos de prisão e 45 mil euros, foi recolhida pelo diário "Le Courrier de l'Quest", e mais tarde confirmada por testemunhas, também presentes no local.

Em sua defesa, o político alega que os comentários feitos no momento foram descontextualizados e manipulados pela publicação francesa, considerando-se "vítima" de uma adulteração das suas palavras.

Mas a gravidade do que disse desencadeou uma investigação, por alegada "apologia de um crime contra a humanidade", Antes mesmo de ser condenado em tribunal, Bourdouleix acabou expulso de União de Democratas e Independentes (UDI), embora continue a integrar o partido de direita, DLR.

Quem não ficou surpreendido foram os habitantes da cidade francesa Cholet. Quase um ano depois do incidente, o autarca foi em março reeleito para liderar a Câmara.

A gravidade de tais declarações originou uma investigação devido à demonstrada "apologia de um crime contra a humanidade", confirma o jornal espanhol El País.

Fonte: Expresso
http://expresso.sapo.pt/deputado-condenado-por-afirmar-que-hitler-nao-matou-ciganos-suficientes=f885774

Ver mais:
Condenado un alcalde y diputado francés por decir que “Hitler no mató a bastantes gitanos” (Alerta Digital, Espanha)
French MP loses appeal against €3,000 fine for Hitler-Roma remark (The Guardian, Reino Unido))
Propos anti-Roms : l'élu Gilles Bourdouleix condamné en appel (Le Figaro, França)
Gilles Bourdouleix condamné à une amende pour «apologie de crime contre l'humanité» (Le Monde, França)

Observação 1: há um comentário racista na publicação em espanhol acima com essas fotos (Foto 1, Foto 2). Um sujeito de nome Alfredo, presumo que da Espanha, com o seguinte comentário e as fotos na sequência:
"Alfredo 14/08/2014 - 17:44
Este alcalde racista no se da cuenta de la riqueza que tiene en su municipio:"

Tradução: "Este prefeito racista não se dá conta da riqueza que tem em seu município"
Há um racismo pesado na Europa contra ciganos, até hoje, e é um assunto pouco relatado na grande mídia, principalmente na mídia brasileira. Assunto várias vezes abordado neste blog pois o Holocausto (genocídio nazista) também abrangeu os ciganos, que são pouco lembrados na mídia pelo episódio pois a devastação dos ciganos no nazismo, proporcionalmente (mas não em números absolutos), foi maior que o extermínio de judeus no Holocausto.

Observação 2: por comodidade coloquei esse texto do jornal português Expresso que cita o jornal espanhol El País. Se você não leu o post anterior sobre este jornal, dê uma lida aqui:
O viés anti-Brasil da imprensa espanhola escancarado na Copa. Destaque para o jornal El País

Eu preferiria que o texto encontrado não constasse citação alguma a esse tipo de jornal, mas se torna inviável fazer um "índex" até de matérias com citações a outros jornais que tentarei evitar de publicar aqui. Também evitei usar as duas matérias que saíram no Brasil também pelo mesmo motivo. Darei-me ao direito de boicotar publicações que apresentam conteúdo enviesado neste tipo de questão ou em outros assuntos por considerar que o uso/citação dessas publicações dá credibilidade as mesmas, e seria bom que mais pessoas começassem a seguir o procedimento. O povo reclama muito que quer "mudanças" na mídia e tal mas não tomam atitude alguma pra forçar isso, eis aí uma atitude simples de se tomar. E como já comentei antes, acho a ferramenta do boicote legítimo e pacífico e funciona a médio, longo prazo, se houver um movimento organizado da sociedade civil em todos os países tomando essa postura. Se os jornais não respeitam seus leitores, usando as publicações pra panfletagem política e politicagem, então precisam arcar com os danos que isso causa.

O público hoje não é o mesmo de décadas atrás que aceitava passivamente as publicações sem questionar a credibilidade deles, então fica o aviso aos jornais que não tentem se tornar "partidos políticos" sob pena de serem rechaçados. Há gente que os boicota sem anunciar o ato (ou seja, mais gente já vem tomando a mesma atitude), mas acho mais honesto tornar a decisão pública.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Franjo Tudjman, o ex-presidente croata antissemita e negador do Holocausto e Jasenovac

Tradução do texto "Holocaust Deniers at the U.S. State Department" (Negadores do Holocausto e o Departamento de Estado dos Estados Unidos) sobre as afirmações racistas e negacionistas de Franjo Tudjman, ex-presidente croata, negacionista do Holocausto, racista e antissemita.

Por Srdja Trifkovic
Terça-feira, 23 de março de 2010

O relatório de direitos humanos do Departamento de Estado dos EUA sobre a Croácia, lançado em 11 de março, afirma com certa naturalidade que Jasenovac foi "o local do maior campo de concentração da Croácia durante a Segunda Guerra Mundial, onde milhares de sérvios, judeus e ciganos foram assassinados" [grifo feito; uma cena diária de Jasenovac, acima] Esta afirmação notável é o equivalente moral e factual exato de se afirmar que "dezenas de milhares" de judeus e outros povos foram mortos em Auschwitz ou Treblinka ..

O número de vítimas de Jasenovac ainda é incerto. A estimativa mais baixa sem qualquer pretensão de seriedade metodológica - de dezenas de milhares de vítimas - foi feita pelo falecido presidente croata Franjo Tudjman, famoso por ter dito "Graças a Deus, minha esposa não é nem sérvia e nem judia." A "estimativa" de Tudjman em Jasenovac encaixa-se com suas outras avaliações:
"Em seu livro: Wastelands verdades históricas, publicado em 1988, o Sr. Tudjman escreveu que o número de judeus que morreram no Holocausto foi de 900.000 - não seis milhões. Ele afirmou também que não mais que 70 mil sérvios morreram nas mãos da Ustasha - a mairoria dos historiadores dizem que cerca de 400 mil foram assassinados"(The New York Times, 20 de agosto, 1995)
Outras fontes fornecem estimativas dezenas de vezes maior que as de Dr. Tudjman, e centenas de vezes maior do que o apresentado como fato pelo Departamento de Estado dos EUA:
"Jasenovac" - entrada feita por Menachem Shelach na Enciclopédia do Holocausto, Yad Vashem, 1990, págs. 739-740: "Cerca de seiscentas mil pessoas foram assassinadas em Jasenovac, na maioria sérvios, judeus, ciganos e opositores do regime Ustasha."

Segundo o site "The Holocaust Education & Archive Research Team"**: "estima-se que perto de 600 mil pessoas ... principalmente sérvios, judeus, ciganos, foram assassinados em Jasenovac."
Se já basta de fontes judaicas, vamos olhar para o que os aliados alemães contemporâneos do regime Ustasha tinha a dizer sobre o assunto (todas as citações são de "The Crônica de Krajina: Uma História dos sérvios na Croácia, Eslavônia e Dalmácia" ("THE KRAJINA CHRONICLE: A History of Serbs in Croatia, Slavonia and Dalmatia"). Segundo Hermann Neubacher, especialista político mais importante de Hitler para os Balcãs, em seu livro Sonderauftrag Südost 1940-1945. Bericht eines Fliegenden Diplomaten (Goettingen:. Muster-Schmidt-Verlag, 1957, pág. 18)
"A receita para o problema dos sérvios ortodoxos pelo líder e Führer da Croácia, Ante Pavelic, foi lembrar das guerras religiosas de memória mais sangrenta: um terço deve ser convertido ao catolicismo, outro terço deve ser expulso e o terço final deve ser liquidado. A última parte do programa foi conduzida." [ou seja, um terço de cerca de 1,9 milhões foi chacinado]
Num relatório para Himmler, o general da SS Ernst Frick estimou que "entre 600 e 700 mil vítimas foram massacradas à moda dos Balcãs". O General Lothar Rendulic, comandando forças alemãs nos Balcãs Ocidentais em 1943-1944, estimou o número de vítimas da Ustasha em cerca de 500.000. Em suas memórias Gekaempft, gesiegt, geschlagen (Welsermühl Verlag, Wels und Heidelberg, 1952, pág.161), ele recordou a memorável discussão csobre essa questão com um dignitário croata:
"Quando eu me opus a um alto funcionário que estava perto de Pavelic, apesar do ódio acumulado, não consegui compreender o assassinato de meio milhão ortodoxos, a resposta que recebi foi característica da mentalidade que prevalecia lá: Meio milhão, isso é muito - não havia lá mais que 200 mil!"
O Departamento de Estado dos EUA pode ter em sua posse novas e incontroversas provas que os pesquisadores do Yad Vashem tenham exagerado no número de vítimas em Jasenovac em uma centena ou mais, de que testemunhas alemães estavam erradas, que até mesmo o negador do Holocausto, o Presidente Tudjman, esteja errado, e que o número de vítimas seja certamente de alguns "milhares" em vez de dezenas ou centenas de milhares.

Se isso existe, o Departamento de Estado deveria tornar tal prova pública. Em caso contrário (de não existir), ele deveria fazer uma correção detalhada e um pedido de desculpas.

Fonte: The Lord Byron Foundation for Balkans Studies (site)
http://www.balkanstudies.org/blog/holocaust-deniers-us-state-department
Título original: Holocaust Deniers at the U.S. State Department
Tradução: Roberto Lucena
______________________________________________

Para ler sobre os números do Holocausto na Croácia, conferir o seguinte post (e clicar em seus links): A Ustasha e o silêncio do Vaticano - parte 4 (Observação)

Todos os posts sobre a Ustasha nesta tag.

**Sobre o site "The Holocaust Education & Archive Research Team", favor conferir os posts do Holocaust Controversies sobre os problema deste site e da má conduta de seus atuais donos. Não foi possível cortar o trecho que cita o site do texto acima, senão eu teria cortado.

Como não sei se o R. Muehlenkamp gostaria de comentar o caso pois como é algo restrito a discussões em inglês (os que mantém o site são um britânico e um norte-americano), sendo que os donos são dois paspalhos usando vários trolls/fakes para atacar o pessoal do Holocaust Controversies com cyberbullying e stalking, acho que o link dos posts do HC comentando o caso sobre a má ação do site e dos mantenedores já é suficiente. Caso alguém tenha dificuldade em ler em inglês basta pôr o link no tradutor do Google que traduz boa parte pro português sem distorções idiomáticas.

Pra quem acha que os "revis" são o ápice do que há de pior na web, eis aí um exemplo do que gente supostamente "anti-"revi"" pode fazer por conta também de extremismo político, divergência de opinião e mau comportamento.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

O auge da extrema-direita na Europa, por países

Marine Le Pen, Frente Nacional (extrema-direita da França)
Um fantasma ronda a Europa. A austeridade há incubado o ovo da serpente e os partidos xenófobos cresceram de forma terrível numa Europa que acreditava que havia deixado para trás o drama do fascismo. A Frente Nacional de Marine Le Pen, a filha do homem que disse que o Ébola ajudaria a controlar a imigração, foi a força mais votada na França com cerca de 25,4%, uma ascensão espetacular desde 2009 quando teve apenas cerca de 6,3%.

Na Alemanha, o partido que aglutina todos os grupos neonazis, entrará com um escaño no Parlamento Europeu. Em países como a Áustria o FPÖ, Partido da Liberdade, conseguiu cerca de 19,50%, aumentando o considerável apoio que já teve no ano de 2009. Na Croácia e Dinamarca, os partidos de extrema-direita foram as opções mais votadas, ainda que na Croácia o Partido Croata pelos Direitos participou das eleições numa coligação de partidos conservadores tradicionais que, isso sim, conseguiu cerca de 41,39% dos votos. O Jobbik mantém seu apoio na Hungria, o partido que tem milícias que se dedicam à caça de ciganos, mantém os 14% dos votos.


26 de maio de 2014; 11:04
Antonio Maestre

Fonte: La Marea (Espanha)
Título original: El auge de la extrema derecha en Europa, por países
http://www.lamarea.com/2014/05/26/resultados-de-la-extrema-derecha-en-europa-por-paises/
Tradução: Roberto Lucena
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Observação: como não foi possível publicar as matérias antes quando saíram os resultados dessas eleições pro Parlamento Europeu, então fica aqui o registro da ascensão da extrema-direita em vários países da Europa (ou quase todos). Com destaque pra vitória da Frente Nacional (Front National) de Marine Le Pen na França, maior resultado de um grupo fascista no pós-segunda guerra em um país com arsenal nuclear/militar e força econômica de peso.

Links pras matérias:
'The New York Times': Vitória de Le Pen ameaçaria política de unidade europeia (Jornal do Brasil/NY Times)
Frente Nacional conquista França com sentimento eurocéptico (Pùblico, Portugal)
UE inquieta com avanço da extrema-direita (Diário de Notícias, Portugal)
Marine le Pen pede dissolução e mudança da lei eleitoral (Expresso, Portugal)
Extrema-direita alcança vitória histórica em França (Expresso, Portugal)

A matéria com o racismo explícito do imbecil fanfarrão fascista Jean-Marie Le Pen também não foi possível colocar antes. Quem quiser ler, seguem os links:
Le Pen diz que o "sr. Ébola" pode resolver a imigração (Diário de Notícias, Portugal)
Ébola “pode resolver” o problema de imigração da Europa, considera Jean-Marie Le Pen (Público, Portugal)

Esse é o efeito colateral da política de austeridade econômica equivocada encabeçada principalmente pela A. Merkel. Liberalismo econômico radical, desregulamentação e privatizações, precarização da vida do povo estão resultando na ascensão do fascismo na Europa. Sendo que esses partidos/grupos não estão pra brincadeira. Tem setores da direita brasileira que costumam, por provincianismo e visão rasa, brincar com essas questões, subestimar, pregar cinicamente coisas que não deram certo, e se dizem "democratas".

Reportagem Especial Pobreza em Portugal (SIC Notícias, Agosto 2011)
Pobreza extrema (Portugal), 17-10-2013
Consciencializa-te - Pobreza extrema em Portugal (Versão actualizada)
Polícia e autarquia e desmantelam muitos dos acampamentos dos acampamentos montados noutros locais
PORTUGAL E A CRISE (2013) - Um filme de Giovanni Alves

Curiosamente a questão da negação do Holocausto pouco ou nada influiu na ascensão desses partidos e grupos. O fator principal disso são a crise econômica, políticas econômicas radicais, mesquinhas e inconsequentes (pois já sabem o que isso levou o mundo nos anos 20-30 do século passado e flertam perigosamente com a coisa) e a degradação social acentuada em vários países decorrente da mesma. O ultranacionalismo/fascismo e extremismo, em países com agrupamentos deste tipo organizados, costuma crescer nesse ambiente de desesperança geral e convulsão social acentuada.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O Holocausto na Transnístria: excertos de Ioanid (Romênia)

Policiais romenos deportando judeus para Transnístria, 1941
O seguinte trecho é retirado do livro de Ioanid, "O Holocausto na Romênia", págs. 187-193. A fonte on-line está aqui. A seção é intitulada "A contribuição alemã" e lida principalmente com o extermínio dos judeus de Odessa e Berezovka por unidades compostas principalmente de Volksdeutsche (alemães étnicos):
Berezovka foi o ponto de chegada de quase vinte mil judeus de Odessa que sobreviveram aos massacres do exército romeno, em Outubro de 1941. A estação ferroviária da cidade de Berezovka, umas sessenta milhas a nordeste de Odessa, estava situada no meio de assentamentos de um grupo de ucranianos e alemães étnicos. Os judeus, trazidos no trem, foram levados para o campo e baleados por alemães étnicos do Selbstschutz [membros dos corpos de auto-defesa]... O número de mortos... foi inchado por vítimas de pequenas cidades e aldeias. Uma estimativa cumulativa foi indicada por um membro do Ministério do Exterior alemão em maio. Cerca de 28.000 judeus foram levados para as aldeias alemãs na Transnístria, ele [Popescu] escreveu. "Inzwischen wurden sie liquidiert" (Enquanto isso, eles foram liquidados).

Um relatório da polícia romena (Gendarmaria) de Berezovka afirmou que em abril de 1942, 85 por cento dos judeus do distrito de Berezovka haviam sido liquidados por formações da SS. Um relatório similar de maio 1942 indicou que todos os judeus de Odessa, que haviam sido detidos no castelo Mostovoi, haviam sido executados em um campo pela SS, que, em seguida, queimou os cadáveres. No início de junho as tropas da SS de Lichtenfeld executaram 1.200 judeus em Suha Verba; a política de inspeção da Transnístria informou do assassinato em massa ao governo da Transnístria. Em 3 de julho de 1942, as autoridades romenas entregaram cerca de 247 judeus em Brailov (Bratslav), 10 km a nordeste de Smerinka, depois deles terem procurado refúgio em território romeno; os alemães os mataram. Policiais romenos executaram trezentos judeus deslocados de Vapniarka para Berezovka durante a primavera de 1942.

Em 19 de agosto de 1942, a pedido da Organização Todt e com o consentimento do prefeito do distrito de Tulcin, coronel Loghin, três mil judeus que haviam sido deportados em junho de Cernauti e levados além do rio Bug, agora foram entregues aos alemães. Desses três mil judeus quase ninguém retornou. Os idosos, [bem como] algumas das mulheres, crianças e os mais fracos foram executados nos primeiros dias. Os outros foram mortos gradualmente, uma vez que não poderiam mais trabalhar. Em seguida, no dia 6 de junho de 1943, mais uma vez, a pedido da Organização Todt, outro transporte de 829 judeus foi enviado de Moghilev para Trihati para a construção de uma ponte sobre o rio Bug. O destino desses judeus é desconhecido.

Durante as execuções em massa da SS dos judeus que haviam sido deportados para o Distrito Berezovka na primavera de 1942, policiais romenos também conduziram sua própria carnificina.

Quantos judeus morreram nos massacres na Transnístria? Pelo menos 123 mil judeus romenos haviam cruzaram o rio Dniester, entre 1941 e 1942; apenas 50.741 permaneceram vivos a partir de 1943. Cerca de 25.000 judeus foram mortos em Odessa, no mínimo, 28 mil judeus foram mortos pelos alemães em Berezovka, e 75.000 foram mortos em Golta, para não falar nos 19.000 ciganos romenos mortos na Transnístria. Julius Fisher estima que 87.000 judeus romenos morreram na Transnístria, juntamente com 130.000 judeus indígenas (nativos). Os alemães têm responsabilidade direta pela morte de cerca de cinquenta mil, principalmente nos distritos de Berezovka e Bar. A maioria deles foi entregue aos nazistas pelos romenos. O resultado final de todos os esforços dos romenos, dos alemães e seus colaboradores foi a chacina de mais que um quarto de milhão de pessoas inocentes.

Embora, como vimos, os assassinatos tenham continuado depois de 1942, o zelo do funcionalismo romeno começou a diminuir no mesmo ano com o curso mutável da guerra, sugerindo a eles substituir o fanatismo pelo oportunismo nas questões judaicas. Se o assassinato em massa ocorreu com menor frequência, no entanto, o entorpecimento e número de perseguição de almas e a opressão moendo o dia a dia continuaria, com resultados fatais extensos.

Foto: Gendarmaria(polícia) Romena e colaboracionistas locais durante a deportação dos judeus de Briceva para a Transnístria. Encabeçando o combio de deportados está o rabino Dov-Berl Yechiel. (Bessarábia, Romênia, 1941)
Fonte da foto: Yad Vashem

Fonte: Holocaust Controversies
Título original: The Holocaust in Transnistria: Extracts from Ioanid
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2012/02/holocaust-in-transnistria-extracts-from.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

sábado, 31 de maio de 2014

Eurodeputado alemão já foi condenado por definir Hitler como "um grande homem"

Udo Voigt foi o único eleito pelo NPD, o partido de cariz neonazi alemão que Berlim quis banir no ano passado.

Aos 62 anos, Udo Voigt torna-se o primeiro alemão neonazi a entrar no Parlamento Europeu.

O partido NPD só teve 1% dos votos nas Europeias de domingo, mas conseguiu eleger um eurodeputado para a próxima legislatura em Estrasburgo.

Filho de um membro da divisão de assalto nazi, Voigt teve a base de formação em engenharia aeronáutica antes de decidir seguir ciência política. Entre 1996 e 2011 foi o líder do NPD, num período em que foi condenado (2004) por promover o nazismo depois de definir Hitler como um "grande homem".

Desde então é uma das vozes alemãs que exige a devolução dos territórios perdidos pela Alemanha no final da Segunda Guerra Mundial e questiona o número de vítimas do Holocausto.

Em 2011, Voigt protagonizou mais um episódio polêmico: num cartaz surgiu sentado numa moto ao lado da frase "dá-lhe gás". Muitos interpretaram o cartaz como uma alusão aos milhões de mortos nas câmaras de gás até porque foram espalhados junto ao museu judeu de Berlim.

"Antidemocrático, xenófobo, antissemita e anticonstitucional" foram palavras usadas pelo porta-voz da chanceler Angela Merkel.

A câmara alta do parlamento alemão tentou banir, pela segunda vez numa década, o partido fundado em 1964, mas sem sucesso. O Tribunal Constitucional alemão travou essa intenção política e, mais tarde, até abriu a porta aos partidos mais pequenos ao retirar a fasquia dos 3% de votos para que pudessem ser eleitos. A fasquia continua a existir, no entanto, para as legislativas e até é mais elevada : 5%.

"A Europa está a ser inundada de povos estrangeiros", avisa o NPD, que durante a campanha apostou em cartazes a defender "Dinheiro para a pátria, em vez de Sinti e Roma".

Gisa Martinho (gisa.martinho@economico.pt)
27 Mai 2014

Fonte: Económico (Portugal)
http://economico.sapo.pt/noticias/eurodeputado-alemao-ja-foi-condenado-por-definir-hitler-como-um-grande-homem_194295.html

domingo, 30 de março de 2014

Suécia admite que durante 100 anos marginalizou e esterilizou o povo cigano

Dois ciganos desalojados de um
acampamento em Estocolmo
em 14 de março. / Rikard Stadler
(Cordon Press)
O Governo reconhece 100 anos de perseguição e roubos de crianças
Ana Carbajosa / Miguel Mora Madri / Paris 29 MAR 2014 - 15:20 BRT

Ao longo do último século, a Suécia esterilizou, perseguiu, retirou crianças de suas famílias e proibiu a entrada no país dos ciganos; e as pessoas dessa minoria étnica foram tratadas durante décadas pelo Estado como “incapacitados sociais”. Estes anúncios não foram feitos por uma ONG militante. Eles fazem parte do relato do Governo conservador sueco, que em um gesto inédito na Europa, tanto por sua honestidade intelectual como pela amplitude do respeito à verdade, decidiu olhar para o passado e a revirar seus arquivos mais obscuros.

A ideia é saldar as dívidas com o passado para procurar melhorar o presente: “A situação que vivem os ciganos hoje se devem à discriminação histórica a que ele foram submetidos”, afirma o chamado Livro Branco, que foi apresentado nesta semana em Estocolmo, e no qual se detalham os abusos cometidos com os ciganos a partir de 1900.

A coalizão de centro-direita vigia a ascensão da extrema direita

O ministro de Integração,Erik Ullenhag, definiu essas décadas de impunidade e racismo de Estado como “um período escuro e vergonhoso da história sueca”. Suas palavras coincidiram com um episódio que ilustra a situação atual: na quarta-feira, uma das mulheres ciganas convidadas a dar seu depoimento foi proibida pelos funcionários do hotel Sheraton de entrar na área do café da manhã.

Os abusos históricos, assinala o Livro Branco, seguiram um padrão criado há séculos pelas monarquias europeias: começaram com os censos que elaboraram organismos oficiais como o Instituto para Biologia Racial ou a Comissão para a Saúde e o Bem-estar, que identificaram os ciganos que viviam no país. Os primeiros documentos oficiais descreviam os ciganos como “grupos indesejáveis para a sociedade” e como “uma carga”. Entre 1934 e 1974, o Estado prescreveu às mulheres ciganas a esterilização apelando ao “interesse das políticas de população”, como fez Austrália com os aborígenes. Não há cifras de vítimas, mas no Ministério de Integração explicam que uma em cada quatro famílias consultadas conhece algum caso de abortos forçados e esterilização. Os órgãos oficiais ficaram com a custódia de crianças ciganas que foram arrancadas de suas famílias. O estudo também não oferece dados sobre este costume, mas Sophia Metelius, assessora política do ministério, explica que se tratava de “uma prática sistemática”, sobretudo no inverno.

Estocolmo admite que proibiu a entrada de ciganos na Suécia até 1964, apesar de se saber o destino que tinham as minorias em um cenários de expansão nazista: os especialistas calculam que ao menos 600.000 romas e sintis foram exterminados no Porrajmos (como é conhecido o holocausto cigano), nas mãos do regime hitlerista e outros similares.

O Livro Branco detalha as prefeituras suecas que proibiram que os ciganos se assentassem de forma permanente, e lembra que as crianças eram segregadas em sala de aulas especiais e que não podiam ser atendidas pelos serviços sociais. “A ideia era tornar a vida deles impossível para que fossem embora do país”, resume Metelius.

Algumas destas práticas acontecem ainda em diversos países europeus, e a ciganofobia permanece com força na França , Grã-Bretanha e Alemanha. Paris desalojou em 2013 mais de 20.000 ciganos. Berlim planeja uma lei para evitar que os migrantes romenos e búlgaros —a maioria, roma— sem trabalho fiquem mais de seis meses no país.

Na próxima semana, a União Europeia celebrará uma cúpula especial para avaliar o caminho das políticas de integração da minoria roma. O panorama geral é desolador, com mostras de ódio racial na Hungria, Eslováquia e a República Tcheca.

Na Suécia, um país de cerca de nove milhões e meio de habitantes, vivem hoje mais de 50.000 ciganos. Por enquanto, as autoridades não contemplam a compensação aos familiares das vítimas de abusos, embora o Livro Branco abra porta para as demandas. O Governo estabeleceu a verdade histórica cruzando entrevistas pessoais de dúzias de ciganos com os arquivos oficiais. “Não são revelações novas. Os ciganos estão há anos contando estas histórias, mas ninguém dava atenção. Agora, simplesmente, reunimos os documentos oficiais e os cruzamos com depoimentos”, diz Sophia Metelius.

A coalizão de centro-direita enfrenta um forte crescimento nas pesquisas da extrema direita (10% das intenções de voto) e se propôs combater as mensagens xenófobas com uma firme defesa da tradição progressista sueca.

A aceitação em massa de refugiados sírios é uma das políticas com as quais liberais e conservadores querem demonstrar que o catastrofismo populista não deve irremediavelmente se converter em profecia autocumprida. O reconhecimento das selvagerias cometidas com os ciganos caminha nessa mesma direção. A ironia é que o civilizado e tolerante norte da Europa, ao final, não era tudo isso. A esperança se propaga com esse infrequente exercício de memória e respeito.

Fonte: El País (edição brasileira)
http://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/28/internacional/1396032026_384483.html

quinta-feira, 20 de março de 2014

Documentos sobre os fascistas ucranianos (em russo)

Antes que eu perca de novo o link, pra deixar registrado caso dê pra traduzir alguma coisa depois (algum dia), consegui encontrar o link do MRE russo. Então segue abaixo o link do MRE da Rússia com os documentos sobre os fascistas ucranianos colaboracionistas dos nazistas na segunda guerra mundial. Obviamente os textos estão em russo. Pra quem quiser ler sobre o que se trata, a matéria saiu aqui: Publicados documentos sobre colaboração de nacionalistas ucranianos com Alemanha nazista (post do blog Avidanofront, não deixem de visitar).


ATIVIDADES do UPA**. A partir dos documentos da NKVD-MGB. Desclassificado EM 2008. Gráficos escritos reproduzidos sem alteração

Link com os documentos: http://www.idd.mid.ru/inf/inf_01.html

UPA: sigla de Exército Insurgente da Ucrânia
Em inglês. Ver mais em português OUN-UPA

**OUN: Organização dos Nacionalistas Ucranianos
em inglês Organization of Ukrainian Nationalists.

Talvez não seja ou fosse o melhor momento de soltar isso (poderiam ter solto antes), mas é melhor que toda a documentação que não foi publicada relativa à segunda guerra seja publicada (torne-se publica) a ficar guardada em arquivos.

quinta-feira, 6 de março de 2014

"O cigano deverá ser esterilizado em casa"

"O cigano deve ser esterilizado em casa"

Com base nas idéias eugênicas/racistas de Robert Ritter, o mentor intelectual da tragédia ciganos na Alemanha nazista, "pesquisadores" romenos consideravam os Roma uma praga:
"Ciganos nômades e semi-nômades devem ser internados em campos de trabalho forçado. Lá, as roupas devem ser trocadas, suas barbas e cabelo cortados, seus corpos esterilizados [...]. Suas despesas para sobrevivência deverão ser pagas com seu próprio trabalho. Após uma geração, poderemos nos livrar deles. Em seu lugar, podemos colocar os romenos étnicos da Romênia ou do exterior, capazes de fazer trabalho ordenado e criativo. O cigano sedentário deve ser esterilizado em casa [...]. Desta forma, as periferias das nossas vilas e cidades deixarão de ser locais repletos de doenças, e se transformarão num paredão étnico útil para nossa nação."
Fonte: site FACTSHEETS ON ROMA (Áustria)
http://romafacts.uni-graz.at/index.php/history/persecution-internment-genocide-holocaust/deportations-from-romania
Ill. 3 (traduzido pro inglês de Fãcãoaru, Gheorghe (1941) Câteva date în jurul familiei si statului biopolitic, Bucureşti)
Tradução: Roberto Lucena

Observação: pelo site ser um pouco confuso só deu pra traduzir esta parte, mas tem mais coisas interessantes neste site austríaco (a quem quiser checar mais coisas sobre a deportação e extermínio de ciganos no Holocausto).

terça-feira, 4 de março de 2014

Treblinka, o horror que superou Auschwitz

Memorial em homenagem às milhares de vítimas
assassinadas em Treblinka. / Wikimedia
Novas investigações arqueológicas e forenses no campo de extermínio nazi apontam que ali foram gaseadas quase um milhão de pessoas.

26 de fevereiro, 2014; Washington. O Instituto Smithsonian está promovendo um programa para o próximo mês de março no qual será mostrado provas do extermínio dos judeus e outras etnias que foi levado a cabo no campo de Treblinka, na Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial.

Situado no leste da Polônia, quase não restam evidências físicas deste lugar, onde entre 800.000 e 1.200.000 de pessoas desapareceram, uma versão que tem sido questionada pelos "negacionistas" do Holocausto, dizendo que este era só um campo de trânsito.

Contudo, graças às últimas investigações realizadas no terreno, conseguiram evidências do assassinato massivo praticado pelos nazis em Treblinka. Documentos e testemunhas presenciais afirmaram há algum tempo que o campo para onde foram transportados 900.000 judeus foi ainda mais impiedoso que o campo de extermínio de Auschwitz. Ainda que não houvesse muita evidência para esta afirmação, a equipe forense britânica da Dr. Caroline Sturdy Colls encontrou evidências "significativas e arrepiantes".

"Caroline Sturdy Colls e sua equipe descobriram três valas comuns não identificadas previamente em Treblinka 1, onde alguns pensavam que só havia um campo de trabalho. Também identificaram a localização de uma câmara de gás e outras estruturas físicas em Treblinka 2, o principal campo de extermínio", explica o Smithsonian num comunicado à imprensa.

"A equipe descobriu restos humanos, objetos pessoais e peças de azulejos com a marca de estrela judia, a qual coincide com as descrições de testemunhas oculares de uma câmara de gás que havia sido desenhada para se parecer com um balneário. Isto também reforça suas suspeitas de que o campo de extermínio foi inclusive maior do que se pensava".

As descobertas são parte de um esforço de seis anos para responder a perguntas pendentes da Segunda Guerra Mundial. Para conduzir a investigação/pesquisa, foi necessário a permissão das autoridades judias e da Polônia.

Em 1943 os nazis trataram de erradicar a evidência (prova) por detrás de Treblinka nivelando a terra e destruindo as estruturas, e com a construção de uma casa de campo na parte superior da localidade. Agora os pesquisadores utilizaram sistemas fotográficos aéreos de vanguarda para identificar rastros tênues no solo, que ajudam a reconstruir as bases originais do campo de extermínio.

Estima-se que cerca de 6 milhões de judeus e quase um milhão de ciganos foram assassinados durante o holocausto. Alguns países, como o Irã, questionam a magnitude do massacre. Em setembro de 2013, o Irã criticou a CNN por traduzir incorretamente uma fala do presidente Hassan Rouhani em uma entrevista, que fez parecer que que ele acreditava que o Holocausto ocorreu.

Fonte: Protestante Digital (espanhol)*
http://www.protestantedigital.com/ES/Sociedad/articulo/17937/Treblinka-el-horror-ue-super-a-auschwitz
Link original (em inglês): Christian Post
http://www.christianpost.com/news/archaeologists-discover-new-evidence-of-nazi-death-camp-where-900000-disappeared-115012/
Tradução: Roberto Lucena

*Observação 1: não gosto de matérias de sites religiosos mas foram os únicos com a matéria citada (se tiver outro mais detalhado em inglês ou espamnhol não localizei, tem um em romeno mas foi escrito em cima do site em inglês do link acima), mas se só há um site desse tipo com a matéria, paciência. E localizei um depois com o título: "Treblinka: Hitler's Killing Machine" Premieres March 29 at 8:00 PM ET on Smithsonian Channel(TM), se for o caso, traduz-se depois.

Por isso, pros que lerem com atenção, desconsiderem qualquer viés religioso no texto, apesar do desvio do assunto não afeta o conteúdo central do texto (se afetasse eu não iria publicar, tampouco traduzir). No fim há um, sem muito sentido (opinião pessoal), colocar citação sobre Presidente do Irã com a matéria especificamente achei equivocada, a questão do problema iraniano com a negação do Holocausto poderia e deveria ter sido abordada em uma matéria só sobre isso pois diz mais respeito a conflitos no Oriente Médio e não à memória do Holocausto na Europa, mas é parte do viés do site.

Observação 2: Por sinal, sobre o conflito no Oriente Médio, eu espero (mas não prometo) fazer um texto sobre essa questão, embora o Roberto Muehlenkamp tenha bem expressado a opinião dele sobre um dos conflitos daquela região (eu endosso o texto dele), só que é bom deixar demarcado o que cada um pensa pra não pintar fanático A, B ou C enchendo o saco com isso acusando da pessoa "pensar isso ou aquilo" sem nem saber o que a pessoa pensa de fato sobre essas outras questões, sendo que o blog NÃO é SOBRE Oriente Médio, algo bem óbvio, e não dou a mínima se "revis" nutrem uma tara psicótica com aquela região, problema ou azar o deles. Não deixa de ser uma fuga já que o assunto sobre segunda guerra aparenta ter esgotado pelas bandas das Cesspits "revisionistas" (negacionistas), daí estão partindo pra discussões sobre Oriente Médio, viraram "orientalistas" (rsrsrsrs).

Observação 3: sobre campos de trânsito, pra mais informações e leitura, cliquem nas tags Treblinka, Campo de Trânsito, Transit Camps, resettlement, Treblinka, Aktion Reinhard(t) (obviamente essas últimas tags, exceto as duas primeiras, são todas em inglês).

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A memória viva de Stepan Bandera (o fascista antissemita "herói nacional" na Ucrânia)

A memória viva de Stepan Bandera
por Paulo Marcelino, p.marcelino@netcabo.pt

Imagem de Stepan Bandera.
Líder de grupo fascista ucraniano
Em Lvov, ou Lviv, no final de Janeiro foi realizada uma homenagem a Stepan Bandera, nacionalista ucraniano que liderou um movimento de guerrilha nas décadas de 1930 a 1950 pela independência da Ucrânia. O seu lema principal era "limpar" a Ucrânia de indivíduos de outras nacionalidades, em especial de russos e polacos, embora as suas atividades de "purificação" étnica se estendessem a ciganos, húngaros, checos e judeus. Colaborou na altura ativamente com o exército alemão na altura da ocupação nestas ações.

A região da Volynia-Galitsia é uma extensa região da Ucrânia ocidental, sul da Polônia e Lituânia. Foi aí que no século XIV Danilo Galitsi fundou um estado efêmero que perdurou cerca de 100 anos até ser dominado por polacos, lituanos e pelas invasões mongóis.

Será esta a gênese da atual Ucrânia, as origens históricas da sua nacionalidade, que se desenvolveu bem mais tarde em termos de literatura, língua e cultura autônoma.

Já a cidade de Lvov, ou Lviv em ucraniano foi fundada por um nobre polaco, Lev, em 1256 e significa literalmente "dos Leões" de lev, leão. Essa zona do país esteve grande parte sob influência polaca, mas também sob domínio letão e do império austro-húngaro.

Nota disso o teatro de Lviv, réplica do mesmo em Viena, magnificente e belo.

Pertança da Polônia até 1939, quando os russos invadiram a região ao encontro do exército alemão que em 1 de setembro de 1939 invadiu a Polônia, pensando Stalin que criara uma zona tampão para o futuro avanço do exército alemão na Rússia soviética, por mais obtusa que esta ideia se tenha provado.

Em 1933 Stepan Bandera cria um movimento revolucionário com vista à instauração de um estado ucraniano puro, onde não tinham lugar outras nacionalidades.

Criou pouco depois o Exército de Libertação da Ucrânia (bandeiras vermelho/negras visíveis nas manifestações transmitidas pela TV), que atuou ativamente a partir de então.

A missão era no fundo uma limpeza étnica, forçando fundamentalmente os polacos a saírem dessas zonas geográficas. Quando os alemães nazis invadiram a União Soviética, foi um ativo colaboracionista.

Foi nessa altura que as suas "limpezas" deram mais resultado. Estima-se que cerca de 70000 polacos foram exterminados, apesar de uma relação dúbia com os judeus, também participou na sua exterminação; às suas mãos "desapareceram" cerca de 200.000 judeus.

A colaboração cessou em 1943, pois foi entretanto preso pelos próprios alemães, mas em 1944 o exército soviético entrou e ele reiniciou as suas atividades bélicas na zona.

Aproveitando o esforço militar a ocidente, o seu movimento guerrilheiro cresceu em atividade e de fato no final dos anos 40 ocupou uma região de cerca de 160000 km2 na zona.

Progressivamente o novo poder soviético foi tomando conta da situação e o movimento decresceu em importância militar, confinou-se a pequenos grupos de guerrilha nas montanhas dos Cárpatos (de uma beleza digna de visita) e pereceu já na década de 50, Lviv esteve sob lei marcial até 1955.

Stepan Bandera foi assassinado pelos serviços secretos soviéticos no final de Janeiro de 1959 em Munique, efeméride que foi relembrada em Lviv.

O movimento "Svoboda" da atual contestação ucraniana não relega as ideias de limpeza étnica de Stepan Bandera. O seu líder foi a semana passada espancado algures na Ucrânia e prontamente assistido na Lituânia.

Os movimentos do ex-boxeur Klitshko (com o curioso nome de UDAR, que significa MURRO) e de Iatseniuk desmarcaram-se deste movimento mais extremista.

Mas observando com atualidade tudo isto, parece que a Europa revive os momentos de 1933, ano da chegada ao poder do partido de Adolf Hitler.

A aposta no nacionalismo e na pureza da raça, faz eco no crescendo de nacionalismos europeus estúpidos, materializados no recente referendo Suíço, mas também em Le Pen, no Sobbit (Jobikk) húngaro ou na Aurora Dourada grega.

A contestação ucraniana, não isenta de razão ou justificação, se entendida contra um poder de oligarcas com negócios florescentes no Ocidente, aproveita as diferenças seculares entre etnias e nacionalidades, que em vez de funcionarem com impulso para um mundo livre, multicultural e daí interessante, funciona como uma separação irreparável que só serve a desagregação, o conflito e a dependência externa.

Será a Ucrânia a próxima Iugoslávia? Sob o imparável impulso alemão que conquista territórios sem uso da força? Ou caminhamos para um impensável futuro próximo.

Que se recorde Stepan Bandera como europeu da década de 30 e 40, pré-guerra e que se tirem os devidos ensinamentos.

Que estes fatos não se esqueçam hoje, para que na nossa memória fiquem os momentos mais marcantes da nossa maior fragilidade e nossa maior fortaleza: que se preservem as diferenças em nome de uma Europa unida pela diferença e pela diversidade. E que estende de Lisboa a Vladivostok, como dizia De Gaule.

E aguardemos o fim das Olimpíadas de Sotshi, após o que tudo se esclarece e o verniz estala; para recordar a história daquela zona geográfica, tudo é escrito sobre muitos cadáveres...

Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/jornalismocidadao.aspx?content_id=3693616&page=-1
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Correção: sobre a foto com um agrupamento nazista onde eu apontei (tacitamente) que o do centro seria o Bandera, agradeço a correção feita aqui que aponta que o nazi ao centro é Reinhard Gehlen.

Eu gosto de colocar fotos nos posts e muitas vezes na pressa não dá pra checar todas (se não é foto de um assunto muito específico como foto do genocídio, muitas vezes confiro pelo "tato"), encontrei a foto dos nazis acima numa página de um grupo que denuncia atrocidades deste grupo fascista do Bandera contra poloneses (étnicos) na Ucrânia na época da segunda guerra, só que não lembro o link (acha-se fácil no banco de imagens do Google pelo nome "Stepan Bandera"). De cara achei estranha a foto, apesar dos dois terem algumas semelhanças físicas, porque o fardamento do Gehlen é de oficial da Wehrmacht (exército), que tem aquela águia com a suástica aos pés no fardamento e outras insígnias de oficial de exército, o Bandera não usaria fardamento de oficial do exército alemão.

Como o Bandera era ucraniano, só poderia 'lutar' com os nazis, ou no próprio agrupamento fascista dele (UPA) ou pela Waffen-SS como voluntário estrangeiro, sendo que os voluntários estrangeiros da Waffen-ss não usavam este fardamento de oficial da Wehrmacht, e na gola, em vez do emblema da SS (que só alemães usavam) cada unidade com voluntários de vários países usava uma insígnia pra cada grupo étnico ou país. Só como exemplo, mirem a gola deste agrupamento croata da Waffen-SS, não consta o SS dos oficiais alemães.

Este é um voluntário sueco, mirem a gola com a insígnia da unidade sueca da Waffen-SS. Curiosamente achei um voluntário finlandês com uma insígnia da SS (não só essa foto, algumas), embora a unidade finlandesa possuísse sua insígnia, mas o normal seria usar a insígnia étnica do grupo ao qual ele pertence pela classificação racista nazista.

Este assunto do uniforme é um assunto a ser tratado depois pois. Apesar de aparentar ser banal, o assunto é relevante para identificar os diversos grupos nazis em fotos pois há uma campanha de "revisionistas" (negacionistas) tentando alegar que estrangeiros que eram vistos como inferiores pela doutrina racista nazista seriam "aceitos" pelo exército alemão e isso colocaria em "cheque" o racismo nazista. É algo tão ridículo que eles nem sequer comentam quais e como/de que forma esses grupos eram aceitos no esforço de guerra nazista. Leiam este texto que trata do assunto (ainda falta completar a tradução inteira dividida em partes):
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 01
O Fenômeno dos Voluntários (tropas multiétnicas do Terceiro Reich) - parte 02

A Waffen-SS era o braço militar (tropa) da SS (Schutzstaffel) que era a milícia do Partido Nazi, não eram parte do Exército alemão (Heer) embora tenham lutado juntos.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Hungria vai ter Centro de Documentação do Holocausto Cigano

Ciganos roma e sinti à espera de serem deportados pelos nazis na cidade
alemã de Asperg, 22 de Maio de 1940. Foto cortesia dos Arquivos
da Alemanha Federal, usada com licença 3.0 Creative Commons
Um Centro de Documentação do Holocausto Cigano (Romani) será inaugurado [en] na cidade de Pécs, no sul da Hungria, em finais de 2014. O Centro de Documentação é um projeto conjunto do Município de Pécs e da minoria cigana da Hungria. Haverá também colaboração com a Universidade de Pécs, visando o ensino aos estudantes desta parte esquecida da História da Europa do século XX.

O Holocausto Cigano, conhecido também como Porajmos no idioma romani, foi uma tentativa dos nazis alemães de exterminar o povo cigano na Europa. Aproximadamente entre 1933 e 1945, cidadãos ciganos de diversos países europeus foram perseguidos, presos, destituídos da sua nacionalidade, frequentemente transportados para países ocupados ou colaboradores dos nazis, onde muitos deles foram assassinados. Os números foram, de modo geral, minimizados pelos colaboradores nazis, mas se estima que o número de ciganos assassinados durante este período na Europa se situe entre 220 mil a 1.5 milhões.

A Alemanha Ocidental reconheceu o Holocausto Cigano em 1982, contudo o reconhecimento oficial e a referência a este acontecimento tem-se revelado difícil devido à falta de memória colectiva registada e documentada do Porajmos entre o povo cigano. Consequência tanto das suas tradições orais, como do analfabetismo agudizado pela pobreza generalizada e discriminação, fazendo com que a abertura deste centro em Pécs seja primordial para lembrar esta parte trágica da História cigana e europeia.

Fonte: Global Voices (site)
http://pt.globalvoicesonline.org/2014/02/05/hungria-vai-ter-centro-de-documentacao-do-holocausto-cigano/

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

(Berlim) Marzahn. Campo de concentração cigano das Olimpíadas de Berlim (1936)

A "limpa" dos ciganos da Alemanha nas Olimpíadas de 1936.

Campo de Concentração cigano de Marzahn
"A polícia não estava passiva enquanto as leis raciais de restrição a casamento e relações sexuais entre ciganos e alemães estavam sendo promulgadas ... Os Sinti e Roma, tradicionalmente, tinham sido vítimas de assédio principalmente na Bavária depois de 1933, no entanto, o assédio direto tornou-se sistemático com a expulsão de ciganos estrangeiros do país, e com outras pessoas enquadradas como vagabundos, criminosos habituais e vários outros tipos de antissociais. Usando os Jogos Olímpicos como pretexto, a polícia de Berlim, em maio de 1936, prendeu centenas de ciganos e transferiram famílias inteiras com suas carroças, cavalos e outros pertences para o chamado Marzahn "lugar de descanso", que ficava próximo de um depósito de lixo e de um cemitério do outro lado. Logo o lugar inteiro foi fechado com arame farpado. Um campo de concentração cigano de fato então havia sido criado num subúrbio de Berlim. foi a partir Marzahn, e de outros lugares semelhantes criados em pouco tempo próximos a outras cidades alemãs, que alguns anos mais tarde milhares de Sinti e Roma foram enviados para os locais de extermínio no leste". (Friedlaender, pág. 205)

Extraído do livro: Nazi Germany and the Jews: (Volume One). The Years of Persecution, 1933-1939. New York: HarperCollins, 1997; Saul Friedlaender

Última modificação: 1997/06/04

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/ftp.cgi?camps//marzahn//marzahn-established
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Memorial to the Victims of the Marzahn "Gypsy Camp"

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

De cidadãos comuns a assassinos nazistas

Filme busca raízes do mal ao analisar a psique dos pelotões nazistas

Diretor Stefan Ruzowitzky tenta descobrir como jovens normais se tornam máquinas de matar, tomando como exemplo membros de tropas alemãs responsáveis por milhões de assassinatos de civis durante Segunda Guerra.


O cineasta austríaco Stefan Ruzowitzky (vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2008 com Os falsários) ousa se equilibrar numa tênue linha entre a explicação e a acusação, tentando tirar lições para nossa sociedade atual.

Das radikal Böse ("O mal radical", em tradução livre) é uma espécie de ensaio cinematográfico documental, que se propõe desvendar como homens psiquicamente saudáveis podem se tornar verdadeiras máquinas de matar.

Neste caso, os objetos da pesquisa são os membros dos chamados Einsatzgruppen ("forças-tarefa") grupos paramilitares comandados pelas SS, que durante a Segunda Guerra assassinaram cerca 2 milhões de pessoas, na maioria judeus, nos territórios do Leste Europeu ocupados pela Alemanha.

O filme mostra entrevistas com historiadores e psicólogos, busca respostas em diários, trechos de cartas, registros de tribunal. Cenas históricas não são propriamente encenadas: a maior parte do tempo o espectador vê rostos de atores desconhecidos, em plano próximo, com as vozes sempre em off.

Experimentos reveladores

Recurso estilístico: atores em plano próximo e vozes em off
Ruzowitzky encena experimentos famosos, como o de aprisionamento de Stanford ou o de Milgram, em que os pesquisadores comportamentais testaram a disposição dos voluntários de torturar outras pessoas, supostamente obedecendo a uma ordem superior. A maioria dos participantes aceitou torturar o próximo, e o fato de as cenas serem apresentadas de forma estilizada e distanciada não contribui para amortecer o devastador efeito sobre o espectador.

O longa-metragem apresenta com explicitude incômoda aquilo que geralmente nos recusamos a admitir: os membros dos Einsatzgruppen tinham, sim, uma alternativa. Eles podiam perfeitamente ter recusado as ordens superiores para matar, sem correr risco de vida. Só arriscariam ser transferidos ou a ficar de fora na próxima rodada de promoções hierárquicas.

"A única restrição era quanto ao motivo", observa o historiador Andrei Angrick, que há anos pesquisa os Einsatzgruppen. "Era possível ao soldado argumentar que não fora para a frente de batalha para matar mulheres e crianças, mas sim para lutar. Entretanto, um argumento de fundo ideológico poderia se tornar um problema para ele." Quem se recusava a participar de esquadrões da morte era transferido para realizar outras tarefas. Angrick confirma que o soldado não precisava temer ser excluído nem punido.

Para os soldados no filme, a primeira participação num pelotão de fuzilamento representa grande sofrimento emocional. Em seguida, porém, processos de dinâmica de grupo e pressão social à conformidade passam a agir, aliviando a carga psicológica. A doutrinação propagandística faz o resto: no fim, o assassinato em massa passa a ser apenas um trabalho sujo que precisa ser feito, para que um objetivo maior seja alcançado.

"No Estado nazista, a utopia germânica era uma promessa de felicidade, de uma sociedade perfeita", explica Andrej Angrick. "Os judeus não foram mortos porque eram judeus, mas porque eles e as outras vítimas da perseguição nazista eram estorvos para se atingir um 'Jardim do Éden Ariano', segundo os nazistas. A guerra de extermínio foi uma guerra de utopia, em cujo final estava a promessa de salvação para todos os que participavam dela."

Cena de "Das radikal Böse"

Risco de "compreender demais"

O título do filme de Stefan Ruzowitzky provém de um texto do alemão Immanuel Kant, do final do século 18. De forma simplificada: nele o filósofo argumenta que a predisposição para violar normas e padrões morais repousa em cada um de nós.

O famoso psiquiatra nova-iorquino Robert Jay Lifton fala no filme do "potencial humano" para fazer o mal que está em todos. Mas e quando esse mal irrompe, quando ultrapassa as fronteiras do moralmente aceitável? Lifton vê a solução na cultura política, que forneceria ao indivíduo limites para a sua ação.

Cartaz do filme que estreou em janeiro na Alemanha
O historiador alemão Andrej Angrick discorda: para ele, a influência maior é do contexto social. "Acredito que, numa outra sociedade, 95% dos membros dos Einsatzgruppen não se tornariam criminosos extremos. Cultura política por si só não ajuda. São necessárias elites com boa formação."

Ele também considera fundamental o papel da Justiça. "O Estado deve não só ameaçar com punições, mas também fazer valer limites." Além disso, uma sociedade não deve cometer o erro de desenvolver o que ele chama de "cultura do diálogo compreensivo demais". Um exemplo disso seria a forma como se lida com os neonazistas na Alemanha. "A compreensão das circunstâncias sempre traz em si o risco da exoneração de culpa, do perdão e, com isso, também da aprovação."

O filme de Ruzowitzky não cai na armadilha de perdoar e aprovar. No final, fica claro que os assassinos não podem alegar falta de alternativa, nem delegar a culpa a um Estado nazista abstrato. Eles são, sim, pessoalmente responsáveis pelos seus atos.

Fonte: Deutsche Welle Brasil (Alemanha)
http://www.dw.de/filme-busca-ra%C3%ADzes-do-mal-ao-analisar-a-psique-dos-pelot%C3%B5es-nazistas/a-17370732

Título tirado da edição em espanhol: De ciudadanos corrientes a asesinos nazis
http://www.dw.de/de-ciudadanos-corrientes-a-asesinos-nazis/a-17370245

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Doutores do inferno: experimentos com bombas incendiárias

Publicado em 24 junho, 2012

O doutor Ding-Schuler dirigiu os experimentos com bombas incendiárias em Buchenwald. O propósito desses experimentos era comprovar a eficácia de um preparado com dissolvente líquido de tetracloreto de carbono, denominado R-17, e outros líquidos ou pomadas dermatológicas para combater as feridas e queimaduras de guerra causadas pelas bombas incendiárias arrojadas no campo de batalha. Se tivessem sucesso, essas pomadas seriam distribuídas em ambulatórios de socorro contra ataques aéreos a todas as vítimas potenciais dessas bombas.

Entre 19 e 25 de novembro de 1943, o doutor Ding selecionou "cinco sujeitos para experimentação [os quais] foram queimados premeditadamente com fósforo prendido extraído de uma bomba incendiária. As queimaduras resultantes foram muito severas, as vítimas sofreram dores atrozes e lesões permanentes". [Nuremberg Military Tribunals: The Medical Case, vol. 1 pág. 640].

(…)

Em seu testemunho, o doutor Mrugowsky afirmou:
- Depois de um tempo considerável sem notícias do oficial médico, e a propósito dar a conhecer o remédio R-17 aos ambulatórios de socorro contra ataques aéreos, perguntei-lhe a respeito em uma reunião. Ele me disse então que não podia introduzir o remédio porque só possuía propriedades de dissolução do fósforo, mas não contribuía diretamente para a cura das queimaduras.

Ainda que os imputados Genzken, Gebhardt, Mrugowsky e Poppendick fossem acusados de responsabilidade destacada e participação em experimentos com bombas incendiárias constitutivos de delito criminoso, todos eles foram absolvidos.

Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/24/655/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno"
(livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 251-254; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena

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