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segunda-feira, 8 de abril de 2013

Holocausto cigano, 8 de abril - Dia Internacional do Povo Cigano

Holocausto cigano. O professor Ortega, entre o
delegado da Junta e a diretora do
centro. | Jesús G. Hinchado
José A. Cano | Granada. Atualizado, segunda-feira 08/04/2013 13:44 horas

1. Homenagem em Granada ao meio milhão de ciganos exterminados
2. José Ortega apresenta um livro sobre as vítimas ciganas do genocídio nazi
3. A bandeira da comunidade cigana balança nos edifícios da Junta

Durante o Holocausto nazi, mais de meio milhão de ciganos europeus foram exterminados. Marcaram-nos para serem reconhecidos pelas ruas, tiraram-nos à noite de suas casas e os arrastaram para campos de concentração, converteram-nos em trabalhadores escravos, experimentaram contra eles como se fossem animais e, para terminar, gasearam-nos. Homens, mulheres e crianças de uma tragédia até há pouco tempo, se não silenciada, ao menos ignorada.

José Ortega, professor emérito das universidades de Granada e Wisconsin, especialista em cultura cigana e política internacional, aproveitou a efeméridade do Dia Internacional do Povo Cigano para apresentar seu último livro, "Los gitanos. Un holocausto ignorado" (Os Ciganos. Um Holocausto ignorado), em um ato de homenagem às vítimas da barbárie nazi celebrada no Centro Sociocultural Cigano Andaluz, com sede em Granada.

Os ciganos, segundo explicou Ortega, foram, juntos com os judeus, "a única etnia a ser perseguida simplesmente por serem de sua etnia. Na Europa viviam então pouco mais de um milhão de ciganos e quase a metade morreu nos campos de concentração nazis". O delegado de Saúde e Bem-estar social da Junta em Granada, Higinio Almagro, destacou que essa quantidade "é mais do que os ciganos que vivem atualmente na Andaluzia, 350.000, que são a metade dos que se encontram na Espanha".

Ortega recorda que "sempre se destacou a tragédia que sofreu o povo judeu, mas a dos ciganos tem se mantido ignorada. O reconhecimento da Alemanha foi muito importante, e hoje em Berlim existe já o único monumento que recorda essas vítimas. Os ciganos foram arrancados de suas casas, foram submetidos a experimentos, sobretudo as mulheres, e foram convertidos em mão-de-obra escrava. Este livro reúne alguns testemunhos e trata de mostrar as histórias dessas pessoas".

Durante o ato solene no Salão de Atos do Centro Sociocultural se pode escutar o Hino Internacional da Comunidade Cigana, Gelem gelem, e a fachada do edifício luziu a bandeira da Comunidade Cigana, que também foi compartilhada por outros centros dependentes de Bem-estar Social.

Este ano, a homenagem aos ciganos exterminados durante o Holocausto se celebra com a satisfação do reconhecimento por parte do Estado alemão da etnia cigana como vítima do Holocausto, que aconteceu ano passado em Berlim, na inauguração por parte da chanceler Angela Merkel do único monumento existente no mundo em homenagem a esse meio milhão de europeus vítimas do racismo.

Em Granada e toda a Andaluzia, os atos do Dia Internacional do Povo Cigano se viram acompanhados da tradicional cerimônia do Rio, com a leitura de um manifesto, o canto do "Gelem, gelem" e um espetáculo flamenco, no caso nazarí junto ao rio Genil.

Fonte: Elmundo.es (Espanha)
http://www.elmundo.es/elmundo/2013/04/08/andalucia/1365421483.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
El Manifiesto Gitano 2013, una llamada de atención a la discriminación (murcia.com, Cartagena)

domingo, 7 de abril de 2013

Prestam homenagem na República Tcheca às vítimas do Holocausto cigano (Samudaripen - Porrajmos)

Praga, 5 abr (PL) - O ministro de Relações Exteriores da República Tcheca, Karel Schwarzenberg, prestou homenagem hoje às vítimas do Holocausto cigano junto com várias organizações e dezenas de cidadãos dessa etnia.

Os participantes na cerimônia acenderam uma grande quantidade de velas no pátio do Palacio Lichtenstein na capital, por razão do Dia Internacional do Povo Cigano, que se celebra em 8 de abril, disse a Radio Praga.

Segundo a fonte, dos milhares de ciganos que viviam na antiga Tchecoslováquia na primeira metade do século XX, só uma décima parte sobreviveu à Segunda Guerra Mundial, e atualmente vivem na República Tcheca uns 250 mil.

A decisão de dedicar o 8 de abril aos ciganos se deve ao fato de que nesse dia, em 1971, foi instituído em Londres a bandeira e o hino que os identifica, durante a celebração do Primeiro Congresso Mundial dessa comunidade.

O principal objetivo daquele evento era manter vivo a recordação das vítimas de Samudaripen, o holocausto contra los gitanos executado pelo regime nazi, no qual perderam a vida mais de 500 mil pessoas.

rc/mar

Fonte: Prensa Latina
http://www.prensa-latina.cu/index.php?option=com_content&task=view&idioma=1&id=1281131&Itemid=1
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 12 de março de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 4 (Holocausto)

Gannon, você acha que foi bom o que seus heróis fizeram com os ciganos em Auschwitz? Gaseá-los, e esmagar as cabeças das crianças ciganas que tentavam se esconder?
Citação de "Auschwitz: A Report on the Proceedings Against Robert Karl Ludwig Mulka and Others Before the Court at Frankfurt" (Auschwitz: um relatório sobre o processo contra Robert Karl Ludwig Mulka e outros antes do Tribunal de Frankfurt), por Bernd Naumann, 1966, publicado por Frederick A. Praeger, NY.

[O livro resume os acontecimentos do julgamento de 22 homens da SS que serviram no campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Como a maioria dos julgamentos de homens da SS que serviram nos campos de extermínio, este foi realizado pelo sistema jurídico alemão, de acordo com o código penal alemão de 1871].

Do testemunho de Maximilian Sternol (p. 114):
... foi a liquidação do composto cigano. Cenas terríveis aconteceram. Mulheres e crianças estavam de joelhos na frente de Mengele e Boger chorando, 'Tenham piedade, tenham piedade de nós ". Nada disso ajudou. Eles foram espancados brutalmente, pisoteados, e empurrados para os caminhões. Foi uma noite terrível, terrível".

"Será que também atingiu Boger-los?".

"Sim, ele os matou. Eles desmaiaram e morreram e depois foram lançados nos caminhões. Toda a seção política estava lá. Sim, eu vi Baretzki e Broad".
Do testemunho de Josef Piwko (p. 123):
"Isso aconteceu cerca de três a quatro semanas após os eventos no campo Tcheco [Theresienstat]. As crianças freqüentemente vinham para o arame farpado e gostaríamos de lhes dar pequenas coisas. Então, um dia, os caminhões chegaram, e houve grande emoção no acampamento , porque os ciganos já sabiam que eles seriam gaseados. Eles tinham uma boa rede de inteligência porque os homens da SS tinham moças ciganas lindas e elas lhes disseram um monte de coisas ".

A testemunha conta como ele se escondeu no mato e viu que os ciganos foram espancados e como também foram conduzidos para os caminhões e conduzidos para as câmaras de gás. Então os homens da SS procuraram os barracões e arrastaram cerca de seis crianças com idades entre quatro e sete.

"Eles foram levados ante Boger, que primeiro os pisou, em seguida, agarrou seus pés pequenos e bateu suas cabeças contra a parede".
[Boger e Baretzki foram condenados à prisão perpétua por terem participado de inúmeros assassinatos em Auschwitz. Broad foi condenado a 4 anos. Dr. Mengele fugiu após a guerra e, aparentemente, morreu na América do Sul em meados dos anos 1980].

-Danny Keren.
________________________________________________
Shofar FTP Archive File: camps/auschwitz//gypsies.04
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.04
Last-Modified: 1993/12/12

From: dzk@cs.brown.edu (Danny Keren)
Newsgroups: alt.revisionism
Date: 22 Dec 1993 08:40:22 GMT
Organization: Brown University Department of Computer Science
Lines: 62
Distribution: world
Message-ID: <2f915m cat.cis.brown.edu="" f13="">
NNTP-Posting-Host: cslab6b.cs.brown.edu

Fonte: Nizkor (10.01.13)
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.04
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 3
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 1

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Ciganos lembram início de seu Holocausto há 70 anos

EFE – ter, 26 de fev de 2013. Nacho Temiño.

Varsóvia, 26 fev (EFE).- Grupos ciganos lembram nesta terça-feira o aniversário da sua chegada, há 70 anos, ao campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, no sul da Polônia, dos primeiros deportados dessa etnia, cuja maioria das 23 mil pessoas morreu ou foi assassinada.

Em dezembro de 1942, as autoridades nazistas decidiram pela prisão de todos os ciganos do Reich e dos territórios ocupados e, dias depois, ordenou o seu confinamento em campos de concentração, começando oficialmente o extermínio dos ciganos europeus.

Algumas semanas depois, a primeira "carga" dos sinti e dos roma - os dois grandes grupos de ciganos da Europa central - chegaram até Auschwitz-Birkenau, localizado na cidade polonesa de Oswiecim, onde ciganos de 14 nações diferentes sofreram a barbárie nazista até a libertação do campo.

Estima-se que mais de um milhão de pessoas perderam a vida em Auschwitz, a maioria judeus, mas também eslavos, insurgentes poloneses, sacerdotes católicos e homossexuais, assim como ciganos, dos quais se calculam que 21 mil morreram.

O certo é que o povo cigano esteve no centro dos olhares do Terceiro Reich desde a chegada dos nazistas ao poder, com um grande número de regras que inicialmente os obrigava a se registrarem e limitava o direito de ir e vir de uma minoria tradicionalmente nômade, e que acabou em confinamentos, assassinatos maciços e deportações.

Na Polônia, milhares de ciganos foram enviados aos campos de concentração, apesar de muitos terem sido mortos entre os muros de guetos como o da cidade polonesa de Lódz (centro do país), onde chegaram a ficar até 5 mil romas.

Desde o dia 26 de fevereiro de 1943 até 21 de julho 1944, chegaram a Auschwitz-Birkenau cerca de 21 mil ciganos, entre eles muitas mulheres e crianças. Este número não inclui os mais de 1.700 vindos de Bialystok (leste da Polônia), que não ficaram no campo, pois foram imediatamente transferidos às câmaras de gás devido a suspeita de um surto de tifo.

A maioria dos ciganos morreu por consequência das doenças, como o próprio tifo e outras provocadas pela fome extrema e pela falta de higiene, especialmente as crianças. Outros sofreram com os experimentos médicos nazistas, como aqueles para comprovar os efeitos da ingestão de água salgada em organismos debilitados.

O extermínio final da população cigana estava previsto para meados de maio de 1944, embora uma rebelião de prisioneiros na noite do dia 16 de maio tenha atrasado a "solução final" até o dia 3 de agosto daquele ano.

Por ordem de Heinrich Himmler, o chefe da temida SS nazista, o acampamento cigano foi liquidado, e dezenas de caminhões carregados com presos realizaram o trajeto mortal rumo às câmaras de gás. Milhares de corpos seriam queimados e enterrados em valas comuns nesse dia obscuro.

Acredita-se que 21 mil ciganos morreram entre os alambrados de Auschwitz-Birkenau, milhares de nomes esquecidos que se somam ao de milhões de vítimas daquele que foi o campo de concentração nazista mais mortal.

No dia 27 janeiro de 1945 o exército soviético chegou ao campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, onde, após a fuga, os nazistas deixaram pouco mais de sete mil prisioneiros em um estado moribundo, tremendo de frio, que presenciaram como os soldados de Stalin traziam, paradoxalmente, a liberdade.

Apesar de comumente só se falar do Holocausto em referência aos judeus na Europa, o certo é que cerca de metade da população cigana da Alemanha e do resto das regiões ocupadas morreu por causa da Segunda Guerra Mundial e da perseguição do Terceiro Reich. EFE

Fonte: EFE
http://br.noticias.yahoo.com/ciganos-lembram-in%C3%ADcio-holocausto-h%C3%A1-70-anos-090620691.html

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ceija Stojka - sobrevivente do Holocausto, artista cigana morre aos 79 anos

Nascida na Áustria, Ceija Stojka passou por três campos de concentração. Com sua obra, ela ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo.

Da Reuters

A artista cigana Ceija Stojka
(Foto: Divulgação/The
Gypsy Chronicles)
A artista cigana Ceija Stojka, cujo trabalho ajudou a expor a perseguição nazista ao seu povo, morreu na segunda-feira (28) aos 79 anos em um hospital de Viena, disse sua agente à agência de notícias APA.

Sobrevivente do Holocausto, Stojka escreveu um dos primeiros relatos autobiográficos de ciganos (ou "romanis") sobre a perseguição nazista, em um livro intitulado "Vivemos em reclusão: as memórias de uma romani", de 1988. Além disso, ela passou décadas dedicando a falar do seu povo pela música e a arte.

Os ciganos, como os judeus, foram enviados para campos de concentração pelo regime nazista alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Até 1,5 milhão deles morreram.

Nascida na Áustria, Stojka sobreviveu a passagens pelos campos de Auschwitz, Bergen-Belsen e Ravensbrueck. Apenas cinco outros membros de sua família, que tinha mais de 200 pessoas, sobreviveram.

"Busquei a caneta porque precisava me abrir, gritar", disse a ativista numa exibição de 2004 no Museu Judaico de Viena.

Stojka começaria a pintar aos 56 anos, muitas vezes usando os dedos ou palitos em vez de pincéis. Muitas das suas obras aludem à experiência nos campos de concentração, e eram descritas como "assustadoras" e "infantis" por visitantes em exposições dela mundo afora.

Fonte: Reuters/Terra
http://diversao.terra.com.br/gente/artista-cigana-ceija-stojka-sobrevivente-do-holocausto-morre-aos-79,1376494267f7c310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os ciganos, entre "as vítimas mais esquecidas do holocausto" 67 anos depois

Agencias. @DiarioSigloXXI. terça-feira, 22 de janeiro de 2013, 19:10

MADRID, 22 (SERVIMEDIA)

A Fundación Secretariado Gitano (FSG) recordou esta terça-feira as mais de 500.000 pessoas de etnia cigana (Roma e Sinti) que morreram nos campos de extermínio nazi, pela razão da celebração do Dia Internacional da Memória do Holocausto no próximo dia 27 de janeiro.

Depois do ato em homenagem às vítimas celebrado nesta terça-feira no Senado, a FSJ destacou também que os ciganos seguem sendo "uma das vítimas mais esquecidas deste terrível genocídio".

Quando se aproxima o 67º aniversário da libertação de Auschwitz (por esta razão a escolha do 27 de janeiro como Dia Internacional da Memória do Holocausto pela ONU), a comunidade cigana quis destacar que este coletivo é um dos "mais estigmatizados e perseguidos em toda a UE”, onde "o anticiganismo representa um fenômeno crescente em vários países".

Por isso sua petição aos Estados membros, para porem em marcha leis mais duras contra a discriminação e lhes exigir "uma atitude mais contundente frente a qualquer conduta racista, de estigmatização e de preconceitos" contra os ciganos.

Em nota à imprensa, a FSG expressou seu desejo de que este dia sirva para entender "a rejeição e perseguição que secularmente sofre este povo", assim como compreender sua situação atual.

Fonte: Diario Siglo XXI
http://www.diariosigloxxi.com/texto-s/mostrar/82572/los-gitanos-entre-quotlas-victimas-mas-olvidadas-del-holocausto-quot-67-anos-despues
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 3 (Holocausto)

Os ciganos foram oficialmente definidos como não-arianos pelas leis de Nuremberg de 1935, que primeiramente havia definido os judeus; os dois grupos foram proibidos de casar com alemães. Os ciganos foram posteriormente rotulados como antissociais pelas Leis 1937 contra o crime, independentemente de terem sido acusados ​​de atos ilegais.

Duzentos homens ciganos foram selecionados através de quotas e encarcerados no campo de concentração de Buchenwald. Em maio de 1938, o SS Reichsfuehrer Himmler criou o Escritório Central de Combate à Ameaça Cigana, que definiu a questão como 'uma questão de raça', discriminando os ciganos por serem ciganos assim como os judeus também eram discriminados, e ordenando os registrassem. Em 1939, o reassentamento dos ciganos foi colocado sob a jurisdição de Eichmann, juntamente com a dos judeus. Os ciganos foram proibidos de circular livremente e estavam confinados em acampamentos na Alemanha, em 1939, transformados mais tarde (1941) em guetos cercados, do qual eles seriam apreendidos para o transporte pela polícia criminal (auxiliada por cães) e enviados para Auschwitz em Fevereiro de 1943.

Durante maio de 1940, cerca de 3.100 foram enviados para guetos judaicos na Governo-Geral (Polônia): os outros podem ter sido adicionados aos transportes judeus de Berlim, Viena e Praga para Nisko, Polônia (à vista de uma reserva abortada pra receber os judeus deportados). Estas medidas foram tomadas contra os ciganos, que não tinham direito à isenção em virtude de ter um cônjuge ariano ou ter sido regularmente contratado por cinco anos.

Alguns evitaram a rede primeiramente. Apesar das leis de 1937 excluindo ciganos do serviço militar, muitos serviram nas forças armadas, até serem desmobilizados por ordens especiais entre 1940 e 1942. Crianças ciganas também foram expulsas de escolas a partir de março de 1941. Assim, aqueles que eram nominalmente livres e que ainda não estavam confinados, perderam sitematicamente o status de cidadãos e foram segregados. O status jurídico dos ciganos e judeus, irrevogavelmente determinados pelo acordo entre o ministro da Justiça Thierack e o SS Reichsfuehrer Himmler em 18 de setembro de 1942, removia os dois grupos da jurisdição de qualquer tribunal alemão, confirmando assim seus destinos. Thierack escreveu: "Eu quis transferir todos os procedimentos penais relativos [essas pessoas] a Himmler. Faço isso porque percebo que os tribunais só podem debilmente contribuir para o extermínio dessas pessoas."

A Lei de Cidadania de 1943 omitia qualquer referência a ciganos, uma vez que não se esperava que fossem existir por muito tempo. Himmler decretou o transporte de ciganos para Auschwitz em 16 de dezembro de 1942, mas ele não autorizou o seu extermínio até 1944. A maioria morreu ali e em outros campos: de fome, doenças e torturas dos abusos como serem cobais vivas de experimentos. Até o final da guerra, 15.000 dos 20.000 ciganos que tinham vivido na Alemanha, em 1939 já teriam morrido.

Newsgroups: alt.revisionism,soc.history
Subject: Holocaust Almanac: 15,000 German Gypsies Die at Nazi Hands
Followup-To: alt.revisionism
Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy,gypsies,nisko
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.03
Last-Modified: 1993/12/12

Extraído de: "Accounting for Genocide: Victims - and Survivors - of the Holocaust" (New York: Free Press, 1979) Helen Fein

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.03
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 2

domingo, 13 de janeiro de 2013

Ciganos em Auschwitz - Parte 2 (Holocausto)

Como os judeus, os ciganos foram destacados pelos nazistas na perseguição racial e aniquilação. Eles eram 'nonpersons', de 'sangue estrangeiro', 'aversos ao trabalho', e como tal, foram denominados antissociais. Até certo ponto eles compartilharam o mesmo destino dos judeus nos guetos, nos campos de extermínio, na mira dos pelotões de fuzilamento, como cobaias humanas, recebendo injeção com substâncias letais.

Ironicamente o escritor alemão Christof Wagenseil afirmou em 1697 que os ciganos eram da mesma árvore genealógica que os judeus alemães. Um teórico nazi mais contemporâneo acreditava que "os ciganos não poderiam, por sua composição interna e externa (Konstruktion), ser membros úteis de uma comunidade humana." [70]

As Leis de Nuremberg de 1935 visando os judeus foram logo alteradas para incluir também os ciganos. Em 1937, eles foram classificados como antissociais, cidadãos de segunda-classe e sujeitos à prisão em campo de concentração. [71] No início de 1936, alguns haviam sido enviados para os campos. Depois de 1939 os ciganos da Alemanha e dos territórios ocupados alemães foram foram enviados aos milhares primeiramente para guetos judaicos na Polônia, em Varsóvia, Lublin, Kielce, Rabka, Zary, Sedlce e outros. [72]

Não se sabe quantos foram mortos pelos Einsatzgruppen, responsáveis pelo rápido extermínio por fuzilamentos. Por uma questão de eficiência os ciganos também foram fuzilados nus, de frente para suas covas cavadas anteriormente. De acordo com especialistas nazis, o assassinato de judeus era mais fácil, eles ficavam parados 'enquanto os ciganos gritavam, uivavam e se mexiam constantemente, até quando eles já estavam no chão por conta dos disparos. Alguns deles até pulavam dentro da cova antes dos disparos e fingiam estarem mortos.' [73] Os primeiros a ir foram os ciganos alemães; 30.000 foram deportados para o Leste em três levas, em 1939, 1941 e 1943. Aqueles casados com alemães foram dispensados mas foram esterilizados, como também foram suas crianças depois da idade de doze anos. [74]

Sendo assim, como os ciganos foram 'despachados' da Europa? Adolf Eichmann, estrategista-chefe destas logísticas diabólicas, forneceu uma resposta no telegrama de Viena para a Gestapo:
Referente ao transporte dos Ciganos, foi informado de que na sexta-feira, 20 outubro, 1939, o primeiro transporte de judeus partirá de Viena. Para este transporte, de 3 a 4 carros de ciganos devem ser anexados. Trens subseqüentes partirão de Viena, Mährisch-Ostrau e Katowice [Polônia]. O método mais simples é atracar alguns vagões cheios de ciganos para cada transporte. Porque estes transportes devem seguir a programação, e uma execução tranquila deste problema é esperada. Quanto ao início da remoção no Altreich [das partes anexadas à Alemanha] é informado que isto acontecerá em 3-4 semanas. Eichmann. [75]
A Temporada Aberta de Caça foi declarada para os ciganos, também. Por um momento Himmler quis poupar duas tribos e 'apenas' esterilizá-las, mas por volta de 1942 ele assinou o decreto para todos os ciganos serem enviados para Auschwitz. [76] Onde estavam sujeitos a tudo o que Auschwitz significava, incluindo experimentos médicos antes de serem exterminados.

Os ciganos morreram em Dachau, Mauthasusen, Ravensbruck e outros campos. Em Sachsenhausen eles foram submetidos a experimentos especiais para provar cientificamente que seu sangue era diferente dos alemães. Os médicos responsáveis pela 'pesquisa' eram os memos que haviam feito isto anteriormente em prisioneiros negros de guerra. No entanto, por 'motivos raciais', eles foram considerados inadequados para experimentos com água do mar. [77] Os ciganos foram muitas vezes acusados de atrocidades cometidas por outros, foram responsabilizados, por exemplo, do saque de dentes de ouro de cem judeus mortos abandonados numa estrada da Romênia. [78]

Mulheres ciganas foram forçadas a se tornarem cobaias humanas nas mãos de médicos nazistas. Entre outros, eles foram esterilizados como "indignos de reprodução humana" (fortpflanzungsunwuerdig), apenas para ser definitivamente aniquilados por não serem dignos de viver. ... Com tudo isso, alguns ciganos foram mais afortunados; na Bulgária, Grécia, Dinamarca e Finlândia eles foram poupados. [80]

Por um tempo, houve um acampamento de famílias ciganas em Auschwitz, mas em 6 de agosto de 1944, isto foi liquidado. Alguns homens e mulheres foram enviadas para fábricas alemãs para o trabalho escravo, e o resto, cerca de 3.000 mulheres, crianças e idosos, foi gaseados. [81]

Não existem estatísticas precisas sobre o extermínio dos ciganos europeus. Algumas estimativas colocam o número entre 500.000 e 600.000, a maioria deles gaseados em Auschwitz. [82] Outros indicam um número mais conservador, em torno de 200.000 vítimas ciganas no Holocausto. [83] (Laska)

Notas:

[70] Raul Hilberg, "The Destruction of the European Jews" (Chicago: Quadrangle Books, 1961), p.641; quotation by Staatsrat Turner, chief of the civil administration in Serbia, October 26, 1941, in ibid., p.438

[71] Donald Kenrick and Grattan Puxon, "Destiny of Europe's Gypsies" (New York: Basic Books, 1972), p.72

[72] Jan Yoors, "Crossing, A Journal of Survival and Resistance in World War II" (New York: Simon & Schuster, 1971), pp. 33-34

[73] Hilberg, p. 439

[74] Ruzena Bubenickova, et al., "Tabory utrpeni a smrti" (Camps of Martyrdom and Death)(Prague: Svoboda, 1969), pp. 189-190

[75] Simon Wiesenthal, "The Murderers Among Us" (New York: Bantam, 1967) pp. 237-238

[76] Kendrick, pp. 88-90

[77] Hilberg, pp. 602, 608; the doctors were Hornbeck and Werner Fischer

[78] ibid., p.489

[79] Julian E. Kulski, "Dying We Live" (New York: Holt, Rinehart & Winston, 1979), p.200

[80] Kenrick, p.100

[81] Ota Kraus and Erich Kulka, "Tovarna na smrt" (Death Factory) (Prague: Nase vojsko, 1957), p.200

[82] Yoors, p.34; Bubenickova, p. 190

[83] Gilbert, Martin. "The Holocaust, Maps and Photographs" (New York: Mayflower Books, 1978. p.22; Kendrick, p. 184

Laska, Vera, Ed. Women in the Resistance and in the Holocaust: The Voices of Eyewitnesses. Wesport & London: Greenwood Press, 1983. LOC 82-12018, ISBN 0-313-23457-4

Newsgroups: alt.revisionism
Subject: Holocaust Almanac: The Fate of the Gypsy
Reply-To: kmcvay@nizkor.almanac.bc.ca
Followup-To: alt.revisionism
Organization: The Nizkor Project, Vancouver Island, CANADA
Keywords: gypsy
Archive/File: camps/auschwitz gypsies.02
Last-Modified: 1992/10/17

Fonte: Nizkor
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.02
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 1
Ciganos em Auschwitz - Parte 3

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Grupo de extrema-direita quer pagar a ciganas romenas para serem esterilizadas

Grupo extremista quer pagar a ciganas romenas para serem esterilizadas

PÚBLICO; 10/01/2013 - 16:05

O grupo acusa a comunidade cigana de ser um "fardo para a sociedade romena" e ofereceu-se para pagar a esterilização de mulheres da etnia cigana.

(Foto) A comunidade rom tem oficialmente 620 mil elementos na Roménia Paulo Pimenta

Um grupo nacionalista e extremista romeno ofereceu-se para pagar a esterilização de mulheres de etnia cigana. O NAT88, um grupo de Timisoara, oeste da Roménia, divulgou no seu blogue que estaria disposto a pagar 300 lei (68 euros) a ciganas romenas que provassem terem já sido esterilizadas este ano. Às que não tivessem capacidade financeira para o fazer, o grupo garantiu que avançaria com a quantia.

A iniciativa foi condenada pelo Instituto Elie Wiesel e duas organizações não-governamentais (ONG) romenas, que se manifestam preocupadas como a “recrudescência do fenómeno extremista”.

A oferta esteve disponível no blogue do NAT88, mas depois de surgirem críticas à iniciativa o endereço do grupo ficou indisponível, o que se verificava ainda esta quinta-feira. De acordo com as três organizações, enquanto esteve activo, o blogue deixava uma proposta que se afirmava “muito séria”: “Oferecemos uma recompensa de 300 lei a cada mulher cigana, na área de Banat, que apresente um documento médico que prove que tenha sido esterilizada voluntariamente em 2013. Se não conseguem educar o seu povo para que não sejam um fardo para a sociedade romena, garantimos 300 lei para uma esterilização voluntária.”

A proposta foi condenada num comunicado divulgado na quarta-feira assinado pelo Instituto Elie Wiesel, instituto nacional romeno para os estudos do Holocausto; pela Romani CRISS, uma organização não-governamental que defende os direitos da comunidade rom (expressão utilizada para designar a comunidade cigana); e pelo MCA, centro para o combate ao anti-semitismo. “Condenamos a recrudescência do fenômeno extremista que é incompatível com os valores fundamentais que criam uma sociedade democrática”, defendem, acrescentando que a esterilização de mulheres que pertencem a um determinado grupo étnico “representa uma série ameaça tanto para os membros desse grupo em particular, como para toda a sociedade”.

As organizações sublinham que, em 2011, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou a Eslováquia pela esterilização de mulheres ciganas. Às autoridades da Roménia pedem agora que “ponham em prática todas as medidas legais para garantir que afirmações extremistas e discriminatórias [como as do NAT88] sejam impossíveis de publicar”, sob pena de “serem uma séria ameaça ao princípios e valores democráticos”.

Em resposta à iniciativa do grupo, as três organizações vão avançar com uma queixa junto do Ministério Público romeno.

Estima-se que a comunidade rom, uma minoria étnica na Romênia (com uma população de mais de 21 milhões de habitantes), tenha oficialmente 620 mil elementos no país. Contudo, esse número é elevado para entre 1,5 e dois milhões de pessoas por organizações de defesa dos direitos dos ciganos. Na sua maioria vive em condições de pobreza e é alvo de discriminação no acesso ao trabalho e aos serviços de saúde.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/grupo-extremista-quer-pagar-a-mulheres-ciganas-para-serem-esterilizadas-1580207

domingo, 30 de dezembro de 2012

Ciganos em Auschwitz - Parte 1 (Holocausto)

Para a Alemanha nazista os ciganos tornaram-se um dilema racista. Os ciganos eram arianos, mas na mente nazista havia contradições entre o que eles consideravam como superioridade da raça ariana e a imagem dos ciganos...*

Em uma conferência realizada em Berlim em 30 de janeiro de 1940, foi tomada a decisão de expulsar 30 mil ciganos da Alemanha para os territórios da Polônia ocupada ...

Os relatórios dos SS Einsatzgruppen [forças-tarefa especiais] que operavam nos territórios ocupados da União Soviética mencionam o assassinato de milhares de ciganos, juntamente com o extermínio em massa dos judeus nessas áreas.

As deportações e execuções dos ciganos veio sob autoridade de Himmler. Em 16 de dezembro de 1942, Himmler emitiu uma ordem para enviar todos os ciganos para os campos de concentração, com algumas exceções ...

Os ciganos deportados foram enviados a Auschwitz-Birkenau, onde um acampamento especial cigano foi erguido. Mais de 20.000 ciganos da Alemanha e de outras partes da Europa foram enviados para este acampamento, e a maioria deles foram gaseados lá ...

Wiernik descreveu a chegada do maior grupo cigano trazido para Treblinka, na primavera de 1943:
"Um dia, enquanto eu estava trabalhando perto do portão, vi os alemães e ucranianos fazerem preparativos especiais ... enquanto isso, o portão se abriu e cerca de 1.000 ciganos foram trazidos (este foi o terceiro transporte de ciganos). Cerca de 200 deles eram homens, e o resto mulheres e crianças ... todos os ciganos foram levados para as câmaras de gás e depois cremados"
Ciganos do Governo Geral [Polônia] que não foram enviados para Auschwitz e para os campos da Operação Reinhard foram baleados no local pela polícia local ou gendarms. Na região oriental do distrito de Cracóvia, nos municípios de Sanok, Jaslo, e Rzeszow, cerca de 1.000 ciganos foram mortos.

Extraído de. Yitzhak Arad, BELZEC, SOBIBOR, TREBLINKA - the Operation Reinhard Death Camps Indiana University Press -, 1987.,--páginas150-153--

De acordo com o Institut Fuer Zeitgeschicthe, em Munique, pelo menos 4.000 ciganos foram assassinados por gás em Auschwitz-Birkenau. (Ver contagem das vítimas em Holocaust Almanac)

Fonte: Site da Universidade Fordham/Nizkor*
http://www.fordham.edu/halsall/mod/gypsy-holo.asp
Tradução: Roberto Lucena

*Observação: este texto foi publicado originalmente em grupos de discussão da Usenet ou da Undernet (mais provável que tenha sido no da Usenet no grupo alt.revisionism), nos primórdios da internet. O site Nizkor apresenta uma cópia do texto da discussão original de 1993, ou seja, o texto tem quase 20 anos na rede:
http://www.nizkor.org/ftp.cgi/camps/auschwitz/ftp.py?camps/auschwitz//gypsies.01

O interessante é ver no verbete da Wikipedia que a Undernet tombou devido as famosas Flame Wars provocadas por trolls, mesma causa do declínio do Orkut (do Google) e de várias redes/listas de discussão.

Ver também:
Ciganos em Auschwitz - Parte 2
Ciganos em Auschwitz - Parte 3

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Deputado da extrema-direita húngara pede “lista de judeus”

Marton Gyongyosi, deputado húngaro de extrema-direita, quer lista com judeus que possam ser “risco de segurança nacional”. Associações judaicas e o Governo húngaro já criticaram estas palavras. Gyongyosi já pediu desculpa.

(Foto) Membros da Guarda Húngara, grupo ligado ao Jobbik e acusados de serem uma unidade paramilitar, numa cerimónia Karoly Arvai/REUTERS

Foi durante uma sessão parlamentar que o vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik, o partido de extrema-direita da Hungria, afirmou ser necessária uma lista com os nomes de judeus húngaros que pudessem representar um “risco de segurança nacional”.

As declarações do vice-presidente da bancada parlamentar do Jobbik foram prontamente reprovadas por vários sectores da sociedade húngara. O Governo húngaro, de direita, lançou um comunicado em reacção às declarações de Gyongyosi, em que garantia: “O Governo quer deixar claro que todos os cidadãos vão ser protegidos de insultos como este”

O comunicado dizia também que o Governo húngaro tem tomado “a acção mais firme possível contra qualquer forma de racismo e comportamento anti-semita” e que tem feito “tudo para poder assegurar que vozes mali-intencionadas incompatíveis com as normas europeias sejam travadas”.

Em declarações à agência Reuters, o director das Congregações Judaico-Húngaras, Gusztav Zoltai, sobrevivente do Holocausto, disse: “É claro que [estas declarações] servem apenas um propósito político.” Mas acrescentou: “A pessoas como eu isto gera um medo imenso.”

Durante o Holocausto morreram entre 500.000 e 600.000 judeus húngaros, de acordo com os número do Centro de Memória do Holocausto em Budapeste.

Jobbik acusado de ter ala militar

Marton Gyongyosi - fascista húngaro que
pediu lista de judeus daquele país
O Jobbik é o terceiro partido com maior representação parlamentar na Hungria. O partido foi fundado em 2003, mas só se estreou nas eleições legislativas de 2010, onde recolheu uns expressivos 16,67% dos votos.

O partido liderado por Gábor Vona é frequentemente ligado a posição anti-semitas, anti-imigração e xenófobas. Um dos assuntos recorrentes deste partido é a minoria étnica roma da Hungria.

É pública a existência de um grupo chamado “Guarda Húngara” que tem ligações ao Jobbik - foi, aliás, fundada por Gábor Vona. São várias as acusações de este grupo agir como um grupo paramilitar, responsável por atacar vários imigrantes, especialmente ciganos, na Hungria. Estas acusações são refutadas pelo Jobbik, que alega que este grupo nunca teve armas e que, por isso, não pode ser olhado como uma milícia.

PÚBLICO. 27/11/2012 - 14:39

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/mundo/noticia/deputado-da-extremadireita-hungara-pede-lista-de-judeus-1575172

Comentário: mais de uma vez teve gente negando o caráter antissemita e de reabilitação do nazismo do negacionismo do Holocausto. Será que com essas notícias recentes ainda virá gente negar o óbvio? Se deixar esses grupos fascistas repetem o que fizeram na Segunda Guerra, e o pior é que a sociedade civil em alguns países está deixando a coisa crescer. As milícias do Jobbik também são acusadas de perseguir ciganos na Húngria.

Ver mais:
Líder de direita na Hungria causa indignação ao pedir lista de judeus no país (Diário Digital, Portugal)
Hungria: judeus ameaçam a "segurança", diz deputado A Tarde/Agência Estado
Neonazi pide listas de judíos como en el Holocausto (Infobae)
Hungria: Partido de extrema-direita quer referendo sobre presença na UE TSF

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pode um memorial acabar com o preconceito contra os sinti e roma?

Durante décadas os sinti e roma alemães lutaram por um memorial, por terem sido vítimas de um genocídio e por serem discriminados até hoje em várias regiões da Europa. Agora ele foi inaugurado em Berlim.

"O trágico no fato de o memorial ser inaugurado hoje é que muitos dos sobreviventes não podem mais vivenciar esse reconhecimento", declarou Silvio Peritore, membro da direção do Conselho Central dos Sinti e Roma da Alemanha.

O Estado alemão levou muito tempo para reconhecer o genocídio dos sinti e roma – para muitos, tempo demais. Por exemplo para Franz Rosenbach. Ele foi obrigado a prestar trabalhos forçados, sobreviveu a Auschwitz e foi a escolas alemãs relatar tudo o que viveu. Ele foi um dos maiores defensores do memorial. Há poucos dias, Rosenbach faleceu, aos 85 anos.

Uma exposição em Heidelberg retrata o genocídio dos sinti e roma no período nazista. Ela foi inaugurada em 1997. Um ano depois, Peritore passou a fazer parte do grupo do centro cultural e de documentação. "Em muitos memoriais, o genocídio dos sinti e roma era apenas uma nota de rodapé na história do Holocausto judeu, porque, durante décadas, pesquisadores em parte esqueceram esse tema, em parte o ignoraram conscientemente", afirma.

Não se trata de opor o número de vítimas: seis milhões de judeus europeus contra 500 mil sinti e roma, argumenta. "O que um memorial representa? O reconhecimento das vítimas, a responsabilidade para com a história que resultou do Holocausto."

Aparentemente, os sinti e roma são, até hoje, uma minoria indesejada. Por isso, o reconhecimento de que foram vítimas, a memória do genocídio foi por muito tempo recusada para eles. Ao menos essa é a impressão que pessoas como Franz Rosenbach têm. "As pessoas se perguntam: por que eles não querem isso?" Eles são os outros, o que inclui a maioria da sociedade alemã.

Preconceito e exclusão seculares

Família sinti e roma alemã
Cerca de 15 mil pessoas por ano visitam a exposição sobre o genocídio dos sinti e roma alemães em Heidelberg: turmas de escolas, universitários e também policiais, que na sua profissão têm de lidar com os "ciganos", frequentemente tachados de criminosos. Como diz Armin Ulm, pesquisador no centro de documentação, esses clichês existem há séculos.

"Esse é um fenômeno que existe na Europa desde a chegada dos sinti e roma, nos séculos 14 e 15. Havia também atribuições positivas, como o clichê romântico representado na figura de Carmen (a 'cigana' apaixonada da ópera de Georg Bizet), mas a maioria são atribuições negativas: o 'cigano' ladrão, a 'cigana' que lê a mão."

Essas ideias se perpetuaram com o passar do tempo. A expressão 'cigano' pode ser encontrada já nas crônicas da Idade Média: "A palavra aparece, por exemplo, na crônica da cidade de Hildesheim." Em diversos documentos é possível encontrar diferentes formas de escrita, porém não é claro sobre quem se está falando, pois nem os sinti nem os roma se descreviam como ciganos. A maioria rejeita esse termo por considerá-lo discriminatório.

"Como é possível que a tradição dos clichês "ciganos" se perpetue até hoje numa sociedade esclarecida?", pergunta Peritore. A pergunta não é retórica. Há 12 milhões de sinti e roma vivendo na Europa, e em muitos países eles continuam sendo excluídos, também em países da União Europeia.

"Em países como Hungria, Romênia, República Tcheca e Eslováquia, os sinti e roma são privados de direitos humanos elementares. Eles não possuem o mesmo direito de acesso a fatores essenciais para a vida, como emprego, serviço de saúde pública e moradia digna", diz Peritore.

Membros da etnia sinti e roma são discriminados, criminalizados e estilizados com inimigos em muitos países do sul e do centro da Europa. Em vez de investimentos em infraestrutura, o que tornaria a vida dos sinti e roma mais fácil em suas terras natais, o dinheiro da União Europeia some por caminhos obscuros, denuncia Peritore.

Deportação de sinti e roma em
Colônia na época nazista
Ele não economiza críticas aos políticos e à sociedade da Europa Ocidental. "Se ouvimos falar aqui na Alemanha sobre o 'problema dos roma', então trata-se de pessoas que vêm para cá procurando uma vida mais segura e melhores oportunidades de emprego. Essa é um desejo legítimo." Mas também aqui ele são considerados um risco para a segurança e frequentemente criminalizados, como aconteceu na França em 2010, quando o então presidente Nicolas Sarkozy afrontou a lei francesa e europeia e deportou os sinti e roma.

Peritore denuncia também a prática alemã de deportar sinti e roma de volta para o Kosovo, mesmo que lá eles corram o risco de ser perseguidos e na Alemanha já tenha há muito se integrado na sociedade. Onde os sinti e roma tiveram chances iguais, argumenta, seguiram os mesmos caminhos que seguem os outros integrantes da sociedade.

"Isso contradiz principalmente as afirmações generalizadas daqueles que são contra os sinti e roma e dizem que de nada adiantam todos os programas e projetos, pois supostamente eles são contrários à cultura desses povos. Isso mostra que essas afirmações são mentiras, pois podemos ver que é possível quando as pessoas recebem chances iguais e justas."

Um memorial em Berlim

Estas duas meninas foram
deportadas para a Polônia
A exposição sobre o genocídio dos sinti e roma mostra também fotos de sinti e roma alemães antes de 1933. São cenas da vida familiar, bons civis, quase caretas. Elas mostram que essas pessoas faziam parte da sociedade. Isso não as salvou da perseguição e da morte.

"Pesquisadores sérios já mostraram há muito tempo que houve um segundo Holocausto: eram as mesmas motivações político-raciais, o mesmo aparelho criminoso, os mesmos métodos de extermínio nos mesmos locais, executados de forma sistemática e eficiente." Contudo, somente o chanceler federal alemão Helmut Schmidt reconheceu esse fato, em 1982.

Após a decisão parlamentar de que não haveria um memorial único para todas as vítimas do Holocausto, o Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) autorizou em 1992 a construção de um memorial para os sinti e roma. O que se seguiu foi uma longa discussão: governo, historiadores e também os representantes dos sinti e roma não conseguiram chegar a um acordo sobre os detalhes.

Para o Conselho Central dos Sinti e Roma da Alemanha não se trata somente de um reconhecimento tardio, mas também de responsabilidade com o presente e o futuro, para evitar a discriminação e a exclusão. "Se for para aprender algo, então que seja isso. Mas talvez essa seja uma pretensão muito grande", diz Peritore, e na sua voz é possível reconhecer um tom de tristeza.

Autora: Birgit Görtz (cn)
Revisão: Alexandre Schossler

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/pode-um-memorial-acabar-com-o-preconceito-contra-os-sinti-e-roma/a-16328944

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Merkel inaugura memorial para ciganos vítimas do Holocausto

BERLIM — A chanceler alemã, Angela Merkel, inaugurou nesta quarta-feira um memorial em homenagem aos cerca de meio milhão de ciganos assassinados pelo regime nazista e alertou para a enorme discriminação ainda existente contra essa minoria.

O monumento, que sofreu muitos atrasos para ficar pronto, consiste em uma piscina redonda com um monólito triangular no centro no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida, e se localiza em frente ao Reichstag, o edifício do Parlamento, no centro de Berlim.

Uma linha do tempo sobre o extermínio nazista fica ao lado do memorial, que após 20 anos de atrasos foi finalmente construído com um subsídio do governo federal de 2,8 milhões de euros (3,6 milhões de dólares).

"Auschwitz", do poeta e compositor italiano Santino Spinelli, está gravado na borda da piscina em inglês e alemão, contando o sofrimento e a dor causados aos Sinti e Roma, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha.

O monumento foi projetado pelo artista israelense Dani Karavan, de 81 anos, e está localizado próximo a outros dois memoriais para as vítimas da barbárie nazista, um campo repleto de pilares para os seis milhões de judeus assassinados e um monumento menor para os homossexuais vítimas de Hitler.

Merkel, que estava visivelmente comovida durante a cerimônia de inauguração, afirmou que este capítulo terrível da história da Alemanha a enchia "de tristeza e vergonha". Ela saudou a obra de Karavan, ao dizer que seu design "fala tanto para o coração quanto para a mente".

"Este memorial lembra um grupo de vítimas que foi ignorado por muito tempo", afirmou, lembrando que o governo da Alemanha Ocidental só reconheceu o genocídio em 1982.

"Recorda a injustiça indescritível que foi infligida a vocês", afirmou à plateia, que incluía muitos sobreviventes idosos. Organizadores forneceram cobertores azuis para protegê-los do frio do mês de outubro.

"Os Sinti e Roma ainda sofrem de ostracismo e condenação", afirmou. "Proteger as minorias é nosso dever, hoje e amanhã".

"A sociedade não aprendeu nada"

O alemão Zoni Weisz, de 75 anos, lutou para conter as lágrimas ao relembrar sua fuga angustiante da deportação com a ajuda de um corajoso policial enquanto a maior parte de sua família foi enviada para um campo de concentração.

Ele disse que a Europa não estava vivendo à altura das responsabilidades competentes a ela após o assassinato dos Sinti e Roma sete décadas atrás.

"A sociedade não aprendeu nada, quase nada", afirmou. "Do contrário eles iriam nos tratar de forma diferente".

Os pais de Weisz, as irmãs e o irmão mais novo foram mortos em Auschwitz, enquanto ele sobreviveu escondido.

Os nazistas consideravam os Roma e Sinti racialmente inferiores, como os judeus, e realizaram uma campanha sistemática de opressão contra eles.

Em 1938, o chefe nazista Heinrich Himmler ordenou a "solução final da questão cigana".

Aqueles capturados na varredura foram confinados a guetos, deportados para campos de concentração e mortos. Muitos foram utilizados em experimentos médicos grotescos e esterilização forçada.

Historiadores estimam que cerca de 500.000 homens, mulheres e crianças ciganos de toda a Europa foram mortos entre 1933 e 1945, dizimando uma população com raízes na Alemanha que datam de seis séculos.

O líder do Conselho Central de Sinti e Roma na Alemanha, Romani Rose, que lidera uma comunidade de cerca de 70 mil pessoas, contestou ferozmente a referência utilizada no memorial aos "ciganos", um termo comumente usado no passado, mas agora visto como depreciativo.

Cerca de 11 milhões de ciganos vivem na Europa, sete milhões dos quais na União Europeia, assumindo o posto da maior minoria étnica do continente. Mas eles sofrem com uma pobreza desproporcional e com enorme discriminação.

A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocaram a migração de alguns dos ciganos para o oeste, mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.

Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de deter essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.

Após o discurso de Merkel na cerimônia, um desordeiro protestou perguntando à chanceler: "O que você diz sobre os deportados? Eles também querem ficar aqui!".

De Deborah Cole (AFP)

Vídeos: Bluchannel TV e AFP


Fonte: AFP/Google
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5iwie8AZmXk-piI7yPX13CE6XUOyg?docId=CNG.ed0cb0e81492b44ee019fd55ee283104.491

Ver mais:
Alemanha cria memorial para ciganos vítimas do Holocausto (BBC Brasil/Terra)
Merkel homenageia vítimas ciganas do Holocausto (Diário de Notícias, Portugal)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Memorial aos ciganos vítimas do Holocausto será inaugurado em Berlim

De Céline LE PRIOUX (AFP) – Há 6 horas

BERLIM — Mais de 65 anos depois do Holocausto, a chanceler alemã, Angela Merkel, irá inaugurar nesta quarta-feira, em Berlim, um memorial aos ciganos vítimas do nazismo, no momento em que esta comunidade ainda enfrenta casos de racismo e discriminação na Europa.

Quase 500 mil sinti e roms da Europa, dois grupos ciganos muito presentes na Alemanha e considerados "racialmente inferiores", foram assassinados pelo III Reich, segundo estimativas oficiais.

Situado em frente ao Parlamento alemão, o memorial aos sinti e roms, criado pela artista israelense Dani Karavan, consiste em um eixo com um pilar central no qual repousará a cada dia uma flor recém-colhida. Ele está localizado perto de um outro dedicado às vítimas do Holocausto e um dedicado aos homossexuais mortos pelos nazistas.

"O Holocausto contra os ciganos - ou "Porajmos", que significa literalmente devorar - tem sido por muito tempo negado e não tem sido objeto de pesquisas históricas, não só na Alemanha, mas também em outros países como a França de Vichy ou países do Leste Europeu que participaram da perseguição", considerou o historiador Wolfgang Wippermann, da Universidade Livre de Berlim.

"Ao contrário dos judeus, que os nazistas perseguiam pela sua religião, os ciganos, católicos em sua maioria, não eram necessariamente identificáveis entre outros cidadãos", explica Romani Rose, presidente do Conselho Central alemão dos sinti e roms.

Para remediar esta situação, os "pesquisadores raciais" da Alemanha nazista gravaram uma série de características e estabeleceram genealogias que às vezes remontavam ao século XVI, para detectar um "ancestral cigano", a fim de enviar para os campos de extermínio os "de sangue misturado". Em Auschwitz e em Ravensbrück, eles serviram como cobaias para experiências médicas.

A RFA reconheceu oficialmente este genocídio em 1982, com um gesto do chanceler Helmut Schmidt. E em 1997, o presidente Roman Herzog ressaltou pela primeira vez que ele teve a mesma motivação racista e que havia sido praticado pelos nazistas com a mesma resolução e o mesmo desejo que o extermínio dos judeus.

Atualmente, 11 milhões de ciganos vivem no continente europeu, entre eles sete milhões na União Europeia, principalmente na Europa Central e do Sudeste, na Romênia, Bulgária, Hungria e Eslováquia.

A maior minoria étnica na Europa é também a mais pobre, que sofre com a discriminação e o racismo. Rose denuncia principalmente a situação na Romênia, onde foram libertados da escravidão em 1856, na Bulgária, Hungria, Eslováquia, mas também na França e Itália.

A queda da Cortina de Ferro em 1989 e a expansão do Leste Europeu provocou a migração de alguns para o oeste mais rico, e países como França e Itália implementaram medidas de segurança, que incluem a destruição de acampamentos considerados ilegais.

Atualmente vivem na Alemanha cerca de 70 mil ciganos de nacionalidade alemã. "Eles não são nômades e suas famílias estão, por vezes, instaladas há 600 anos em nosso país", indica Wippermann.

Eles fazem parte desde 1997 das quatro minorias protegidas na Alemanha, como os dinamarqueses e os frísios instalados no norte, e os sorbs que vivem no leste.

Nas últimas duas décadas, várias dezenas de milhares de ciganos originários do Leste Europeu também tentaram uma chance na Alemanha. Mas não existem campos selvagens, com dizia o presidente Nicolas Sarkozy há dois anos, afirmando que Angela Merkel procederia com evacuações.

Recentemente, Berlim manifestou seu desejo de fazer parar essas migrações, desejando que fosse retirada a isenção de visto para os cidadãos sérvios e macedônios, muitos dos quais são ciganos.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jcaxA9djip7D5zxIC3LV5EhX9knw?docId=CNG.33a5fe2e73c231d7d6abac75c4abd70b.41

Ver mais:
El Holocausto gitano, por fin reconocido (Deutsche Welle, Alemanha)
Berlín inaugura su monumento en memoria de los gitanos víctimas del Holocausto (AFP, em espanhol)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ONU critica governo francês por desmontar acampamento da etnia rom

Mundo: ONU critica governo francês por desmontar acampamento da etnia rom


Obervadores das Nações Unidas afirmam que evacuação de acampamento rom na periferia de Paris viola os direitos humanos. Ministro do Interior é acusado de repetir política conservadora de Sarkozy.

A polícia da França expulsou, nesta quarta-feira (29/08), centenas de pessoas de um acampamento de membros da etnia rom na periferia de Paris. Segundo as autoridades, cerca de 500 pessoas foram obrigadas a deixar o local, num bairro popular na periferia da capital francesa. Diversos observadores das Nações Unidas criticaram a conduta da polícia francesa.

O ministro francês do Interior, Manuel Valls, ordenou uma série de batidas em acampamentos da etnia rom próximos a Paris, Lyon e Lille, afirmando que eles deveriam ser desmantelados por razões sanitárias. A polícia chegou na manhã de quarta ao subúrbio de Stains, na periferia de Paris, onde as barracas dos roma foram destruídas depois da evacuação.

Os roma reclamaram que não lhes foi oferecida nenhuma alternativa de alojamento. A administração do bairro, por outro lado, declarou que os alojamentos oferecidos a eles não foram aceitos e que os pedidos de que deixassem o local voluntariamente também não haviam sido acatados.

Alta vulnerabilidade

França não respeita direitos humanos, afirmam observadores

Observadores da ONU para minorias, migrantes, racismo e direito a uma moradia adequada criticaram que a evacuação compulsória pode deixar as famílias atingidas numa situação de "alta vulnerabilidade". Segundo eles, o processo de evacuação não está de acordo com o direito internacional.

François Crépeau, encarregado de reportar sobre a situação dos migrantes na França, declarou que o governo francês parece querer expulsar todos os membros da etnia rom do país, onde acontece um debate generalizado a respeito da política oficial em relação aos roma, que em sua maioria procedem da Romênia e da Bulgária.

"A expulsão coletiva é condenada pelo direito internacional e qualquer repatriação deveria ser voluntária, respeitando os padrões internacionais, baseada na vontade individual e monitorada de maneira independente", afirmou Crépeau.

Raquel Rolnik, relatora especial da ONU para questões de moradia adequada, afirmou que a evacuação forçada não é uma resposta apropriada e que "soluções alternativas deveriam ser buscadas em respeito aos padrões dos direitos humanos". Segundo ela, é importante garantir sobretudo a moradia de crianças e mulheres e daqueles que apresentam enfermidades ou deficiências.

Repetindo os conservadores

Faltam alternativas de moradia, segundo enviados da ONU à França

O ministro Valls foi criticado dentro das fileiras de seu próprio partido, o socialista. Ele está sendo acusado de repetir a política linha-dura do governo conservador de Nicolas Sarkozy. A Comissão Europeia havia declarado, no início de agosto, que continua observando atentamente a política francesa para minorias.

Paris havia anunciado que pretende abolir parcialmente as diretrizes da União Europeia que limitam a permissão de trabalho para búlgaros e romenos, a fim de facilitar a integração dos roma no país. No entanto, ignorando totalmente tal premissa, as autoridades resolveram dissolver o acampamento na quarta-feira.

Estima-se que haja na França hoje em torno de 15 mil a 20 mil imigrantes de origem rom, a maioria deles vivendo nas periferias das cidades e em acampamentos com condições precárias.

"Os roma são cidadãos da União Europeia e a minoria mais marginalizada dentro da Europa. Lamentavelmente esses atos demonstram que eles nem sempre gozam do mesmo direito de livre movimento e assentamento que outros cidadãos e que continam sendo vítimas de um tratamento discriminatório", resumiu Rita Izsák, especialista da ONU para assuntos relacionados a minorias.

SV/afp/rtr/dpa
Revisão: Alexandre Schossler

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,16206841,00.html

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Romênia: deportação de ciganos em 1942, uma tragédia esquecida

Em maio de 1942, o marechal romeno Ion Antonescu ordenou a deportação para a Transnistria dos ciganos "nômades, sem ocupação ou delinquentes": quase 70 anos depois, os poucos sobreviventes evocam essa tragédia esquecida, um estigma indelével para tanta gente.

"Eles nos detiveram numa rua de Bucareste, colocando-nos numa carroça puxada por cavalos e nos diziam que seríamos levados a um lugar onde receberíamos terras", conta à AFP Marin Safta, de 89 anos de idade, que perdeu a mãe e um irmão durante os dois anos passados na Transnistria, uma região controlada, então, pelo regime pró-nazista de Antonescu.

"Deportaram-nos para nos matar, mas, como podem ver, eu não morri", diz o velho homem, que vive numa pequena casa escura, sem nunca ter sido indenizado.

A tragédia ainda está bem viva, e será também recordada nesta sexta-feira, Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto.

Dos 208 mil ciganos que viviam no país em 1942 25.000, isto é 12%, foram deportados, segundo o informe sobre o Holocausto na Romênia, redigido por uma comissão internacional de historiadores liderada pelo Prêmio Nobel da Paz Elie Wiesel. Onze mil morreram.

Entre 280 mil e 380 mil judeus romenos e ucranianos também vieram a falecer nos territórios administrados por Bucareste.

"A deportação de ciganos gerou vários abusos. Também tiveram o mesmo destino famílias de romenos pobres, de húngaros e turcos, e pessoas que tinham mesmo um trabalho ou terras", segundo a comissão.

Gheorghe Stana tinha 7 anos quando chegou a ordem de deportação. "Tínhamos uma casa, meu pai trabalhava como jornaleiro, mas nada adiantou. Fomos todos levados, minha mãe, minha irmã...", conta Stana à AFP. Ele nasceu em Vedea (sul).

A falta de alimentos, as enfermidades e o trabalho forçado dizimaram os deportados. "Milhares de pessoas morreram ali. Os corpos eram jogados numa fossa, como animais. Ainda tenho diante de meus olhos essas imagens", diz.

"Quando a guerra acabou, nos deixaram ir embora", conta Safta, narrando como voltou de trem até a fronteira atual entre a Moldávia e a Romênia, seguindo, depois, a pé, até Bucareste.

Os dois homens dizem que "falaram muito pouco" a seus filhos sobre essa tragédia, porque tentavam eles próprios não pensar mais nela.

O fato de a ordem oficial de deportação só dizer respeito a algumas categorias de ciganos "tem implicações profundas na mentalidade" da comunidade, explica o sociólogo Nicolae Furtuna.

Muitas vítimas sentem "vergonha de dizer que foram deportadas, é um estigma", explica o sociólogo, que compara a situação deles com a das mulheres estupradas.

Furtuna, que ouviu dezenas de sobreviventes, conta depoimentos terríveis. "Me disseram que alguns chegaram a comer carne humana, outros esconderam em casa o corpo de um parente morto para continuar recebendo sua ração de comida", diz, lamentando a falta de documentos escritos sobre esses acontecimentos.

"São esses detalhes, mais que os números, que nos fazem viver esse período triste", diz, destacando ser "um dever moral transmitir essas experiências" aos jovens, sejam ciganos ou não.

Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5579241-EI8142,00-Romenia+deportacao+de+ciganos+em+uma+tragedia+esquecida.html

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Genocídio dos Roma no Holocausto (Holocausto cigano)

GENOCÍDIO DOS ROMA NO HOLOCAUSTO
por Ian Hancock

Os Roma, muito comumente, mas de forma equivocada, chamados de ciganos, foram a outra única população, ao lado dos judeus, que foram atingidos pelo extermínio racial na Solução Final. Chegaram à Europa por volta do ano 1300, vindos da Índia, região a qual eles haviam deixado cerca de três séculos antes como uma população militar de origem mestiça, não-ariana, reunidos para lutar contra os invasores muçulmanos. Sua entrada na Europa, via Império Bizantino, foi também resultado direto da expansão islâmica.

Como um povo asiático não-cristão, não-branco, e sem possuir nenhum território na Europa, os Roma eram forasteiros em todos os países. A cultura Romani também forçava - como ainda faz - que houvesse uma distância social entre os Roma e os gadjé (não-Romas), e assim sua segregação era reforçada.

O povo Romani na Alemanha chamava-se a si mesmo de Sinti, enquanto zigeuner é o equivalente alemão de "cigano". Quando os nazistas chegaram ao poder em 1933, as leis alemãs contra eles já estavam em vigor há centenas de anos. A perseguição do povo Romani começou quase tão cedo quando o primeiro Roma chegou pela primeira vez em terras de língua alemã, pois como estrangeiros, estavam quebrando muitas das leis Hanseáticas que tornava crime punível por lei alguém não ter um domicílio fixo ou emprego, e não ser cadastrado como contribuinte de impostos. Eles também foram acusados ​​de serem espiões para os muçulmanos, a quem poucos alemães conheciam, mas de quem haviam ouvido muitas histórias assustadoras. A tez escura e o comportamento não-cristão e a aparência dos Roma simplesmente se adicionavam ao preconceito que se tornou crescente. Em 1721 o Imperador Carlos VI ordenou o extermínio de todos os Roma em qualquer lugar, não era ilegal matar um Rom, e houve algumas vezes "caçadas de ciganos", nas quais os Roma foram perseguidos e mortos como animais selvagens. Florestas foram incendiadas para expulsar qualquer Roma que poderia ter se escondido lá.

Pelo século 19, estudiosos na Alemanha e no resto da Europa estavam escrevendo sobre os Roma e os judeus como sendo seres inferiores e "o excremento da humanidade". Isto se cristalizou especificamente em atitudes racistas nos escritos de Knox, Tetzner, Gobineau e outros. Pelos anos de 1880, o chanceler von Bismarck reforçou algumas das leis discriminatórias, afirmando que os Roma fossem tratados "com especial severidade" se detidos. Por volta de 1890, uma conferência sobre "a escória cigana" foi realizada na Suábia, na qual os militares adquiriram o poder de manter os Roma em circulação. Na obra publicada em 1899 de Houston Chamberlaine, "Os Fundamentos do Século 19", ele defendia a construção de uma "recém formada ... e ... especialmente destacada raça ariana". Isto usado para justificar a promoção de ideias sobre a superioridade racial alemã e para qualquer ação opressora tomadas contra membros de populações "inferiores". Naquele mesmo ano, a "Agência de Informação Cigana" foi criado em Munique sob a direção de Alfred Dillmann, que começou a catalogação de informações sobre todos os Roma em todas as terras alemãs. Os resultados disto foram publicados em 1905 no Zigeuner-Buch de Dillmann, que lançou as bases para o que viria a acontecer com os Roma no Holocausto, 35 anos depois.

O Zigeuner-Buch, com cerca de 350 páginas, era composto de três partes: primeiro, uma introdução afirmando que os Roma eram uma "praga" e uma "ameaça" a qual a população alemã tinha que se defender contra o uso de "castigos cruéis", e que advertia sobre os perigos da mistura de genes Romani e alemães. A segunda parte foi um registro dos Romas conhecidos, dando detalhes genealógicos e registros criminais caso houvesse. E a terceira parte era uma coleção de fotografias dessas mesmas pessoas. A "Mistura de raças" de Dillmann, mais tarde, tornou-se uma parte central das Leis de Nuremberg na Alemanha nazista.

Em 1920, Karl Binding e Alfred Hoche publicaram seu livro "A erradicação das vidas dos indignos da vida", usando uma frase primeiramente cunhada por Richard Liebich com específica referência aos Roma quase 60 anos antes. Entre os grupos que eles consideravam "indignos de viver" estavam os "doentes mentais sem cura", e foi este grupo que eles consideravam que pertenciam os ciganos. A perceptível "criminalidade" Romani era vista como uma doença genética hereditária, embora não fosse levado em conta os séculos de exclusão dos ciganos da sociedade alemã, que fizeram do roubo de subsistência uma necessidade para sobrevivência. Uma lei incorporando a mesma frase foi posta em prática apenas quatro meses depois de Hitler se tornar chanceler do Terceiro Reich.

Durante a década de 1920, a opressão legal aos Roma na Alemanha intensificou-se consideravelmente, apesar dos estatutos de igualdade da República de Weimar. Em 1920 eles foram proibidos de entrar em parques e banheiros públicos; em 1925 uma conferência sobre "A Questão Cigana" foi realizado, e resultou em leis que pediam que os desempregados Roma fossem enviados para campos de trabalho "por razões de segurança pública", e que todos os Roma fossem registrados na polícia. Depois de 1927, todos os ciganos, mesmo as crianças, tinha que carregar cartões de identificação, tendo impressões digitais e fotografias. Em 1929, um Escritório Central de Luta Contra a ciganos na Alemanha foi criado em Munique, e em 1933, apenas dez dias antes dos nazistas chegarem ao poder, funcionários do governo em Burgenland pediram a retirada de todos os direitos civis do povo Romani.

Em setembro de 1935, os Roma tornaram-se sujeitos às restrições da Lei de Nuremberg para a Proteção do Sangue Alemão e Honra, que proibia o casamento entre alemães e "não-arianos", especificamente judeus, ciganos e pessoas de ascendência africana(negras). Em 1937, a Lei de Cidadania Nacional relegava os Roma e judeus à condição de cidadãos de segunda classe, privando-os de seus direitos civis. Também em 1937, Heinrich Himmler emitiu um decreto intitulado "A luta contra a praga cigana", que reiterava que os ciganos de sangue misturado eram os mais propensos a se envolver em atividades criminosas, e que solicitava que todas as informações sobre os Roma fossem enviadas, dos departamentos da polícia regional, para o Escritório Central Reich.

Entre 12 de junho e 18 de junho de 1938, a semana de "limpeza" dos ciganos ocorreu em toda a Alemanha que, como Kristallnacht(Noite dos Cristais) para o povo judeu no mesmo ano, marcou o começo do fim. Também em 1938, a primeira referência à "Solução Final da Questão Cigana" apareceu, em um documento assinado por Himmler em 08 de dezembro daquele ano.

Em janeiro de 1940, a primeira ação do genocídio em massa do Holocausto ocorreu quando 250 crianças ciganas foram assassinadas em Buchenwald, onde foram usadas ​​como cobaias para testar a eficácia dos cristais de Zyklon-B, usado mais tarde nas câmaras de gás. Em junho de 1940, Hitler ordenou a liquidação de "todos os judeus, ciganos e comunistas funcionários políticos em toda a União Soviética."

Em julho, 31 de 1941, Heydrich, arquiteto-chefe dos detalhes da Solução Final, emitiu sua ordem para o Einsatzkommandos, para "matar todos os judeus, ciganos e doentes mentais." Poucos dias depois, Himmler emitiu seus critérios de avaliação biológica e racial, que determinavam que histórico familiar dos Roma deveriam ser investigados por três gerações. Em 16 de dezembro desse mesmo ano, Himmler emitiu uma ordem para que todos os Roma restantes Roma na Europa fossem deportados para Auschwitz-Birkenau para o extermínio. Em 24 de dezembro, Lohse deu a ordem adicional para que "aos ciganos deva ser dado o mesmo tratamento dos judeus". Em uma reunião do partido em 14 de setembro de 1942, o ministro da Justiça Otto Thierack anunciou que "judeus e ciganos devem ser incondicionalmente exterminados." Em 01 de agosto de 1944, quatro mil ciganos foram gaseados e cremados em uma única ação em Auschwitz-Birkenau, o que é lembrado como Zigeunernacht.

Determinar a percentagem ou número de Roma que morreram no Holocausto (chamado de Porrajmos, "paw-RYE-mos" em Romani, uma palavra que significa "Devorando a") não é fácil. Grande parte da documentação nazi ainda precisa ser analisada, e muitos assassinatos não foram registrados, uma vez que ocorreram nos campos e florestas onde os Roma foram apreendidos. Não há estimativa precisa nem para a população Romani pré-guerra na Europa, embora o censo oficial do Partido Nazista de 1939 estimava em cerca de dois milhões, que é sem dúvida, uma sub-representação. A estimativa mais recente (1997) a partir do Instituto de Pesquisa do Museu Memorial do Holocausto dos EUA, em Washington, coloca o número de vidas perdidas pelos Romanis em 1945, "entre meio milhão e um milhão e meio." Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o registro da Alemanha em relação ao povo Romani foi menos que exemplar. Ninguém foi chamado para testemunhar em favor das vítimas Romanis nos Julgamentos de Nuremberg, e nenhuma reparação dos crimes de guerra foi pagas aos ciganos como um povo. Hoje, a atividade neonazista na Alemanha faz dos Roma o seu principal alvo de violência racial.

Os Estados Unidos também não fez nada para ajudar os Roma durante ou após o Holocausto. Apenas dez por cento das centenas de milhões de dólares disponibilizados pela Organização das Nações Unidas(ONU) para os sobreviventes, os quais foram dadas a responsabilidade ao governo dos EUA de desembolso, foi reservada para não-judeus, e nada disto foi direcionado aos sobreviventes Romanis, cujo número hoje é de cerca de 5.000. Roma que não foram mencionados em qualquer documentação do Conselho de Refugiados de Guerra dos EUA, o qual foi capaz de salvar a vida de mais de 200.000 judeus. Quando o Conselho do Museu Memorial do Holocausto dos EUA (USHMM) foi criado em 1980, nenhum Roma foi convidado a participar, e ele tem hoje apenas um membro hoje Romani. Os Roma são apenas uma parte deste Museu até o momento, estando localizados em um canto no terceiro andar reservado para as "outras vítimas".

Leitura adicional

Hancock, Ian, 1989. "Gypsy history in Germany and neighboring lands: A chronology leading to the Holocaust and beyond," in David Crowe and John Kolsti, eds., The Gypsies of Eastern Europe , Armonk: EC Sharpe, pp. 11-30.

Kenrick, Donald, and Grattan Puxon, 1972. The Destiny of Europe's Gypsies . London: Sussex University Press.

Excerto da Encyclopedia of Genocide (1997) de Israel W. Charny (ed.)
Reproduzido por Patrin Web Journal com permissão do autor, Ian Hancock.
Publicado em 01 de março de 1997.

Fonte: The Patrin Web Journal (trecho do livro Encyclopedia of Genocide; editor: Israel Charny)
http://reocities.com/paris/5121/genocide.htm
Texto: Ian Hancock
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Dr. Robert Ritter: ciência racial e "ciganos" (Holocausto)

Dr. Robert Ritter: Ciência Racial e "Ciganos"

A pesquisa do cientista racial Dr. Robert Ritter e seus associados serviram ambos como instrumento e justificação para o regime Nazista isolar e eventualmente destruir a população Cigana Alemã.

Estudando os Ciganos, Ritter, que era um psiquiatra, esperava determinar as ligações entre a hereditariedade e a criminalidade. Com financiamento da 'Associação Alemã para Pesquisa Científica' e com acesso a registros da polícia, Ritter começou em 1937 a sistematicamente entrevistar todos os Ciganos residindo na Alemanha. Para fazer isso, ele viajou a acampamentos Ciganos e, depois a deportação e internamento de Ciganos começaram, para os campos de concentração.

Ritter desenvolveu genealogias detalhadas--históricos de família--para distingüir os Ciganos "puros" daqueles de "sangue misto/misturado" e desenraizar os Ciganos assimilados da população geral alemã. A polícia de estado ajudou Ritter em seu requerimento de registros genealógicos de todos os Ciganos movidos a força para campos especiais municipais depois de 1935. Acreditando que qualquer um com sangue Cigano podia ser um perigo a sociedade, Ritter classificou um "meio-Cigano" como alguém com um ou dois avós Ciganos ou dois ou mais avós meio-Ciganos, isto é, alguém com um pouco de um quarto de sangue cigano.

Aos associados a Ritter incluíam o antropólogo Dr. Adolf Wurth e, até 1942, e o zoologista e antropólogo Dr. Sophie Ehrhardt. O associado mais próximo a Ritter era Eva Justin, uma enfermeira que recebeu seu doutorado em antropologia em 1944 baseado na sua pesquisa com crianças Ciganas afastadas de suas famílias. Na conclusão de seu estudo, estas crianças eram deportadas a Auschwitz, onde todos com exceção de alguns eram mortos.

"Num relatório dos resultados de sua pesquisa em 1940, Ritter concluiu que 90 porcento dos Ciganos nativos da Alemanha eram "de sangue misto/misturado". Ele descreveu aqueles Ciganos como "os produtos de relacionamentos com criminosos anti-sociais alemães do subproletariado." Ele caracterizou os Ciganos como povos "primitivos" "incapazes de uma real adaptação social."

Do final de 1944 entrando em 1946, Ritter ensinou biologia criminal na Universidade de Turbingen; em 1947 ele entrou no Centro de Saúde de Frankfurt como um médico de crianças. Enquanto esteve lá, ele empregou Eva Justin como uma psicóloga. Seu colaborador Dra. Sophie Ehrhardt entrou na faculdade de antropologia na Universidade de Tubingen em 1942 e continuou a usar os dados de Ritter em sua pesquisa pós-guerra. Dr. Adolph Wurth serviu no Bureau de Estatística Baden-Wurttemberg até 1970.

Os esforços para trazer provas contra Ritter e seus associados como assessores nas mortes dos Ciganos Alemães foram interrompidos. O julgamento do Dr. Robert Ritter chegou ao fim com seu suicídio em 1950.

Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena

Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945

Quem eram os "ciganos"? (Holocausto)

Primeiro quadro cinza da página(canto direito).
Quem eram os "ciganos"?

Em 1939, entre 30.000-35.000 pessoas conhecidas como "Ciganos" viviam na Alemanha e Áustria, que foi incorporada a Alemanha em Março de 1939. A população total de Ciganos vivendo na 'Grande Alemanha' e em todos os países ocupados pela Alemanha durante a guerra é desconhecido; os 'acadêmicos' Donald Kenrick e Grattan Puxon forneceram uma estimativa aproximada de 942 mil.

Acredita-se que os Ciganos tenham chegado a Europa do norte da India em meados de 1400. Eram chamados de Ciganos porque na mentalidade dos europeus eles teriam vindo do Egito. Esta minoria étnica é composta de grupos distintos chamados "tribos" ou "nações". A maior parte dos Ciganos na Europa ocupada pela Alemanha pertencia as tribos Sinti e Roma. Na Alemanha e na Europa ocidental geralmente predominavam os Sinti, e os Roma na Áustria, leste europeu, e os Balcãs. Os Sinti e os Roma falavm dialetos de uma linguagem comum chamada Romani, baseado no sânscrito, a língua clássica da Índia.

Por séculos, os Sinti e os Roma foram depreciados e perseguidos na Europa. Zigeuner, a palavra alemã para Cigano, deriva da raiz grega que significa "intocável". Nos principados balcânicos da Moldávia e da Valáquia, Ciganos eram escravos trazidos e vendidos pelos monastérios e grande latifundiários(boyars)atré 1864, quando a nova nação formada da Romênia os emancipou.

Muitos Sinti e Roma tradicionalmente trabalhavam como artesãos, também como ferreiros, sapateiros, funileiros, negociantes de cavalos, e modeladores. Outros se apresentavam como músicos, adestradores de animais de circo, e dançarinos. Por volta dos anos de 1920, havia també um pequena, classe média-baixa de comerciantes e alguns funcionários, como os Sinti empregados no serviço postal alemão. O número de verdadeiros ciganos nômades estava em declínio em muitos lugares por volta de meados de 1900, entretanto os conhecidos ciganos sedentários freqüentemente moviam-se sazonalmente, dependendo de suas ocupações.

Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Roberto Lucena

Página principal: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi, 1933-1945 (ciganos, Holocausto)

Observação: Sinti & Roma: Vítimas da Era Nazi fornecem informação adicional acerca deste grupo vitimado, incluindo um fundo histórico e informação sobre Robert Ritter, um cientista racial nazista(1933-1945).

Entre 1933 e 1945 os Sinti e os Roma("Ciganos")sofreram extretamente como vítimas da perseguição nazista e genocídio. Reforçando(Construindo/Construção)um preconceito de longa data, o regime nazista via os Ciganos ambos como "anti-sociais"(fora dos padrões de uma sociedade "normal) e como "inferiores" racialmente--acreditavam que ameaçavam a pureza e a força biológica da raça "Superior Ariana". Durante a Segunda Guerra Mundial, os Nazis e seus colaboradores assassinaram dezenas de milhares de homens Sinti e Roma(romenos?), mulheres, e crianças através da ocupação alemã na Europa.

Por séculos os Europeus consideravam os Ciganos como párias sociais - pessoas de aparência estrangeira, lingua, e costumes. Na Alemanha moderna, a perseguição dos Sinti e dos Roma(romenos?) precedeu o regime nazista. Mesmo que os Ciganos possuíssem direitos completos e iguais como cidadãos sob o Artigo 109 da Constituição de Weimar, eles eram sujeitos a leis "especiais" e discriminatórias. Uma Lei bávara de 16 de Julho, de 1926, esboçou medidas para "Combater Ciganos, Vagabundos e trabalhos estranhos" e requeriu o registro sistemático de todos os Sinti e Roma. A lei proibia os Cifanos de "andar em bandos", e aqueles "(Ciganos)incapazes de provar que estavam empregados regularmente" eram arriscados a serem enviandos para trabalho forçado por até dois anos. Esta lei tornou-se uma norma nacional em 1929."

Quando Hitler chegou ao poder em 1933, leis anti-Ciganos continuaram tendo efeito. Logo que o regime introduziu outras leis afetando os Sinti e Roma alemães, como os Nazis imediatamente começaram a implementar sa visão de uma Nova Alemanha - um daquelas colocava "Arianos" no topo da hierárquia de raças e ranqueava Judeus, Ciganos, e negros como raças inferiores. Sob a "Lei para a Prevenção da Prole com Defeitos Hereditários", em Julho de 1933, médicos estelerizaram contra suas vontades um número desconhecido de Ciganos, meio-Ciganos(mestiços), e Ciganos de casamentos mistos. Similarmente, sob a "Lei contra os Criminosos Habituais Perigosos" de Novembro de 1933, a polícia prendeu muitos Ciganos junto com outros que os Nazis viam como "anti-sociais"--prostitutas, pedintes(mendigos), alcoólatras, e os desocupados desabrigados(sem casa)--e os aprisionou em campos de concentração.

As leis raciais de Nuremberg de 15 de Setembro, de 1935, ("Lei para a Proteção da Honra e do Sangue Alemão" e a "Lei dos Cidadãos do Reich)não mencionavam explicitamente os Ciganos, mas em comentários interpretando estas leis, Ciganos eram incluídos, juntos com os Judeus e "Negros", como minorias "racialmente distintas" com "sangue estrangeiro". Como resultado disto, seus casamentos com "Arianos" eram proibidos. Como os Judeus, os Ciganos também foram privados de seus direitos civis.

Em Junho de 1936, um Escritório Central para o "Combate ao Fastídio Cigano" abriu em Munique. Este escritório tornou-se o quartel-general de um bando de dados nacional sobre Ciganos. Também em Junho, parte das diretrizes do Ministério do Interior para o "Combate do Fastídio/Incômodo Cigano" autorizou a política de Berlim a conduzir batidas contra os Ciganos de modo que não estragassem a imagem da cidade, que era anfitriã dos Jogos Olímpicos de Verão(Olimpíadas). Naquele mês de Julho, a polícia prendeu 600 Ciganos e os trouxeram, em 130 caravanas, a um novo e especial campo de internamento Cigano(Zigeunerlager)estabelecido próximo a uma descarga de águas residuais(esgoto) e de um cemitério no subúrbio de Marzahan em Berlim. O campo tinha apenas três bombas d'água e dois banheiros; naquela superpopulação e falta de condições sanitárias, as infermidades contagiosas proliferaram. A polícia e seus cães de guardavam o campo. Similares campos para Ciganos apareceram também no ano de 1939, em iniciativa dos governos municipais e coordenados por um Conselho de Cidades(que reportavam ao Ministério do Interior), em Cologne, Düsseldorf, Essen, Frankfurt, Hamburgo, e outras cidades alemães.

Depois da Alemanha incorporar a Áustria ao Reich em março de 1938, o regime aplicou as leis de Nuremberg aos Ciganos da Áustria. Dois campos especiais de confinamento abriram, um para 80 a 400 ciganos, em Salzburgo, e Outubro de 1939, e um segundo, em Novembro de 1940 para 4 mil ciganos em Lackenback, no Burgerland, no estado austríaco oriental que faz fronteira com a Hungria. As condições em Lackenback, que durou até o fim da guerra, eram particularmente atrozes, e muitos indivíduos pereceram ali. Ambos os campos confinaram os ciganos austríacos para o registro policial e trabalhos forçados e serviram como campos de concentração do conjunto.

Um decreto de 1937 relativo a “prevenção de crimes” forneceu um pretexto para realização de mais detenções de ciganos. Em junho de 1938, mil ciganos alemães e austríacos foram deportados para campos de concentração em Buchenwald, Dachau, Sachsenhausen, e Lichtenburg (um campo para mulheres). Um ano mais tarde, outros milhares de ciganos da Alemanha e da Áustria foram internados nos campos de concentração de Mauthausen, Ravensbrück, Dachau, e Buchenwald. Nestes campos, os prisioneiros utilizavam identificações de várias cores e formas, que permitiam aos guardas e oficiais dos campos os classificarem por categorias. Os ciganos utilizavam um triângulo preto costurado ao uniforme, o símbolo para "associais", ou verdes, o símbolo para criminosos comuns, e algumas vezes a letra "Z".

Dr. Robert Ritter, um psiquiatra que coordenava pesquisas genéticas e genealógicas em ciganos, desempenhou um papel primordial na identificação de ciganos Sinti e Romani para serem detidos pela polícia. Em 1936, Ritter tornou-se o responsável por uma unidade de pesquisas dentro do Ministério da Saúde e mais tarde no Escritório Central da Polícia (Central Police Office). Ritter e seus assistentes, em colaboração com a Polícia Criminal (Unidade de Investigação) e a seção de “Combate à Moléstia Cigana”, mudaram-se para Berlim em maio de 1938, para localizar e classificar por grupo étnico todos os ciganos na Alemanha e Áustria.

Foi provavelmente à “pesquisa étnico-biológica” de Ritter que o líder das SS Heinrich Himmler fez referência em sua circular sobre o "Combate à Moléstia Cigana" de dezembro de 1938, recomendando "a resolução da questão cigana baseada na sua natureza essencialmente racial". Ele ordenou o registro de todos os ciganos no Reich com idade acima de seis anos e sua classificação em três grupos raciais: Ciganos, Meio-Ciganos ("Mischlinge"), e pessoas com comportamento nômade de ciganos. Himmler, que supervisionava o imenso império de segurança que incluía a Polícia Criminal (Gestapo), afirmou que “o objetivo das medidas adotadas pelo Estado é defender a homogeneidade da nação alemã”, incluindo a “separação física do grupo cigano da nação alemã”.

As crianças Sinti e Romani também eram vítimas, confinadas com suas famílias em campos municipais e examinadas e classificadas por cientistas raciais. Entre 1933 e 1939, autoridades retiraram crianças de suas famílias e levadas para casas especiais para crianças que funcionavam como internatos do Estado. Alunos ciganos que faltassem às aulas eram tidos como delinqüentes e mandados para escolas juvenis especiais; os que não conseguiam falar alemão eram considerados incapazes e enviados para “escolas especiais” para os deficientes mentais. Como as crianças judias, meninos e meninas ciganos eram vítimas de insultos e provocações de colegas de escola, até que, em março de 1941, o regime excluiu todos os ciganos das escolas públicas.

Como no caso dos judeus, o início da guerra em setembro de 1939 intensificou a política do regime nazista voltada para os ciganos. Em 21 de setembro de 1939, uma conferência sobre a política racial presidida por Reinhard Heydrich, chefe do Escritório Central de Segurança do Reich em Berlim, discutiu a remoção de trinta mil ciganos alemães e austríacos para a Polônia ocupada, junto com a deportação de judeus. A “recolonização para o Leste” seguida pelo extermínio em massa de ciganos sinti e romani foi correlata à deportação e assassinato em massa de judeus. As deportações de ciganos alemães – homens, mulheres e até crianças – começou em maio de 1940 quando 2.800 ciganos foram deportados para o gueto de Lodz e de lá para Chelmno, onde foram dentre os primeiros a serem mortos por gaseamento em unidades móveis de veículos utilitários em um período entre dezembro de 1941 e janeiro de 1942. De forma similar, no verão de 1942, ciganos alemães e poloneses do gueto de Varsóvia foram deportados para Treblinka, onde foram mortos nas câmaras de gás. Ciganos alemães também foram deportados para guetos em Bialystok, Cracóvia e Radom.

Durante a guerra, alguns pequenas diferenças de opinião surgiam dentro do alto escalão do governo em relação à “Solução Final da Questão Cigana”. Himmler acalentava a idéia de preservar um pequeno grupo de ciganos “puros” para estudos étnicos destes “inimigos do Estado” raciais, mas o regime rejeitou a idéia. Em um decreto datado de 16 de dezembro de 1942, Himmler ordenou a deportação de ciganos e meio-ciganos para Auschwitz-Birkenau. Pelo menos vinte e três mil ciganos foram mandados para lá, o primeiro grupo a chegar da Alemanha em fevereiro de 1943. A grande parte dos ciganos em Auschwitz-Birkenau eram da Alemanha e de territórios anexados ao Reich, tal como a Boêmia e Moravia. A Polícia também deportou pequenos contingentes de ciganos da Polônia, Hungria, Iugoslávia, França, Bélgica, dos Países Baixos e da Noruega.

Em Auschwitz-Birkenau, os oficiais destinaram um “Campo para Famílias Ciganas” para os ciganos da Seção B-IIe de Birkenau. Dos barracões de madeira, as câmaras de gás e os crematórios eram claramente visíveis. Durante os dezessete meses de existência do campo, a maioria dos ciganos levados a este campo morreram. Eles eram mortos nas câmaras e gás ou morriam de inanição, exaustão pelo trabalho pesado, e doenças (dentre as quais tifo, varíola e uma doença rara chamada Noma[http://www.ibemol.com.br/jaoc2003/59.asp]). Outros, inclusive muitas crianças, morreram como resultado de diversas experiências médicas cruéis feitas pelo Dr. Josef Mengele e outros médicos SS. O campo cigano foi liquidado na noite entre 02 e 03 de agosto de 1944, quando 2.897 ciganos sinti e romani foram mortos nas câmaras de gás. Os restantes 1.400 homens e mulheres foram transferidos para os campos de concentração de Buchenwald and Ravensbruck, destinados ao trabalho forçado.

Depois da Alemanha invadir a União Soviética em junho de 1941, esquadrões especiais da SS (Einsatzgruppen) e unidades regulares do Exército e Polícia começaram a fuzilar ciganos na Rússia, Polônia e nos Bálcãs, ao mesmo tempo que exterminavam judeus e líderes comunistas. Acredita-se que milhares de homens, mulheres e crianças ciganos tenham sido mortos nestas ações, geralmente executadas sob o pretexto de que as vítimas eram "espiãs".

Na Europa ocidental e do sul, o destino dos ciganos Sinti e Romani foi diferente em cada país, dependendo de circunstâncias locais. Por toda a Europa ocupada, ciganos, assim como judeus, foram detidos, mortos, deportados para campos na Alemanha e no Leste Europeu. O regime colaboracionista de Vichy, na França, internou trinta mil ciganos, muitos dos quais foram deportados posteriormente para Dachau, Ravensbruck, Buchenwald e outros campos. Na Croácia, membros locais do movimento facista Ustasha mataram milhares de ciganos, juntamente com sérvios e judeus. Na Romênia, em 1942, milhares de ciganos e judeus foram expulsos para Transnistria (oeste de Ucrânia) onde a grande parte dos deportados morreram de doença, desnutrição e tratamento cruel. Na Sérvia, no outono de 1941, destacamentos de atiradores do exército alemão exterminaram quase toda a população, ao lado de judeus predominantemente adultos, em retaliação a soldados mortos pelo movimento de resistência sérvio. Na Hungria, alemães e colaboradores húngaros começaram a deportação de ciganos em outubro de 1944.

A imprecisão quanto à quantidade pré-Holocausto de ciganos Sinti e Romani e a escassez de pesquisas, especialmente sobre o seu destino fora da Alemanha durante o holocausto, tornaram difícil estimar o número e porcentagem de mortos. Estimativas acadêmicas de mortes pelo genocídio Sinti e Romani variam entre 220.000 e 500.000.

Depois da guerra, a discriminação contra ciganos na Europa continuou. Na Alemanha Ocidental, os tribunais concordaram em indenizar o grupo Sinti e Romani pela perseguição racial apenas para deportações que ocorreram de 1943 até o fim da guerra. Eles não retroagiram a decisão para 1938 até a década de 1960. Hoje, com a ascensão de um nacionalismo estridente em muitos dos países do Leste Europeu e desemprego por toda a Europa, os ciganos Sinti e Romani continuam a enfrentar preconceito disseminado na população e discriminação oficial.

Fonte: Sinti & Roma: Victims of the Nazi Era, 1933-1945 (publicado pelo Museu do Holocausto dos EUA, USHMM. Usado com permissão.)/Site "A Teacher's Guide to the Holocaust"
http://fcit.coedu.usf.edu/holocaust/people/USHMMROM.HTM
Tradução: Marcelo H., Roberto Lucena
Com exceção dos quadros cinzas da página ("Who Were the "Gypsies?" e "Dr. Robert Ritter: Racial Science and "Gypsies"").

Quadros cinzas (canto direito da página original do texto):
Quem eram os "ciganos"?
Robert Ritter: ciência racial e "ciganos"

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