Trata-se da autora do livro "Misha: uma memória dos anos do Holocausto", que conta a história de uma garota judia que foi criada por uma manada de lobos e matou um soldado nazi durante a Segunda Guerra Mundial.
Um tribunal de apelação de Massachusetts (noroeste dos Estados Unidos) ordenou à autora de uma autobiografia sobre o Holocausto que se converteu em bestseller mundial a devolver 22,5 milhões de dólares a seu editor, após a mulher admitir que inventou a história.
Trata-se da escritora belga residente nos Estados Unidos, Misha Defonseca, autora do livro "Misha: uma memória dos anos do Holocausto", publicado em 1997 e no qual conta a história de uma garota judia que, entre outras coisas, foi criada por uma manada de lobos e matou um soldado nazi na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A sentença do tribunal de apelações de Massachusetts foi emitido no último 29 de abril e leva a assinatura do magistrado Marc Kantrowicz, segundo uma cópia publicada na Courthouse News Service.
A autobiografia de Defonseca havia se convertido de maneira instantânea num sucesso na Europa e foi traduzida para vários idiomas, dando origem além disso a um filme "Sobrevivendo com lobos" (2007).
Contudo, em fevereiro de 2008 Defonseca, cujo verdadeiro nome é Monique de Wael, admitiu que muitas das coisas escritas eram falsas, começando pelo fato de que não era judia senão católica e que nunca abandonou sua casa na Bélgica durante a guerra, ainda que se amparou assegurando que foi seu modo de sobreviver à tragédia experimentada.
"Este livro, esta história, é minha. Não é a realidade real, mas foi minha realidade, minha maneira de sobreviver", havia dito em 2008.
A saga judicial nos Estados Unidos começou com uma apresentação da própria Defonseca e uma pessoa que deveria ajudá-la a escrever a versão em inglês, Vera Lee, a quem denunciaram à editora Mt. Ivy Press L.P. por não cumprimento de contrato.
Uma primeira sentença favorável a Defonseca e Lee outorgou 22,5 milhões de dólares à belga e 9,9 milhões a Lee.
Depois da apelação a editora, o caso passou para segunda instância, onde se reverteu a sentença a favor de Defonseca declarando sua nulidade.
A escritora belga recorreu por sua vez desta sentença ante o tribunal de apelações, que resolveu manter a decisão de anular a primeira sentença.
"O presente caso é único. A falsidade da história não tem discussão", indicou o juiz Kantrowitz em sua ordem de 29 de abril.
"Não opinamos sobre se é 'razoável' a crença de Defonseca na veracidade de sua história", precisou o juiz ,alegando contudo que "a introdução da prova dos fatos atuais de sua história no processo poderia haver feito uma diferença significava nas deliberações do júri".
"Esperamos que a saga tenha chegado a um final", conclui a sentença de nove páginas.
Fonte: Latercera (Espanha)
http://www.latercera.com/noticia/mundo/2014/05/678-577791-9-mujer-que-invento-memorias-del-holocausto-condenada-a-devolver-mas-de-us-22.shtml
Tradução: Roberto Lucena
Comentário: eu havia pensado que era a mesma notícia antiga quando saiu esse caso antes, mas notícia é nova, recente, sobre a penalização dela, notícia que não foi possível colocar na época. Houve também outro caso conhecido de fraude que repercutiu na imprensa, confiram no link (Livro que conta história falsa sobre o Holocausto causa polêmica nos EUA).
Li que no post do link acima tem um texto da Lipstadt (historiadora), como link, onde ela fala do problema que esse tipo de relato falso provoca, afirmando que é mais danoso que os próprios "revisionistas", no que concordo com ela.
Impressiona que esse livro ainda está sendo vendido na Amazon sem qualquer problema ou aviso de que se trata de uma fraude, aliás, a Amazon também vende livros negacionistas e outras porcarias do tipo, com pessoas atenuando a má conduta dessa pessoa ao invés de rechaçar. Qual é o imbecil que dá cinco estrelas a uma fraude? Ocorreu o mesmo com o livro do Rosenblat (link acima).
Esse é o outro lado do problema que o filossemitismo causa (eu abordei o problema aqui), pois o relato dela já soa como mentiroso pois parece adaptação da história de Mogli, o menino lobo (saiu como animação e filme). Uma pessoa não seria criada por lobos no meio de uma guerra, não sei como essas editoras não pedem uma perícia (análise de algum historiador etc) antes de publicar esse tipo de livro, evitaria coisas como o caso descrito acima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário