Chefe ferroviário alemão acende demonstrações de raiva sobre recusa de permitir fotografias e papéis/cartazes a serem exibidos em estações
Claudia Keller
Domingo, 12 de Novembro, 2006
The Observer
"Era a primeira viagem dela em trem, e ela nunca esqueceria disso. Homens alemães das SS estavam gritando do lado de fora, e os vagões de rebanho tinham assoalhos de mandeira desencapados ao invés de assentos, com raias de observação ao invés de janelas. Edith Erbrich relembra como um homem das SS ordenou a seu pai para subir ela e sua irmã por causa de sua mãe, em pé de fora do trem, queria vê-la mais uma vez. 'Meu pai disse a nós que mamãe não podia juntar-se a gente, ela tem que tomar conta da casa,' disse ela.
Erbrich era sete anos mais velho quando ela, sua irmã e seu pai foram deportados pelos Nazistas para o campo de concentração em Theresienstadt, Tchecoslováquia. Ela sobreviveu. Algumas 11,000 outras crianças judias morreram. Agora a nova exibição sobre a fatalidade deles tem acendido uma extraordinária e amarga disputa entre o governo Alemão e a malha ferroviária nacional de propriedade do governo.
A exibição, que uniu os militantes anti-Nazi Beate e Serge Klarsfeld, foi inspirada por histórias como a de Erbrich e já foi mostrada em 18 estações ferroviárias francesas. Agora o casal quer mostrar isso nas estações de trem que cruzam a Alemanha, mas Hartmut Mehdorn, o chefe executivo da 'Deutsche Bahn', ferrovia nacional, tem recusado.
Estações de trem não são o lugar apropriado para uma exibição de um assunto tão sério,' disse Mehdorn. 'Elas são aglomeradas em demasia, as pessoas estão apressadas em demasia pra se concentrarem. Táticas do "Cause choque e deixe-ir" não funcionam mais.' Ele reivindicou que era um risco de segurança e que neo-Nazis poderiam tentar por isso abaixo e adicionou: 'Nós na Deutsche Bahn não precisamos de uma nova exibição. Nós já temos uma no museu nacional ferroviário em Nuremberg.'"
Serge Klarsfeld defendeu sua exibição: 'O alvo disso não é trancar o passado acima num museu, mas para confrontar as pessoas em público com isso. Na França mais de 100,000 pessoas viram a exibição. Todos eles foram respeitosos; não houve nenhum problema de segurança em todas as estações.
O caso está causando uma tempestade política na Alemanha. O ministro dos tranportes o Social-Democrata Wolfgang Tiefensee e políticos de outros partidos apoiaram Klarsfelds. O 'Nacional-Socialismo foi uma ditadura que foi jogada pra fora da vida diária e aquilo foi extraído da vida diária,' disse Tiefensee.
Ele advertiu Mehdorn a não dar a impressão que a 'Deutsche Bahn' estava tentando manter o objeto longe do público mais amplo e adicionou que ele havia dado permissão pra mostrar uma exibição on press pictures de zonas de guerra de todo o mundo, que também era um 'sério assunto'.
Políticos do Partido Verde reivindicaram semana passada que issue da exibição devia ser discutido no parlamento caso a 'Deutsche Bahn' continuasse a se recusar a permitir a exibição.
Tiefensee tem agora pedido ao historiador Jan Philipp Reemtsma a desenvolver uma versão alemão do projeto de Klarsfelds que foque mais atenção as crianças judias alemãs que foram deportadas. Reemtsma, que previamente causou uma controvérsia com uma exibição de como o exército alemão, a 'Wehrmacht', esteve envolvido no Holocausto, aceitou, na condição que sua exibição seria apresentada nas estações.
Entretanto, Edith Erbrich e outros sobreviventes do Holocausto começaram uma iniciativa para incitar a 'Deutsche Bahn' a liberar a exibição para irem em frente como planejado e organizar demonstrações em várias cidades através da Alemanha. Erbrich, agora com 69 anos, está determinada a continuar com o caso. "Não estou fazendo isso para meu benefício," disse ela. "Eu estou fazendo isso por aqueles que não puderam fazer isso de outra forma."
Fonte: The Observer/Guardian Unlimited(Inglaterra, 12.11.2006)
http://arts.guardian.co.uk/news/story/0,,1945833,00.html
Tradução: Roberto Lucena