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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Criminosos nazistas receberam pensão do governo dos EUA

Martin Hartmann é um dos que deixaram os EUA
e podem ainda estar recebendo pensão
O governo dos Estados Unidos pagou milhões de dólares em pensões a dezenas de suspeitos de serem criminosos de guerra nazistas, após forçá-los a deixar o país, segundo investigação da agência Associated Press.

Os pagamentos foram realizados graças a uma brecha legal. Alguns dos suspeitos recebem pensão até hoje.

Entre eles estão pessoas suspeitas de terem atuado como guardas em campos de concentração nazistas.

O Departamento de Justiça dos EUA afirma que os benefícios são pagos a indivíduos que renunciam à cidadania americana e deixam o país voluntariamente. Mas o fato de dinheiro público ter sido usado para isso tem causado protestos.

A congressista democrata Carolyn Maloney, que integra um comitê de reforma governamental, pediu que o caso seja investigado, por se tratar de um "mau uso grosseiro de dinheiro dos contribuintes", e que essa brecha legal seja corrigida por novas leis.

Suspeitos

Departamento de Justiça diz que benefício é pago a
indivíduos que renunciam à cidadania americana;
acima, Jakob Denzinger
Acredita-se que quatro suspeitos de crimes durante a 2ª Guerra Mundial ainda estejam recebendo o benefício previdenciário. Um deles é um ex-guarda da SS (organização nazista que atuava como serviço de inteligência e protegia os campos de concentração) Martin Hartmann, que já admitiu seu passado nazista; o outro é Jakob Denzinger, ex-segurança do campo de Auschwitz.

Há relatos de que Hartmann tenha se mudado para Berlim em 2007, depois de ter morado no Estado americano do Arizona, e de que Denzinger tenha trocado Ohio pela Alemanha em 1989. Hoje ele vive na Croácia.

O pagamento de pensões supostamente permite que o Escritório de Investigações Especiais do Departamento de Justiça evite longos processos de deportação e expulse mais suspeitos nazistas dos EUA.

Segundo a investigação da AP, ao menos 38 de 66 suspeitos nazistas que deixaram os EUA continuaram recebendo o pagamento de pensões.

Em comunicado, o porta-voz do Departamento de Justiça, Peter Carr, disse que em 1979 o Congresso dos EUA ordenou a expulsão de criminosos nazistas "o mais rápido possível" para países onde eles pudessem ser processados criminalmente.

"Sob as leis existentes nos EUA, todos os benefícios de aposentadoria são extintos se alguém é expulso do país por ordem judicial", declarou. "No entanto, se um indivíduo renuncia à cidadania americana e deixa o país voluntariamente, eles podem continuar a receber os benefícios de seguridade social."

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141020_nazistas_eua_pensao_pai.shtml

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Coleção de arte nazista contém obras-primas até então desconhecidas

Atualizado em 5 de novembro, 2013 - 13:27 (Brasília) 15:27 GMT
Reprodução de obra de Chagall (AP)

Quadros foram encontrados durante investigação de evasão fiscal
Obras até então desconhecidas de grandes pintores estão entre as cerca de 1,4 mil peças encontradas em uma valiosa coleção de arte que havia sido confiscada pelos nazistas, anunciaram autoridades alemãs.

A coleção foi encontrada em Munique, em 2012, durante uma investigação de evasão fiscal por parte de autoridades alemãs. Mas o caso só veio a público agora em uma reportagem na revista alemã Focus.

Um curador que está analisando a coleção - com quadros que se supõe terem sido confiscada de instituições e colecionadores judeus durante o nazismo - disse à BBC que o catálogo inclui obras que se pensava que estavam destruídas e outras cuja existência era desconhecida.

Entre elas estão quadros não registrados de artistas como Marc Chagall, Otto Dix, Max Liebermann e Henri Matisse.

Há também obras de Pablo Picasso, Henri de Toulouse-Lautrec e Gustave Courbet.

Com base nisso, historiadores da arte de todo o mundo estão preparando adendos a biografias de diversos artistas modernistas.

Por sua vez, promotores afirmam que ainda estão tentando identificar a quem as obras pertenciam originalmente.

Segredos

O editor de artes da BBC, Will Gompertz, ressalta, porém, que há frustração no meio artístico com a falta de informações fornecidas pelas autoridades alemãs a respeito da coleção - dos cerca de 1,4 mil quadros encontrados, só foram dados detalhes de dois deles.

O caso todo está envolto em sigilo. O catálogo inteiro não será postado online, e pessoas que achem que suas famílias podem ser as donas originais das obras devem tomar a iniciativa de buscar as autoridades.

Questionada em entrevista coletiva o porquê da demora em trazer o assunto a público, a Promotoria alemã afirmou que teria sido "contraproducente" divulgar o caso e que mantém informações em segredo por motivos "práticos e legais".

Investigadores dizem ter "provas concretas" de que ao menos parte da coleção fora tomada pelos nazistas de seus donos originais ou foram consideradas "degeneradas" pelo regime.

Reinhard Nemetz, chefe da Promotoria de Augsburg, disse que a coleção - com 121 quadros emoldurados e outros 1.258 sem moldura - foi encontrada no apartamento de um homem chamado Cornelius Gurlitt, investigado por evasão fiscal.
Obras descobertas do artista Otto Dix (Reuters)

Autoridades alemãs foram criticadas
pela demora em revelar a descoberta
Segundo a Focus, Gurlitt é filho de um colecionador de arte que teria sido recrutado pelos nazistas para vender obras confiscadas no exterior. Depois da Segunda Guerra Mundial, o colecionador alegou que sua coleção fora destruída durante um bombardeio.

Um conhecido dele disse que Gurlitt herdou a coleção após a morte de sua mãe, ainda que aparentemente não a tenha declarado. Ele teria se tornado um recluso mercador de arte em Munique, que vendia os quadros quando precisava de dinheiro. Seu paradeiro é desconhecido e não se sabe ainda se ele sequer cometeu algum crime.

O que se sabe é que estava em posse de uma coleção estimada em 1 bilhão de euros (mais de R$ 3 bilhões).

'Qualidade excepcional'

Representantes de associações judaicas questionaram a demora da Alemanha em revelar a coleção e fizeram um apelo para que ela seja devolvida a seus donos originais - alegando que coleções privadas de arte do Terceiro Reich eram em sua maioria de posse de judeus.

Mas alguns leiloeiros argumentaram que pelo menos parte da coleção recém-descoberta foi comprada pelo pai de Gurlitt por preços irrisórios, em 1938, de uma outra coleção, de obras em posse do governo.

O especialista em arte Meike Hoffmann disse que algumas das obras da coleção estão sujas, mas não danificadas.

"Os quadros são de qualidade excepcional e têm valor muito especial para especialistas", diz ele. "Muitos sequer eram conhecidos até agora."

Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/11/131105_colecao_arte_nazista_pai.shtml

Ver mais:
http://www.dgabc.com.br/Noticia/492579/alemanha-colecao-inclui-obras-de-arte-desconhecidas?referencia=minuto-a-minuto-topo (Dgabc, Brasil)
http://www.dw.de/tesouro-de-munique-inclui-obras-de-arte-in%C3%A9ditas/a-17206936 (DW, Alemanha)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O exército de mulheres de Hitler (livro)

Um livro documenta a participação ativa e frequentemente entusiasta das alemãs no maquinário assassino do regime nazi
07.10.13 - 00:57 - ANTONIO PANIAGUA | MADRID.
Erna Petri matou seis garotos judias com entre 6 e 12 anos com disparos na nuca na Polônia
A maioria das nazis levaram uma vida
normal uma vez acabada a guerra. /E. C.
Durante o Terceiro Reich as mulheres não se limitaram a servir como conforto para os soldados alemães. Seu papel no maquinário de destruição de Hitler não é muito menos anedótico. Algumas delas empunharam pistolas para aniquilar judeus. A fronteira entre o lar e a frente de batalha era mais que difusa. Consentiram com o genocídio e foram parte ativa do extermínio.

A historiadora estadunidense Wendy Lower revela, sem pôr panos quentes nas atrocidades, a complexidade de grande parte da população feminina nos crimes dos nazis e sua cooperação na hora de enviar às câmaras de gás jovens "racialmente degenerados". No livro 'Arpías de Hitler' (Harpias de Hitler, tradução livre do título em espanhol, título em inglês: Hitler's Furies: German Women in the Nazi Killing Fields (Crítica), a pesquisadora do Holocausto sublinha que as primeiras matanças massivas foram protagonizadas pelas enfermeiras nos hospitais assassinando crianças por inanição (fome), com drogas ou injeções letais.

Durante a guerra, as alemãs romperam o cerco que as confinava a sustentar lares sem pai, granjas e negócios familiares. Pouco a pouco sua presença foi mais além dos trabalhos administrativos e trabalhos agrícolas. À medida que a engrenagem do terror ia se estendendo, foram dados as mulheres trabalhos de vigilância nos campos de concentração. Nos territórios do Leste do Terceiro Reich, onde foram deportados um número sem-fim de judeus para ser gaseados e onde ocorreram os crimes mais execráveis, as alemãs encontraram novas ocupações. "Para as jovens ambiciosas, as possibilidades de ascensão social se multiplicavam com a emergência do novo império nazi", afirma Lower.

Parteiras infanticidas

Obviamente que não se pode fazer generalizações. Contudo, a historiadora maneja um argumento irrebatível: um terço da população feminina, ou seja, treze milhões de mulheres, militaram na organização do Partido Nazi. Por acréscimo, em fins da guerra, uma décima parte do pessoal dos campos de concentração era formado por mulheres. Ao menos 35.000 delas foram instruídas para ser guardas de campos da morte, sobretudo em Ravensbrück, de onde foram destinadas a outros como Stutthof, Auschwitz-Birkenau e Majdanek.

Hitler havia proclamado que o lugar da mulher se encontrava no lar e também no movimento. Arguia que uma mãe de cinco filhos sãos e bem educados fazia mais pelo regime que uma advogada. Não é estranho que nessa época o ofício de parteira gozou de um prestígio e auge até então desconhecidos.

Não menos importante era a profissão de enfermeira, curiosamente a ocupação mais letal com diferencia. Os barbitúricos, a morfina e a agulha hipodérmica foram postas a serviço da eugenia, par a desgraça de crianças com malformações e adolescentes com taras. O programa de 'eutanásia' do Reich empregou as parteiras e o pessoal sanitário feminino. "Com o tempo, essas profissionais chegariam a matar mais de duzentas mil pessoas na Alemanha, Áustria e nos territórios fronteiriços com a Polônia ocupada e anexada ao Reich, assim como na Tchecoslováquia", aponta Lower.

Em que pese a sua implicação no sistema, a maioria das mulheres que participaram do Holocausto seguiram tranquilamente com suas vidas uma vez acabada a guerra. Uma das poucas que desfrutou do cumprimento de seu caso foi Erna Petri. Esta mulher, casada com um alto oficial da SS, liquidou seis garotos judeus entre seis e doze anos com disparos na nuca na Polônia e foi condenada a prisão perpétua. Nem reabilitada e nem indultada, ela saiu da prisão em 1992 por motivos de saúde.

Depois da guerra, a atitude que adotaram as mulheres foi o silêncio, fruto da dor e do medo. Contudo, as cúmplices do nazismo não podiam invocar ignorância dos acontecimentos. A proporção de mulheres que chegaram a trabalhas em escritórios da Gestapo em Viena e Berlim chegou a 40% em fins da guerra. Poucas mulheres sentaram no banco dos réus. Há exceções como a doutora Herta Oberheuser, que mesmo condenada a 22 anos por seus cruéis experimentos médicos, cumpriu só sete anos e se reincorporou à medicina como pediatra.

Fonte: El Correo
http://www.elcorreo.com/alava/v/20131007/cultura/ejercito-mujeres-hitler-20131007.html
Tradução: Roberto Lucena

Ver a outra resenha do livro:
Enfermeiras de dia, nazis e assassinas à noite (livro de Wendy Lower)

sábado, 21 de setembro de 2013

Uma matança nazi com 24 vítimas republicanas (França)

A divisão SS Das Reich assassinou em junho de 1944 a 640 habitantes da população francesa de Oradour-sur-Glane (Limousin). Apesar das múltiplas homenagens recebidas pela República francesa nenhuma autoridade espanhola honrou as vítimas republicanas

ALEJANDRO TORRÚS Madrid 15/09/2013 11:08 Atualizado: 15/09/2013 11:18

FORO POR LA MEMORIA DE GUADALAJARA
Em 10 de junho de 1944, a companhia de granadeiros panzer, integrada dentro da divisão SS Das Reich chegaram ao pequeno povoado francês de Oradour-sur-Glane (Limousin). A unidade, que acaba de combater na frente Leste na II Guerra Mundial, tinha que se dirigir agora pro norte do país para lutar nas praias da Normandia. As ordens eram implacáveis. Nada nem ninguém podia se interpôr em seu caminho. Praticamente os 640 habitantes desta pequena localidade da campina francesa foram assassinados. Entre eles, 24 exilados da República espanhola.

"Aquele foi um massacre completamente absurdo. Os "historiadores" negacionistas querem fazer crer que eram represálias em razão dos explosivos, mas foi intimidação pura. Queriam subir rápido para ajudar na batalha da Normandia e no caminho cometeram uma autêntica violação dos direitos humanos", explica ao jornal Público Jean-Louis Schmitt-Perrin, membro do Ateneu Republicano de Limousin.

Concretamente chegaram 287 membros da SS a bordo de seus veículos blindados. Logo após chegarem estabeleceram um cordão ao redor da localidade e se reuniram com o prefeito. O pretexto é que o povo tinha um depósito de armas da resistência francesa e portanto fariam um registro. As mulheres e crianças, em torno de 450, foram trancados na Igreja, e amontoados. Os homens foram divididos em grupos e foram assassinados com armas automáticas. Os cadáveres foram molhados com gasolina e as casas arrasadas com granadas.

"Ao ouvir os disparos os pais de algumas crianças da escola da comarca correram até o povoado para ver o que se passava. Os soldados os deixaram passar e uma vez dentro os assassinaram a todos também. Segundo testemunhos de povoados vizinhos, houve soldados que negaram a entrada aos pais e lhes explicaram que se entrassem iriam morrer", prossegue Schmitt-Perrin

Os ruídos e o cheiro do massacre começaram a chegar à igreja, onde permaneceram as mulheres e as crianças. O pânico proliferou e começaram as tentativas de fuga. Mas ninguém podia escapar com vida. Eram as ordens. Os soldados dispararam através das portas e lançaram várias bombas que terminariam por aniquilar as mulheres e crianças.

"No dia seguinte apareceram corpos de bebês colocados no interior do confessionário, onde suas mães lhes havia tentando esconder de maneira desesperada", explica. Houve mortes por queimaduras, por desmembramento depois da explosão, por asfixia, por esmagadura ou cozidos literalmente.

Sobreviventes

Só duas mulheres conseguiram escapar da fogueira em que se converteu a igreja. Uma delas, a mais jovem das duas, não pode seguir. Teve as pernas quebradas ao cair e foi assassinada ali mesmo pouco depois; a única sobrevivente foi uma mulher mais velha que havia conseguido saltar e escapar antes que os soldados percebessem sua presença.

No resto do povoado, dos mais de 200 homens, somente seis escaparam com vida, todos eles feridos. Caídos ao chão entre os corpos cravados de bala, conseguiram se afastar do aglomerado de vítimas antes de que o fogo acabasse com eles.

Os republicanos espanhóis e a inexistente homenagem

Entre as 640 vítimas da SS, encontravam-se 25 republicanos espanhóis que haviam encontrado refúgio nesta pequena localidade depois da guerra civil espanhola. A maioria estava instalada no povoado desde 1941, mas também havia outros exilados republicanos espanhóis que formavam parte de um Grupo de Trabalhadores Estrangeiros (GTE). "Esses grupos se compunham de refugiados ou deslocados em idade militar, sujeitos às autoridades de ocupação e que prestavam seus serviços como trabalhadores agrícolas ou locais", explica o jornalista Xulio García Bilbao, que visitou Oradour-sur-Glane neste verão.

As vítimas da tragédia de Oradour-sur-Glane foram homenageadas em diversas ocasiões. De fato, o lugar foi declarado lugar de memória pela República francesa e praticamente todos os presidentes franceses, desde De Gaulle a Hollande, visitaram a localidade para prestar homenagem às vítimas do nazismo. E assim, também visitaram o local diversos chefes de Estado da Alemanha.

Contudo, as vítimas espanholas só receberam uma homenagem. A do governo da República espanhola no exílio que em 1945 instalou na zona uma placa com os nomes dos espanhóis falecidos pelas mãos dos nazistas. Nenhum mandatário da Espanha democrática pós-Franco esteve no lugar.

"Para eles a história é muito simples de se interpretar - lamenta Schmitt-Perrin -, o que aconteceu na Espanha compete só à Espanha e o que aconteceu na França é entre franceses e alemães. Para eles, a explicação da história é muito fácil".

As famílias espanholas

O que segue na continuação é uma lista das famílias espanholas que morreram em Oradour-sur-Glane. Esta informação foi facilitada pelo Foro pela Memória de Guadalajara.

A família Gil Espinosa era formada pelo casal, uma parente da esposa e as duas filhas gêmeas de 14 anos. Eram originários de Alcañiz, onde muito possivelmente participaram na coletivização. Seus nomes e idade: Francisco Gil Egea (cerca de 50 anos), sua esposa Francisca Espinosa (49 anos), sua parente Carmen Espinosa Juanos (30 anos), e as filhas Francisca e Pilar Gil Espinosa (14 anos).

A família Lorente Pardo, mãe e dois filhos, procediam de Barcelona e levavam na França desde o êxodo de 1939; a mãe, Antonia, era de Murcia. Seus nomes: Antonia Pardo (29 anos), Nuria Lorente Pardo (9 anos) e Francisco Lorente Pardo (11 anos).

As irmãs Emilia e Angelina Masachs, de 11 e 8 anos, eram de Sabadell e haviam perdido seus pais; encontravam-se recolhidas pelas outras famílias espanholas.

A família Serrano Pardo estava refazendo sua vida na França. O pai, José Serrano Robles (29 anos) era maestro de escola e havia marchado para o exílio com sua esposa María Pardo. Suas três filhas haviam nascido na França; a pequena Armonía Serrano Pardo (nascida em 4/6/41, quer dizer, que tinha apenas 3 anos) e as gêmeas de 1 ano de idade, Esther e Paquita Serrano Pardo.

A família Téllez Domínguez vinha de Barcelona. O pai, Domingo Téllez (45 anos) era de Saragoça e se encontrava em Oradour com sua esposa María Domínguez (31 anos), e seus filhos Miguel (11 anos), Armonía (8 anos) e o pequeno Liberto, de dois anos, nascido em Oradour.

Por último, também se encontrava a espanhola Carmen Silva, de 39 anos, era de Bilbao e estava casada com o francês Robert Pinede.

*FOTOS: FORO PELA MEMORIA DE GUADALAJARA

Fonte: Publico (Espanha)
http://www.publico.es/468291/una-matanza-nazi-con-24-victimas-republicanas
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sugestão de leitura: o crime metódico, de G. Zastavenko

Capa do livro em português.
Imagem colhida na internet.
Há muito tempo que deveria ter feito esse post mas acabava, ou esquecendo, ou deixando pra depois e nunca fazia, que é sobre um livro chamado "O crime metódico", editado/organizado por G. Zastavenko, que saiu no Brasil com tradução de Zeferino Coelho há várias décadas e não foi relançado.

Vou ficar devendo a fonte da informação e a citação é de cabeça, mas aparentemente o livro original é russo, pois há uma versão em russo desse livro (em cirílico, alfabeto russo) e o editor/organizador aparentemente é russo, só que não há muita informação sobre ele. O livro foi provavelmente traduzido do russo pro francês pois sua edição é antiga e em francês e também muito provavelmente depois a tradução brasileira deve ter sido feita em cima dessa edição em francês. O Daniel tem o livro e pode dar mais informações sobre ele.

Para mais informações, o livro está catalogado no Worldcat e no site idreg no link abaixo (mais detalhadamente), segue o título dele em francês:
Le crime méthodique. Documents eclairant la politique de l'Allemagne nazie en territoire sovietique de 1941 a 1944/ [Documents réunis par: G. Zastavenko .... et al.]

E conforme citei acima (li as 'infos' enquanto escrevia o post), o livro é de 1963 (bem antigo) e foi escrito originalmente em russo (informações no link acima).

Livros como esse não são relançados no Brasil enquanto são lançadas porcarias "revisionistas" como o livro do Suvorov (um "revisonista" russo que tenta florear a imagem de Hitler), The Chief Culprit. Este fórum VNN é um fórum neonazi/racista estrangeiro, coloquei o link dele propositalmente pra mostrar como os "revis" adoram este tipo de livro. E pra me antecipar para evitar ler mais cretinice de "revi", um aviso pros mesmos, poupem-me de bla bla bla (retórica) tentando florear o pilantra do Suvorov, esse cara é um picareta e não a toa é ídolo do credo "revi". Mesmo porque vocês não discutem, só fazem pregação e não sou religioso.

Mas deixando esses pontos divergentes de lado, a sugestão é pra quem não tenha ouvido falar no livro ler os trechos do livro colocados no blog do Daniel, Avidanofront, que tem vários posts com trechos importantes do livro que é farto em documentação, clique no link e confira: http://avidanofront.blogspot.com.br/search?q=crime+met%C3%B3dico

A sugestão também vai pros revimanés (vulgo "revis" ou negacionistas), para ao invés de lerem besteira em sites antissemitas/neofascistas que negam o Holocausto (pra reforçar suas crenças paranoides), lerem um livro de verdade sobre segunda guerra.

sábado, 15 de junho de 2013

Dzankoi, Crimeia (Einsatzgruppen)

Uma ordem para liquidar o campo judaico em Dzankoi [Dzankoy] foi documentado pelo comando traseiro do 11º Exército em 1 de janeiro de 1942. É preservada como NOKW-1866 e afirma que devido a "fome e a eclosão iminente de epidemias", o campo "deve, portanto, ser liquidado". Arad cita o documento no livro "The Holocaust in the Soviet Union" (O Holocausto na União Soviética), pág. 208. É mais uma evidência de que o 11º Exército na Crimeia estava envolvido na liquidação dos judeus.

Nos meses seguintes desta liquidação, outros judeus foram executados nas proximidades de Dzankoy e Simferopol, conforme documentado no EM 178 aqui.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2013/06/dzankoi-crimea.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Filme: La Rafle (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno. França de Vichy

Crítica do filme. O 'aprisionamento de judeus' na França
'La rafle' (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno
Menemsha Films

(Foto) Mélanie Laurent como enfermeira em um campo de internamento em "La rafle".
Por Jeannette CATSOULIS. Publicado: 15 de novembro de 2012

Um 'monte de lágrimas' relembra a contribuição da França com o Holocausto (não reconhecida pelo governo francês até 1995), "La rafle" ("Amor e Ódio") é um conto bem-intencionado mas dramatizado com pouca habilidade, sobre o aprisionamento de 13.000 judeus parisienses no no verão de 1942.

Abordar o tema a partir de vários pontos de vista - incluindo os de uma enfermeira protestante horrorizada (Mélanie Laurent), um médico judeu cansado (Jean Reno) e os membros de duas famílias judias - a escritora e diretora, Rose Bosch, provoca atuações comprometidas com o roteiro ao longo de muitas das fissuras do filme. Entre esses, os episódios que mostram a negociação entre funcionários corruptos franceses e seus ocupantes nazistas são especialmente cortantes, e a passagem de cena de fome dos prisioneiros judeus para a festa de aniversário do pródigo Hitler, comandada por uma Eva Braun bêbada, é embaraçosamente pesada.

No entanto, a Sra. Bosch retorce o puro terror do aprisionamento e o subsequente sofrimento dos judeus. Em uma escala épica e minuciosa em detalhes (o roteiro foi baseado em extensa pesquisa feita pela Sra. Bosch e o historiador do Holocausto Serge Klarsfeld), o filme inclui cenas de multidão que se agitam com uma miséria não forçada.

É desnecessário, portanto, retornar tantas vezes ao destino de uma criança de cabelos encaracolados - uma indulgência sentimental que só enfraquece o todo do filme. Seria melhor ter seguido a adolescente judia corajosa (Adèle Exarchopoulos) que trafega através da rede nazista: sua coragem e ação são muito mais atraentes do que uma sala cheia de crianças levadas.

Uma versão desta crítica apareceu na versão impressa em 16 de novembro de 2012, na página C12 da edição do New York Times com a manchete: La Rafle.

Fonte: NY Times
http://movies.nytimes.com/2012/11/16/movies/la-rafle-with-melanie-laurent-and-jean-reno.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: eu assisti o filme e não concordo com o teor da crítica acima, o filme tem uma visão francesa do ocorrido e não uma visão norte-americana, por isso talvez essa crítica ácida acima ao filme por não se enquadrar "facilmente" ao que "críticos" dos EUA esperam desse tipo de filme. Mas por não ter encontrado outra crítica que li sobre o filme pra traduzir, acabei traduzindo essa pra informar sobre o filme "Amor e ódio" (La Rafle) que vale a pena ser assistido. A observação se dá porque muita gente tem acessado o link pra ler algo sobre o filme e não concordo com a crítica acima e não foi possível colocar outra no lugar.

Trailer:

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Argentina: branca, hispânica e católica - Parte 2

Escrito por Ruben Holdorf; 06-Dez-2009

As relações da elite e políticos, militares e religiosos com os nazistas de Hitler

Antissemitismo

Não obstante o engajamento político e ideológico com o nazismo, a cúpula argentina patenteava seu asco contra a presença de judeus no país. Goñi confessa ser esse um dos segredos mais vergonhosos da história deles, pois "nenhum outro país tomou medidas tão extraordinárias para cancelar seus ‘vistos de entrada' para judeus quanto a Argentina, às vésperas do Holocausto de Hitler".(8) O escritor portenho cita as palavras do embaixador argentino em Londres, Tomás Le Breton, explicando a negativa de vistos para crianças judias, porque "eram exatamente o tipo de gente que o governo argentino não queria no país, pois iam crescer e ajudar a aumentar a população judaica por propagação".(9) Depois desse episódio, ele solicitou que os britânicos os esterilizassem antes de enviá-los à Argentina. É óbvio que eles recusaram tal absurdo.

Outro britânico, o ex-primeiro-ministro Winston Churchill, interpretando o pensamento de Hitler sobre o antissemitismo, narra as intenções nazistas para os judeus:
Qualquer organismo vivo que deixasse de lutar por sua existência estava fadado à extinção. Um país ou raça que deixasse de lutar estava igualmente condenado. A capacidade de luta de uma raça dependia de sua pureza. Daí a necessidade de livrá-la dos elementos contaminadores estrangeiros. A raça judaica, por sua universalidade, era necessariamente pacifista e internacionalista. O pacifismo era o mais letal dos pecados, pois significava a rendição da raça na luta pela vida.(10)
Antes de serem conduzidos aos campos da morte, os judeus mais abastados sofreram todo o tipo de assédio. Ameaçados de deportação, muitos rogavam aos amigos e parentes nos Estados Unidos a transferência de valores para as contas dos nazistas em bancos suíços, portugueses e argentinos. Sempre havia um negociador suíço envolvido na trama. A Espanha serviu de laboratório para a engenharia militar antes da Segunda Guerra e Portugal passou a ser um paraíso fiscal e trampolim de escape para os nazistas. Daí a imunidade territorial desses três países europeus às tropas alemãs, erroneamente considerados neutros pelos historiadores.

O chefe da Imigração na Argentina e antropólogo Santiago Peralta, difundia a maquiavélica ideia de que os judeus deveriam ser culpados pela morte de Cristo, "que pregou o amor, a doçura e a paternidade entre os homens, contra a religião de Jeová, que é uma religião de punição, ódio e medo". Peralta recebia a corroboração do cardeal argentino Antonio Caggiano, defensor do dever de cristãos em perdoar os nazistas pelo que fizeram no Holocausto.(11) Ao defenderem o direito de perdão aos nazistas, e aos judeus o destino à "pira de Torquemada", os argumentos contraditórios dos líderes argentinos demonstravam a raiz da ignorância, da intolerância e da violência.

Apesar das evidências antissemitas do catolicismo, inclusive detalhadas no filme de Costa-Gravas, Schmidt se apega a algumas linhas da desaparecida e quase lendária Encíclica Escondida, de Pio XI, em cujo conteúdo o papa condena o "racismo ‘por ser unicamente a luta contra os judeus', reprovada mais de uma vez pela Santa Sé, ‘sobretudo quando desdobravam a capa do cristianismo para se abrigarem nele'", e continua, estabelecendo "que ‘os métodos perseguidores do antissemitismo não podem, de modo algum, se conciliar com o espírito autêntico da Igreja Católica'", protetora do "povo judeu contra os ataques injustos de que tem sido vítima". Logicamente que não se pode incluir nesse contexto o processo inquisitorial movido contra os judeus na Península Ibérica entre os séculos 15 e 18, tampouco o papel omisso do pontificado de Pio XII, descrito por Schmidt como "o encabrestamento da insanidade genocida de Adolf Hitler".(12)

A religião e os fugitivos

Hitler não deixou o sincretismo religioso imperar durante o período em que se entronizou no poder. Ele criou uma igreja nacional para os "autênticos" cristãos alemães. As igrejas que reivindicaram por motivos de consciência sua independência foram proscritas, colocadas na ilegalidade, caso do grupo de jovens católicos denominado Rosa Branca, segundo Hourdin,(13) exterminado pelos nazistas.

Ao comentar e se admirar com a coragem de Kurt Gerstein, Hourdin erra ao chamá-lo de católico, citá-lo como oficial da SS e traçar seu objetivo como militar, cujo intuito visava a desvendar os bastidores dos campos de concentração. Personagem principal do filme Amém, o tenente Gerstein era luterano. Depois de testemunhar as atrocidades dos campos de extermínio, o oficial tenta denunciar e buscar apoio junto à Igreja Luterana, mas essa nega a se envolver contra o regime. Por esse motivo Gerstein procurou Von Galen. No entanto, este o expulsa e também repudia qualquer tipo de auxílio. Seu invento, o Zyklon B, passou a ser manuseado para outros fins e ele ficou acuado pelo alto-comando da SS a responder pela aquisição, transporte, manipulação, orientação e uso do ácido da morte. Médico, Gerstein entrou para a SA, incorporado ao exército alemão e não à elite da SS.

No que se refere ao assunto religião, Goñi repudia essa fachada cristã dos nazistas, rotulando-os de pagãos, pois na Argentina eles veneravam o sol mancomunados aos terroristas montoneros, os mesmos que "fizeram campanha para o candidato peronista à presidência, Carlos Menem".(14) Esse fascínio dos nazistas pelo ocultismo ou práticas pagãs recebe a confirmação de Churchill, acusando Hitler de invocar "o temível ídolo de um Moloch que tudo devorava, e do qual ele era o sacerdote e a encarnação".(15)

Não foram poucos os refugiados aceitos na Argentina. A maioria com empregos no serviço público ou em postos de indústrias alemãs, como a Mercedes-Benz. Caso do carniceiro Adolf Eichmann, descoberto e sequestrado pelo Mossad (serviço secreto israelense), depois julgado e enforcado. Somente da Alemanha, mais de 500 militares conseguiram abrigo sob o manto protetor de Perón. Somando-se a esses, milhares de criminosos austríacos, franceses, belgas, holandeses, eslovacos e croatas. Da Croácia conseguiram se evadir mais de trinta mil personagens apenas para a Argentina.

O cardeal austríaco Alois Hudal, que presta auxílio ao "Doutor" no filme Amém, fornecendo-lhe um passaporte argentino, também é incriminado por Goñi. Este acrescenta à lista criminosos franceses gentilmente "ajudados, em sua fuga, pelo Vaticano e pela Igreja Católica argentina", não deixando de delatar o futuro papa Paulo VI, Giovanni Battista Montini, manifestando "o interesse do papa Pio XII em arranjar a emigração ‘não apenas de italianos' para a Argentina... ou seja, oficiais nazistas".(16)

Com o propósito de acobertar os nazistas dos aliados e seus tribunais, Perón e seus comparsas estruturaram uma rede internacional de resgate de criminosos de guerra. Algumas histórias se transformaram em mito, como a de Martin Bormann, secretário de governo de Hitler. Os chilenos diziam que ele se fixou como fazendeiro no país, migrando para a Bolívia e finalmente para a Argentina. Goñi(17) garante a morte de Bormann durante a queda de Berlim. A ex-secretária de Hitler, Traudl Junge,(18) concorda com essa hipótese, relatando sua morte provavelmente em Berlim, em 2 de maio de 1945, quando cometeu suicídio ingerindo cianeto de potássio. Entretanto, ao condená-lo à morte à revelia por crimes de guerra, o Tribunal de Nurembergue plantou a semente da dúvida a respeito de seu desaparecimento. Informado pelo serviço secreto britânico, Churchill atesta que "Bormann tentou passar pelas linhas russas e desapareceu sem deixar vestígios".(19)

Paz com criminosos

Hitler e Perón passaram, mas permaneceram os resquícios. E eles podem ser detectados nos discursos e atitudes de governantes contemporâneos, mas de índole populista com raízes no passado tirânico e intolerante. Em momento algum existe qualquer relação entre nazismo e catolicismo em Churchill. Ele confronta ideologia com ideologia, analisando o fascismo como "a sombra ou o filho feio do comunismo... Assim como o fascismo brotou do comunismo, o nazismo desenvolveu-se a partir do fascismo... estavam destinados a mergulhar o mundo num conflito ainda mais hediondo, que ninguém pode afirmar que tenha terminado".(20) Junge esclarece essa preocupação ao elucidar as mudanças ocorridas na Alemanha pós-guerra:
A maioria dos alemães entende o processo como um ponto final, a partir do qual reina um silêncio coletivo sobre o período nazista. De um lado, os interesses dos aliados facilitam esse processo: os alemães precisam ser parceiros da Guerra Fria, no lado ocidental e no oriental. Do outro, os políticos alemães da era de Adenauer cortejam a boa vontade dos eleitores - e quem apoiar a exigência de um "ponto final" terá mais probabilidade de recebê-la... Ralph Giordano chama isso a "grande paz" com os criminosos. Somente no final dos anos 1960, a segunda geração do pós-guerra irá forçar seus avós a tomarem partido.(21)
Durante a ocupação aliada e a reconstrução da Alemanha como parte do Plano Marshall, havia a preocupação em se esquecer o passado. No entanto, esse passado se tornou obscuro para as gerações posteriores até o momento em que não foi mais possível encobrir as subterrâneas conexões com o nazismo. Houve um rompimento entre gerações. As novas gerações não admitem qualquer vínculo com aquele período de nódoa, desonra para a história da nação germânica. Daí a acusação de Giordano contra aqueles omissos quanto a presença de criminosos circulando livremente pelo território em atenção a um "ponto final" e seus interesses políticos e financeiros. Para se compreender essa questão, é suficiente lembrar que o Tribunal de Nurembergue jamais condenou um empresário ou cientista nazista à morte, mesmo contendo provas cabais da participação desses em crimes de guerra.

Quanto aos argentinos, permaneceram incólumes à parceria política, econômica, militar e religiosa com os nazistas europeus. Vez ou outra o peronismo ascende ao poder. Até mesmo o crítico de política Noam Chomsky, professor do MIT, intitula os governos argentinos de "neonazistas".(22) Parece difícil acontecer um rompimento entre as gerações na Argentina. Sua história, bem como as das colônias alemãs no Sul do Brasil, no Chile e Paraguai, prossegue no limbo de arquivos estatais ou na memória daqueles que sofrem com as torturantes lembranças. E esse processo de renascimento de governos populistas - não somente na América Latina -, reforça e solidifica a volta da censura, do medo, da intransigência e do despotismo.


Ruben Holdorf é jornalista graduado pela UFPR, doutorando em Comunicação e Semiótica (PUC-SP), tem dois mestrados, um Multidisciplinar em Comunicação, Administração e Educação (Unimarco) e outro em Educação (Unasp), é diretor de Jornalismo da Rádio Unasp e leciona no curso de Jornalismo do Unasp.

Notas

8 Ibid, p. 56.

9 Ibidem, p. 64.

10 CHURCHILL, Winston S. Memórias da Segunda Guerra Mundial. 2 ed. Rio : Nova Fronteira, 1995, p. 31.

11 GOÑI, Uki. A verdadeira Odessa: o contrabando de nazistas para a Argentina de Perón. Op. Cit., pp. 69 e 120.

12 SCHMIDT, Ivan. Canal da Imprensa. A conspiração do silêncio. Op. Cit.

13 HOURDIN, Georges. Vítima e vencedor do nazismo: Dietrich Bonhoeffer. Op. Cit.

14 GOÑI, Uki. A verdadeira Odessa: o contrabando de nazistas para a Argentina de Perón. Op. Cit., p. 134.

15 CHURCHILL, Winston S. Memórias da Segunda Guerra Mundial. Op. Cit., p. 42.

16 GOÑI, Uki. A verdadeira Odessa: o contrabando de nazistas para a Argentina de Perón. Op. Cit., pp. 117 e 123.

17 Ibid, p. 23.

18 JUNGE, Traudl. Até o fim: os últimos dias de Hitler contados por sua secretária. Rio : Ediouro, 2005, p. 183.

19 CHURCHILL, Winston S. Memórias da Segunda Guerra Mundial. Op. Cit., p. 1.088.

20 Ibid, p. 11.

21 JUNGE, Traudl. Até o fim: os últimos dias de Hitler contados por sua secretária. Op. Cit., p. 218.

22 CHOMSKY, Noam. Estados fracassados: o abuso do poder e o ataque à democracia. Rio : Bertrand Brasil, 2009, p. 209.
Atualizado em ( 06-Dez-2009 )

Fonte: Revista Acta Científica (UNASP), texto completo em PDF no link abaixo
http://www.unasp-ec.com/revistas/index.php/actacientifica/article/view/293

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Ver:
Argentina: branca, hispânica e católica - Parte 1

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Argentina: branca, hispânica e católica - Parte 1

Escrito por Ruben Holdorf; 06-Dez-2009

As relações da elite e políticos, militares e religiosos com os nazistas de Hitler

Resumo: Durante décadas a elite argentina condicionou a nação a aceitar uma posição de intolerância interna com aqueles não-definidos como brancos e católicos. Havia também o incômodo da presença de vizinhos indesejáveis, principalmente formados por mestiços. Aproveitando-se das circunstâncias da ascensão de Perón à presidência e dos acordos secretos com a Alemanha nazista, os líderes da época pintaram uma das páginas mais vergonhosas da história da Argentina, ainda obscura e relegada aos bastidores. Este artigo tem o objetivo de analisar os assuntos discorridos na obra do jornalista Uki Goñi e conduzir os leitores à reflexão a respeito dos temas abordados no texto.

Palavras-chave: Política, história, Argentina, nazismo, antissemitismo, catolicismo.

Abstract: During decades the Argentine elite has conditionated the nation to accept a position of inner intolerance with those not defined as white and catholics. Also, there was the trouble of the presence of undesirable neighbors, mainly constituted by half-breeds. Taking advantage of the circumstances of Perón ascencion to the presidency and of the secret agreement with the nazi Germany, leaders of that time painted one of the most shameful pages of argentine history, yet obscure and relegated to backstage. This essay aims at analyzing the subjects developed in the work of the journalist Uki Goñi and to lead readers to the reflection concerning the themes addressed in the text.

Keywords: Politics, history, Argentina, nazi, anti-semitism, catholicism.

Introdução

O volume de obras produzidas a respeito da Segunda Guerra Mundial se revela gigantesco diante de outros temas menos, pouco ou não-abordados por historiadores. Nos últimos quatrocentos anos coube à imprensa a produção e conservação dos relatos da história. Estes servem de parâmetros ou como corpus de pesquisa para os historiadores argutos e necessitados de referenciais mais ortodoxos.

No contexto do conflito, outros assuntos se desdobram em infindas teses, literaturas e produções cinematográficas. Mas apenas uma, e sem muita ênfase, menciona a fuga dos maiores assassinos do governo nazista para fora da Europa. Trata-se do filme Amém, de Constantin Costa-Gravas, produzido em 2001, no qual o protagonista representa o oficial do exército alemão Kurt Gerstein, médico e químico inventor do Zyklon B, produto inicialmente usado para purificar a água e depois para eliminar os judeus e inimigos do regime tirânico nas câmaras de gás.

À medida que a pesquisa se aprofunda, dezenas de nomes surgem. Entre eles, alguns bem-interessantes e curiosos. Qual seria a relação entre Juan Carlos Goyeneche, Ricardo Walther Darré, Carlos Horst e Carlos Fuldner? O que eles tinham a ver com a Alemanha nazista? Fuldner era capitão da SS, a tropa de elite assassina, subserviente ao ditador Adolf Hitler. Não se trata de Karl Fuldner, mas Carlos Fuldner, agente especial do presidente argentino Juan Domingo Perón na Europa com o objetivo de resgatar os nazistas em Gênova, na Itália, e em Berna, na Suíça. Horst também era capitão da SS e assinava Carlos. Darré tinha dois passaportes, um alemão no qual constava o nome Richard Walther, e outro argentino com o equivalente latino. Ele alcançou a função de ministro da Agricultura. Não da Argentina, mas da Alemanha nazista. E Goyeneche era um nacionalista católico que trabalhava como agente especial de Perón. Diante dessas primeiras observações, pode-se asseverar a necessidade de se revisar o conteúdo histórico do período mais trágico do século 20, a fim de se refletir sobre o papel desempenhado pelas nações sul-americanas no contexto ideológico e no processo de liberdade no decorrer dessas últimas oito décadas, e até mesmo em confronto com a ascensão de governos populistas, cujos atos e discursos se assemelham aos de governantes do passado.

Para tanto, tomou-se como referencial a obra do jornalista argentino Uki Goñi, insuspeito pesquisador dessa relação histórica de governantes, religiosos, militares, empresários e cidadãos argentinos de influência com regimes de exceção, fato que macula a imagem da nação vizinha ao Brasil e direciona os olhares para indivíduos, e não um povo, como colaboradores do antissemitismo e da rede de proteção aos criminosos de guerra julgados à revelia pelo Tribunal de Nurembergue. Tudo porque uma elite de políticos, militares e religiosos tinha por objetivo estabelecer uma nação branca, hispânica e católica no Cone Sul. Apesar das evidências estampadas em muitos livros de autores brasileiros, como Sergio Correa da Costa, em Crônica de uma guerra secreta: nazismo na América e a conexão argentina, optou-se por não fazer menção deles diante das implicações com os argentinos. Na única exceção, inserem-se breves comentários de um artigo escrito pelo jornalista brasileiro Ivan Schmidt, cuja análise em momento algum envolve os argentinos, mas esclarece determinadas situações ligadas ao Vaticano.

O caráter dos nazistas

Para compreender a natureza dos simpatizantes e seguidores do nazismo, torna-se imprescindível conhecer o caráter do fundador do partido nacional-socialista, um líder inescrupuloso. A fim de conquistar o poder, o pintor Adolf Hitler não titubeava em eliminar qualquer concorrente, mesmo companheiros. Nesse estilo traiçoeiro ele podia ser comparado a Josef Stálin, o tirano soviético que frequentemente renovava os escalões assassinando correligionários, ministros, generais, enfim, todo o potencial substituto de seu governo.

O austríaco Hitler tinha pressa em chegar ao domínio da Europa e, na sequência, de outros continentes, pois urgia o nascimento do império militar ariano. De que modo os alemães se condicionaram a aceitar esse aloprado como chanceler e presidente? Ao contrário do imaginado, Hitler assumiu a Alemanha pelas formas legais. Não houve golpe. Segundo o jornalista francês Georges Hourdin,(1) o povo alemão o aceitou depois de um referendo em 19 de agosto de 1934. A decisão de elevá-lo à condição de reichsführer ("líder") recebeu a ratificação de 80% dos eleitores.

Na ponta menor, a dos 20%, alemães com as características da famigerada raça perfeita abominavam essa situação caótica, cuja interpretação das circunstâncias prenunciava uma nova guerra à frente, mais desastrosa que a anterior. Os judeus foram considerados indivíduos sem pátria, inquietos e intragáveis. A nova Alemanha de Hitler deveria ser de jovens altos, louros, de olhos azuis, prontos para a revanche contra aqueles que os humilharam na guerra de 1914 a 1918. Interessante perceber que Hitler não representava essa "raça pura", pois não era loiro, não tinha olhos azuis e muito menos estatura e saúde digna de um espécime modelar.

Vislumbrando uma possível derrota, a elite seguidora e aduladora de Hitler organizou uma sociedade secreta, cuja meta visava proteger o alto-escalão e preparar rotas de fuga para não cair nas mãos dos aliados. Assim surgiu a Organisation der Ehemaligen SS-Angehörigen (Odessa: "Organização de Antigos Membros da SS"). Ou seja, a organização responsável principalmente pela fuga dos oficiais da SS (Schutzstaffel: "tropas de proteção"), cujo lema evocava a completa lealdade ao führer.

Não bastasse insuflarem a nação a outro conflito, os "uniformes negros" da SS não tinham caráter para assumir uma eventual tragédia militar, econômica e social da Alemanha. Deve-se ressaltar que a maioria deles, além da presença de criminosos, era representada por fracassados em seus empreendimentos. E para percorrer esse caminho alternativo de fuga, eles contavam com o indispensável auxílio de organizações, instituições e governos simpatizantes da causa nazista. Goñi descreve os objetivos dessa organização:

Odessa era muito mais do que uma organização fechada, formada apenas por nazistas nostálgicos. Na realidade, ela abrigava várias facções não-nazistas: instituições do Vaticano, agências de inteligência dos aliados e organizações secretas argentinas, além de contar, estrategicamente distribuídos, com criminosos de guerra de língua francesa, fascistas croatas... tudo com o objetivo de ajudar os sabujos de Hitler a escaparem. (2)

Para estupefação geral, Goñi ainda inclui na lista de aduladores a Cruz Vermelha, a Caritas e o governo suíço, até então estranhamente considerado neutro. Enquanto na Escandinávia as ambulâncias da Cruz Vermelha se camuflavam no transporte de alemães pelas fronteiras, mais abaixo, na Dinamarca, a Caritas desempenhava seu papel de ajuda humanitária aos fugitivos dos tribunais de guerra, conduzindo-os à Argentina com passaportes falsos. Mais abaixo ainda, no centro do continente europeu, o ministro da Justiça Eduard von Steiger, futuro presidente da Suíça, fechou as fronteiras aos judeus e abriu a rota de fuga aos nazistas para a Argentina. Tudo com a conivência de banqueiros abastecidos com os tesouros saqueados pelos nazistas dos judeus e bancos estatais, como os da própria Alemanha e da Croácia.

Motivos do apoio argentino

Dois grupos se uniram na Argentina com três objetivos respaldados pela ideologia nazista. Os oficiais nacionalistas e os dignitários católicos pretendiam transformar o país no referencial cristão para o Ocidente, servindo de contraponto na América do Sul aos Estados Unidos protestante no Norte. Todavia, seu maior impasse se situava na fronteira, os "mestiços brasileiros", cuja proximidade com os norte-americanos estorvava os projetos expansionistas de Perón.

Não bastava à Argentina planejar alargar fronteiras. Era necessário um projeto de crescimento industrial. Para isso, revelava-se indispensável o apoio de uma potência militar, tecnologicamente desenvolvida, que investisse no capital científico com vistas a um retorno financeiro em curto e médio prazos. Desse modo, a elite argentina e os alemães nazistas se encontraram e alinhavaram o perfil ideológico da aliança. A Alemanha preparava o estabelecimento da Nova Ordem na Europa, enquanto a Argentina repetia esse papel no continente sul-americano. A respeito desse envolvimento, Goyeneche deixou anotado:

A Argentina considera que no fim da guerra será do maior interesse entregar totalmente o controle político e administrativo de Jerusalém ao governo do Vaticano, que respeitará propriedades e credos religiosos como eles são hoje. Essa medida terá efeito moral definitivo no mundo ocidental e dissipará completamente as dúvidas de que os movimentos jovens radicados no catolicismo ainda conservam uma adesão plena e apaixonada às normas da Nova Ordem.(3)

Com a finalidade de implantar essa Nova Ordem, era impreterível harmonizar a ideologia nazista ao catolicismo. O primeiro passo indicava para ações diplomáticas no Paraguai, Bolívia, Chile e Uruguai. Unidos sob a liderança argentina, esses países planejavam receber o apoio das colônias alemãs no Brasil e, em seguida, derrubar o governo de Getúlio Vargas. Perón acreditava que depois da "queda do Brasil", o continente passaria para o domínio deles.

Aos argentinos interessavam novas tecnologias, aos alemães o dinheiro argentino para financiar a guerra, e à Igreja Católica o estabelecimento de uma nação-modelo na América e o apoio velado à causa nazista no combate ao comunismo stalinista. Lucraram os alemães nazistas com a possibilidade de escapulir das acusações dos aliados por crimes de guerra, os argentinos por receberem grandes somas dos cofres violados das vítimas do nazismo e os católicos por "espantarem" o avanço comunista sobre a Europa ocidental.

Semelhante ao Brasil que procrastinou a libertação dos escravos até quase o final do século 19, a Argentina foi o último país a romper com os alemães. Goñi define isso como uma estratégia de Perón "para distrair a atenção dos aliados, enquanto as primeiras rotas de fuga para a Argentina eram abertas para os fugitivos nazistas".(4)

Na Alemanha, o bispo Clemens August Graf von Galen, de Berlim, protestou somente quando os portadores de deficiências desapareceram nas câmaras de gás. Quanto aos judeus, havia conhecimento do extermínio, mas o Vaticano não gostaria de provocar os nazistas contra os fieis. Hourdin compartilha desse ponto de vista ao alegar que "embora congregasse cerca da metade dos alemães cristãos, a Igreja Católica estava ausente da luta contra o nazismo",(5) pois este servia de anteparo no Leste europeu contra o avanço das tropas soviéticas. Em um artigo publicado inicialmente para o jornal O Estado do Paraná e republicado pela revista eletrônica Canal da Imprensa, Schmidt descreve a atitude do cardeal Theodor Innitzer, de Viena, quando da anexação da Áustria pelas tropas alemãs, apoiando "a atividade do movimento nacional-socialista" que "afastou o perigo do bolchevismo ateu, destruidor de tudo".(6) Para Schmidt, pior que o perverso genocídio foi o silêncio da igreja. Goñi denuncia a frase escrita pelo padre portenho Julio Meinville, em 1940, cuja máxima retratava o pensamento vigente na Argentina: "O hitlerismo, por paradoxal que pareça, é a antecâmara do catolicismo".(7)

Notas

1 HOURDIN, Georges. Vítima e vencedor do nazismo: Dietrich Bonhoeffer. São Paulo : Paulinas, 2002.

2 GOÑI, Uki. A verdadeira Odessa: o contrabando de nazistas para a Argentina de Perón. Rio : Record, 2004, p. 22.

3 Ibid, p. 43.

4 Ibidem, p. 53.

5 HOURDIN, Georges. Vítima e vencedor do nazismo: Dietrich Bonhoeffer. Op. Cit., p. 8.

6 SCHMIDT, Ivan. Canal da Imprensa. A conspiração do silêncio, Engenheiro Coelho, 22 ed., 30 de outubro de 2003.

7 GOÑI, Uki. A verdadeira Odessa: o contrabando de nazistas para a Argentina de Perón. Op. Cit., p. 57.

Fonte: Revista Acta Científica (UNASP), texto completo em PDF no link abaixo
http://www.unasp-ec.com/revistas/index.php/actacientifica/article/view/293

Texto também citado no site Onda Latina Onda Latina

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Argentina: branca, hispânica e católica - Parte 2

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940

Documento criado em: 20 de julho de '06
Air & Space Power Journal Book Review - Primavera de 2007

Hitler's African Victims: The German Army Massacres of Black French Soldiers in 1940(As vítimas africanas de Hitler: os massacres do exército alemão a soldados franceses negros em 1940) por Raffael Scheck. Cambridge University Press (http://www.cambridge.org/us), 32 Avenue of the Americas, New York, New York 10013-2473, 2006, 216 páginas, $65,00 (capa dura).

Em "A Preface to History" de Carl G. Gustavson, o autor afirma que ao visualizar qualquer evento histórico, deve-se examinar e tentar compreender quaisquer e todas as influências profundas que levaram à ocorrência de um específico episódio, porque nunca tais eventos ocorrem em um vácuo e simplesmente não "apenas ocorrem". Pelo contrário, as situações sempre vão em movimento na esteira de outros acontecimentos. Em seu excelente livro "Hitler's African Victims", Raffael Scheck faz isto com perfeição e com grande efeito.

Professor adjunto de História Moderna da Europa no Colby College e titular PhD da Universidade de Brandeis, Scheck é autor dos livros "Alfred von Tirpitz and German Right Wing Politics, 1914–1930"(Alfred von Tirpitz e as políticas alemãs de extrema-direita, 1914-1930) e "Mothers of the Nation: Right-Wing Women in Weimar Germany"(Mães da Nação: as mulheres de extrema-direita na República de Weimar), juntamente com vários artigos sobre políticas da extrema-direita alemã. Em Hitler’s African Victims, Scheck traz à luz uma área da história que até agora as pessoas, ou intencionalmente teriam ignorado ou, infelizmente, esquecido.

Durante o desesperado verão de 1940, as forças alemãs avançaram largamente, sem contenção, sobre a Europa Ocidental. Um dos muitos países a sentir a fúria do exército de Hitler foi a França. Ardendo com um intenso desejo de vingança pelas abominações impostas ao povo alemão - o Tratado de Versailles - Hitler e seus asseclas assumiram uma atitude especial para impôr uma rápida e humilhante rendição à França. As fileiras do exército francês alistaram mais de 100.000 soldados negros os quais os franceses haviam recrutado e mobilizado a partir de áreas da Mauritânia, Senegal e Níger, na África Ocidental Francesa, colocando-os em regimentos só negros ou mestiços e em seguida tornando-os parte das divisões da Infantaria Colonial. Durante a árdua batalha contra os alemães, estes soldados africanos - muitas vezes armados com os temidos coupe-coupe(facões) de lâmina longa, com os quais eles abriam caminho através dos soldados inimigos no combate corpo a corpo - viram-se confrontados com o melhor que os alemães poderiam reunir. Raramente se ouve a história das perdas que os africanos impuseram aos alemães.

Tragicamente, durante o período de luta mais difícil na campanha da França, acima de 3.000 desses prisioneiros Tirailleurs Senegalais foram evidentemente massacrados por soldados alemães. O assassinato de prisioneiros inimogos - por membros de ambos os lados - ocorreu durante a guerra, mas o grande número de perdas cometidas pelos Tirailleurs durante em um período relativamente curto de tempo levanta sérias questões. O autor faz um trabalho magistral de extraordinária e coerente informação do acontecimento para explicar as circunstâncias que cercam esses massacres.

Como parte de sua análise, Scheck discusses muitos aspectos da história do racismo na Alemanha que provavelmente levaram a atitudes predominantes dentro da sociedade nazista daquele tempo — por exemplo, o que ficou conhecido como "Terror Negro"(Black Horror), envolvendo o estacionamento de soldados negros na Renânia logo após a Primeira Guerra. Vários incidentes ocorreram entre estes soldados e a população nativa, especialmente os nascimentos de muitas crianças mestiças. Estarrecida, a liderança nazi pediu pela esterelização forçada destas crianças e a propaganda alemã trabalhava a exaustão para retratar negros como selvagens e "loucos pervertidos sexuais". Por conta destes esforços, uma forte fundação antinegra surgiu na nova Alemanha. Da mesma forma, como um poder colonial na África (1904–1907), a Alemanha eliminou mais de 150.000 negros durante uma série de levantes. Além disso, os alemães deram tratamento similar ao dos negros apanhados lutando pela União durante a Guerra Civil Norte-Americana, bem como o tratamento dos EUA a mexicanos, norte-americanos nativos e filipinos durante os conflitos com esses povos.

Todos esses fatores ajudaram a criar uma atmosfera propícia para cometer as atrocidades descritas neste livro. O autor explica eloqüentemente conceitos tais como o critério para o massacre sancionado e cinco fatores situacionais que conduziram ao assassínio de prisioneiros negros. Curiosamente, a pesquisa de Scheck revelou que quando tudo estiver dito e feito, aparentemente nenhuma diretiva do governo alemão ordenou que os soldados matassem esses prisioneiros. Muito provavelmente, a ferocidade da batalha, o racismo latente e os efeitos de terem visto colegas soldados mortos em combate - muitos cortados e separados por africanos ocidentais armados a faca - combinaram para motivar os alemães a agir como agiram. Na verdade, muitas unidades alemãs se recusaram a matar os prisioneiros negros absolutamente, e depois de agosto de 1940 - o período mais desesperador para alemães e franceses - pouco ou nenhum assassinato de prisioneiros ocorreu.

Apesar deu tecer louvores a este livro, eu tenho algumas discordâncias com o autor. Scheck afirma que os alemães iriam "atirar imediatamente nos negros dispersos sem lhes dar a oportunidade de se render. Isto era ilegal como um massacre, mas mais fácil para encobrir. . . . A prática de não dar alojamentos a soldados negros, embora ilegal, foi certamente facilitada pelo fato de que as disposições legais para se render poderiam ser difíceis de se aplicar no combate corpo a corpo"(páginas 61 e 66). De acordo com a Lei de Conflito Armado, no entanto, não é ilegal matar soldados em fuga ou dispersar os soldados. Só depois deles terem se rendido e o inimigo tomar o controle deles, eles se tornariam imunes de serem mortos. Da mesma forma, é legal dizimar toda formações de soldados inimigos - por não matá-los hoje, em vez de tê-los que enfrentar amanhã. Apesar de ser "descortês" poder matar soldados em fuga ou dizimar uma formação inteira inimiga, continua a ser perfeitamente aceitável e legal fazê-lo.

No geral, os pontos de menor importância em nada diminuem o grosso deste excelente livro. Não é sempre que se encontra um estudo da Segunda Guerra Mundial que revela uma página inteiramente nova da história. Completo com dez fotografias, quatro páginas de tabelas que descrevem os assassinatos e um mapa das áreas em questão, Hitler's African Victims deixa sua marca como uma importante contribuição para uma já desordenada história da guerra.

Tenente-Coronel Robert F. Tate, FAEUA(USAFR)
Base(AFB) de Maxwell, Alabama

Aviso

As conclusões e opiniões expressas neste documento são as que o autor manifesta de acordo com sua liberdade de expressão e no ambiente acadêmido da Academia da Força Aérea(Air University). Elas não refletem a posição oficial do Governo dos EUA, do Departamento de Defesa, da Força Aérea dos EUA ou da Academia da Força Aérea(Air University).

Fonte: Air & Space Power Journal Book Review(da Academia da Força Aérea dos EUA)
http://www.airpower.au.af.mil/airchronicles/bookrev/scheck.html
Tradução: Roberto Lucena

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

EUA lançam arquivo eletrônico de bens culturais roubados por nazistas

WASHINGTON — Quadros, objetos de prata, livros raros, antiguidades: os Arquivos Nacionais dos Estados Unidos disponibilizarão uma base de dados on-line de bens culturais roubados dos judeus ou perdidos na época nazista, em colaboração com países europeus.

Os Arquivos Nacionais americanos abriram um site na internet onde é possível navegar através de arquivos americanos, franceses, britânicos, alemães, belgas ou ucranianos e ter acesso a milhões de páginas de documentos e imagens digitalizadas que explicitam estes bens.

O site (www.archives.gov/research/holocaust/international-resources) foi lançado oficialmente nesta quinta-feira em Washington em uma cerimônia da qual participaram dirigentes dos arquivos nacionais de vários países.

"Este projeto faz da história um instrumento da justiça", resumiu James Hastings, coordenador do projeto dos Arquivos Nacionais em Washington.

"Investigadores de todo o mundo podem utilizar a partir de agora um ponto único de entrada para ter acesso a estes documentos digitalizados", declarou David Ferriero, diretor dos Arquivos Nacionais americanos.

Esta colaboração, que engloba 11 organizações de sete países, conta com a participação de instituições como o Museu americano do Holocausto, a "Conferência sobre reivindicações materiais judaicas contra a Alemanha" em Nova York - que já tem um registro on-line de 20 mil obras -, os Arquivos do Memorial da Shoah, na França, e o Museu Histórico alemão.

"Serão somadas outras colaborações no futuro", prometeu Hastings.

Muitos destes documentos já serviram para identificar e devolver bens saqueados aos judeus, mas muitos outros ainda têm a possibilidade de permitir novas devoluções e indenizações, indicaram os responsáveis internacionais dos arquivos de vários países.

"Isto realmente foi feito para ajudar os herdeiros das vítimas", explicou à AFP Frederic Du Laurens, diretor dos Arquivos Franceses, cujos amplos recursos estão incluídos neste site.

Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5iZqzBVRh2vTDSqP_cDqf5XPGhTQA?docId=CNG.246d32bffdc6552dc12de3ecba5b3b2b.261

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O dia em que o Dínamo Kiev venceu o jogo errado

Falar de Holocausto e futebol obriga a contar a história do Jogo da Morte
Por Sérgio Pereira

Falar de Holocausto e futebol obriga a contar o infortúnio do Dínamo Kiev. No dia em que venceram o jogo errado. Aconteceu numa Ucrânia ocupada pelo regime nazi e deu até origem a um filme. Passou para a história como «The Death Match», ou «O jogo da morte». Acabou da pior forma, portanto.

Começa numa equipa do Dínamo Kiev que já na altura era da primeira divisão do futebol europeu. Com a invasão da Ucrânia, que era então uma província da União Soviética, pelas forças alemãs, a equipe foi desfeita e boa parte dos jogadores obrigados a trabalhar numa padaria de Kiev.

Conta-se que nos tempos livres jogavam futebol num descampado atrás da padaria. Foram então desafiados para formar uma equipe e entrar no campeonato regional. Fizeram-no com oito jogadores do Dínamo Kiev e três do Lokomotiv Kiev, numa equipe a que deram o nome de FC Start.

No início ficaram renitentes em participar no torneio, não queriam alinhar num torneio que era patrocinado pelas forças alemãs, como forma de repor a normalidade na cidade. Mas acabaram por entrar e venceram seis jogos seguidos. O que provocou naturalmente entusiasmo entre a população.

Assustado com as proporções que o FC Start estava a ter, e temeroso que isso influenciasse a auto-estima dos ucranianos, o ocupante nazi decidiu tomar medidas. Agendou um jogo para 6 de Agosto de 1942. Perdeu e pediu uma repetição: três dias depois, no Zenit Stadium, e perante uma multidão.

As instruções eram claras: os ucranianos do FC Start deviam fazer a saudação nazi aos alemães e deviam perder o jogo. Não fizeram uma coisa, nem outra. Venceram aliás por 5-3. Quase no fim, Klimenko entrou na área alemã, fintou o guarda-redes e com a baliza aberta chutou para o meio-campo.

O árbitro acabou de imediato o jogo, ainda antes dos noventa minutos. Os ucranianos foram presos e torturados pela Gestapo, Korotkykh morreu de imediato. Os restantes foram enviados para o campo de concentração de Syrets, onde boa parte deles acabou por ser exterminado. Alguns sobreviveram.

Em memória deles foi erigido um monumento à porta do estádio do Dínamo Kiev.



Fonte: MaisFutebol (Portugal)
http://www.maisfutebol.iol.pt/internacional/dinamo-kiev-death-match-jogo-da-morte-futebol-auschwitz-maisfutebol-futebol-noticias/1249820-1490.html

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Morreu Raymond D'Addario, o fotógrafo do julgamento de Nuremberg

O fotógrafo Raymond D’Addario (n.1920), mundialmente famoso pelos seus retratos a nazis durante o julgamento de Nuremberg, morreu aos 90 anos, no último domingo em Holyoke, Massachusetts, de acidente vascular cerebral.

Fotografia dos banco dos réus no
Julgamento de Nuremberg (Reuters)
A notícia da morte do fotógrafo foi confirmada pela sua filha, Linda Sal, ao “New York Times”.

Raymond D’Addario, foi membro da equipa do serviço de imagens militares que em 1945 documentou o Tribunal Internacional de Nuremberg e viu as suas fotografias serem disponibilizadas de forma gratuita, em todo o mundo, aos diários e revistas da época. As imagens figuram foram ainda utilizadas em vários livros de história.

Entre os seus trabalhos mais famosos encontram-se o do palanque do tribunal de Nuremberg com os réus, membros do partido nazi acusados de crimes contra a paz, contra a humanidade e crimes de guerra, cercados pela polícia militar, devidamente uniformizada com os seus capacetes brancos e as mãos nas costas em posição firme.

Do portefólio do fotógrafo destacam-se ainda as fotografias dos principais responsáveis do Holocausto. Hermann Goering, braço direito de Hitler, Rudolf Hess, secretário particular de Rusolf Hess, Joachim von Ribbentrop, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Albert Speer, ministro do Armamento, que constam na lista dos condenados no histórico julgamento fotografado por Raymond D'Addario, pelos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.

17.02.2011 - Por Andreia Montez

Fonte: Público(Portugal)
http://www.publico.pt/Cultura/morreu-raymond-daddario-o-fotografo-do-julgamento-de-nuremberga_1480797

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

No Parlamento alemão, cigano lembra o "Holocausto esquecido"

O cigano holandês Zoni Weisz, sobrevivente do
Holocausto, discursa no Parlamento alemão. Foto: AFP
O cigano holandês Zoni Weisz foi nesta quinta-feira o principal orador no Bundestag, Parlamento alemão, na comemoração da libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz há 66 anos no dia em que a Alemanha presta homenagem às vítimas do Holocausto.

Seu discurso foi dedicado antes de tudo a lembrar o que ele classificou como "o Holocausto esquecido", em alusão ao cerca de 500 mil de Sinti e Roma, as grandes famílias de ciganos centro-europeus, vítimas da máquina nazista.

O Holocausto dos ciganos só começou a ser alvo de pesquisa histórica há pouco, lembrou Weisz, quem sobreviveu à perseguição nazista devido a uma série de casualidades.

Em 16 de maio de 1944, em uma série de batida policial, seus pais e irmãos, que viviam na pequena cidade holandesa de Zutphen, foram detidos pelas forças de ocupação nazistas.

Zoni Weisz, com sete anos, não foi detido porque estava de visita na casa de uma tia fora da cidade, mas posteriormente os nazistas o encontraram, e com outras nove pessoas.

No caminho a Auschwitz, em uma estação onde deviam mudar de trem, um policial holandês ajudou-o a ele e a seus companheiros a fugir.

Weisz sobreviveu no último ano da ocupação escondido e no final da guerra soube que seus pais e seus irmãos haviam morrido no campo de concentração.

Apesar de Weisz garantir que sua família foi normal e feliz até 1944, ressaltou que a perseguição dos ciganos havia começado muito antes da chegada ao poder dos nazistas e que em muitos países europeus ainda não terminou.

"Apesar dos 500 mil provenientes de Sinti e Roma assassinados pelo nazismo, a sociedade não aprendeu nada disso. Caso contrário, agora teria um comportamento mais responsável em direção a nós", disse Weisz.

"Somos europeus e devemos ter os mesmos direitos que os outros", acrescentou o sobrevivente do Holocausto.

Ressaltou que resulta especialmente preocupante que em países como na Bulgária e Romênia os Sinti e Roma tenham que seguir levando uma existência indigna.

Na Hungria, segundo Weisz, a minoria cigana é perseguida abertamente por ultradireitistas com uniformes negros e em outros países da Europa Oriental existem restaurantes com letreiros que dizem "Proibida entrada de ciganos".

O presidente do Bundestag, Norbert Lammert, ressaltou que os ciganos seguem sendo "a minoria maior e mais discriminada na Europa".

Fonte: EFE
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4913989-EI8142,00-No+Parlamento+alemao+cigano+lembra+o+Holocausto+esquecido.html

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

EUA ofereceram refúgio a nazistas após 2ª Guerra Mundial, segundo relatório

Washington, 13 nov (EFE).- Um relatório até agora secreto sobre a operação de caça de nazistas por parte do Governo dos Estados Unidos conclui que funcionários de inteligência ofereceram refúgio no país a nazistas e seus colaboradores após a Segunda Guerra Mundial.

"Os EUA, que se vangloriavam de ser um refúgio seguro para os perseguidos, se transformou em pequena escala em um refúgio seguro também para os perseguidores", afirma o relatório de 600 páginas vazado para a imprensa.

O jornal "The New York Times" foi o primeiro a obter uma cópia do relatório que o Departamento de Justiça tinha tentado manter em segredo durante os últimos anos.

O relatório aparece publicado também no site do National Security Archive, um grupo de investigação independente situado na Universidade George Washington da capital americana.

A análise avalia tanto os sucessos como os fracassos dos advogados, historiadores e investigadores do Escritório de Pesquisas Especiais do Departamento de Justiça (OSI, na sigla em inglês), criado no ano de 1979 para deportar nazistas.

O relatório documenta como funcionários americanos que receberam a incumbência de recrutar cientistas após a Segunda Guerra Mundial fizeram caso omisso da ordem do presidente Harry Truman que não se recrutasse nazistas ou pessoas filiadas a eles.

Os pesquisadores do OSI assinalam no relatório que a alguns nazistas "foi garantida certamente a entrada nos EUA" apesar de os funcionários do Governo conhecerem seu passado.

Arthur Rudolph, um das centenas de cientistas estrangeiros recrutados para trabalhar nos EUA após a guerra disse aos pesquisadores em 1947 ser o diretor de uma unidade que fabricava foguetes na qual se utilizava trabalhos forçados.

O relatório assegura que os funcionários de imigração sabiam que Rudolph tinha sido membro do partido Nazista, mas mesmo assim o deixaram entrar nos EUA por causa de seu conhecimento sobre foguetes.

Outro dos casos que se menciona é o de Otto Von Bolschwing, que trabalhou com Adolf Eichmann, um dos arquitetos do Holocausto, e que trabalhou como agente da CIA nos EUA após a Segunda Guerra Mundial.

O documento detalha como a agência de espionagem debateu em uma série de relatórios internos o que fazer se o passado de Bolschwing fosse descoberto.

A CIA contratou Bolschwing durante a Guerra Fria por suas conexões com alemães e romenos.

O Departamento de Justiça tentou deportar Bolschwing em 1981, após averiguar seu passado, mas o ex-nazista morreu esse mesmo ano.

Desde a criação da OSI, os EUA deportaram mais de 300 nazistas.

"The New York Times" lembra que o relatório sobre a caça de nazistas é obra de Mark Richard, um advogado do Departamento de Justiça.

Em 1999, Richard convenceu a procuradora-geral dos EUA Janet Reno para que começasse uma apuração detalhada do que ele considerava uma peça crucial da história e encarregou o trabalho à promotora Judith Feigin.

Após editar a versão final no ano 2006, pediu a altos funcionários do Departamento de Justiça que publicassem o relatório, mas sua solicitação foi negada.

O "Times" assegura que quando descobriu que tinha câncer, Richard disse a um grupo de amigos que um de seus desejos antes de morrer era ver o relatório publicado.

O advogado morreu em 2009 sem ver seu sonho realizado.

Fonte: EFE/Yahoo!
http://br.noticias.yahoo.com/s/14112010/40/mundo-eua-ofereceram-refugio-nazistas-apos.html

domingo, 24 de outubro de 2010

Relatório revela planos nazistas de expatriar Thomas Mann

O pai do ex-presidente alemão Richar von Weizsäcker (1981-1984), o diplomata Ernst von Weizsäcker, recomendou em 1936 retirar a nacionalidade do escritor Thomas Mann, segundo um relatório do Ministério de Exteriores no Holocausto que revela neste domingo o jornal Frankfurter Allgemeine.

Pelo documento de uma comissão de pesquisa criada em 2005 quando o ecologista Joschka Fischer era ministro de Exteriores, Ernst von Weizsäcker, que foi secretário de Estado a partir de 1938, recomendou dois anos antes expatriar Mann por causa de sua propaganda contra o regime nazista.

Mann, autor de "A Montanha Mágica", "Morte em Veneza" e "Doutor Fausto" exilou-se na Suíça em 1933 para posteriormente transferir-se para os Estados Unidos, a partir de onde combateu ao nazismo com suas alocuções por meio do rádio.

O relatório, que será publicado na segunda-feira pelo semanário Der Spiegel, detalha que "o Ministério de Exteriores alemão foi uma organização criminosa" nos anos do nazismo (1933-1945) na perseguição dos judeus, como indica o presidente da comissão, o historiador Eckart Conze.

Contra o que diz o relatório, o ex-presidente Weizsäcker afirma ao Frankfurter Allgemeine Zeitung que seu pai "nunca foi uma figura relevante do nazismo e seu papel no Ministério de Exteriores foi exemplar para manter a tranquilidade nesses tempos de mudanças na Europa".

Ernst von Wezsäcker foi submetido a julgamento por crimes contra a humanidade nos processos nazistas entre 1948 e 1949 e condenado a cinco anos de prisão. "O Ministério de Exteriores funcionou como uma instituição do regime nacionalsocialista desde o primeiro dia e participou da política de violência instaurada pelo Terceiro Reich", assinala Conze.

O estudo revela que após 1945 "continuaram no Ministério pessoas que tiveram sério envolvimento no regime nazista", acrescenta Conze. O próprio ex-ministro Fischer se mostra "surpreso" no periódico com o papel de "proteção aos criminosos" do Ministério de Exteriores após 1945.

Seu sucessor no cargo, o social-democrata Frank-Walter Steinmeier, afirma não "acreditar" no envolvimento de diplomatas na eliminação sistemática de judeus e a posterior proteção de criminosos.

Fonte: Terra
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4752154-EI8142,00-Relatorio+revela+planos+nazistas+de+expatriar+Thomas+Mann.html

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Divulgado arquivo digital com mais de 20 mil obras roubadas pelos nazis aos judeus

Várias organizações judaicas divulgaram esta segunda-feira um vasto arquivo digital com mais de 20 mil obras de arte confiscadas pelos nazis, incluindo dezenas de peças de Picasso e de Goya, entre outros autores.

Com a elaboração desta base de dados, as organizações judaicas pretendem facilitar o regresso das obras roubadas pelos nazis em França e na Bélgica durante a II Guerra Mundial aos seus proprietários originais.

Este trabalho, que pode ser visitado aqui [http://www.errproject.org/jeudepaume/], foi promovido pelo Museu do Holocausto em Washington e pela Conferência sobre as Reivindicações Materiais dos Judeus contra a Alemanha, com sede em Nova Iorque.

Até agora existiam várias listas, entre elas a dos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos e a dos Arquivos Alemães, mas não havia uma única base de dados com o nome e a descrição dos objetos roubados.

Para este trabalho, as organizações contaram com a ajuda do próprio regime nazi, que deixou como herança uma lista exaustiva das obras roubadas pela Einsatzstab Reichsleiter Rosenberg, a unidade militar do Terceiro Reich dedicada às obras de arte desviadas.

De facto, a identificação das obras foi possível graças aos documentos que os nazis processaram em Jeu de Paume, o edifício localizado nos Jardins de Tuileries, em Paris, onde as obras roubadas eram armazenadas antes de serem vendidas ou divididas entre os altos oficiais do Reich, informam as organizações.

A lista online, que está disponível neste momento, contém obras que foram retiradas aos judeus e inclui peças de Vermeer, Rembrandt e Leonardo. Há ainda registo de mais de 80 obras de Picasso, cerca de 20 de Goya e várias de Miró e de Dalí.

No entanto, as organizações explicam que esta lista inclui apenas uma pequena parte dos cerca de 650 mil trabalhos que foram roubados às famílias, a galerias e a colecionadores judeus aquando da invasão de França.

Muitas das obras foram devolvidas mas "milhares delas continuam desaparecidas".

Em declarações à BBC, o presidente da Conferência, Julius Berman, afirmou que "agora é da responsabilidade dos museus, das galerias e das casas de leilões analisarem as peças que possuem e determinarem se se trata de arte roubada às vítimas do Holocausto".

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Lusa

Fonte: SIC Notícias(Portugal)
http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/divulgado+arquivo+digital+com+mais+de+20+mil+obras+roubadas+pelos+nazis+aos+judeus.htm

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Planos antissemitas dos nazis publicados antes de sua ascensão ao Poder

"Façam um trabalho adequado para os judeus!"
Existem várias visões sobre o objetivo final e demanda do movimento nacional alemão (deutsch-voelkisch) a respeito dos judeus. Uns acreditam que o chamado trabalho conscientizador é o suficiente; outros apenas querem "eliminar" o espírito judeu do campo "cultural"; alguns querem apenas cortá-los da economia, e alguns outros têm outros objetivos, e todas as opiniões tornam-se confusas... mas muito aquém disso, consideramos que é muito mais urgente e necessário que os grupos locais devam procurar operar primeiro antes de tudo em seu próprio terreno e erradicar os Ostjuden*(judeus do leste) e a canalha judaica em geral com uma vassoura de ferro....

É preciso livrar-se de todos os Ostjuden(judeus do leste) sem mais demora, e medidas brutais têm que ser tomadas imediatamente contra todos os judeus. Tais medidas têm que ter, por exemplo, a remoção imediata dos judeus de todo emprego público, escritórios de jornais, teatros, cinemas, etc.; brevemente, o judeu tem que ser despojado de todas as possibilidades de continuar a causar uma influência desastrosa em seu ambiente. A fim de que os semitas, sem trabalho, não possam secretamente nos sabotar e se agitar contra nós, eles devem ser colocados em campos de concentração....

Voelkischer Beobachter, Número 20/34, 10 de março de 1920.

* Ostjuden é referente aos judeus que migraram do leste europeu, particularmente da Polônia para Alemanha. A propaganda antissemita no período do Império Alemão e da República de Weimar era diregida contra esses judeus.
Fonte: Völkischer Beobacher; Documents of the Holocaust, Part I(Germany and Austria), site do Yad Vashem
http://www1.yadvashem.org/about_holocaust/documents/part1/doc2.html
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sobreviventes recordam horrores do Holocausto durante julgamento

Por Christian Kraemer

MUNIQUE, Alemanha (Reuters) - John Demjanjuk reclamava de dores nas costas enquanto sobreviventes do Holocausto recordavam os horrores da Alemanha nazista no julgamento em que é acusado de ajudar a matar 27.900 judeus nas câmaras de gás em 1943.

O tribunal rejeitou uma moção da defesa para suspender o julgamento, mantendo o confinamento do homem que já esteve no topo da lista dos criminosos de guerra mais procurados do Centro Simon Wiesenthal.

Promotores públicos alemães acusam Demjanjuk de ajudar nos assassinatos do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia, onde ao menos 250 mil judeus foram mortos.

Antes, o homem de 89 anos sentou-se em silêncio em sua cadeira de rodas e não demonstrou emoção quando 12 pessoas, algumas com os olhos marejados e as vozes trêmulas, descreveram como sobreviveram ao Holocausto, quando outros morreram.

Após um recesso, autoridades colocaram uma cama na sala do tribunal para Demjanjuk, depois que um médico disse que ele havia reclamado de dores nas costas.

Um funcionário da prisão citado na edição de terça-feira no jornal Tageszeitung disse que Demjanjuk saía regularmente no pátio da prisão para os intervalos, ou com uma cadeira de rodas ou com a ajuda de um andador. Ele também lia os jornais ucranianos e preparava refeições com salada, disse o funcionário Michael Stumpf.

Demjanjuk nega que tenha se envolvido com o Holocausto e a família dele insiste que ele está muito frágil para enfrentar o julgamento.

'FERIDA ABERTA'

Philip Jacobs, de 87 anos, teve de receber ajuda para chegar ao banco das testemunhas, onde disse se sentir culpado por sobreviver ao Holocausto, quando seus pais e sua noiva morreram.

"Sobibor é uma ferida aberta", disse o ex-farmacêutico.

Outra testemunha, Robert Cohen, de 83 anos, cujo irmão e pais foram mortos em Sobibor, descreveu sua experiência nos campos da morte nazistas, incluindo Auschwitz.

"Não sabíamos o que estava acontecendo", disse o aposentado holandês durante a sessão matutina da corte. "Pensávamos que tínhamos de trabalhar".

Em razão da fragilidade de Demjanjuk, as audiências são limitadas a duas sessões de 90 minutos por dia. Esse é provavelmente o último grande julgamento de crimes de guerra da era nazista.

Demjanjuk nasceu na Ucrânia e lutou pelo Exército soviético antes de ser capturado pelos nazistas e recrutado como guarda de campo de concentração.

Ele emigrou para os Estados Unidos em 1951. Em maio, foi extraditado para a Alemanha.

Demjanjuk admitiu ter estado em outros campos nazistas, mas não em Sobibor, que, segundo os promotores, era dirigido por entre 20 e 30 membros das SS nazistas e cerca de 150 ex-prisioneiros de guerra soviéticos.

Nas câmaras de gás de Sobibor, judeus morriam entre 20 e 30 minutos depois de inalar uma mistura tóxica de monóxido e dióxido de carbono. Grupos de cerca de 80 pessoas eram forçados a entrar nas câmaras de gás, que mediam aproximadamente quatro metros quadrados.

O julgamento de Demjanjuk deve prosseguir na terça-feira.

Fonte: Reuters/Brasil Online
http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/12/21/sobreviventes-recordam-horrores-do-holocausto-durante-julgamento-915303164.asp

Ler mais:
Justiça alemã retoma julgamento do criminoso nazista John Demjanjuk; EFE

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