Dia da Lembrança
Horrores da Guerra Solenidade marcou a apresentação da nova data do calendário oficial do município
FELIPE RODRIGUES
Da Gazeta de Piracicaba
felipe.rodrigues@gazetadepiracicaba.com.br
"O horror. O horror". Uma das frases mais impactantes da história do cinema americano, dita pelo Coronel Walter Kurtz (interpretado por ninguém menos que Marlon Brando) ao final do filme Apocalipse Now, entrou para a história ao sintetizar em uma palavra o sentimento humano diante das atrocidades de uma guerra. Embora a obra trate do conflito americano no Vietnã, o paralelo com o pesadelo vivido pelos judeus na 2ª Guerra Mundial é inevitável.
Lembrar o horror do conflito anti-semita de maiores proporções da história é o intuito do Dia da Lembrança, instituído este ano por projeto do vereador João Manoel dos Santos (PTB), sancionado pelo prefeito Barjas Negri (PSDB). A data será celebrada anualmente no dia 30 de abril e a Câmara de Vereadores realizou na manhã de ontem a solenidade para apresentação e publicidade da nova data que passa a integrar o calendário oficial do município.
Com a presença de Boris Ber e Ricardo Berkiensztat, presidente e vice-presidente da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), além de Arie Yaari, sobrevivente do holocausto e presidente da Federação Israellita de Taubaté, a solenidade no Salão Nobre da Câmara discutiu o Holocausto da 2ª Guerra Mundial, que vitimou, pela contagem oficial, mais de seis milhões de judeus.
"É preciso educar as próximas gerações para que não sejam enganadas sobre o ocorrido. Enfrentar o novo fascismo negador do Holocausto é a melhor forma de evitar que se repita e não haja mais genocídios", diz Jayme Rosenthal, presidente da Federação Israelita em Piracicaba e que forneceu subsídios a João Manoel à formulação da lei que lembra os horrores da guerra. "Talvez esta seja a página mais negra de toda história".
A lei, agora instituída em Piracicaba, já existe em São Paulo, Campinas, Taubaté, São José dos Campos, Sorocaba e Ribeirão Preto. Uma resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovada por 191 países dos 192 que a congregam, declara ser dever dos Estados condenar sem reservas quaisquer negações do Holocausto, ao mesmo tempo em que as escolas devem ensinar sobre as conseqüências do massacre nazista aos judeus.
SOLENIDADE. A cerimônia no Salão Nobre contou com a apresentação do documentário "Nazismo Nunca Mais", que mostrou imagens gravadas pelos cinegrafistas alemães sobre os horrores da 2ª Grande Guerra. No vídeo, aparecem crianças judias mortas jogadas em uma pilha de cadáveres e judeus maltratados nos campos de concentração, cheios de piolhos e feridas.
A solenidade também contou com o sobrevivente do holocausto, Arie Yaari, que dedica sua vida a lutar para que o conflito onde foram mortos 6 milhões de judeus nunca mais aconteça. "Os jovens precisam saber o que aconteceu e não aceitar a publicidade fundamentalista que fizeram os nazistas e que pode ressurgir. Existe esse perigo".
Há cinco anos ele escreveu o livro O Leão da Montanha - Dos Campos da Morte para Campos de Jordão, da editora Séfer. Em 2009 será publicada a 2ª edição, revisada e que virá de forma mais didática para ser usado por professores e estudantes. Dois atores de São Paulo também adaptaram o texto e fizeram uma aula cênica que apresentam nas escolas, segundo Yaari.
Fonte: Gazeta de Piracicaba
http://www.gazetadepiracicaba.com.br/conteudo/mostra_noticia.asp?noticia=1609132&area=26050&authent=5488CB9FE5351325C9FC8BF6445212
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