Num censo religioso feito em 1925 revelou que num total de 65 milhões da população alemã, 40 milhões deles seguiam a principal Igreja Protestante (Igreja Luterana), 21 milhões seguiam a Igreja Católica Romana e que 620.000 seguiam várias denominações menores, principalmente protestantes. O termo "Luta da Igreja" refere-se às tensas relações entre igreja e estado na Alemanha nos idos de 1870 e, então novamente, durante o regime nazi.
Apesar da política nazista num primeiro instante parecesse tolerar a autonomia da igreja, rapidamente ficou claro que a tolerância oficial aos grupos religiosos cristãos duraria apenas tanto quanto as igrejas aceitassem a sincronização - o alinhamento da igreja, junto com outras partes da sociedade, com as metas nazistas. Ambas as Igrejas, Protestante e Católica, juntaram-se à ascensão do nazismo ao poder como uma tentativa de manter o controle de suas respectivas instituições e do direito de seus membros praticarem suas fés livre e abertamente.
A Igreja Católica Apostólica Romana
O Partido Católico Centrista alemão foi um pilar da República de Weimar. Ele tinha, no geral, resistido à ascensão do nazismo ao poder na Alemanha, apesar da ala de extrema-direita do partido ser conduzida por políticos mais tolerantes ao governo de Hitler. Uma vez que Hitler havia se tornado chanceler em janeiro de 1933, o Partido Centrista apoiou medidas que davam a ele poderes de ditador. Em 5 de julho de 1933, o Partido Centrista - sob intensa pressão dos nazistas - dissolveu-se (os outros partidos políticos restantes foram banidos mais cedo na primavera e no verão).
A Igreja Católica na Alemanha era controlada pelo Vaticano, sob a liderança do Papa Pio XI e assinou uma Concordata(Tratado) com o Reich Alemão 15 dias depois. A Concordata confirmou a dissolução das organizações sindicais e políticas do catolicismo alemão, mas garantia à Igreja direitos tradicionais para cultivar e promover a prática do rito católico, manter escolas católicas e nomear o clero católico. Muitos pontos do acordo foram prontamente violados, de todo modo, como quando os nazis perseguiram os jesuítas, a Ação Católica (um movimento social e religioso) e várias outras organizações católicas.
Após persistirem as ações anti-Igreja por vários anos, em 1937 o Papa Pio XI emitiu a Encíclica Mit brennender Sorge ("Com Ardente Preocupação"). Na encíclica, Pio XI criticou a filosofia nazista e alertou o governo alemão a honrar os termos da Concordata. Os nazistas responderam com uma onda de julgamentos de padres - processando o clero por muitas supostas infrações.
A Igreja Protestante
Em uma nova tentativa de alinhar o pensamento religioso e a política do Estado, os nazistas procuraram, sem sucesso, criar uma igreja nacional unificada. Hitler indicou um bispo do Reich, Ludwig Mueller, que conduziria um movimento "Cristão Alemão" dentro da igreja. Mueller procurou alinhavar a ideologia nazista à tradição protestante para incitar uma "igreja do povo" baseada no "bom sangue Ariano". Este movimento arrebanhou 600.000 adeptos em meados dos anos de 1930. O governo nazista intentou também suplantar o culto cristão com celebrações seculares do Partido Nazista que adotavam muitos símbolos de ritual religioso mas que glorificavam o partido e o Führer. Esforços também foram feitos para diluir a influência clerical acerca da instrução religiosa nas escolas públicas, bem como restringir as atividades e influência nos currículos de escolas religiosas.
Em 1933, um pequeno grupo do clero protestante formou a Liga de Emergência dos Pastores. Fundada por Martin Niemöller, a liga fincou oposição contra a dominação nazista na Igreja. Em 1934, seus líderes fundaram a Igreja Confessional, representando assim uma minoria entre todos os pastores protestantes na Alemanha. Sua ideologia era resistir à coerção nazi e expor a imoralidade do movimento "cristão alemão" pró-nazi. A Igreja Confessional, entretanto, não protestou contra as políticas raciais ou sociais nazistas. Apesar de um reduzido número de indivíduos teólogos alemães - tais como Dietrich Bonhoeffer - se opusessem ao regime, durante a Era Nazista a vasta maioria das lideranças das Igrejas Protestantes não desafiou a legislação discriminatória e as ações do estado.
Tanto a Igreja Católica quanto a Protestante se manifestaram em nome dos judeus que tinham se convertido ao cristianismo ou pelos judeus casados com membros de suas igrejas, tendo, assim, salvado algumas vidas. Além disso, as igrejas protestaram veementemente contra o Programa Nazista de Eutanásia e conseguiram limitar seu âmbito. Embora o regime nazista posteriormente interrompesse a visibilidade deste programa, ele continuou em segredo. Assim, a ação das igrejas nessa questão provou que o protesto poderia causar impacto sobre a política nazista. No entanto, nem a hierarquia clerical católica nem protestante oficialmente protestaram contra a perseguição dos judeus e os horrores da "Solução Final".
Outras denominações Cristãs
Grupos sectários foram considerados politicamente perigosos devido à sua tendência adventista, milenar e internacional. Alguns foram proibidos pelo governo nazista e muitos foram sujeitos a uma constante vigilância por parte da polícia secreta. As seitas foram um alvo mais fácil para o governo do que as grandes igrejas. A política nazista variava de acordo com a seita. Algumas, tal como as Testemunhas de Jeová (proibida na Prússia em 1933), foram perseguidas e muitos de seus seguidores foram presos em campos de concentração. Outros, como os Novos Apostólicos, Cientólogos Cristãos (proibidos em 1941) e Adventistas do Sétimo Dia passaram por perseguição intermitente. Finalmente, alguns grupos, como os mórmons, foram ignorados ou mesmo tratados com alguma condescendência. Todas as seitas cristãs praticamente foram, em algum momento, acusadas de abrigar marxistas ou de ser outros "inimigos da Alemanha".
Fonte: USHMM
German Churches and the Nazi State
http://www.ushmm.org/wlc/en/article.php?ModuleId=10005206
Tradução: Roberto Lucena
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