quinta-feira, 7 de abril de 2011
As heróicas mulheres de Auschwitz
Nota publicada no Jerusalem Post de 13 de julho de 1991
Membros da resistência francesa
Em julho de 1991 foi inaugurado em Yad Vashem um monumento em homenagem a quatro mulheres judias, que arriscaram suas vidas em Auschwitz. A escultura é de Iosef Salamon.
Os nomes das quatro mulheres que honram este monumento são: Ala Gertner, Roza Robota, Regina Safirsztajn e Estucia Wajcblum. Depois de meses de interrogatórios e torturas as quatro foram enforcadas em 5 de janeiro de 1945, 13 dias antes de que as SS abandonassem Auschwitz ao se inteirar do avanço russo.
A história começa em março de 1944, quando Roza Robota se encontra no campo com um prisioneiro a quem ela conhecia de sua cidade natal de Ciechanow, onde ambos pertenciam ao Hashomer Hatzair. Este homem pertencia ao Sonder Kommando, esquadrão encarregado de remover os corpos das câmaras de gás e levá-los ao crematório. Os homens do Sonderkommando viviam em barracas separadas do resto dos prisioneiros e lhes era reservada melhor comida. Periodicamente os nazis gaseavam estes homens, porque consideravam que haviam "visto demais" e os substituíam por um novo grupo.
Este homem com quem Roza se encontrou pertencia ao grupo "underground" que planejava um levante. Para isto necessitava de granadas e explosivos. Queriam explodir as câmaras de gás. Embora Roza tivesse uma posição relativamente cômoda na "rouparia, comprometeu-se a ajudá-lo. Falou com sete mulheres que trabalhavam em Werschel Metan Unionworke, a fábrica de munições. É necessário contrabandear a pólvora e entregá-la ao grupo "underground". Roza é a ponte entre os que conseguiam a pólvora e os que a recebiam. Nesse grupo se encontrava Israel Gutman, na época então com 21 anos, e atualmente reconhecido professor da história do Holocausto na Universidade Hebraica de Jerusalém.
As heróicas garotas escondiam a pólvora nas bainhas. A revolta estourou no sábado 7 de outubro de 1944. Os sonderkommandos sabiam que tinham os dias contados, porque os transportes de judeus já não chegavam. Mas decidiram continuar lutando. O movimento "underground" polonês que havia prometido sua ajuda, no último momento não apareceu. A revolta não ocorreu como havia sido planejada. Segundo Israel Gutman, foram traídos por um kapo. Não há detalhes da revolta, mas mais de 500 sonderkommandos foram mortos. Os últimos que trataram de escapar foram caçados por cães, segundo relata o historiador britânico Martin Gilbert.
A gestapo não tardou em dar-se conta de quem havia fornecido a pólvora. Que pese nisso as torturas infligidas a Roza, esta não revelou nomes. Gutman disse: "através do heroísmo destas mulheres, 30 de nós podem se salvar". As testemunhas das mortes destas quatro jovens contam que morreram dando mostra de orgulho, e Roza clamou vingança. Em 22 de maio de 1985, na Alemanha, foram homenageadas publicamente e por sugestão dos sobreviventes de Auschwitz em Israel, descobriu-se uma placa no distrito de Ruhr na cidade alemã de Frodenberg, onde funcionava a fábrica Unionworke.
Fonte: Fundación Memoria del Holocausto (Argentina)
http://www.fmh.org.ar/revista/2/lasheroicas.htm
Texto: Ernie Mayer
Tradução(ing-esp): Noemí Rijter
Tradução: Roberto Lucena
sábado, 1 de março de 2008
Reflexões sobre a educação e críticas aos negadores
30 - 01 - 08
A educação e suas implicações éticas; o valor da memória e o repúdio contra toda expressão negacionista foram os pontos destacados durante o ato de celebração do “Dia Internacional da Recordação das Vítimas do Holocausto”, realizado anteontem pelos três ministérios nacionais e as organizações da sociedade civil que integram o capítulo argentino da ITF.
A data se designou em 2005 por consenso de 192 países, em coincidência com a da liberação do campo de extermínio de Auschwitz (27 de janeiro 1945), como símbolo do que causou a nefasta maquinário criminal nazista.
O ato, realizado no abarrotado Salão de Atos do Banco Nación, foi presidido pelos ministros da Justiça Aníbal Fernández e Educação, Juan Carlos Tedesco; o vice-chanceler Roberto García Moritán; o secretário de Direitos Humanos, Eduardo Luis Duhalde; o presidente da DAIA, Aldo Donzis; e o sobrevivente de Auschwitz, David Galante.
Tedesco refletiu acerca do papel da educação e da formação ética dos cidadãos, científicos e dirigentes. “É muito duro mas devemos recordar que os que arquitetaram e executaram o Holocausto eram, do ponto de vista cognitivo, muito instruídos. O problema, portanto, não é puramente cognitivo. O problema é ético”, assinalou.
O vice-chanceler García Moritán, por sua parte, referiu-se à participação da Argentina — através dos ministérios da Educação, Justiça, e Relações Exteriores, e de diversas organizações não governamentais - , no Grupo de Trabalho e Cooperação para a implementação da temática da Shoá nos programas educativos de seus países membros (ITF).
“O co-patrocínio do país na ITF significa que para Argentina as teorias negacionistas e a violação massiva e sistemática dos direitos humanos são inaceitáveis, e devem ser combatidas. Nenhum delito de lesa humanidade pode ficar impune”, afirmou García Moritán.
"As sociedades que não recordam seu passado estão cometendo um crime contra a memória. É nosso dever enfrentar a quem se nega a reconhecer os horrores do nazismo", concordou o ministro da Justiça, Aníbal Fernández, que acrescentou "este deve ser um dia de reflexão para toda a humanidade".
O presidente da DAIA, Aldo Donzis, ressaltou que “Não é moralmente admissível a neutralidade ante a violação dos direitos humanos” e que “A memória se transforma em um mero ritual se só se recorda o passado como um fato histórico, se não se aprende dele, se não se eleva ao clamor generalizado contra aqueles que pretendem repeti-lo”.
Assistiram ao ato os embaixadores de Israel, dos Estados Unidos, França e Croácia; a vice-presidenta das Avós da Praça de Maio, Rosa Roisinblit; o secretário de Culto da Chancelaria, Guillermo Oliveri; a presidenta do Banco Nación, Mercedes Marcó del Pont; o titular da Associação Mutual Israelita da Argentina (AMIA), Luis Grynwald e o presidente do Museu do Holocausto, Mario Feferbaum, sobreviventes do Holocausto, e funcionários de diversos ministérios.
O sobrevivente do Holocausto David Galante comoveu com seu testemunho a todos os presentes: “A alguém lhe parecerá estranho, mas não todos os que se debruçam ao inferno de Auschwitz padecem da mesma reação que o campo despertou em seus libertadores. Sessenta e três janeiros depois, sua recordação parece causar indiferença e pior ainda, sua negação. Não vou dar nomes nem detalhes. Não importam às pessoas senão os fatos. Os que negam o que eu vivi, tem a sorte de que não poderão jamais experimentar uma só das sensações que eu padeci dentro do campo.”
As Nações Unidas, através de sua resolução 60/7 de 2005, que instaura o 27 de janeiro como dia de recordação das vítimas da Shoá, “condena sem reservas todas as manifestações de intolerância religiosa, incitação, assédio ou violência contra pessoas ou comunidades baseadas na origem étnica ou nas crenças religiosas, de onde quer que tenham origem”.
Asssim mesmo, insta “os Estados Membros a que elaborem programas educativos que inculquem as gerações futuras os ensinos do Holocausto com o fim de ajudar a prevenir atos de genocídio no futuro”.
Baixe a resolução 60/7 (ano 2005) do site das Nações Unidas.
Fonte(espanhol): Fundación Memoria del Holocausto(Argentina)
http://www.fmh.org.ar/prensa/gacetillas/postacto280108.html
Tradução: Roberto Lucena