terça-feira, 11 de novembro de 2014

Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Libertários/Liberais)

Em sua crítica de 'The Bell Curve' de Herrnstein e Murray, Murray Rothbard elogiou o livro por "expressar em detalhes maciços e de forma acadêmica o que todo mundo sempre soube mas não se atreve a dizer, sobre raça, inteligência e hereditariedade". Rothbard chegou à seguinte conclusão:
ENTÃO: POR QUE FALAR AINDA SOBRE RAÇA?

Se, então, a questão da raça é realmente um problema para estatísticos e não para Paleos (Paleoconservadores), por que ainda deveríamos falar sobre a relevância disso (raça)? Por que a questão da raça é uma preocupação política para nós; por que não deixar a questão inteiramente para os cientistas?

Duas razões já mencionadas; para comemorar a vitória da liberdade de pesquisa e da verdade por si; e também pela bala no coração do projeto igualitário-socialista. Mas há uma terceira razão também: de que é uma poderosa defesa dos resultados do mercado livre. Se e quando nós, como populistas e libertários, abolirmos o Estado de bem-estar em todos os seus aspectos, e os direitos de propriedade e do livre mercado forem triunfantes uma vez mais, muitas pessoas e grupos previsivelmente não gostarão do resultado final.

Neste caso, os grupos étnicos e outros grupos que possam estar concentrados na baixa renda ou nas ocupações de menor prestígio, guiados por seus mentores socialistas, previsivelmente levantarão o grito de que o capitalismo de livre mercado é mau e "discriminatório" e que, portanto, o coletivismo é necessário para restabelecer o equilíbrio. Neste caso, o argumento de inteligência se tornará útil para defender a economia de mercado e a livre sociedade de ataques ignorantes ou de autopreservação. Em resumo; a ciência racialista não é propriamente um ato de agressão ou uma cobertura para a opressão de um grupo sobre outro, mas, ao contrário, uma operação na defesa da propriedade privada contra assaltos de agressores.
Rothbard estava orgulhoso de ser um "racista" ("racialista") porque o racialismo expôs a "verdadeira" fonte de desigualdade em um mercado livre, ou seja, a genética. A crença na desigualdade racial biológica era, para Rothbard, parte do projeto libertário, porque a desigualdade racial era simplesmente como os mercados refletiam a natureza. Além disso, esta não era uma súbita conversão: Rothbard promoveu o mesmo ponto de vista já em 1973, aqui.

O artigo de Rothbard foi publicado no Relatório Rothbard Rockwell. Seu parceiro nesse jornal, Lew Rockwell, é o fundador e presidente do Instituto Ludwig von Mises. Rothbard e Rockwell se envolveram em 1988 na campanha eleitoral presidencial de Ron Paul. No início de 2008, este artigo revelou que "uma meia dúzia de ativistas libertários de longa data, incluindo alguns ainda próximos a R. Paul" tinham identificado Rockwell como o "chefe e escritor fantasma" das newwletters (boletins informativos) de Ron Paul publicadas a partir de "próximo de 1989 até 1994." Alguns desses artigos tinham um tema racista e podem ser vistos aqui.

Rothbard defendeu apoio ao ex-membro da Klan, David Duke:
É fascinante que não havia nada no atual programa de Duke ou na campanha que não poderia também ser abraçado por neoconservadores ou paleolibertários; impostos mais baixos, o desmantelamento da burocracia, o corte do sistema de bem-estar, atacar a ação afirmativa e as reservas raciais de terra, pedir direitos iguais a todos os norte-americanos, incluindo os brancos: o que há de errado com isso? E, claro, a coalizão poderosa anti-Duke não escolheu se opor a Duke em qualquer uma dessas questões.
Isto levou um desafeto libertário a escrever:
A ideia de que não há problema em ser [amigo] de racistas explícitos só porque eles são a favor de um governo limitado é ridículo. É esta a ideia de que com sua ajuda haverá um pequeno governo racista?
Um racista usando o pseudônimo de Peter Bradley postou uma homenagem a Rothbard, reproduzida aqui:
Murray Rothbard foi o fundador do moderno libertarianismo e também foi um defensor da separação racial voluntária. Eu nunca conheci Rothbard, mas conheci Sam Francis e vários outros que me disseram que ele estava como parte da onda da Renascença Americana sobre as questões raciais. Michael Levin foi um colaborador frequente da RRR por quatro anos e eu subscrevo isso. Ele escreveu muito honestamente sobre coisas como crime negro, raça e QI, e a cal sobre o fracasso negro. Hans Hoppe, que é favorável à imigração, escreveu que os EUA poderiam manter a sua identidade racial e ainda ter imigração, selecionando os imigrantes com base no QI e na raça. O livro de ensaios de Jared Taylor, The Real American Dilemma (O real dilema norte-americano), recebeu uma crítica favorável de Paul Gottfried na edição da RRR de 1998. A sinceridade da RRR sobre raça foi criticada por David Frum, em 1994, seu livro "Dead Right" (Direita Morta). Frum foi particularmente desfavorável a um ensaio que não faz jus sobre o caráter moral de Martin Luther King.
Em 1993, Rothbard escreveu sobre Malcolm X e discutiu a possibilidade de um Estado separado para negros, mas concluiu que isto "exigiria" uma enorme ajuda externa "dos EUA". Ele também descreveu o nacionalismo negro como "um nacionalismo falso" que estava "começando a se parecer com uma unidade de uma forma agravada de parasitismo coagido sobre a população branca." A impressão geral criada pelo artigo era que Rothbard estava usando o nacionalismo negro como um espantalho com o qual se queixava do "parasitismo" negro e da suposta incapacidade dos negros em formar comunidades independentes, auto-suficientes sem o apoio do Bem-estar dos brancos.

Rothbard afirmou que "não há dúvida de que o nacionalismo negro é muito mais libertário do que a integração obrigatória empurrado pelo rei, a NAACP, e os liberais brancos." Isso diz mais sobre Rothbard do que o que ele diz sobre o nacionalismo negro. Um estado separatista, com a migração restrito aos "EUA", não parece ser algo livre, nem o nacionalismo negro em sua forma muçulmana ofereceriam às mulheres a gama de liberdades que Rothbard tomaram como certa no caso de homens brancos.

Rothbard também defendeu que durante este período os "policiais devem ser liberados, com permissão para aplicar punição imediata, sem prejuízo de responsabilidade quando eles cometessem um erro." A implicação clara disso era de que os policiais seriam brancos e os destinatários negros. Estes últimos não teriam, assim, o direito, de acordo com Rothbard, ao devido processo legal sob a lei. A ironia que um libertário deveria acreditar que funcionários públicos deveriam ter tais poderes draconianos foi perdida em Rothbard. Como Matt Welch observou, "Delegar à polícia para fazer justiça na rua sobre a juventude de pele escura não combina com qualquer noção de governo limitado que eu esteja familiarizado."

Além disso, a origem judaica de Rothbard não o impediu de tomar posições dúbias relacionadas a questões judaicas. Ele fixou aqui os papéis de 'judias' e de 'financistas de ponta judeus' na ascensão do Estado de Bem-estar social, sem explicar porque a sua origem "étnica" [termo seu] deveria ser relevante. Sua referência a um "bando" de 1860 dessas mulheres não estabelecia uma explicação para a existência desse grupo. Ele parecia estar convidando os leitores a tirar suas próprias conclusões.

As posições públicas de Rothbard sobre o antissemitismo constitui uma estratégia de minimização. Ele insistiu aqui em uma definição estreita de antissemitismo e que Pat Buchanan não poderia ser um antissemita, embora Rothbard tenha citado este artigo que discute as visões de Buchanan sobre o campo de extermínio de Treblinka. Apesar do 'ceticismo' sobre Treblinka não ser prova de antissemitismo, é indicativo de uma vontade de acreditar de que as testemunhas judaicas participaram de uma fabricação monstruosa. No mínimo, o artigo mostrava que Buchanan fora "companheiro de viagem" de antissemitas: "Grande parte do material sobre o qual Buchanan baseia suas colunas é enviado a ele por pró-nazistas e antissemitas doentes". Portanto, é revelador que Rothbard tenha omitido qualquer discussão dos pontos de vista de Buchanan sobre o Holocausto a partir de um artigo em que Rothbard supostamente provou que Buchanan não era um antissemita. Isto sugere que Rothbard foi desonesto e que suas suspeitas reais relativas às opiniões de Buchanan sobre os judeus diferiam das conclusões que ele expressa no artigo. Ele ocultou essas suspeitas erigindo uma definição de espantalho do antissemitismo e excluindo crenças que mostrariam que a definição seria inadequada.

O trabalho de Rothbard sobre raça e política, elogiado e promovido por Rockwell, portanto, representa grandes problemas para seus apoiadores atuais e potenciais novos seguidores. Mesmo Ron Paul reconheceu este problema, tardiamente, quando ele afirmou que "os libertários são incapazes de serem racistas, porque o racismo é uma ideia coletivista". Se esta afirmação é verdadeira, isso significaria que Rothbard não era um verdadeiro libertário. Se a afirmação é falsa, isso significaria que pelo menos uma facção/parcela do libertarianismo era racista, e que os atuais e futuros apoiadores de Rothbard teriam que decidir se desejariam usar essa marca.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/07/murray-rothbard-lew-rockwell-and.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Murray Rothbard, Lew Rockwell and Scientific Racism
Tradução: Roberto Lucena
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Ler o comentário deste post aqui:
Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Complemento)

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