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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Complemento)

Comentário do post:
Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Libertários/Liberais)

Como o comentário do outro post ficou longo, então segue num post à parte (texto abaixo).
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Observação: a quem não está familiarizado com termos como "libertários" (que são na prática liberais radicais, ou a extrema-direita liberal-conservadora, apesar deles negarem tudo que é dito deles como já vi no Orkut, portavam-se como "acima do bem e do mal" e com um pedantismo e petulância insuportáveis), é bom se acostumar.

Muito se tem dito de "revisionistas"/negacionistas em relação ao fenômeno do extremismo de direita no Brasil, que no caso se refere mais a fascistas (grupos tradicionais ultranacionalistas etc), mas esta outra facção com mais poder (poder de fato, pois eles têm espaço aberto em revistas, TV pra propagar essas ideias evitando citar os autores) acaba passando ao largo da discussão quando nos EUA as coisas são mais claras em relação à ligação política entre esses grupos radicais de direita (fascistas e liberais radicais, os ditos "libertários"), em que pese algumas divergências entre eles e os falseamentos como quando esses liberais radicais (e desonestos) tentam empurrar o nazismo (fascismo alemão) como sendo um "movimento de esquerda", algo panfletário e distorção ideológica visando demonização de quem se opõe a eles ou "santificarem-se" como "posição política acima do bem e do mal". A demonização deles atinge à esquerda ou mesmo democratas (centristas) que combatem esses extremistas já que eles generalizam a todos.

A quem ainda não notou a ligação entre os fenômenos do extremismo, o que ocorre no Brasil (e isto será mais detalhado num post parte 2 sobre a extrema-direita brasileira) é que esses grupos, mais ideologicamente organizados ultraliberais (se organizam como Think Tanks) formulam/traduzem a agenda/repertório ideológico desse liberalismo radical e discurso radical antiesquerda no Brasil (que ocasionaram marchas pedindo volta da ditadura como esta do link), repertório/agenda que depois é metralhada/passada adiante pelos meios de comunicação (revistas como a Veja, jornalões conhecidos, TVs como a Globo e a Bandeirantes) pro grande público e defendidos com fervor por reacionários que não se assumem como tal pela internet, com defesas de Estado mínimo, com teorias da conspiração de todo tipo e chamando quem se opõe a eles de "bolivarianos" e outras mitomanias que 'venham a calhar'. Muitos que pregam isso só são papagaios sem compreensão do fenômeno, mas a petulância entre eles é característica.

Por que me oponho a esses grupos? E porque todas as pessoas que se identificam como democratas (centristas, nacionalistas democratas e afins) deveriam se posicionar contra eles?

Pelo simples fato de que eles projetam pro Brasil um projeto neocolonialista (econômico, cultural e ideológico) através de um liberalismo radical (neoliberalismo) que colocou o país de joelhos no desgoverno FHC (1994-2002), sucateando o Brasil e toda a América Latina e outras partes do mundo, incompatível com o Bem-estar dos países pois só produz desestruturação e desigualdade social aguda podendo provocar crises políticas profundas e a própria ruptura da democracia. Em 2002 a crise no Brasil foi tão profunda que aniquilou o poder desses grupos com a mídia e possibilitou finalmente a vitória da coligação PT/PL (Lula e José Alencar) resgatando o país da destruição que esses liberais causaram ao Brasil.

Foi graças a este tipo de ideologia liberal radical e a degradação social que o liberalismo radical provoca através do aumento da desigualdade e arrocho econômico, que o nazismo triunfou na Alemanha em 1933 como "solução nacionalista" à degradação social econômica provocada pelos liberais. Ao contrário do que muita gente pensa, o maior cabo eleitoral do nazismo na Alemanha foram as políticas liberais dos capitalistas e a crise social que isto gerou abrindo espaço pra partidos aventureiros como o de Hitler.

Até hoje o país ainda enfrenta problemas provocados nos 8 anos de FHC porque há uma direita udenista liberal forte que apoia a manutenção da desigualdade extrema no país, social, regional e é contra quase todo projeto de cunho social e nacional dos governos ou mesmo que a população proponha/defenda isso. De forma democrática. Esses grupos liberais, que são representados pela mídia oligopolizada, atacam qualquer projeto nacional democrático, popular e de soberania do Brasil.

Esses grupos liberais procuram demonizar a política e partidos com um discurso moralista e de "superioridade moral", "salvacionista", principalmente demonizando os grupos de esquerda (democráticos) ou de centro-esquerda que foram e são importantes pra consolidação da democracia no país.

Não se iludam com o discurso de "liberdade" desse pessoal, isso é falso, a única liberdade desse extremismo liberalóide é a defesa das corporações estrangeiras (e algumas nacionais como a mídia) e grande capital, posando de "salvadores". Esses "libertários" do Brasil são os antigos udenistas, Lacerdistas, que jogaram o país em 1964 numa ditadura de 21 anos, a mesma ditadura que entregou o país com inflação recorde, dívida externa recorde por endividamento, desemprego etc e toda a estrutura social do país comprometida como a saúde e educação públicas destruídas que conta com forte oposição de grupos privados pra haver uma universalização pública desses serviços com qualidade.

Esses grupos que matracam seu arsenal através da mídia partidarizada do país (a do oligopólio) apostam na despolitização do país e na demonização dos partidos como se viu na recente eleição do país com uma radicalização imbecilizada protagonizada pela direita do país e pelos despolitizados raivosos guiados pela mídia oligopolizada (que não são poucos), aproveitando-se do fator irracional desencadeado pela morte de Eduardo Campos durante a eleição e a ascensão da figura obscura e rancorosa chamada Marina Silva, a candidata das ONGs estrangeiras no Brasil, do Itaú e de George Soros, testa de ferro do governo dos EUA. Você verá alguns desses liberais radicais atacarem esses mesmos grupos ligados à Marina Silva, por repetirem o discurso radical Republicano sobre ONGs e verdes propagado nos EUA, mas são tudo farinha do mesmo saco, um de cariz norte-americano e outro europeu (Greenpeace, WWF), ou no caso os verdes também são próximos dos Democratas dos EUA como o Al Gore e o lobbysmo da internacionalização dos recursos do Brasil, outro nome pra "saque" (roubo).

Não me alongarei mais aqui pois tem muita coisa a ser dita desses bandos e as ideias estéreis que pregam no país, e este comentário extra pode vir a ser colocado num post pra não desviar a atenção do texto traduzido, mas o assunto mencionado fica pra outro post, mas quem quiser ler todos os textos sobre a extrema-direita liberal basta clicar (provisoriamente, vou arrumar um nome definitivo pra essa série) na tag liberalismo que aparecerão todos os textos sobre eles.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Murray Rothbard, Lew Rockwell e o "Racismo científico" (Libertários/Liberais)

Em sua crítica de 'The Bell Curve' de Herrnstein e Murray, Murray Rothbard elogiou o livro por "expressar em detalhes maciços e de forma acadêmica o que todo mundo sempre soube mas não se atreve a dizer, sobre raça, inteligência e hereditariedade". Rothbard chegou à seguinte conclusão:
ENTÃO: POR QUE FALAR AINDA SOBRE RAÇA?

Se, então, a questão da raça é realmente um problema para estatísticos e não para Paleos (Paleoconservadores), por que ainda deveríamos falar sobre a relevância disso (raça)? Por que a questão da raça é uma preocupação política para nós; por que não deixar a questão inteiramente para os cientistas?

Duas razões já mencionadas; para comemorar a vitória da liberdade de pesquisa e da verdade por si; e também pela bala no coração do projeto igualitário-socialista. Mas há uma terceira razão também: de que é uma poderosa defesa dos resultados do mercado livre. Se e quando nós, como populistas e libertários, abolirmos o Estado de bem-estar em todos os seus aspectos, e os direitos de propriedade e do livre mercado forem triunfantes uma vez mais, muitas pessoas e grupos previsivelmente não gostarão do resultado final.

Neste caso, os grupos étnicos e outros grupos que possam estar concentrados na baixa renda ou nas ocupações de menor prestígio, guiados por seus mentores socialistas, previsivelmente levantarão o grito de que o capitalismo de livre mercado é mau e "discriminatório" e que, portanto, o coletivismo é necessário para restabelecer o equilíbrio. Neste caso, o argumento de inteligência se tornará útil para defender a economia de mercado e a livre sociedade de ataques ignorantes ou de autopreservação. Em resumo; a ciência racialista não é propriamente um ato de agressão ou uma cobertura para a opressão de um grupo sobre outro, mas, ao contrário, uma operação na defesa da propriedade privada contra assaltos de agressores.
Rothbard estava orgulhoso de ser um "racista" ("racialista") porque o racialismo expôs a "verdadeira" fonte de desigualdade em um mercado livre, ou seja, a genética. A crença na desigualdade racial biológica era, para Rothbard, parte do projeto libertário, porque a desigualdade racial era simplesmente como os mercados refletiam a natureza. Além disso, esta não era uma súbita conversão: Rothbard promoveu o mesmo ponto de vista já em 1973, aqui.

O artigo de Rothbard foi publicado no Relatório Rothbard Rockwell. Seu parceiro nesse jornal, Lew Rockwell, é o fundador e presidente do Instituto Ludwig von Mises. Rothbard e Rockwell se envolveram em 1988 na campanha eleitoral presidencial de Ron Paul. No início de 2008, este artigo revelou que "uma meia dúzia de ativistas libertários de longa data, incluindo alguns ainda próximos a R. Paul" tinham identificado Rockwell como o "chefe e escritor fantasma" das newwletters (boletins informativos) de Ron Paul publicadas a partir de "próximo de 1989 até 1994." Alguns desses artigos tinham um tema racista e podem ser vistos aqui.

Rothbard defendeu apoio ao ex-membro da Klan, David Duke:
É fascinante que não havia nada no atual programa de Duke ou na campanha que não poderia também ser abraçado por neoconservadores ou paleolibertários; impostos mais baixos, o desmantelamento da burocracia, o corte do sistema de bem-estar, atacar a ação afirmativa e as reservas raciais de terra, pedir direitos iguais a todos os norte-americanos, incluindo os brancos: o que há de errado com isso? E, claro, a coalizão poderosa anti-Duke não escolheu se opor a Duke em qualquer uma dessas questões.
Isto levou um desafeto libertário a escrever:
A ideia de que não há problema em ser [amigo] de racistas explícitos só porque eles são a favor de um governo limitado é ridículo. É esta a ideia de que com sua ajuda haverá um pequeno governo racista?
Um racista usando o pseudônimo de Peter Bradley postou uma homenagem a Rothbard, reproduzida aqui:
Murray Rothbard foi o fundador do moderno libertarianismo e também foi um defensor da separação racial voluntária. Eu nunca conheci Rothbard, mas conheci Sam Francis e vários outros que me disseram que ele estava como parte da onda da Renascença Americana sobre as questões raciais. Michael Levin foi um colaborador frequente da RRR por quatro anos e eu subscrevo isso. Ele escreveu muito honestamente sobre coisas como crime negro, raça e QI, e a cal sobre o fracasso negro. Hans Hoppe, que é favorável à imigração, escreveu que os EUA poderiam manter a sua identidade racial e ainda ter imigração, selecionando os imigrantes com base no QI e na raça. O livro de ensaios de Jared Taylor, The Real American Dilemma (O real dilema norte-americano), recebeu uma crítica favorável de Paul Gottfried na edição da RRR de 1998. A sinceridade da RRR sobre raça foi criticada por David Frum, em 1994, seu livro "Dead Right" (Direita Morta). Frum foi particularmente desfavorável a um ensaio que não faz jus sobre o caráter moral de Martin Luther King.
Em 1993, Rothbard escreveu sobre Malcolm X e discutiu a possibilidade de um Estado separado para negros, mas concluiu que isto "exigiria" uma enorme ajuda externa "dos EUA". Ele também descreveu o nacionalismo negro como "um nacionalismo falso" que estava "começando a se parecer com uma unidade de uma forma agravada de parasitismo coagido sobre a população branca." A impressão geral criada pelo artigo era que Rothbard estava usando o nacionalismo negro como um espantalho com o qual se queixava do "parasitismo" negro e da suposta incapacidade dos negros em formar comunidades independentes, auto-suficientes sem o apoio do Bem-estar dos brancos.

Rothbard afirmou que "não há dúvida de que o nacionalismo negro é muito mais libertário do que a integração obrigatória empurrado pelo rei, a NAACP, e os liberais brancos." Isso diz mais sobre Rothbard do que o que ele diz sobre o nacionalismo negro. Um estado separatista, com a migração restrito aos "EUA", não parece ser algo livre, nem o nacionalismo negro em sua forma muçulmana ofereceriam às mulheres a gama de liberdades que Rothbard tomaram como certa no caso de homens brancos.

Rothbard também defendeu que durante este período os "policiais devem ser liberados, com permissão para aplicar punição imediata, sem prejuízo de responsabilidade quando eles cometessem um erro." A implicação clara disso era de que os policiais seriam brancos e os destinatários negros. Estes últimos não teriam, assim, o direito, de acordo com Rothbard, ao devido processo legal sob a lei. A ironia que um libertário deveria acreditar que funcionários públicos deveriam ter tais poderes draconianos foi perdida em Rothbard. Como Matt Welch observou, "Delegar à polícia para fazer justiça na rua sobre a juventude de pele escura não combina com qualquer noção de governo limitado que eu esteja familiarizado."

Além disso, a origem judaica de Rothbard não o impediu de tomar posições dúbias relacionadas a questões judaicas. Ele fixou aqui os papéis de 'judias' e de 'financistas de ponta judeus' na ascensão do Estado de Bem-estar social, sem explicar porque a sua origem "étnica" [termo seu] deveria ser relevante. Sua referência a um "bando" de 1860 dessas mulheres não estabelecia uma explicação para a existência desse grupo. Ele parecia estar convidando os leitores a tirar suas próprias conclusões.

As posições públicas de Rothbard sobre o antissemitismo constitui uma estratégia de minimização. Ele insistiu aqui em uma definição estreita de antissemitismo e que Pat Buchanan não poderia ser um antissemita, embora Rothbard tenha citado este artigo que discute as visões de Buchanan sobre o campo de extermínio de Treblinka. Apesar do 'ceticismo' sobre Treblinka não ser prova de antissemitismo, é indicativo de uma vontade de acreditar de que as testemunhas judaicas participaram de uma fabricação monstruosa. No mínimo, o artigo mostrava que Buchanan fora "companheiro de viagem" de antissemitas: "Grande parte do material sobre o qual Buchanan baseia suas colunas é enviado a ele por pró-nazistas e antissemitas doentes". Portanto, é revelador que Rothbard tenha omitido qualquer discussão dos pontos de vista de Buchanan sobre o Holocausto a partir de um artigo em que Rothbard supostamente provou que Buchanan não era um antissemita. Isto sugere que Rothbard foi desonesto e que suas suspeitas reais relativas às opiniões de Buchanan sobre os judeus diferiam das conclusões que ele expressa no artigo. Ele ocultou essas suspeitas erigindo uma definição de espantalho do antissemitismo e excluindo crenças que mostrariam que a definição seria inadequada.

O trabalho de Rothbard sobre raça e política, elogiado e promovido por Rockwell, portanto, representa grandes problemas para seus apoiadores atuais e potenciais novos seguidores. Mesmo Ron Paul reconheceu este problema, tardiamente, quando ele afirmou que "os libertários são incapazes de serem racistas, porque o racismo é uma ideia coletivista". Se esta afirmação é verdadeira, isso significaria que Rothbard não era um verdadeiro libertário. Se a afirmação é falsa, isso significaria que pelo menos uma facção/parcela do libertarianismo era racista, e que os atuais e futuros apoiadores de Rothbard teriam que decidir se desejariam usar essa marca.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2010/07/murray-rothbard-lew-rockwell-and.html
Texto: Jonathan Harrison
Título original: Murray Rothbard, Lew Rockwell and Scientific Racism
Tradução: Roberto Lucena
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