domingo, 27 de abril de 2008

Bombas Atômicas Nazis - Parte 1

Parte 1 de 2
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O juiz Robert H. Jackson, que dirigia a acusação americana do Tribunal de Nuremberg, interrogou Albert Speer em 21 de junho de 1946. O Sr. Jackson estava tratando de aclarar quem tomou e como a decisão de chegar à "guerra total", a decisão dos líderes nazis de combater até que a Alemanha fosse total e definitivamente derrotada. Isto se relacionava com uma das acusações contra os réus, o de "crimes contra a paz". (Speer, casualmente, foi absolvido desta acusação na sentença, três meses depois [1]).

Este contexto - tratar de establecer os fatos da "guerra total" - converte-se em algo muito importante na página 529 da transcrição do julgamento, assim que o leitor terá que desculpar várias citações ds páginas que tratam deste ponto.

Por exemplo, Jackson perguntou acerca da proposta de retirar-se da Convenção de Genebra quando se aproximava o final da guerra. Speer comentou:

Speer: Esta proposta, como já declarei ontem, foi feita pelo Dr. Goebbels. Feita depois do bombardeio de Dresden [15 de fevereiro de 1945], mas antes disto, desde o outono de 1944, Goebbels e Ley falaram com freqüência de itensificar o esforço de guerra em todo o possível, já que me restou a impressão de que Goebbels estava tratando de usar o ataque à Dresden e a irritação que ele causou como uma desculpa para sair da Convenção de Genebra. [2]

A seguinte pergunta do Sr. Jackson tratava do desejo dos nazis de usar gás nervoso no campo de batalha:

Jackson: Bem, fez-se então uma proposta para empregar armamento químico?

Speer: não me foi possível, através de minha observação direta, saber se estava sendo preparando o emprego de armas químicas, mas soube através de pessoas que trabalhavam com Ley e Goebbels que estavam discutindo o uso dos novos gases de combate, o tabun e o sarín.[3]

As seguintes perguntas trataram da campanha de bombardeios com foguetes contra a Inglaterra, que não foi eficiente desde uma perspectiva militar, mas (se supõe) manteve a moral alemã, e então o Sr. Jackson voltou a fazer algumas perguntas sobre os gases nervosos.

Na página 529 da transcrição, o Sr. Jackson perguntou por uma história da propaganda nazi destinada a elevar a moral do povo alemão. Começamos citando uma pergunta e sua resposta anterior à história de propaganda, para que o leitor veja que não foi tirada de contexto a citação:
Jackson: Quem se encarregava dos experimentos com gases?

Speer: Pelo que eu sei, o departamento de pesquisa da O.K.H. no laboratório do Exército. Não posso dizer com segurança.

Jackson: E também se realizaram certos experimentos e pesquisas sobre a energia atômica, não?

Speer: Não haviamos chegado tão longe, por infortúnio, porque nossos melhores especialistas em pesquisa atômica haviam emigrado para América, fazendo-nos retroceder em nossas pesquisas, pelo que ainda necessitaríamos de um ou dois anos para alcançar algum resultado na fissão atômica.

O Sr. Jackson faz um comentário irônico:
Jackson: A política de expulsar da Alemanha todo aquele que não estivessem de acordo com vocês não produziu bons resultados, verdade?

Speer: Especialmente nesta área se supôs uma grande desvantagem para nós.

Então voltou à linha seguida no interrogatório:
Jackson: Tenho certa informação que chegou em minhas mãos sobre um experimento realizado próximo a Auschwitz, e queria lhe perguntar se você o conhecia ou ouviu falar dele. A finalidade do experimento era encontrar uma maneira rápida e total de eliminar pessoas sem as demoras e moléstias das execuções, os gaseamentos e as incinerações, como se fez, e este é o experimento segundo o qual foi descoberto. Construiu-se uma vila, uma pequena vila com estruturas temporárias, e se instalou nela uns 20.000 judeus. Por meio desta nova arma de destruição, estas 20.000 pessoas foram erradicas quase que instantaneamente, e de uma maneira tal que não sobrou nenhum resto delas; desenvolvido, o explosivo alcançou temperaturas entre 400 e 500 ºC e destruiu a todos sem deixar nenhum vestígio.

Você sabe algo deste experimento?

Speer: Não, e o considero improvável. Se houvêssemos estado preparando uma arma assim, eu teria sabido. Mas não tínhamos uma arma assim. Está claro que no campo da guerra química, ambos os grupos realizaram pesquisas sobre todas as armas que se possa imaginar, porque não se sabia que grupo poderia começar a empregar armamento químico.

Com sua pergunta seguinte, o Sr. Jackson aclarou porque havia perguntado por esta história, esta "informação que havia chegado em suas mãos".
Jackson: Assim, pois, exageraram os relatórios sobre uma nova arma secreta com a finalidade de que o povo alemão seguisse apoiando a guerra?

Speer: Isso foi o que foi feito, sobretudo durante a última fase da guerra. Desde agosto, ou mais ou menos junho ou julho de 1944, visitei com freqüência a frente. Visitei umas 40 divisões de primeira linha em seus setores, e não fiz mais que ver que as tropas, em igual com o povo alemão, depositavam suas esperanças em uma nova arma, armas novas e superarmas que, sem requerer o uso de soldados, sem forças armadas, outorgariam a vitória. Esta crença é o segredo que conseguiu que tanta gente da Alemanha oferecesse suas vidas, ainda que um sentimento em comum lhes dissesse que a guerra não tinha solução. Acreditavam que em um futuro próximo, essa arma iria aparecer.

Neste ponto, está claro que Jackson e Speer estavam de acordo no que os "relatórios... sobre uma nova arma secreta" tinham fins propagandísticos. Contudo, de novo para que o leitor esteja seguro das intenções de Jackson, aqui está o testemunho por completo. Speer segue dizendo:
Escrevi a Hitler sobre isto, e também intentei em vários discursos, inclusive ante os líderes de propaganda de Goebbels, combater esta crença. Tanto Hitler como Goebbels me disseram, contudo, que isto não era propaganda deles, senão que era um sentimento que estava crescendo entre as pessoas. Só aqui, quando é chegado ao banco dos réus em Nuremberg, Fritzsche me diz que esta propaganda era distribuída sistematicamente entra as pessoas através de diversos canais, e que o SS Standartenführer (Coronel das SS) Berg era o responsável. Ficaram claras muitas coisas desde então, porque este homem, Berg, era um representante do Ministério de Propaganda e com freqüência comparecia a encontros, grandes sessões de meu Ministério, dado que estava escrevendo artigos sobre estas sessões. Ali se ouviu nossos planos futuros, e se usou estes conhecimento para falar às pessoas com mais imaginação(credulidade)que verdade.

Jackson: Quando se observou que a guerra estava perdida? Tenho a impressão que você sentia que em parte era sua responsabilidade tirar o povo alemão da guerra sofrendo a menor destruição possível. Isto descreve bem sua atitude?

Speer: Sim, mas não só tinha este sentimento em face do povo alemão. Sabia de sobra que igualmente tinha que evitar a destruição que estava ocorrendo nos países ocupados. Isto era tão importante para mim desde o ponto de vista realista, que disse a mim mesmo que depois da guerra, a responsabilidade desta destruição não recairia em nós, senão no seguinte governo alemão, e nas futuras gerações alemãs.

Jackson: Você começou a ser contra as pessoas que queriam continuar a guerra até as últimas conseqüências, porque você queria que a Alemanha tivesse a oportunidade de regenerar sua vida. Não é isso? Enquanto que Hitler adotou a postura de que se ele não podia sobreviver, não lhe importava que a Alemanha sobrevivesse ou não.

Speer: É correto, e nunca antes tive a coragem de dizer isto, até que se chegou neste Tribunal não me havia sido possível prová-lo com a ajuda de alguns documentos, porque essa frase de Hitler é monstruosa. Mas a carta que lhe escrevi em 29 de março, na que confirmo isto, demonstra que ele disse isso.

Jackson: Bem, se me permite o comentário, não é novidade para nós que esse fora seu ponto de vista. Creio que se viu na maioria dos países que esse era seu ponto de vista.

Sigamos. Estava você com Hitler no momento em que ele recebeu o telegrama de Göring, no que este o sugeria que se lhe cedesse o poder? [4]

Neste momento, Jackson havia conseguido o que buscava: deixar claro que Hitler e os outros líderes nazis estavam decididos a levar adiante a guerra total.

Uma página mais adiante, Jackson descreveria a situação assim: "Você tem 80 milhões de pessoas lúcidas e sensatas que se enfrentam até a destruição; e tem uma dezena de pessoas que as levam até a destruição, e você é incapaz de lhes deter". E na página seguinte: "Bem, agora- Hitler está morto; Eu assumo que você aceita isso- já que agora só resta ao Diabo fazer seu trabalho. [...] Passemos ao Número 2, que nos é dito que estava a favor de lutar até o final". [5]

Hitler, por estar morto, não estava presente para responder as acusações pelos crimes contra a paz e por provocar uma guerra de agressão destrutiva. Mas o Número 2, Göring, sim estava. Göring foi declarado culpado de todas as acusações. [6]

Autor: Jamie McCarthy

Engano e Tergiversaçao; Técnicas de Negação do Holocausto
Bombas Atômicas Nazis


Fonte: Nizkor
Tradução: Roberto Lucena
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/atomic-01-sp.html
http://www.nizkor.org/features/techniques-of-denial/atomic-01.html

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