Extrema-Direita semeia o caos em Budapeste
Após duas manifestações pacíficas contra o racismo 200 ultranacionalistas enfrentaram a Polícia
Cerca de duas centenas de elementos conotados com a Extrema-Direita da Hungria semearam o caos na cidade de Budapeste, logo após a realização de duas manifestações pacíficas contra o racismo.
Os extremistas enfrentaram a Polícia, atacaram estabelecimentos comerciais e dependências bancárias em resposta às duas manifestações pacíficas que se tinham realizado, pouco antes, na capital húngara, contra a discriminação, o racismo e o antisemitismo.
As marchas - convocadas pelo movimento Carta Democrática e organizações de defesa da população cigana - reuniram cerca de 4500 pessoas, anteontem, frente ao Parlamento, sem que se tenham registado quaisquer incidentes. O referido movimento surgiu no passado dia 6 de Setembro e congrega personalidades políticas, artistas e intelectuais com o objectivo de lutar contra a discriminação social e o racismo. A sua formação está associada à indignação provocada pelos ataques da extrema-direita contra o desfile do Orgulho Gay, em Budapeste, no passado mês de Junho.
Como forma de oposição às manifestações, cerca de um milhar de extremistas nacionalistas juntaram-se a cerca de dois quilómetros da sede do Parlamento, na Praça dos Heróis. No final da concentração, entre 150 a 200 participantes em protesto atacaram um monumento soviético erguido no final da Segunda Grande Guerra e enfrentaram a Polícia, que dispersou os manifestantes com granadas de gás lacrimogéneo.
Entre as várias mensagens dos ultranacionalistas contam-se a "Hungria pertence aos húngaros" e a necessidade de luta contra o "conplôt judaico-cigano". Anunciaram, ainda, que nas próximas eleições legislativas, que terão lugar em 2010 (as segundas após a entrada no país na União Europeia, em 2004), o seu partido alcançará os 5% dos votos necessários para assegurar a presença no Parlamento.
Momentos depois, os extremistas, com o rosto coberto e armados de paus, pedras e cocktails Molotov, reagruparam-se e continuaram a enfrentar a Polícia, que deteve várias pessoas e procedeu a disparos com canhões de água e granadas de gás lacrimogéneo. Entre os objectivos dos "ultras", no seu protesto pelas ruas de Budapeste, estavam as vitrinas de estabelecimentos comerciais, automóveis, dependências bancárias, contentores de lixo e um carro da Polícia, que foi incendiado.
A circulação no centro da capital húngara ficou paralisada com os confrontos, ainda que a sua magnitude não seja comparável com os que tiveram lugar na mesma cidade há dois anos, quando vários milhares de manifestantes de extrema-direita atacaram, ocuparam e incendiaram a sede da televisão nacional da Hungria.
Os incidentes de 2006 ocorreram após a difusão de um discurso pronunciado à porta fechada pelo primeiro-ministro socialista Ferenc Gyurcsány, em que reconhecia ter mentido durante a campanha eleitoral para garantir a sua reeleição.
O primeiro-ministro Gyurcsány é um dos políticos mais contraditórios e, apesar disso, bem sucedido da Hungria. Nascido em 1961, militou, na sua juventude, em movimentos comunistas, o que não o impediu de realizar uma grande fortuna em negócios imobiliários. A política económica de privatizações que se seguiu à queda do Muro de Berlim propiciou o surgimento de novos milionários, como Gyurcsány.
Fonte: Jornal de Notícias(Portugal)/Pletz
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1016176
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