Foi este o terceiro grupo de experimentos que não aparecia descritos expressamente no texto de acusação, mas que ainda assim foram ajuizados devido à existência de provas que colocavam de manifesto a comissão de atos desumanos e atrocidades.
O propósito deste experimento consistia em comprovar a tolerância do soro composto de fenol em soldados afetados com gangrena gasosa. Tanto nos campos de concentração como no exército, buscava-se métodos preventivos contra a gangrena gasosa.
O fenol é um potente veneno corrosivo, e sua solução aquosa, o ácido carbólico, é utilizado como antisséptico. As injeções de fenol se converteram assim mesmo no método clínico para o assassinato em massa dentro do programa de eutanásia, sem o objetivo científico de sanar, senão o de melhor "restabelecer" a saúde do Volk alemão mediante a erradicação de todos os "elementos inferiores". Esta categoria laxa (larga) incluía a judeus, ciganos e eslavos; "vidas indignadas de serem vividas": enfermos, retardados, deficientes mentais, epiléticos, enfermos mentais, cegos e pessoas deformes; e "indesejáveis": delinquentes, homossexuais, alcoólicos e outros grupos.
(…)
O doutor Hoven, um dos acusados, testemunho em 24 de outubro de 1946 como médico chefe de Buchenwald (prova 281 da acusação):
"Em alguns casos supervisionei a morte desses reclusos imprestáveis mediante injeções de fenol, a petição dos reclusos. As mortes ocorreram no hospital de campo e vários reclusos me ajudaram. Em uma ocasião, o doutor Ding foi ao hospital assistir as mortes com fenol e disse que não estavam sendo feitas corretamente, assim que ele mesmo deu algumas injeções. Naquela ocasião foram mortas três pessoas com injeções de fenol, e os três morreram em menos de um minuto.As surras as quais se referia o doutor Hoven ocorriam porque alguns presos recebiam tratamento preferencial. Os reclusos aos quais eram dados postos-chaves no campo, normalmente eram encarcerados por motivos não "políticos", desfrutavam frequentemente de melhores condições de vida. Isso gerava inveja entre os reclusos menos favorecidos que provocavam represálias, inclusive o assassinato. Tal comportamento era comum nos campos de concentração. Hoven usa a palavra "traidor" para dar a entender que os sujeitos da experimentação eram presos políticos.
O número total de traidores que foram mortos fora de uns cento e cinquenta, dos quais sessenta morreram por injeções de fenol administradas por mim pessoalmente ou sob minha supervisão no hospital de campo, e os demais presos foram foram mortos de diversas maneiras; por espancamento, por exemplo"
Fonte: extraído do blog El Viento en la Noche (Espanha)
http://universoconcentracionario.wordpress.com/2012/06/26/doctores-del-infierno-experimentos-con-fenol/
Trecho do livro (citado no blog): "Doctores del Infierno" (livro original em inglês, Doctors from Hell), Tempus, 2009, págs. 262 a 263; de Vivien Spitz
Tradução: Roberto Lucena
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