Isto foi um adendo ao post "Sobre as perdas soviéticas da Segunda Guerra Mundial", em virtude de quem sempre se toca no assunto União Soviética, comunismo, socialismo etc, isto acaba atraindo uma patrulha ideológica de cunho autoritário pra atenuar, relativizar ou fazer panfletagem antiesquerda em torno dessas questões.
Em outros tempos esse tipo de alerta não se faria necessário, mas como os meios de comunicação do Brasil - como a maioria sabe - são controlados por meia dúzia de famílias que controlam quase tudo o que é repassado de informação ao país e com viés político claro e forte, "travestido" de jornalismo e com ataques diários requentando este terrorismo midiático da Guerra Fria ignorando a realidade do mundo atual e da conjuntura externa, além de mais um punhado de sites radicais de direita que não têm o menor constrangimento em distorcer etc, faz-se necessário o alerta.
Não dá mais pra simplesmente fazer de conta que não está havendo nada no país, esta polarização vem em uma crescente, inflamada por publicações como as da Revista Veja, da TV Globo e outros, onde vários desses veículos de mídia serviram à ditadura de 1964-1985 e continuam com a mesma politicagem lacerdista e udenista de décadas atrás. Ou seja, não evoluíram e agem contra o país.
Pra quem não tem familiaridade com os termos "udenismo" e "lacerdismo", são equivalentes, lacerdismo vem de Carlos Larcerda, um antigo político carioca que insuflava discursos golpistas, moralistas "anticorrupção", desprovidos de crítica séria (até porque isto era um instrumento pra atacar rivais, com aval da mídia) para desestabilizar governos democráticos eleitos, principalmente se tinham um viés nacionalista (economicamente falando). No Brasil quem geralmente tem um viés mais nacionalista são os partidos de esquerda, mais precisamente os maiores e mais representativos, os grupos menores continuam sua eterna caricatura na TV não tendo respaldo popular. Por isso acho engraçado quando vem ou vinha integralista criticar o povo por ser de esquerda.
O intento de Lacerda era sempre tornar o Brasil alinhado e títere principalmente dos Estados Unidos, ele atacava à soberania do país e partilhava do pensamento de que o Brasil não deve ser independente ou ter uma política independente e soberana, que eu costumo chamar de vassalagem, que no sentido que eu uso é mais sinônimo de submisso, servo, que tem origem no termo original.
A UDN foi o partido auxiliar do lacerdismo, na verdade partilhavam do mesmo ideário, a UDN usava o mesmo discurso histriônico, golpista, desestabilizador (na guerra fria isso tinha um peso fora do comum), anti-nacionalista e que influenciava uma classe média manobrável, despolitizada, antipatriótica, e por que não? Estúpida. E o fenômeno persiste até hoje em pleno século XXI, sinal de que amplos setores da sociedade brasileira não evoluíram politicamente em nada, continuam escravos de um mundo anacrônico e paranóide, com um sentimento antipatriótico muito forte que usa o "perigo do comunismo" como forma de polarizar o país porque o povo se deixa levar por esse discurso descerebrado. Quem se deixa levar por este tipo de discurso fascistoide e histérico está sim bancando o idiota, ainda mais hoje que muita gente tem informação sobre o que levou o Brasil a viver sob regimes de exceção e da eterna intromissão de outros países na política interna do Brasil, principalmente quando o assunto é energia e recursos naturais e estratégicos do país: petróleo, Petrobras, minérios, usinas hidrelétricas etc.
Curto e grosso: hoje só é ignorante, politicamente, quem quer. Quem lê porcaria ao invés de procurar informação acurada. Não tem desculpa dizer "eu não sei", com o Google à disposição e ferramentas diversas (de qualidade) pra ler.
Eu não conto aqui com apoio de gente de esquerda tampouco de direita, uns se omitem ou se escondem porque acham, estupidamente, que qualquer coisa ligada a Holocausto é "defesa de Israel". No fundo estão seguindo ladainha "revi" (de extrema-direita) mesmo achando que não. De outra parte, tem um pessoal de direita muito chato que toda vez fica misturando conflito no Oriente Médio com Israel com essas questões da segunda guerra etc, isto quando não rola covardia por ter medo de criticar os "revis" abertamente de qualquer vertente política, um medo que não se justifica, trata-se de fobia. Este tipo de "ajuda" (entre aspas, se é que dá pra chamar isso de ajuda, pois a maioria nem se manifesta ou participa discutindo, mas fica lendo o blog), é realmente dispensável.
Como ficou muito extenso o acréscimo, resolvi colocá-lo em um post exclusivo pra não atrapalhar a leitura do post com tradução do texto do Roberto Muehlenkamp no Holocaust Controversies com o link e estimativas do blog esloveno Crappy Town.
Segue abaixo o adendo do dia 11.09.2014 sobre o post: Sobre as perdas soviéticas da Segunda Guerra Mundial.
Aviso: Irei transferir este post para o dia 17.09.2014
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E um acréscimo meu: estou de fato e com vergonha de ter que ponderar e comentar sobre esse clima de polarização/radicalização interna no Brasil (mais uma vez, mas farei sempre que achar necessário), pela quantidade de gente estúpida que aparece escrevendo idiotice (extremismo) na web.
Não se trata de uma pessoa ou duas e sim de dezenas, milhares ou até milhões que comungam disto, algo que inevitavelmente chama atenção. Em posts sobre disputa política a gente perde a conta de quantos manifestam este comportamento. Como o acesso à internet no país aumentou, obviamente que emergiu um lodaçal de ódio e ignorância prepotente com isso e não serei eu a dar jeito, tampouco tolerar, apenas não tenho paciência pra bater boca com gente desse tipo ao contrário de muita gente no país que acha que as pessoas têm que ter paciência pra discutir com gente assim. Ninguém tem que aturar isto. Ponto.
Voltando ao assunto, há um problema de livros panfletários como o "Livro negro do comunismo" que inflam dados e distorcem (bastante cultuado no Brasil e em países onde há uma paranoia com o assunto, fazendo um revival da Guerra Fria), uma vez que é um livro bastante criticado justamente por ser panfletário, mas que obviamente quem se identifica com o radicalismo de direita o tem como "livro de cabeceira", distorcem ainda mais o problema ao invés de esclarecer. Mas pra esse pessoal "vale mais" pregar que aprender ou entender.
Há "livros negros" de todo tipo, ao gosto de cada um, uns bastante criticados, outros menos. No "Livro negro do capitalismo" (existe esse também) há a cifra/estimativa de 100 milhões de mortos também que é a cifra apregoada no livro "rival".
Por que eu ressalto isso? Estou partindo do pressuposto que a maioria que lê este blog ainda não descambou pra algum tipo de sectarismo sem volta, apesar deu mesmo já ter alfinetado partidos de forma sectária (quando a paciência encurta, a gente radicaliza como desabafo porque essa pregação enche o saco). Mas só há espaço pra diálogo com quem não vestiu a roupa do extremismo, se vestiu não vale vir reclamar de extremismo de "revis", até porque não são os únicos grupos radicais problemáticos no Brasil deste tipo. Os "revis" no Brasil surgem de uma cultura radical de direita que é resquício da ditadura militar no Brasil (1964-1985) e mesmo antes dela, não são algo "descolado" da História do país como alguns querem tentar caracterizá-los. O udenismo (que prega discurso moralista, irracional e extremado) sempre teve um relevo cultural no Brasil, mesmo sendo um atraso intelectual e político da pior espécie, e continua vivo até hoje.
Há um radicalismo de direita crescente no Brasil que emburrece o país, corrói a democracia com crendices neuróticas e cria um ambiente de burrice e fanatismo generalizado destruindo gradativamente o próprio espaço da internet, que não havia isto (nesta proporção) até a explosão do Orkut que coincidiu com o aumento de acessos à internet.
Eu estou farto disso e não pegarei leve com quem panfleta ou manifesta esta postura anti-democrática demonizando por se tratar do mesmo problema dos "revis". Não há diferença de revista extremista como a Revista Veja (dando nome aos bois), que fica demonizando grupos de esquerda democráticos com mentiras pra grupos explicitamente fascistas saudando o fascismo e afins.
A raiz do problema é a mesma, uma cria ambiente propício ao outro. Capas como esta (publicação de 2002 com um cão com três cabeças com Marx, Lênin e Trotsky, alusivo ao "perigo do PT" chegar à presidência, o mundo não acabou por isso como "previam") você encontra fácil coisas similares em blogs neonazis e fascistas. A única diferença é que os fáscios "revis" em geral são antissemitas, e a Veja fica "apenas" no discurso anti-esquerda que é partilhado também por "revis".
Já bani jornais daqui por este radicalismo, por publicação de imundícies (cortei todos os posts e substitui por originais de outros países), o texto aberrante foi descrito neste texto, e sempre tem espaço pra mais um ser banido. Este tipo de publicação não faz falta alguma.
Por sinal, o texto citado acima (sobre aquele caso da Mayara Petruso e preconceito regional) até merecia um post só pra mostrar o discurso imbecil publicado no jornal citado no link. A autora do texto se diz "neta de nordestinos", como se isto desse aval (autoridade) a alguém a escrever besteira de forma "isenta" sobre o assunto. E não disse o estado de origem dos avós. Guerra regional? Só se for a que certa elite de alguns estados do país tentam incitar, e depois quando o tempo fecha ficam posando de "vítimas" por frouxidão (provocam e não aguentam o tranco).
Em resumo: não sou tolerante com intolerantes. Não faz falta alguma textos sobre nazismo e segunda guerra que saem em publicações no Brasil, a maioria deles saem publicados antes fora do país em espanhol, inglês, francês e até português (em jornais portugueses), com muita coisa melhor. Graças a internet ninguém hoje no Brasil precisa se restringir a ler a mídia decadente do país (com raras exceções).
Requentam, de forma irresponsável e inconsequente, o discurso paranoide da guerra fria contra a esquerda, demonizando grupos democratas etc, achando que há controle sobre isso e não há. Foi isso que levou o crescimento de grupos de extrema-direita na Europa.
A coisa é tão bizarra que nem nos EUA, que foi o país principal que trombou de frente com a União Soviética na Guerra Fria, esse tipo de publicação ou propaganda faz mais "sucesso" hoje. O Tea Party nos EUA, que algo próximo da postura desses grupos radicais tupiniquins, é visto como aberração naquele país por gente normal. Mas ainda acho o "Tea Party" do Brasil chega a ser pior. Pode ser por uma questão idiomática porque a ofensa em português sempre irrita mais que aquela escrita em outro idioma.
É este cenário que abre espaço pra proliferação de grupos radicais de vários tipos que depois a mesma população, que faz vista grossa ao problema e até vai "na onda" estimulando, se pergunta como esses "fenômenos" surgem e fica atordoada por não conseguir mais falar de política sem ser atacada. É o famoso "o mal que você propagou se voltará contra si".
As coisas são interligadas, não existe o extremismo sujinho e o limpinho, todos são problemáticos. Alguns estão em alta e outros não. Grupos ultraliberais no Brasil incitam este tipo de ranço antidemocrático e anti-esquerda na internet, com teorias da conspiração e paranoia, que é aproveitado por outros grupos de extrema-direita não-liberais. Há bastante tempo. O tubo de ensaio disto foi o Orkut, mas hoje a coisa é difusa.
Este assunto da direita norte-americana será abordado aqui, mostrarei as divisões da direita dos EUA e como estão interligadas, principalmente com os ditos "libertários" que é uma facção exótica nos EUA e radical (extremada). Muita gente acha que a direita dos EUA não é antissemita ou algo parecido, mas há uma vertente bastante racista e antissemita por lá que não está tão à margem assim de partidos daquele país.
Essa visão do problema nos EUA só se torna confusa no Brasil e em outros países por conta da aliança política, econômica e militar entre os Estados Unidos e Israel, que se se levar em conta o que essa outra direita radical de lá prega, é uma aliança que não faz sentido algum.
Qual a razão do comentário extenso? o post é sobre perdas soviéticas. Já vi gente reclamar porque estão "falando bem" da União Soviética, como se retratar fatos que ocorreram fosse falar bem de algo. Foi sobre isto que comentei acima: fanatismo e cegueira. O povo se tornou fanático e perdeu a vergonha de sê-lo e acha que todo mundo tem que aturar esta postura cretina. É esta a razão deste comentário.
Há grupos no Brasil (no Orkut aparecia de rodo) que ficam pregando isso como se fossem "tábua de salvação" política, aqui mesmo já fui atacado verbalmente por um que se dizia "liberal-conservador" seguidor de "filósofos" que, ao invés de discutir o assunto do post, começou a fazer pregação bitolada como se fosse pastor de Igreja e a gente o público a ser "catequizado", e obviamente acabou tomando toco pra parar de babaquice.
Se dão fermento pra esse tipo de coisa crescer, depois não vale o povo chiar reclamando da ascensão disto.
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