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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

A história dos que não traíram o Brasil. Militares perseguidos pela ditadura revelam violências sofridas após o golpe de 1964

Militares perseguidos pela ditadura revelam violências sofridas após o golpe de 1964

Sete oficiais depuseram à Comissão Nacional da Verdade e à Comissão Estadual da Verdade do Rio Grande do Sul

Os militares perseguidos pela ditadura no Rio Grande do Sul tiveram pela primeira vez a oportunidade de serem ouvidos sobre as graves violações de direitos humanos que sofreram durante a ditadura. Em audiência pública realizada em Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira (15/09), sete ex-integrantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, depuseram às Comissões Nacional e Estadual da Verdade.

Rosa Cardoso, membro da CNV e coordenadora do grupo de trabalho "Militares Perseguidos", Paulo Ribeiro da Cunha, professor da Unesp e pesquisador responsável pelo grupo, e Carlos Frederico Guazzelli, presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio Grande do Sul, colheram os depoimentos e receberam de todas as vítimas detalhes sobre a perseguição sofrida no regime militar.

Em um dos depoimentos mais emocionados, o capitão do Exército Constantino José Sommer, de 80 anos, relembrou como foram as tentativas frustradas do golpe por parte dos militares em 1954, 1955 e 1961, até conseguirem derrubar o governo legal em 1964. Sommer contou que fazia parte de uma lista de considerados comunistas e inimigos dos golpistas.

Segundo o capitão, os mais visados eram os que estudavam ou liam jornais e fontes de cultura ditas de esquerda. Ainda antes do golpe, Constantino foi chamado diversas vezes pelo Serviço Secreto (S2) para explicar o que sabia sobre Che Guevara. O militar perseguido se manteve sempre em silêncio, o que lhe custou punições como detenção no quartel.

Sommer relatou que ficou preso no quartel de artilharia antiaérea, em Caxias do Sul, por 61 dias, logo após a golpe. Na cela, ele e mais 17 militares que lutaram contra a tomada do poder pelas FFAA sofreram terror psicológico e ameaças de morte. O desespero e a angústia se tornaram presentes na vida de todos, principalmente após o assassinato do Sargento Venaldino Saraiva Peres, ocorrido dentro do quartel. Além de passar dois meses preso, o Capitão ainda teve a sua poupança confiscada e a casa revirada pelos golpistas.

"Após sair da prisão, nos foi recomendado que não podíamos sair de casa, nem entrar nas unidades militares de origem, pois éramos vistos como persona non grata e comunistas perigosos. Diante dessa penúria, sem crédito, sem conta bancária e sem vencimentos, passei a trabalhar num terreno que havia comprado, contíguo à casa da minha sogra, com quem morava com a família. Já tinha nessa altura três filhos e passei a cultivar batata, milho e aipim para o sustento da família", relatou o capitão.

Além de Sommer, também relataram a perseguição sofrida os capitães Wilson da Silva e Almoré Cavalheiro do Exército, o coronel Avelino Iost, da Força Aérea Brasileira, o Sub-oficial da Marinha Avelino Capitani, o major Melquisidec Medeiros, da Aeronáutica, e o filho do coronel Alfredo Daudt da Aeronáutica, Alfredo Daudt Júnior.

Rosa Cardoso fez questão de destacar que os militares foram a categoria, proporcionalmente, mais perseguida pela ditadura. Disse que não se tem números exatos, mas que foram cerca de 7,5 mil, entre Exército, Marinha, Aeronáutica e Brigada Militar.

A coordenadora do grupo de trabalho explicou como serão aproveitados os depoimentos e relatórios entregues pelos militares perseguidos. "Primeiro, eles vão integrar o nosso relatório conclusivo da Comissão Nacional da Verdade, que será apresentado agora em dezembro, à presidenta Dilma Rousseff. E, de outra parte, ficam como um acervo para historiadores e pesquisadores", afirmou.

JUSTIÇA -Todos os fatos pesquisados e investigados ficarão à disposição também da Justiça. "Se eu não acreditasse que todo esse trabalho ajudará de alguma forma na revelação desses crimes e na responsabilização criminal de quem ainda está vivo, eu não teria aceitado o convite do Governador do Rio Grande do Sul para fazer parte da Comissão Estadual da Verdade. Existe sim essa possibilidade", ressaltou Carlos Frederico Guazzelli, presidente da CEV-RS.

O pesquisador Paulo Ribeiro da Cunha disse que os depoimentos dão voz a esse grupo de militares perseguidos, na medida em que eles são veiculados pela imprensa e ficam disponíveis na internet. Disse também que a presença dos oficiais possibilita um canal positivo de diálogo com a sociedade. Cunha explicou que "alguns depoimentos ainda serão objeto de audiências reservadas, porque aqui os depoimentos são limitados pelo tempo, mas é muito bom que eles venham à tona para que eles mostrem seus rostos e a sua história. Essa é uma oportunidade muito positiva, mesmo passados tantos anos", concluiu.

Confira como foi a Audiência pelo link da nossa transmissão online:
https://www.youtube.com/watch?v=7_EZ08vwjdk

Comissão Nacional da Verdade
Assessoria de Comunicação


Mais informações à imprensa: Fabrício Faria
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Fonte: site da Comissão Nacional da Verdade (CNV)
http://www.cnv.gov.br/index.php/outros-destaques/540-militares-perseguidos-pela-ditadura-revelam-violencias-sofridas-apos-o-golpe-de-1964
Link2



Comentário: a quem não entender a correlação do assunto do post com o blog, já que faz tempo que foi publicado e o povo (generalizando) tem preguiça de checar as tags (marcadores, História do Brasil), ler o post antigo abaixo que explica isso:
História do Brasil e "revisionismo" (negacionismo) do Holocausto

Considero que o grande combustível pra proliferação de racismo e preconceito no Brasil, além do problema educacional, é sobretudo a ignorância do povo sobre a história do próprio país, onde proliferam mitificações regionais e negacionismos de outro tipo como a tentativa de certa direita no Brasil tentar abrandar a imagem do regime de exceção de 21 anos (1964-1985) e que acaba caindo na boca de imbecis ignóbeis que acham que estão chocando "sendo do contra", quando na verdade chocam pela burrice e moral torta.

Antes que alguém possa perguntar o porquê do acréscimo do título ("A história dos que não traíram o Brasil"), já que o original é mais curto: eu considero todos (tirando os ignorantes que não tinha consciência na época do que faziam) os cabeças dessa ditadura e os que participaram ativamente (civis e militares), um bando de traidores do país da pior espécie, um bando de capachos de outros países, títeres covardes e alpinistas sociais, que deveriam ter vergonha de bradar "orgulho" dessa traição lesa-pátria (rasgaram a constituição e a legalidade no país pra usufruírem do poder com aval dos Estados Unidos) ao invés de ficar posando de raivoso quando vão dar depoimento nessa comissão. Sou contra essa lei de anistia, isso é lei de impunidade, principalmente da mídia e empresas que participaram do regime, deveriam revogá-la e punir principalmente as empresas que foram suporte deste regime.

É importante mostrar a todos, pois este não é um assunto conhecido de todos no país, que a ditadura e os golpistas (traidores) perseguiram milhares de militares com HONRA, patriotas, legalistas, pros golpistas praticarem alpinismo social (algo desprezível) e ser capacho de outras potências, e ainda bradam que são "nacionalistas", não chegam a ser isso, são traidores mesmo e burros, sem consciência de pátria ou não e civismo, "nacionalistas" só se for do tipo de lixo como os nazistas e fascistas foram, que destruíram seus próprios países pra reinarem no poder.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

7,5 mil militares foram perseguidos pela ditadura. Sobre o brigadeiro Rui Moreira Lima

A matéria segue abaixo pois o título dela é outro e não foi possível colocar na época que saiu o falecimento do brigadeiro Rui Moreira Lima.

Como já comentei antes aqui (conferir tag), tópicos/posts sobre História do Brasil poderão (e deverão) ser colocados neste blog pois tem correlação com o fenômeno negacionista e também por ser algo de interesse civil amplo. A ignorância da população com o assunto é muito grande e por vezes o interesse o de menos (quando deveria ser muito maior), o que gera problemas de memória histórica com aceitação de versões distorcidas fornecidas pela extrema-direita na web.

Este pouco apreço do povo pela História do país é uma falha grave do ensino brasileiro, principalmente a não abordagem forte sobre a questão das ditaduras no país.

Penso que antes de se preocuparem "tanto" (como alguns "revis" fazem, por exemplo) com as ditaduras dos países dos outros o povo deveria se preocupar em saber o que se passou aqui no país, principalmente agora que existe uma Comissão esclarecendo (pondo a limpo) em definitivo o que houve, não só sobre a ditadura militar de 1964-1985 como também abrangerá a ditadura Vargas.
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Faleceu Rui Moreira Lima, o militar que recusou a ditadura

Faleceu na madrugada desta terça-feira (13), no Rio de Janeiro, o brigadeiro Rui Moreira Lima, aos 94 anos. Ele estava internado no Hospital Central da Aeronáutica, no Rio de Janeiro, há um mês e meio, em decorrência de complicações de um AVC sofrido este ano. Ele teve uma parada cardíaca às 4h30. O corpo do militar será velado no Instituto Histórico da Aeronáutica, às 14h, e o enterro será às 16h, no Cemitério São João Batista.

Fonte: http://goo.gl/OSqaam

A reportagem é publicada pelo portal Vermelho, 13-08-2013.

Em outubro de 2012, ele prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade, que iniciou então um grupo de trabalho sobre militares perseguidos pela Ditadura Militar.

Herói da 2ª Guerra Mundial, com 94 missões na Europa, Moreira Lima era coronel quando foi demitido, em 2 de abril de 1964, do comando da Base Aérea de Santa Cruz, e preso por ser contra o golpe militar.

O crime de Rui Moreira Lima foi resistir ao golpe. Depois disso, Rui passou a ser um militante pela Anistia aos militares perseguidos e escreveu o best-seller "Senta a Pua!", sobre os integrantes da FAB que participaram da 2ªGM.

Cerca de 7,5 mil militares teriam sofrido algum tipo de perseguição nos anos de chumbo, segundo consultor da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Ribeiro da Cunha.

Os depoimentos e investigações continuam nas comissões Nacional e Estadual da Verdade do Rio de Janeiro que ouviram nesta segunda-feira (12) dois militares que sofreram perseguição política e tortura durante a ditadura militar (1964-1985) por causa das preferências políticas ou discordâncias em relação a crimes cometidos pelo regime.

No dia 15 de outubro de 2012, Rui Moreira Lima, o militar que se recusou a entregar a Base Aérea de Santa Cruz ao Regime Militar, deu depoimento à Comissão Nacional da Verdade. Segue abaixo:

O Grupo de trabalho iniciou atividades no último dia 11[outubro de 2012], no Rio de Janeiro, colhendo o depoimento do brigadeiro Rui Moreira Lima, de 93 anos.

Quando o golpe militar eclodiu, em 31 de março de 1964, a quebra da ordem institucional vigente, causada pela deposição do presidente João Goulart, legalmente no poder, não foi aceita por unanimidade nos quartéis. Várias vozes se levantaram na caserna e militares que se opuseram ao golpe foram cassados, perderam salários, patentes ou foram presos por expressarem sua discordância.

Afim de recuperar essa história, a Comissão Nacional da Verdade criou um grupo de trabalho para apurar as violações de direitos humanos sofridas pelos militares que se opuseram ao golpe militar.

As atividades do GT começaram com a colheita do depoimento do brigadeiro Rui Moreira Lima, de 93 anos, herói da 2ª Guerra Mundial, que participou de 94 missões com aviões de caça na Itália. Lima contou aos membros da Comissão Nacional da Verdade José Carlos Dias e Rosa Cardoso detalhes da repressão sofrida por ele e outros colegas de farda que se opuseram ao regime. Especialistas no tema também já estão sendo ouvidos pela CNV para indicar informações sobre essa linha pesquisa.

Em seu depoimento, Moreira Lima também foi questionado a respeito dos antecedentes do golpe. Para ele, o grupo que tomou o poder à força era uma minoria dentro das Forças Armadas. Perguntado se a tese apresentada no livro "1964 – O DNA da Revolução" (dos ex-oficiais Jônathas de Barros Nunes e Gastão Rúbio de Sá Weyne), que afirma que todo o golpe foi engendrado por cerca de 300 oficiais, o brigadeiro não teve dúvidas: "não li o livro, mas os autores devem estar com a razão. Foram poucos".

Antecedentes do Golpe - "Esse golpe de 64 veio andando, andando", afirmou o brigadeiro, lembrando seguidas quebras da ordem institucional, como a junta militar que, em 1961, assumiu o poder enquanto o cargo de presidente ficou vago após a renúncia de Jânio Quadros, uma vez que João Goulart estava em visita oficial à China.

Moreira Lima foi preso três vezes: a primeira delas em 2 de abril de 1964, quando o brigadeiro foi deposto do comando da Base Aérea de Santa Cruz, pois Moreira Lima se opôs ao golpe. "Vários colegas foram presos, acusados de serem comunistas. Sempre prenderam os comunistas, desde 1930. Eu trabalhei com comunistas, na Petrobras, mas sempre fui um homem de pensamento livre. Em 64, eu fui o primeiro a ser preso que não foi os de sempre", afirmou.

Depois de ser processado, ser preso mais uma vez em 1964, e ser aposentado compulsoriamente, Moreira Lima partiu para iniciativa privada. Trabalhava com patentes em 1970, quando foi seqüestrado por uma equipe da Policia do Exército a serviço do Doi-Codi. "Quando cheguei lá, meu filho Pedro já estava sequestrado. Ordenei que ele fosse embora", disse o brigadeiro.

O filho foi liberado, mas o brigadeiro ficou três dias preso sem acusação formal, numa cama de três pernas, com colchão fino e equilíbrio precário, o que lhe causou privação do sono. "Foi tortura", afirmou o filho. "Quando eu precisava fazer necessidades, era vigiado por um soldado o tempo todo, apontando uma metralhadora", contou Moreira Lima.

Ao todo, Moreira Lima afirma que ficou 200 dias preso nos três episódios de prisão, dois em 1964 e o de 1970, além de constantes ameaças de prisão e convites para "visitar" dependências do setor de inteligência, além do constante monitoramento que causava terror à família e vizinhos.

Além do depoimento, gravado em áudio e vídeo pela Comissão Nacional da Verdade, o brigadeiro Rui Moreira Lima entregou à CNV cópias de documentos relacionados aos processos e prisões que sofreu durante o regime militar.

"Esperava muito do depoimento do brigadeiro e ficou comprovado que muitos militares sofreram violências em razão da Ditadura", afirmou o membro da Comissão Nacional da Verdade José Carlos Dias. "O depoimento do brigadeiro certamente fará parte do relatório final da Comissão e abriu vários caminhos para a investigação do GT que apurará as violações de direitos humanos sofridas por militares que se opuseram ao regime", disse Rosa Cardoso.

Na abertura da sessão desta terça (13) do grupo da Comissão da Verdade, o consultor Paulo Ribeiro da Cunha lamentou a morte e disse que o militar era uma pessoa extraordinária, que inspira o processo de luta pela verdade. "Hoje nossos trabalhos serão permeados pela emoção dessa perda".

Fonte: site Instituto Humanitas Unisinos
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/522742-faleceu-rui-moreira-lima-o-militar-que-recusou-a-ditadura

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