quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Salvadores Alemães 8 - Otto Weidt

Otto Weidt

Otto Weidt nasceu em 1882 no norte da Alemanha. Era papeleiro e tapeceiro. Já no início da Primeira Guerra Mundial era um pacifista convencido e, por causa de uma enfermidade no ouvido, fora recrutado recentemente no final das hostilidades, quando foi requerido para o serviço sanitário. Algum tempo depois começou a perder a visão e teve que abandonar os ofícios que seu pai lhe havia ensinado.

No começo dos anos '40 se tornou proprietário de uma fábrica de escova de dentes e escovas num dos bairros pobres de Berlim. A fábrica era considerada como "importante para a guerra" por ser fornecedora do exército alemão. Em seu ateliê, Otto Weidt deu emprego, entre 1941 e 1943, a aproximadamente 30 judeus cegos e surdo-mudos e a outros 8 judeus ilegais. Durante muito tempo conseguiu proteger seus trabalhadores e trabalhadoras da deportação subornando os funcionários da oficina de emprego e a Gestapo. Com a ajuda de outros colaboradores conseguiu documentação falsa e permissões de trabalho para vários refugiados. Para poder comprar mais alimentos vendiam grande quantidade de sua produção no mercado negro.

Subornando a Gestapo Weidt conseguiu, em fevereiro de 1942, liberar muitos de seus trabalhadores que haviam sido internados num campo e esperavam ser deportados. Trouxe-os de volta a sua empresa e lhes facilitou viver na clandestinidade.

À Alice Licht, que vivia de maneira ilegal e com a qual tinha um estreita relação, alugou-lhe uma casa para que vivesse com seus pais. Aos quatro integrantes da família Horn os alojou em seu ateliê escondendo-os detrás de um tapume camuflado. Um informante da Gestapo revelou as autoridades o esconderijo. Os quatro foram deportados para Auschwitz em 14 de outubro de 1943: o cego Chaim Horn, sua mulher Machla e seus dois filhos. Quase que simultaneamente foi descoberto o refúgio da família Licht, que foi deportada a Theresienstadt e logo depois para Auschwitz.

Para salvar a Alice Licht, Otto Weidt viajou até Christianstadt, uma instalação secundária do campo de concentração Groß-Rosen (Gross-Rosen). Por intermédio de um dos trabalhadores civis do campo conseguiu que a mulher escapasse e regrasse à Berlim.

Otto Weidt morreu em Berlim em 1947.

Uma das pessoas salvas graças a ajuda de Otto Weidt é a escritora Inge Deutschkron. Seu livro "Permaneceram na sombra" é uma homenagem tanto a Otto Weidt como a muitos outros que ajudaram judeus perseguidos.

Além disso, Deutschkron conseguiu transformar o edifício da antiga fábrica de escovas de dentes no museu "Blindes Vertrauen" ("Confiança Cega").

Fonte: The International Raoul Wallenberg Foundation (website, seção em espanhol)
Otto Weidt http://www.raoulwallenberg.net/go/?504018
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Salvadores Alemães 9 - Susanne Witte e Herta Zerna

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