Quando Jürgen Graf, o conhecido negador suiço, não está chamando Filip Müller, Rudolf Vrba e Elie Wiesel de "mentirosos deslavados e defraudadores",está ocupado deturpando o trabalho do pioneiro historiador do Holocausto, Raul Hilberg.Não contentando-se em dedicar um livro inteiro ao ataque contra Hilberg, que representa menos de 10% da extensão de The Destruction of European Jews, Graf decidiu também atacar o mais recente trabalho metodológico de Hilberg, Sources of Holocaust Research.Graf se refere a Hilberg como 'um autista incurável' - a questão é, ele está entrando em uma auto-projeção ou simplesmente criando contos de fadas novamente? Vejamos.
Um claro exemplo: a discussão de Graf sobre o relatório do infame Einsatzgruppe A sobre a Solução Final nos Países Bálticos e,particularmente,o Relatório de Jäger sobre a Lituânia. Segue a consideração de Graf sobre a utilização do relatório do Einsatzgruppe A por Hilberg:
Pare imediatamente.Na página 145, Hilberg reproduz o esboço de um cartão que, juntamente com outras evidências, serviria como embasamento para suas alegações acerca das execuções no Oeste. Nesse cartão,o número de judeus fuzilados pelo Grupo Einsatz A, em várias regiões, são representados por caixões. O maior índice de fuzilamentos aparece na Lituânia, onde, segundo ele, não menos de 136.421 judeus teriam sido assassinados até 1942. Este dado realmente consta em um dos relatórios do Einsatz,onde encontramos: "Quando ocorreu a invasão dos Bolcheviques, de acordo com um censo realizado em 1923, 153.743 judeus residiam na Lituânia. Eles representavam 7.58% da população...Durante várias operações individuais, um total de 136.421 judeus foram liquidados...Judeus em guetos:em Kauen,cerca de 15.000 judeus;em Wilno,cerca de 15.000 judeus;em Schaulen,cerca de 4.500 judeus."Simples adição mostra que o número total dos judeus supostamente liquidados, quando agregado ao número de judeus que estavam nos guetos, é muito maior do que o número de judeus ali presentes antes da invasão alemã.
Graf evidentemente é estúpido demais para lembrar-se, ou deliberadamente não deseja lembrar-se, que a Lituânia incorporou o distrito de Wilno em 1941,habitado por 110.000 judeus em 1931, e inchado por muitos refugiados provenientes da região ocidental da Polônia,entre 1939 e 1941. Wilno (Vilnius,atualmente) era habitado por aproximadamente 80.000 judeus quando a guerra explodiu. Melhor, adicionaremos os números determinados só para a cidade de Wilno, entre 12 de agosto e 25 de novembro de 1941: 21.169 execuções. Além disso, vamos adicionar a quantidade executada pelo mesmo Kommando nas cidades vizinhas: 13.484 execuções.
Sem mencionar o Teilkommando,enviado a Minsk: 3.050 execuções. Então, temos os judeus alemães, deportados para Kovno em novembro de 1941, que claramente não viviam na Lituânia antes da guerra: 4.934 execuções. Já temos 42.637 execuções entre habitantes de um território diferente do que era o lituano em 1923.
Obviamente, Graf não se dá ao trabalho de fazer algo tão elementar como checar as estatísticas, não é? Então,ele segue enterrando-se em um buraco cada vez mais fundo:
Isto é apenas uma parte das estatísticas confusas, de qualquer forma:O mesmo relatório operacional sobre o país fronteiriço, a Letônia, afirma que cerca de 25% da população judaica havia fugido com os bolcheviques. Nenhum êxodo semelhante é mencionado para a Lituânia.
Porque o território da Lituânia foi ocupado em menos de uma semana,enquanto a Letônia estava mais distante da fronteira.
Isso é muito confuso porque os judeus lituanos tinham poucas razões para esperar benevolência dos alemães, como os judeus letonianos. A colaboração da comunidade judaica com o terror bolchevique foi proporcionalmente muito maior ali do que na Letônia, revoltando a população local.
Aqui, naturalmente, Graf demonstra seu padrão dois pesos duas medidas, quando deixa de mencionar qualquer fonte corroborando esta conspiração judaico-bolchevique. Mas torna-se pior: além de simplesmente não compreender que a Lituânia situava-se mais próxima à fronteira alemã em 1941 do que a Letônia, Graf tampouco consegue reconhecer quais territórios estavam localizados na Lituânia:
Uma granda parcela dos judeus lituanos viviam em regiões que haviam sido anexadas ao Reich após a conquista da Lituânia. Quando o relatório do Einsatz foi elaborado, esses judeus ainda estavam vivos. De acordo com Gerald Reitlinger, havia então,na área de Grodno, 40.000 desses judeus .[17] De acordo com o relatório de Korherr,[18] 18.435 judeus ainda residiam na região de Königsberg no final de 1942.
Será que alguém pode ser mais estúpido? Grodno jamais esteve situado na Lituânia,nem mesmo durante a era dos Czars. Pertenceu ao distrito (Voivodship) de Bialystok, sob a Polônia,e ao distrito (oblast) de Bialystok durante o domínio soviético. Com relação a citação do relatório Korherr sobre os trabalhadores judeus que ainda se encontravam na Prussia Oriental, também é uma clara referência ao distrito de Bialystok, na Polônia/Belorussia,e não na Lituânia.Um total de 18.435 trabalhadores judeus de nacionalidade soviética são reportados aí,e apenas 96 "outros".
Mas divirtamo-nos com Jürgen, o suiço alemão, e vejamos o que ocorreu em uma estilha de território, um pouco além de Memelgebiet (que foi anexado pela Alemanha em 1939).Infelizmente para Graf, é bem provável, ao contrário, que ali não residissem judeus de origem lituana, porque haviam sido assassinados pela Staatspolizeistelle de Tilsit em junho e julho de 1941. Segue a citação de um documento que Graf evidentemente desconsiderou durante sua visita ao Arquivo Osobyi, em Moscou:
In Zusammenwirken mit dem SD-Abschnitt in Tilsit wurden drei Grosssaeuberungsaktionen durchgefuehert, und zwar wurdenam 24. Juni 1941 in Garsden 201 Personen (einschl. 1 Frau)am 25. Juni 1941 in Krottingen 214 Personen (einschl. 1 Frau)am 27. Juni 1941 in Polangen 111 Personen erschossenStapostelle Tilsit, Betr.: Saeuberungsaktionen jenseits der ehemaligen sowjet-litauischen Grenze, RGVA 500-1-758, p.2
Até 18 de julho, o renomeado Einsatzkommando de Tilsit havia executado 3.302 vítimas.
A seguir, em uma tentativa bem sucedida de *escorregar na maionese*, Graf tenta o método 'vot-on-earth-are-ze-unfit-doing-alive!!!!' *(what on earth are the unfit doing alive/o que nesta terra os incapacitados ainda fazem vivos)* tão utilizado pelos negadores, sem perceber que isso os faz soarem tão semelhantes aos oficiais da SS que, evidentemente,f antasiam ser:
De acordo com as estatísticas preparadas na Lituânia, e baseadas em documentos originais dos anos de guerra, haviam 3.693 crianças além de um grande número de idosos (de até 90 anos) que estavam vivendo no gueto de Vilnius no final de maio de 1942. Como eram incapacitados para o trabalho, supõe-se que esses judeus deveriam ter sido as primeiras vítimas de qualquer política de extermínio em massa. Em um relatório sobre as escolas em Vilnius,o autor judeu-americano Abraham Foxman nota que,em outubro de 1942, entre 1500 e 1800 crianças estavam sendo educadas ali.
Uma vez mais,Graf expõe sua completa ignorância sobre a história do gueto de Vilnius. Uma citação de uma das páginas do website da ARC:
Em 23 de outubro de 1941, Murer distribuiu 3.000 "Scheine" amarelos (certificados/ permissões), entre os judeus do gueto 1. Um "Gelbschein" permitia ao seu titular registrar três familiares adicionais que carregariam permissões de cor azul.
Os dependentes sobreviventes foram deportados para Sobibor e gaseados em setembro de 1943. Porque tanto tempo depois? Há inúmeros fatores locais, inclusive a intervenção dos corajosos oficiais da Wehrmacht, visando proteger as famílias dos principais funcionários nos postos de manutenção. E porque Graf supõe que o código de conduta alemão foi sempre o mesmo,em todas as partes? Finalmente, nenhum brado de um negador, obviamente, poderia chegar sem uma referência a evidência física.
Finalmente, evidência física do assassinato em massa de judeus na quantidade alegada é inexistente. Em 1996, na cidade lituana de Marijampol, houve uma iniciativa para erigir um monumento em homenagem as dezenas de milhares de judeus que teriam sido fuzilados pelos alemães. Exacavações foram iniciadas no local designado por testemunhas oculares para que a vala comum pudesse ser localizada, mas, adivinhem só ,nada puderam encontrar ali.[21] Mesmo se os alemães houvessem exumado e cremado as dezenas de milhares de cadáveres postumamente, como Hilberg e seus associados alegam, qualquer vala comum ainda seria facilmente identificável pelas alterações nas disposições do solo.
Infelizmente para o idiólatra Graf, esta conspiração foi provada conclusivamente como uma falácia (link) e desmontada:
Sob essas circunstâncias, um historiador consciente não aceitaria, sem questionamentos, relatórios de campo como fontes infalíveis.
Sob essas circunstâncias, um historiador consciente assugurar-se-ia de ter lido o documento corretamente e que seus conceitos geográficos não estivessem equivocados, antes de encontrar outros documentos confirmando as fontes, e lembrar-se-ia de não pontificar sobre a ausência de evidência física que existiu em realidade.
Parece-me que o único sofrendo de "autismo incurável" aqui é Jürgen Graf.
Texto postado originalmente em inglês:
Tradução: