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terça-feira, 17 de maio de 2011

Jürgen Graf é um mentiroso

Erro de representação é uma das táticas favoritas de autores “revisionistas”, mas também é uma técnica que é facilmente combatida simplesmente verificando as fontes “citadas” pelo negador em questão. Então por que eles insistem em fazer isso? Talvez porque ninguém de sua audiência se preocupa em verificar os originais, principalmente se as fontes citadas são de historiadores.

No decorrer da pesquisa sobre os argumentos “revisionistas” dentre outras coisas, me deparei com a “demolição” do livro de Raul Hilberg, The Destruction of European Jewry por Jürgen Graf em Giant with Feet of Clay (págs. 63-4 PDF):

3-Hilberg inventou tiroteios em massa na Galiza

Na página 521 (DEJ, p.496) o exaltado alto sacerdote ‘Holocausto’ informa o seguinte a seus leitores:

Em Stanislawow [uma cidade da Galiza], cerca de 10.000 judeus haviam sido reunidos em um cemitério e abatidos em 12 de Outubro de 1941. Outras mortes por tiro ocorreram em Março de 1942, seguido de um incêndio no gueto que durou 3 semanas. Um transporte foi enviado para Belzec em abril, e mais operações de tiro foram iniciadas no verão, no qual membros do conselho judaico e da Order Service foram enforcados em postes de energia. Grandes transportes saíram para Belzec em Setembro e Outubro[...]

Deixemos de lado os transportes para Belzec, o tiroteio de Março de 1942 e os judeus “enforcados nos postes de energia”, e contentar-nos [p. 64] com o primeiro item da “informação” aqui, as mortes por tiro de nada menos que 10.000 judeus no cemitério de Stanislavov em 12 de Outubro de 1941. Este número corresponde à população de uma pequena cidade. Que evidências as fontes de Hilberg se apóiam para provar o assassinato de 10.000 no cemitério? Simplesmente e absolutamente nada, nem mesmo um depoimento. Em outras palavras: A história é pura quimera.

Então eu viro a página 521 da edição alemã de 1991 do livro de Hilberg (o primeiro citado por Graf) e encontro a nota 357 no final do parágrafo citado:

Siehe Erklärung von Alois Mund (in Stanislawow stationierter Landwirtschaftsfachmann aus Wien, 5.12.47, und Erklärungen von Überlebenden und Ordnungspolizisten aus Stanislawow, 1947 und 1948, in T. Friedmann, Sammlung von Berichten über Stanislawow, Haifa, Okt, 1957, S.90

[Tradução livre para o português por Leo Gott]

Ver depoimento de Alois Mund (especialista em agricultura estacionado em Stanislawow e lotado em Viena, 5/12/47, e declarações de sobreviventes e policiais de Stanislawow, 1947 e 1948 em T. Friedmann, Sammlung Von Berichten über Stanislawow, Haifa, Outubro, 1957, pág.90).

Graf falsamente acusa Hilberg de não ter nenhuma prova, o que não é verdade. A qualidade da prova não foi verificada, ao invés disso Graf optou por omitir o conteúdo da nota de rodapé na mesma página e alega que nenhuma evidência foi apresentada. Portanto, Graf é um enorme mentiroso.

Para verificar o original de Tuvia Friedmann, clique aqui [Wayback Machine copy]. Para um extenso sumário das evidências acumuladas até 1998, ou seja, 37 anos após a primeira edição do livro de Hilberg e sete anos após a edição alemã, clique aqui (PDF) para um artigo sucinto de Dieter Pohl, o maior especialista sobre Holocausto na Galiza. Na realidade, não só existem testemunhas saltando às orelhas do historiadores, hà também documentos.

Suspeitamos que este exercício poderia ser repetido indefinidamente com os “estudantes revisionistas”, mas para o momento, vamos deixar esse único caso como um exemplo da absoluta falsidade dos “revisionistas”.

Fonte: Holocaust Controversies (Dr. Nick Terry)

Link: http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/05/jrgen-graf-is-liar.html

Tradução: Leo Gott

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas

Estimativas de vítimas judaicas no Holocausto

TABELA 2
ESTIMATIVAS DOS HISTORIADORES PARA PERDAS JUDAICAS EM CADA PAÍS
País
Polônia
URSS
Hungria
Romênia
Reich Alemão
Tchecoslováquia
Holanda
França
Áustria
Iugoslávia
Grécia
Bélgica
Itália
Luxemburgo
Noruega
Dinamarca
Total
Reitlinger
2.350.000-2.600.000
700.000-750.000
180.000-200.000
200.000-220.000
160.000-180.000
233.000-243.000
104.000
60.000-65.000
60.000
58.000 60.000
57.200 60.000
25.000-28.000
8.500-9.500
3.000
+1.000*
+100
4.578.800
Hilberg
3.000.000
900.000
-180.000
270.000
-120.000
260.000
-100.000
75.000
-50.000
60.000
60.000
24.000
1.000
+1.000
762
60
5.109.822
Gutman e Rozett
2.900.000-3.000.000
1.211.000-1.316.
550.000-569.000
271.000-287.000
134.500-141.000
146.150-149.150
100.000
77.320
50.000
56.200-63.300
60.000-67.000
28.900
7.680
1.950
762
60
5.859.622
W. Benz
2.700.000
2.100.000
550.000
211.214
160.000
143.000
102.000
76.134
65.459
60.000-65.000
59.185
28.518
6.513
1.200
758
116
6.269.097

*os sinais de maior que(>) e de menor que (<) foram substituídos, respectivamente, pelos sinais de somar(+) e subtrair(-) para o texto não ficar oculto devido a configuração do html do blog.


Nota: Onde são fornecidas faixas de valores, os números mais altos são usados nos totais. A maioria dos historiadores acreditam que os números mais recentes (de Gutman e Rozett e Benz) são os mais precisos. Números compilados de Gerald Reitlinger, The Final Solution (Nova York: Beechhurst Press, 1953 [1978]); Raul Hilberg, The Destruction of the European Jews (Chicago: Quadrangle Books, 1961); Yisrael Gutman e Robert Rozett, "Estimated Jewish Losses in the Holocaust," Encyclopedia of the Holocaust, vol. 4, editado por Yisrael Gutman (Nova York: Macmillan, 1990); Wolfgang Benz, Dimension des Volkermords: Die Zahl der Jüdischen Opfer des Nationalsozialismus (Munique: Deutcher Taschenbuch Verlag, 1991).

Fonte(livro): Denying History
Autores: Michael Shermer e Alex Grobman; página 177
Tradução: Marcelo Oliveira

Fonte(site): h-doc

Ver também:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de judeus mortos
Números do Holocausto por Raul Hilberg
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto

Dia Internacional em Memória das Vítimas
Humanidade recorda Holocausto


A 27 de Janeiro de 1945, o exército soviético libertava o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polónia, revelando ao mundo as atrocidades cometidas pelo regime Nazi de Adolf Hitler. Para que as vítimas não sejam esquecidas, a Organização das Nações Unidas determinou que seria o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.

Mais de 1 milhão de pessoas visitaram Auschwitz-Birkenau em 2008.

O museu de Auschwitz-Birkenau foi aberto em 1947, no antigo campo de concentração, o maior do nazismo, onde entre 1940 e 1945 foram assassinados 1,1 milhões de pessoas, sendo 90% judeus.

O campo foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1979, passando a ser um dos principais símbolos do Holocausto no mundo todo.

O museu de Auschwitz-Birkenau foi aberto em 1947, no antigo campo de concentração, o maior do nazismo, onde entre 1940 e 1945 foram assassinados 1,1 milhões de pessoas, sendo 90% judeus.

O campo foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1979, passando a ser um dos principais símbolos do Holocausto no mundo todo.

ARISTIDES DE SOUSA MENDES

Data de nascimento – 19 de Junho de 1885

Data da sua morte – 3 de Abril de 1954

O cônsul português em Bordéus, durante a II Guerra Mundial, atribuiu vistos e carimbou passaportes a milhares de refugiados judeus, salvando-os da morte às mãos dos alemães. Desobedecendo a uma ordem de António Oliveira Salazar, viria a ser castigado pelo ditador, sobrevivendo à custa da solidariedade da comunidade judaica de Lisboa.

CRONOLOGIA

25 de Janeiro de 1940

- A Alemanha Nazi decide construir um campo de concentração em Auschwitz

20 de Maio de 1940

- Chegam os primeiros prisioneiros.

1 de Março de 1941

- Heinrich Himmler determina a expansão do primeiro campo e a construção de um segundo em Birkenau, a apenas 6Km de distância.

3 de Setembro de 1941

- Primeiros gazeamentos de prisioneiros em Auschwitz, com recurso a Zyklon B.

25 de Novembro de 1944

- Heinrich Himmler, comandante da Schutzstaffel (SS), ordena a destruição dos crematórios e das câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau, com o objectivo de apagar as provas do genocídio.

27 de Janeiro de 1945

- Tropas soviéticas entram no complexo de Auschwitz-Birkenau libertando mais de 7 mil prisioneiros

17 de Abril de 1946

- O governo polaco resolve construir um mausoléu no campo de concentração

26 de Outubro de 1979

- O campo de concentração Auschwitz-Birkenau foi incluído na lista de património mundial da Humanidade pela UNESCO

Fonte: Correio da Manhã(Portugal, 25.01.2009)
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=A19BA293-4B24-4999-B6E2-B0E4E694BB53&channelid=00000230-0000-0000-0000-000000000230

Observação: Na matéria completa no link há números sobre o Holocausto só que sem fonte. Pra evitar distorções e manipulação de informação habituais dos mal intencionados "revisionistas" segue o link das estimativas de mortos no Holocausto feitas pelo historiador do Holocausto, já falecido, Raul Hilberg:

Números do Holocausto por Raul Hilberg
http://holocausto-doc.blogspot.com/2007/10/nmeros-do-holocausto-por-raul-hilberg.html

Mais estimativas do número de mortos no Holocausto, site H-Doc:
Fonte: Denying History
Michael Shermer e Alex Grobman
página 177
Tradução: Marcelo Oliveira
Link: http://h-doc.vilabol.uol.com.br/estat.htm

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)

A primeira tentativa após a guerra de estabelecer o número total de mortos no contexto de uma investigação forense foi feita pela Comissão Estadual Extraordinária para Averiguar e Investigar os Crimes Cometidos pelo Invasores Alemães Fascistas e os Seus Associados no Campo da Morte de Oswiecim. O comitê chegou à conclusão de que quatro milhões de pessoas tinham sido mortas em Auschwitz. A sua conclusão foi baseada numa avaliação da capacidade dos crematórios. Os cinco crematórios teriam sido capazes de queimar, ao menos em teoria, 5.121.000 cadáveres. Adicionalmente existia a capacidade adicional proporcionada pelas piras. Tendo em consideração a possibilidade de operação abaixo da capacidade e de paradas, no entanto, a Comissão de peritos técnicos estabeleceu que durante a existência do campo de Oswiecim os executores alemães tinham assassinado pelo menos quatro milhões de cidadãos da URSS, Polônia, França, Iugoslávia, Tchecoeslováquia, Romênia, Hungria, Holanda, Bélgica e outros países.[26].

Além da abordagem de engenharia questão de quantas pessoas tinham morrido em Auschwitz, surgiu um segundo método de estabelecer o número de vítimas. Este baseava-se numa análise do número de deportações para o campo. Já em 1946, Nachman Blumental, usando este método, chegou a suposição informada que o número de vítimas devia ter sido entre 1,3 e 1,5 milhões.[27] No início da década de 50, Gerald Reitlinger igualmente tentou chegar a uma estimativa grossa do número de vítimas com base no número de deportados.

No que diz respeito ao número total de judeus trazidos para o local de seleção em Auschwitz, é possível estimá-lo com alguma exatidão para os países da Europa Oriental e Central bem como para os Bálcãs, mas não para a Polônia. Não existe uma guia real quanto à porcentagem de gaseados. Foi baixa antes de Agosto de 1942, e geralmente baixa também após Agosto de 1944, mas no período intermediário podia variar entre cinqüenta e cerca de cem por cento. A lista seguinte tem em conta um número de transportes franceses e gregos enviados para Majdanek e 34.000 judeus holandeses que foram para Sobibor:

Bélgica 22.600
Croácia 4.500
França 57.000
Grande Reich [....s transportes diretos] *25.000 (incerto)
Grande Reich [via Theresienstadt] 32.000
Grécia 50.000
Holanda 62.000
Hungria (fronteiras durante a guerra) 380.000
Itália 5.000
Luxemburgo 2.000
Noruega 700
Polônia e Países Bálticos *180.000
Eslováquia (fronteiras de 1939) 20.000

TOTAL----840.800

Deste total, 550.000 a 600.000 poderão ter sido gaseados logo após a chegada, e a estes deve-se- acrescentar uma parte desconhecida dos 300.000 ou mais, desaparecidos do campo, que foram selecionados.[28] importante anotar que Reitlinger, se confrontado com várias estimativas diferente do número de vítimas, escolhia por sistema a mais baixa. A primeira razão era que o exagero serviria àqueles que quisessem negar o Holocausto.[29] A segunda deve-se localizar na sua disposição invulgarmente otimista perante toda a história, baseada na sua avaliação muito sombria da natureza humana: enquanto escrevia o livro, lembrava-se sempre a si próprio de que poderia ter sido pior um sentimento que poucos têm partilhado.[30 ]

Finalmente, havia avaliações diferentes por parte das testemunhas. A mais importante destas era, sem dúvida, o Comandante Rudolf Höss. Durante os seus interrogatórios iniciais, Höss parece ter confirmado uma avaliação inicial feita pelos seus interrogadores de que três milhões de pessoas tinham sido mortas em Auschwitz.[31] Em Nuremberg ele deu números diferentes em ocasiões diferentes. Durante os seus interrogatórios deu uma lista detalhada de números por nacionalidade que somava mais do que 1,1 milhões de deportados.[32] Na sua declaração sob juramento, no entanto, afirmou que pelo menos 2.500.000 vítimas foram executadas e exterminadas [em Auschwitz] mediante gaseamento e incineração, e pelo menos outro meio milho sucumbiu a fome e doenças, o que dá um total de cerca de 3.000.000 de mortos."[33]

Confirmou este número numa conversa com o psicólogo de prisão, Dr. Gilbert. "Ele prontamente confirmou que cerca de 2 milhões de judeus tinham sido exterminados sob a sua direção.[34] Num breve memorando que escreveu para Gilbert mais tarde em Abril Höss voltou ao número menor. Agora afirmava que o número de 2,5 milhões se referia ao potencial técnico. "Por tudo quanto sei, este número parece-me ser demasiado alto. Se eu calcular o total das operações em massa de que ainda tenho memória, e ainda tiver em conta uma certa porcentagem de erro, chego nos meus cálculos a um total de 1,5 milhões no máximo para o período entre o início de 1941 e o fim de 1944."[35]

Finalmente, na Polônia, Höss afirmou novamente que o número de vítimas tinha, com maior das probabilidades, sido menor do que 1,2 milhões de pessoas, comentando que: Eu considero o número de 2,5 milhões muito alto por demais. Mesmo Auschwitz tinha limites s suas capacidades destrutivas.[36] Portanto, no início da década de 1950, existiam basicamente três estimativas do número de vítimas, cada uma baseada em fontes diferentes: uma alta de 4 milhões, baseada na suposta capacidade dos crematórios, uma baixa de cerca de 1 milhão baseada no número do transportes e a avaliação final que Höss forneceu ao Dr. Gilbert em Nuremberg e ao Dr. Jan Sehn em Cracóvia, e uma intermediária de 2,5 milhões, baseada no número de Eichmann conforme relatado a Höss, e inicialmente substanciada por Höss na sua declaração sob juramento em Nuremberg.

Até o início da década de 80 nos foi empreendido nenhum estudo original para resolver a margem inaceitavelmente grande entre a estimativa mais baixa e a mais alta. A culpa recai em grande medida sobre a Guerra Fria: a cifra de 4 milhões tinha sido estabelecida pelos Soviéticos, a cifra de 1 milhão tinha sido primeiramente proposta no Ocidente. As relações entre Este e Oeste deterioraram, com a maior parte da Alemanha passando a fazer parte da OTAN, e como este país se recusava a reconhecer a legitimidade da anexação das antigas regiões alemãs da Prússia Oriental, Pomerânia e Silésia pela Polônia depois da guerra, a questãoo do número de vítimas tornou-se matéria de política. Os governantes comunistas da Polônia não estavam dispostos a fazer a menor cessão perante a Alemanha enquanto o governo de Bonn não reconhecesse a integridade territorial da República Popular da Polônia, e portanto mantiveram a política de afirmar que 4 milhões de pessoas tinham sido mortas em Auschwitz. No Ocidente, a maior parte dos historiadores do Holocausto que, devido ao clima político, estavam incapacitados de fazer pesquisa original na matéria, tendiam a aceitar, com reservas, o número intermediário de 2,5 milhões. Inicialmente só Raul Hilberg, que fez uma importante análise estatística do número de vítimas, suportou o número menor de 1 milhão. O seu raciocínio, justificado, era que, dado o número de vítimas do Holocausto (5,1 milhões na sua estimativa conservadora), e dadas as estimativas maiores ou menos fiáveis do número dos judeus que morreram de privação geral nos guettos, dos que foram executados a tiro a céu aberto e dos que morreram em outros campos de extermínio e de concentração, o número total de vítimas de Auschwitz não pode ter sido maior do que 1 milhão.[37]

O advento de [Partido] Solidariedade e a eleição do polonês Karol Wojtyla como Papa João Paulo II (1978) mudou o clima intelectual na Polônia. Enquanto o governo continuava agarrado ao número oficial de 4 milhões de vítimas, o Dr. Piper do Museu de Auschwitz, que até então se tinha visto impedido de pesquisar a matéria, começou a focar a sua atenção na questão de quantas pessoas tinham morrido no campo. A sua pesquisa foi catalizada por novos números publicados na França por Georges Wellers, que tinha chegado à conclusão de que 1.613.455 pessoas tinham sido deportadas para Auschwitz (das quais 1.433.405 eram judeus) e que 1.471.585 destas tinham morrido (das quais 1.352.980 eram judeus). Piper levou o seu trabalho a uma primeira conclusão em 1986. Uma vez que tinha em grande parte endossado as cifras que tinham sido propostas no Ocidente por Reitlinger e Hilberg, decidiu proceder de forma cuidadosa, decisão sábia, tendo em conta que em meados da década de 1980 a Polônia se encontrava sob regime militar. Primeiro submeteu as suas conclusões a um processo de revisão interna dentro do museu, e depois a uma revisão externa pormenorizada pelo principal instituto polaco de pesquisa sobre a era nazi, a Comissão Principal para a Investigação de Crimes Nazis na Polônia. Em 1990, depois das suas conclusões terem sido endossadas (e com o primeiro governo pós-comunista no poder), Piper deu a conhecer a sua nova estimativa de 1,1 milhões de vítimas à comunidade internacional. Esta cifra tem sido endossada por todos os historiadores profissionais sérios que têm estudado a complexa história de Auschwitz com algum detalhe, bem como pelos institutos de pesquisa do Holocausto Yad Vashem em Jerusalm e United States Holocaust Memorial Museum em Washington D.C.[38]

Traduzido por Roberto Muhlemkamp no RODOH Fórum à partir do link: http://www.holocaustdenialontrial.com/trial/defense/van/ii

Ver também:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
Números do Holocausto por Raul Hilberg
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Números do Holocausto por Raul Hilberg

O Holocausto em números. Números referentes a mortes de judeus no Holocausto. Segundo o historiador Raul Hilberg, trecho do famoso livro dele 'The Destruction of the European Jews'(A Destruição dos Judeus europeus):

Raul Hillberg
Mortes por Causa
---------------------------------------------------
A Destruição dos Judeus Europeus
- Edição revisada e definitiva, de 1985
Holmes and Meier Publishers, Inc.

Tabela B-1, pág. 1219
Guetificação e ocupação em geral............ cerca de 800,000
---------------------------------------------------------------------
1 - Guetos no Leste europeu devido à ocupação alemã............ cerca de(aprox.)600,000
2- Theresienstadt e privação fora dos guetos............ 100,000
3 - Colônias da Trannistria (Romênia e Judeus soviéticos)............ 100,000

Assassinatos(fuzilamentos)ao Ar Livre(campo aberto)
Einsatsgruppen, Superiores das SS e Chefes de Polícia, exércitos Romenos e Alemães em operações móveis; fuzilamentos na Galícia durante a deportação; assassinatos de prisioneiros de guerra e fuzilamentos na Sérvia e em outros lugares............. (total de)1,300,000

Mortes em Campos; 'acima de' 3,000,000
---------------------------------------------------------------------
Campos alemães
Campos de Extermínio............ (acima de) 2,700,000

Auschwitz............ 1,000,000
Treblinka............ (acima de) 750,000
Belsez............ 550,000
Sobibór............ (acima de)200,000
Kulmhof............ 150,000
Lublin............ 50,000

Campos com mortalidade baixa em dezenas de milhares e/ou abaixo; Campos de concentração(Bergen-Belsen, Buchenwald, Mauthausen, Dachau, Stutthof, e outros); Campos com operações de assassinato (Poniatowa, Trawaniki, Semlin); Campos de trabalho escravo e campos de passagem(transitórios)............ (total)150,000

Romenos
Complexo de Golta nos campos de transição da Bessarábia............ 100,000
Croatas e outros............ (abaixo de/under) 50,000
_______________________________________________

Total(somatório): 5,100,000(mortos)

--------------------------------------------------------------------------------
NOTA: Guetos na ocupação alemão no Leste europeu, open-air shootings, e Auschwitz figures are rounded up para algo próximo a cem mil, outras categorias para algo próximo a cinqüenta mil

Fonte: http://holocaust-info.dk/statistics/hillberg_cause.htm
Do livro 'The Destruction of the European Jews'(ed. de 1985), Raul Hilberg
Tradução: Roberto Lucena

Ver também:
Números do Holocausto - Ciganos (Estimativa do número de mortos)
Números do Holocausto - Estimativa de vítimas judaicas
5 milhões de vítimas não judias? (1ª Parte)
5 milhões de vítimas não judias? (2ª Parte)
Auschwitz e os números de mortos (por Robert Jan Van Pelt)
Número de judeus húngaros gaseados na chegada a Auschwitz
Números de vítimas do Holocausto por país em relação aos números da populaçao de 1937

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Entrevista com Raul Hilberg

Existe um novo anti-semitismo? Entrevista com Raul Hilberg à Revista Logos

LOGOS: Há um argumento seu bastante famoso de que havia três soluções para o problema judeu: conversão, expulsão e finalmente extermínio. Pode explicar o que queria dizer com isto?

RH: Este é um padrão recorrente que encontrei bem cedo em minha pesquisa. Olhando ao longo da história fica claro que conversão era um elemento do mundo cristão. As expulsões começam na baixa Idade Média quando parecia que os judeus não estavam dispostos a se tornarem cristãos. Este padrão existiu por vários séculos. Pode-se localizá-lo no início em Oxford, e depois até a Espanha de 1492 e Portugal alguns anos mais tarde. Então estamos realmente falando do final da Idade Média e do início dos tempos modernos para as expulsões.

Agora, para a questão de uma solução final, aquela solução permanente, esta é uma idéia nazista. Você pode ir até o início do partido nazista e descobrir que eles ainda estavam pensando em termos de emigração dos judeus – havia um plano chamado Plano Madagascar, que também tinha sido considerado na Polônia e mesmo na França (Madagascar era uma possessão francesa), e talvez todos os judeus pudessem ser enviados para lá. Então esta idéia ainda estava circulando no departamento de relações exteriores alemão e toda a burocracia até Hitler até pelo menos 1940, especialmente em 1940 quando a França se rendeu. No entanto, quando a guerra ainda não havia terminado (como os alemães esperavam que terminaria) com o ocidente (eles já estavam fazendo preparativos para atacar a União Soviética), considerações mais sérias de aniquilar os judeus emergiram. A primeira indicação que temos destas considerações é um encontro que Hitler teve com um grupo de membros do partido no início de fevereiro de 1941. Ele ainda não tinha completamente formulado a decisão, mas estava em processo de fazê-lo.

LOGOS: Houve uma conferência revisionista no Irã alguns meses atrás. Qual a preocupação que devem ter os estudiosos e o público em geral sobre a capacidade deste tipo de revisionismo de gerar anti-semitismo?

RH: Este revisionismo começou nos anos 60. Não é novo. Boicotei a Alemanha por bastante tempo, mas quando passei por Munique há um bom tempo atrás fui a uma banca e comprei um jornal local de extrema-direita, um jornal alemão, e para meu enorme espanto descobri que eu era mencionado na primeira página como um líder sionista. Agora, isto era uma grande novidade para mim, mas a manchete era: “A Mentira do Holocausto”. Então, na Alemanha nos anos 60 havia seguidores para esta crença, mesmo que eles lá devessem estar mais bem informados que em qualquer outro lugar. Havia um francês que já publicava sobre isto nos anos 60. Metade do seu livro era devotado a mim. Era uma publicação neo-nazista. Assim que o meu livro, 'A destruição dos judeus europeus', saiu em 1961, me tornei um alvo destes grupos.

Para mim, os desenvolvimentos seguintes em negação do Holocausto foram apenas uma lenta expansão, nem mesmo um crescimento, mas uma expansão da França e Alemanha para os EUA e para o Canadá, e finalmente chegou ao mundo árabe. O mundo árabe é bastante desorientado quando se trata da Europa, de qualquer maneira. Eles são tão confusos sobre o Ocidente como nós somos em relação a eles. Mesmo assim, a conferência no Irã não foi bem sucedida nem mesmo no Irã – era um problema e dificuldade sem necessidade. Havia iranianos que denunciavam publicamente esta conferência. Então, eu não estou terrivelmente preocupado sobre isto mesmo que no período desta conferência em dezembro último, eu houvesse sido convidado pelo governo alemão para tomar parte em uma contra-conferência que ocorreu ao mesmo tempo em Berlim, como o palestrante de honra.

Normalmente não me envolvo em debates com revisionistas do Holocausto. E continuei não fazendo isto em Berlim, mas a essência da minha fala era que, sim, houve um Holocausto, o que é, por sinal, mais fácil de dizer que de demonstrar. Demonstrei isto e houve um bom público naquela conferência. Ainda assim, os jornais alemães não deram publicidade à contra-conferência em Berlim porque eles não podiam resistir a publicar as caras dos rabinos que tinham ido ao Irã.

Cheguei à conclusão, não apenas uma vez, mas várias vezes, que, no que me concerne, não concordo com a legislação que torna ilegal fazer pronunciamentos declarando que não houve o Holocausto. Não quero criar amordaças para nada disto porque é um sinal de fraqueza e não de força quando você tenta calar alguém. Sim, tem sempre um risco. Nada na vida é sem risco, mas temos que tomar decisões racionais sobre todas as coisas.

LOGOS: Muitos dos recentes incidentes anti-semitas na Europa levaram as pessoas a falar de um novo anti-semitismo. Isto é algo que realmente deveríamos considerar seriamente ou se trata apenas da continuação de um anti-semitismo anterior?

RH: Não é nem isto. É como se alguém pegasse uns pedregulhos do passado e os jogasse nas janelas. Tenho idade o suficiente para lembrar os efeitos reais de atitudes anti-judaicas. Aqui, na Universidade de Vermont era impensável, mesmo neste estado bem liberal, ter um judeu como Decano até os anos 70, imagine como presidente. Em outras palavras, havia muita segregação nos EUA. Se você olhar para trás e pegar qualquer New York Times dos anos 30 ou mesmo dos anos 40, vai ver anúncios de apartamentos na cidade de New York e a palavra “restrito”. É um jornal cujo proprietário é judeu e eles publicam anúncios que excluem judeus. E isto era um regime anti-judaico entranhado na sociedade, que a sociedade mesmo apoiava e agora se foi. Simplesmente não mais existe.

Não se pode nem mesmo falar de restrições contra judeus no mundo islâmico porque judeus deixaram o mundo islâmico. Eles não estão mais lá exceto em Marrocos e talvez algumas dezenas de milhares aqui e ali, mas isto é o remanescente de duzentos mil que ainda estavam lá quando o estado de Israel foi criado. Então o anti-semitismo do passado pertence ao passado, e particularmente a palavra “anti-semitismo”. Havia um partido anti-semita na Alemanha e havia um partido anti-semita na Áustria. O lider do regime húngaro, Almirante Horthy, quando alguns caras de extrema-direita estavam tentando se apossar de negócios judaicos, acabou com a festa (os calou). Ele disse, mais ou menos com estas palavras, “vocês não vão tomar estas empresas/companhias/negócios porque os judeus ao menos sabem como dirigí-los e vocês, vocês quem são? E não me respondam porque eu já era anti-semita antes de vocês terem nascido”.

Adolf Hitler mesmo, e ninguém lê de fato o 'Mein Kampf', afirma que seu pai não seria um anti-semita porque isto o degradaria socialmente. A irmã de Nietzsche casou com um líder anti-semita e Nietzsche se referia ao cunhado, em todas as cartas para sua irmã, como “o seu marido anti-semita”. Agora, você pode ver que o anti-semitismo era de alguma forma relacionado a uma característica de atraso. Pertencia ao século 19 com todos os seus “ismos”, com o imperialismo, o colonialismo, com o racismo. Parece bizarro que eu diga que os Nazistas não se chamavam de anti-semitas. Você não consegue nem encontrar a palavra.

LOGOS: Mesmo?

RH: Sim, havia uma sensação de que Nazismo era algo novo. O anti-semita tinha parado num certo ponto; o anti-semita podia falar em eliminar judeus, mas não sabia como fazê-lo. O anti-semita não tinha o poder, o anti-semita era um propagandista. Os Nazistas eram sérios sobre o assunto e isto era uma proposição muito diferente. Quando vocês virem a atual legislação na Alemanha, Áustria e em outros lugares que declara que é um crime negar que houve um holocausto, é porque estes governos têm que se distanciar do Nazismo. Hoje em dia obviamente Nazismo e anti-semitismo confluíram em um tipo comum de ideologia, mas é um fenômeno diferente. Havia um jornal extremamente anti-semita na Alemanha, Der Stürmer, que era publicado por Julius Streicher. Não lembro se foi Höss, o comandante de Auschwitz, ou outra pessoa, a quem perguntaram se lia o Der Stürmer. Ele respondeu basicamente o seguinte, “Olha, eu sou um tenente-coronel das SS, nem morto me pegariam lendo Der Stürmer”. Era como ler o mais baixo dos mais baixos tablóides de fofocas dos EUA. Havia uma questão de status, de posição social.


LOGOS: O que você acha do uso retórico e simbólico da palavra “Holocausto”?

RH: Eu resisti ao uso da palavra “Holocausto”, primeiro por causa das suas implicações religiosas. No fim, é como tudo que se torna de uso comum; não dá para escapar. Mas “Holocausto” se torna problemático de várias formas, e uma delas é a que é menos discutida, porque é politicamente incorreto dizer isto, é que tudo se torna um Holocausto. Vou dar um exemplo: eu estava andando em Berlim um dia e vi uma placa “Holocausto” e vi alguns manifestantes nas ruas com cartazes que diziam “Holocausto, Holocausto, Holocausto”. Eu não conseguia entender sobre o que era a manifestação até que eu vi uma gaiola/jaula e entendi que estavam falando de crueldade contra animais. A palavra “genocídio” é também usada em muitas situações, e é claro que a Convenção de Genocídio tem uma definição que vai muito além do que eles chamam de “Holocausto”. Então se você sequestra crianças para forçá-los a fazer algo isto é genocídio, se você usar ópio, isto é genocídio, etc. Porque é uma convenção internacional, os gregos incluíram algo, os chineses incluíram outra coisa, e por aí vai.

Holocausto é uma palavra que é frequentemente utilizada erroneamente porque significa, especialmente quando em letra maiúscula, a catástrofe judaica e quando você a usa em todo o tipo de contexto ela perde sua eficácia. Agora há livros sendo escritos dizendo que os armênios não foram realmente sujeitos a um genocídio ou que os ciganos não foram realmente sujeitos ao genocídio – ainda que na minha opinião ambos foram – mas acaba nestas disputas e é uma situação inevitável. Assim que a Comissão Presidencial sobre o Holocausto foi criada –e foi este mesmo presidente Carter que hoje está sendo chamado de anti-semita quem criou a comissão – todos apareceram: os armênios, claro, compareceram, os poloneses apareceram, os ucranianos apareceram, os tchecos apareceram. Há todos estes problemas de definição e disputas que emergem quando se usa palavras como “Holocausto” ou “genocídio”.

LOGOS:Além da forma como estas palavras são empregadas simbólica e retoricamente, qual a relação que você vê entre o Holocausto e outros genocídios históricos e contemporâneos? Como podemos usar as lições [do Holocausto] para confrontar o tipo de violência e perseguição de grupos que ocorre hoje, considerando-os ou não genocídios sociologicamente?

RH: Eu não sabia o que fazer com o Camboja ou outros eventos como aquele, mas Ruanda me convenceu. Por isto que na terceira edição do meu livro eu incluí Ruanda. O que eu escrevi lá é a resposta à sua questão . Em Buchenwald e possivelmente em outros campos quando a guerra terminou, os prisioneiros colocaram grandes sinais que diziam “nunca mais”. Eu acho que foram os comunistas que organizaram aquilo, mas não tenho certeza. Os sinais diziam “nunca mais” em várias línguas porque era uma Babel de línguas naqueles campos. Milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças mortos apenas porque eram classificados como judeus. Agora, aquilo não deveria acontecer de novo e isto era responsabilidade do mundo. O resultado foi, de fato, a Convenção de Genocídio. A palavra genocídio foi criada por Raphael Lemkin, um advogado judeu da Polônia cuja prévia especialidade era terrorismo. Quando o Holocausto acontecia, ele publicou um livro em 1944, 'O comando do Eixo na Europa ocupada'. Neste livro ele inventou a palavra genocídio porque ele dizia que a lei devia ter este conceito como um crime. É claro que os EUA não queriam assinar a Convenção de Genocídio porque o Departamento de Estado e outros políticos tinham suas dúvidas. A dúvida maior era que se tivéssemos uma Convenção de Genocídio, então os negros neste país poderiam questionar legalmente as leis de segregação. A Convenção de Genocídio é um tratado, e se é um tratado sob o Artigo 6 da Constituição nós não podemos assinar esta convenção porque seria superior às nossas sagradas leis estaduais que discriminavam contra negros. Este era o argumento deles. No final este argumento desabou.

O que permanece hoje, contudo, é que o “Nunca mais” é implícito. E no entanto, chega Ruanda e o Presidente Clinton se recusa a chamar de genocídio quando de fato era! Dizemos que nunca mais vamos tolerar este tipo de coisa, mas permitimos mais de meio milhão de pessoas serem mortas em três ou quatro meses em Ruanda. Depois que dez belgas foram mortos, as forças de paz internacionais começaram a se retirar. Foi a mesma coisa como na Alemanha, os Hutu decidiram que agora 'nós vamos resolver o problema Tutsi como os alemães fizeram com os judeus'. Era óbvio que eles tinham decidido isto meses antes de começarem a matar porque eles importaram machetes e fizeram preparações como os alemães. Então aqui estamos, o mundo inteiro, não há Segunda Guerra Mundial acontecendo, não há desculpas de que nós precisamos de todos os aviões que temos, portanto não podemos bombardear Auschwitz porque precisamos deles na Frente Ocidental, e não se faz nada. É tempo de paz, são os anos 90, e não se faz nada. Grandes coisas para o “Nunca Mais”. Então o problema obviamente não desapareceu.

Você tem que tomar decisões. Quando você está sentado no Departamento de Defesa ou no Departamento de Estado na Casa Branca você nunca pode predizer exatamente quais as configurações que algum evento vai mostrar. Você tem que pensar todas as possibilidades e esta gente não tem tempo nenhum para pensar. Eles tem que fazer todas as considerações antes de assumir os cargos. Este é um problema crucial. Mesmo assim, esta é a primeira vez na história que a assumimos um tipo de responsabilidade global. Eu não estou dizendo que estamos sozinhos, temos parceiros fazendo isto e a noção de responsabilidade global é realmente muito nova, é de depois da Segunda Guerra Mundial.

LOGOS: O que você acha dos atuais debates sobre como interpretar o Holocausto e seu legado, pelo trabalho de pessoas como Norman Finkelstein ou Daniel Goldhagen?

RH: Bom, Finkelstein hoje é difamado por toda a parte. Há obviamente lobbies que tentam removê-lo de sua posição. Finkelstein é um cientista político. Acredito que tenha um doutorado por Princeton e, o que quer que se pense de Princeton, é um treinamento bem rigoroso para ser um cientista político profissional. Ele escreveu para mim algumas vezes. Ele foi o primeiro a enfrentar Goldhagen seriamente. Ele atacou Goldhagen em um longuíssimo ensaio que eu nunca teria escrito porque eu nunca teria tido a paciência. Goldhagen é parte de um grupo acadêmico que é um desastre no meu tipo de pesquisa…

LOGOS: Por que isto?

RH: Porque [Goldhagen] estava completamente errado sobre tudo. Completamente errado. Excepcionalmente errado. Em outras palavras, toda esta fúria do seu anti-semitismo que era, na raiz, anti-semitismo especialmente aniquilador, era totalmente absurdo. Ele fala sobre anti-semitismo entre os alemães, estonianos, ucranianos, letões, e lituanos, mas de onde este anti-semitismo aniquilador único veio? É simplesmente absurdo, totalmente absurdo. Quer dizer, completamente fora de parâmetros, vocês sabe, e factualmente sem qualquer base. Finkelstein leveu isto a sério. Eu levei um pouco menos a sério, mas só vim a atacar este Goldhagen bem mais tarde.

Agora, Finkelstein tem um segundo ponto, que, na minha opinião, estava cem por cento correto, e este é que a resposta ao caso dos bancos suíços e a indústria alemã, que tinha coincidido durante a guerra, foi coercitivo não só quanto aos judeus que se mobilizaram, mas também quanto a todas comissões de seguro, ao Senado, a Câmara, e aos comitês críticos. O único que eles não conseguiram dominar foram os tribunais, que ainda tem alguma independência. Então eles perderam nos tribunais, mas ameaçaram pessoas como Alan Hevesi em Nova York. Eles podiam fazer ameaças porque os bancos suícos queriam se expandir ali. Para Finkelstein, isto era pura extorção e não tenho certeza de quem concorda com ele exceto por eu mesmo e eu disse isto abertamente. De fato, disse isto para a imprensa em talvez sete países.

A imprensa não esperava esta minha resposta. O Congresso Judaico Mundial era liderado por um homem que parecia ser, concluindo isso em cima de suas próprias declarações autobiográficas, totalmente, nem mesmo mediano, mas infantil mesmo. O que este magnata, que assumiu o Congresso Judaico Mundial, estava dizendo era completamente absurdo. Os advogados das causas, mais o Congresso Judaico Mundial, deram uma mostra inacreditável de um comportamento totalmente inapropriado.

Agora quando ele [Finkelstein] fala sobre os árabes, alguns judeus sentem que ele é também anti-sionista, que ele é anti-Israel; que ele parece sempre enfatizar o sofrimento dos árabes. Eu não o apoio nesta área em particular porque eu tenho minha própria visão a respeito, mas também não dá para dizer que ele esteja completamente errado. Você gostaria de ser um cidadão árabe em Israel? Pense nas portas que estão fechadas [para estes]. Você pode até comer melhor e ter uma renda melhor do que se você morasse numa favela do Cairo. A grande ironia é que as condições econômicas dos árabes-israelenses são consideravelmente melhores que o proletariado de alguns países árabes, mas uma pessoa precisa de algo mais. Uma pessoa precisa de um sentimento de dignidade. Pense nas barreiras de checagem de segurança. É uma vida sobre a qual certamente alguma coisa tem que ser feita de um jeito ou de outro. Esta batalha em particular não pode durar para sempre. Não dá. Os israelenses vão cansar disto. Os israelenses vão simplesmente cansar de desconfiar das pessoas. Não é possível continuar deste jeito para sempre. Finkelstein está essencialmente na posição correta sobre estas coisas porque ele é extremamente perspicaz. Na maioria das vezes, especialmente nestes outros casos como Goldhagen e os bancos suícos, ele está certo.

LOGOS: Uma última questão, na medida que avançamos no século XXI que direção devem tomar os estudos do Holocausto?

RH: Bom, se você tivesse feito esta pergunta no início, isto já tomaria pelo menos meia hora. Corretamente, a pesquisa hoje está orientada no sentido de descobrir detalhes e principalmente o que aconteceu em nível local. Esta pesquisa já começou. Não está muito desenvolvida neste país (EUA), mas tem havido muitos avanços na Europa. Os principais pesquisadores do Holocausto hoje são alemães e austríacos. Há também alguns franceses e italianos. Não há muitos pesquisadores do Holocausto de renome neste país.

A segunda coisa que deveríamos e precisamos verificar são aqueles aspectos do que aconteceu que ainda são tabu. O que é tabu é a vida de uma comunidade judia terminal em algum gueto e a noção que algumas pessoas morriam primeiro, então outras pessoas morriam depois, e ainda outras morriam por último, e então, melhor ainda, algumas sobreviviam. O que explica estes desenvolvimentos bastante perceptíveis? Exemplo: os primeiros a morrer eram os mais probres entre os pobres. Nós temos que enfrentar este fato. Nós temos que entender que não se pode no mundo acadêmico simplesmente chamar a todos os judeus que morreram – como eu ouvi um Rabino dizendo uma vez, Kedoshim, que significa povo santo. Esta não é a minha linguagem. Nós não podemos fazer isto. Nos temos que vê-lo como eles eram e nós não temos feitos isto. Nós temos tido um roteiro estabelecido. Este é um aspecto em que eu discordo de Elie Wiesel não obstante conhecê-lo há muito tempo. Ele diz “ouçam os sobreviventes e ouçam mesmo seus filhos”. Eu digo, sim, temos que ouvir os sobreviventes. Temos escutado os sobreviventes já por bastante tempo, mas não é suficiente. Eles não vão nos dizer o que aconteceu às pessoas que não sobreviveram. Você não é uma amostragem aleatória. Isto requer muita pesquisa assídua em muitos registros que foram soterrados e que nunca foram examinados.

A terceira coisa que precisa ser feita é isto: temos que identificar mais claramente quem eram os vizinhos dos judeus. Que tipo de impacto sofreram, se sofreram? Como suas reações eram motivadas, seja para colaborar com o algoz ou para ajudar a vítima ou, na maioria dos casos, para permanecer neutro. Neutralidade não significa ignorar algo. Significa uma decisão de não fazer nada. Nós temos que examinar isto também. Então nós temos que examinar o Holocausto de todas as maneiras, e isto no fim implica fazer muita pesquisa local porque é no nível local que estão os documentos que nos dizem alguma coisa. Por exemplo, se eu leio nos registros locais que os bielorussos não estão entregando trigo o suficiente para os alemães porque eles roubam isto secretamente para fazer vodka e em enormes quantidades durante a ocupação alemã, você precisa começar a se perguntar qual o percentual daquela população que estava bêbada o tempo inteiro? Agora estas são questões muito, muito importantes e esta é a direção em que a pesquisa precisa avançar. E não é para diletantes, não é para pessoas sem treinamento, não é para filósofos, é para pessoas que sabem línguas, que sabem história, que sabem ciência política, que sabem economia, etc. Basicamente eles têm que ser bem preparados. O Holocausto hoje não é, como pode ter sido no início, um tema para leigos.

Link original da entrevista: https://logosjournal.com/issue_6.1-2/hilberg.htm

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Dinamite contra doentes mentais

Fonte: The Destruction of the European Jews, Raul Hilberg, pág. 219

"...After the speech Himmler, Nebe, von dem Bach, and the chief of Himmler's Personal Staff, Wolff, inspected an insane asylum. Himmler ordered Nebe to end the suffering of these people as soon as possible. At the same time Himmler asked Nebe to "turn over in his mind" various other killing methods more humane than shooting. Nebe asked for permission to try out dynamite on the mentally sick people. Von dem Bach and Wolff protested that the sick people after all were not guinea pigs, but Himmler decided in favor of the attempt. Much later, Nebe confided to von dem Bach that the dynamite had been tried on the inmates with woeful results 165... "
Tradução:

"...Depois do discurso, Himmler, Nebe, von dem Bach e o chefe do staff pessoal de Himmler, Wolff, inspecionaram um hospício. Himmler ordenou a Nebe que terminasse com o sofrimento dessas pessoas o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, Himmler pediu a Nebe que "ponderasse com calma" vários outros métodos de matança mais humanos do que os fuzilamentos. Nebe pediu permissão para experimentar dinamite nos doentes mentais. Von dem Bach e Wolff protestaram, dizendo que os doentes mentais afinal não eram cobaias, mas Himmler decidiu em favor da tentativa. Muito depois, Nebe confidenciou a von dem Bach que a dinamite havia sido testada nos internos, com
resultados deploráveis 165 ...
"
165. A história da visita de Himmler, como contada por von dem Bach, foi impressa na Aufbau (Nova York), de 23 de agosto de 1946, pp 1-2.

A história acima, contada pelo major-general da SS, Erich von dem Bach-Zelewski, em 1946, também é citada pelo historiador Richard Overy, em Russia's War, Penguin Books 1998, páginas 125/126, conf. transcrito por Roberto Muehlenkamp:

"In August 1941 the commander of Einsatzgruppe B, Artur Nebe, called up experts from the Criminal Technical Institute to help him solve a problem. A short while before, Heinrich Himmler had visited the Belorussian capital of Minsk to witness the execution of a hundred `saboteurs'. It was the first time he had seen men killed, shot a dozen at a time face down in an open pit. He asked Nebe to test other methods that were less brutalizing to those who carried out the executions. The experts drove to Russia in trucks filled with explosives and gassing equipment. The morning after their arrival they drove out to a wood outside Minsk, where they packed two wooden bunkers with 250 kilograms of explosive and twenty mental patients from a Soviet asylum. The first attempt to blow them up failed, and the wounded and frightened victims were packed into the bunkers with a further 100 kilograms of explosive. This time they were blown to smithereens, and Jewish prisoners were forced to scour the area picking up the human remains. The group then tried a different method at an asylum in Mogilev. Here they herded mental patients into a bricked-up laboratory, into which they inserted a pipe connected to a car exhaust. Fumes from the car took too long to kill the victims, and the car was swapped for a truck, which could generate a larger volume of fumes. The victims died in eight minutes. Gas killing became the preferred option. Altogether an estimated 10,000 died in asylums across German-occupied territory: men, women and children.

These murderous experiments were part of a programme of ethnic cleansing and 'counterinsurgency' in the East that led to the deaths of millions of Jews, Soviet prisoners of war, captured Communists, partisans and ordinary people caught in the crossfire of ideological and racial war – a harvest of dead unparalleled in the history of modern war.
"
Tradução:

"Em agosto de 1941, o comandante da Einsatzgruppe B, Artur Nebe, convidou peritos do Instituto Técnico Criminal para ajudá-lo a resolver um problema. Pouco tempo antes, Heinrich Himmler havia visitado a capital bielo-russa de Minsk para testemunhar a execução de uma centena de "sabotadores". Foi a primeira vez que ele havia visto homens sendo mortos, fuzilados uma dúzia de uma vez, virados de frente para uma vala aberta. Ele pediu a Nebe que testasse outros métodos que fossem menos embrutecedores para aqueles que se encarregavam das execuções. Os peritos dirigiram-se para a Rússia com caminhões cheios de explosivos e equipamentos de gaseamento. Na manhã após a chegada deles, eles dirigiram-se para uma floresta do lado exterior de Minsk, onde eles encheram dois bunkers de madeira com 250 quilogramas de explosivo e vinte pacientes doentes mentais de um asilo soviético. A primeira tentativa de explodi-los falhou, e as vítimas feridas e atemorizadas foram aglomeradas dentro dos bunkers com mais 100 quilogramas de explosivo. Desta vez, eles foram explodidos em pedacinhos, e prisioneiros judeus foram forçados a vasculhar a área recolhendo os restos humanos. O grupo então tentou um método diferente num asilo em Mogilev. Nesse local, eles conduziram pacientes mentais para um laboratório fechado com tijolos, dentro do qual eles inseriram um cano conectado a um escapamento de carro. A fumaça do carro levou muito tempo para matar as vítimas, e o carro foi substituído por um caminhão, o qual poderia gerar um volume maior de gases. As vítimas morreram em oito minutos. Matanças por gás tornaram-se a opção preferida. No total, um número estimado de 10.000 morreram em asilos de um lado ao outro dos territórios ocupados por alemães: homens, mulheres e crianças.

Esses experimentos assassinos eram parte de um programa de limpeza étnica e "contra-insurgência" no Leste, que levou às mortes de milhões de judeus, prisioneiros soviéticos de guerra, comunistas capturados, partisans e pessoas comuns pegas no fogo cruzado de guerra ideológica e racial - uma colheita de morte sem paralelos na história da guerra moderna.
"
O seguinte documento mostra que, em 1967, o Dr. Albert Widmann foi julgado e condenado a seis anos e meio de prisão, por crimes cometidos em Mogilev:

Fonte: http://www1.jur.uva.nl/junsv/brd/brdengfiles/brdeng658.htm

"Case Nr.658
Crime Category: Euthanasia, Other Mass Extermination Crimes
Accused: Widmann, Dr. Albert 6½ Years
Court: LG Stuttgart 670915
Country where the crime was committed: Germany, GUS
Crime Location: Minsk, Mogilew, Berlin
Crime Date: 4109, 42
Victims: Mentally Disabled, Jews
Nationality: Soviet
Office: RSHA Kriminaltechnisches Institut
Subject of the proceeding: Blowing up of a bunker near Minsk in which mentally disabled patients had been locked up, as well as gassing of mentally disabled patients in Mogilew. Technical screening of 'gas vans' built by the RSHA (Berlin, 1942)
"
Tradução:

"Caso Nr.658
Categoria do Crime: Eutanásia, Outros Crimes de Extermínio em Massa
Acusado: Widmann, Dr. Albert 6½ anos
Tribunal: LG Stuttgart 670915
País onde o crime foi cometido: Alemanha, GUS
Local do Crime: Minsk, Mogilew, Berlim
Data do Crime: 4109, 42
Vítimas: Deficientes mentais, judeus
Nacionalidade: Soviética
Escritório: RSHA Kriminaltechnisches Institut
Assunto do processo: Explosão de um bunker próximo a Minks no qual pacientes mentais haviam sido trancados, assim como gaseamento de pacientes deficientes mentais em Mogilew. Exames técnicos de "vans de gaseamento" construídas pela RSHA (Berlim, 1942)
"
Tradução: Marcelo Oliveira, Roberto Muehlenkamp
Fonte: Lista holocausto-doc Yahoo!
http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6233

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Mais deturpações de Jurgen Graf: Lituânia

Quando Jürgen Graf, o conhecido negador suiço, não está chamando Filip Müller, Rudolf Vrba e Elie Wiesel de "mentirosos deslavados e defraudadores",está ocupado deturpando o trabalho do pioneiro historiador do Holocausto, Raul Hilberg.Não contentando-se em dedicar um livro inteiro ao ataque contra Hilberg, que representa menos de 10% da extensão de The Destruction of European Jews, Graf decidiu também atacar o mais recente trabalho metodológico de Hilberg, Sources of Holocaust Research.Graf se refere a Hilberg como 'um autista incurável' - a questão é, ele está entrando em uma auto-projeção ou simplesmente criando contos de fadas novamente? Vejamos.

Um claro exemplo: a discussão de Graf sobre o relatório do infame Einsatzgruppe A sobre a Solução Final nos Países Bálticos e,particularmente,o Relatório de Jäger sobre a Lituânia. Segue a consideração de Graf sobre a utilização do relatório do Einsatzgruppe A por Hilberg:
Na página 145, Hilberg reproduz o esboço de um cartão que, juntamente com outras evidências, serviria como embasamento para suas alegações acerca das execuções no Oeste. Nesse cartão,o número de judeus fuzilados pelo Grupo Einsatz A, em várias regiões, são representados por caixões. O maior índice de fuzilamentos aparece na Lituânia, onde, segundo ele, não menos de 136.421 judeus teriam sido assassinados até 1942. Este dado realmente consta em um dos relatórios do Einsatz,onde encontramos: "Quando ocorreu a invasão dos Bolcheviques, de acordo com um censo realizado em 1923, 153.743 judeus residiam na Lituânia. Eles representavam 7.58% da população...Durante várias operações individuais, um total de 136.421 judeus foram liquidados...Judeus em guetos:em Kauen,cerca de 15.000 judeus;em Wilno,cerca de 15.000 judeus;em Schaulen,cerca de 4.500 judeus."

Simples adição mostra que o número total dos judeus supostamente liquidados, quando agregado ao número de judeus que estavam nos guetos, é muito maior do que o número de judeus ali presentes antes da invasão alemã.
Pare imediatamente.

Graf evidentemente é estúpido demais para lembrar-se, ou deliberadamente não deseja lembrar-se, que a Lituânia incorporou o distrito de Wilno em 1941,habitado por 110.000 judeus em 1931, e inchado por muitos refugiados provenientes da região ocidental da Polônia,entre 1939 e 1941. Wilno (Vilnius,atualmente) era habitado por aproximadamente 80.000 judeus quando a guerra explodiu. Melhor, adicionaremos os números determinados só para a cidade de Wilno, entre 12 de agosto e 25 de novembro de 1941: 21.169 execuções. Além disso, vamos adicionar a quantidade executada pelo mesmo Kommando nas cidades vizinhas: 13.484 execuções.
Sem mencionar o Teilkommando,enviado a Minsk: 3.050 execuções. Então, temos os judeus alemães, deportados para Kovno em novembro de 1941, que claramente não viviam na Lituânia antes da guerra: 4.934 execuções. Já temos 42.637 execuções entre habitantes de um território diferente do que era o lituano em 1923.

Obviamente, Graf não se dá ao trabalho de fazer algo tão elementar como checar as estatísticas, não é? Então,ele segue enterrando-se em um buraco cada vez mais fundo:
Isto é apenas uma parte das estatísticas confusas, de qualquer forma:

O mesmo relatório operacional sobre o país fronteiriço, a Letônia, afirma que cerca de 25% da população judaica havia fugido com os bolcheviques. Nenhum êxodo semelhante é mencionado para a Lituânia.
Porque o território da Lituânia foi ocupado em menos de uma semana,enquanto a Letônia estava mais distante da fronteira.
Isso é muito confuso porque os judeus lituanos tinham poucas razões para esperar benevolência dos alemães, como os judeus letonianos. A colaboração da comunidade judaica com o terror bolchevique foi proporcionalmente muito maior ali do que na Letônia, revoltando a população local.
Aqui, naturalmente, Graf demonstra seu padrão dois pesos duas medidas, quando deixa de mencionar qualquer fonte corroborando esta conspiração judaico-bolchevique. Mas torna-se pior: além de simplesmente não compreender que a Lituânia situava-se mais próxima à fronteira alemã em 1941 do que a Letônia, Graf tampouco consegue reconhecer quais territórios estavam localizados na Lituânia:
Uma granda parcela dos judeus lituanos viviam em regiões que haviam sido anexadas ao Reich após a conquista da Lituânia. Quando o relatório do Einsatz foi elaborado, esses judeus ainda estavam vivos. De acordo com Gerald Reitlinger, havia então,na área de Grodno, 40.000 desses judeus .[17] De acordo com o relatório de Korherr,[18] 18.435 judeus ainda residiam na região de Königsberg no final de 1942.
Será que alguém pode ser mais estúpido? Grodno jamais esteve situado na Lituânia,nem mesmo durante a era dos Czars. Pertenceu ao distrito (Voivodship) de Bialystok, sob a Polônia,e ao distrito (oblast) de Bialystok durante o domínio soviético. Com relação a citação do relatório Korherr sobre os trabalhadores judeus que ainda se encontravam na Prussia Oriental, também é uma clara referência ao distrito de Bialystok, na Polônia/Belorussia,e não na Lituânia.Um total de 18.435 trabalhadores judeus de nacionalidade soviética são reportados aí,e apenas 96 "outros".

Mas divirtamo-nos com Jürgen, o suiço alemão, e vejamos o que ocorreu em uma estilha de território, um pouco além de Memelgebiet (que foi anexado pela Alemanha em 1939).Infelizmente para Graf, é bem provável, ao contrário, que ali não residissem judeus de origem lituana, porque haviam sido assassinados pela Staatspolizeistelle de Tilsit em junho e julho de 1941. Segue a citação de um documento que Graf evidentemente desconsiderou durante sua visita ao Arquivo Osobyi, em Moscou:
In Zusammenwirken mit dem SD-Abschnitt in Tilsit wurden drei Grosssaeuberungsaktionen durchgefuehert, und zwar wurdenam 24. Juni 1941 in Garsden 201 Personen (einschl. 1 Frau)am 25. Juni 1941 in Krottingen 214 Personen (einschl. 1 Frau)am 27. Juni 1941 in Polangen 111 Personen erschossenStapostelle Tilsit, Betr.: Saeuberungsaktionen jenseits der ehemaligen sowjet-litauischen Grenze, RGVA 500-1-758, p.2
Até 18 de julho, o renomeado Einsatzkommando de Tilsit havia executado 3.302 vítimas.

A seguir, em uma tentativa bem sucedida de *escorregar na maionese*, Graf tenta o método 'vot-on-earth-are-ze-unfit-doing-alive!!!!' *(what on earth are the unfit doing alive/o que nesta terra os incapacitados ainda fazem vivos)* tão utilizado pelos negadores, sem perceber que isso os faz soarem tão semelhantes aos oficiais da SS que, evidentemente,f antasiam ser:

De acordo com as estatísticas preparadas na Lituânia, e baseadas em documentos originais dos anos de guerra, haviam 3.693 crianças além de um grande número de idosos (de até 90 anos) que estavam vivendo no gueto de Vilnius no final de maio de 1942. Como eram incapacitados para o trabalho, supõe-se que esses judeus deveriam ter sido as primeiras vítimas de qualquer política de extermínio em massa. Em um relatório sobre as escolas em Vilnius,o autor judeu-americano Abraham Foxman nota que,em outubro de 1942, entre 1500 e 1800 crianças estavam sendo educadas ali.
Uma vez mais,Graf expõe sua completa ignorância sobre a história do gueto de Vilnius. Uma citação de uma das páginas do website da ARC:

Em 23 de outubro de 1941, Murer distribuiu 3.000 "Scheine" amarelos (certificados/ permissões), entre os judeus do gueto 1. Um "Gelbschein" permitia ao seu titular registrar três familiares adicionais que carregariam permissões de cor azul.
Os dependentes sobreviventes foram deportados para Sobibor e gaseados em setembro de 1943. Porque tanto tempo depois? Há inúmeros fatores locais, inclusive a intervenção dos corajosos oficiais da Wehrmacht, visando proteger as famílias dos principais funcionários nos postos de manutenção. E porque Graf supõe que o código de conduta alemão foi sempre o mesmo,em todas as partes? Finalmente, nenhum brado de um negador, obviamente, poderia chegar sem uma referência a evidência física.

Finalmente, evidência física do assassinato em massa de judeus na quantidade alegada é inexistente. Em 1996, na cidade lituana de Marijampol, houve uma iniciativa para erigir um monumento em homenagem as dezenas de milhares de judeus que teriam sido fuzilados pelos alemães. Exacavações foram iniciadas no local designado por testemunhas oculares para que a vala comum pudesse ser localizada, mas, adivinhem só ,nada puderam encontrar ali.[21] Mesmo se os alemães houvessem exumado e cremado as dezenas de milhares de cadáveres postumamente, como Hilberg e seus associados alegam, qualquer vala comum ainda seria facilmente identificável pelas alterações nas disposições do solo.
Infelizmente para o idiólatra Graf, esta conspiração foi provada conclusivamente como uma falácia (link) e desmontada:

Sob essas circunstâncias, um historiador consciente não aceitaria, sem questionamentos, relatórios de campo como fontes infalíveis.

Sob essas circunstâncias, um historiador consciente assugurar-se-ia de ter lido o documento corretamente e que seus conceitos geográficos não estivessem equivocados, antes de encontrar outros documentos confirmando as fontes, e lembrar-se-ia de não pontificar sobre a ausência de evidência física que existiu em realidade.

Parece-me que o único sofrendo de "autismo incurável" aqui é Jürgen Graf.

Texto postado originalmente em inglês:
Tradução:

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Morre aos 81 anos o historiador Raul Hilberg

Morre o historiador americano Raul Hilberg, especialista em Holocausto
06/08 - 15:08 - AFP

O historiador americano Raul Hilberg, especialista do Holocausto, faleceu no sábado aos 81 anos em Burlington, Estado de Vermont (Estados Unidos), informou nesta segunda-feira em Paris sua editora francesa Gallimard.

Hilberg foi o autor de "A destruição dos judeus na Europa", uma obra de referência sobre a barbárie nazista, atualizada ao longo de 40 anos.

Nascido em junho de 1926 em Viena, Hilberg emigrou aos 13 anos para os Estados Unidos para fugir da perseguição nazista após a anexação da Áustria pela Alemanha. Aos 18 anos, combateu na Segunda Guerra Mundial nas fileiras do Exército americano na Europa.

Em 1955, apresentou sua tese universitária "A destruição dos judeus na Europa", que seria publicada em 1961 por uma pequena editoria de Chicago.

A obra, que se baseava essencialmente em fontes alemãs, suscitou então as reservas de uma parte da comunidade judaica americana.

Hilberg ressalta, por exemplo, a fraca resistência das populações judaicas às perseguições.

Uma segunda edição amplamente modificada foi publicada nos Estados Unidos em 1985, e nessa mesma década a obra chegou a vários países europeus.

A abertura dos arquivos soviéticos a partir de 1990 permitiu a ele enriquecer seu trabalho, cuja terceira edição chegou às livrarias americanas em 2003.

Hilberg é também autor de várias outras obras consagradas sobre o Holocausto, como "Executores, vítimas, testemunhas" (1994), "A política da memória" (1996) e "Holocausto: as fontes da história" (2001).

dch/dm
Fonte: AFP/Último Segundo
http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/2007/08/06/morre_o_historiador_americano_raul_hilberg_especialista_em_holocausto_953845.html

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