Relatório do oficial de polícia Salitter, que comandou os guardas de transporte de judeus deportados de Duesseldorf para Riga em 11 de dezembro de 1941 [1]
Duesseldorf, 26 de dezembro de 1941 Relatório Confidencial sobre a evacuação dos judeus para Riga ... 11-17 novembro de 1941. O transporte de judeus planejado para 11 de dezembro de 1941 incluiu 1.007 judeus das cidades de Duisburg, Krefeld e várias pequenas cidades e comunidades das áreas industriais de Rhinelandand Westfalia. Duesseldorf apresentou apenas 19 judeus. O transporte foi composto por judeus de ambos os sexos, de várias idades - desde bebês até pessoas de 65 anos. A partida do transporte estava prevista para às 09:30. Os judeus foram, portanto, trazidos para a rampa de carregamento já prontos para embarcar às 4:00 da manhã. Entretanto, o Reichsbahn não podia ter o trem pronto tão cedo, alegadamente devido à falta de pessoal, então o carregamento dos judeus só começou às 9:00 da manhã.
O carregamento foi feito com grande pressa, tanto quanto o Reichsbahn insistiu que o trem devia sair na hora certa. Portanto, não é surpresa que alguns carros estavam superlotados (de 60-65 pessoas), enquanto outros tinham apenas 35-40 passageiros. Essas circunstâncias causaram problemas ao longo de toda a viagem para Riga, desde judeus sozinhos que tentaram várias vezes entrar em carros menos movimentadas. E por mais que o tempo permitisse, em alguns casos foi permitido fazer alterações, como também havia mães que tinham sido separadas de seus filhos. No caminho da área de desembarque para do matadouro para a plataforma, um judeu do sexo masculino tentou cometer suicídio, atirando-se na frente do bonde. Mas ele bateu no para-choque do carro de rua e ficou apenas ligeiramente ferido. Ele se recuperou durante a viagem, e percebeu que não podia evitar compartilhar do destino de the evacuados. Uma mulher judia idosa se afastou da plataforma sem que ninguém percebesse - estava chovendo e muito escuro - entrou numa casa próxima, tirou a roupa e sentou-se num vaso sanitário. No entanto uma mulher da limpeza notou o caso e ela foi levada de volta para o transporte.
... O carregamento do trem terminou às 10:15 e ... o trem deixou a estação Duesseldorf-Derendorf por volta das 10:30 .... Devido a um sistema de aquecimento com defeito, a pressão de vapor não atingia os últimos carros do comboio. Por causa do frio, a roupa dos esquadrões de guarda não secavam. (Choveu durante todo o transporte). Assim, tive que lidar com guardas que não conseguiam cumprir seu serviço devido à doença. ... [O trem chegou à Lituânia em 12 de dezembro] Normalmente, a viagem de comboio a partir deste ponto para Riga levaria 14 horas, mas como não havia apenas uma faixa de trilho e nosso trem tinha apenas uma segunda prioridade, a viagem foi muitas vezes mantidos por longos períodos de tempo. ... Chegamos em Mittau na Letônia às 19:30 [13 de dezembro]. Estava frio e a neve caindo. Chegamos em Riga às 21:50. O trem foi mantido na estação por uma hora e meia. ...
O trem ficou parado sem calor. A temperatura exterior era de menos 12 graus centígrados .... À 01:45, voltamos para o trem e mais seis guardas letões foram encarregados de ver o trem. Porque era meia-noite, escuro e a plataforma estava coberta com uma espessa camada de gelo, então foi decidido transferir os judeus para o gueto de Sarnel apenas no domingo de manhã. Conclusões: as provisões [para os guardas] eram boas e suficientes. Para os homens foram fornecidos dois cobertores, utensílios de cozinha e fogões de campo, roupas quentes, peles e botas quentes, que provaram ser muito úteis e foram recomendados para transportes futuros. As pistolas e munições fornecidos eram suficientes porque não havia perigo de ataques por partidários na Lituânia e Letônia. ... as duas luzes de busca serviram bem a seu propósito .... a assistência da Cruz Vermelha foi louvável ...
Para prover os judeus com água, era essencial que a Gestapo entrasse em contato com o Reichsbahn e coordenasse uma hora de parada todos os dias numa estação ferroviária no Reich. Devido à tabela de tempo, o Reichsbahn estava relutante em cumprir a vontade do comandante dos transportes. Os judeus ficaram geralmente na estrada por 14 horas ou mais antes do transporte partir e de ter se esgotado todas as bebidas que eles tinham para eles. Quando eles não são supridos com água durante a viagem, eles tentam, apesar da proibição, deixar o trem em cada ponto possível ou pedir a outros para obter água. É também essencial que o Reichsbahn preparasse os trens pelo menos 3-4 horas antes da partida, para que o carregamento dos judeus e seus pertences, de modo que o carregamento de judeus pudesse ser conduzido de forma ordenada. A Gestapo tem que se certificar que o Reichsbahn colocou o carro (vagão) para o destacamento de guarda no centro do comboio. ... Isto é essencial para a supervisão do transporte .... Durante frio extremo, deve-se ter certeza de que o aquecimento do trem funciona. Os homens do pelotão de guarda não me deram nenhum motivo para eu reclamar. Com exceção do fato de que tive que pedir a alguns deles para agir mais energicamente contra os judeus que queriam desobedecer minhas ordens, todos eles se comportaram bem e cumpriram bem seu dever. Não houve incidentes de doenças ou quaisquer outros problemas. Assinado: Salitter (ver mais), Hauptmann (Capitão) da Schupo (Link2).
[1]. Ver também "Deportation to Riga" -- testemunho de Hilde Sherman que foi deportado no mesmo transporte.
Fonte: Yad Vashem site (Shoah Resource Center, The International School for Holocaust Studies)
http://www.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%203288.pdf
Título original: Report by Police officer Salitter, who commanded the guards on the transport deporting Jews from Duesseldorf to Riga 11 December 1941
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais: «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (3, 3) (Holocaust Controversies)
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sábado, 6 de fevereiro de 2016
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Judeus na África do Sul (no regime de Apartheid)
Em homenagem à figura de Nelson Mandela que faleceu ontem (18.07.1918* - 05.12.2013+), e teve um forte impacto em muita gente no Brasil (e no mundo) sobre a questão do combate ao racismo pelo que representava aquele regime de Apartheid da África do Sul, segue o texto abaixo que saiu na revista alemã Deutsche Welle com uma história sobre o Apartheid e a participação de judeus fugidos da guerra na Europa (e seus descendentes) na luta antiapartheid na África do Sul para marcar a data.
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Judeus no estado do Apartheid
Nelson Mandela escreveu uma vez: "Encontrei judeus mais abertos que a maioria dos brancos em questões de raça e política, talvez porque eles mesmos tenham sido historicamente vítimas de preconceitos".
Milton Shain, professor de história e diretor do Centro Kaplan de Estudos Judeus da Universidade de Cidade do Cabo, confirma as palavras de Nelson Mandela, histórico defensor dos direitos cívicos e primeiro presidente negro da África do Sul: houve muitos judeus que fugiram da Alemanha nazi que se comprometeram politicamente com o movimento antiapartheid. E isto, apesar de que os próprios refugiados não foram recebidos precisamente com os braços abertos em sua nova terra. Milton Shain explica o contexto histórico:
"Não são bem-vindos"
"Pela metade dos anos trinta, a situação era muito tensa. O barco de refugiados 'Stuttgart' chegou ao porto em final de outubro de 1936 e foi recebido com violentos protestos. Também houve destacados acadêmicos que se manifestaram contra a imigração de judeus alemães. Entre eles estava o chamado arquiteto do Apartheid, o professor Hendrik Verwoerd, que mais tarde se tornaria primeiro-ministro. Estas figuras davam voz a um movimento da direita radical que havia começado na África do Sul há alguns anos. Os chamados camisas cinzas e negras imitavam os nazis e outros fascistas europeus e se opunham veementemente à imigração contínua de judeus. Esta gente advogava a adoção de medidas para cortar a presença judia e suas possibilidades de sobrevivência no país. Contudo, suas ideias não eram aceitas majoritariamente mas formavam uma força importante que crescia de forma alarmante.
A corrente de pensamento político principal que a representava, não obstante, um político como Daniel Malan, iria se converter no primeiro-ministro do regime do Apartheid em 1948. Malan argumentava já nos anos trinta que os judeus podiam ser fonte de conflitos se se concentrassem por demais em um país, pelo que, restringindo sua entrada, ele atuava no final das contas em seu próprio interesse. A África do Sul acolheu aproximadamente 3.500 judeus alemães até que, no começo de 1937, foi aprovada a chamada 'Aliens Act', que fechava as portas a esses imigrantes.
Judeus e Apartheid
Nesse contexto há que considerar a questão das atividades políticas no sistema de Apartheid. Os imigrantes judeus alemães, vítimas do racismo e antissemitismo clássicos, chegaram a um país com uma sociedade colonial, exploradora e segregada racialmente. Os judeus brancos, que ainda eram vítimas na Europa, converteram-se de repente em 'beneficiários' dessa estrutura hierárquica baseada na raça. Isto recaía numa enorme contradição, a de que muitos, certamente, não eram conscientes. Muitos refugiados eram jovens e não compreendia com frequência as circunstâncias políticas do país. Outros já tinham suficiente com o que se preocupar na África do Sul e encontrar trabalho e casa. Naturalmente, a maior parte da comunidade judia vivia como os anglo-falantes brancos. Apesar de tudo, também houve muitos judeus imigrantes que se comprometeram com a luta antiapartheid.
Vamos dar uma olhada atrás e recordarmos o contexto histórico de então. Estava-se produzindo, por exemplo, a exterminação dos judeus na Lituânia: mais de 90 por cento foram assassinados na Segunda Guerra Mundial. A comunidade judia da África do Sul procedia em sua maior parte da Lituânia, pelo que havia uma relação muito estreita com esses acontecimentos. Os litvaks (como os judeus lituanos se chamam a si mesmos) haviam emigrado antes de que se começasse a fechar as fronteiras. Mais tarde, também chegaram à Cidade do Cabo vítimas da perseguição que haviam conseguido sobreviver. Provavelmente era esperar demais que essas pessoas perseguidas e traumatizadas se manifestassem com voz ativa contra o Apartheid.
Ativismo judeu
Apesar de tudo, a pressão social se radicalizava cada vez mais. Uma nova geração de jovens judeus bem formados exigiam mudanças. Sabiam que no período nazi havia existido simpatizantes naquele país e não queriam sê-los também na África do Sul. Naturalmente, também houve judeus de extrema-esquerda que atacaram frontalmente o regime de Apartheid desde o primeiro dia. Esses, contudo, não estavam integrados à comunidade judaica. Entre eles havia nomes como Ruth First, Joe Slovo e Ronnie Kasrils. No processo de Rivônia, que levou à prisão Nelson Mandela, havia 15 acusados; os cinco brancos eram judeus.
Em resumo, pode se dizer que o ativismo judeu contra o Apartheid teve bastante peso. Em todo caso, foi muito mais importante que o de outros grupos minoritários. Não obstante, muitos membros da comunidade judaica, sobretudo aqueles mais jovens, manifestaram às vezes uma inquietude crítica ante o passado".
Autor: Ludger Schadomsky
Editora: Claudia Herrea
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha, edição em espanhol)
http://www.dw.de/jud%C3%ADos-en-el-estado-del-apartheid/a-16585152
Tradução: Roberto Lucena
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Judeus no estado do Apartheid
Nelson Mandela escreveu uma vez: "Encontrei judeus mais abertos que a maioria dos brancos em questões de raça e política, talvez porque eles mesmos tenham sido historicamente vítimas de preconceitos".
Milton Shain, professor de história e diretor do Centro Kaplan de Estudos Judeus da Universidade de Cidade do Cabo, confirma as palavras de Nelson Mandela, histórico defensor dos direitos cívicos e primeiro presidente negro da África do Sul: houve muitos judeus que fugiram da Alemanha nazi que se comprometeram politicamente com o movimento antiapartheid. E isto, apesar de que os próprios refugiados não foram recebidos precisamente com os braços abertos em sua nova terra. Milton Shain explica o contexto histórico:
"Não são bem-vindos"
"Pela metade dos anos trinta, a situação era muito tensa. O barco de refugiados 'Stuttgart' chegou ao porto em final de outubro de 1936 e foi recebido com violentos protestos. Também houve destacados acadêmicos que se manifestaram contra a imigração de judeus alemães. Entre eles estava o chamado arquiteto do Apartheid, o professor Hendrik Verwoerd, que mais tarde se tornaria primeiro-ministro. Estas figuras davam voz a um movimento da direita radical que havia começado na África do Sul há alguns anos. Os chamados camisas cinzas e negras imitavam os nazis e outros fascistas europeus e se opunham veementemente à imigração contínua de judeus. Esta gente advogava a adoção de medidas para cortar a presença judia e suas possibilidades de sobrevivência no país. Contudo, suas ideias não eram aceitas majoritariamente mas formavam uma força importante que crescia de forma alarmante.
A corrente de pensamento político principal que a representava, não obstante, um político como Daniel Malan, iria se converter no primeiro-ministro do regime do Apartheid em 1948. Malan argumentava já nos anos trinta que os judeus podiam ser fonte de conflitos se se concentrassem por demais em um país, pelo que, restringindo sua entrada, ele atuava no final das contas em seu próprio interesse. A África do Sul acolheu aproximadamente 3.500 judeus alemães até que, no começo de 1937, foi aprovada a chamada 'Aliens Act', que fechava as portas a esses imigrantes.
Judeus e Apartheid
Nesse contexto há que considerar a questão das atividades políticas no sistema de Apartheid. Os imigrantes judeus alemães, vítimas do racismo e antissemitismo clássicos, chegaram a um país com uma sociedade colonial, exploradora e segregada racialmente. Os judeus brancos, que ainda eram vítimas na Europa, converteram-se de repente em 'beneficiários' dessa estrutura hierárquica baseada na raça. Isto recaía numa enorme contradição, a de que muitos, certamente, não eram conscientes. Muitos refugiados eram jovens e não compreendia com frequência as circunstâncias políticas do país. Outros já tinham suficiente com o que se preocupar na África do Sul e encontrar trabalho e casa. Naturalmente, a maior parte da comunidade judia vivia como os anglo-falantes brancos. Apesar de tudo, também houve muitos judeus imigrantes que se comprometeram com a luta antiapartheid.
Vamos dar uma olhada atrás e recordarmos o contexto histórico de então. Estava-se produzindo, por exemplo, a exterminação dos judeus na Lituânia: mais de 90 por cento foram assassinados na Segunda Guerra Mundial. A comunidade judia da África do Sul procedia em sua maior parte da Lituânia, pelo que havia uma relação muito estreita com esses acontecimentos. Os litvaks (como os judeus lituanos se chamam a si mesmos) haviam emigrado antes de que se começasse a fechar as fronteiras. Mais tarde, também chegaram à Cidade do Cabo vítimas da perseguição que haviam conseguido sobreviver. Provavelmente era esperar demais que essas pessoas perseguidas e traumatizadas se manifestassem com voz ativa contra o Apartheid.
Ativismo judeu
Apesar de tudo, a pressão social se radicalizava cada vez mais. Uma nova geração de jovens judeus bem formados exigiam mudanças. Sabiam que no período nazi havia existido simpatizantes naquele país e não queriam sê-los também na África do Sul. Naturalmente, também houve judeus de extrema-esquerda que atacaram frontalmente o regime de Apartheid desde o primeiro dia. Esses, contudo, não estavam integrados à comunidade judaica. Entre eles havia nomes como Ruth First, Joe Slovo e Ronnie Kasrils. No processo de Rivônia, que levou à prisão Nelson Mandela, havia 15 acusados; os cinco brancos eram judeus.
Em resumo, pode se dizer que o ativismo judeu contra o Apartheid teve bastante peso. Em todo caso, foi muito mais importante que o de outros grupos minoritários. Não obstante, muitos membros da comunidade judaica, sobretudo aqueles mais jovens, manifestaram às vezes uma inquietude crítica ante o passado".
Autor: Ludger Schadomsky
Editora: Claudia Herrea
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha, edição em espanhol)
http://www.dw.de/jud%C3%ADos-en-el-estado-del-apartheid/a-16585152
Tradução: Roberto Lucena
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sexta-feira, 15 de março de 2013
Judeus na Lituânia: o fim de uma esplêndida cultura
A história dos judeus na Lituânia tem em torno de 600 anos: do início do século 14 até seu auge, no começo do século 20. Com a ocupação nazista, ela teve um fim sangrento.
Emanuel Zingeris demonstra certa angústia quando se lembra do passado judaico de seu país: "O fim da história da 'Idichelândia', o fim da cultura judaica que ultrapassava fronteiras e do orgulho do ídiche é uma tragédia até hoje", diz o parlamentar lituano, que, em casa, ainda fala ídiche com a mãe.
Zingeris tem um sonho: ele quer coletar e reunir em Vilnius os vestígios, fragmentos e resquícios da herança cultural judaica, que ainda estão espalhados pelo mundo. E também tudo o que artistas judaico-lituanos modernos criaram. Sempre com a consciência de que isso reflete apenas um mínimo do que existiu no passado.
Emanuel Zingeris empenha-se em prol da memória histórica judaica em Vilnius
Lembrança desvanecida
O político lituano de 55 anos e ex-diretor do Museu Judaico de Vilnius lembra também que somente depois da derrocada do regime soviético, em 1990, é que se tornou possível quebrar o tabu e começar a falar sobre as vítimas judias e sobre o extermínio de sua cultura no país.
Um processo doloroso, mas de forma alguma concluído, diz Zingeris. O Parlamento lituano não fica longe da região onde antigamente ficava o Schtetl – o bairro judeu, que se transformou em gueto com a invasão dos nazistas em 1941. Sair em busca desses rastros hoje é difícil, pois não restou praticamente nada, exceto alguns pequenos vestígios. A jovem Isaiah Urken, fotógrafa e membro da comunidade judaica de Vilnius, conhece os poucos resquícios e ajuda a decifrá-los.
Um dos raros resquícios: estrela de Davi nos muros de uma casa
Esplendor e ascensão
A história do judaísmo lituano é uma história de ascensão, prosperidade e extermínio. O Principado de Vytautas deu início a tudo, quando, no ano de 1388, concedeu aos judeus, que viviam em seu território, direitos próprios e privilégios. Cerca de dois séculos mais tarde, passaram a viver na região muitos judeus, que foram desenvolvendo no lugar suas comunidades, com infraestrutura e certo bem-estar social.
O período que começa em meados do século 18 é caracterizado como a primeira fase de prosperidade e diferenciação da cultura judaica na região. Naquela época, o famoso e influente rabino Elijahu, chamado de "o grande gaon de Vilnius", era uma autoridade inquestionável em questões religiosas.
Por outro lado, surgia também o movimento haskala (esclarecimento), calcado em exemplos da Europa Ocidental, sob a influência do filósofo alemão Moses Mendelssohn. O movimento defendia um judaísmo moderno, uma educação secular e a integração social. E havia hostilidades e conflitos entre essas duas frentes.
Sinais do passado: escritos em hebraico na fachada de uma casa
A "Jerusalém do norte"
Ao mesmo tempo, porém, foi se desenvolvendo na região até o início do século 20 uma rica cultura judaica, que se manifestava nas diversas instituições científicas, políticas e de ensino, em centros religiosos, teatros, editoras e jornais.
Com suas 110 sinagogas, Vilnius se transformava na "Jerusalém do norte" – uma metrópole esplêndida, que exercia um fascínio sobre as pessoas para muito além das fronteiras da própria Lituânia, atraindo judeus de outros países europeus, inclusive dos de língua alemã.
Pátio de um antigo gueto
Em 1925, foi fundado o Instituto YIVO ( a abreviatura em ídiche para Instituto Científico de Ídiche), voltado para a pesquisa da cultura e língua judaicas. Pois o ídiche era a língua materna dos judeus da Lituânia: um idioma criado a partir da união do alto alemão médio (Mittelhochdeutsch) com o hebraico, línguas eslavas e outras influências, que era falado por todos os lados no Leste Europeu até a Segunda Guerra Mundial.
Grandes poetas como Abraham Sutzkever, Scholem Alejchem, Isaac Bashevis Singer e muitos outros escreviam em ídiche. Em 1928, havia até mesmo um PEN Club de escritores judeus em Vilnius.
Única sinagoga que restou das 110 do passado em Vilnius
Ídiche: língua culta
O ídiche escrito em alfabeto hebraico é um produto da história milenar dos judeus na Europa, diz o professor argentino Avraham Lichtenbaum: "Era uma língua europeia, que despertava orgulho e era falada em diversos países. Quem quer hoje saber como pensavam os judeus naquela época, precisa conhecer esse idioma", diz ele. Lichtenbaum, cujos antepassados emigraram da Alemanha para a Argentina, dá aulas de ídiche em Vilnius e em Buenos Aires.
Vilnius era, portanto, a capital exuberante de uma Lituânia que abrigava o centro cultural do judaísmo europeu e onde viviam 250 mil judeus. Dali saíram diversos artistas importantes, que se espalharam mais tarde pelo mundo. Entre eles o violinista Jascha Heifetz, o pintor Chaim Soutine, o escultor Jacques Lipschitz, e também Ludwig Zamenhof, criador do esperanto, bem como o lingista Max Weinreich e diversos pesquisadores do ídiche – todos responsáveis pelo desenvolvimento da cultura europeia, apesar das adversidades históricas e políticas que tiveram de enfrentar no decorrer dos séculos.
Extermínio e recomeço
A catástrofe começou em junho de 1941, com a ocupação alemã, quando foram criados guetos em Vilnius, Kaunas e em outras regiões. Começaram as caçadas aos judeus, prisões, torturas, trabalhos forçados. Em grande estilo, a SS e a Wehrmacht planejaram a morte e execução de milhares de pessoas nas ruas ou em lugares destinados a fuzilamentos em massa.
Em muitos casos, o horror teve a ajuda de colaboradores lituanos. O saldo foi de apenas 5% de sobreviventes entre os litvaks, como os judeus lituanos se denominam. Em meados de 1944, com a entrada do Exército Vermelho no país, a Lituânia havia se transformado num mar de valas comuns.
Em Paneriai, 10 mil judeus foram assassinados
Hoje, vivem no país aproximadamente cinco mil judeus, a maioria deles já idosos, sobreviventes do Holocausto, e seus descendentes. As comunidades judaicas, fundadas novamente, têm problemas em angariar membros.
Jovens como a fotógrafa Isaiah Urken são uma raridade: "Não sou muito religiosa, mas conheço as tradições e tento me ater a algumas regras", diz ela. Ela conta que muitos de seus amigos judeus se mudaram para o exterior, em busca de uma vida melhor.
Dois pesos: passados nazista e soviético
Os dois passados da Lituânia dificultam o discurso histórico: depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra, 10 mil lituanos (judeus e não judeus) foram vítimas do regime soviético. Para muitos habitantes do país hoje, não é óbvia a obrigação de falar sobre o extermínio do povo judeu no país e de dar ao assunto um lugar na memória coletiva.
Um pequeno museu lembra o genocídio. O moderno centro, com suas instalações claras, volta-se, com exposições e ofertas didáticas, para as novas gerações. O tema ao menos é tratado nas escolas do país e em conferências científicas.
Cemitério judaico de Vilnius: luto pelos horrores do passado
O cemitério judaico de Vilnius é um lugar silencioso, onde às vezes se ouve inglês, francês ou hebraico, pois os descendentes dos litvaks costumam visitar os túmulos de seus antepassados. Emanuel Zingeris lamenta, contudo, não apenas o passado. "Depois do Holocausto, a decadência da cultura judaica é a segunda grande perda. Apesar disso, gostaria que essa cultura importante e rica se tornasse novamente visível, tanto hoje, quanto no futuro", diz.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/judeus-na-litu%C3%A2nia-o-fim-de-uma-espl%C3%AAndida-cultura/a-16621150
Emanuel Zingeris demonstra certa angústia quando se lembra do passado judaico de seu país: "O fim da história da 'Idichelândia', o fim da cultura judaica que ultrapassava fronteiras e do orgulho do ídiche é uma tragédia até hoje", diz o parlamentar lituano, que, em casa, ainda fala ídiche com a mãe.
Zingeris tem um sonho: ele quer coletar e reunir em Vilnius os vestígios, fragmentos e resquícios da herança cultural judaica, que ainda estão espalhados pelo mundo. E também tudo o que artistas judaico-lituanos modernos criaram. Sempre com a consciência de que isso reflete apenas um mínimo do que existiu no passado.
Emanuel Zingeris empenha-se em prol da memória histórica judaica em Vilnius
Lembrança desvanecida
O político lituano de 55 anos e ex-diretor do Museu Judaico de Vilnius lembra também que somente depois da derrocada do regime soviético, em 1990, é que se tornou possível quebrar o tabu e começar a falar sobre as vítimas judias e sobre o extermínio de sua cultura no país.
Um processo doloroso, mas de forma alguma concluído, diz Zingeris. O Parlamento lituano não fica longe da região onde antigamente ficava o Schtetl – o bairro judeu, que se transformou em gueto com a invasão dos nazistas em 1941. Sair em busca desses rastros hoje é difícil, pois não restou praticamente nada, exceto alguns pequenos vestígios. A jovem Isaiah Urken, fotógrafa e membro da comunidade judaica de Vilnius, conhece os poucos resquícios e ajuda a decifrá-los.
Um dos raros resquícios: estrela de Davi nos muros de uma casa
Esplendor e ascensão
A história do judaísmo lituano é uma história de ascensão, prosperidade e extermínio. O Principado de Vytautas deu início a tudo, quando, no ano de 1388, concedeu aos judeus, que viviam em seu território, direitos próprios e privilégios. Cerca de dois séculos mais tarde, passaram a viver na região muitos judeus, que foram desenvolvendo no lugar suas comunidades, com infraestrutura e certo bem-estar social.
O período que começa em meados do século 18 é caracterizado como a primeira fase de prosperidade e diferenciação da cultura judaica na região. Naquela época, o famoso e influente rabino Elijahu, chamado de "o grande gaon de Vilnius", era uma autoridade inquestionável em questões religiosas.
Por outro lado, surgia também o movimento haskala (esclarecimento), calcado em exemplos da Europa Ocidental, sob a influência do filósofo alemão Moses Mendelssohn. O movimento defendia um judaísmo moderno, uma educação secular e a integração social. E havia hostilidades e conflitos entre essas duas frentes.
Sinais do passado: escritos em hebraico na fachada de uma casa
A "Jerusalém do norte"
Ao mesmo tempo, porém, foi se desenvolvendo na região até o início do século 20 uma rica cultura judaica, que se manifestava nas diversas instituições científicas, políticas e de ensino, em centros religiosos, teatros, editoras e jornais.
Com suas 110 sinagogas, Vilnius se transformava na "Jerusalém do norte" – uma metrópole esplêndida, que exercia um fascínio sobre as pessoas para muito além das fronteiras da própria Lituânia, atraindo judeus de outros países europeus, inclusive dos de língua alemã.
Pátio de um antigo gueto
Em 1925, foi fundado o Instituto YIVO ( a abreviatura em ídiche para Instituto Científico de Ídiche), voltado para a pesquisa da cultura e língua judaicas. Pois o ídiche era a língua materna dos judeus da Lituânia: um idioma criado a partir da união do alto alemão médio (Mittelhochdeutsch) com o hebraico, línguas eslavas e outras influências, que era falado por todos os lados no Leste Europeu até a Segunda Guerra Mundial.
Grandes poetas como Abraham Sutzkever, Scholem Alejchem, Isaac Bashevis Singer e muitos outros escreviam em ídiche. Em 1928, havia até mesmo um PEN Club de escritores judeus em Vilnius.
Única sinagoga que restou das 110 do passado em Vilnius
Ídiche: língua culta
O ídiche escrito em alfabeto hebraico é um produto da história milenar dos judeus na Europa, diz o professor argentino Avraham Lichtenbaum: "Era uma língua europeia, que despertava orgulho e era falada em diversos países. Quem quer hoje saber como pensavam os judeus naquela época, precisa conhecer esse idioma", diz ele. Lichtenbaum, cujos antepassados emigraram da Alemanha para a Argentina, dá aulas de ídiche em Vilnius e em Buenos Aires.
Vilnius era, portanto, a capital exuberante de uma Lituânia que abrigava o centro cultural do judaísmo europeu e onde viviam 250 mil judeus. Dali saíram diversos artistas importantes, que se espalharam mais tarde pelo mundo. Entre eles o violinista Jascha Heifetz, o pintor Chaim Soutine, o escultor Jacques Lipschitz, e também Ludwig Zamenhof, criador do esperanto, bem como o lingista Max Weinreich e diversos pesquisadores do ídiche – todos responsáveis pelo desenvolvimento da cultura europeia, apesar das adversidades históricas e políticas que tiveram de enfrentar no decorrer dos séculos.
Extermínio e recomeço
A catástrofe começou em junho de 1941, com a ocupação alemã, quando foram criados guetos em Vilnius, Kaunas e em outras regiões. Começaram as caçadas aos judeus, prisões, torturas, trabalhos forçados. Em grande estilo, a SS e a Wehrmacht planejaram a morte e execução de milhares de pessoas nas ruas ou em lugares destinados a fuzilamentos em massa.
Em muitos casos, o horror teve a ajuda de colaboradores lituanos. O saldo foi de apenas 5% de sobreviventes entre os litvaks, como os judeus lituanos se denominam. Em meados de 1944, com a entrada do Exército Vermelho no país, a Lituânia havia se transformado num mar de valas comuns.
Em Paneriai, 10 mil judeus foram assassinados
Hoje, vivem no país aproximadamente cinco mil judeus, a maioria deles já idosos, sobreviventes do Holocausto, e seus descendentes. As comunidades judaicas, fundadas novamente, têm problemas em angariar membros.
Jovens como a fotógrafa Isaiah Urken são uma raridade: "Não sou muito religiosa, mas conheço as tradições e tento me ater a algumas regras", diz ela. Ela conta que muitos de seus amigos judeus se mudaram para o exterior, em busca de uma vida melhor.
Dois pesos: passados nazista e soviético
Os dois passados da Lituânia dificultam o discurso histórico: depois de 1945, com o fim da Segunda Guerra, 10 mil lituanos (judeus e não judeus) foram vítimas do regime soviético. Para muitos habitantes do país hoje, não é óbvia a obrigação de falar sobre o extermínio do povo judeu no país e de dar ao assunto um lugar na memória coletiva.
Um pequeno museu lembra o genocídio. O moderno centro, com suas instalações claras, volta-se, com exposições e ofertas didáticas, para as novas gerações. O tema ao menos é tratado nas escolas do país e em conferências científicas.
Cemitério judaico de Vilnius: luto pelos horrores do passado
O cemitério judaico de Vilnius é um lugar silencioso, onde às vezes se ouve inglês, francês ou hebraico, pois os descendentes dos litvaks costumam visitar os túmulos de seus antepassados. Emanuel Zingeris lamenta, contudo, não apenas o passado. "Depois do Holocausto, a decadência da cultura judaica é a segunda grande perda. Apesar disso, gostaria que essa cultura importante e rica se tornasse novamente visível, tanto hoje, quanto no futuro", diz.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/judeus-na-litu%C3%A2nia-o-fim-de-uma-espl%C3%AAndida-cultura/a-16621150
terça-feira, 12 de março de 2013
A lista da morte" de Karl Jäger (Holocausto)
Especial: "A lista da morte" de Karl Jäger
Um burocrata como assassino de milhares de pessoas. O homem que saiu da Alemanha para cumprir uma missão: exterminar os judeus lituanos. Na cidade onde passou a morar no pós-guerra, ninguém queria saber de seu passado.
A lista não passa despercebida: ela está pendurada bem na entrada do pequeno Museu Judaico de Vilnius, um modesto prédio em madeira, que abriga documentos do horror e do desespero, mas também de atos heroicos e de solidariedade.
Durante a ocupação alemã, entre 1941 e 1944, houve muitos algozes nazistas em ação na Lituânia: Helmut Rauca, Bruno Kittel, Franz Stahlecker. E ainda Karl Jäger, comandante da SS, diretor da polícia de segurança e arquivista da morte.
Detalhadamente, ele listava quem, onde e quando ia sendo assassinado depois que os alemães invadiram a Lituânia. "Sob as minhas ordens e sob meu comando", escreveu Jäger num papel hoje amarelado, mas ainda legível. Nascido em 1888, na pequena cidade de Waldkirch, na Floresta Negra, filho de um professor de música, ele acabou se tornando conhecido na Lituânia pelas atrocidades que cometeu.
"Biografia exemplar"
Jäger tocava piano e violino. Mais tarde, viria a construir instrumentos musicais mecânicos, tendo se casado com a herdeira da fábrica de órgãos da cidadezinha onde vivia. Participou da Primeira Guerra Mundial e entrou para o partido nazista, o NSDAP, já em 1923. E se transformou de amante da música em assassino de milhares de judeus.
O historiador Wolfram Wette, autor de um livro sobre Jäger, explica: "Ele era um cidadão comum, uma personalidade agradável de Waldkirch, tido como exemplar, brilhante, correto e culto, e muito admirado pelas mulheres. Aos domingos, marchava orgulhoso com 100 companheiros da SS pelas ruas da cidade".
Contabilidade detalhada de assassinatos
Pouco depois da invasão alemã à União Soviética, no dia 22 de junho de 1941, Jäger seguiu para a Lituânia como membro da Wehrmacht, o exército alemão, na função de comandante e com a clara incumbência de exterminar a população de judeus do país. Meio ano depois, ele já havia executado a missão.
Em fins de novembro, segundo a lista que deixou, já haviam sido mortas 133.346 pessoas. Orgulhoso, ele registrava: "Toda a Lituânia está limpa de judeus". Colaboradores locais contribuíram para o extermínio, tendo atacado os conterrâneos judeus com extrema brutalidade: um capítulo horrível e ainda tabu na história da Lituânia.
Memorial às vítimas mortas
O inferno na terra
Somente em Paneriai, nas proximidades de Vilnius, foram mortos 70 mil judeus pelos chamados grupos de ação nazista. Há relatos de testemunhas sobre os tiros, a fumaça, os gritos das vítimas, os latidos dos cachorros e o último caminho trilhado pelas mulheres, homens e crianças rumo aos campos de extermínio nos bosques de Paneriai.
Para os poucos sobreviventes, restou uma certeza: o inferno era ali. Hoje, o bosque é um lugar de silêncio em memória dos mortos. À sombra das árvores estão memoriais. Os lugares onde ocorreram os assassinatos em massa estão marcados.
Local dos assassinatos em massa
Depois da Guerra: assunto reprimido
Jäger voltou em 1945 para sua cidade natal. Ali, ninguém o bombardeou com perguntas desconfortáveis. No entanto, para maior segurança, ele se mudou para as proximidades de Heidelberg, onde jurou sua filiação a organizações nazistas e viveu 15 anos com seu nome verdadeiro como se fosse um cidadão comum e homem íntegro.
"Isso implica obviamente um questionamento a respeito do estado da sociedade alemã naquela época", diz o historiador Wolfram Wette. Somente em fins dos anos 1950 é que o nome de Jäger apareceu nas investigações sobre crimes nazistas. Ele foi então detido e inquirido durante semanas, mas não compareceu mais ao grande julgamento marcado na época, tendo se suicidado em sua cela na prisão.
O último capítulo: defesa e silêncio
O historiador Wolfram Wette
Em Waldkirch, o comportamento das pessoas não era diferente daquele de outras regiões da Alemanha: ninguém queria saber do passado. "Nas cidadezinhas do país, preferia-se, depois de 1945, ignorar que Jäger tivesse até mesmo existido", analisa Wette. Ninguém queria se lembrar do assassino de milhares de pessoas: nem os descendentes dele, nem os políticos locais , nem os cidadãos comuns e nem a Igreja.
Quando Wolfram Wette publicou suas pesquisas, no ano de 1989, aconteceram protestos na cidade. O historiador passou 20 anos coletando informações disponíveis sobre o caso. Em 2011, publicou seu livro sobre Karl Jäger. E as reações foram devastadoras: "Eu recebia telefonemas e cartas anônimas", conta Wette.
A ética do historiador
A geração mais jovem, contudo, rompeu com o silêncio. Na escola de ensino médio da cidade, há projetos históricos voltados para o tema. Testemunhas foram convidadas para fazer palestras e exposições foram planejadas. E os sobreviventes lituanos viajaram até a cidade. A discussão se tornou mais objetiva.
E Wolfram Wette, que tanto incomodou Waldkirch com suas pesquisas, diz: "Acho que há uma ética do historiador, uma obrigação frente ao esclarecimento histórico. Para mim, essa obrigação é ainda maior quando sei que outros estão ignorando o assunto".
No pequeno Museu Judaico de Vilnius, o número de visitantes é grande. Eles vêm dos EUA, da Alemanha, da Itália. E observam com atenção as fotos, além de lerem os textos que acompanham a mostra. A frieza da lista de Jäger e de tantos outros documentos ainda hoje deixa os visitantes atônitos.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/a-lista-da-morte-de-karl-j%C3%A4ger/a-16620343
Um burocrata como assassino de milhares de pessoas. O homem que saiu da Alemanha para cumprir uma missão: exterminar os judeus lituanos. Na cidade onde passou a morar no pós-guerra, ninguém queria saber de seu passado.
A lista não passa despercebida: ela está pendurada bem na entrada do pequeno Museu Judaico de Vilnius, um modesto prédio em madeira, que abriga documentos do horror e do desespero, mas também de atos heroicos e de solidariedade.
Durante a ocupação alemã, entre 1941 e 1944, houve muitos algozes nazistas em ação na Lituânia: Helmut Rauca, Bruno Kittel, Franz Stahlecker. E ainda Karl Jäger, comandante da SS, diretor da polícia de segurança e arquivista da morte.
Detalhadamente, ele listava quem, onde e quando ia sendo assassinado depois que os alemães invadiram a Lituânia. "Sob as minhas ordens e sob meu comando", escreveu Jäger num papel hoje amarelado, mas ainda legível. Nascido em 1888, na pequena cidade de Waldkirch, na Floresta Negra, filho de um professor de música, ele acabou se tornando conhecido na Lituânia pelas atrocidades que cometeu.
Carteira de identidade de Karl Jäger |
"Biografia exemplar"
Jäger tocava piano e violino. Mais tarde, viria a construir instrumentos musicais mecânicos, tendo se casado com a herdeira da fábrica de órgãos da cidadezinha onde vivia. Participou da Primeira Guerra Mundial e entrou para o partido nazista, o NSDAP, já em 1923. E se transformou de amante da música em assassino de milhares de judeus.
O historiador Wolfram Wette, autor de um livro sobre Jäger, explica: "Ele era um cidadão comum, uma personalidade agradável de Waldkirch, tido como exemplar, brilhante, correto e culto, e muito admirado pelas mulheres. Aos domingos, marchava orgulhoso com 100 companheiros da SS pelas ruas da cidade".
Contabilidade detalhada de assassinatos
Pouco depois da invasão alemã à União Soviética, no dia 22 de junho de 1941, Jäger seguiu para a Lituânia como membro da Wehrmacht, o exército alemão, na função de comandante e com a clara incumbência de exterminar a população de judeus do país. Meio ano depois, ele já havia executado a missão.
Em fins de novembro, segundo a lista que deixou, já haviam sido mortas 133.346 pessoas. Orgulhoso, ele registrava: "Toda a Lituânia está limpa de judeus". Colaboradores locais contribuíram para o extermínio, tendo atacado os conterrâneos judeus com extrema brutalidade: um capítulo horrível e ainda tabu na história da Lituânia.
Memorial às vítimas mortas
O inferno na terra
Somente em Paneriai, nas proximidades de Vilnius, foram mortos 70 mil judeus pelos chamados grupos de ação nazista. Há relatos de testemunhas sobre os tiros, a fumaça, os gritos das vítimas, os latidos dos cachorros e o último caminho trilhado pelas mulheres, homens e crianças rumo aos campos de extermínio nos bosques de Paneriai.
Para os poucos sobreviventes, restou uma certeza: o inferno era ali. Hoje, o bosque é um lugar de silêncio em memória dos mortos. À sombra das árvores estão memoriais. Os lugares onde ocorreram os assassinatos em massa estão marcados.
Local dos assassinatos em massa
Depois da Guerra: assunto reprimido
Jäger voltou em 1945 para sua cidade natal. Ali, ninguém o bombardeou com perguntas desconfortáveis. No entanto, para maior segurança, ele se mudou para as proximidades de Heidelberg, onde jurou sua filiação a organizações nazistas e viveu 15 anos com seu nome verdadeiro como se fosse um cidadão comum e homem íntegro.
"Isso implica obviamente um questionamento a respeito do estado da sociedade alemã naquela época", diz o historiador Wolfram Wette. Somente em fins dos anos 1950 é que o nome de Jäger apareceu nas investigações sobre crimes nazistas. Ele foi então detido e inquirido durante semanas, mas não compareceu mais ao grande julgamento marcado na época, tendo se suicidado em sua cela na prisão.
O último capítulo: defesa e silêncio
O historiador Wolfram Wette
Em Waldkirch, o comportamento das pessoas não era diferente daquele de outras regiões da Alemanha: ninguém queria saber do passado. "Nas cidadezinhas do país, preferia-se, depois de 1945, ignorar que Jäger tivesse até mesmo existido", analisa Wette. Ninguém queria se lembrar do assassino de milhares de pessoas: nem os descendentes dele, nem os políticos locais , nem os cidadãos comuns e nem a Igreja.
Quando Wolfram Wette publicou suas pesquisas, no ano de 1989, aconteceram protestos na cidade. O historiador passou 20 anos coletando informações disponíveis sobre o caso. Em 2011, publicou seu livro sobre Karl Jäger. E as reações foram devastadoras: "Eu recebia telefonemas e cartas anônimas", conta Wette.
A ética do historiador
A geração mais jovem, contudo, rompeu com o silêncio. Na escola de ensino médio da cidade, há projetos históricos voltados para o tema. Testemunhas foram convidadas para fazer palestras e exposições foram planejadas. E os sobreviventes lituanos viajaram até a cidade. A discussão se tornou mais objetiva.
E Wolfram Wette, que tanto incomodou Waldkirch com suas pesquisas, diz: "Acho que há uma ética do historiador, uma obrigação frente ao esclarecimento histórico. Para mim, essa obrigação é ainda maior quando sei que outros estão ignorando o assunto".
No pequeno Museu Judaico de Vilnius, o número de visitantes é grande. Eles vêm dos EUA, da Alemanha, da Itália. E observam com atenção as fotos, além de lerem os textos que acompanham a mostra. A frieza da lista de Jäger e de tantos outros documentos ainda hoje deixa os visitantes atônitos.
Autora: Cornelia Rabitz (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/a-lista-da-morte-de-karl-j%C3%A4ger/a-16620343
domingo, 16 de outubro de 2011
22 de junho de 1941 (Fotos do genocídio nazi na União Soviética) - parte 3
Continuação da parte 2 da postagem sobre fotos do genocídio nazista na União Soviética. Com ajuda adicional do próprio Roberto Muehlenkamp com a postagem dos links.
A postagem original foi dividida em três partes devido a quantidade de fotos contidas na texto original, cerca de 289 fotos mais os links adicionais.
Fotos, da 201 até a 289:
201 Proskurov, Ucrânia, corpos de residentes judeus assassinados, 1942-1944.
202 Kovno, Lituânia, corpos de judeus que foram assassinados por nacionalistas lituanos na oficina Lietukis em 27/06/1941.
203 Kovno, Lituânia, corpos de judeus queimados vivos no gueto.
204 Kovno, Lituânia, soldados alemães e lituanos olhando os corpos de judeus assassinados por nacionalistas lituanos na oficina Lietukis em 27/06/1941.
205 Kovno, Lituânia, corpos de cerca de 70 judeus assassinados por lituanos.
206 Kovno, Lituânia, cadáveres de crianças judias no gueto 30/08/1944.
207 Kaunas, Lituânia, cadáveres.
208 Kovno, Lituânia, soldados alemães atirando em três cidadãos na borda de uma cova, 1941.
209 Lituânia, 1941, corpos de judeus mortos próximos ao Sétimo Forte.
210 Siauliai, Lituânia, restos de ossos do assassínio nas covas em florestas ao redor, Pós-guerra.
211 Letônia, uma pilha de cerca de 4000 corpos de vítimas mortas. [Provavelmente prisioneiros de guerra soviéticos (POWs*)]
212 Stalino, Ucrânia, corpos de homens e mulheres.
213 Stalino, Ucrânia, restos de corpos.
214 Stalino, Ucrânia, mulheres com corpos de seus kin, que foram assassinados por alemães.
215 Stalino, Ucrânia, restos de cadáveres dentro de uma cave.
216 Stalino, Ucrânia, cadáveres que foram exumadas de uma mina.
217 Stalino, Ucrânia, corpo de um garoto que foi morto com tiro na cabeça.
218 Krym, Rússia, corpos de judeus assassinados em Kerch, janeiro de 1942.
219 Kerch, Ucrânia, um soldado soviético próximo a corpos de seus membros familiares.
220 Kerch, URSS, mulheres que foram mortas por alemães em valas comuns, fevereiro de 1942.
221 Ucrânia, Gaysin, corpos depois da exumação. Entre eles os avós dos subjugados e suas três crianças, março de 1944.
222 Vitebsk, Bielorrússia, corpos de pessoas assassinadas.
223 Vitebsk, Bielorrússia, cadáveres de judeus próximos a uma cerca de arame farpado.
224 Vitebsk, Bielorrússia, cadáveres de judeus em uma rua do gueto.
225 Vitebsk, Bielorrússia, cadáveres de vítimas assassinadas.
226 Vitebsk, Bielorrússia, cadáver de um homem judeu no gueto fotografado por um policial alemão.
227 Bogdanovka, Ucrânia, restos de corpos.
228 Bogdanovka, Ucrânia, 1944, restos de cadáveres de cidadãos soviéticos que foram torturados até a morte por romenos e alemães durante a ocupação nazista.
229 Bogdanovka, Ucrânia, cadáveres de cidadãos soviéticos que foram torturados até a morte por romenos e alemães durante a ocupação nazista.
230 Bogdanovka, Ucrânia, ossos.
231 URSS, uma pilha de cadáveres, provavelmente de cativos russos.
232 Skede, Letônia, um policial letão conhecido como um "chutador" andando ao redor da beirada de uma vala comum cheia de corpos de mulheres e crianças que haviam acabado de ser executados, 15/12/1942.
233 Liepaja, Letônia, ossos encontrados numa exumação em 1959.
234 Zbaraz, Polônia, pessoas ao lado de uma cova cheia de restos de corpos.
235 Bereznigovatoye, Ucrânia, enterro de 814 pessoas locais que receberam tiros até morrerem, em 14/09/1941.
236 Bereznigovatoye, Ucrânia, enterro de 814 pessoas locais que receberam tiros até morrerem, em 14/09/1941.
237 Rússia, uma execução.
238 URSS, uma pilha de cadáveres, provavelmente de cativos russos.
239 Riga, Letônia, cadáveres.
240 Riga, Letônia, ossos espalhados.
241 Smolensk, URSS, cadáveres, no tempo de libertação.[Possivelmente uma fotografia previamente tirada por um soldado alemão.]
242 Smolensk, URSS, cadáveres, no tempo da liberação.[Possivelmente uma fotografia previamente tirada por um soldado alemão.]
243 Smolensk, URSS, uma mulher morta, no tempo da libertação.
244 URSS, 1941, Operação Barbarossa - cadáveres de crianças locais estiradas na neve depois de serem executadas pelo exército alemão.
245 Kolomyja, Polônia, policiais alemães próximos aos cadáveres de judeus que foram fuzilados até a morte.
246 Moscou, URSS, cadáveres de pessoas enforcadas por alemães, 19/01/1942. [A localização não é Moscou mas uma cidade na região de Moscou, provavelmente Mozhaysk ou Wolokolamsk.]
247 Kalinkovichi, Bielorrúsia, cadáveres de crianças, 1943.
248 Lyady, Bielorrússia, cadáveres, 1943.
249 Konstantinovka, Ucrânia, cadáveres que foram exumados de uma mina da cidade.
250 Bobruisk, Bielorrússia, cadáveres, provavelmente de prisioneiros de guerra(POWs) soviéticos em Dulag 131, inverno de 1941.
251 Kamenka, Bielorrússia, sacos cheios de ossos de vítimas dos nazistas, antes do reenterro.
252 Bobruysk, Bielorrússia, um grupo de pessoas próximas a sacos cheios de ossos de vítimas de nazistas, antes do reenterro.
253 Bobruysk, Bielorrússia, Meir Zeliger próximo a sacos cheios de crânios de vítimas de nazistas, antes do reenterro.
254 Bobruysk, Bielorrússia, cercando uma vala comum para prevenir sua profanação.
255 Bobruysk, Bielorrússia, um grupo de homens coletando ossos de vítimas de nazistas com o propósito de reenterrá-las numa vala comum no cemitério judaico.
256 Krasny Bor, Rússia, cadáveres das vítimas dos assassinatos.
257 Outono de 1943, cadáveres de judeus russos que tentaram escapar de um campo.
258 Rússia, um policial alemão em pé ao lado de cadáveres.
259 Idritsa, URSS, cadáveres numa vala comum.
260 Jekabpils, Letônia, pós-guerra, novo enterro de cadáveres de pessoas da cidade que pereceram no Holocausto.
261 USSR, 1941, Operação Barbarossa - cadáveres de quinze jovens locais enforcados pelo exército alemão.
262 Utena, 1945, soldados russos e homens locais ao lado de cadáveres, antes de seus reenterros.
263 Utena, Lituânia, restos humanos que foram tirados de suas valas e trazidos por membros de família para enterro no local, depois da guerra.
264 Nadworna, Polônia, soldados alemães em pé próximos a dois cadáveres enforcados num mastro.
265 Skalat, Polônia, um comitê soviético durante a exumação dos cadáveres daqueles assassinados por alemães em 20/04/1944.
266 Rostow, Russia, Winter 1943, The Gestapo jail courtyard.
267 Resse, Lithuania, November 1944, The exhumation of corpses of Jews murdered at the site.
268 Russia, 1955, Sacks filled with bones before burial in a mass grave. [Another caption of same photo: Chausy, Belorussia, Transport of bags filled with bones to burial in mass graves, 1941.]
269 Chausy, Belorussia, Bags filled with bones, in an open mass grave, 1941. [Another caption of same photo: Russia, 1955, Sacks filled with bones in a mass grave. ]
270 Grozovo, Belorussia, Coffins containing bones of Jews murdered in March 1943.
271 Kuziai, Lithuania, 1974, Bones and shoes.
272 Celo Dobroye, Ukraine, Postwar, Exhumation of bones from a mass grave for reburial.
273 Celo Dobroye, Ukraine, 1961, A ceremony marking the reburial of bones in a mass grave.
274 Kornitz, Poland, Jews transporting a cart laden with sacks of bones of murdered Jews for burial in a mass grave.
[Kornitz is probably Kurenets, Belarus.]
275 Iwje, Poland, An exhumation.
276 Iwje, Poland, People standing around a mass grave of local Jews, during an exhumation.
277 Yeloviki, Belorussia, A group of people at the rims of a pit during reburial of Nazis' victims.
278 Belorussia, The body of a young woman shot in the head.
279 Balti, Romania, Jews who were shot to death by a unit of the Einsatzgruppen in July, 1941.
280 Polowce, Poland, Bodies of prisoners who had been shot, aligned in rows in the snow.
281 Chernovtsy, Russia, 1944, A mass grave of Soviet citizens shot by the Germans. [The place is probably http://en.wikipedia.org/wiki/Chernivtsi">Chernivtsi, Ukraine. ]
282 Zelechow, Poland, Bodies of Soviet citizens who were shot to death in 1944. [The place is probably Zolochiv, Ukraine, Polish: Złoczów. According to Klee and Dreßen, »Gott mit uns«. Der deutsche Vernichtungskrieg im Osten 1941-1945, the photo was found in the archives of the Gestapo in Złoczów (spelled "Zloczew" by the authors).]
283 Ukraine, People searching for bodies of loved ones among the bodies of citizens who were shot to death, after the liberation.
284 Dubossary, Ukraine, Members of Einsatzgruppe D shooting Jews, 14/09/1941.
285 Drohobycz, Poland, Removing corpses in a truck.
286 Vinnitsa, Ukraine, An SS man shooting a man's head over a mass grave, probably 1941.
287 Einsatzgruppen soldiers shooting Jews who are in a ditch.
288 Uruczje, Belorussia, Members of a Soviet invesigation committee investigating a mass grave.
289 Janowska, Poland, corpses of inmates killed shortly before the liberation. [The corpses seem to be older than that.]
Os eventos em alguns dos locais mostrados acima nas fotografias são mencionados em vários artigos deste blog, incluindo os seguintes (blogs listados em ordem alfabética ou menção dos lugares, começando com o massacre de Babi Yar e terminando com Zolochiv/Złoczów):
• Série That's why it is denial, not revisionism., partes III [tradução para português], IV [tradução para português], V [tradução para português], VI [tradução para português], VII [tradução para português] VIII [tradução para português], IX (1) [tradução para português], IX (3), IX(4)
• Vasily Grossman's Letters and Notebooks
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part One: Overview
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Four: Ukraine 1941
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Five: Ukraine 1942
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Eight: Baltic States [tradução para português]
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Nine: Denier Deceit
• One might think that … [tradução para português]
• Wehrmacht Complicity in the Holocaust in Ukraine
• The Atrocities committed by German-Fascists in the USSR (2)
• "... otherwise you’ll think that I’m bloodthirsty"
• Mass Graves in the Polesie [tradução para português]
• The Atrocities committed by German-Fascists in the USSR (1)
• Drobitski Yar
• Neither the Soviets nor the Poles have found any mass graves with even only a few thousand bodies … [tradução para português]
• More Misrepresentations from Graf: Lithuania
• «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (3, 2)
• French Military Witness in Kaunas (Kovno)
• Belzec Mass Graves and Archaeology: My Response to Carlo Mattogno (4,1)
• More «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (2)
• Human Remains Seen By American Journalists at Klooga and Babi Yar
• Galicia
• Belzec Mass Graves and Archaeology: My Response to Carlo Mattogno (5,2)
• Thomas Dalton responds to Roberto Muehlenkamp and Andrew Mathis (2)
• «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (3, 3)
• More «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (1)
• "Thereafter Kube had shown the Italians a gas chamber in which the killing of the Jews was allegedly carried out."
• Austrian Gas Vans Trial
• Thomas Kues and Isak Grünberg
• Photographic Evidence of Mass Shootings: 1. Sdolbunov
• Kudos to Mr. Wilfried Heink
• Nazi crimes in Soviet footage
• The Road to Vyazma
• Photographic Evidence of Mass Shootings: 2. Ponary
• Photos from the German East [tradução para português]
• Notes from a Transit Camp [tradução para português]
• Liepaja (Part 1) [tradução para português]
• Liepaja (Part 2)
• What it was like
[Fotos 01 a 101 - parte 1]
[Fotos 101 a 201 - parte 2]
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/06/22-june-1941.html
Tradução: Roberto Lucena
*POW = abreviação em inglês de "prisoner of war" (prisioneiro de guerra)
A postagem original foi dividida em três partes devido a quantidade de fotos contidas na texto original, cerca de 289 fotos mais os links adicionais.
Fotos, da 201 até a 289:
201 Proskurov, Ucrânia, corpos de residentes judeus assassinados, 1942-1944.
202 Kovno, Lituânia, corpos de judeus que foram assassinados por nacionalistas lituanos na oficina Lietukis em 27/06/1941.
203 Kovno, Lituânia, corpos de judeus queimados vivos no gueto.
204 Kovno, Lituânia, soldados alemães e lituanos olhando os corpos de judeus assassinados por nacionalistas lituanos na oficina Lietukis em 27/06/1941.
205 Kovno, Lituânia, corpos de cerca de 70 judeus assassinados por lituanos.
206 Kovno, Lituânia, cadáveres de crianças judias no gueto 30/08/1944.
207 Kaunas, Lituânia, cadáveres.
208 Kovno, Lituânia, soldados alemães atirando em três cidadãos na borda de uma cova, 1941.
209 Lituânia, 1941, corpos de judeus mortos próximos ao Sétimo Forte.
210 Siauliai, Lituânia, restos de ossos do assassínio nas covas em florestas ao redor, Pós-guerra.
211 Letônia, uma pilha de cerca de 4000 corpos de vítimas mortas. [Provavelmente prisioneiros de guerra soviéticos (POWs*)]
212 Stalino, Ucrânia, corpos de homens e mulheres.
213 Stalino, Ucrânia, restos de corpos.
214 Stalino, Ucrânia, mulheres com corpos de seus kin, que foram assassinados por alemães.
215 Stalino, Ucrânia, restos de cadáveres dentro de uma cave.
216 Stalino, Ucrânia, cadáveres que foram exumadas de uma mina.
217 Stalino, Ucrânia, corpo de um garoto que foi morto com tiro na cabeça.
218 Krym, Rússia, corpos de judeus assassinados em Kerch, janeiro de 1942.
219 Kerch, Ucrânia, um soldado soviético próximo a corpos de seus membros familiares.
220 Kerch, URSS, mulheres que foram mortas por alemães em valas comuns, fevereiro de 1942.
221 Ucrânia, Gaysin, corpos depois da exumação. Entre eles os avós dos subjugados e suas três crianças, março de 1944.
222 Vitebsk, Bielorrússia, corpos de pessoas assassinadas.
223 Vitebsk, Bielorrússia, cadáveres de judeus próximos a uma cerca de arame farpado.
224 Vitebsk, Bielorrússia, cadáveres de judeus em uma rua do gueto.
225 Vitebsk, Bielorrússia, cadáveres de vítimas assassinadas.
226 Vitebsk, Bielorrússia, cadáver de um homem judeu no gueto fotografado por um policial alemão.
227 Bogdanovka, Ucrânia, restos de corpos.
228 Bogdanovka, Ucrânia, 1944, restos de cadáveres de cidadãos soviéticos que foram torturados até a morte por romenos e alemães durante a ocupação nazista.
229 Bogdanovka, Ucrânia, cadáveres de cidadãos soviéticos que foram torturados até a morte por romenos e alemães durante a ocupação nazista.
230 Bogdanovka, Ucrânia, ossos.
231 URSS, uma pilha de cadáveres, provavelmente de cativos russos.
232 Skede, Letônia, um policial letão conhecido como um "chutador" andando ao redor da beirada de uma vala comum cheia de corpos de mulheres e crianças que haviam acabado de ser executados, 15/12/1942.
233 Liepaja, Letônia, ossos encontrados numa exumação em 1959.
234 Zbaraz, Polônia, pessoas ao lado de uma cova cheia de restos de corpos.
235 Bereznigovatoye, Ucrânia, enterro de 814 pessoas locais que receberam tiros até morrerem, em 14/09/1941.
236 Bereznigovatoye, Ucrânia, enterro de 814 pessoas locais que receberam tiros até morrerem, em 14/09/1941.
237 Rússia, uma execução.
238 URSS, uma pilha de cadáveres, provavelmente de cativos russos.
239 Riga, Letônia, cadáveres.
240 Riga, Letônia, ossos espalhados.
241 Smolensk, URSS, cadáveres, no tempo de libertação.[Possivelmente uma fotografia previamente tirada por um soldado alemão.]
242 Smolensk, URSS, cadáveres, no tempo da liberação.[Possivelmente uma fotografia previamente tirada por um soldado alemão.]
243 Smolensk, URSS, uma mulher morta, no tempo da libertação.
244 URSS, 1941, Operação Barbarossa - cadáveres de crianças locais estiradas na neve depois de serem executadas pelo exército alemão.
245 Kolomyja, Polônia, policiais alemães próximos aos cadáveres de judeus que foram fuzilados até a morte.
246 Moscou, URSS, cadáveres de pessoas enforcadas por alemães, 19/01/1942. [A localização não é Moscou mas uma cidade na região de Moscou, provavelmente Mozhaysk ou Wolokolamsk.]
247 Kalinkovichi, Bielorrúsia, cadáveres de crianças, 1943.
248 Lyady, Bielorrússia, cadáveres, 1943.
249 Konstantinovka, Ucrânia, cadáveres que foram exumados de uma mina da cidade.
250 Bobruisk, Bielorrússia, cadáveres, provavelmente de prisioneiros de guerra(POWs) soviéticos em Dulag 131, inverno de 1941.
251 Kamenka, Bielorrússia, sacos cheios de ossos de vítimas dos nazistas, antes do reenterro.
252 Bobruysk, Bielorrússia, um grupo de pessoas próximas a sacos cheios de ossos de vítimas de nazistas, antes do reenterro.
253 Bobruysk, Bielorrússia, Meir Zeliger próximo a sacos cheios de crânios de vítimas de nazistas, antes do reenterro.
254 Bobruysk, Bielorrússia, cercando uma vala comum para prevenir sua profanação.
255 Bobruysk, Bielorrússia, um grupo de homens coletando ossos de vítimas de nazistas com o propósito de reenterrá-las numa vala comum no cemitério judaico.
256 Krasny Bor, Rússia, cadáveres das vítimas dos assassinatos.
257 Outono de 1943, cadáveres de judeus russos que tentaram escapar de um campo.
258 Rússia, um policial alemão em pé ao lado de cadáveres.
259 Idritsa, URSS, cadáveres numa vala comum.
260 Jekabpils, Letônia, pós-guerra, novo enterro de cadáveres de pessoas da cidade que pereceram no Holocausto.
261 USSR, 1941, Operação Barbarossa - cadáveres de quinze jovens locais enforcados pelo exército alemão.
262 Utena, 1945, soldados russos e homens locais ao lado de cadáveres, antes de seus reenterros.
263 Utena, Lituânia, restos humanos que foram tirados de suas valas e trazidos por membros de família para enterro no local, depois da guerra.
264 Nadworna, Polônia, soldados alemães em pé próximos a dois cadáveres enforcados num mastro.
265 Skalat, Polônia, um comitê soviético durante a exumação dos cadáveres daqueles assassinados por alemães em 20/04/1944.
266 Rostow, Russia, Winter 1943, The Gestapo jail courtyard.
267 Resse, Lithuania, November 1944, The exhumation of corpses of Jews murdered at the site.
268 Russia, 1955, Sacks filled with bones before burial in a mass grave. [Another caption of same photo: Chausy, Belorussia, Transport of bags filled with bones to burial in mass graves, 1941.]
269 Chausy, Belorussia, Bags filled with bones, in an open mass grave, 1941. [Another caption of same photo: Russia, 1955, Sacks filled with bones in a mass grave. ]
270 Grozovo, Belorussia, Coffins containing bones of Jews murdered in March 1943.
271 Kuziai, Lithuania, 1974, Bones and shoes.
272 Celo Dobroye, Ukraine, Postwar, Exhumation of bones from a mass grave for reburial.
273 Celo Dobroye, Ukraine, 1961, A ceremony marking the reburial of bones in a mass grave.
274 Kornitz, Poland, Jews transporting a cart laden with sacks of bones of murdered Jews for burial in a mass grave.
[Kornitz is probably Kurenets, Belarus.]
275 Iwje, Poland, An exhumation.
276 Iwje, Poland, People standing around a mass grave of local Jews, during an exhumation.
277 Yeloviki, Belorussia, A group of people at the rims of a pit during reburial of Nazis' victims.
278 Belorussia, The body of a young woman shot in the head.
279 Balti, Romania, Jews who were shot to death by a unit of the Einsatzgruppen in July, 1941.
280 Polowce, Poland, Bodies of prisoners who had been shot, aligned in rows in the snow.
281 Chernovtsy, Russia, 1944, A mass grave of Soviet citizens shot by the Germans. [The place is probably http://en.wikipedia.org/wiki/Chernivtsi">Chernivtsi, Ukraine. ]
282 Zelechow, Poland, Bodies of Soviet citizens who were shot to death in 1944. [The place is probably Zolochiv, Ukraine, Polish: Złoczów. According to Klee and Dreßen, »Gott mit uns«. Der deutsche Vernichtungskrieg im Osten 1941-1945, the photo was found in the archives of the Gestapo in Złoczów (spelled "Zloczew" by the authors).]
283 Ukraine, People searching for bodies of loved ones among the bodies of citizens who were shot to death, after the liberation.
284 Dubossary, Ukraine, Members of Einsatzgruppe D shooting Jews, 14/09/1941.
285 Drohobycz, Poland, Removing corpses in a truck.
286 Vinnitsa, Ukraine, An SS man shooting a man's head over a mass grave, probably 1941.
287 Einsatzgruppen soldiers shooting Jews who are in a ditch.
288 Uruczje, Belorussia, Members of a Soviet invesigation committee investigating a mass grave.
289 Janowska, Poland, corpses of inmates killed shortly before the liberation. [The corpses seem to be older than that.]
Os eventos em alguns dos locais mostrados acima nas fotografias são mencionados em vários artigos deste blog, incluindo os seguintes (blogs listados em ordem alfabética ou menção dos lugares, começando com o massacre de Babi Yar e terminando com Zolochiv/Złoczów):
• Série That's why it is denial, not revisionism., partes III [tradução para português], IV [tradução para português], V [tradução para português], VI [tradução para português], VII [tradução para português] VIII [tradução para português], IX (1) [tradução para português], IX (3), IX(4)
• Vasily Grossman's Letters and Notebooks
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part One: Overview
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Four: Ukraine 1941
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Five: Ukraine 1942
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Eight: Baltic States [tradução para português]
• How Many Perpetrators in the USSR? - Part Nine: Denier Deceit
• One might think that … [tradução para português]
• Wehrmacht Complicity in the Holocaust in Ukraine
• The Atrocities committed by German-Fascists in the USSR (2)
• "... otherwise you’ll think that I’m bloodthirsty"
• Mass Graves in the Polesie [tradução para português]
• The Atrocities committed by German-Fascists in the USSR (1)
• Drobitski Yar
• Neither the Soviets nor the Poles have found any mass graves with even only a few thousand bodies … [tradução para português]
• More Misrepresentations from Graf: Lithuania
• «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (3, 2)
• French Military Witness in Kaunas (Kovno)
• Belzec Mass Graves and Archaeology: My Response to Carlo Mattogno (4,1)
• More «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (2)
• Human Remains Seen By American Journalists at Klooga and Babi Yar
• Galicia
• Belzec Mass Graves and Archaeology: My Response to Carlo Mattogno (5,2)
• Thomas Dalton responds to Roberto Muehlenkamp and Andrew Mathis (2)
• «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (3, 3)
• More «Evidence for the Presence of "Gassed" Jews in the Occupied Eastern Territories» (1)
• "Thereafter Kube had shown the Italians a gas chamber in which the killing of the Jews was allegedly carried out."
• Austrian Gas Vans Trial
• Thomas Kues and Isak Grünberg
• Photographic Evidence of Mass Shootings: 1. Sdolbunov
• Kudos to Mr. Wilfried Heink
• Nazi crimes in Soviet footage
• The Road to Vyazma
• Photographic Evidence of Mass Shootings: 2. Ponary
• Photos from the German East [tradução para português]
• Notes from a Transit Camp [tradução para português]
• Liepaja (Part 1) [tradução para português]
• Liepaja (Part 2)
• What it was like
[Fotos 01 a 101 - parte 1]
[Fotos 101 a 201 - parte 2]
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Roberto Muehlenkamp
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/06/22-june-1941.html
Tradução: Roberto Lucena
*POW = abreviação em inglês de "prisoner of war" (prisioneiro de guerra)
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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Testemunha militar francesa em Kaunas (Kovno)
Quinze dias depois dos soviéticos liberarem Kaunas em agosto de 1944, a cidade foi visitada pelo Coronel Pierre Pouyade do regimento Normandia-Niémen da Força Aérea francesa livre. Cinco meses depois, Pouyard foi entrevistado no Egito e deu um relato descrevendo os "pilhas de cadáveres de homens, mulheres e crianças nas ruas e nos porões destruídos." Matérias deste relato podem ser vistas aqui e aqui.
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/02/french-military-witness-in-kaunas-kovno.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2011/02/french-military-witness-in-kaunas-kovno.html
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena
sexta-feira, 20 de março de 2009
Demografia e assassinato em Volínia-Podólia - 2
Indo além da Parte 1, abaixo apresento oito fontes de evidências que convergem sobre a conclusão de que os alemães exterminaram os judeus restantes de Volínia-Podólia durante o período de agosto-outubro de 1942.
1) Havia 326.000 judeus na região de Volínia-Podólia em maio de 1942:
a) O total de novembro é de principalmente Bezirk Bialystok
b) Dos 292.263 mortos antes de Novembro, aproximadamente 70.000 estavam no atualmente em Belarus, parte da RKU, o resto estava atualmente na Ucrânia
A concentração de assassínios em setembro iniciou com a instrução de Puetz para conduzir as ações "em sua área dentro de cinco semanas."
4) Browning
5) Relatórios policiais alemães copiados de arquivos poloneses (Shmuel Spector, p.173; Dean, p.93)
6) Interrogatório do Sturmscharfuehrer Wilhelm Rasp 18 Dec 1961 (ZSL 204 AR-Z 393/59 Vol. II, pp. 173-94) confirmando detalhes das ações policiais (Dean, p.93).
7. As investigações de valas comuns no blog sobre valas comuns na Polésia do Nick
8. Browning mostra que assassínios foram ordenados por cima da administração civil, que protestou que eles ainda precisariam do trabalho judeu:
Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/02/demographics-and-killing-in-volhynia_25.html
Tradução(português): Roberto Lucena
1) Havia 326.000 judeus na região de Volínia-Podólia em maio de 1942:
NAW RG 238, T- 1 75, lista 235 do relatório dos territórios ocupados do leste No. 5, 29 de maio de 1942 dá a estimativa de 326.000 judeus em Volínia-Podólia (Dean, p.195)2) Puetz para o Aussenstellen der Sipo/SD, 31/8/42 [Browning, p.136]:
As ações estão sendo aceleradas, de modo que elas serão completadas em sua área dentro de cinco semanas. No encontro do Gebeitskommissaren em Luzk entre 29-31 de agosto de 1942, foi explicado em termos gerais que em princípio uma solução de 100% está sendo realizada.3) Meldung 51:
c) judeus executados [Ago-Set-Out-Nov-Total] 31.246 165.282 95.735 70.948 363.211Kruglov detalha completamente os 363.211 como se segue:
a) O total de novembro é de principalmente Bezirk Bialystok
b) Dos 292.263 mortos antes de Novembro, aproximadamente 70.000 estavam no atualmente em Belarus, parte da RKU, o resto estava atualmente na Ucrânia
A concentração de assassínios em setembro iniciou com a instrução de Puetz para conduzir as ações "em sua área dentro de cinco semanas."
4) Browning
O relatório mensal do comando militar de armamentos, Volínia-Podólia, Outubro de 1942, em: Bundesarchiv-Militärarchiv Freiburg, RW 30/15. (Im Oktober 1942 fanden nun in Wolhynien die grossen Judenevakuierungen statt, durch die aus allen Betrieben die Juden restlos entfernt wurden, sodass die Betriebe auf kürzere oder längere Zeit vollkommen zum Erliegen kamen, bezw. die Fertigung bis auf Bruchteile zusammenschrumpfte.)Tradução:
Então, em outubro de 1942, havia evacuações de judeus em larga escala na Volínia como um resultado de que cada judeu foi removido de todas as fábricas, e as fábricas vieram a ficar paradas por um tempo mais curto ou mais longo, ou a produção diminuia a uma mera fração.Isto indica que os estágios finais das ações de assassínio iniciadas por Puetz foram completados em Outubro.
5) Relatórios policiais alemães copiados de arquivos poloneses (Shmuel Spector, p.173; Dean, p.93)
6) Interrogatório do Sturmscharfuehrer Wilhelm Rasp 18 Dec 1961 (ZSL 204 AR-Z 393/59 Vol. II, pp. 173-94) confirmando detalhes das ações policiais (Dean, p.93).
7. As investigações de valas comuns no blog sobre valas comuns na Polésia do Nick
8. Browning mostra que assassínios foram ordenados por cima da administração civil, que protestou que eles ainda precisariam do trabalho judeu:
Informado do iminente "reassentamento do total dos judeus" (generelle Umsiedlung der Juden), o SS e o Polizeistandortführer em Brest-Litovsk, Friedrich Wilhelm Rohde, implorou: "Na medida em que a questão judaica é solucionada em Brest, eu antevejo dano econômico severo resultante da ausência do trabalho." Ele era apoiado pelo comissário local (Gebietskommissar) Franz Burat: "através do reassentamento total dos judeus do Kreisgebiet é desejável do ponto de vista político, do ponto de vista da mobilização de trabalho, que eu deva implorar incondicionalmente para deixar a maioria dos artesãos necessitados e a força de trabalho."53Assim, o aspecto da autonomia local do Holocausto tinha claros limites em Volínia-Podólia, como em outro lugar.
Estes apelos eram em vão. Em 15-16 de outubro de 1942, os 20.000 judeus de Brest, incluindo os 9.000 trabalhadores, foram mortos.54 A guerra diária e os relatórios do Regimento de Polícia 15 mostram que os judeus trabalhando nos campos e em fazendas do estado na região também foram executados.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/02/demographics-and-killing-in-volhynia_25.html
Tradução(português): Roberto Lucena
sexta-feira, 6 de março de 2009
Demografia e assassinato em Volínia-Podólia (Parte 1: 1941)
Documentos listando assassinatos em massa no oeste da URSS, tais como os relatórios dos Einsatzgruppen, Meldung 51 e relatórios policiais, não tem valor isolando-os de um contexto demográfico. Eles devem ser lidos em conjunto com os relatórios demográficos que mostram isso, por exemplo, havia 326.000 judeus na região da Volínia-Podólia em maio de 1942 (Dean, p.195); e havia 18.000 judeus em uma daquelas cidades maiores da região, Brest, em 28 de fevereiro de 1942 [Bundesarchiv Berlin R 94/6 Ernauhrungsamt Brest-Litowsk, Statistischer Bericht 28/2/42, citado por Browning, p.124]. Similarmente, relatórios demográficos e de assassínios em Volínia-Podólia são apoiados por evidência de valas em massa, como Nick mostrou com grande profundidade por volta de 2006. Abaixo eu apresento mais algumas provas da convergência entre essas fontes, tiradas primeiramente do estudo de Browning sobre Brest (Capítulo cinco desta coleção).
Browning demonstrou uma correspondência próxima entre a redução na população de Brest (de 59.600 em setembro39 a 50.000 em novembro41) e o número total de assassinatos para Brest listados nos relatórios da Situação Operacional. Eu resumi as estimativas de Browning em duas tabelas em meu post aberto nesta discussão do RODOH.
A principal ação de assassinato em Brest em 1941 é resumida por Longerich:
A relação entre o centro e a região podia então ser uma relação dinâmica. Entretanto, a narrativa de Browning também mostra que o centro ultimamente teria forças quando as decisões finais de assassínios fossem cumpridas até metade de 1942. Isto será tema da parte 2 desta série.
ADENDO: 6 de março de 2009.
Desde que escrevi o texto acima, eu tenho me tornado mais crítico da interpretação de Browning das fontes de Brest que ele cita, e sua omissão de outras importantes fontes. Minha revisão da interpretação da evidência para Brest é dada neste post no RODOH.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/02/demographics-and-killing-in-volhynia.html
Tradução(português): Roberto Lucena
Próximo>> Demografia e assassinato em Volínia-Podólia (Parte 2: 1942)
Browning demonstrou uma correspondência próxima entre a redução na população de Brest (de 59.600 em setembro39 a 50.000 em novembro41) e o número total de assassinatos para Brest listados nos relatórios da Situação Operacional. Eu resumi as estimativas de Browning em duas tabelas em meu post aberto nesta discussão do RODOH.
A principal ação de assassinato em Brest em 1941 é resumida por Longerich:
2.6.4 O Batalha de Polícia 307 matou vários milhares de civis judeus em Brest-Litovsk próximo a 12 de julho; quase todos eles eram homens entre 16 e 60, era uma provável "medida de punição" (Vergeltungsmaßnahme). Imediatamente antes do massacre, Daluege, o Chefe do Centro de Regimento de Polícia, Montua, Bach-Zelewski e mais Altos líderes da SS tinham se reunido em Brest.Browning afirma que a inspiração por detrás desses assassinatos não vinha nem totalmente de cima para baixo nem de baixo para cima. Ao contrário, Himmler e seus subordinados aprenderam com as medidas tomadas em fins de junho por PB 309 em Bialystok e Stapo Tilsit na Lituânia.
A relação entre o centro e a região podia então ser uma relação dinâmica. Entretanto, a narrativa de Browning também mostra que o centro ultimamente teria forças quando as decisões finais de assassínios fossem cumpridas até metade de 1942. Isto será tema da parte 2 desta série.
ADENDO: 6 de março de 2009.
Desde que escrevi o texto acima, eu tenho me tornado mais crítico da interpretação de Browning das fontes de Brest que ele cita, e sua omissão de outras importantes fontes. Minha revisão da interpretação da evidência para Brest é dada neste post no RODOH.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto(inglês): Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/02/demographics-and-killing-in-volhynia.html
Tradução(português): Roberto Lucena
Próximo>> Demografia e assassinato em Volínia-Podólia (Parte 2: 1942)
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Porque é negação e não revisionismo. Parte II: negadores e as valas de Marijampole
Porque é negação e não revisionismo. Parte II: negadores e as valas de Marijampole
Em 1 de setembro de 1941, o Einsatzkommando 3 assassinou mais de 5.000 seres humanos na cidade lituana de Marijampole. Mais tarde naquele ano o comandante da Polícia de Segurança e o SD friamente resumiu a contagem de mortos como se segue:
Adiantando o tempo e pulando para o verão de 1996: a cidade de Marijampole decidiu eregir um memorial do Holocausto no local do massacre. De acordo com o jornal lituano Lietuvos Rytas (21.08.1996), o presumido local do massacre foi escavado. Não havia nenhum corpo.
Rapidamente os negadores do Holocausto começaram a atividade de usar a contagem do Lietuvos Rytas. Aqui estão algumas citações da literatura "revisionista":
Germar Rudolf na introdução de Dissecting the Holocaust(Dissecando o Holocausto):
Quase a citação idêntica no "Partisan War and Reprisal Killings"(Guerra dos Partisan e a Reprise dos Assassinatos) de G. Rudolf e S. Schroeder.
Juergen Graf, "Raul Hilberg's Incurable Autism"(Autismo incurável de Raul Hilberg):
E um 'não menos negador', Jonnie Hargis ("Hannover"), fez a mesma afirmação, confundindo o jornal lituano como se fosse um jornal da Letônia.
A conclusão dos negadores é simples - o relatório, mencionando este massacre, é duvidoso, e, por indução, todos os outros relatórios dos Einsatzgruppen são suspeitos.
Como de costume, um pouco mais de pesquisa ajudaria os negadores a não parecerem idiotas.
Um dos que destacados anti-negadores, Roberto Muehlenkamp, decidiu investigar o problema, e escreveu para o prefeito da Marijampole municipality, Sr. Vidmantas Brazys. E ele recebeu a seguinte resposta em 20.05.2003:
Então Roberto escreveu para o Sr. Algimantas Merkevicius, e mais tarde foi respondido em 17.06.2003 como segue:
Uma simples pergunta por e-mail foi o suficiente para constatar isso. Mas por que tentar e estragar o argumento conveniente, certo?
------------------------------------------------
A resposta dos negadores como sempre ao que foi exposto acima seria:
1) as valas estavam na localização errada;
2) o número de corpos não foi estabelecido;
3) a identificação dos corpos não foi estabelecida.
Isto capta a idéia pessimamente. 100 metros longe da área presumida não é absolutamente ruim, se a área presumida foi o local do massacre com base em testemunhos. Testemunhos podem conduzir, dentro de limites, para algum erro em certa medida. Especialmente se foram testemunhos tardios, tomados após meio século. Se as identidades dos cadávares foram encontradas não está claro no relatório, mas é até apontado que eles não eram judeus, e que não houve corpos suficientes, negadores simplesmente não têm uma base para argumentação: o argumento inteiro foi baseado na premissa de que não havia corpos seja o que for. Os corpos estão lá. Se os negadores desejam afirmar que aqueles são corpos errados, corram atrás para provar isso.
Então, uma vez mais, os negadores mostraram ser "pesquisadores" descuidados.
Oh! E o memorial para 5090 judeus e pessoas de outras nacionalidades que foram assassinadas em 1 de setembro de 1941 foi erguido, depois de tudo isso.
A seguir, mais. Permaneça atento.
Anterior: Parte I: negadores e o Sonderkommando 1005
Próximo: Parte III: negadores e o massacre de Babiy Yar (1)
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/thats-why-it-is-denial-not-revisionism_06.html
Tradução(português): Roberto Lucena
Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto
Em 1 de setembro de 1941, o Einsatzkommando 3 assassinou mais de 5.000 seres humanos na cidade lituana de Marijampole. Mais tarde naquele ano o comandante da Polícia de Segurança e o SD friamente resumiu a contagem de mortos como se segue:
Mariampole
1,763 judeus, 1,812 judias
1,404 crianças judias,
109 mentalmente doente,
1 mulher. Nacionalidade alemã que era casada com um judeu,
1 mulher. Russa
Adiantando o tempo e pulando para o verão de 1996: a cidade de Marijampole decidiu eregir um memorial do Holocausto no local do massacre. De acordo com o jornal lituano Lietuvos Rytas (21.08.1996), o presumido local do massacre foi escavado. Não havia nenhum corpo.
Rapidamente os negadores do Holocausto começaram a atividade de usar a contagem do Lietuvos Rytas. Aqui estão algumas citações da literatura "revisionista":
Germar Rudolf na introdução de Dissecting the Holocaust(Dissecando o Holocausto):
No verão de 1996 a cidade de Marijampol, na Lituânia, decidiu eregir um memorial do Holocausto para dezenas de milhares de judeus do alegado assassínio, enterrados lá pelos alemães dos Einsatzgruppen. A fim de construir o memorial na exata localização, tentaram achar onde as valas comuns estavam. Escavaram o local descrito por testemunhas, mas não acharam nenhum rastro. Além de cavarem ao longo de um ano inteiro, tudo ao redor do alegado local do assassínio não revelou nada além de solo nunca antes mexido. Os alemães então fizeram um trabalho perfeito ao destruir todas as pistas e até mesmo restaurando a seqüência original das camadas do solo? Eles fizeram milagre? Ou estão as testemunhas erradas?
Quase a citação idêntica no "Partisan War and Reprisal Killings"(Guerra dos Partisan e a Reprise dos Assassinatos) de G. Rudolf e S. Schroeder.
Juergen Graf, "Raul Hilberg's Incurable Autism"(Autismo incurável de Raul Hilberg):
Finalmente, evidência material de um assassínio em massa de judeus dos números alegados é totalmente inexistente. Na cidade lituana de Marijampol em 1996, foi decidido eregir um monumento à dezenas de milhares de judeus que tinham sido alegadamente mortos pelos alemães. Eles começaram as escavações no local designado pelas testemunhas oculares a fim de localizar as valas comuns, mas pasmem, não havia nada lá. Mesmo se os alemães tivessem postumamente exumado e cremado aquelas dezenas de milhares de cadávares, como Hilberg e seus associados alegam, nenhuma vala comum seria ainda facilmente identificável em virtude das configurações alteradas do terreno.Carlo Mattogno e Juergen Graf simplesmente citam Rudolf em seu livro sobre Treblinka.
E um 'não menos negador', Jonnie Hargis ("Hannover"), fez a mesma afirmação, confundindo o jornal lituano como se fosse um jornal da Letônia.
A conclusão dos negadores é simples - o relatório, mencionando este massacre, é duvidoso, e, por indução, todos os outros relatórios dos Einsatzgruppen são suspeitos.
Como de costume, um pouco mais de pesquisa ajudaria os negadores a não parecerem idiotas.
Um dos que destacados anti-negadores, Roberto Muehlenkamp, decidiu investigar o problema, e escreveu para o prefeito da Marijampole municipality, Sr. Vidmantas Brazys. E ele recebeu a seguinte resposta em 20.05.2003:
Caro Roberto Muehlenkamp,-------------------------------------------------
Gostaria de informar a você, que na página da internet do município de Marijampole, na apresentação online de “Lugares para visitar” sob o item 10, contém a seguinte passagem: “No vale de rio Sesupe 5090 judeus e pessoas de outras nacionalidades foram assassindas em 1941 por forças nazistas.” Este fato é confirmado por documentos.
Em 1970 o cemitério foi incluído na lista de Monumentos Culturais. A área, onde se pensou que estavam as valas, oliveiras foram plantadas e abriga o monumento.
Em virtude da exata localização das valas não ser conhecida, em 1996 foram feitas escavações arqueológicas e o local do fuzilamento foi encontrado (acerca de 50m a oeste das valas apontadas).
Doutor de Ciência da Arqueologia da Universidade de Vilnius, o Sr. Algimantas Merkevicius fez escavações arqueológicas. Todos os documentos da escavação são mantidos pelo Especialista-chefe de Arquitetura e Divisão de urbanística do município de Marijampole, o Sr. Gedeminas Kuncaitis.
Os fatos no artigo de Germar Rudolf são primários e não resultados finais de escavações arqueológicas.
Sinceramente,
Prefeito Vidmantas Brazys
Então Roberto escreveu para o Sr. Algimantas Merkevicius, e mais tarde foi respondido em 17.06.2003 como segue:
Caro Sr. Roberto Muehlankamp,
Desculpe-me pela demora na resposta, mas eu estava longe de meu escritório. Sim, escavei o território das valas comuns em Marijampole em 1996. O propósito era achar o lugar exato das valas. O suposto local do enterro estava vazio e achei as valas comuns cerca de 100m de distância desta suposta área. Pessoas foram assassinadas e enterradas numa grande dich. Mas depois de achar o lugar exato, meu trabalho encerrou. Não sei como muitas pessoas foram mortas e como grande é a área das valas comuns.
Cordialmente, saudações
Algimantas Merkevicius
Uma simples pergunta por e-mail foi o suficiente para constatar isso. Mas por que tentar e estragar o argumento conveniente, certo?
------------------------------------------------
A resposta dos negadores como sempre ao que foi exposto acima seria:
1) as valas estavam na localização errada;
2) o número de corpos não foi estabelecido;
3) a identificação dos corpos não foi estabelecida.
Isto capta a idéia pessimamente. 100 metros longe da área presumida não é absolutamente ruim, se a área presumida foi o local do massacre com base em testemunhos. Testemunhos podem conduzir, dentro de limites, para algum erro em certa medida. Especialmente se foram testemunhos tardios, tomados após meio século. Se as identidades dos cadávares foram encontradas não está claro no relatório, mas é até apontado que eles não eram judeus, e que não houve corpos suficientes, negadores simplesmente não têm uma base para argumentação: o argumento inteiro foi baseado na premissa de que não havia corpos seja o que for. Os corpos estão lá. Se os negadores desejam afirmar que aqueles são corpos errados, corram atrás para provar isso.
Então, uma vez mais, os negadores mostraram ser "pesquisadores" descuidados.
Oh! E o memorial para 5090 judeus e pessoas de outras nacionalidades que foram assassinadas em 1 de setembro de 1941 foi erguido, depois de tudo isso.
A seguir, mais. Permaneça atento.
Anterior: Parte I: negadores e o Sonderkommando 1005
Próximo: Parte III: negadores e o massacre de Babiy Yar (1)
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2006/04/thats-why-it-is-denial-not-revisionism_06.html
Tradução(português): Roberto Lucena
Ver também: Técnicas dos negadores do Holocausto
domingo, 23 de novembro de 2008
Evidência fotográfica de fuzilamentos em massa: 3. Liepaja
Liepaja é um excelente exemplo de como fotografias podem fazer parte de uma convergência de evidências ao lado destes fenômenos, como diários, testemunhos e estudos demográficos. Isto é discutido aqui, e aqui. Perceba novamente que unidades de não-alemães tomaram parte nos massacres, neste caso da Letônia.
Fonte: Holocaust Controversies
Por Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/10/photographic-evidence-of-mass-shootings_7387.html
Tradução(português): Roberto Lucena
Fonte: Holocaust Controversies
Por Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/10/photographic-evidence-of-mass-shootings_7387.html
Tradução(português): Roberto Lucena
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sábado, 22 de novembro de 2008
Quantos perpetradores na URSS? - Parte Oito: Estados Bálticos
As duas principais ações de assassínios na Letônia fora a Ação de Rumbula e de Liepaja. A ação de Rumbula foi estudada em detalhes por Ezergailis, cujos estudos podem ser vistos num arquivo em Word clicando no link do 'Capítulo 8' exibido nesta página, enquanto Liepaja foi discutida neste blog. A principal ação na Lituânia foi o assassinato dos judeus de Vilna em Ponary, descritos aqui e mostrados nestas fotografias. Comentários adicionais sobre cada um destes massacres são dados abaixo.
Ezergailis dá uma visão geral da Polícia de Ordem Pública na Letônia como se segue:
Num julgamento na Alemanha Ocidental dos acusados da Polícia de Ordem Pública incluíram uma descrição da organização de Jeckeln na ação de Rumbula, sempre que quando o acusado fora Friedrich Jahnke. Ezergailis também discute que houve uma maior presença letoniana em Rumbula, incluíndo a reunião de planejamento:
Em Liepaja, houve uma ação inicial de assassínio em julho de 1941. Um notável caráter desta ação é que foi ordenada por um comandante naval, Kawelmacher, como Ezergailis de novo descreve:
Como fora apontado neste blog, a chegada de Dietrich foi crucial porque devido a ele se manteve uma agenda de subseqüentes eventos. O principal massacre de dezembro fora ordenado pelo HSSPF Jeckeln, sustentado por Dietrich, e fotografado por Strott e Sobeck, como Ezergailis descreve:
Várias das fotografias de Strott, linkadas pelo Roberto(Muehlenkamp) aqui, e também discutidas aqui, mostram claramente a polícia letoniana levando mulheres e crianças para a área do massacre. O julgamento de Strott, no qual ele não negou a autoria das fotos, está aqui.
Em Ponary, uma excelente galeria de fotografias pode ser encontrada aqui. Três mostras de enormes fotos daquela galeria são exibidas aqui, aqui e aqui. Detalhes nas fotos corespondem ao testemunho das testemunhas oculares dados aos advogados de acusação na Alemanha Ocidental que é reproduzido aqui. Ver por exemplo a declaração do contador que "Os outros nove que andavam um atrás do outro, agacharam-se e agarraram-se ao homem na frente com suas mãos porque eles não poderiam assistir." Finalmente, perceba novamente que este massacre não foi realizado por uma unidade dos Einsatzgruppen agindo sozinha. Colaboradores lituanos desempenharam um papel essencial neste massacre.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/07/how-many-perpetrators-in-ussr-part.html
Tradução: Roberto Lucena
Fotos extras:
http://www.zwoje-scrolls.com/shoah/towns.html
http://www.holocaustresearchproject.org/einsatz/lithuaniamurders.html
Ezergailis dá uma visão geral da Polícia de Ordem Pública na Letônia como se segue:
"Antes que o comando Arajs fosse treinado, foi o 9º Batalhão da Ordnungspolizei que executou a maioria dos assassinatos para Stahlecker. As unidades do 9º Batalhão que estavam na Letônia durante julho e agosto tinha se deslocado, seguindo Stahlecker para o entorno de Leningrado. No fim de novembro havia pelo menos dois tipos de unidades da Ordnungspolizei em Riga sob o comando do Tenente-Coronel Flick: uma Schutzpolizei, encabeçada pelo Major Heise, e a Gendarmerie(Polícia Militar), sob o comando do Capitão Rehberg. Pelo menos muitas centenas delas foram postas para assegurar a ordem (“obter e manter um caráter alemão”) em Riga, como ao longo de toda a Letônia. Além de que para supervisionar um distrito policial da Letônia, a Ordnungspolizei também foi encarregada da guetização dos judeus, e depois de 25 de outubro em guardar o gueto. Durante a fase inicial do gueto a SD não foi envolvida. O envolvimento da Ordnungspolizei com o gueto também predeterminou suas tarefas na liquidação do gueto.
A 2ª companhia do 22º Batalhão de Reserva de Riga proveu cerca de setenta homens, e a 3ª companhia do 22º Batalhão de Reserva de Jelgava proveu outros setenta homens. A 2ª companhia foi empregada em supervisionar o esvaziamento dos apartamentos judeus, organizando os judeus em colunas marchando, e acompanhando as colunas até Rumbula. A 3ª companhia foi usada como guarda da periferia em Rumbula.
O chefe ativista da Ordnungspolizei foi o Major Heise, e aparece que ele também foi o oficial de coordenação com a Schutzmannschaften letoniana.
Além do 22º Batalhão de Riga e Jelgava e os homens da Gendarmerie, Jeckeln tinha a sua disposição outros cinco regimentos da Ordnungspolizei, mas não sabemos quais, se usou, deles ele chegou a usar. Em geral, Jeckeln foi contra envolver a Wehrmacht."
Num julgamento na Alemanha Ocidental dos acusados da Polícia de Ordem Pública incluíram uma descrição da organização de Jeckeln na ação de Rumbula, sempre que quando o acusado fora Friedrich Jahnke. Ezergailis também discute que houve uma maior presença letoniana em Rumbula, incluíndo a reunião de planejamento:
"Várias testemunhas alemãs mencionaram a presença de oficiais letões na reunião de preparação. Ainda que o único nome mencionado fora o de Osis, o cabeça dos Schutzmannschaften Letão, os nomes de outros letões presentes nestas reuniões puderam ser facilmente identificadas, e por eliminação é algo muito reduzido. Os únicos que podiam ter estado lá além do Osis, foram o Arajs, Ítiglics, e o grupo líder da guarda do gueto da Letônia, Danskops."
Em Liepaja, houve uma ação inicial de assassínio em julho de 1941. Um notável caráter desta ação é que foi ordenada por um comandante naval, Kawelmacher, como Ezergailis de novo descreve:
"O ritmo dos fuzilamentos não foi rápido o suficiente para o comandante Kawelmacher (a.k.a. Gontard). Em 22 de julho ele enviou um telex ao Comandante-em-Chefe da frota do Báltico em Kiel, requisitando 100 SS- e 50 tropas da Schutzpolizei “para rápida execução [do] problema judaico. Com o contingente presente das SS, isto levaria um ano, que é insustentável para [a] pacificação de Liepaja.” Seu pedido foi prontamente concedido; o notório SD Comando Letão comandado por Viktors Arajs chegou à Riga, fuzilou cerca de 1,100 judeus homens em 24 e 25 de julho, e partiu.
Enquanto a 2ª Companhia do 13º Batalhão de Polícia sob o comando do SSHauptsturmführer Georg Rosenstock acabara de chegar, antes de tudo para patrulhar o cumprimento das funções e pruma menor duração das execuções.
Daí em diante, a Marinha teve um papel menos ativo, deixando a perseguição de judeus nas mãos de Kügler e seu superior, o SS-und Polizeistandortführer Dr. Fritz Dietrich, que chegou no meio de setembro."
Como fora apontado neste blog, a chegada de Dietrich foi crucial porque devido a ele se manteve uma agenda de subseqüentes eventos. O principal massacre de dezembro fora ordenado pelo HSSPF Jeckeln, sustentado por Dietrich, e fotografado por Strott e Sobeck, como Ezergailis descreve:
"Nenhum gueto tinha ainda sido estabelecido em Liepaja, mas Dietrich ordenou um toque de recolher de 2 dias para os judeus. Assim confinados em seus apartamentos, eles foram metodicamente acuados pela polícia letoniana e levados para prisão feminina. De lá eles foram marchando para o local de execução em Skede, obrigados a se despir, e fuzilados em grupos de 10 por três esquadrões de tiro, dois letões e um alemão. Todos juntos, 2.749 judeus foram mortos entre 15–17 de dezembro. Principalmente mulheres e crianças, que tinham sido em grande parte respeitados até agora. Um substituto de Kügler, o SS-Scharführer Carl Emil Strott, como também o SSOberscharführer Sobeck, fotografou as execuções. Um audacioso judeu trabalhando na Polícia de Segurança, David Zivcon, conseguiu pegar, de 12 filmes expostos por Sobeck, uma quantidade suficiente para fazer cópias, que foram muito reproduzidas e exibidas depois da guerra."
Várias das fotografias de Strott, linkadas pelo Roberto(Muehlenkamp) aqui, e também discutidas aqui, mostram claramente a polícia letoniana levando mulheres e crianças para a área do massacre. O julgamento de Strott, no qual ele não negou a autoria das fotos, está aqui.
Em Ponary, uma excelente galeria de fotografias pode ser encontrada aqui. Três mostras de enormes fotos daquela galeria são exibidas aqui, aqui e aqui. Detalhes nas fotos corespondem ao testemunho das testemunhas oculares dados aos advogados de acusação na Alemanha Ocidental que é reproduzido aqui. Ver por exemplo a declaração do contador que "Os outros nove que andavam um atrás do outro, agacharam-se e agarraram-se ao homem na frente com suas mãos porque eles não poderiam assistir." Finalmente, perceba novamente que este massacre não foi realizado por uma unidade dos Einsatzgruppen agindo sozinha. Colaboradores lituanos desempenharam um papel essencial neste massacre.
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2008/07/how-many-perpetrators-in-ussr-part.html
Tradução: Roberto Lucena
Fotos extras:
http://www.zwoje-scrolls.com/shoah/towns.html
http://www.holocaustresearchproject.org/einsatz/lithuaniamurders.html
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terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Chiune Sugihara (1900-1986)
QUEM FOI CHIUNE SUGIHARA?
Por Eric Saul
Durante a última metade de século, as pessoas perguntaram, "Quem foi Chiune Sugihara?". Elas também perguntaram, 'Por que ele arriscou sua carreira, sua fortuna familiar, e as vidas de sua família para emitir vistos a refugiados judeus na Lituânia?". Estas não são questões fáceis de responder, e pode não haver um único conjunto de respostas que satisfarão nossa curiosidade e indagação.
Chiune (Sempo) Sugihara sempre fez as coisas à sua própria maneira. Ele nasceu em 1º de janeiro de 1900. Graduou-se no colégio com notas altas e seu pai insistiu que ele se tornasse médico. Mas o sonho de Chiune era estudar literatura e viver no exterior. Sugihara freqüentou a prestigiosa Universidade Waseda de Tóquio para estudar inglês. Ele pagou por sua própria educação com trabalho em meio-período, como estivador e tutor.
Um dia ele viu um anúncio nos classificados. O Ministério do Exterior estava em busca de pessoas que desejassem estudar no exterior e pudessem estar interessadas em carreira diplomática. Ele passou no difícil exame admissional e foi enviado para o intituto de língua japonesa em Harbin, China. Ele estudou russo e graduou-se com honras. Ele também converteu-se ao cristianismo ortodoxo grego. Em Harbin, ele conheceu e se casou com uma mulher caucasiana. Mais tarde eles se divorciaram. A natureza cosmopolitana de Harbin, China, abriu seus olhos para o quão diverso e interessante era o mundo.
Ele então serviu ao governo controlado pelos japoneses na Manchúria, no nordeste da China. Mais tarde ele foi promovido a Vice-Ministro do Departamento de Negócios Estrangeiros. Logo ele estava prestes a ser o Ministro de Negócios Estrangeiros na Manchúria.
Na Manchúria, ele negociou a compra do sistema ferroviário manchuriano, de propriedade russa, pelos japoneses. Isto poupou ao governo japonês milhões de dólares, e enfureceu os russos.
Sugihara ficou perturbado pela política de seu governo e pelo tratamento cruel dos chineses pelo governo japonês. Ele entregou seu cargo em protesto em 1934.
Em 1938, Sugihara foi enviado para o escritório diplomático japonês em Helsinque, Finlância. Com a Segunda Guerra Mundial ameaçando no horizonte, o governo japonês enviou Sugihara para a Lituânia para abrir um consulado em 1939. De lá ele reportaria os planos soviéticos e alemães. Seis meses depois, a guerra estourou e a União Soviética anexou a Lituânia. Os soviéticos ordenaram que todos os consulados fossem fechados. Foi neste contexto que Sugihara foi confrontado com pedidos de milhares de judeus poloneses fugindo da polônia ocupada pelos alemães.
SUGIHARA, O HOMEM
A história pessoal e o temperamento de Sugihara podem conter a chave de por que ele ter desafiado as ordens de seu governo e emitido os vistos. Sugihara puxou à personalidade da mãe. Ele se fez gentil, protetor e artista. Ele estava interessado em idéias do exterior, religião, filosofia e língua. Ele queria viajar o mundo e ver tudo o que havia, e experimentar o mundo. Tinha um forte senso de valor por toda a vida humana. Seus dotes linguísticos mostram que ele esteve sempre interessado em aprender mais sobre outros povos.
Sugihara foi um homem humilde e compreensivo. Ele era abnegado, retraídoe tinha um senso de humor muito bom. Yukiko, sua mulher, disse que ele achou muito difícil disciplinar as crianças quando elas não se comportavam. Ele nunca perdeu seu temperamento.
Sugihara também cresceu no rígido código de ética japonês de uma família samurai da virada do século. As virtudes mais importante de sua sociedades eram 'oya koko' (amor à família), 'kodomo na tamane' (pelo bem das crianças), ter 'gidi' e 'on' (dever e responsabilidade, ou obrigação de honrar uma dívida), 'gaman'(retenção das emoções), gambate (força interior e desenvoltura), e 'haji no kakate' (não trazer vergonha à família). Estas virtudes foram fortemente inculcadas pela família samurai de classes média rural de Chiune.
Foi preciso enorme coragem para Sugihara desafiar a ordem de seu pai para se tornar um médico, e em vez disso, seguir seu próprio caminho acadêmico. Foi preciso coragem para deixar o Japão e estudar no exterior. Foi preciso um homem japonês muito liberal para se casar com uma mulher caucasiana e se converter ao cristianismo. Foi preciso ainda mais coragem para se opor abertamente às políticas de expansão militar japonesas nos anos 30.
Assim, Sempo Sugihara não era um homem japonês comum e pode não ter sido um homem comum. No tempo em que ele e sua mulher Yukiko pensavam na má situação dos refugiados judeus, ele era assombrado pelas palavras de uma velha máxima samurai: "Nem mesmo um caçador pode matar um pássaro que voa para buscar refúgio nele".
Quarenta e cinco anos depois de ele assinar os vistos, Chiune foi questionado de por que ele o fez. Ele gostava de dar dois motivos:
"Eles eram seres humanos e eles precisavam de ajuda" ele dizia.
"Estou contente de ter encontrado força para tomar a decisão de os dar a eles."
Sugihara era um homem religioso e acreditava num deus universal de todas as pessoas. Ele gostava de dizer, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus."
A ESCOLHA DE SUGIHARA
O tempo começou a se esgotar para os refugiados à medida que Hitler estreitava a rede ao redor da Europa Oriental. Os refugiados descobriram uma idéia que eles apresentaram para Sugihara. Eles descobriram que as duas ilhas coloniais holandesas, Curaçao e Suriname, situadas no Caribe, não exigiam vistos formais de entrada, e o consul holandês informou-os que ele estaria disposto a carimbar seus passaportes com um visto holandês para aquele destino. Além disso, o cônsul holandês havia recebido permissão de seu superior em Riga para emitir tais vistos e eles estava disposto a emitir esses vistos a qualquer um que estivesse disposto a pagar uma taxa.
Para se chegar a essas duas ilhas, precisava-se passar através da União Soviética. O cônsul soviético, que era simpático à má situação dos refugiados, concordou em deixá-los passar sob uma condição: que além do visto holandês, eles também obtivessem um visto de trânsito dos japoneses, pois eles teriam que passar pelo Japão em seu caminho para Curaçao ou Suriname.
Sugihara tinha uma decisão difícil a tomar. Ele era um homem crescido na disciplina rígida e tradicional dos japoneses. Ele era um diplomata de carreira, que subitamente tinha que fazer uma escolha muito difícil. Por um lado, ele estava ligado à obediência tradicional que lhe foi ensinada por toda a sua vida. Por outro, ele era um samurai que recebera ordens para ajudar àqueles em necessidade. Ele sabia que se desafiasse as ordens de seus superiores, ele seria demitido e desonrado, e provavelmente não trabalharia novamente para o governo japonês. Isto resultaria numa enorme dificuldade financeira para sua família no futuro.
Chiune e sua esposa Yukiko Sugihara até mesmo temeram por suas vidas ao tomarem esta decisão. Eles concordaram que eles não tinham chance neste caso. O Sr. Sugihara disse, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus." A Sra. Sugihara lembrou que "os olhos dos refugi dos estavam tão intensos e desesperados - especialmente das mulheres e crianças. Elas eram centenas de pessoas em pé do lado de fora." Cinquenta anos depois da decisão deles, a Srª Sugihara disse: "a vida humana é muito importante, e ser virtuoso na vida também é importante." Esta foi a decisão que no final das contas salvaria o segundo maior número de judeus na Segunda Guerra Mundial. Eles escolheram ajudar os milhares que se aglomeravam em seu consulado em Kaunas.
A escolha encarada pelos Sugiharas foi um dilema moral que milhares de cônsules de todo o mundo enfrentavam todos os dias. Poucos perdiam o sono por fechar as portas na cara dos judeus. Esses cônsules seguiam as regras à risca e, em muitos casos, eram mais rígidos em emitir vistos do que seus governos exigiam. Incontáveis milhares poderiam ter sido salvos se outros cônsules tivessem agido mais como Sugihara. Se eles tivessem sido 2.000 cõnsules como Chiune Sugihara, um milhão de crianças judias poderiam ter sido salvas dos fornos de Auschwitz.
VISTOS PARA A VIDA
Por 29 dias, de 31 de julho a 28 de agosto de 1940, o Sr. e a Srª Sugihara incansavelmente sentaram-se por horas sem fim, assinando vistos com suas próprias mãos. Hora após hora, dia após dia, durante três semanas, eles escreveram vistos. Eles escreveram mais de 300 vistos por dia, o que normalmente seria mais de um mês de trabalho para o cônsul. Yukiko também o ajudou a registrar esses vistos. No fim do dia, ela massagearia as mãos fatigadas dele.
Ele nem mesmo parava para comer. Sua esposa lhe dava sanduíches. Sugihara escolheu não perder um minuto porque as pessoas estavam em fila em frente ao seu consulado, dia e noite, por estes vistos. Quando alguns começaram a subir a cerca para entrar no recinto, eles saíram e os acalmaram. Ele lhes prometeu que enquanto houvesse uma só pessoa de fora, ele não os abandonaria.
Depois de receber seus visas, os refugiados não perderam tempo em pegar o trem que os levou até Moscou, e pela ferrovia Trans-Siberiana para Vladivostok. De lá, a maioria deles seguiu para Kobe, Japão. Eles receberam permissão para ficar em Kobe por vários meses. Eles foram então enviados para Xangai, China. Todos os judeus poloneses que receberam vistos sobreviveram em segurança, sob a proteção do governo japonês em Xangai. Eles sobreviveram, graças à humanidade e coragem de Chiune e Yukiko Sugihara. Os vistos que eles emitiram tornaram-se passaportes para o mundo dos vivos. Quando Sugihara teve que deixar Kaunas para seu próximo posto em Berlim, ele entregou o carimbo de visto para um refugiado e a vida foi concedida a muitos outros judeus.
Em 1945, o governo japonês demitiu Chiune Sugihara sem cerimônia do serviço diplomático. Sua carreira como diplomata estava em pedaços. Ele tinha que começar sua vida de novo. Sugihara ficou sem emprego fixo por mais de um ano. Outrora uma estrela ascendente no serviço de exterior japonês, Chiune Sugihara trabalhou por meio período como tradutor e intérprete. Pelas últimas duas décadas de sua vida, ele trabalhou como gerente de uma companhia de exportações com negócios em Moscou. Este foi seu destino porque ele se atreveu a salvar milhares de seres humanos da morte certa.
Hoje, 50 anos após o evento, pode haver 40.000 pessoas ou mais que devem suas vidas a Chiune e Yukiko Sugihara. Duas gerações vieram depois dos sobreviventes de Sugihara, e eles devem suas vidas aos Sugiharas. Todos os sobreviventes o chamam de seu salvador, alguns o consideram um homem sagrado, e alguns acham que ele foi um santo. Yukiko Sugihara recordou que todas as vezes que ela e seu marido se encontraram ou ouviam falar das pessoas que eles salvaram, eles sentiam grande satisfação e felicidade. Eles não se arrependeram.
Depois da guerra, o Sr. Sugihara nunca mencionou ou falou a ninguém sobre seus feitos extraordinários. Foi só em 1969 que Sugihara foi encontrado por um homem que ele havia ajudado a salvar. Logo, muitos outros a quem ele tinha salvo apareceram e testemunharam ao Yad Vashem (Memorial do Holocausto) em Israel, sobre seus feitos salva-vidas. Os sobreviventes de Sugihara entregaram centenas de testemunhos em favor de seu salvador. Depois de coletar os depoimentos de todo o mundo, o comitê do Yad Vashem percebeu a enormidade da abnegação deste homem para salvar judeus. Antes de sua morte, ele recebeu a maior honraria de Israel. Em 1985, ele foi reconhecido como "Justo Entre as Nações" pela Yad Vashem Martyrs Remembrance Authority em Jerusalem. Ele também estava muito doente para viajar; sua esposa e filho receberam o título em seu nome. Depois, uma árvore foi plantada em seu nome, e um parque em Jerusalém foi batizado em sua homenagem.
Ele disse que estava muito feliz com as honras. "Eu acho que minha decisão foi humanamente correta."
Tradução: Marcelo Oliveira
Fonte: The Sugihara Project
http://www.eagleman.com/sugihara/story.html
http://www.eagleman.com/sugihara/
Publicado em: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6085
Por Eric Saul
Durante a última metade de século, as pessoas perguntaram, "Quem foi Chiune Sugihara?". Elas também perguntaram, 'Por que ele arriscou sua carreira, sua fortuna familiar, e as vidas de sua família para emitir vistos a refugiados judeus na Lituânia?". Estas não são questões fáceis de responder, e pode não haver um único conjunto de respostas que satisfarão nossa curiosidade e indagação.
Chiune (Sempo) Sugihara sempre fez as coisas à sua própria maneira. Ele nasceu em 1º de janeiro de 1900. Graduou-se no colégio com notas altas e seu pai insistiu que ele se tornasse médico. Mas o sonho de Chiune era estudar literatura e viver no exterior. Sugihara freqüentou a prestigiosa Universidade Waseda de Tóquio para estudar inglês. Ele pagou por sua própria educação com trabalho em meio-período, como estivador e tutor.
Um dia ele viu um anúncio nos classificados. O Ministério do Exterior estava em busca de pessoas que desejassem estudar no exterior e pudessem estar interessadas em carreira diplomática. Ele passou no difícil exame admissional e foi enviado para o intituto de língua japonesa em Harbin, China. Ele estudou russo e graduou-se com honras. Ele também converteu-se ao cristianismo ortodoxo grego. Em Harbin, ele conheceu e se casou com uma mulher caucasiana. Mais tarde eles se divorciaram. A natureza cosmopolitana de Harbin, China, abriu seus olhos para o quão diverso e interessante era o mundo.
Ele então serviu ao governo controlado pelos japoneses na Manchúria, no nordeste da China. Mais tarde ele foi promovido a Vice-Ministro do Departamento de Negócios Estrangeiros. Logo ele estava prestes a ser o Ministro de Negócios Estrangeiros na Manchúria.
Na Manchúria, ele negociou a compra do sistema ferroviário manchuriano, de propriedade russa, pelos japoneses. Isto poupou ao governo japonês milhões de dólares, e enfureceu os russos.
Sugihara ficou perturbado pela política de seu governo e pelo tratamento cruel dos chineses pelo governo japonês. Ele entregou seu cargo em protesto em 1934.
Em 1938, Sugihara foi enviado para o escritório diplomático japonês em Helsinque, Finlância. Com a Segunda Guerra Mundial ameaçando no horizonte, o governo japonês enviou Sugihara para a Lituânia para abrir um consulado em 1939. De lá ele reportaria os planos soviéticos e alemães. Seis meses depois, a guerra estourou e a União Soviética anexou a Lituânia. Os soviéticos ordenaram que todos os consulados fossem fechados. Foi neste contexto que Sugihara foi confrontado com pedidos de milhares de judeus poloneses fugindo da polônia ocupada pelos alemães.
SUGIHARA, O HOMEM
A história pessoal e o temperamento de Sugihara podem conter a chave de por que ele ter desafiado as ordens de seu governo e emitido os vistos. Sugihara puxou à personalidade da mãe. Ele se fez gentil, protetor e artista. Ele estava interessado em idéias do exterior, religião, filosofia e língua. Ele queria viajar o mundo e ver tudo o que havia, e experimentar o mundo. Tinha um forte senso de valor por toda a vida humana. Seus dotes linguísticos mostram que ele esteve sempre interessado em aprender mais sobre outros povos.
Sugihara foi um homem humilde e compreensivo. Ele era abnegado, retraídoe tinha um senso de humor muito bom. Yukiko, sua mulher, disse que ele achou muito difícil disciplinar as crianças quando elas não se comportavam. Ele nunca perdeu seu temperamento.
Sugihara também cresceu no rígido código de ética japonês de uma família samurai da virada do século. As virtudes mais importante de sua sociedades eram 'oya koko' (amor à família), 'kodomo na tamane' (pelo bem das crianças), ter 'gidi' e 'on' (dever e responsabilidade, ou obrigação de honrar uma dívida), 'gaman'(retenção das emoções), gambate (força interior e desenvoltura), e 'haji no kakate' (não trazer vergonha à família). Estas virtudes foram fortemente inculcadas pela família samurai de classes média rural de Chiune.
Foi preciso enorme coragem para Sugihara desafiar a ordem de seu pai para se tornar um médico, e em vez disso, seguir seu próprio caminho acadêmico. Foi preciso coragem para deixar o Japão e estudar no exterior. Foi preciso um homem japonês muito liberal para se casar com uma mulher caucasiana e se converter ao cristianismo. Foi preciso ainda mais coragem para se opor abertamente às políticas de expansão militar japonesas nos anos 30.
Assim, Sempo Sugihara não era um homem japonês comum e pode não ter sido um homem comum. No tempo em que ele e sua mulher Yukiko pensavam na má situação dos refugiados judeus, ele era assombrado pelas palavras de uma velha máxima samurai: "Nem mesmo um caçador pode matar um pássaro que voa para buscar refúgio nele".
Quarenta e cinco anos depois de ele assinar os vistos, Chiune foi questionado de por que ele o fez. Ele gostava de dar dois motivos:
"Eles eram seres humanos e eles precisavam de ajuda" ele dizia.
"Estou contente de ter encontrado força para tomar a decisão de os dar a eles."
Sugihara era um homem religioso e acreditava num deus universal de todas as pessoas. Ele gostava de dizer, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus."
A ESCOLHA DE SUGIHARA
O tempo começou a se esgotar para os refugiados à medida que Hitler estreitava a rede ao redor da Europa Oriental. Os refugiados descobriram uma idéia que eles apresentaram para Sugihara. Eles descobriram que as duas ilhas coloniais holandesas, Curaçao e Suriname, situadas no Caribe, não exigiam vistos formais de entrada, e o consul holandês informou-os que ele estaria disposto a carimbar seus passaportes com um visto holandês para aquele destino. Além disso, o cônsul holandês havia recebido permissão de seu superior em Riga para emitir tais vistos e eles estava disposto a emitir esses vistos a qualquer um que estivesse disposto a pagar uma taxa.
Para se chegar a essas duas ilhas, precisava-se passar através da União Soviética. O cônsul soviético, que era simpático à má situação dos refugiados, concordou em deixá-los passar sob uma condição: que além do visto holandês, eles também obtivessem um visto de trânsito dos japoneses, pois eles teriam que passar pelo Japão em seu caminho para Curaçao ou Suriname.
Sugihara tinha uma decisão difícil a tomar. Ele era um homem crescido na disciplina rígida e tradicional dos japoneses. Ele era um diplomata de carreira, que subitamente tinha que fazer uma escolha muito difícil. Por um lado, ele estava ligado à obediência tradicional que lhe foi ensinada por toda a sua vida. Por outro, ele era um samurai que recebera ordens para ajudar àqueles em necessidade. Ele sabia que se desafiasse as ordens de seus superiores, ele seria demitido e desonrado, e provavelmente não trabalharia novamente para o governo japonês. Isto resultaria numa enorme dificuldade financeira para sua família no futuro.
Chiune e sua esposa Yukiko Sugihara até mesmo temeram por suas vidas ao tomarem esta decisão. Eles concordaram que eles não tinham chance neste caso. O Sr. Sugihara disse, "Eu posso ter que desobedecer meu governo, mas se eu não fizer, eu estaria desobedecendo a Deus." A Sra. Sugihara lembrou que "os olhos dos refugi dos estavam tão intensos e desesperados - especialmente das mulheres e crianças. Elas eram centenas de pessoas em pé do lado de fora." Cinquenta anos depois da decisão deles, a Srª Sugihara disse: "a vida humana é muito importante, e ser virtuoso na vida também é importante." Esta foi a decisão que no final das contas salvaria o segundo maior número de judeus na Segunda Guerra Mundial. Eles escolheram ajudar os milhares que se aglomeravam em seu consulado em Kaunas.
A escolha encarada pelos Sugiharas foi um dilema moral que milhares de cônsules de todo o mundo enfrentavam todos os dias. Poucos perdiam o sono por fechar as portas na cara dos judeus. Esses cônsules seguiam as regras à risca e, em muitos casos, eram mais rígidos em emitir vistos do que seus governos exigiam. Incontáveis milhares poderiam ter sido salvos se outros cônsules tivessem agido mais como Sugihara. Se eles tivessem sido 2.000 cõnsules como Chiune Sugihara, um milhão de crianças judias poderiam ter sido salvas dos fornos de Auschwitz.
VISTOS PARA A VIDA
Por 29 dias, de 31 de julho a 28 de agosto de 1940, o Sr. e a Srª Sugihara incansavelmente sentaram-se por horas sem fim, assinando vistos com suas próprias mãos. Hora após hora, dia após dia, durante três semanas, eles escreveram vistos. Eles escreveram mais de 300 vistos por dia, o que normalmente seria mais de um mês de trabalho para o cônsul. Yukiko também o ajudou a registrar esses vistos. No fim do dia, ela massagearia as mãos fatigadas dele.
Ele nem mesmo parava para comer. Sua esposa lhe dava sanduíches. Sugihara escolheu não perder um minuto porque as pessoas estavam em fila em frente ao seu consulado, dia e noite, por estes vistos. Quando alguns começaram a subir a cerca para entrar no recinto, eles saíram e os acalmaram. Ele lhes prometeu que enquanto houvesse uma só pessoa de fora, ele não os abandonaria.
Depois de receber seus visas, os refugiados não perderam tempo em pegar o trem que os levou até Moscou, e pela ferrovia Trans-Siberiana para Vladivostok. De lá, a maioria deles seguiu para Kobe, Japão. Eles receberam permissão para ficar em Kobe por vários meses. Eles foram então enviados para Xangai, China. Todos os judeus poloneses que receberam vistos sobreviveram em segurança, sob a proteção do governo japonês em Xangai. Eles sobreviveram, graças à humanidade e coragem de Chiune e Yukiko Sugihara. Os vistos que eles emitiram tornaram-se passaportes para o mundo dos vivos. Quando Sugihara teve que deixar Kaunas para seu próximo posto em Berlim, ele entregou o carimbo de visto para um refugiado e a vida foi concedida a muitos outros judeus.
Em 1945, o governo japonês demitiu Chiune Sugihara sem cerimônia do serviço diplomático. Sua carreira como diplomata estava em pedaços. Ele tinha que começar sua vida de novo. Sugihara ficou sem emprego fixo por mais de um ano. Outrora uma estrela ascendente no serviço de exterior japonês, Chiune Sugihara trabalhou por meio período como tradutor e intérprete. Pelas últimas duas décadas de sua vida, ele trabalhou como gerente de uma companhia de exportações com negócios em Moscou. Este foi seu destino porque ele se atreveu a salvar milhares de seres humanos da morte certa.
Hoje, 50 anos após o evento, pode haver 40.000 pessoas ou mais que devem suas vidas a Chiune e Yukiko Sugihara. Duas gerações vieram depois dos sobreviventes de Sugihara, e eles devem suas vidas aos Sugiharas. Todos os sobreviventes o chamam de seu salvador, alguns o consideram um homem sagrado, e alguns acham que ele foi um santo. Yukiko Sugihara recordou que todas as vezes que ela e seu marido se encontraram ou ouviam falar das pessoas que eles salvaram, eles sentiam grande satisfação e felicidade. Eles não se arrependeram.
Depois da guerra, o Sr. Sugihara nunca mencionou ou falou a ninguém sobre seus feitos extraordinários. Foi só em 1969 que Sugihara foi encontrado por um homem que ele havia ajudado a salvar. Logo, muitos outros a quem ele tinha salvo apareceram e testemunharam ao Yad Vashem (Memorial do Holocausto) em Israel, sobre seus feitos salva-vidas. Os sobreviventes de Sugihara entregaram centenas de testemunhos em favor de seu salvador. Depois de coletar os depoimentos de todo o mundo, o comitê do Yad Vashem percebeu a enormidade da abnegação deste homem para salvar judeus. Antes de sua morte, ele recebeu a maior honraria de Israel. Em 1985, ele foi reconhecido como "Justo Entre as Nações" pela Yad Vashem Martyrs Remembrance Authority em Jerusalem. Ele também estava muito doente para viajar; sua esposa e filho receberam o título em seu nome. Depois, uma árvore foi plantada em seu nome, e um parque em Jerusalém foi batizado em sua homenagem.
Ele disse que estava muito feliz com as honras. "Eu acho que minha decisão foi humanamente correta."
Tradução: Marcelo Oliveira
Fonte: The Sugihara Project
http://www.eagleman.com/sugihara/story.html
http://www.eagleman.com/sugihara/
Publicado em: http://br.groups.yahoo.com/group/Holocausto-Doc/message/6085
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