Investigação na suíça.
Suspeita de ligações financeiras entre neonazis anti-EUA com a al Qaeda
Jay Bushinsky, serviço estrangeiro do Chronicle
Terça, 12 de Março de 2002
(03-12) 04:00 PST Berna, Suíça -- Atendendo ordens do Presidente Bush, autoridades suíças estão investigando uma aliança entre extremistas islâmicos e neonazis europeus que tem alegadamente sido providos com apoio financeiro da rede al Qaeda de Osama bin Laden.
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Especialistas dizem que militantes islâmicos e movimentos de extrema-direita - uma coalizão que eles chamam de Terceira Posição(Third Position) - compartilham ódios em comum: em relação aos Estados Unidos e aos judeus.
"Extremistas tentam achar meios de pôr de lado suas diferenças e encontrar uma causa em comum," disse recentemente Rabbi Abraham Cooper do Centro Simon Wiesenthal.
A figura central da investigação é Ahmed Huber, um velho suíço de 74 anos convertido ao Islã que diz que o "Lobby Sionista de Israel controla o governo dos EUA e a mídia de massa e molda a política dos EUA."
A Nada Management, uma empresa de Berna de Huber que ajuda essas atividades de forma direta, foi a escolhida publicamente pelo Presidente Bush.
Huber, um sociável e franco ex-jornalista que passou três décadas cobrindo o Parlamento Suíço para um jornal socialista, é um forte apoiador do Partido Nacional Democrático(NPD)da Alemanha(partido neonazista alemão) e políticos de extrema-direita como Jean-Marie Le Pen da França.
Huber faz parte da comissão de diretores da Nada Management. Fundada por um nazista suíço e formalmente conhecida como Banco al Taqwa, a firma de consultoria e gestão é parte do grupo internacional al Taqwa, que os Estados Unidos acreditam ter um longo histórico como um consultor financeiro para a al Qaeda.
"Al Taqwa é uma associação de bancos multinacionais e firmas de gestão financeira que ajudam a al Qaeda a rotacionar o dinheiro ao redor do mundo," disse Bush em 7 de Novembro. O governo dos Estados Unidos congelou os bens de Huber e está pressionando o governo suíço a prendê-lo por seu alegado papel na rede de financiamento da al Qaeda.
Investigadores suíços dizem que as viagens de Huber ao circuíto de leitura muçulmano na Europa Ocidental e América do Norte o conduziu ao contato com seguidores de Bin Laden. Huber admitiu o encontro com associados do exílio Saudita, descrevendo-os como "discretos, bem-educados, pessoas muito inteligentes". Mas ele nega que a Nada Management subescreve atividades da al Qaeda.
Durante uma entrevista em seu estudo, alinhou livros e retratos e fotografias de Adolf Hitler, Richard Wagner, Aiatolá Khomeini, Haj Amin al- Husseini (o Grande Mufti de Jerusalém) e o egípcio Gamal Abdel Nasser, Huber expressou suas visões para o correspondente do Chronicle.
"Os EUA são aliados de 15 milhões de judeus contra 1.3 bilhões de muçulmanos; é aliado de 5 milhões de israelitas contra 200 milhões de árabes", disse ele. "Nós traremos abaixo o lobby de Israel e mudaremos a política externa. Nós faremos isso na América. Quando acontecer você entenderá."
Huber minimiza seu papel na comissão de diretores da Nada Management, dizendo que ele é um acionista minotário que recebe apenas $1,500(dólares) anualmente em compensação. Ele diz que os patrocinadores da empresa são em sua maioria ricos muçulmanos da Malásia e Estados do Golfo Pérsico que se especializam em projetos de "benefícios a países do Terceiro Mundo -- como novas estradas, clínicas, desenvolvimento de agricultura."
Mas Hansjuerg Mark Wiedmer, um portavoz de um procurador suíço, discorda. Seu escritório tem investigado as atividades da Nada Management na Suíça, Alemanha e Estados Unidos nos últimos seis meses.
"Não há quaisques indicações de que a al Taqwa poderia tenha estado a financiar a al Qaeda," diz ele. "Desde o 11 de Setembro, nós temos estado a procurar conexões criminosas. Nós temos estado em seu rastro desde antes mas não temos evidência suficiente para abrir processos criminais. Isto tem mudado."
Wiedmer diz que os dados que ele juntou tem sido fornecidos às autoridades dos EUA, mas especificou que se as acusações forem eventualmente comprovadas, os "acusados" serão julgados numa corte Suíça.
Três outros membros da comissão de diretores da Nada Management também foram interrogados pelas autoridades suíças, italianas e norte-americanas: Youssef Nada, um expatriado egípcio que tem cidadania italiana; Ali Himmat, um nacional sírio; e Mohamed Mansour, um residente de Zurique.
Nada vive em Campione d'Italia, uma pequeno enclave italiano e refúgio fiscal próximo ao sul da cidade Suíça de Lugano. Três meses atrás, a polícia de Campione vasculhou o escritório local da Nada Management e confiscou gravações e documentos.
A diretoria da Nada Management recebe assistência da comunidade de acadêmicos islâmicos encabeçada pelo Xeque Youssef al-Qaradawi, um egípcio ligado ao grupo fora-da-lei em seu país, a Irmandade Muçulmana. As proposições do comitê é de ter certeza de Nada segue a doutrina islâmica e também de banir taxas de juros.
O inimigo suíço de longa data de Huber é Jean-Claude Buhrer, um correspondente do proeminente diário francês Le Monde. Buhrer recentemente citou uma coluna publicada em Morgenstern, um jornal lido por ex-membros sobreviventes do tempo de guerra na Alemanha das Waffen-SS, no qual Huber diz que muçulmanos e nazistas estavam envolvidos na mesma luta.
"Isto é equivalente a um casamento entre a suástica e o crescente (Islâmico)," escreveu Buhrer.
Buhrer também atacou Huber por negar o escopo do Holocausto executado pelos nazistas e por ser um discípulo de fé de Francois Genoud, um advogado suíço que bancou Hitler e serviu como agente alemão durante a Segunda Guerra Mundial.
Depois da guerra, Genoud subescreveu a organização clandestina Odessa, que, de acordo com o famoso caçador de nazistas Simon Wiesenthal, possibilitou que notórios fugitivos nazistas como Adolf Eichmann, Alois Brunner e Klaus Barbie escapassem para a América do Sul e o Oriente Médio.
Autoridades acreditam que Genoud fundou o Banco al Taqwa e alocou seus recurços para apoiar terroristas internacionais tais como Vladimir Ilich Ramirez, Carlos o Chacal, e Bin Laden.
Genoud cometeu suícidio em 1996, logo após líderes judaicos e oficiais de bancos suíços anunciarem um acordo sem precedentes para abrirem uma comissão para examinar o banco secreto e arquivos de governo para pesquisar fundos depositados na Suíça por vítimas do Holocausto, de acordo com Buhrer.
Ao longo dos anos, Genoud pagou o advogado francês Jacques Verges para defender Ramirez e Barbie e também cobriu as despesas legais de Eichmann antes de ir à corte isralense em 1961. Ele também bancou o exílio prolongado de Khomeini na França quando o Irã era governado pelo Xá Mohammed Reza Pahlavi.
A admiração de Genoud por Khomeini é compartilhada por Huber. "'Ele era um homem fantástico," disse Huber.
Este artigo apareceu na página A - 12 do San Francisco Chronicle
Fonte: San Francisco Chronicle
http://www.sfgate.com/cgi-bin/article.cgi?file=/chronicle/archive/2002/03/12/MN192483.DTL
Infos adicionais, Spiegel(Alemanha), neonazistas na Suíça:
https://www.spiegel.de/international/0,1518,grossbild-925029-495943,00.html
Tradução minha, matéria de 2002 de um jornal tradicional dos EUA, o San Francisco Chronicle. Parece que não mudou muita coisa de lá pra cá no "cárater" da extrema-direita suíça(a bem da verdade é que toda extrema-direita se parece em quase todo p mundo, pra não isolar esse caso, o problema é quando isto começa a fazer parte ativa politicamente de um Estado). Pelo visto a extrema-direita xenofóbica na Suíça vive livre e feliz naquele país, parece que não houve um processo forte de 'desnazistificação' das posições ou de rejeição a este tipo de grupo deletério e racista, lamentavelmente.
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