Mostrando postagens com marcador fascistas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fascistas. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A crise da Ucrânia: fascistas (extrema-direita) perto do poder (Black Blocs atuam)

Eu iria tentar traduzir essa matéria da BBC "Ukraine's far-right Svoboda party hold torch-lit Kiev march" (Partido de extrema-direita Svoboda da Ucrânia segura tochas acesas em marcha em Kiev), mas vai que ela coloca a tradução em português (se bem que a matéria é de janeiro e até agora, nada), tornaria a tradução aqui desnecessária.

Em todo caso, não vou esperar pra que saia algo mais detalhado nesses sites de notícia até porque dá pra comentar o caso, e "sabe-se lá porque" estão evitando de comentar abertamente o que se passa naquele país (eu imagino o "porquê", mas como não há provas e sim impressões, não dá pra afirmar categoricamente o porquê do silêncio da imprensa brasileira com esse caso, mesmo suspeitando-se dos motivos).

Vou colocar abaixo a tradução de uma matéria de outubro de 2012, ou seja, matéria de quase 2 anos, por isso não tem influência no "calor do momento" atual, que mostrava o perfil desse partido de extrema-direita (fascista de fato) na Ucrânia, é ele quem está conduzindo os "protestos" na Ucrânia e ninguém sabe o que pode sair disso.
Ucrânia: Partido antissemita Svoboda de extrema-direita
31 outubro de 2012

O partido de extrema-direita Svoboda, obteve quase 12% dos votos nas recentes eleições parlamentares da Ucrânia, provocando preocupação entre os grupos judaicos da Europa.

Esta é a primeira vez na breve história da Ucrânia, país que se tornou independente em 1991, que uma facção de extrema-direita entra no parlamento. O partido obteve só 1 por cento dos votos emitidos nas eleições anteriores de 2007. Svoboda, que significa literalmente "Liberdade", obteve um importante apoio no oeste da Ucrânia, na fronteira com a União Europeia.

O membro do Parlamento Judaico Europeu, o rabino Levi Matusof, implorou as pessoas a "condenarem energicamente ao ostracismo e isolar sem ambiguidades, àqueles que buscam de maneira inequívoca o renascimento da ideologia mais obscura da história europeia".

A UE foi testemunha de um aumento geral do apoio a partidos de extrema-direita desde o início da crise econômica mundial em 2008, com partidos como o Jobbik na Hungria e o Golden Dawn (Aurora Dourada) na Grècia obtendo representação em seus respectivos parlamentos nacionais, apesar de proclamar posturas abertamente antissemitas.

Fonte: jewish news one
http://es.jn1.tv/video/news?media_id=68050
Tradução: Roberto Lucena
Black Bloc fascista do Svoboda na Ucrânia
Pra quem quiser ler mais, outra matéria de 2012 sobre o Svoboda narrando a mesma coisa (em espanhol):
Demostración de fuerza de los ultranacionalistas de Svoboda en Ucrania

E aqui um em português, observem nas fotos que um "militante" (Black Bloc) deste partido está escorado num muro/mureta com vários símbolos White Power pichados. Link:
Manifestantes Estão Morrendo nas Ruas de Kiev
________________________________________________

Pra quem não entendeu nada da "revolta", vou tentar citar eventos que tornará fácil entender o que está se passando naquele país.

1. A Ucrânia teve um movimento fascista forte, OUN, que despontou antes da segunda guerra chegando a proclamar a independência da Ucrânia em 1941 (tem até um fascista que é "herói nacional" por lá, Stepan Bandera), sendo suprimidos pelos nazis, pois estes tinham planos de extermínio e escravização de eslavos e expansão do Lebensraum, espaço vital do Reich nazista pra ser colonizado por alemães germanizando a região.

2. Vários ucranianos lutaram na Waffen-SS pela Alemanha nazi, ver [14th Divisão Waffen Grenadier da SS (1st Ukrainian)] e aqui, e alguns serviram como guardas em campos de concentração/extermínio. Inclusive há desfiles saudando essa unidade feitos por nacionalistas (fascistas) da Ucrânia tentando resgatar a "honra" deles. Pra ver as fotos: link1, link2, link3.

3. A Ucrânia tem um ranço histórico com a Rússia em virtude do Holodomor (A relação problemática da Ucrânia com o Holocausto. Ambos: vítimas e perpetradores - Parte 01) que ocorreu no regime stalinista, e esse evento se tornou parte da identidade nacional ucraniana desde sua independência de fato em 1991 depois da fragmentação da União Soviética.

4. Os herdeiros desses grupos fascistas ucranianos são fortes na política ucraniana desde a proclamação de independência deste país, até com a direita tradicional.

5. Como citei acima, qualquer movimento da Rússia em relação à Ucrânia, é visto como hostilidade e isso dá margem pros fascistas incitarem revoltas populares usando como pretexto a rixa histórica com a Rússia. Pra piorar a situação, há disputa de potências em relação à Ucrânia (Estados Unidos e União Europeia versus Rússia, que tinha parte da elite política da Ucrânia próxima a Moscou).

6. O reator de Chernobyl fica na Ucrânia, um dos maiores acidentes nucleares do século XX. Na época quem mandava nessas Repúblicas era Moscou, capital da União Soviética (e obviamente vista como ato russo aumentando o rancor histórico explorado pelos ultranacionalistas/fascistas da Ucrânia).

As marchas estavam comemorando o 105º aniversário
de Stepan Bandera, nazifascista ucraniano (retrato dele)
7. O ministro da Ucrânia assinalou um acordo com a Rússia que foi o estopim da revolta, em detrimento à aproximação com a União Europeia, e os fascistas tomaram as ruas com Black Blocs no meio causando baderna e mortes (curioso como há "mascarados" em toda zona de conflito e quando algo grave ocorre eles somem, Egito, Ucrânia, Brasil...).

8. Em suma, o que vocês estão vendo é um partido fascista, o Svoboda, aproveitando-se politicamente dessa querela que inflamou a população (a parte que fica ao redor de Kiev fala ucraniano, tem uma parte da Ucrânia próxima à Rússia que falam russo, mesmo dentro da Ucrânia) pra tentar chegar ao poder ou se aproveitar disso.

Eu diria que os dirigentes europeus novamente brincam com fogo, ou estão querendo apagar incêndio com gasolina, e todo mundo sabe das consequências disso no passado. Eles acham que as coisas não se repetem mas estão literalmente brincando com dinamite de forma que já beira a irresponsabilidade. Eles acham que têm controle sobre grupos fanáticos ultranacionalistas (que se comportam como "tribos"), mas historicamente esses mesmos grupos se mostram "indomáveis" uma vez chegando ao poder, e começam a se proliferar por outros países onde ainda não chegaram ao poder, como na França (que não é um país qualquer, é uma potência nuclear e militar).

Pelo visto estão à espera de outro Bonaparte (não precisa nem citar o cabo austríaco) pra tocar fogo na Europa inteira. Incrível (no sentido negativo) o papel desempenhado pela chanceler da Alemanha, Merkel, nessas questões já que ela tem papel de liderança na UE. Primeiro deixou a Grécia quebrar e todo mundo sabe o caos que tomou conta daquele país com neonazis se fortalecendo. Depois (ou antes) Espanha, Portugal, Itália, Bósnia e vai se alastrando, efeito dominó.

A continuar nesse ritmo em breve a União Europeia será só uma "barra" de vidro oca só esperando que alguém estilhace pra decretar seu fim. Novamente com os fascistas protagonizando.

Eu fiz esse resumo aqui porque acho difícil que saia algo mais detalhado (citando os episódios que citei acima) em sites de notícia, mas vai que... como eu sei que andam lendo esse blog (muita gente), já me deparei com matérias postadas aqui que saíram logo depois em alguns sites, um "súbito" interesse por esses assuntos, digo isso porque não acredito em coincidência e o povo lê em silêncio, sem comentar etc. Não acho ruim que isso ocorra pois é bom informar o povo pra que o mesmo não embarque em "aventuras" (Black Blocs, marchas forjadas radicais) pra depois se arrependerem de terem apoiado esse tipo de porcaria anti-democrática.
__________________________________________________________

Há outro ponto a destacar que já citei acima, e pra não precisar abrir outro post só pra comentar o caso brasileiro vai nesse mesmo, que é a presença novamente dos grupos Black Blocs, os mascarados que andam tocando o terror no Rio e o governo fluminense simplesmente não "consegue" desbaratar esses bandos.

Postura que acho estranha pois não é difícil desbaratar isso. Em PE, depois da primeira destruição que fizeram, e não foi pequena, esses grupos foram dispersos muito rapidamente pela ação da polícia e não apareceram mais (não foi muito noticiado isso, "curiosamente"...), fora que a população do Estado (ao contrário de outros) não é muito passiva quando a confrontam (os Black Blocs não representam o povo), podendo partir pra agressão física contra eles, sendo que a população, por estar em maior número, o estrago que ela fizer pode ser feio (pra eles). Daí fica a pergunta do porquê da inação contra esses bandos mascarados em outros estados. Qual o propósito disso (da inação)?

Última declaração deles é uma ameaça a delegações na Copa do Mundo (link), depois de causarem a morte de um inocente (o cinegrafista) por motivo banal. Já deveriam ter tirado do ar essas páginas deles e identificado os autores/responsáveis. Não é necessário, por oportunismo e inconsequência, a proposta de leis esdrúxulas "anti-terroristas", pois ao proporem isso estão fazendo o "jogo" desses bandos.

P.S.1 ao pessoal radicalzinho que está em campanha contra governos, caso queiram comentar, favor deixar as paranoias de lado e sectarismos e tratar o assunto de forma séria. Se vierem com teoria da conspiração de sites/revistas/jornais de (extrema) direita pra fazer panfletagem ordinária, eu corto. O problema do fascismo é coisa séria, não é pra ser tratado com esse tipo de infantilidade sectária como alguns (ou muitos) vem tratando achando que autoritarismo se resume a "revis".

P.S.2 Caso alguém queira ler, eu não li o texto todo, só passei a vista (está em inglês), aqui tem um resumo basicamente com o que listei acima (e mais coisas) sobre as origens dessa "revolta" na Ucrânia. Link: Nazi and Fascist Roots of the Ukrainian Pro-EU Protest Movement (As raízes nazi e fascista do movimento de protesto pró-UE ucraniano)

Atualização 1: 19:00, dia 17.02.2014. Acréscimo dos links sobre a divisão ucraniana da Waffen-SS e desfiles neofascistas na Ucrânia louvando essa unidade.

Atualização 2: 08:25, dia 02.03.2014. A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo)

sexta-feira, 19 de julho de 2013

"Kube havia mostrado aos italianos uma câmara de gás na qual a matança de judeus havia ocorrido."

"Posteriormente Kube havia mostrado aos italianos uma câmara de gás na qual a matança de judeus havia ocorrido."

O documento do Ministério de Relações Exteriores alemão abaixo foi exibido como T/341 no julgamento de Eichmann. É também citado em Nationalsozialistische Massentötungen durch Giftgas. Eine Dokumentation (S.92). O autor da nota é Eberhard von Thadden, que se tornou especialista em Assuntos Judaicos no Ministério de Relações Exteriores em abril de 1943. Franz Rademacher foi seu predecessor e uma figura bem conhecida na história da "Solução Final". Werner Koeppen era ajudante de Alfred Rosenberg e seu representante permanente junto a Hitler. Wilhelm Kube foi o infame Gauleiter da Bielorrússia (Belarus).
O Sr. Conselheiro de Legação, Rademacher, informou-me que na ocasião de uma visita de autoridades fascistas em Minsk o Gauleiter Kube também tinha mostrado uma igreja que fora usada pelos comunistas para fins mundanos. Questionado pelos italianos sobre o que aqueles pequenos pacotes e malas lá empilhados significavam, Kube explicou que estes eram os únicos restos dos judeus deportados para Minsk. Posteriormente Kube havia mostrado aos italianos uma câmara de gás na qual a matança de judeus havia ocorrido. Aparentemente, os fascistas haviam ficado profundamente chocados.

O Sr. Rademacher soube do incidente através de Koeppen, ajudante do Reichsleiter Rosenberg. Em sua opinião, o General Consul Windecker em Riga provavelmente também seria informado deste incidente, tão distante dele, Rademacher conseguia se lembrar que o incidente ocorreu na ocasião em que autoridades fascistas eram enviadas para o leste para cuidar dos trabalhadores italianos.

Berlim, 15 de maio de 1943
(Tradução de Roberto Muehlenkamp com pequenas alterações feitas por mim.)
Herr Leg.Rat Rademacher teilte mir mit, dass Gauleiter Kube anlaesslich eines Besuches von Faschio-Vertretern in Minsk auch eine von den Kommunisten zu weltlichen Zwecken benutzte Kirche gezeigt habe. Auf Frage der Italiener, was die kleinen Pakete und Koffer, die dort aufgestapelt waren, bedeuteten, habe Kube erklaert, das seien die einzigen Ueberbleibsel nach Minsk deportierter Juden. Anschliessend habe Kube den Italienern eine Gaskammer gezeigt, in der angeblich die Toetung der Juden durchgefuehrt wuerde. Die Fascisten sollen auf des Tiefste erschuettert gewesen sein.

Herr Rademacher hat diesen Vorfall durch Herrn Koeppen, Adjutant von Reichsleiter Rosenberg, erfahren. Seines Erachtens durfte auch Generalkonsul Windecker in Riga ueber den Vorfall unterrichtet sein, denn soweit er, Rademacher, sich erinnern koenne, sei die Angelegenheit anlaesslich der zur Betreuung italienischer Arbeiter nach dem Osten entsandten Faschisten-Vertreter vorgekommen.

Berlin, den 15. Mai 1943


Não havia câmaras de gás estacionárias em Minsk, portanto, uma câmara de gás móvel significa, em outras palavras, uma van de gás. Vans de gaseamento foram utilizadas no campo de extermínio Maly Trostenets não muito longe de Minsk.

Negadores vão tratar disso como uma mera questão técnica - como boato. Esta tentativa não pode ser levada a sério, obviamente. Todas as pessoas mencionadas eram nazistas de alto escalão, a maioria deles lidando com a "Solução Final" de uma maneira ou de outra. Isso é boato, mas nenhum elo desta cadeia de boato teria um motivo para introduzir a menção de uma câmara de gás se não fosse verdade. Eles podem ter tido razões para distorcer as ações de Kube etc (num grupo que briga e tudo mais) - mas não inventar o próprio método de assassinato. Esta nota de guerra secreta alemã é um pedaço legítimo da evidência do gaseamento nazista de judeus.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Sergey Romanov
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2010/01/thereafter-kube-had-shown-italians-gas.html
Tradução: Roberto Lucena

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Judeus: questões sobre Vichy (Livro de Laurent Joly)

Judeus: questões sobre (Juifs: questions sur Vichy)

Por Jacques Duquesne (L'Express), publicado em 15/06/2006

Altamente documentada, a tese de Laurent Joly sobre o Comissariado Geral imposto pelo país ocupante. Daí a aceitar sua conclusão...

Os nazis mandavam, Vichy fazia. A partir do verão de 1940, o SS Dannecker queria criar na França um escritório central para assuntos judaicos. Os homens de Vichy, já haviam desenvolvido sua própria legislação antissemita, tardiamente. Substituindo a Pierre Laval como chefe de governo, o almirante Darlan não demora muito para satisfazer o ocupante. Assim cria o Comissariado Geral para Assuntos Judaicos (CGQJ, sigla em francês).

Estranhamente, ela não fez um livro real sobre o CGAJ. E aqui está, um bloco de 1.000 páginas da tese. Laurent Joly trabalhou todos os arquivos disponíveis. Ele dá a esta triste instituição, seus líderes, a ideologia por trás deles, a sua pequena equipe, uma imagem detalhada. Necessariamente mais sutil do que o sentido usual, porque qualquer investigação aprofundada revela brigas pessoais, as diferenças de interesse ou táticas.

A "arianização" das propriedades judaicas

Alguns leitores vão descobrir um assunto pouco tratado, com o foco definido, logicamente, sobre as deportações: o roubo e a "arianização" das propriedades dos judeus que interessava ​​- no sentido material - muitos dirigentes. Lamentamos que este estudo, de uma riqueza rara, dedica apenas nove páginas de relatórios complexos à CGAJ com o Presbitério e com a União Geral dos Judeus na França (UGIF), instituição dita representativa criada por uma lei de 1941. E não vamos aceitar a conclusão de que "depois da Romênia, a França de Vichy é, certamente, dos países satélites que, por si só, desempenhou o papel mais criminoso nas políticas genocidas dos nazistas." Há quase 40 anos no livro La Destruction des juifs d'Europe (A destruição dos judeus europeus), Raul Hilberg, disse essencialmente: "Na Holanda, os alemães deportaram mais de três quartos dos judeus, na França, as estatísticas eram exatamente o oposto, impedidos com os esforços para deportar todos os judeus franceses, os alemães foram atrás da propriedade da comunidade judaica ".

Fonte: L'Express (França)
http://www.lexpress.fr/culture/livre/vichy-dans-la-solution-finale-histoire-du-commissariat-general-aux-questions-juives_821365.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Filme: La Rafle (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno. França de Vichy

Crítica do filme. O 'aprisionamento de judeus' na França
'La rafle' (Amor e Ódio), com Mélanie Laurent e Jean Reno
Menemsha Films

(Foto) Mélanie Laurent como enfermeira em um campo de internamento em "La rafle".
Por Jeannette CATSOULIS. Publicado: 15 de novembro de 2012

Um 'monte de lágrimas' relembra a contribuição da França com o Holocausto (não reconhecida pelo governo francês até 1995), "La rafle" ("Amor e Ódio") é um conto bem-intencionado mas dramatizado com pouca habilidade, sobre o aprisionamento de 13.000 judeus parisienses no no verão de 1942.

Abordar o tema a partir de vários pontos de vista - incluindo os de uma enfermeira protestante horrorizada (Mélanie Laurent), um médico judeu cansado (Jean Reno) e os membros de duas famílias judias - a escritora e diretora, Rose Bosch, provoca atuações comprometidas com o roteiro ao longo de muitas das fissuras do filme. Entre esses, os episódios que mostram a negociação entre funcionários corruptos franceses e seus ocupantes nazistas são especialmente cortantes, e a passagem de cena de fome dos prisioneiros judeus para a festa de aniversário do pródigo Hitler, comandada por uma Eva Braun bêbada, é embaraçosamente pesada.

No entanto, a Sra. Bosch retorce o puro terror do aprisionamento e o subsequente sofrimento dos judeus. Em uma escala épica e minuciosa em detalhes (o roteiro foi baseado em extensa pesquisa feita pela Sra. Bosch e o historiador do Holocausto Serge Klarsfeld), o filme inclui cenas de multidão que se agitam com uma miséria não forçada.

É desnecessário, portanto, retornar tantas vezes ao destino de uma criança de cabelos encaracolados - uma indulgência sentimental que só enfraquece o todo do filme. Seria melhor ter seguido a adolescente judia corajosa (Adèle Exarchopoulos) que trafega através da rede nazista: sua coragem e ação são muito mais atraentes do que uma sala cheia de crianças levadas.

Uma versão desta crítica apareceu na versão impressa em 16 de novembro de 2012, na página C12 da edição do New York Times com a manchete: La Rafle.

Fonte: NY Times
http://movies.nytimes.com/2012/11/16/movies/la-rafle-with-melanie-laurent-and-jean-reno.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: eu assisti o filme e não concordo com o teor da crítica acima, o filme tem uma visão francesa do ocorrido e não uma visão norte-americana, por isso talvez essa crítica ácida acima ao filme por não se enquadrar "facilmente" ao que "críticos" dos EUA esperam desse tipo de filme. Mas por não ter encontrado outra crítica que li sobre o filme pra traduzir, acabei traduzindo essa pra informar sobre o filme "Amor e ódio" (La Rafle) que vale a pena ser assistido. A observação se dá porque muita gente tem acessado o link pra ler algo sobre o filme e não concordo com a crítica acima e não foi possível colocar outra no lugar.

Trailer:

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Ataque a torcedores na Itália alimenta medo de violência neofascista

ROMA, 23 Nov (Reuters) - Um ataque brutal contra torcedores do clube de futebol inglês Tottenham Hotspur em Roma alimentou os temores na Itália com relação ao crescimento da violência da direita e do antissemitismo.

A capital italiana foi atingida por um aumento da militância da extrema direita desde outubro, com manifestações semanais promovidas pelo grupo de jovens neofascistas Blocco Studentesco, que em geral terminam em confrontos com a polícia.

A mídia italiana inicialmente atribuiu o ataque de quinta-feira aos torcedores linha-dura ou ‘ultras'' da Lazio, time que enfrentou o Tottenham pela Liga da Europa.

Mas dois torcedores da Roma, os principais rivais da Lazio na cidade, estavam entre os 15 detidos por suposto envolvimento no ataque contra um bar no centro da cidade, o que sugere uma possível motivação diferente.

O Tottenham tem muitos torcedores judeus, e testemunhas contaram à mídia italiana que homens mascarados armados com facas e tacos de beisebol gritavam "Judeus, judeus" ao cercar o pub onde os torcedores do Tottenham bebiam, em um distrito frequentado por turistas em um bairro antigo de Roma.

Dez pessoas foram feridas no ataque. O torcedor inglês Ashley Mills, de 25 anos, ficou em estado grave. Ele foi submetido a uma cirurgia por causa de um ferimento na perna na sexta-feira e ainda era monitorado pelos médicos, informou o hospital de Roma em que ele está sendo tratado.

A Lazio divulgou uma declaração na quinta-feira afirmando que qualquer sugestão de que os agressores seriam torcedores do time era "totalmente sem fundamento".

O embaixador de Israel na Itália, Naor Gilon, disse a jornalistas que o ataque contra torcedores do Spurs vinha de "uma nova tendência de antissemitismo na Europa".

O Congresso Judaico Mundial pediu na sexta-feira que a Lazio seja suspensa do futebol europeu, caso o clube não tome medidas contra os torcedores linha-dura antissemitas.

Notícias na imprensa informaram que os torcedores da Lazio cantaram "Juden Tottenham, Juden Tottenham" na partida de quinta-feira.

PERIGO AOS JUDEUS

O caso de violência deu início a uma discussão sobre a segurança dos judeus em Roma.

O chefe da comunidade judaica da cidade, Ricardo Pacifici, disse que o ataque mostra que os judeus não estão suficientemente protegidos.

O comissário de polícia Giuseppe Pecoraro rejeitou a acusação, classificada por ele de provocação. "A polícia faz mais para a comunidade judaica de Roma do que em qualquer outro lugar do mundo", afirmou.

O prefeito de Roma, Gianni Alemanno, anunciou o financiamento de 21 milhões de euros (27 milhões de dólares) para o Museu do Holocausto "a fim de dar uma resposta imediata aos vários sinais de antissemitismo ocorridos recentemente em nossa cidade".

O próprio Alemanno é um antigo líder da juventude neofascista que era cumprimentado com saudações fascistas e gritos de "Duce! Duce!" ao ser eleito prefeito em 2008. Duce é o termo adotado pelo ditador italiano Benito Mussolini.

Por Naomi O''Leary
23 de novembro de 2012 • 14h16

Fonte: Reuters/Terra
http://esportes.terra.com.br/noticias/0,,OI6326623-EI1137,00-Ataque+a+torcedores+na+Italia+alimenta+medo+de+violencia+neofascista.html

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Hollande admite responsabilidade da França na deportação de judeus

François Hollande é o primeiro presidente socialista francês a quebrar o tabu da chamada “rafle du Vel d’Hiv”. O primeiro chefe de Estado francês a admitir a responsabilidade da França na deportação de judeus, durante a Segunda Guerra Mundial, foi o conservador Jacques Chirac, ao qual o socialista Hollande prestou homenagem.

A verdade é que este crime foi cometido em França, pela França. O grande mérito do presidente Chirac foi ter reconhecido, aqui, a 16 de julho de 1995, esta verdade”, afirmou François Hollande, que prosseguiu: “A República perseguirá, com a maior determinação, todos os atos, todas as palavras antissemitas que possam provocar nos judeus de França uma sensação de inquietação no seu próprio país.” Uma referência ao assassinato de três crianças judias e de um professor judeu por Mohamed Merah em março último, na cidade de Toulouse.

O presidente francês participava na cerimónia, em Paris, que relembra os 13.152 judeus deportados pela França há 70 anos.

A “rafle du Vel D’Hiv” ocorreu nos dias 16 e 17 de julho de 1942. Durante esses dois dias, as autoridades francesas perseguiram e detiveram 13.152 judeus, os quais, na sua maioria, ficaram retidos no Velódromo de Inverno (“Vel d’Hiv”) – posteriormente demolido, em 1959 – antes de serem enviados aos campos de extermínio nazistas. “Nenhum soldado alemão foi mobilizado” para essa operação realizada por policiais franceses, lembrou o presidente.

Fonte: Euronews
http://pt.euronews.com/2012/07/22/hollande-admite-responsabilidade-da-franca-na-deportacao-de-judeus/

Ver mais:
Presidente da França honrou memória de milhares de judeus parisinos reprimidos (Voz da Rússia)
Hollande lembra participação francesa na deportação de judeus (RFI, Portugal)
Hollande assume responsabilidades francesas no Holocausto (Publico.pt, Portugal)
François Hollande admite responsabilidade de França no Holocausto (RTP, Portugal)

sábado, 29 de outubro de 2011

A "técnica" do negacionista Faurisson de "revisar" a História do Holocausto - parte 2

Em mais um texto ridículo, o 'guru' "revisionista" francês Robert Faurisson, tentando aliviar a barra do fascista Le Pen, seu compatriota, e suas declarações negacionistas na França sobre o Holocausto anos atrás, demonstra como elabora seu "método" de "revisar" a História: ele cata 'supostos' furos em livros e acusa que a não citação de câmaras de gás no Holocausto ou mesmo do próprio genocídio, por uma personalidade, equivale a uma 'admissão' de que as mesmas não existiram.

Sobre o historiador francês René Rémond, a alegação de Faurisson (ver aqui):
No terceiro volume de sua Introdução à história de nossos tempos (Introduction à l'histoire de notre temps), René Rémond, que foi então presidente da comissão sobre história da deportação dentro do Comitê de História da Segunda Guerra Mundial (Comité d'histoire de la Deuxième Guerre mondiale), não fez qualquer tipo de menção a estas câmaras de gás (Le XXe siècle de 1914 à nos jours ["The 20th Century from 1914 to the Present"], Le Seuil, 1974). Catorze anos depois, quando ele havia tornado presidente do Instituto de História Contemporânea (Institut d'histoire du temps présent), uma vez mais ele não fez nenhuma menção delas em um trabalho de 1013 páginas entitulado Notre Siècle de 1916 à 1988 ("Nosso século de 1916 a 1988"*," Paris: Fayard, 1988).[1]
Pois bem, que tal o próprio citado(o historiador René Rémond) falando sobre as declarações de Le Pen sobre câmaras de gás, em vídeo, numa entrevista dada a um jornal?

Link do vídeo: ina.fr René Rémond

Resumo do vídeo: Plateau René Rémond (15/09/1987 - 03min20s)
Convidado do jornal, o historiador René Rémond, fala sobre as palavras de Jean-Marie Le Pen no "Grande Júri RTL-Le Monde", considerando as câmaras de gás como um "detalhe técnico". René Rémond considera, por sua vez, que as palavras de Le Pen e dos próprios fascistas banalizam o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial: "Negar a verdade do genocídio. O que é chocante é que para ele (JM Le Pen) é apenas um detalhe." René Rémond diz que no campo revisionista não há historiadores, mas sim polemistas. "Le Pen se encaixa no campo dos revisionistas." Respondendo à "gafe" de Le Pen: "Le Pen tenta tranquilizá-los. Acho que é um relaxamento de sua vigilância, lapso, gafe." René Rémond explica o impacto sobre o primeiro turno das eleições presidenciais e seu impacto entre o primeiro e segundo turno.[2]

O "método Faurisson" de "revisar" História (que é um método comum e praticado por todos os "revisionistas") é tão bisonho que chega a ser constrangedor saber que há gente que dá crédito às cretinices de sites de extrema-direita na internet que negam o genocídio da segunda guerra com distorções e manipulações.

*Observação: no texto original no site do IHR consta no título em francês "Notre Siècle de 1918 à 1988", só que na tradução para o inglês o título aparece assim "Our Century from 1916 to 1988". Um pequeno erro de digitação, que não mereceria nem sequer uma observação exceto que por pura implicância mesmo já que os "revisionistas" adoram se "amarrar" em "erros" deste tipo.

Notas

[1] Texto "The Detail", Robert Faurisson. Texto alojado no site do IHR sobre o historiador René Rémond.
[2] Entrevista de René Remond a um telejornal francês. Vídeo alojado no site ina.fr datado de 1987.

Pra quem não viu a parte 1, confiram-na no link.

sábado, 17 de abril de 2010

Neonazis alemães cometeram 20.000 crimes em 2009

Berlim: Membros da extrema-direita alemã cometeram certa de 20.000 crimes políticos em 2009, é que declarou ontem o Secretário do Interior Thomas De Maizire.

Esta é a maior estimativa desde 2001, quando De Maizi começou a manter os registros dos crimes políticos.

De acordo com o deputado do partido Die Linke (de esquerda), as estimativas demonstram que as campanhas do governo para combater a extrema-direita fracassaram.

O parlamentar também criticou De Maizi por comparar grupos neonazis com organizações de extrema-esquerda. O governo da democrata-cristã Angela Merkel criticou iniciativas antifascistas muitas vezes, mas agora precisamos de uma ampla aliança contra os fascistas, disse Jelpke à mídia.

De acordo com Jelpke, criticismos contra aquelas demonstrações apenas aumentaram os alegados crimes políticos cometidos por ativistas de extrema-esquerda.

Fonte: Zee News, Índia/24 de março, 2010
"German Neo-Nazis: 20000 Crimes in 2009"
Link original: Prensa Latina
Tradução: Roberto Lucena
Observação: texto da matéria em português não encontrado, tirando o título, a matéria em português está fora do ar.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O Holocausto em Salônica

A seguinte passagem é tirada da página 404 de Mazower:
Quando perguntei pelo cônsul italiano em 27 de março [1943] Merten disse que os judeus estavam sendo deportados para "uma localidade próxima à Varsórvia onde há uma mina de carvão. Eles viverão juntos, administrarão a si mesmos e trabalharão numa fábrica de borracha sintética". Esta foi a versão oficial. Na realidade, sem necesseriamente saber desses detalhes precisos, diplomatas italianos libertaram muitos dos deportados que seriam assassinados. Outro oficial consular, Lucillo Merci, anotou em seu diário sobre o 21 de março que na Polônia "os fisicamente saudáveis entre eles serão postos para trabalhar, enquanto que o restante será eliminado. No final, os fisicamente saudáveis também serão eliminados" [fonte: Carpi, p.145]
Quatro meses antes, em 9 de novembro de 1942, jornais colaboracionistas gregos traziam um discurso de Hitler com a manchete, "A judaria internacional desaparecerá da Europa" (Mazower, p.396). Diplomatas italianos em março de 1943 tinham então aprendido o verdadeiro significado da profecia de Hitler que fora publicado na Grécia no outono anterior.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Jonathan Harrison
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2009/12/holocaust-in-salonica.html
Tradução: Roberto Lucena

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Guernica - O manifesto de Picasso

Guernica
ou o manifesto político de P. Picasso
por Ângela Veríssimo

Um dos quadros que melhor transmite todo o desespero advindo da guerra é o intemporal Guernica de Pablo Picasso, fazendo plena justiça à expressão "uma imagem vale por mil palavras". No início de mais um ano, quase no fim do milénio, aqui neste cantinho do Mundo Ocidental, é tempo de pensar no outro Mundo, cujos povos vivem em palco de guerra, e para os quais nada resta senão esperar por dias de paz.


Picasso não tinha sido muito afectado pela I Guerra Mundial e só com a Guerra Civil Espanhola se interessou por política, tornando-se vivamente solidário com os republicanos. As fotografias que aparecem na imprensa no ínicio de Maio de 1937 relativas ao bombardeamento de Guernica (antiga capital do País Basco) em 36 de Abril tocam-no profundamente. Passado pouco mais de um mês e após 45 estudos preliminares, sai do seu atelier de Paris o painél Guernica (3.50x7.82 m) para ser colocado na frontaria do pavilhão espanhol da Exposição de Paris de 1937 dedicada ao progresso e à paz.

Rapidamente o painél se transforma num objecto de protesto e denúncia contra a violência, a guerra e a barbárie: "O quadro converte-se numa manifestação da cultura na luta política, ou melhor dizendo, no símbolo da cultura que se opõe à violência: Picasso opõe a criação do artista à destruição da guerra"(1).

Donde vem a genial monumentalidade que faz de Guernica uma obra tão singular? Na minha opinião, o seu poder advém da carga emotiva que possui. Efectivamente, o painél não representa o próprio acontecimento, o bombardeamento de Guernica, mas "evoca, por uma série de poderosas imagens, a agonia da guerra total"(2), chegando a constituir uma visão profética da desgraça da guerra que nos ameaça hoje e que nos ameaçará no próximo século que segundo S. Huntington "se caracterizará por muitos conflitos de pequenas dimensões"(3), devido em grande parte à existência, na actualidade, de mais de meia centena de estados fragéis e desintegrados. De facto, a destruição de Guernica foi a primeira demonstração da técnica de bombardeamentos de saturação, mais tarde empregue na II Guerra. Picasso já em fase pós-cubista, consegue aqui tornar o acto pictórico na narração objectiva da ideia que formou perante o acontecimento e da emoção que sentiu. Com ele,"a pintura carrega consigo o seu património de experiências emocionais" deixando de ser "um ideal abstracto de beleza formal ou de representação lírica da aparência vísivel"2. Citando o artista: "Quando alguém deseja exprimir a guerra, pode achar que é mais elegante e literário representá-la por um arco e uma flecha, que de facto, são estéticamente mais belos, mas quanto a mim (...) utilizaria uma metralhadora"(4).

Tecnicamente tudo em Guernica contribui para a transmissão de emoções avassaladoras a começar pelo uso da técnica de "collage" de que Picasso e Braque tinham sido pioneiros em 1911-12 e que o primeiro aqui retoma, já não "colando" objectos na superfície do quadro mas pintando como se fizesse colagens; com este Cubismo de Colagens cria-se um conceito de espaço pictórico radicalmente novo não criado por nenhum artifício ilusionista mas pela sobreposição dos "recortes" planos, neste caso especifíco em tons de preto e cinzento atravessados por claridades brancas e amareladas, numa total ausência da cor, inexoravelmente evocativa da morte.

A par disso, Picasso recorre a formas dramáticas, violentas, a fragmentações e metamorfoses anatómicas que se por um lado criam figuras que não aderem a nenhum modelo "real", por outro exprimem toda a realidade e agonia da dor insuportável. A comprovar isso atente-se nas várias figuras que o pintor representa neste quadro que aparentemente livre, obedece contudo a um rigoroso esquema em termos de construção (imagine-se a tela dividida em 4 rectângulos, com um triângulo cujo vértice corresponde ao eixo vertical que a divide em duas partes iguais): a mãe chorando a morte do filho (descendentes da Pietà...) e o ameaçador touro de cabeça humana, no rectângulo, o "olho" luminoso do candeeiro que derrama uma luz inóspita (no ), a mulher com a lâmpada na mão recordando-nos a Estátua da Liberdade

(no ) e o homem que em desespero levanta os braços ao céu (no ). Repare-se ainda no cadáver empunhando a espada partida (um emblema da resistência heróica) e o cavalo ferido que aparecem no referido triângulo. O cavalo é à semelhança do touro uma figura saída da mitologia espanhola; representa o povo que agoniza sob o jugo opressor do touro, símbolo da brutalidade, das forças do mal.

Hoje, olhar para Guernica é partilhar o horror que Picasso sentiu há 59 anos perante as imagens da destruição da povoação. Por isso, aqui vai um desejo para o novo ano: que em 1996 tratados como os de Dayton não fiquem pelo papel e que haja sempre um pensamento na mente dos homens: GUERNICA NUNCA MAIS!

Bibliografia:

(1) in "Entender a Pintura", suplemento nº 2 da revista "Artes & Leilões", tradução de Margarida Viegas. (continuar)

(2) H. W. JANSON: "História de Arte", 4ª Edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 1989. (continuar)

(3) CARDOSO,José: "O Terror Supremo", REVISTA do Expresso, 23 de Dezembro de 1995. (continuar)

(4) SECKLER, J.:"New Masses", 3 de Julho de 1945, citado em "Entender a Pintura", suplemento nº 2 da revista "Artes & Leilões", tradução de Margarida Viegas. (continuar)

Fonte: Revista CampUs (Portugal)
Universidade Técnica de Lisboa(Instituo Superior de Agronomia)
http://www.isa.utl.pt/campus/6_pablo.htm

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ex-nazista é condenado à prisão perpétua por crimes de guerra

Nesta terça-feira, Josef Scheungraber, ex-comandante de infantaria do exército nazista de Hitler, agora com 90 anos, foi sentenciado a prisão perpétua. A pena é referente a participação de Scheungraber no assassinato de dez civis em um vilarejo em Toscana, na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.

Apesar do ex-militar negar as acusações, e alegar ter passado a guarda dos tais civis para outros militares alemãs, e não saber o que se deu com eles depois, um tribunal em Munique, condenou o idoso. O julgamento durou cerca de onze meses e aconteceu em um tribunal especial de guerras.

O crime aconteceu em 26 de junho de 1944, quando Scheungraber tinha 25 anos. Apenas uma testemunha prestou depoimento. Gino Massetti, que tinha apenas 15 anos na época, contou que soldados nazistas fuzilaram uma senhora de 74 anos e mais três homens. Ele aformou que mais onze pessoas foram presas.

O condenado, que vive há muitos anos em Ottobrunn, Munique, era tenente comandante de uma tropa de engenheiros de infantaria e chegou a receber homenagens de autoridades locais por seus feitos na segunda Guerra.

Fonte: Redação SRZD
http://www.sidneyrezende.com/noticia/50740+ex+nazista+e+condenado+a+prisao+perpetua+por+crimes+de+guerra

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Os podres e as ligações da extrema-direita suíça, matéria do San Francisco Chronicle(EUA) de 2002

Investigação na suíça.
Suspeita de ligações financeiras entre neonazis anti-EUA com a al Qaeda
Jay Bushinsky, serviço estrangeiro do Chronicle

Terça, 12 de Março de 2002
(03-12) 04:00 PST Berna, Suíça -- Atendendo ordens do Presidente Bush, autoridades suíças estão investigando uma aliança entre extremistas islâmicos e neonazis europeus que tem alegadamente sido providos com apoio financeiro da rede al Qaeda de Osama bin Laden.

--------------------------------------------------------------------------------
Especialistas dizem que militantes islâmicos e movimentos de extrema-direita - uma coalizão que eles chamam de Terceira Posição(Third Position) - compartilham ódios em comum: em relação aos Estados Unidos e aos judeus.

"Extremistas tentam achar meios de pôr de lado suas diferenças e encontrar uma causa em comum," disse recentemente Rabbi Abraham Cooper do Centro Simon Wiesenthal.

A figura central da investigação é Ahmed Huber, um velho suíço de 74 anos convertido ao Islã que diz que o "Lobby Sionista de Israel controla o governo dos EUA e a mídia de massa e molda a política dos EUA."

A Nada Management, uma empresa de Berna de Huber que ajuda essas atividades de forma direta, foi a escolhida publicamente pelo Presidente Bush.

Huber, um sociável e franco ex-jornalista que passou três décadas cobrindo o Parlamento Suíço para um jornal socialista, é um forte apoiador do Partido Nacional Democrático(NPD)da Alemanha(partido neonazista alemão) e políticos de extrema-direita como Jean-Marie Le Pen da França.

Huber faz parte da comissão de diretores da Nada Management. Fundada por um nazista suíço e formalmente conhecida como Banco al Taqwa, a firma de consultoria e gestão é parte do grupo internacional al Taqwa, que os Estados Unidos acreditam ter um longo histórico como um consultor financeiro para a al Qaeda.

"Al Taqwa é uma associação de bancos multinacionais e firmas de gestão financeira que ajudam a al Qaeda a rotacionar o dinheiro ao redor do mundo," disse Bush em 7 de Novembro. O governo dos Estados Unidos congelou os bens de Huber e está pressionando o governo suíço a prendê-lo por seu alegado papel na rede de financiamento da al Qaeda.

Investigadores suíços dizem que as viagens de Huber ao circuíto de leitura muçulmano na Europa Ocidental e América do Norte o conduziu ao contato com seguidores de Bin Laden. Huber admitiu o encontro com associados do exílio Saudita, descrevendo-os como "discretos, bem-educados, pessoas muito inteligentes". Mas ele nega que a Nada Management subescreve atividades da al Qaeda.

Durante uma entrevista em seu estudo, alinhou livros e retratos e fotografias de Adolf Hitler, Richard Wagner, Aiatolá Khomeini, Haj Amin al- Husseini (o Grande Mufti de Jerusalém) e o egípcio Gamal Abdel Nasser, Huber expressou suas visões para o correspondente do Chronicle.

"Os EUA são aliados de 15 milhões de judeus contra 1.3 bilhões de muçulmanos; é aliado de 5 milhões de israelitas contra 200 milhões de árabes", disse ele. "Nós traremos abaixo o lobby de Israel e mudaremos a política externa. Nós faremos isso na América. Quando acontecer você entenderá."

Huber minimiza seu papel na comissão de diretores da Nada Management, dizendo que ele é um acionista minotário que recebe apenas $1,500(dólares) anualmente em compensação. Ele diz que os patrocinadores da empresa são em sua maioria ricos muçulmanos da Malásia e Estados do Golfo Pérsico que se especializam em projetos de "benefícios a países do Terceiro Mundo -- como novas estradas, clínicas, desenvolvimento de agricultura."

Mas Hansjuerg Mark Wiedmer, um portavoz de um procurador suíço, discorda. Seu escritório tem investigado as atividades da Nada Management na Suíça, Alemanha e Estados Unidos nos últimos seis meses.

"Não há quaisques indicações de que a al Taqwa poderia tenha estado a financiar a al Qaeda," diz ele. "Desde o 11 de Setembro, nós temos estado a procurar conexões criminosas. Nós temos estado em seu rastro desde antes mas não temos evidência suficiente para abrir processos criminais. Isto tem mudado."

Wiedmer diz que os dados que ele juntou tem sido fornecidos às autoridades dos EUA, mas especificou que se as acusações forem eventualmente comprovadas, os "acusados" serão julgados numa corte Suíça.

Três outros membros da comissão de diretores da Nada Management também foram interrogados pelas autoridades suíças, italianas e norte-americanas: Youssef Nada, um expatriado egípcio que tem cidadania italiana; Ali Himmat, um nacional sírio; e Mohamed Mansour, um residente de Zurique.

Nada vive em Campione d'Italia, uma pequeno enclave italiano e refúgio fiscal próximo ao sul da cidade Suíça de Lugano. Três meses atrás, a polícia de Campione vasculhou o escritório local da Nada Management e confiscou gravações e documentos.

A diretoria da Nada Management recebe assistência da comunidade de acadêmicos islâmicos encabeçada pelo Xeque Youssef al-Qaradawi, um egípcio ligado ao grupo fora-da-lei em seu país, a Irmandade Muçulmana. As proposições do comitê é de ter certeza de Nada segue a doutrina islâmica e também de banir taxas de juros.

O inimigo suíço de longa data de Huber é Jean-Claude Buhrer, um correspondente do proeminente diário francês Le Monde. Buhrer recentemente citou uma coluna publicada em Morgenstern, um jornal lido por ex-membros sobreviventes do tempo de guerra na Alemanha das Waffen-SS, no qual Huber diz que muçulmanos e nazistas estavam envolvidos na mesma luta.

"Isto é equivalente a um casamento entre a suástica e o crescente (Islâmico)," escreveu Buhrer.

Buhrer também atacou Huber por negar o escopo do Holocausto executado pelos nazistas e por ser um discípulo de fé de Francois Genoud, um advogado suíço que bancou Hitler e serviu como agente alemão durante a Segunda Guerra Mundial.

Depois da guerra, Genoud subescreveu a organização clandestina Odessa, que, de acordo com o famoso caçador de nazistas Simon Wiesenthal, possibilitou que notórios fugitivos nazistas como Adolf Eichmann, Alois Brunner e Klaus Barbie escapassem para a América do Sul e o Oriente Médio.

Autoridades acreditam que Genoud fundou o Banco al Taqwa e alocou seus recurços para apoiar terroristas internacionais tais como Vladimir Ilich Ramirez, Carlos o Chacal, e Bin Laden.

Genoud cometeu suícidio em 1996, logo após líderes judaicos e oficiais de bancos suíços anunciarem um acordo sem precedentes para abrirem uma comissão para examinar o banco secreto e arquivos de governo para pesquisar fundos depositados na Suíça por vítimas do Holocausto, de acordo com Buhrer.

Ao longo dos anos, Genoud pagou o advogado francês Jacques Verges para defender Ramirez e Barbie e também cobriu as despesas legais de Eichmann antes de ir à corte isralense em 1961. Ele também bancou o exílio prolongado de Khomeini na França quando o Irã era governado pelo Xá Mohammed Reza Pahlavi.

A admiração de Genoud por Khomeini é compartilhada por Huber. "'Ele era um homem fantástico," disse Huber.

Este artigo apareceu na página A - 12 do San Francisco Chronicle

Fonte: San Francisco Chronicle
http://www.sfgate.com/cgi-bin/article.cgi?file=/chronicle/archive/2002/03/12/MN192483.DTL

Infos adicionais, Spiegel(Alemanha), neonazistas na Suíça:
https://www.spiegel.de/international/0,1518,grossbild-925029-495943,00.html

Tradução minha, matéria de 2002 de um jornal tradicional dos EUA, o San Francisco Chronicle. Parece que não mudou muita coisa de lá pra cá no "cárater" da extrema-direita suíça(a bem da verdade é que toda extrema-direita se parece em quase todo p mundo, pra não isolar esse caso, o problema é quando isto começa a fazer parte ativa politicamente de um Estado). Pelo visto a extrema-direita xenofóbica na Suíça vive livre e feliz naquele país, parece que não houve um processo forte de 'desnazistificação' das posições ou de rejeição a este tipo de grupo deletério e racista, lamentavelmente.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Os campos de internação do sul da França (Holocausto)

Os campos de internação do sul da França
Da exclusão ao extermínio


Na foto: Os campos de internação do sul da França
Löw e Bodek “Toujours la même chose”. Lavis. Camp de Gurs, 1940

Que a prática da xenofobia, da discriminação e da exclusão podem, sob certas condições, conduzir ao extermínio do outro é uma afirmação não só de ordem especulativa senão uma das mais duras lições do século XX. Um índice revelador de tal escalada que foi da “exclusão” até a “eliminação” massiva da população considerada indesejável é provido pelas transformações sofridas pelos campos de reclusão do sul da França. Efetivamente, estes locais destinados em princípio a serem centros de refugiados, especialmente de espanhóis republicanos e alemães social-democratas e comunistas, transformariam-se, no curso da guerra, de campos de deportação, à antessala dos centros de extermínio no centro da Europa.

A questão assume um viés particularmente espinhoso: aqueles centros de detenção foram localizados antes da chegada do governo pró-alemão de Vichy, precisamente foram construídas durante o período da República, sob o governo de Daladier em 1938. Esta nota singular dos campos do sul da França, o fato que remontam suas origens ao período republicano, os tem investido de caráter problemático que alcançam o coração da mesma memória histórica francesa. Contudo, nas últimas décadas, tem-se podido assistir a relevantes expressões por voltar-se sobre os passos daquele ignominioso lastro que nasceu durante a República. Uma das maiores expressões de retorno sobre o cenário dos campos do sul da França, anos depois do massacre, foi empreendida pela Biblioteca Municipal de Toulouse - fisicamente próxima a área onde se localizavam aqueles campos - sob a iniciativa e direção de Monique-Lise Cohen. De fato, a Biblioteca Municipal de Toulouse organizou diversas amostras sobre o antissemitismo no sul da França.

A abjeta lógica - a que vai da segregação ao extermínio - que testemunham estes campos, aquela que os levou a operar como centros de internação para estrangeiros e a chegar a serem campos de morte, é digno de uma revisão sobre sua existência.

Um traço singular no processo de deportação no sul da França concerne a anterioridade dos campos de internação referente ao governo de Vichy e a ocupação alemã. Mais precisamente, a origem destes campos remonta ao período da República, sob o governo de Daladier, em 1938. Esta “iniciativa” será herdada pelo governo pró-alemão de Vichy transformando o caráter e fim dos campos. Revela-se assim uma certa continuidade entra a obra do governo Republicano e o governo de Vichy sustentada, apesar de seus contrastes, no fino fio da xenofobia e da discriminação. Aqueles campos de refugiados destinados a comunistas, republicanos espanhóis e social-democratas alemães, converteram-se a partir de novembro-dezembro de 1940 em campos de judeus.

Na foto: Chegada dos refugiados espanhóis a França.
L’Illustration, 11 de fevereiro de 1939.

Com exatidão, os campos do sul da França nascem com o decreto-lei de 12 de novembro de 1938 do governo de Daladier. Aquele decreto já fazia referência aos “estrangeiros indesejáveis” um termo que evocava uma lei de 1849 que previa a expulsão de todos os estrangeiros julgados perigosos. O contexto destas medidas remetiam diretamente, durante este período, aos acontecimentos que por aqueles anos eram vividos no território espanhol, em especial Barcelona e outras zonas da Espanha próximas a França. Durante o mês de janeiro de 1939 um contingente numeroso de republicanos espanhóis, intimidados ante o avanço franquista, se dirigiam até a fronteira francesa.

Entre o 26 de janeiro - a um dia da queda de Barcelona - e o 9 de fevereiro - quando os nacionalistas fecharam definitivamente a fronteira catalã -, mais de 500.000 espanhóis, primeiro civis e militares feridos e depois os soldados republicanos, passaram pela aduana de Perthus. O primeiro “centro especial” destinado a internação de refugiados foi instalado por decreto em 21 de janeiro de 1939 em Rieucros perto de Mende(Lozère). Em pouco tempo esta “designação de residência” se tornaria em “internação administrativa”. Pouco depois, entre março e abril de 1939 se situam seis centros nas periferias dos Pirineus Orientais para o internamento de milicianos: em Bram(Aude) reservado aos anciãos; Agde (Hérault) e Riversaltes (Pirineus-Orientais)destinado aos catalães; Sepfonds (Tarn-et-Garonne) e Le Vernet (Ariège)para os trabalhadores e Gurs (Basses Pyrénées)onde esteve internada Hannah Arendt. Estes dois últimos centros foram os campos franceses mais importantes e funcionaram até 1944. Particularmente o campo de Le Vernet - onde permaneceu o escritor e ensaísta Arthur Koestler - teria como nota própria a ser “campo repressivo” onde deveriam ficar presos os “indivíduos perigosos para a ordem pública e a segurança nacional”, em geral comunistas e dirigentes das Brigadas Internacionais.

O destino dos internados nos campos do sul da França sofreria rapidamente as consequências das cada vez mais estreitas relações do governo de Vichy com o regime nazi. Seguindo os termos do tratado concluído em 22 de junho, o regime de Vichy entregou, na noite de 8 de fevereiro de 1941, algo em torno de vinte alemães antinazis reclusos nos campos para as autoridades do Reich. Entre estes alemães estavam os prestigiados Herschel Grynspan, Rudolf Hilferding e Rudolf Breitscheid, morto num campo nazi em 1944.

Pouco a pouco, os campos foram afetados pela coloratura particular das políticas antissemitas que impunham a aproximação do governo de Vichy ao regime nazi. Em 2 de outubro de 1940 o prefeito de Haute Garonne ordena que os ‘israelitas franceses sem recursos’ se dirijam ao campo de Clairfont. Sem nenhuma pressão alemã, Vichy estabeleceu uma discriminação jurídica que repousava sobre o postulado racial. O propósito do governo de Vichy era “limitar a influência judia” por uma série de interdições profissionais. Numa declaração promulgada em 18 de outubro o Conselho de Ministros adaptava o decreto anterior de 1938 relativo ao internamento de estrangeiros ao novo parâmetro racial e a perseguição antissemita. A nova lei permitia aos prefeitos internar nos “campos especiais” o estrangeiros de “raça judia”. A administração municipal começou, então, a revisar suas estatísticas segundo o novo critério racial. Em novembro, o prefeito de Haute Garonne indica a Vichy que os 53% dos 2000 internados de seu departamento eram da “raça judia” porcentagem que se elevaria a 70 % dos 40.000 estrangeiros internados da Zona Não-Ocupada.

A política fazia a população judia sofrer um virada crucial em outubro de 1940 quando se condena os judeus estrangeiros ao internamento e a vigilância especial em vilas distantes. O centro provincial maior, logo promovido a categoria de campo, foi o de Bouches du Rhône acerca de Aix, na carvoaria de Milles, onde foram reunidos 2.000 emigrados, entre os quais se encontrariam intelectuais de renome tais como Golo Mann, Walter Benjamin, Max Ernst e Lion Feuchtwanger que estampou num livro suas memórias do internamento sob o título de 'Diabo na França'.

Na foto: Monumento à Memoria dos deportados
(Cemitério do Campo de Noé)

Os mais notórios campos do sul da França foram Gurs, Argèles, Noé, Récébédou e Riversaltes. Vichy operou Vernet, Rieucros e a prisão de Brébant em Marselha como campo de punição. Os campos se caracterizaram, sobretudo, por suas condições de vida intoleráveis. Um informe do American Friends Service Comittee de janeiro de 1942 os chamava de locais para “esquálidos, apertados e enfermos com altas probabilidades de morrer”. André Jean-Faure, inspetor dos campos de Vichy e sem dúvida um não-crítico do regime descobriu condições chocantes nos campos. As crianças e os anciãos pereciam rapidamente entre a falta de vestimenta, o tifo e a tuberculose. Serge Klarsfeld calculou em 3000 os judeus mortos neste período.

De todos os campos da Zona Não-Ocupada, o de Gurs foi talvez o mais infame. Localizado em Basses-Pyré, sudoeste da cidade de Pau, Gurs foi apressadamente construído em 1939 como centro de detenção para 15.000 refugiados espanhóis. Durante os anos da guerra a população do campo, a maioria judeus mas também espanhóis e romenos, flutuou entre 6.000 a 29.000 pessoas. Em 1940, durante uma série de dramáticos traslados, as autoridades alemães expulsaram cerca de 7.000 judeus de Palatinado para Gurs em trens selados. Muitos daqueles que os nazis expulsaram de Baden, da Saarland e da Alsácia-Lorena hegaram a Gurs em 1940 só para aguardar a deportação em 1942. Cerca da metade dos judeus expulsos nesta operação estavam por chegar aos sessenta anos de idade(o mais velho foi um de 100 anos)e, naturalmente, não puderam sobreviver sob aquelas condições. Em novembro de 1940 uma média de oito pessoas por dia morriam no campo. Em novembro de 1943 haviam morrido 1.038 pessoas e cerca de 3900 haviam sido deportadas aos campos de morte nazi.

O campo de Riversaltes, a 20 quilômetros ao norte do povoado de Perpignan nos Pirineus Orientais, alojou cerca de 9.000 pessoas, a maioria judeus, incluindo até 3.000 crianças. Riversaltes abriu em 1941 para ‘atender’ o cada vez mais crescente número de internos judeus.

Até Riversaltes, foram orientadas uma série de esforços de diversas organizações judias para aliviar as penúrias dos que ali se encontravam: o rabino René Hirschler, capelão geral para os campos, intentou manter uma quantidade módica de vida cultural e religiosa judia para os prisioneiros, a Comissão Nîmes, um grupo de ajuda combinado, trabalhou para levar diversas formas de assistência as mães e crianças internados. As condições alimentares e de vestimenta em Riversaltes eram de tal grau de indigência que em 1942 o American Friends Service Comittee computava uma morte diária com maior incidência entre as crianças.

O campo de Noé com a metade de sua população judia e a outra dividida entre alemães e espanhóis foi outro campo de detenção onde os internos sofreram iguais condições inumanas durante sua permanência.

Entre os campos mais cruéis se encontra aquele de Le Vernet no que estaria internado o grande escritor Arthur Koestler junto a uma população que chegaria aos 3000 internos. Daquela população cerca de um quarto eram membros das Brigadas Internacionais e o resto judeus. Koestler pôde finalmente evadir-se, em 1940, mas o caráter de terror do campo ficaria bem retratado em seu livro de memórias 'A escória da terra'.

Como assinalamos mais acima estes campos sofreram pouco a pouco uma importante mudança de status. No começo entre 1939 e 1940, a maior parte deles eram campos para “estrangeiros perigosos” que persistiam como um corpo estranho à democracia, sendo sua existência amplamente debatida na câmara de deputados e na imprensa, sobretudo pelos diários de esquerda L’Humanite e o Populaire que em fevereiro de 1939 denunciavam a existência de “campos de concentração”. Mas a partir de 1942 os campos do sul da França, até esse momento herança assumida bem que mal pelo Estado francês, tornaram-se instrumentos naturais da política repressiva de Vichy.

Já em janeiro de 1940, 13.000 espanhóis haviam sido deportados desde os campos do sul até o campo nazi de Mauthausen onde pereceriam em número de 5.000.

Este caminho que recorreram os campos do sul da França, caminho impensado por aqueles a que na democracia os criaram seguramente sem imaginar sua transformação posterior, confrontam-nos com a periculosidade do gesto segregacionista ou xenófobo ainda quando se queira que este seja contido dentro das margens da lei. A sutil pátina que separa a exclusão do extermínio pode ser franqueada sob certas circunstâncias, certas mas não excepcionais circunstâncias segundo nos demonstra o século que deixamos."

Pablo M. Dreizik
Os campos de internação do sul da França.

Fonte: Fundación Memoria del Holocausto
Texto original(espanhol): http://www.fmh.org.ar/revista/18/delaex.htm
Tradução: Roberto Lucena

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...