Partido extremista NPD presente no Parlamento de dois estados-federados da ex-RDA
Extrema-direita é mais forte no Leste mas é um problema nacional
13.06.2011 Por Maria João Guimarães
É voz corrente dizer que o problema da extrema-direita na Alemanha é mais forte na antiga República Democrática Alemã (RDA). Jamel, a pequena aldeia dominada pelos neonazis onde vivem Birgit e Horst Lohmeyer, parece ser a confirmação disso mesmo: fica no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, um dos dois estados federados onde o Partido Nacional Democrático (NDP) tem representação no parlamento local. O outro é a Saxônia, onde o NPD fez a sua estreia num parlamento de um Land em 2004. O partido nunca conseguiu, no entanto, chegar perto da marca dos cinco por cento, necessário para obter representação parlamentar a nível federal.
A explicação da maior presença da extrema-direita na Alemanha de Leste parece estar em vários factores: primeiro, no modo como a RDA lidava com o seu passado nazi, apresentando o fenómeno como ligado à parte ocidental do país e negando a sua participação no regime de Hitler; segundo, pelas maiores dificuldades econômicas e desemprego na antiga parte comunista; e por último, ironicamente, por haver menos estrangeiros e judeus no lado oriental do país, o que faz com que haja mais xenofobia e antissemitismo.
No entanto, para os Lohmeyer, enquadrar a questão assim é redutor. "A extrema-direita é um problema da Alemanha - de toda a Alemanha", dizem. Pode ser pior no Leste, mas o que é preciso é uma forte ação nacional, defendem. Por exemplo? "Proibir o Partido Nacional Democrático."
Os políticos do NPD têm tentado distanciar-se da glorificação do Terceiro Reich e focar-se em questões como imigração ou desemprego; uma tentativa anterior de proibir o partido esbarrou com o fato de que muitas declarações de responsáveis que seriam usadas no processo serem de membros do partido que eram, na verdade, agentes da polícia infiltrados.
Não é fácil fazer um retrato da extrema-direita na Alemanha. Há várias organizações que discordam umas das outras, há muitas diferenças ideológicas. Por exemplo, em relação aos estrangeiros: "Há correntes que não toleram estrangeiros, há correntes que dizem que os estrangeiros são bem-vindos desde que venham como turistas... e depois se vão embora", conta Birgit Lohmeyer. Há os que negam certos acontecimentos históricos como o Holocausto e os que os elogiam. Há os que defendem participar no sistema democrático e os que defendem a sua destruição.
A agência de segurança interna da Alemanha avisou recentemente para o crescimento de membros dos Nacionalistas Autônomos, um grupo que recusa a participação em eleições e que é conhecido pela violência. Este grupo terá cerca de 5600 membros, segundo o presidente do Gabinete Federal para a Protecção da Constituição Heinz Fromm (mais 600 do que no ano anterior).
Por outro lado, os números mais recentes do NPD baixaram: o partido contava com 6600 membros no final do ano passado (menos 300 do que em 2009), e a extrema-direita, no seu conjunto, contava com 25 mil pessoas, tendo as organizações desta tendência perdido 1600 membros no último ano.
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/extremadireita-e-mais-forte-no-leste-mas-e-um-problema-nacional_1498555
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