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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ministro alerta para disseminação de ideologia neonazista no Leste alemão

Ministro alerta para disseminação de
ideologia neonazista no Leste alemão
Ministro do Interior da Alemanha demonstra preocupação com disseminação de ideologias neonazistas no Leste alemão, mas vê com ceticismo proibição de partido de extrema direita.

"Estou preocupado que em algumas regiões do Leste da Alemanha os neonazistas marcam presença e se infiltram propositalmente na sociedade civil para atingir suas metas. Não deveríamos permitir que isso aconteça", afirmou o ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, ao jornal berlinense Der Tagesspiegel.

O ministro chamou também a atenção para o fato de que a Alemanha, como país que vive de exportações, não possa de forma alguma se apresentar como nação xenófoba. "Se queremos vender nossas mercadorias em todos os lugares do mundo, temos também que nos mostrar abertos aos que se interessam pelo nosso país", salientou Friedrich. Especialmente no Leste alemão, lembrou o ministro, o êxodo da população é notável, o que faz com que haja uma grande demanda de força de trabalho estrangeira.

"NPD em decadência"

Friedrich, por outro lado, confirmou em entrevista ao jornal berlinense sua postura de ceticismo frente a um novo requerimento de proibição do partido de extrema direita NPD perante o Tribunal Constitucional Federal. "O NPD é um partido totalitário, avesso aos princípios constitucionais, que não tem absolutamente nada a ver com a nossa democracia. Mas a postura de um partido não basta para proibi-lo", explicou o ministro da conservadora União Social Cristã (CSU).

Friedrich sugeriu, inclusive, que o NPD possa sair fortalecido de um novo confronto em nível jurídico visando sua proibição. Os últimos resultados eleitorais, alertou o ministro, demonstraram que o NPD está "em plena decadência".

Hans-Peter Friedrich, ministro
alemão do Interior
Friedrich vê também como problemática, no caso de um novo processo para a proibição do partido de extrema direita, a conduta frente aos informantes das autoridades de segurança dentro do NPD: "Nós nos encontramos em um dilema: de um lado, ficamos sabendo através dos informantes o que o NPD de fato pensa e quer. Por outro lado, não podemos utilizar este material porque não podemos dizer perante o tribunal os nomes verdadeiros destes informantes".

Mesmo assim, Friedrich rejeita a ideia de publicação aberta dos nomes dos informantes. Pois com isso, acredita o ministro, "todo o sistema de informantes das autoridades de segurança perderia sua função. E precisamos destes informantes, sobretudo no combate ao extremismo", argumentou o ministro.

Em 2003, um processo de proibição do NPD na Alemanha acabou fracassando em função da problemática que envolve os informantes dos serviços secretos. As provas da inconstitucionalidade do partido vinham em parte dos informantes, que são, ao mesmo tempo, membros do NPD. Os juízes responsáveis pelo caso viram aí um conflito de interesses dos informantes e revidaram, por isso, o pedido de proibição do partido.

Novo dossiê sobre o NPD

Além do Partido Social Democrata (SPD), diversos políticos da União Democrata Cristã (CDU), nas esferas federal e estadual, defendem um novo requerimento de proibição do NPD. Segundo informações divulgadas pela mídia, o serviço de proteção à Constituição reuniu, em um novo dossiê, mais de 3 mil provas da inconstitucionalidade do partido.

O ministro do Interior, bem como os secretários estaduais da pasta, irão se reunir no dia 5 de dezembro, a fim de avaliar este material e tomar uma nova decisão a respeito de um possível novo processo para proibir o NPD.

SV/dpa/afp/dapd/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: Deutsche Welle (Alemanha)
http://www.dw.de/dw/article/0,,16274771,00.html

domingo, 23 de outubro de 2011

Gilad Margalit - A Alemanha e seus ciganos (Uma experiência traumática pós-Auschwitz) (Livro)

A Alemanha e seus ciganos
Uma experiência traumática pós-Auschwitz (tradução livre)
Gilad Margalit

"Nenhum outro estudo examina tão cuidadosamente e abrangentemente a história dos ciganos na Alemanha, especialmente desde o fim da Segunda Guerra Mundial."
—James F. Tent, autor de Mission on the Rhine(Missão no Reno)

O historiador Gilad Margalit eloquentemente preenche uma trágica lacuna no registro histórico com esta examinação extensa da situação dos ciganos antes, durante e desde a era do Terceiro Reich.

O livro "Germany and Its Gypsies"(A Alemanha e seus ciganos) revela o registro do sofrimento oriundo do tratamento oficial aos ciganos alemães, um povo cujo futuro, na sombra de Auschwitz, permanece incerto. Margalit segue a história do elevado racismo do século XIX até as políticas genocidas do nazismo que resultaram no assassinato da maior parte dos ciganos alemães, da mudança de atitudes nas duas Alemanhas em 1945 passando pela reunificação e depois até o presente.

Inspirando-se numa rica variedade de fontes, Margalit considera os eventos históricos fundamentais, os argumentos jurídicos, debates e mudança de atitudes em relação ao status dos ciganos alemães e ilumina uma vital e importante luz sobre o problema dos grupos étnicos e sua vitimização na sociedade. O resultado é um poderoso e inesquecível testemunho.

Gilad Margalit é professor no Departamento de História Geral da Universidade de Haifa, Israel.

Fonte: site da Editora da Universidade de Wisconsin(EUA)
http://uwpress.wisc.edu/books/2050.htm
Tradução: Roberto Lucena

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Extrema-direita é mais forte no Leste mas é um problema nacional

Partido extremista NPD presente no Parlamento de dois estados-federados da ex-RDA
Extrema-direita é mais forte no Leste mas é um problema nacional
13.06.2011 Por Maria João Guimarães

É voz corrente dizer que o problema da extrema-direita na Alemanha é mais forte na antiga República Democrática Alemã (RDA). Jamel, a pequena aldeia dominada pelos neonazis onde vivem Birgit e Horst Lohmeyer, parece ser a confirmação disso mesmo: fica no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, um dos dois estados federados onde o Partido Nacional Democrático (NDP) tem representação no parlamento local. O outro é a Saxônia, onde o NPD fez a sua estreia num parlamento de um Land em 2004. O partido nunca conseguiu, no entanto, chegar perto da marca dos cinco por cento, necessário para obter representação parlamentar a nível federal.

A explicação da maior presença da extrema-direita na Alemanha de Leste parece estar em vários factores: primeiro, no modo como a RDA lidava com o seu passado nazi, apresentando o fenómeno como ligado à parte ocidental do país e negando a sua participação no regime de Hitler; segundo, pelas maiores dificuldades econômicas e desemprego na antiga parte comunista; e por último, ironicamente, por haver menos estrangeiros e judeus no lado oriental do país, o que faz com que haja mais xenofobia e antissemitismo.

No entanto, para os Lohmeyer, enquadrar a questão assim é redutor. "A extrema-direita é um problema da Alemanha - de toda a Alemanha", dizem. Pode ser pior no Leste, mas o que é preciso é uma forte ação nacional, defendem. Por exemplo? "Proibir o Partido Nacional Democrático."

Os políticos do NPD têm tentado distanciar-se da glorificação do Terceiro Reich e focar-se em questões como imigração ou desemprego; uma tentativa anterior de proibir o partido esbarrou com o fato de que muitas declarações de responsáveis que seriam usadas no processo serem de membros do partido que eram, na verdade, agentes da polícia infiltrados.

Não é fácil fazer um retrato da extrema-direita na Alemanha. Há várias organizações que discordam umas das outras, há muitas diferenças ideológicas. Por exemplo, em relação aos estrangeiros: "Há correntes que não toleram estrangeiros, há correntes que dizem que os estrangeiros são bem-vindos desde que venham como turistas... e depois se vão embora", conta Birgit Lohmeyer. Há os que negam certos acontecimentos históricos como o Holocausto e os que os elogiam. Há os que defendem participar no sistema democrático e os que defendem a sua destruição.

A agência de segurança interna da Alemanha avisou recentemente para o crescimento de membros dos Nacionalistas Autônomos, um grupo que recusa a participação em eleições e que é conhecido pela violência. Este grupo terá cerca de 5600 membros, segundo o presidente do Gabinete Federal para a Protecção da Constituição Heinz Fromm (mais 600 do que no ano anterior).

Por outro lado, os números mais recentes do NPD baixaram: o partido contava com 6600 membros no final do ano passado (menos 300 do que em 2009), e a extrema-direita, no seu conjunto, contava com 25 mil pessoas, tendo as organizações desta tendência perdido 1600 membros no último ano.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/extremadireita-e-mais-forte-no-leste-mas-e-um-problema-nacional_1498555

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Antissemitismo na Alemanha Oriental

Exposição tematiza o antissemitismo na Alemanha Oriental

A exposição em Prora
Exposição itinerante enfoca tema que foi durante muito tempo tabu: os maus tratos aos judeus na Alemanha Oriental após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Quando a República Democrática Alemã (RDA) foi fundada, após a Segunda Guerra Mundial, o sistema comunista implantado pretendia ser um recomeço. A proposta era a da igualdade entre todos os cidadãos, deixando de lado o passado, fosse ele nobre ou vergonhoso.

Não houve debate sobre o Holocausto ou sobre o que determinadas pessoas fizeram e por que o fizeram. Isso fez com que o antissemitismo persistisse no país, de acordo com os organizadores de uma exposição que trata da discriminação sofrida pelos judeus na RDA, a Alemanha Oriental.

Muitos alemães orientais, contudo, ainda têm dificuldades de acreditar que havia espaço para o antissemitismo num Estado que se autointitulava antifascista.

Uma exposição itinerante, organizada pela Fundação Amadeu Antonio, tenta explicar aos visitantes como a perseguição, em parte sob os auspícios do Estado, permaneceu sendo parte integrante da vida dos judeus na RDA. Exibida no momento no balneário de Prora, localizado na Ilha de Rügen, no Mar Báltico, a exposição "Nós não tínhamos nada disso!" remete ao tabu em torno do assunto.

"A ideia de que uma ideologia de Estado possa automaticamente impedir pessoas de odiar outras é ridícula", diz Annette Kahane, diretora da fundação que organiza a exposição.

"Os legisladores no Leste disseram 'de agora em diante todos estão desculpados pelo que aconteceu, ninguém fará nada de errado outra vez e podemos começar a construir nosso Estado comunista' – isso também é ridículo", diz Kahane.

A exposição mostra uma evidência atrás da outra de quão antissemita a RDA de fato era. Houve os julgamentos antijudeus e a expurgação de judeus do Partido Comunista nos anos 1950 e a profanação do que havia restado dos cemitérios judaicos. O governo da Alemanha Oriental opunha-se abertamente a Israel, permitindo até mesmo que grupos terroristas palestinos treinassem em território nacional.

As crianças encontram a verdade

As informações apresentadas na mostra foram coletadas por escolares, aos quais pediu-se que entrevistassem residentes locais. A ideia era que isso teria um tom menos acusatório e possibilitaria aos jovens uma lição única de história.

"Imagine se eu tivesse ido até lá. Mesmo que eu venha do Leste, não teria funcionado. As pessoas não teriam falado comigo", diz Heike Radvan, da fundação mentora da exposição.

Na cidade de Hagenow, as crianças tiveram problemas em descobrir o que aconteceu com o antigo cemitério judaico. Demorou quatro meses, conta Radvan, para elas encontrarem um habitante da cidade que sabia dizer o que acontecera.

"As pedras tumulares eram muito pesadas. Elas nos pareceram adequadas quando estávamos fincando os fundamentos de uma garagem", relatou o homem às crianças.

Estereótipos perigosos

Segundo Kahane, alguns típicos estereótipos sobre judeus também podem ter causado o antissemitismo das lideranças comunistas. "Havia algumas características projetadas nos judeus que não combinavam muito bem com as ideias do regime comunista. Os judeus eram acusados de serem capitalistas demais, executivos de bancos, os caras do dinheiro", diz.

Eles eram também considerados desonestos, traidores ou arrogantes, acrescenta Kahane. "Os judeus eram vistos como figuras cosmopolitas. E cosmopolitismo era o oposto do que os legisladores queriam", finaliza a diretora da Fundação Amadeu Antonio.

História difícil de aceitar

"Nós não tínhamos nada disso!" incomoda alguns dos visitantes. "Aqui está outro exemplo de difamação pública da RDA", escreveu um deles no livro de visitantes da mostra. "Como ex-cidadão da RDA, considero essas acusações inaceitáveis", escreveu outro.

"A exposição não acrescenta nada de valor ao conhecimento das pessoas", afirmou um terceiro. Há, contudo, aqueles que veem o caráter informativo da mostra. "Acho ótimo ver esse assunto tratado numa exposição. Nunca vi nada que abordasse o tema assim antes", registrou uma visitante.

Susanna Misgajski, historiadora local de Prora, afirma que valeu a pena ver o projeto apresentado em sua região e que a população local pareceu se interessar pelo assunto. Mas não porque a região desconheça o antissemitismo durante os anos de RDA, analisa Misgajski.

Muitos proprietários de hotéis ao longo da costa do Báltico perderam suas propriedades durante uma campanha do governo comunista chamada Ação Rosa (Aktion Rose), e muitos deles acabaram presos, explica a historiadora.

A um desses proprietários, que era judeu, foram repetidos chavões da propaganda antissemita em pleno julgamento, no tribunal. Ele foi obrigado a cumprir uma pena muito maior na prisão do que as vítimas não judias da campanha de expropriação, completa Misgajski.

A exposição itinerante, que começou em 2007, segue agora para sua próxima estação dentro da Alemanha. Há planos de levá-la para o exterior em 2012.

Autor: Hardy Graupner (sv)
Revisão: Alexandre Schossler

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6144501,00.html

sábado, 5 de junho de 2010

1952: Criado o Arquivo Nacional Alemão

No dia 3 de junho de 1952, foi fundado na cidade de Koblenz um arquivo central, onde estão guardados, entre outros, importantes documentos do tempo do nazismo.

(Foto) Funcionário do Arquivo Nacional expõe 'Os direitos elementares do povo alemão', de 1848

É enorme a quantidade de documentos guardados no registro nacional da Alemanha, na cidade de Koblenz. Colocadas lado a lado, as estantes do Arquivo Central cobririam uma distância de 250 quilômetros. Na sua inauguração, o arquivo possuía apenas sete funcionários. Hoje em dia, são 260, e mais 580 nas filiais de Aachen, Bayreuth, Frankfurt, Potsdam e Rastatt.

Embora, na época de sua fundação, a escolha de Koblenz para sede tenha sido motivo de controvérsia – pois alguns queriam que fosse Bonn, sede provisória do governo da Alemanha Federal –, com o passar do tempo a polêmica acabou sendo esquecida.

A tarefa primordial do Arquivo Central continua sendo, até hoje, a documentação dos acontecimentos na Alemanha, através do arquivamento dos atos do governo. Com exceção dos documentos do tempo do nazismo e da ex-Alemanha Oriental, os registros do governo são guardados durante 30 anos.

Aberto a consultas particulares

Em 1986, o arquivo ganhou uma sede nova, mas continuou na cidade onde se encontram os rios Reno e Mosela. Mais tarde, com a unificação alemã, enriqueceu seu acervo com documentos históricos da ex-República Democrática Alemã (RDA). Cada uma das filiais é dedicada a um setor específico, como o arquivo militar, que fica em Freiburg, ou o cinematográfico, em Berlim.

A partir de 1987, uma alteração na legislação regulamentou o uso do arquivo central. Cada cidadão alemão pode consultar o acervo, seja para objetivos jornalísticos, científicos ou da administração pública, desde que o faça em pedido oficial, justificando o motivo de seu interesse.

Estão armazenados no arquivo documentos desde 1815, passando pelo Deutsches Reich (o Império Alemão, de 1867/71-1945), pelos tempos da ocupação doa Aliados (1945-1949), pela República Democrática Alemã (1949-1990) e a República Federal da Alemanha (a partir de 1949).

Ernst Meinhardt (rw)

Fonte: Deustsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,566097,00.html?maca=bra-rss-br-top-1029-rdf

Ernst Meinhardt (rw)

Site do Arquivo Central da Alemanha
Com informações sobre o centro de documentação e suas filiais (em alemão)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Alemanha: Êxitos eleitorais da extrema-direita catalizam violência neonazi, avisa chefe da polícia judiciária

Internacional
Lusa

Os sucessos eleitorais do Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD), principal força da extrema-direita alemã 'podem ter efeitos catalizadores' para os neonazis dispostos à violência, advertiu hoje em Berlim o presidente da Polícia Judiciária federal (BKA).

Joerg Ziercke sublinhou que, apesar de não haver uma 'ligação institucional” entre o NPD e os delinquentes neonazis, “há militantes deste partido envolvidos em actos de violência extremista, e que se destacam como delinquentes”.

“As pessoas em questão têm em média 24 anos, um baixo nível de qualificação, provêm de famílias pouco harmoniosas e, em regra, praticam delitos violentos”, disse o chefe da BKA.

De acordo com Joerg Ziercke, um estudo da Universidade de Dresden revelou que três quartos dos delitos violentos foram praticados em locais públicos, com especial incidência nas proximidades de estações ferroviárias, paragens de autocarros ou ruas com cervejarias.

Segundo dados da BKA, em 2009 registaram-se cerca de 20 mil delitos praticados por elementos da extrema-direita, entre os quais mil actos violentos.

Cerca de dois terços foram delitos de propaganda fascista ou neonazi, muitos dos quais com recurso á internet, através de servidores localizados no estrangeiro.

Desde a reunificação alemã, em 1990, a violência da extrema-direita fez 47 vítimas mortais, de acordo com as estatísticas oficiais.

Levantamentos efectuados pela imprensa alemã e por organizações anti-fascistas apontam, no entanto, para mais de 100 mortos às mãos de caceteiros neonazis na Alemanha, porque a polícia nem sempre atribui aos crimes carácter político.

A primeira vítima da violência nazi já na Alemanha reunificada foi o angolano Amadeu António Kiowa, espancado até à morte com bastões de basebol por neonazis em Dezembro de 1990 em Eberswalde, no leste do país.

Outro caso tristemente célebre foi a agressão neonazi que provocou a morte do moçambicano Alberto Adriano, em Junho de 2000, em Dessau, (leste).

Em Junho de 1998, o operário português Nuno Fontinha foi também espancado por um grupo de “hooligans” alemães, vindo a falecer meses depois, já em Portugal, em consequência dos graves ferimentos sofridos.

Fonte: Lusa/Correio do Minho(Portugal)
http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=19689

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Olga Benario para o público alemão

'Olga Benario. Uma Vida pela Revolução', de Galip Iyitanir

Documentário do diretor turco Galip Iyitanir sobre a vida de Olga Benario estréia nos cinemas alemães. Em entrevista à DW-WORLD, Iyitanir fala da recepção do filme e discorre sobre algumas de suas escolhas narrativas.

Se Olga Benario foi um ícone sob o regime comunista da ex-Alemanha Oriental, seu nome é praticamente desconhecido nos Estados que pertenciam à parte ocidental do país. Sua ligação com Luiz Carlos Prestes, sua passagem pelo Brasil, a deportação pelo governo Vargas e a morte em um campo de concentração são capítulos praticamente ignorados na Alemanha unificada de hoje.

"Mesmo tendo sido amada na RDA, Olga Benario não é conhecida de todos, quanto menos da nova geração", diz Iyitanir. Embora haja no país inúmeras ruas, escolas e até cineclubes que levam seu nome.

Ao voltar luzes e câmeras para este período da história (alemã, russa, brasileira), o diretor turco, radicado na Alemanha, conta por um lado com a curiosidade do espectador frente a esta biografia desconhecida, mas, por outro, tem que enfrentar a resistência da mídia a um certo exagero nos adjetivos nos quais o filme carrega. Isto fez com que o documentário fosse chamado de "patético" pelo diário berlinense Der Tagessspiegel e acusado de exagerar nas doses do "patos da revolução" pelo jornal taz.

De qualquer forma, o filme – e com ele a biografia de Olga Benario – foi registrado pela imprensa do país, fazendo jus ao certamente árduo trabalho de pesquisa e reconstrução histórica levado a cabo pelo diretor.

Leia a seguir a íntegra da entrevista com Galip Iyitanir sobre Olga. Uma Vida pela Revolução.

DW-WORLD: Poderia se dizer, que você fez um filme para o público da ex-Alemanha Ocidental? Ou você pensou também no espectador brasileiro?

Iyitanir: Nunca tive a intenção de rodar o filme apenas para um público alemão ocidental. Mesmo tendo sido amada na RDA, Olga Benario não é conhecida de todo mundo, quanto menos da nova geração. Por isso meu filme é dirigido a todos aqueles que não têm conhecimento de sua história. É claro que pensei no espectador brasileiro ao narrar a revolta fracassada de 1935 mais detalhadamente do que seria necessário para o espectador alemão. Foi pensando que a história do Brasil não deveria ser resumida, caso o filme fosse exibido na televisão brasileira ou nos cinemas do país.

DW: Na mídia brasileira, seu filme apareceu bastante no contexto, ou mesmo em comparação ao longa de ficção "Olga", de Jayme Monjardim. Você acha que o sucesso de público deste filme no Brasil atraiu mais atenção para seu documentário ou, ao invés disso, prejudicou a recepção dele no país?

(Foto)Olga Benario (esq.) e Luiz Carlos Prestes

Certamente o sucesso do longa de ficção de Jayme Monjardim ajudou muito meu filme, pois foi concluído anteriormente e despertou a curiosidade das pessoas no Brasil a respeito do meu documentário. Além disso, o filme dele não foi bem recebido pela imprensa e por pessoas do meio cinematográfico, que tiveram interesse em ver como era o meu filme. Muitas pessoas me disseram após a exibição que, enfim, ficaram conhecendo a verdadeira história de Olga. E me agradeceram por isso.

DW: Há em seu documentário algumas correções históricas em relação ao longa de Monjardim – um filme que, embora seja ficcional, é comercializado como fiel à história. Uma dessas correções é o local de nascimento de Anita, a filha de Olga. Tais interpretações falsas dos fatos não o irritaram no filme?

De forma alguma! Pois um filme de ficção tem muitas liberdades e pode ser composto de forma tensa, emocional e voltada para o mercado. Enquanto o documentário tem que ser fiel à verdade e objetivo.

DW: Em "Olga. Uma Vida pela Revolução", você mistura material de arquivo com imagens atuais de locações originais da história, acrescentando ainda tomadas encenadas e entrevistas. Por que esse formato "misto" e por que uma narrativa estritamente cronológica?

A mistura de imagens históricas e atuais servem, no filme, para tornar nítida a diferença entre o antigo e o novo. Vê-se que em algumas locações quase nada mudou. Além disso, essa mistura ajuda o espectador a se mover emocionalmente, a perceber os dois lados, sem rejeitar um ou outro. Como o filme deveria ter 90 minutos, optei desde o início por esse formado misto, semidocumental. Isso por duas razões: primeiro porque há poucas imagens em movimento e poucas fotos de Olga Benario.

Segundo, porque não queria forçar o espectador a ver 90 minutos de um filme contado em off. O que teria sido com certeza muito estático e monótono. Teria se tornado radioteatro ilustrado. Não acho que o filme seja narrado de forma estritamente cronológica, pois ele começa com a cena de libertação de Otto Braun e só aí conta a infância e a juventude de Olga Benario, de forma retrospectiva até a ação de libertação. Essa forma narrativa foi introduzida também em relação a Prestes. Sua história é contada somente quando de sua viagem ao Brasil e não no começo, quando ele aparece no filme. Apenas depois do Brasil o filme se torna cronológico.

DW: A trilha sonora de seu filme é muito brasileira. Isso num contexto em que grande parte da vida de Olga Benario não se passou nem teve quaisquer referências ao Brasil. Por que esta escolha?

(Foto)Margrit Sartorius como Olga Benario e Michael Putschli como Otto Braun, em cena de 'Olga Benario. Uma Vida pela Revolução'

Apenas um quarto da trilha sonora é brasileira (repentistas, coro e Paraventi). Os 50 minutos restantes têm uma trilha composta especialmente para as cenas, com o intuito de apoiar a história do filme. Certamente, em trechos rodados no Brasil, a música foi um pouco adaptada às locações. Mas não foi propósito tornar toda a trilha sonora completamente brasileira.

DW: Como você chegou aos repentistas? Eles foram incluídos no filme por razões estéticas ou há alguma ligação entre a história de Olga Benario no Brasil e o repente?

Como sou um entusiasta do Brasil, asism como Olga era, queria de qualquer forma introduzir no meu filme algo mais que belas imagens, o que qualquer câmera de reportagem pode fazer. E este algo mais deveria estar ligado à cultura e à mentalidade do país. Foi quando cheguei aos repentistas, cuja tradição já conhecia há muito. Eu já havia me debatido bastante com a idéia de introduzir os repentistas, mas não tinha cem por cento de certeza. Só no Rio de Janeiro, frente à beleza magnífica da cidade, é que minhas idéias foram se tornando realidade.

DW: Você não teve a intenção de entrevistar Anita Leocádia e sua tia Lydia? Por não querer abandonar as fronteiras temporais da biografia de Olga Benario?

Eu quis muito entrevistar Anita e sua tia Lydia e estava até mesmo orgulhoso de ser o primeiro cineasta que iria entrevistá-las. Foi meu grande desejo. Pensei até em começar e concluir o filme com Anita, uma idéia em si já fascinante. Com Anita e Lydia o filme teria sido certamente muito mais rico e belo do que é. Infelizmente meus desejos não puderam ser realizados. As duas não se dispuseram a ser entrevistadas. Não soube o verdadeiro porquê disso, mas gostaria muito de saber.

Soraia Vilela

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 09.12.2004)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,1420395,00.html

sábado, 28 de março de 2009

Memorial Buchenwald foi criado há 50 anos por líderes comunistas

Buchenwald, criado em 1958, na então Alemanha Oriental, foi o primeiro memorial criado num antigo campo de concentração dentro do território alemão.

(Foto) Cartão de prisioneiro do campo de concentração de Buchenwald

A cidade de Weimar é conhecida, acima de tudo, por seus monumentos, como a Casa Goethe ou a Biblioteca Anna Amalia. No entanto, a poucos quilômetros do centro, o capítulo mais negro da história alemã é simbolizado por uma enorme torre e por um sino: trata-se do Memorial Buchenwald, inaugurado em 1958, sob o governo da então Alemanha Oriental, de regime comunista.

Há 50 anos, no dia 14/09/1958, pontualmente às 11 horas da manhã, soava, pela primeira vez, o sino no alto da torre de 50 metros, que pode ser vista à distância. Não longe dali fica a escultura do artista Fritz Cremer, de onde se pode avistar Weimar como de quase nenhum outro lugar a região.

A inaguração ali do Memorial Buchenwald pelo então governo da Alemanha Oriental foi uma conseqüência das exigências dos sobreviventes, que entrou para a história como o primeiro memorial do pós-guerra no país de regime comunista. A idéia, na época, era legitimar a posição da Alemanha Oriental como uma nação "diferente e melhor" do que a Alemanha Ocidental.

Alojamento e penitenciária

Instalação da artista Rebecca Horn reflete sobre história de Buchenwald

Hoje, do diretor do Memorial, Volkhard Knigge, observa que, em 1958, "Buchenwald era o maior Memorial do Holocausto situado num ex-campo de concentração em território alemão. Na Alemanha Ocidental, no mesmo ano, as instalações do ex-campo de concentração de Dachau, por exemplo, serviam de alojamento para refugiados do Leste do país, enquanto Neuengamme, perto de Hamburgo, era uma penitenciária juvenil. Ou seja, é possível compreender porque muitos sobreviventes, mesmo não sendo ligados ao comunismo, também se identificaram muito com esse Memorial".

Enquanto a Alemanha Ocidental, capitalista, ainda tratava de temas relacionados aos crimes cometidos durante o passado nazista de forma superficial e atenuante, os governantes da República Democrática Alemã (RDA) se apropriaram rapidamente da história dos campos de concentração em proveito próprio.

Memória seletiva

Prisioneiros de Buchenwald, em abril de 1945

Embora os membros da resistência comunista durante o período nazista tenham formado apenas um pequeno grupo entre as vítimas do nazismo, as celebrações e homenagens na Alemanha Oriental se voltavam quase que exclusivamente para eles.

"Simplesmente ignoradas eram as medidas violentas e de exclusão dos perseguidos em função das teorias raciais do regime nazista. Nada lembrava os judeus, os sintos e rom, os homossexuais, os excluídos da sociedade em geral", analisa Knigge.

A disposição física do Memorial de Buchenwald também obedecia aos objetivos ideológicos e políticos do governo da Alemanha Oriental. Knigge salienta, por exemplo, que antes mesmo da inaguração do Memorial foram destruídas várias barracas, que poderiam conter rastros dos desatinos registrados pela história oficial, acredita Knigge.

Três exposições

Cerca reconstruída: memorial aberto ao público

O escultor Fritz Cremer, por exemplo, foi obrigado várias vezes a modificar sua obra, até que ela ficasse ao gosto do então presidente do partido único SED. Mesmo assim, observa Knigge, à sombra de tamanha monumentalidade e de tantas deficiências, havia no Memorial Buchenwald também rupturas, que faziam com que valesse a pena visitar o local. "Nas esculturas, é possível, ainda hoje, para além desse lado estatal-oficial, ver figuras de refugiados como não eram encontradas em toda a RDA".

Hoje, três exposições tratam de informar ao visitante a respeito do ex-campo de concentração e sua história. A maior delas documenta os destinos dos prisioneiros, a segunda informa sobre o campo especial soviético após o fim da Segunda Guerra, e a terceira fala da apropriação política do Memorial pelo SED, então partido único da Alemanha de regime comunista.

Peter Sommer (sv)

Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,3644111,00.html

quarta-feira, 11 de março de 2009

Polícia alemã apreende material neonazista

Stuttgart, Alemanha - A polícia alemã apreendeu material de propaganda e gravações de grupos musicais neonazistas nesta quarta-feira em uma operação coordenada e de alcance nacional por mais de 200 domicílios e escritórios em todo o país.

Segundo a polícia de Stuttgart, que coordenou a acção, os agentes apreenderam abundante material, gravações e CDs. A Procuradoria de Stuttgart preparava a operação há meses, em coordenação com o Departamento Federal de Polícia (BKA), com sede em Wiesbaden.

A produção e venda de música de direita que promove uma agenda extremista ou ódio racial são crimes na Alemanha. O principal objectivo da acção é confiscar itens proibidos, como músicas, para evitar a difusão dos extremistas.

Mais de 60 anos depois da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, estes grupos ainda são um problema na Alemanha, principalmente na parte leste do país, ex-comunista, onde o desemprego é quase o dobro que a taxa do oeste.

De acordo com a imprensa alemã, há pelo menos cem suspeitos de serem neonazistas no alvo das investigações. A polícia informa que as buscas ocorreram em todos os 16 Estados, mas não diz se alguém foi preso.

Fonte: AngolaPress
http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/internacional/Policia-alema-apreende-material-neonazista,bc0ddead-55b2-4620-b4dc-38e6bfa275bd.html

Mais informações, Deutsche Welle:
Germany Launches Massive Crackdown on Neo-Nazi Music
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4073394,00.htm

terça-feira, 3 de março de 2009

Filme alemão sobre o Holocausto leva o Oscar de melhor curtametragem

OSCAR 2009: Filme alemão sobre holocausto ganha Melhor Curtametragem
Da Redação http://www.cineclick.com.br/

Cena de Toyland

A Academia reafirmou, uma vez mais, sua tendência por filmes que trazem o tema do holocausto. O vencedor entre os Curtasmetragens foi Toyland, de Jochen Alexander.

O diretor agradeceu à Academia por dar a oportunidade para um pessoa que cresceu com o Muro de Berlim. "Eu cresci na Alemanha oriental. Gastei quatro anos da minha vida nesse filme de 14 minutos".

O curta se passa no ano de 1942 e traz o olhar infantil: o que acontece quando uma criança alemã acredita que os seus vizinhos judeus estão indo para a Terra dos Brinquedos?

Fonte: CineClick UOL

Filme no youtube (curtametragem), com legendas em português:


Sobre filme 'O Holocausto', ler o texto:
Minissérie 'Holocausto' (Gerald Green, 1978). Não existe filme com nome Holocausto

Atrás de uma lista de filmes, documentários e séries sobre o Holocausto? Confira em:
Filmografia do Holocausto
http://holocausto-doc.blogspot.com/2009/12/filmes-holocausto-nazismo-fascismo.html

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Xenofobia é mais difundida na Alemanha do que se pensa

Ideologia radical de direita não nasce só nas periferias

Fase dois de uma pesquisa iniciada há dois anos revela a tendência de a xenofobia se tornar cada vez mais "mainstream". Contrariando crença generalizada, a tendência parte do centro da sociedade alemã.

"Sempre que a obturação do bem-estar se esfacela, tradições antidemocráticas voltam a se manifestar no vazio resultante." Assim o psicólogo Oliver Decker avaliou o resultado de uma pesquisa da Fundação Friedrich Ebert (ligada ao Partido Social-Democrata – SPD). Segundo esta, noções xenófobas são bem mais difundidas na Alemanha do que se acreditava.

O relatório apresentado em Berlim na última semana compõe a segunda parte de um estudo iniciado em 2006. Na primeira fase, 5 mil alemães acima dos 14 anos foram interrogados sobre suas opiniões a respeito do extremismo de direita. Concluiu-se que um entre cada quatro alemães defendia pontos de vista xenófobos.

Nesta segunda fase, os pesquisadores procuraram estabelecer as raízes dos preconceitos. Para tal, convidaram uma seleção de 150 dos participantes para discussões em grupo. "Queríamos examinar as opiniões dos entrevistados no contexto de suas vidas", explica Decker.

Trivialidade alarmante

A conclusão foi surpreendente: a xenofobia está se tornando cada vez mais mainstream na Alemanha. Os participantes do debate expressaram rejeição em relação a estrangeiros "com uma trivialidade preocupante, inclusive pessoas que na primeira enquete não haviam chamado a atenção por atitudes de extrema direita", comentou o psicólogo.

No pós-guerra, em ambas as metades da Alemanha, a ideologia radical de direita foi apenas recalcada no centro da sociedade, prossegue Decker. Com o milagre econômico, a prosperidade se estabeleceu de forma relativamente veloz na Alemanha Ocidental, não deixando espaço para a reflexão ou para a vergonha.

Os alemães do Leste esperavam um desenvolvimento semelhante, após a queda do Muro. E reagiram com desencanto político e democrático à frustração dessa expectativa.

Democracia em troca da ordem

Turcos e russos são vistos como principais ameaças

"Foi assustadora para nós a facilidade com que os entrevistados estavam dispostos a trocar a democracia mais modesta em favor de estruturas autoritárias, nas quais supostamente reinassem ordem, tranqüilidade e igualdade de chances", comenta Oliver Decker.

Diversos jovens declararam desejar "algum tipo de líder". Para os participantes de meia idade, a política é, de qualquer modo, mentira e engano. E os mais velhos evocam os modelos de sua juventude: no Leste, as represálias da RDA; no Oeste, o regime nazista.

Outra revelação chocante é que o problema se encontra no próprio centro da sociedade alemã, contradizendo a teoria de que os celeiros do extremismo de direita se encontrariam nas partes do país afetadas pelo desemprego e a decadência social.

Velhos clichês

Segundo 37% da população, os imigrantes viriam para a Alemanha "para explorar o Estado de bem-estar"; 39% consideram o país "perigosamente superpovoado de estrangeiros". E 26% gostariam que houvesse "um único partido forte para representar a comunidade alemã".

Os principais alvos de preconceito são os turcos e os russos, considerados parasitas e gananciosos. Entretanto, os pesquisadores também identificaram a emergência do que denominaram "racismo cultural": preconceitos contra grupos marginais, tais como os desempregados e os socialmente desprivilegiados. Tal fato revelaria uma forte pressão para corresponder à norma social percebida, e a conseqüente condenação dos que fracassam neste processo.

Ficou ainda claro que a maioria dos participantes só apóia a democracia na medida em que garante a prosperidade pessoal. Caso contrário, passam imediatamente à intolerância. Uma atitude semelhante marcou também a década de 1950 na Alemanha, observaram os pesquisadores da Fundação Friedrich Ebert. Na época, o milagre econômico provou-se um obstáculo à reelaboração do passado nazista.

Agências (av)

Fonte: Deutsche Welle(Alemanha, 22.06.2008)
http://www.dw-world.org/dw/article/0,,3430238,00.html

terça-feira, 18 de novembro de 2008

'Vítima' de ataque neo-nazi inventou história

A alemã que ganhou um prémio por alegadamente ter salvo uma criança imigrante de um ataque neo-nazi foi condenada sexta-feira a 40 horas de serviço comunitário, depois das autoridades terem concluído que a jovem mentiu

Rebecca, de 18 anos, recebeu em Fevereiro um prémio de uma associação berlinense contra a violência neo-nazi, por alegadamente ter salvo uma criança imigrante que estaria a fugir de um grupo de militantes de extrema-direita.

A história originalmente contada por Rebecca tinha contornos de heroísmo. A jovem tinha sido agredida pelos neo-nazis, que lhe cravaram uma suástica na coxa, segundo contou às autoridades.

A suástica é real, mas a história é falsa, diz agora a justiça alemã. Uma análise de médicos forenses concluiu que foi a própria Rebecca a cravar a suástica no corpo. A jovem alemã terá que cumprir 40 horas de serviço comunitário por mentir às autoridades.

Rebecca é agora duramente criticada pela imprensa alemã, que a acusa de oportunismo e de brincar com um problema real.

Os crimes de ódio subiram 15% na Alemanha só em 2007, e desde a reunificação do país, no início dos anos 90, mais de 30 pessoas foram assassinadas por grupos de extrema-direita.

Fonte: SOL(Portugal)
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Vida/Interior.aspx?content_id=116781

sábado, 8 de novembro de 2008

Sob polêmica, Parlamento alemão aprova leis de combate ao anti-semitismo

Salão do Bundestag

Relembrando os crimes do nazismo, o Bundestag vota leis pró-semíticas. Mas debate foi também ocasião para mesquinharia e politicagem partidária entre conservadores e esquerdistas.

Em memória dos chamados "Pogroms de Novembro", o Bundestag aprovou nesta terça-feira (04/11) diversas iniciativas para incentivo à vida judaica e combate ao anti-semitismo na Alemanha. Entre elas, está a introdução de um relatório sobre o tema, a ser apresentado a intervalos regulares.

Oradores de todos os partidos exigiram uma postura decidida contra as diferentes manifestações do anti-semitismo. Os deputados reconheceram tratar-se de um grave problema social, ainda hoje, e saudaram o novo desabrochar da vida judaica no país.

Mais espaço para temas judaicos

Cena da 'Noite de Cristal'

O debate parlamentar transcorreu às vésperas dos 70 anos dos Pogroms de Novembro – também eufemisticamente denominados "Noite de Cristal do Reich". Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, os nazistas atearam fogo a 1.400 sinagogas e casas de oração na Alemanha e na Áustria, devastaram 7.500 negócios e prédios residenciais de judeus, além de assassinar 1.400 pessoas e maltratar milhares. Pelo menos 30 mil judeus foram deportados para campos de concentração.

No documento aprovado pela câmara baixa do Parlamento alemão, as diferentes bancadas instaram o governo federal a promover a apresentação regular de um relatório formulado por "um grêmio de peritos composto por pesquisadores e pessoas ligadas à prática".

Outra meta é que "os currículos escolares sejam ampliados com temas sobre a vida e a história judaica, assim como sobre Israel contemporâneo". Projetos-modelo de valor comprovado no combate ao anti-semitismo deverão ser financiados. Além disso, cabe comprovar se os programas federais existentes garantem proteção suficiente às vítimas de atos anti-semíticos.

Nobres princípios e mesquinharia partidária

De forma inesperada, a sessão do Bundestag foi marcada por desavenças entre os partidos conservadores CDU e CSU (União Democrata Cristã e Social cristã) e A Esquerda. Entre estocadas ideológicas e em tom nem sempre elegante, estas ameaçaram roubar o foco do verdadeiro tema dos debates, sobre o qual as opiniões eram, em princípio, unânimes.

O deputado da CSU Hans-Peter Uhl falou da tentativa bestial dos nazistas de eliminar a vida judaica através do assassinato de milhões, ressaltando, contudo, que o anti-semitismo "não é um capítulo encerrado". O social-cristão apontou para o anti-semitismo disfarçado da extinta Alemanha comunista (RDA) e para as críticas a Israel por certos políticos do partido A Esquerda, as quais repetiriam clichês fatídicos.

Exemplos atuais

Vida judaica volta a florescer na Alemanha

O social-democrata Christian Arendt taxou as observações de Uhl de mesquinhas. Arendt detectou um "novo anti-semitismo", chamando a atenção para os 1.541 atos contra judeus registrados no país em 2007. A presidente da bancada parlamentar verde, Renate Künast, recordou que houve déficits na elaboração do passado em toda a Alemanha.

"Eles ocorreram tanto na RDA como na jovem república Federal da Alemanha. E quem critica uma, sem citar a outra, Senhor Uhl, não é digno de crédito." Künast evocou ainda a recente agressão contra um rabino e seus alunos, na última semana, em Berlim.

Gabriele Fograscher, do Partido Social Democrata (SPD), lamentou a "atitude indigna" da CDU/CSU, acusando os conservadores de agirem em nome de interesses meramente partidários. Ela se pronunciou pela ampliação e zelo de instituições acadêmicas, culturais e sociais judaicas.

Segundo Christine Köhler, da CDU, os eventos do passado obrigam a "não reagir com susto e silêncio, mas sim levantar-se e dizer 'nunca mais, muito menos na Alemanha'". A "úlcera do anti-semitismo" continua se desenvolvendo, sendo, portanto, preciso combatê-la, instou a democrata-cristã.

Agências (av)

Fonte: Deutsche Welle(04.11.2008, Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,3765323,00.html

sábado, 14 de junho de 2008

Crise acelera avanço neonazista

Vitória eleitoral anima extrema direita alemã, que ganha terreno no cada vez mais empobrecido leste do país
ALEMANHA

Marcos Guterman

A história ensina que não é bom subestimar a capacidade dos nazistas de perceber oportunidades históricas. Assim como na década de 20 do século passado, a extrema direita alemã está aproveitando agora uma mistura explosiva de crise econômica e hesitação política dos partidos tradicionais para alimentar um projeto declarado de se tornar uma força nacional.

Os neonazistas alemães, cuja ação é bastante limitada pela legislação, parecem estar se sentindo bastante à vontade, sobretudo após um importante triunfo nas últimas eleições no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental - terra da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que classificou o resultado como ‘desagradável’.

O Partido Nacional Democrático (NPD, na sigla em alemão), nome fantasia da agremiação neonazista, obteve 7,5% dos votos na eleição, em setembro, dando-lhe direito a cinco cadeiras no Parlamento do Estado.

Com os votos ainda quentes nas urnas, algumas lideranças civis voltaram a pedir a proibição do NPD, mas o governo se disse contrário, sob o argumento de que o problema não era legal, e sim de mobilização da sociedade para esvaziar o discurso dos extremistas.

Analistas ouvidos pelo Estado concordam com essa avaliação. Todos coincidem no ponto segundo o qual os neonazistas crescem a reboque do desemprego, da desatenção do poder federal e de uma indiferença mais ou menos generalizada.

Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, que fica no antigo lado comunista da Alemanha, é o Estado mais pobre do país e, portanto, é o ecossistema ideal para o florescimento do extremismo de direita.

Um estudo divulgado na semana passada mostra o quanto cresceu a clientela preferencial dos neonazistas. Segundo a Fundação Friedrich Ebert , ligada ao Partido Social Democrata, há 6,5 milhões de alemães abaixo da linha de pobreza, que é de 938 euros. Essa massa ganha, em média, 424 euros por mês, e representa 8% da população.

O índice sobe para 20% no lado oriental da Alemanha, exatamente a base do crescimento neonazista. ‘O voto nos nazistas em 1930-33 e o voto nos neonazistas hoje são votos de protesto, e os políticos dos grandes partidos precisam trabalhar duro para remover as causas desse protesto’, afirma Richard J. Evans, especialista em história contemporânea alemã na Universidade de Cambridge (Reino Unido). ‘O melhor meio de lidar com o neonazismo é reduzir o desemprego nas regiões do leste da Alemanha, que são sua maior fonte de apoio.’ No entanto, para Robert Gelatelly, historiador da Universidade Estadual da Flórida (EUA) que editou o livro As Entrevistas de Nuremberg, o problema é ainda mais profundo. Segundo ele, sucessivos governos alemães têm se dedicado bastante a resolver a crise do leste, ‘mas 50 anos de desmandos comunistas provaram-se muito mais difíceis de superar do que se imaginava’.

Entre especialistas alemães, parece haver bem menos boa vontade em relação à reação de suas instituições quando confrontadas com o problema do neonazismo. Christian Gerlach, historiador da Universidade de Colúmbia (EUA), por exemplo, acha que há ‘leniência’ (ler na próxima página).

Uma parte do problema pode ser debitada na conta da própria democracia. Como se convencionou acreditar, Hitler subiu ao poder em 1933 por conta da confusa situação política após a Primeira Guerra Mundial. Agora, novamente, os defensores do nazismo encontram campo para crescer dentro de um regime democrático.

Mas há diferenças que o tempo tratou de estabelecer. ‘A Alemanha impôs limites a sua democracia desde a fundação da Alemanha Ocidental’, explica Max Paul Friedman, historiador da Universidade Estadual da Flórida. ‘Diferentemente dos EUA, onde quase todo tipo de manifestação é protegida por lei, na Alemanha o sujeito pode ser punido por negar o Holocausto, incitar ataques racistas e cometer outros crimes de expressão política radical.’ De fato, vários partidos políticos já foram banidos na Alemanha desde o fim da 2ª Guerra por defender o nazismo, e as expressões políticas desse movimento têm sido sistematicamente limitadas. Por outro lado, como adverte Richard Evans, ‘uma democracia deve respeitar o voto das minorias’, ainda que violentas. A ‘minoria’ que o NPD quer representar são os alemães que não querem nem ouvir falar em imigrantes. A plataforma do partido é simples: os imigrantes devem ser expulsos do país.

Com essa disposição, e uma enorme resiliência, o NPD agora pretende ser o guarda-chuva sob o qual os diversos grupos extremistas de direita no país podem se abrigar, no que eles têm chamado de ‘pacto pela Alemanha’. ‘O apelo dos grupos neonazistas desde os anos 70, e especialmente desde a reunificação, deixou de ser basicamente o antisemitismo e agora é a propaganda antiimigração’, afirma Max Friedman. ‘Durante as campanhas eleitorais é possível ver cartazes do NPD com fotos de famílias turcas carregando bagagens sob o slogan ´Tenham uma boa viagem para casa´ - uma maneira esperta de escapar das restrições à propaganda racista.’ O relativo sucesso do NPD neste momento reflete, portanto, a recorrência da questão da imigração como problema na Alemanha.

A perseguição ao imigrante, muitas vezes violenta, feita por grupamentos paramilitares a serviço do NPD, lembra os ataques aos judeus nos anos 20 e 30. Trata-se de uma ação que visa a destruir o sujeito desenraizado que surge como uma ameaça ao modo de vida alemão. A preocupação é saber até aonde os neonazistas conseguirão ir. ‘Eu não acho que os ´neo´ irão mais longe’, argumenta Robert Gellately. ‘Mas não é uma coisa boa que eles já tenham chegado tão longe.

Fonte: Estado de São Paulo(arquivo, 25.10.2006)
http://blog.controversia.com.br/2006/10/25/crise-acelera-avanco-neonazista/

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