por Lusa e AFP, editado por Patrícia Viegas
Os suíços eram chamados hoje a pronunciar-se sobre uma "iniciativa popular" do partido União Democrática do Centro (SVP, na língua origonal - direita populista) para limitar a imigração e que defende o restabelecimento de quotas de mão-de-obra estrangeira no país, que em parte foram suprimidas com os acordos de livre circulação entre a União Europeia (UE) e a Suíça assinado em 2009.
Na Suíça residem, aproximadamente, 250 mil portugueses em situação legal.
No país, com mais de oito milhões de habitantes, vivem cerca de 1,88 milhões de estrangeiros, dos quais 1,25 milhões originários do espaço comunitário, mas também da Islândia, Liechtenstein e Noruega.
Em janeiro, as autoridades federais suíças decidiram acabar com os apoios sociais aos cidadãos da UE que procurem trabalho no país.Também deliberaram na mesma altura que os cidadãos de países da UE que vivam há cinco anos na Suíça, mas que estejam no desemprego há um ano, não terão direito a receber uma autorização de residência naquele país. Em 2013, as autoridades helvéticas limitaram o número máximo de entradas dos imigrantes da UE.
A Suíça, em 2010, aprovou ainda em referendo a expulsão automática dos estrangeiros condenados, independentemente da gravidade dos delitos.
Hoje ainda, os suíços votaram noutros referendos. Um deles era sobre o aborto. O resultado foi que a maioria, 70%, quer que o aborto continue a ser comparticipado pelo seguro básico de saúde, rejeitando a proposta de que esta intervenção médica passe a ser financiada de forma privada.
Fonte: Diário de Notícias (Portugal)
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3677172
Le Pen quer seguir exemplo suíço contra imigração (Diário de Notícias)
UE critica limites à imigração e diz que vai rever relação com a Suíça (DW, Alemanha)
Suíços viram as costas à livre circulação e à Europa (Público, Portugal)
Suíços não podem querer "chuva no nabal e sol na eira" (Diário de Notícias, Portugal)
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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
sábado, 8 de fevereiro de 2014
Suíça vota cotas para imigração e ameaça fechar portas para europeus
Carolina Montenegro. De Genebra, para a BBC Brasil.
Atualizado em 8 de fevereiro, 2014 - 18:34 (Brasília) 20:34 GMT
Os suíços decidem neste domingo se aprovam ou não uma iniciativa "contra a imigração em massa". A proposta polêmica foi feita pelo Partido Popular Suíço (SVP, em alemão), de direita, e prevê cotas anuais de vistos para os vizinhos de países europeus viverem na Suíça.
Apesar de não ser parte da União Europeia desde 1999, a Suíça possui acordo de livre movimento de pessoas com os países do bloco. O que significa que europeus podem viver de três a seis meses na Suíça sem visto e, se tiverem um emprego, tem direito à residência no país sem restrições. Para cidadãos de outras nações do mundo já existem cotas de imigração em vigor.
Até 2015, outros dois referendos sobre imigração devem acontecer no país. O grupo verde Ecopop planeja limitar a imigração a 0,2% do crescimento populacional do país e os suíços também deverão votar pela inclusão da Croácia no acordo de livre movimento assinado com a União Europeia.
A tendência crescente de "portas fechadas" à imigração é vista com preocupação por especialistas e suíços ouvidos pela BBC Brasil.
Cerca de 1,87 milhão de pessoas ou 23% da população total da Suíça hoje é composta por imigrantes, segundo dados oficiais do governo. É a maior porcentagem entre os países da Europa e corresponde à entrada de aproximadamente 63 mil estrangeiros em território suíço por ano. Italianos, alemães e portugueses são os maiores grupos.
Tensão
Para o professor de políticas migratórias da Universidade de Neuchâtel, Etienne Piguet, o debate sobre imigração reflete crescente mal-estar sobre o assunto e a tensão com a UE.
Segundo ele, nos últimos 40 anos, estes referendos têm acontecido a cada cinco ou dez anos e estão relacionados ao sistema de democracia direta e ao fato de a Suíça ser um país que acolhe muitos imigrantes.
"Mas o mal-estar da população suíça em relação à imigração está crescendo. A situação há cinco anos era mais aberta", afirmou Piguet.
Para o especialista, se a iniciativa for aprovada, as consequências seriam grandes para a Suíça, mas a maior parte não impactaria diretamente a imigração.
"A iniciativa prevê cotas, mas não o nível delas, então, elas podem ser altas e a imigração continuar aumentando. Mas o fim da imigração livre com a Europa significa provavelmente o fim de muitos outros acordos com a União Europeia, como parcerias científicas comerciais, acadêmicas. E isso é extremamente delicado", disse.
Segundo ele, a imigração tem atingido níveis altos nos últimos anos e a Suíça tem sido um país afortunado em meio à crise econômica europeia.
"Mas é cada vez mais difícil encontrar moradia e os transportes públicos estão superlotados. Algumas pessoas atribuem isso à imigração. Está longe de ser verdade, porque tem mais a ver com a economia do país do que com a imigração", afirmou Piguet.
Crise e expansão
A crise econômica e a expansão da União Europeia (em 2014 a Romênia e a Bulgária ganharam direito de livre acesso ao mercado de trabalho do bloco) são vistas como ameaças.
"Os suíços têm medo de que, se a situação piorar em outros países da Europa, mais pessoas venham para cá em busca de emprego. Ninguém quer perder o alto padrão de vida daqui", disse a brasileira-suíça Maria da Graça Almeida Costa, moradora de Genebra há 16 anos desde seu casamento com um suíço de origem portuguesa.
Em 2012, o desemprego na Suíça girava em torno de 3,1%, contra 11% na União Europeia. Altos salários e benefícios sociais generosos também contribuem para atrair imigrantes.
Pesquisa publicada em 29 de janeiro pela consultoria gfs.bern indicava que 50% dos eleitores votariam "não" às cotas e 43% "sim" – um aumento, porém, frente aos 37% de sondagem anterior veiculada em 10 de janeiro.
O governo e as empresas fazem coro contra a iniciativa. Nesta semana, a Câmara Internacional de Comércio da Suíça divulgou um comunicado alertando que as cotas "enviariam um sinal claro contra o livre mercado e prejudicariam as companhias suíças, que contribuem muito para a economia do país".
Representantes de 12 setores empresariais, incluindo tecnologia, relógios e turismo também reclamaram em nota pública sobre a possível perda de mão-de-obra qualificada.
"As consequências seriam devastadoras para nosso mercado de trabalho, que depende de especialistas", afirmou Heinz Karrer, presidente da companhia Economiesuisse.
O ministro da Economia suíço, Johann Chneider-Ammann disse em entrevista ao jornal local Tribune de Geneve que se os suíços votarem "sim", empregos serão perdidos.
"Os suíços devem votar com suas cabeças, não com seu estômago", disse o ministro.
Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140206_suica_imigracao_cm_lk.shtml
Observação: pergunta pertinente já que este partido fascistoide suíço tem uma neurose com "imigração". O SVP vai também limitar a "imigração" de dinheiro sujo pra contas de bancos na Suíça (Paraíso fiscal) ou a "neura" é só com imigração de pessoas? Dinheiro sujo e lavanderia de dinheiro são bem-vindos, SVP? É o que dá a entender. Essa "moral" fascista é sempre "edificante" (conteúdo irônico na última frase).
Atualizado em 8 de fevereiro, 2014 - 18:34 (Brasília) 20:34 GMT
Tendência de “portas fechadas” à imigração na Europa é vista com preocupação por especialistas |
Apesar de não ser parte da União Europeia desde 1999, a Suíça possui acordo de livre movimento de pessoas com os países do bloco. O que significa que europeus podem viver de três a seis meses na Suíça sem visto e, se tiverem um emprego, tem direito à residência no país sem restrições. Para cidadãos de outras nações do mundo já existem cotas de imigração em vigor.
Até 2015, outros dois referendos sobre imigração devem acontecer no país. O grupo verde Ecopop planeja limitar a imigração a 0,2% do crescimento populacional do país e os suíços também deverão votar pela inclusão da Croácia no acordo de livre movimento assinado com a União Europeia.
A tendência crescente de "portas fechadas" à imigração é vista com preocupação por especialistas e suíços ouvidos pela BBC Brasil.
Cerca de 1,87 milhão de pessoas ou 23% da população total da Suíça hoje é composta por imigrantes, segundo dados oficiais do governo. É a maior porcentagem entre os países da Europa e corresponde à entrada de aproximadamente 63 mil estrangeiros em território suíço por ano. Italianos, alemães e portugueses são os maiores grupos.
Tensão
Para o professor de políticas migratórias da Universidade de Neuchâtel, Etienne Piguet, o debate sobre imigração reflete crescente mal-estar sobre o assunto e a tensão com a UE.
Segundo ele, nos últimos 40 anos, estes referendos têm acontecido a cada cinco ou dez anos e estão relacionados ao sistema de democracia direta e ao fato de a Suíça ser um país que acolhe muitos imigrantes.
"Mas o mal-estar da população suíça em relação à imigração está crescendo. A situação há cinco anos era mais aberta", afirmou Piguet.
Para o especialista, se a iniciativa for aprovada, as consequências seriam grandes para a Suíça, mas a maior parte não impactaria diretamente a imigração.
"A iniciativa prevê cotas, mas não o nível delas, então, elas podem ser altas e a imigração continuar aumentando. Mas o fim da imigração livre com a Europa significa provavelmente o fim de muitos outros acordos com a União Europeia, como parcerias científicas comerciais, acadêmicas. E isso é extremamente delicado", disse.
Segundo ele, a imigração tem atingido níveis altos nos últimos anos e a Suíça tem sido um país afortunado em meio à crise econômica europeia.
"Mas é cada vez mais difícil encontrar moradia e os transportes públicos estão superlotados. Algumas pessoas atribuem isso à imigração. Está longe de ser verdade, porque tem mais a ver com a economia do país do que com a imigração", afirmou Piguet.
Crise e expansão
A crise econômica e a expansão da União Europeia (em 2014 a Romênia e a Bulgária ganharam direito de livre acesso ao mercado de trabalho do bloco) são vistas como ameaças.
"Os suíços têm medo de que, se a situação piorar em outros países da Europa, mais pessoas venham para cá em busca de emprego. Ninguém quer perder o alto padrão de vida daqui", disse a brasileira-suíça Maria da Graça Almeida Costa, moradora de Genebra há 16 anos desde seu casamento com um suíço de origem portuguesa.
Em 2012, o desemprego na Suíça girava em torno de 3,1%, contra 11% na União Europeia. Altos salários e benefícios sociais generosos também contribuem para atrair imigrantes.
Pesquisa publicada em 29 de janeiro pela consultoria gfs.bern indicava que 50% dos eleitores votariam "não" às cotas e 43% "sim" – um aumento, porém, frente aos 37% de sondagem anterior veiculada em 10 de janeiro.
O governo e as empresas fazem coro contra a iniciativa. Nesta semana, a Câmara Internacional de Comércio da Suíça divulgou um comunicado alertando que as cotas "enviariam um sinal claro contra o livre mercado e prejudicariam as companhias suíças, que contribuem muito para a economia do país".
Representantes de 12 setores empresariais, incluindo tecnologia, relógios e turismo também reclamaram em nota pública sobre a possível perda de mão-de-obra qualificada.
"As consequências seriam devastadoras para nosso mercado de trabalho, que depende de especialistas", afirmou Heinz Karrer, presidente da companhia Economiesuisse.
O ministro da Economia suíço, Johann Chneider-Ammann disse em entrevista ao jornal local Tribune de Geneve que se os suíços votarem "sim", empregos serão perdidos.
"Os suíços devem votar com suas cabeças, não com seu estômago", disse o ministro.
Fonte: BBC Brasil
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/02/140206_suica_imigracao_cm_lk.shtml
Observação: pergunta pertinente já que este partido fascistoide suíço tem uma neurose com "imigração". O SVP vai também limitar a "imigração" de dinheiro sujo pra contas de bancos na Suíça (Paraíso fiscal) ou a "neura" é só com imigração de pessoas? Dinheiro sujo e lavanderia de dinheiro são bem-vindos, SVP? É o que dá a entender. Essa "moral" fascista é sempre "edificante" (conteúdo irônico na última frase).
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Um mundo sem nazismo
Mikhail Aristov
Dia Internacional da Memória das Vítimas do Nazismo
Neste domingo, 9 de setembro, assinala-se o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Nazismo. É um dia de luto pelos soldados que tombaram nos campos de batalha da Segunda Guerra Mundial, pelos milhões de civis mortos pelos bombardeamentos e pelas vítimas dos campos de concentração.
Neste dia, os defensores dos direitos humanos voltam a tentar chamar a atenção para o problema da heroicização dos criminosos nazistas e das formas modernas de racismo.
Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, a humanidade pagou um preço elevado para se livrar do jugo nazista. Os apoiantes de Hitler consideravam as leis da guerra como uma invenção sentimental. Eles consideravam como norma a tortura, as execuções, o extermínio organizado de povos inteiros. Mas essas lições terríveis são hoje esquecidas. O fantasma do nazismo anda pela Europa, adquirindo traços cada vez mais materiais. A linderança no que se refere ao número de partidários das ideias de extrema-direita pertence aos Países Bálticos. A Lituânia tem cerca de 40 mil radicais e há cerca de 30 mil na Letônia e outros tantos na Estônia. Nesses país realizam-se abertamente encontros e comícios de neonazistas, marchas de legionários das SS, recorda-nos Vladimir Zorin, perito do Instituto de Etnologia e Antropologia russo.
“O problema é como a sociedade e o poder reage a isso, até que ponto eles atuam por princípio e de forma adequada nessa situação. Muito infelizmente, aqui se pode observar uma duplicidade de critérios. Mas o critério deve ser um só – o neonazismo e o fascismo não devem passar.”
Entretanto, o movimento neo-nazista ganha popularidade também noutros países da Europa: na Áustria, na Bulgária, na Hungria e na Alemanha. Os partidos desse cariz obtêm cada vez mais votos, o que tem uma explicação, diz o analista político Andronik Migranian.
“A natureza desses partidos e movimentos é o aumento da xenofobia e da intolerância religiosa e interétnica. Há uma enorme quantidade de pessoas vindas de fora com outra cor de pele, outra religião, outros valores. Surgem com cada vez maior frequência conflitos com eles, aparece a intolerância em relação a essas pessoas. Isso acontece em França em relação aos originários da Argélia, de Marrocos e de outros países árabes e africanos. Isso também tem lugar noutros países europeus.”
O extremismo e as tentativas de reabilitação dos nazistas ameaçam ter graves consequências não só do ponto de vista da revisão da análise e dos resultados da Segunda Guerra Mundial. Eles preparam terreno para a revanche política dos neonazistas numa Europa aparentemente democrática. Por enquanto, a pressão da extrema-direita consegue ser contida. Ainda estão frescas as memórias da guerra mais sangrenta do século XX. Mais apenas por enquanto. E o que vai acontecer depois?
Fonte: site Rádio Voz da Rússia
http://portuguese.ruvr.ru/2012_09_09/dia-internacional-da-memoria-de-vitimas-de-nazismo/
Dia Internacional da Memória das Vítimas do Nazismo
© Flickr.com/ charmingman /cc-by-nc-sa 3.0 |
Neste dia, os defensores dos direitos humanos voltam a tentar chamar a atenção para o problema da heroicização dos criminosos nazistas e das formas modernas de racismo.
Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, a humanidade pagou um preço elevado para se livrar do jugo nazista. Os apoiantes de Hitler consideravam as leis da guerra como uma invenção sentimental. Eles consideravam como norma a tortura, as execuções, o extermínio organizado de povos inteiros. Mas essas lições terríveis são hoje esquecidas. O fantasma do nazismo anda pela Europa, adquirindo traços cada vez mais materiais. A linderança no que se refere ao número de partidários das ideias de extrema-direita pertence aos Países Bálticos. A Lituânia tem cerca de 40 mil radicais e há cerca de 30 mil na Letônia e outros tantos na Estônia. Nesses país realizam-se abertamente encontros e comícios de neonazistas, marchas de legionários das SS, recorda-nos Vladimir Zorin, perito do Instituto de Etnologia e Antropologia russo.
“O problema é como a sociedade e o poder reage a isso, até que ponto eles atuam por princípio e de forma adequada nessa situação. Muito infelizmente, aqui se pode observar uma duplicidade de critérios. Mas o critério deve ser um só – o neonazismo e o fascismo não devem passar.”
Entretanto, o movimento neo-nazista ganha popularidade também noutros países da Europa: na Áustria, na Bulgária, na Hungria e na Alemanha. Os partidos desse cariz obtêm cada vez mais votos, o que tem uma explicação, diz o analista político Andronik Migranian.
“A natureza desses partidos e movimentos é o aumento da xenofobia e da intolerância religiosa e interétnica. Há uma enorme quantidade de pessoas vindas de fora com outra cor de pele, outra religião, outros valores. Surgem com cada vez maior frequência conflitos com eles, aparece a intolerância em relação a essas pessoas. Isso acontece em França em relação aos originários da Argélia, de Marrocos e de outros países árabes e africanos. Isso também tem lugar noutros países europeus.”
O extremismo e as tentativas de reabilitação dos nazistas ameaçam ter graves consequências não só do ponto de vista da revisão da análise e dos resultados da Segunda Guerra Mundial. Eles preparam terreno para a revanche política dos neonazistas numa Europa aparentemente democrática. Por enquanto, a pressão da extrema-direita consegue ser contida. Ainda estão frescas as memórias da guerra mais sangrenta do século XX. Mais apenas por enquanto. E o que vai acontecer depois?
Fonte: site Rádio Voz da Rússia
http://portuguese.ruvr.ru/2012_09_09/dia-internacional-da-memoria-de-vitimas-de-nazismo/
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Alemanha lança operação contra grupos neonazis e apreende armas e propaganda
Cerca de 900 polícias revistaram mais de 140 vivendas
Alemanha lança operação contra grupos neonazis e apreende armas e propaganda
23.08.2012 - 18:27 Por Isabel Gorjão Santos
Autoridades apreenderam símbolos nazis, armas e material de propaganda Autoridades apreenderam símbolos nazis, armas e material de propaganda (Ralf Roeger/AFP)
Mais de 900 polícias foram mobilizados nesta quinta-feira para aquela que foi considerada a maior operação contra grupos neonazis no estado alemão da Renânia do Norte-Vestefália, na parte ocidental do país. Apreenderam computadores, armas e material de propaganda.
A operação envolveu buscas em mais de 140 vivendas e em bares, e no final a polícia mostrou punhais, balas, painéis com a cruz suástica e a imagem de Hitler e armas, várias armas, algumas de grande calibre. Não foram efectuadas detenções, mas alguns membros dos grupos de extrema-direita visados já estariam detidos.
“Com esta operação conseguimos infligir um golpe na rede de neonazis”, garantiu o ministro do Interior estadual, Ralf Jäger. “Estes grupos são anti-estrangeiros, racistas e anti-semitas”, disse numa conferência de imprensa sobre a operação policial.
A Renânia do Norte-Vestefália é o estado com mais população da Alemanha, cerca de 18 milhões de habitantes, e esta operação, para recolha de provas, foi realizada depois de ter sido banida e proibida a actividades de três organizações neonazis locais – a Kamaradschaft Aachener Land, que opera em Aquisgrano (Aachen), a Resistência Nacional de Dortmund e a Kamaradschaft Hamm.
A polícia já tinha considerado estas organizações “violentas” e dois membros do primeiro grupo foram detidos em Maio de 2010, em Berlim, por terem em sua posse bombas artesanais que pretenderiam fazer explodir durante uma manifestação de protesto contra grupos neonazis, adiantou o El País.
Só na cidade de Dortmund, que tem cerca de meio milhão de habitantes e é considerada um bastião dos neonazis na parte ocidental da Alemanha, foram agora revistadas 93 vivendas. Foi ali que, em Dezembro, as autoridades estaduais estabeleceram um novo centro de coordenação da polícia para investigar grupos neonazis.
Desta vez foram apreendidos cerca de 1000 cartazes do Partido Nacional Democrático Alemão (NPD), de extrema direita, adiantou a Deutsche Welle, o que “demonstra a estreita ligação do partido aos grupos violentos neonazis”, disse Ralf Jäger.
O debate sobre a possível ilegalização deste partido já se prolonga há vários anos, e agora vários responsáveis locais e federais já manifestaram a intenção de voltar a fazer esse pedido junto do Tribunal Constitucional, depois de ter falhado uma tentativa, em 2003, por alegada falta de provas.
Mais de 22.000 membros de grupos neonazis em todo o país
No ano passado Ralf Jäger anunciou uma estimativa segundo a qual existem na Renânia do Norte-Vestefália cerca de 4000 neonazis, e agora adiantou que 400 a 600 serão violentos. Esta operação, que começou pelas 6h e se prolongou até ao meio-dia, pretendeu também evitar que acontecesse neste estado o que ocorreu em Turíngia, na parte oriental da Alemanha, onde em Novembro se descobriu que, entre 2000 e 2007, nove cidadãos de origem turca, um de origem grega e uma mulher polícia foram assassinados por grupos neonazis sem que as autoridades tenham actuado.
Quase todos estes assassínios foram cometidos com a mesma arma, o caso provocou um escândalo na Alemanha e levou à demissão, em Julho, do chefe dos serviços secretos internos alemães Heinz Fromm.
Esta operação policial ocorre também 20 anos depois de um dos mais violentos ataques contra estrangeiros na Alemanha do pós-guerra, que ocorreu na cidade de Rostock, no Nordeste do país, entre 22 e 26 de Agosto de 1992. Na altura, centenas de neonazis atiraram pedras e cocktails molotov e incendiaram um edifício onde viviam sobretudo ciganos que tinham pedido asilo, perante várias centenas de pessoas a assistir e a aplaudir. Não houve mortos, mas o ataque despertou a atenção para o crescimento de grupos neonazis e xenófobos sobretudo na parte oriental da Alemanha, recorda a Spiegel. Na antiga Alemanha de Leste os extremistas parecem ganhar terreno.
Em todo o país haverá cerca de 22.400 membros de grupos neonazis, segundo um relatório apresentado no mês passado pelos serviços de informações internas. Serão menos do que em 2010, quando as estimativas apontavam para 25.000, mas por outro lado tem aumentado o número de extremistas neonazis preparados para recorrer à violência, de 9500 para pelo menos 9800.
Vídeo
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/alemanha-lanca-operacao-contra-grupos-neonazis-e-apreende-armas-e-propaganda-1560189?all=1
Ver mais:
Polícia alemã proíbe três organizações neonazis (Euronews)
Polícia faz operação contra extrema-direita na Alemanha (AFP/Terra)
Alemanha lança operação contra grupos neonazis e apreende armas e propaganda
23.08.2012 - 18:27 Por Isabel Gorjão Santos
Autoridades apreenderam símbolos nazis, armas e material de propaganda Autoridades apreenderam símbolos nazis, armas e material de propaganda (Ralf Roeger/AFP)
Mais de 900 polícias foram mobilizados nesta quinta-feira para aquela que foi considerada a maior operação contra grupos neonazis no estado alemão da Renânia do Norte-Vestefália, na parte ocidental do país. Apreenderam computadores, armas e material de propaganda.
A operação envolveu buscas em mais de 140 vivendas e em bares, e no final a polícia mostrou punhais, balas, painéis com a cruz suástica e a imagem de Hitler e armas, várias armas, algumas de grande calibre. Não foram efectuadas detenções, mas alguns membros dos grupos de extrema-direita visados já estariam detidos.
“Com esta operação conseguimos infligir um golpe na rede de neonazis”, garantiu o ministro do Interior estadual, Ralf Jäger. “Estes grupos são anti-estrangeiros, racistas e anti-semitas”, disse numa conferência de imprensa sobre a operação policial.
A Renânia do Norte-Vestefália é o estado com mais população da Alemanha, cerca de 18 milhões de habitantes, e esta operação, para recolha de provas, foi realizada depois de ter sido banida e proibida a actividades de três organizações neonazis locais – a Kamaradschaft Aachener Land, que opera em Aquisgrano (Aachen), a Resistência Nacional de Dortmund e a Kamaradschaft Hamm.
A polícia já tinha considerado estas organizações “violentas” e dois membros do primeiro grupo foram detidos em Maio de 2010, em Berlim, por terem em sua posse bombas artesanais que pretenderiam fazer explodir durante uma manifestação de protesto contra grupos neonazis, adiantou o El País.
Só na cidade de Dortmund, que tem cerca de meio milhão de habitantes e é considerada um bastião dos neonazis na parte ocidental da Alemanha, foram agora revistadas 93 vivendas. Foi ali que, em Dezembro, as autoridades estaduais estabeleceram um novo centro de coordenação da polícia para investigar grupos neonazis.
Desta vez foram apreendidos cerca de 1000 cartazes do Partido Nacional Democrático Alemão (NPD), de extrema direita, adiantou a Deutsche Welle, o que “demonstra a estreita ligação do partido aos grupos violentos neonazis”, disse Ralf Jäger.
O debate sobre a possível ilegalização deste partido já se prolonga há vários anos, e agora vários responsáveis locais e federais já manifestaram a intenção de voltar a fazer esse pedido junto do Tribunal Constitucional, depois de ter falhado uma tentativa, em 2003, por alegada falta de provas.
Mais de 22.000 membros de grupos neonazis em todo o país
No ano passado Ralf Jäger anunciou uma estimativa segundo a qual existem na Renânia do Norte-Vestefália cerca de 4000 neonazis, e agora adiantou que 400 a 600 serão violentos. Esta operação, que começou pelas 6h e se prolongou até ao meio-dia, pretendeu também evitar que acontecesse neste estado o que ocorreu em Turíngia, na parte oriental da Alemanha, onde em Novembro se descobriu que, entre 2000 e 2007, nove cidadãos de origem turca, um de origem grega e uma mulher polícia foram assassinados por grupos neonazis sem que as autoridades tenham actuado.
Quase todos estes assassínios foram cometidos com a mesma arma, o caso provocou um escândalo na Alemanha e levou à demissão, em Julho, do chefe dos serviços secretos internos alemães Heinz Fromm.
Esta operação policial ocorre também 20 anos depois de um dos mais violentos ataques contra estrangeiros na Alemanha do pós-guerra, que ocorreu na cidade de Rostock, no Nordeste do país, entre 22 e 26 de Agosto de 1992. Na altura, centenas de neonazis atiraram pedras e cocktails molotov e incendiaram um edifício onde viviam sobretudo ciganos que tinham pedido asilo, perante várias centenas de pessoas a assistir e a aplaudir. Não houve mortos, mas o ataque despertou a atenção para o crescimento de grupos neonazis e xenófobos sobretudo na parte oriental da Alemanha, recorda a Spiegel. Na antiga Alemanha de Leste os extremistas parecem ganhar terreno.
Em todo o país haverá cerca de 22.400 membros de grupos neonazis, segundo um relatório apresentado no mês passado pelos serviços de informações internas. Serão menos do que em 2010, quando as estimativas apontavam para 25.000, mas por outro lado tem aumentado o número de extremistas neonazis preparados para recorrer à violência, de 9500 para pelo menos 9800.
Vídeo
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/alemanha-lanca-operacao-contra-grupos-neonazis-e-apreende-armas-e-propaganda-1560189?all=1
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Polícia alemã proíbe três organizações neonazis (Euronews)
Polícia faz operação contra extrema-direita na Alemanha (AFP/Terra)
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segunda-feira, 19 de março de 2012
Assassino em série da França seria paranóico racista (extrema-direita)
Perita trabalha na cena do crime em frente à escola judaica Ozar Hatorah, em Toulouse. Foto: AFP
19 de março de 2012 • 15h50 • atualizado às 16h31
O assassino que horrorizou a França, após matar em oito dias crianças em uma escola judaica e militares, tem um perfil de assassino em série que "atribuiu a si mesmo uma missão" em uma lógica de "guerra", com "um aumento de poder" em cada um de seus crimes, apontaram criminologistas e especialistas. "Serial killer", paranóico racista de extrema direita, que acredita estar em uma "missão", desequilibrado "desprovido de ideologia": todas as hipóteses são apresentadas para tentar definir a personalidade de um assassino, que age sozinho e que sabe manusear armas para atingir suas vítimas.
O assassino - que circula com uma scooter e usa uma arma de calibre 11,43 - primeiro atacou militares de origem norte-africana e um de seus companheiros negro, antes de atacar uma escola judaica no sudoeste do país. Um homem determinado, que mostrou ter sangue frio, matou a cada quatro dias. Ele poderia ser militar ou paramilitar, ativo ou não, motivado por "um desejo de destruir algumas categorias de pessoas", disse o ex-policial Jean-François Abgrall.
A cada ato "aumentou sua força na agressão", afirma o analista criminal que se tornou investigador, mencionando "um personagem que vai para a guerra". "Sua primeira vítima, um paraquedista, caiu em uma armadilha (em Toulouse no dia 11 de março). Em seguida, repetiu o ato ao atacar três outros paraquedistas (em Montauban na quinta-feira). Os militares tinham em comum o fato de poderem ser percebidos como estrangeiros", o que pode ser para ele "insuportável", acredita Abgrall.
"Finalmente, na segunda-feira, chegou a perseguir suas vítimas no interior de uma escola judaica", onde matou três crianças e um professor. "Há, definitivamente um gatilho. Não podemos dizer qual seria, mas estamos em um clima de campanha política e falamos de problemas sociais que podem ter significados diferentes para ele", acrescentou Abgrall. Para o psiquiatra criminologista Coutanceau Roland, a mais forte hipótese é a de "terrorismo reduzido a um homem", racista ou não.
"Seria uma pessoa que, em vez de ter uma doença mental, tem apenas uma personalidade paranóica. Ele desenvolveu uma forma de crença ideológica absoluta, inabalável na privacidade de sua imaginação. De maneira megalomaníaca, ele atribui a si a tarefa de agir: ele pode afirmar 'eu tinha que fazer isso!'". "Ao se tratar de uma lógica abstrata de combate, o ato é cometido de maneira fria, organizada, com uma insensibilidade para com as pessoas que ele mata", afirma Coutanceau.
Para ele, esse assassino certamente não é um "assassino em massa em sua forma clássica, como na escola de Columbine (EUA, 1999), porque esse tipo de assassino permanece no local e procura, de alguma maneira, ser morto pela polícia". O psiquiatra também considera a possibilidade de ser um "doente mental, com um desenvolvimento do caráter paranóico, como o assassino de Oslo (o norueguês Breivik que matou 77 pessoas em julho de 2011, ndlr.) Alguém que tem um delírio, enquanto o resto de sua personalidade funciona 'normalmente', tornando-o capaz de organizar com inteligência sua estratégia".
Autor de dezenas de livros sobre crimes, Stephane Bourgoin descreveu o autor dos ataques como um "assassino em série". "Se não for parado, vai continuar, é indiscutível. Mas este tipo de assassino é difícil de ser pego, pois não tem conexão alguma com suas vítimas". A pista de terrorismo, que ninguém quer descartar, não é privilegiada pelos especialistas nem pelos investigadores, mesmo que a seção anti-terrorista tenha sido chamada por causa do "clima de intimidação e terror" gerado pelos ataques.
Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5673616-EI8142,00-Assassino+em+serie+da+Franca+seria+paranoico+racista.html
Ver mais:
França: atirador pode ser o autor de três chacinas (A Tarde online)
19 de março de 2012 • 15h50 • atualizado às 16h31
O assassino que horrorizou a França, após matar em oito dias crianças em uma escola judaica e militares, tem um perfil de assassino em série que "atribuiu a si mesmo uma missão" em uma lógica de "guerra", com "um aumento de poder" em cada um de seus crimes, apontaram criminologistas e especialistas. "Serial killer", paranóico racista de extrema direita, que acredita estar em uma "missão", desequilibrado "desprovido de ideologia": todas as hipóteses são apresentadas para tentar definir a personalidade de um assassino, que age sozinho e que sabe manusear armas para atingir suas vítimas.
O assassino - que circula com uma scooter e usa uma arma de calibre 11,43 - primeiro atacou militares de origem norte-africana e um de seus companheiros negro, antes de atacar uma escola judaica no sudoeste do país. Um homem determinado, que mostrou ter sangue frio, matou a cada quatro dias. Ele poderia ser militar ou paramilitar, ativo ou não, motivado por "um desejo de destruir algumas categorias de pessoas", disse o ex-policial Jean-François Abgrall.
A cada ato "aumentou sua força na agressão", afirma o analista criminal que se tornou investigador, mencionando "um personagem que vai para a guerra". "Sua primeira vítima, um paraquedista, caiu em uma armadilha (em Toulouse no dia 11 de março). Em seguida, repetiu o ato ao atacar três outros paraquedistas (em Montauban na quinta-feira). Os militares tinham em comum o fato de poderem ser percebidos como estrangeiros", o que pode ser para ele "insuportável", acredita Abgrall.
"Finalmente, na segunda-feira, chegou a perseguir suas vítimas no interior de uma escola judaica", onde matou três crianças e um professor. "Há, definitivamente um gatilho. Não podemos dizer qual seria, mas estamos em um clima de campanha política e falamos de problemas sociais que podem ter significados diferentes para ele", acrescentou Abgrall. Para o psiquiatra criminologista Coutanceau Roland, a mais forte hipótese é a de "terrorismo reduzido a um homem", racista ou não.
"Seria uma pessoa que, em vez de ter uma doença mental, tem apenas uma personalidade paranóica. Ele desenvolveu uma forma de crença ideológica absoluta, inabalável na privacidade de sua imaginação. De maneira megalomaníaca, ele atribui a si a tarefa de agir: ele pode afirmar 'eu tinha que fazer isso!'". "Ao se tratar de uma lógica abstrata de combate, o ato é cometido de maneira fria, organizada, com uma insensibilidade para com as pessoas que ele mata", afirma Coutanceau.
Para ele, esse assassino certamente não é um "assassino em massa em sua forma clássica, como na escola de Columbine (EUA, 1999), porque esse tipo de assassino permanece no local e procura, de alguma maneira, ser morto pela polícia". O psiquiatra também considera a possibilidade de ser um "doente mental, com um desenvolvimento do caráter paranóico, como o assassino de Oslo (o norueguês Breivik que matou 77 pessoas em julho de 2011, ndlr.) Alguém que tem um delírio, enquanto o resto de sua personalidade funciona 'normalmente', tornando-o capaz de organizar com inteligência sua estratégia".
Autor de dezenas de livros sobre crimes, Stephane Bourgoin descreveu o autor dos ataques como um "assassino em série". "Se não for parado, vai continuar, é indiscutível. Mas este tipo de assassino é difícil de ser pego, pois não tem conexão alguma com suas vítimas". A pista de terrorismo, que ninguém quer descartar, não é privilegiada pelos especialistas nem pelos investigadores, mesmo que a seção anti-terrorista tenha sido chamada por causa do "clima de intimidação e terror" gerado pelos ataques.
Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5673616-EI8142,00-Assassino+em+serie+da+Franca+seria+paranoico+racista.html
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França: atirador pode ser o autor de três chacinas (A Tarde online)
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segunda-feira, 5 de março de 2012
O escritor húngaro Akos Kertesz pede asilo ao Canadá
Em uma carta aberta publicada em agosto, Kertesz afirmou que seus compatriotas estavam suprimindo sua responsabilidade no Holocausto dos judeus húngaros
Cultura | 04/03/2012 - 18:44h
Budapeste (dpa) - O escritor húngaro Akos Kertesz solicitou asilo no Canadá depois de sofrer uma "campanha difamatória" em seu país, segundo denunciou hoje sua assessoria de imprensa. O novelista e roteirista judeu de 79 anos se encontra com sua mulher em Montreal desde o dia 29 de fevereiro, informou a mídia húngara. Kertesz solicitou no Canadá o status de refugiado devido aos "danos psíquicos e ameaças" sofridos como consequência de uma "campanha difamatória" na Hungria.
O escritor denunciou ter sido "insultado e golpeado em plena rua", o que assegura que pôs sua vida em perigo. O escritor, que tem vínculos com o Prêmio Nobel de Literatura Imre Kertesz, manteve nos últimos meses uma forte polêmica com o governo húngaro. Em uma carta aberta publicada em agosto, Kertesz sostentou que seus compatriotas estavam suprimindo sua responsabilidade no Holocausto dos judeus húngaros.
E escreveu: "O húngaro é geneticamente submisso ao governo". As afirmações provocaram uma dura campanha dos círculos próximos ao governo direitista, que tem como primeiro ministro desde 2010, Viktor Orban. No mês passado, a ativista romani Viktoria Mohacsi e ex-legisladora europeia também pediu asilo no Canadá.
Fonte: LaVanguardia.com (Espanha)
http://www.lavanguardia.com/cultura/20120304/54264159495/akos-kertesz-asilo-canada.html
Tradução: Roberto Lucena
Cultura | 04/03/2012 - 18:44h
Budapeste (dpa) - O escritor húngaro Akos Kertesz solicitou asilo no Canadá depois de sofrer uma "campanha difamatória" em seu país, segundo denunciou hoje sua assessoria de imprensa. O novelista e roteirista judeu de 79 anos se encontra com sua mulher em Montreal desde o dia 29 de fevereiro, informou a mídia húngara. Kertesz solicitou no Canadá o status de refugiado devido aos "danos psíquicos e ameaças" sofridos como consequência de uma "campanha difamatória" na Hungria.
O escritor denunciou ter sido "insultado e golpeado em plena rua", o que assegura que pôs sua vida em perigo. O escritor, que tem vínculos com o Prêmio Nobel de Literatura Imre Kertesz, manteve nos últimos meses uma forte polêmica com o governo húngaro. Em uma carta aberta publicada em agosto, Kertesz sostentou que seus compatriotas estavam suprimindo sua responsabilidade no Holocausto dos judeus húngaros.
E escreveu: "O húngaro é geneticamente submisso ao governo". As afirmações provocaram uma dura campanha dos círculos próximos ao governo direitista, que tem como primeiro ministro desde 2010, Viktor Orban. No mês passado, a ativista romani Viktoria Mohacsi e ex-legisladora europeia também pediu asilo no Canadá.
Fonte: LaVanguardia.com (Espanha)
http://www.lavanguardia.com/cultura/20120304/54264159495/akos-kertesz-asilo-canada.html
Tradução: Roberto Lucena
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Curitiba terá o primeiro Museu do Holocausto do País
Almanaque / Notícias
Curitiba terá o primeiro Museu do Holocausto do País
Edilson Pereira/Marcos Borges
Confira aqui a galeria de fotos.
Curitiba terá a partir deste domingo (20) mais um museu. E de natureza internacional. É o Museu do Holocausto. Espaço semelhante já existe em Buenos Aires, Montreal, Polônia, Austrália, Bélgica, Holanda, África do Sul, Inglaterra, Rússia, entre outros países, sem contar as inúmeras unidades espalhadas pelo território americano (Nova York, Washington, Los Angeles, Houston, Dallas, entre outras). O museu é um espaço criado pela comunidade judaica com o objetivo inicial de preservar a memória das vítimas semitas sob os nazistas, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, Miguel Krigsner, que concretiza uma ideia nascida há aproximadamente dez anos, diz que a escolha da capital paranaense para abrigar a primeira unidade brasileira se deve ao fato de Curitiba e o estado contarem com número expressivo de judeus e descendentes europeus. Para ele, a iniciativa procura "trazer à luz um dos períodos mais tristes do século XX". O museu não pretende "atacar nenhuma etnia, não tem nenhum intuito político, mas levar à reflexão sobre o momento atual, sobre a intolerância e a violência, que existem e atualmente vêm à tona especialmente sobre negros e homossexuais".
Krigsner observou que o Brasil começa a ganhar importância internacional, se transforma em potência mundial e atrai expressiva leva de imigrantes. Ele destacou que sempre houve clima de convivência pacífica no país, e que iniciativas como a criação do museu se soma ao esforço para a cultura da tolerância. Ele abordou ainda manifestações que procuram relativizar a importância do holocausto e em alguns casos questionar a sua existência. "Começam a surgir notícias de que o holocausto não existiu. De que é uma mentira judaica. Grande parte da família de meu pai desapareceu na Polônia. Onde ela foi parar? Foi abduzida do planeta?", indaga ele, ao mesmo tempo em que procura demonstrar a relevância que o assunto tem para os judeus.
A cientista política Denise Faiguenblum Hasbani, pós-graduada em Língua e Cultura Judaica pela Faculdade Renascença e mestre em Língua e Cultura Judaica pela USP, vê o museu como um instrumento de utilidade para as gerações futuras. Ela não se preocupa em combater a recente onda de crítica ao holocausto. "Estes negadores não têm importância. Sabemos que existiu. E pronto. O importante é o futuro. Servir de alerta para as gerações futuras sobre a intolerância e a violência, até onde elas podem chegar", diz.
Para Denise Hasbani, a função do museu será a de contribuir para o aprendizado: "É preciso aprender. Esta é a função do museu". "Queremos que as pessoas vejam, aprendam e saiam de lá melhores como seres humanos. O passado não muda mais. O holocausto aconteceu. Está muito bem documentado. Eles que dizem que não aconteceu, então que provem. O que não queremos é que nada semelhante a isso aconteça com ninguém no futuro", diz ela. A cientista política observou que depois do holocausto, aconteceram outros tipos de violência e genocídios com outros povos, numa demonstração de que "a humanidade não aprendeu com o holocausto".
Embora o museu seja inaugurado neste domingo, as visitas serão abertas ao público a partir de 12 de fevereiro, sempre agendadas pelo site ou por telefone com antecedência de 24 horas no mínimo e em horários especiais. Um dos focos do museu será a visitação para grupos de alunos e estudiosos do assunto. O coordenador do museu, Carlos Reiss, explica que a inauguração será feita em parte este mês para aproveitar o encontro nacional de lideranças de sociedades brasileiro-israelenses em Curitiba. O tempo restante, até fevereiro, será dedicado a encorpar o acervo, ainda em fase de consolidação. O Museu do Holocausto de Curitiba fica na Rua Coronel Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro (fones 3093-7462 e 3093-7461), site: www.museudoholocausto.org.br
Confira aqui a galeria de fotos.
Fonte: ParanáOnline
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/574560/?noticia=CURITIBA+TERA+O+PRIMEIRO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+DO+PAIS
Curitiba terá o primeiro Museu do Holocausto do País
Edilson Pereira/Marcos Borges
Confira aqui a galeria de fotos.
Curitiba terá a partir deste domingo (20) mais um museu. E de natureza internacional. É o Museu do Holocausto. Espaço semelhante já existe em Buenos Aires, Montreal, Polônia, Austrália, Bélgica, Holanda, África do Sul, Inglaterra, Rússia, entre outros países, sem contar as inúmeras unidades espalhadas pelo território americano (Nova York, Washington, Los Angeles, Houston, Dallas, entre outras). O museu é um espaço criado pela comunidade judaica com o objetivo inicial de preservar a memória das vítimas semitas sob os nazistas, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, Miguel Krigsner, que concretiza uma ideia nascida há aproximadamente dez anos, diz que a escolha da capital paranaense para abrigar a primeira unidade brasileira se deve ao fato de Curitiba e o estado contarem com número expressivo de judeus e descendentes europeus. Para ele, a iniciativa procura "trazer à luz um dos períodos mais tristes do século XX". O museu não pretende "atacar nenhuma etnia, não tem nenhum intuito político, mas levar à reflexão sobre o momento atual, sobre a intolerância e a violência, que existem e atualmente vêm à tona especialmente sobre negros e homossexuais".
Krigsner observou que o Brasil começa a ganhar importância internacional, se transforma em potência mundial e atrai expressiva leva de imigrantes. Ele destacou que sempre houve clima de convivência pacífica no país, e que iniciativas como a criação do museu se soma ao esforço para a cultura da tolerância. Ele abordou ainda manifestações que procuram relativizar a importância do holocausto e em alguns casos questionar a sua existência. "Começam a surgir notícias de que o holocausto não existiu. De que é uma mentira judaica. Grande parte da família de meu pai desapareceu na Polônia. Onde ela foi parar? Foi abduzida do planeta?", indaga ele, ao mesmo tempo em que procura demonstrar a relevância que o assunto tem para os judeus.
A cientista política Denise Faiguenblum Hasbani, pós-graduada em Língua e Cultura Judaica pela Faculdade Renascença e mestre em Língua e Cultura Judaica pela USP, vê o museu como um instrumento de utilidade para as gerações futuras. Ela não se preocupa em combater a recente onda de crítica ao holocausto. "Estes negadores não têm importância. Sabemos que existiu. E pronto. O importante é o futuro. Servir de alerta para as gerações futuras sobre a intolerância e a violência, até onde elas podem chegar", diz.
Para Denise Hasbani, a função do museu será a de contribuir para o aprendizado: "É preciso aprender. Esta é a função do museu". "Queremos que as pessoas vejam, aprendam e saiam de lá melhores como seres humanos. O passado não muda mais. O holocausto aconteceu. Está muito bem documentado. Eles que dizem que não aconteceu, então que provem. O que não queremos é que nada semelhante a isso aconteça com ninguém no futuro", diz ela. A cientista política observou que depois do holocausto, aconteceram outros tipos de violência e genocídios com outros povos, numa demonstração de que "a humanidade não aprendeu com o holocausto".
Embora o museu seja inaugurado neste domingo, as visitas serão abertas ao público a partir de 12 de fevereiro, sempre agendadas pelo site ou por telefone com antecedência de 24 horas no mínimo e em horários especiais. Um dos focos do museu será a visitação para grupos de alunos e estudiosos do assunto. O coordenador do museu, Carlos Reiss, explica que a inauguração será feita em parte este mês para aproveitar o encontro nacional de lideranças de sociedades brasileiro-israelenses em Curitiba. O tempo restante, até fevereiro, será dedicado a encorpar o acervo, ainda em fase de consolidação. O Museu do Holocausto de Curitiba fica na Rua Coronel Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro (fones 3093-7462 e 3093-7461), site: www.museudoholocausto.org.br
Confira aqui a galeria de fotos.
Fonte: ParanáOnline
http://www.parana-online.com.br/editoria/almanaque/news/574560/?noticia=CURITIBA+TERA+O+PRIMEIRO+MUSEU+DO+HOLOCAUSTO+DO+PAIS
terça-feira, 26 de julho de 2011
Breivik não é uma singularidade na Noruega
MATTHEW GOODWIN
DO "GUARDIAN"
A tragédia que aconteceu na Noruega neste fim de semana pode vir a ser um divisor de águas em termos de como encaramos os seguidores da extrema-direita, os grupos da extrema-direita e sua ideologia. Até agora, as democracias europeias e seus serviços de segurança vinham focando quase exclusivamente a ameaça do terrorismo inspirado na Al Qaeda. Os grupos extremistas de direita e suas entidades afiliadas mais violentas eram vistos como nada mais que um movimento desorganizado, fragmentado e irrelevante.
Mas essa visão convencional não levava em conta as evidências mais amplas de um estado de ânimo mais violento e beligerante que se manifestava nos círculos da extrema-direita europeia. Essa mudança pode ter sido uma reação à chegada do terrorismo inspirado na Al Qaeda, ou o sentimento de que os partidos políticos de extrema-direita na Europa (como o Partido do Progresso norueguês, ao qual o autor dos ataques foi filiado no passado) não estão exercendo influência suficiente em questões como a imigração.
Dois anos atrás, autoridades antiterrorismo no Reino Unido lançaram um aviso sobre a ameaça crescente representada por "lobos solitários" de direita. Ao mesmo tempo, o Departamento de Segurança Interna dos EUA avisou que o clima econômico mais amplo e a eleição do primeiro presidente afro-americano poderiam resultar em confrontos entre extremistas de direita e autoridades governamentais, "semelhantes aos do passado". Esses acontecimentos passados incluíram o atentado contra um edifício federal em Oklahoma, no qual morreram 168 pessoas.
Os fatos ocorridos no fim de semana contestam diretamente a ideia de que o extremismo de direita seja uma ameaça apenas secundária à segurança. De acordo com a polícia norueguesa, o autor dos ataques --Anders Behring Breivik, de 32 anos-- confirmou que planejou e realizou os dois ataques sozinho.
As origens de suas influências ideológicas já começaram a vir à tona. Breivik era longe de ser o que se poderia descrever como um extremista de direita tradicional. Ao mesmo tempo em que estava profundamente preocupado com os efeitos da imigração, do multiculturalismo, do islã e do crescimento das comunidades muçulmanas radicadas no país, ele também rejeitava as ideias neonazistas e supremacistas raciais grosseiras e os partidos que as defendem, citando, por exemplo, o Partido Nacional Britânico (BNP).
Talvez tenha sido sua rejeição do BNP que o levou a se interessar pela Liga de Defesa Inglesa (EDL). Breivik ficou impressionado com a velocidade do crescimento desse grupo e elogiou as "escolhas táticas" feitas por seus líderes. Isso incluiu o endosso da rejeição por parte da EDL do discurso supremacista branco tradicional e do racismo, além da decisão da liga de opor-se ao islã por razões culturais. Essa distinção entre as formas tradicionais de extremismo de direita baseadas na questão racial (como as do BNP) e uma nova narrativa antimuçulmana reflete uma mudança mais ampla no interior da extrema-direita europeia. Em lugar da oposição à imigração e ao islã por razões raciais (argumento que atrairia pouco apoio), a ênfase se desloca para a questão da cultura, que encontra aceitação social maior: os muçulmanos não seriam biologicamente inferiores, mas seriam culturalmente incompatíveis, diz o argumento. O objetivo é abrir os grupos de extrema-direita modernos a um público mais amplo.
Como a maioria dos integrantes da extrema-direita, ao mesmo tempo em que Breivik expressava preocupação profunda diante de uma série de ameaças à sociedade mais ampla, ele parecia enxergar os partidos majoritários como sendo incapazes ou não dispostos a oferecer respostas à altura das ameaças. Ele foi em dado momento membro do Partido do Progresso, de direita, que também argumenta contra a imigração e tece críticas aos muçulmanos, mas, mais tarde, denunciou membros desse partido como sendo "políticos de carreira, politicamente corretos" que não estavam preparados para "correr riscos e trabalhar por metas idealistas". Mais amplamente, Breivik também se opunha ferrenhamente à influência cultural do marxismo e da chamada "correção política" e convocou setores da direita a combater essa influência, assumindo o controle da mídia e outras posições de influência.
Seria fácil qualificar Breivik como uma exceção norueguesa, mas seria um engano. Embora ele seja distinguível por seus atos, é importante observar que algumas de suas preocupações básicas também vêm exercendo papel destacado na política norueguesa e na política europeia, de modo mais geral. Eu passei quatro anos entrevistando ativistas da extrema-direita, muitos dos quais rejeitavam a violência política. Mas o que ficou claro ao longo dessa pesquisa é que existe, inquestionavelmente, uma cultura da violência dentro da subcultura de extrema-direita mais ampla. Muitas das ideias expressas durante a pesquisa também vieram à tona nas últimas 48 horas: a ameaça que seria representada pelas comunidades muçulmanas, a ideia de que os grandes partidos são incapazes de fazer frente a essa ameaça, e uma ênfase forte sobre o "choque de civilizações" entre membros da população majoritária e de grupos minoritários.
Por meio de sites na internet, materiais impressos e reuniões (e Breivik teria sido exposto a tudo isso), esse movimento fomenta entre seus seguidores várias narrativas: a ideia de que estão travando uma batalha pela sobrevivência racial ou cultural; que seu grupo racial, religioso ou cultural estaria ameaçado de extinção iminente; que as opções políticas existentes seriam incapazes de reagir a essa ameaça; que ações urgentes e radicais são necessárias para responder a essas ameaças na sociedade, e que eles precisam cumprir esse dever para poderem deixar um legado a seus filhos e netos.
Esses argumentos proporcionam aos seguidores de grupos de extrema-direita e fundamentalistas um raciocínio convincente e forte para que se envolvam ativamente. Para começar, esses cidadãos consideram que uma comunidade mais ampla se encontra ameaçada, quer seja pela Al Qaeda, por organizações supranacionais como a UE ou a ONU, pela imigração ou pelo crescimento de comunidades muçulmanas radicadas.
Ademais, eles argumentam que essa ameaça é de ordem cultural, e não econômica. Não é uma simples questão de emprego ou de moradias subsidiadas. É um conjunto profundo de receios de que um conjunto de valores, um modo de vida e uma comunidade maior estejam vivendo sob ameaça, e que apenas as formas de ação mais radicais seriam capazes de eliminar essa ameaça.
Recentemente escrevi uma resenha de um livro acadêmico que terminava com a previsão de que a próxima onda de terrorismo na Europa virá não de grupos inspirados na Al Qaeda, mas de grupos de direita que querem reagir a essa ameaça e reafirmar a posição de seu grupo mais amplo. Ainda é cedo para saber se os atos de Breivik vão inspirar ataques semelhantes, mas uma coisa está clara: a ameaça representada pelos grupos e as ideias extremistas de direita merecem uma atenção muito maior.
Tradução de Clara Allain
Fonte: Bol Notícias(Brasil)
http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/07/25/breivik-nao-e-uma-singularidade-na-noruega.jhtm
Texto original: The Guardian(Reino Unido)
Norway attacks: We can no longer ignore the far-right threat
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/jul/24/norway-bombing-attack-far-right
Monstro norueguês acredita estar em guerra (AFP Brasil)
DO "GUARDIAN"
A tragédia que aconteceu na Noruega neste fim de semana pode vir a ser um divisor de águas em termos de como encaramos os seguidores da extrema-direita, os grupos da extrema-direita e sua ideologia. Até agora, as democracias europeias e seus serviços de segurança vinham focando quase exclusivamente a ameaça do terrorismo inspirado na Al Qaeda. Os grupos extremistas de direita e suas entidades afiliadas mais violentas eram vistos como nada mais que um movimento desorganizado, fragmentado e irrelevante.
Mas essa visão convencional não levava em conta as evidências mais amplas de um estado de ânimo mais violento e beligerante que se manifestava nos círculos da extrema-direita europeia. Essa mudança pode ter sido uma reação à chegada do terrorismo inspirado na Al Qaeda, ou o sentimento de que os partidos políticos de extrema-direita na Europa (como o Partido do Progresso norueguês, ao qual o autor dos ataques foi filiado no passado) não estão exercendo influência suficiente em questões como a imigração.
Dois anos atrás, autoridades antiterrorismo no Reino Unido lançaram um aviso sobre a ameaça crescente representada por "lobos solitários" de direita. Ao mesmo tempo, o Departamento de Segurança Interna dos EUA avisou que o clima econômico mais amplo e a eleição do primeiro presidente afro-americano poderiam resultar em confrontos entre extremistas de direita e autoridades governamentais, "semelhantes aos do passado". Esses acontecimentos passados incluíram o atentado contra um edifício federal em Oklahoma, no qual morreram 168 pessoas.
Os fatos ocorridos no fim de semana contestam diretamente a ideia de que o extremismo de direita seja uma ameaça apenas secundária à segurança. De acordo com a polícia norueguesa, o autor dos ataques --Anders Behring Breivik, de 32 anos-- confirmou que planejou e realizou os dois ataques sozinho.
As origens de suas influências ideológicas já começaram a vir à tona. Breivik era longe de ser o que se poderia descrever como um extremista de direita tradicional. Ao mesmo tempo em que estava profundamente preocupado com os efeitos da imigração, do multiculturalismo, do islã e do crescimento das comunidades muçulmanas radicadas no país, ele também rejeitava as ideias neonazistas e supremacistas raciais grosseiras e os partidos que as defendem, citando, por exemplo, o Partido Nacional Britânico (BNP).
Talvez tenha sido sua rejeição do BNP que o levou a se interessar pela Liga de Defesa Inglesa (EDL). Breivik ficou impressionado com a velocidade do crescimento desse grupo e elogiou as "escolhas táticas" feitas por seus líderes. Isso incluiu o endosso da rejeição por parte da EDL do discurso supremacista branco tradicional e do racismo, além da decisão da liga de opor-se ao islã por razões culturais. Essa distinção entre as formas tradicionais de extremismo de direita baseadas na questão racial (como as do BNP) e uma nova narrativa antimuçulmana reflete uma mudança mais ampla no interior da extrema-direita europeia. Em lugar da oposição à imigração e ao islã por razões raciais (argumento que atrairia pouco apoio), a ênfase se desloca para a questão da cultura, que encontra aceitação social maior: os muçulmanos não seriam biologicamente inferiores, mas seriam culturalmente incompatíveis, diz o argumento. O objetivo é abrir os grupos de extrema-direita modernos a um público mais amplo.
Como a maioria dos integrantes da extrema-direita, ao mesmo tempo em que Breivik expressava preocupação profunda diante de uma série de ameaças à sociedade mais ampla, ele parecia enxergar os partidos majoritários como sendo incapazes ou não dispostos a oferecer respostas à altura das ameaças. Ele foi em dado momento membro do Partido do Progresso, de direita, que também argumenta contra a imigração e tece críticas aos muçulmanos, mas, mais tarde, denunciou membros desse partido como sendo "políticos de carreira, politicamente corretos" que não estavam preparados para "correr riscos e trabalhar por metas idealistas". Mais amplamente, Breivik também se opunha ferrenhamente à influência cultural do marxismo e da chamada "correção política" e convocou setores da direita a combater essa influência, assumindo o controle da mídia e outras posições de influência.
Seria fácil qualificar Breivik como uma exceção norueguesa, mas seria um engano. Embora ele seja distinguível por seus atos, é importante observar que algumas de suas preocupações básicas também vêm exercendo papel destacado na política norueguesa e na política europeia, de modo mais geral. Eu passei quatro anos entrevistando ativistas da extrema-direita, muitos dos quais rejeitavam a violência política. Mas o que ficou claro ao longo dessa pesquisa é que existe, inquestionavelmente, uma cultura da violência dentro da subcultura de extrema-direita mais ampla. Muitas das ideias expressas durante a pesquisa também vieram à tona nas últimas 48 horas: a ameaça que seria representada pelas comunidades muçulmanas, a ideia de que os grandes partidos são incapazes de fazer frente a essa ameaça, e uma ênfase forte sobre o "choque de civilizações" entre membros da população majoritária e de grupos minoritários.
Por meio de sites na internet, materiais impressos e reuniões (e Breivik teria sido exposto a tudo isso), esse movimento fomenta entre seus seguidores várias narrativas: a ideia de que estão travando uma batalha pela sobrevivência racial ou cultural; que seu grupo racial, religioso ou cultural estaria ameaçado de extinção iminente; que as opções políticas existentes seriam incapazes de reagir a essa ameaça; que ações urgentes e radicais são necessárias para responder a essas ameaças na sociedade, e que eles precisam cumprir esse dever para poderem deixar um legado a seus filhos e netos.
Esses argumentos proporcionam aos seguidores de grupos de extrema-direita e fundamentalistas um raciocínio convincente e forte para que se envolvam ativamente. Para começar, esses cidadãos consideram que uma comunidade mais ampla se encontra ameaçada, quer seja pela Al Qaeda, por organizações supranacionais como a UE ou a ONU, pela imigração ou pelo crescimento de comunidades muçulmanas radicadas.
Ademais, eles argumentam que essa ameaça é de ordem cultural, e não econômica. Não é uma simples questão de emprego ou de moradias subsidiadas. É um conjunto profundo de receios de que um conjunto de valores, um modo de vida e uma comunidade maior estejam vivendo sob ameaça, e que apenas as formas de ação mais radicais seriam capazes de eliminar essa ameaça.
Recentemente escrevi uma resenha de um livro acadêmico que terminava com a previsão de que a próxima onda de terrorismo na Europa virá não de grupos inspirados na Al Qaeda, mas de grupos de direita que querem reagir a essa ameaça e reafirmar a posição de seu grupo mais amplo. Ainda é cedo para saber se os atos de Breivik vão inspirar ataques semelhantes, mas uma coisa está clara: a ameaça representada pelos grupos e as ideias extremistas de direita merecem uma atenção muito maior.
Tradução de Clara Allain
Fonte: Bol Notícias(Brasil)
http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/07/25/breivik-nao-e-uma-singularidade-na-noruega.jhtm
Texto original: The Guardian(Reino Unido)
Norway attacks: We can no longer ignore the far-right threat
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/jul/24/norway-bombing-attack-far-right
Monstro norueguês acredita estar em guerra (AFP Brasil)
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Extrema-direita é mais forte no Leste mas é um problema nacional
Partido extremista NPD presente no Parlamento de dois estados-federados da ex-RDA
Extrema-direita é mais forte no Leste mas é um problema nacional
13.06.2011 Por Maria João Guimarães
É voz corrente dizer que o problema da extrema-direita na Alemanha é mais forte na antiga República Democrática Alemã (RDA). Jamel, a pequena aldeia dominada pelos neonazis onde vivem Birgit e Horst Lohmeyer, parece ser a confirmação disso mesmo: fica no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, um dos dois estados federados onde o Partido Nacional Democrático (NDP) tem representação no parlamento local. O outro é a Saxônia, onde o NPD fez a sua estreia num parlamento de um Land em 2004. O partido nunca conseguiu, no entanto, chegar perto da marca dos cinco por cento, necessário para obter representação parlamentar a nível federal.
A explicação da maior presença da extrema-direita na Alemanha de Leste parece estar em vários factores: primeiro, no modo como a RDA lidava com o seu passado nazi, apresentando o fenómeno como ligado à parte ocidental do país e negando a sua participação no regime de Hitler; segundo, pelas maiores dificuldades econômicas e desemprego na antiga parte comunista; e por último, ironicamente, por haver menos estrangeiros e judeus no lado oriental do país, o que faz com que haja mais xenofobia e antissemitismo.
No entanto, para os Lohmeyer, enquadrar a questão assim é redutor. "A extrema-direita é um problema da Alemanha - de toda a Alemanha", dizem. Pode ser pior no Leste, mas o que é preciso é uma forte ação nacional, defendem. Por exemplo? "Proibir o Partido Nacional Democrático."
Os políticos do NPD têm tentado distanciar-se da glorificação do Terceiro Reich e focar-se em questões como imigração ou desemprego; uma tentativa anterior de proibir o partido esbarrou com o fato de que muitas declarações de responsáveis que seriam usadas no processo serem de membros do partido que eram, na verdade, agentes da polícia infiltrados.
Não é fácil fazer um retrato da extrema-direita na Alemanha. Há várias organizações que discordam umas das outras, há muitas diferenças ideológicas. Por exemplo, em relação aos estrangeiros: "Há correntes que não toleram estrangeiros, há correntes que dizem que os estrangeiros são bem-vindos desde que venham como turistas... e depois se vão embora", conta Birgit Lohmeyer. Há os que negam certos acontecimentos históricos como o Holocausto e os que os elogiam. Há os que defendem participar no sistema democrático e os que defendem a sua destruição.
A agência de segurança interna da Alemanha avisou recentemente para o crescimento de membros dos Nacionalistas Autônomos, um grupo que recusa a participação em eleições e que é conhecido pela violência. Este grupo terá cerca de 5600 membros, segundo o presidente do Gabinete Federal para a Protecção da Constituição Heinz Fromm (mais 600 do que no ano anterior).
Por outro lado, os números mais recentes do NPD baixaram: o partido contava com 6600 membros no final do ano passado (menos 300 do que em 2009), e a extrema-direita, no seu conjunto, contava com 25 mil pessoas, tendo as organizações desta tendência perdido 1600 membros no último ano.
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/extremadireita-e-mais-forte-no-leste-mas-e-um-problema-nacional_1498555
Extrema-direita é mais forte no Leste mas é um problema nacional
13.06.2011 Por Maria João Guimarães
É voz corrente dizer que o problema da extrema-direita na Alemanha é mais forte na antiga República Democrática Alemã (RDA). Jamel, a pequena aldeia dominada pelos neonazis onde vivem Birgit e Horst Lohmeyer, parece ser a confirmação disso mesmo: fica no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, um dos dois estados federados onde o Partido Nacional Democrático (NDP) tem representação no parlamento local. O outro é a Saxônia, onde o NPD fez a sua estreia num parlamento de um Land em 2004. O partido nunca conseguiu, no entanto, chegar perto da marca dos cinco por cento, necessário para obter representação parlamentar a nível federal.
A explicação da maior presença da extrema-direita na Alemanha de Leste parece estar em vários factores: primeiro, no modo como a RDA lidava com o seu passado nazi, apresentando o fenómeno como ligado à parte ocidental do país e negando a sua participação no regime de Hitler; segundo, pelas maiores dificuldades econômicas e desemprego na antiga parte comunista; e por último, ironicamente, por haver menos estrangeiros e judeus no lado oriental do país, o que faz com que haja mais xenofobia e antissemitismo.
No entanto, para os Lohmeyer, enquadrar a questão assim é redutor. "A extrema-direita é um problema da Alemanha - de toda a Alemanha", dizem. Pode ser pior no Leste, mas o que é preciso é uma forte ação nacional, defendem. Por exemplo? "Proibir o Partido Nacional Democrático."
Os políticos do NPD têm tentado distanciar-se da glorificação do Terceiro Reich e focar-se em questões como imigração ou desemprego; uma tentativa anterior de proibir o partido esbarrou com o fato de que muitas declarações de responsáveis que seriam usadas no processo serem de membros do partido que eram, na verdade, agentes da polícia infiltrados.
Não é fácil fazer um retrato da extrema-direita na Alemanha. Há várias organizações que discordam umas das outras, há muitas diferenças ideológicas. Por exemplo, em relação aos estrangeiros: "Há correntes que não toleram estrangeiros, há correntes que dizem que os estrangeiros são bem-vindos desde que venham como turistas... e depois se vão embora", conta Birgit Lohmeyer. Há os que negam certos acontecimentos históricos como o Holocausto e os que os elogiam. Há os que defendem participar no sistema democrático e os que defendem a sua destruição.
A agência de segurança interna da Alemanha avisou recentemente para o crescimento de membros dos Nacionalistas Autônomos, um grupo que recusa a participação em eleições e que é conhecido pela violência. Este grupo terá cerca de 5600 membros, segundo o presidente do Gabinete Federal para a Protecção da Constituição Heinz Fromm (mais 600 do que no ano anterior).
Por outro lado, os números mais recentes do NPD baixaram: o partido contava com 6600 membros no final do ano passado (menos 300 do que em 2009), e a extrema-direita, no seu conjunto, contava com 25 mil pessoas, tendo as organizações desta tendência perdido 1600 membros no último ano.
Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/extremadireita-e-mais-forte-no-leste-mas-e-um-problema-nacional_1498555
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Quase 60% dos espanhóis são antissemitas
A crise faz disparar o ódio antijudaico na Espanha
58,4% dos espanhóis são antissemitas, muito acima da média europeia, segundo o Relatório sobre Antissemitismo de 2010
JUAN G. BEDOYA - Madrid - 30/03/2011
"Não estão fazendo os deveres e a consequência é um perigoso crescimento do antissemitismo e do ódio racial na Espanha". Esta é a queixa da Federação de Comunidades Judaicas da Espanha e do Movimento contra a Intolerância. Um detalhado relatório apresentado hoje em Madrid não deixa lugar a dúvidas: a Espanha figura no topo da União Europeia em atos violentos e manifestações de ódio racial e de desprezo a judeus, com um incremento constante pela crise econômica.
Os resultados de uma pesquisa encarregada no outono passado pelo Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação não deixam dúvidas: 58,4% da população espanhola opina que "os judeus têm muito poder porque controlam a economia e os meios de comunicação", e mais de um terço (34,6%) têm uma opinião desfavorável ou totalmente desfavorável dessa comunidade religiosa, que na Espanha somam apenas 40.000 pessoas. O estudo foi realizado com 1.012 entrevistas entre cidadãos maiores de 15 anos.
Estes dados do entitulado Relatório sobre Antissemitismo na Espanha em 2010 avalizam outros de uma pesquisa oficial entre escolares realizada há um quinquênio, segundo a qual mais da metade dos estudantes não queriam ter um garoto judeu como companheiro de carteira escolar, em que pese não poder reconhecê-lo fisicamente.
Curiosamente, é a extrema-direita a que menos rechaço tem pelas comunidades judaicas (uns 34%), frente a 37,7% entre pessoas que se declaram de centro-esquerda. "Se esses dados estão corretos, a Espanha seria um caso único na Europa, e o país tem um verdadeiro problema", destacou o presidente da Federação de Comunidades Judaicas da Espanha (FCJE), Jacobo Israel Garzón.
O responsável pelo Movimento contra a Intolerância, Esteban Ibarra, sublinhou a seu lado esta percepção, com uma queixa severa ante o Governo, por não haver executado o compromisso de reformar o Código Penal para punir a incitação e apologia do ódio racial ou antissemita em suas diversas manifestações. O mandato da Comissão Europeia para reformar o artigo 510 do Código Penal que se refere a esses temas concluiu em 28 de novembro passado, sem a Espanha tê-lo cumprido.
Há outros dados chamativos neste Relatório sobre o Antissemitismo, o segundo que se realiza na Espanha. Por exemplo, a extrema-direita tem uma opinião menos desfavorável dos judeus (34%) que a centro-esquerda (37,7%), e a simpatia ante os judeus na extrema-direita (4,9 numa escala de 0 a 10) é superior à média da população (4,6)".
A crise econômica tem agravado a situação, pelo suposto poder econômico que a pesquisa atribui aos judeus espanhóis em que pese significar apenas 1% da população total nacional. Dois terços (62,2%) dos 58,4% que opinam que dizem que "os judeus têm muito poder porque controlam a economia e os meios de comunicação", são universitários. A percentagem sobe até os 70% entre os que afirmam "ter interesse por política". Quer dizer, "os mais antissemitas são supostamente os mais qualificados e informados", lamenta Jacobo Israel.
Entre os que reconhecem ter "antipatia com os judeus", só uns 17% disse que isto se deve ao chamado "conflito do Oriente Médio". "Não podemos associar o ódio aos judeus com o Estado de Israel ou suas políticas", sublinhou o presidente da FCJE. Não procede assim que os meios de comunicação, onde o auge do antissemitismo se dá em função desse conflito.
Outro conjunto de motivos alegados pelos pesquisados (com uma soma de 29,6%), tem a ver com "a religião", "os costumes", "sua forma de ser" etc. A estes se somam outros como "antipatia em geral", ou às percepções relacionadas "com o poder". Outros 17% dizem ter antipatia a judeus ainda sem saber os motivos."
Os insultos através da Internet, as pichações em sinagogas, a banalização do Holocausto ou frequentes concertos racistas são alguns dos problemas que se contemplam no relatório, elaborado por um Observatório de Antissemitismo que apenas tem três anos. Seu objetivo é centralizar, catalogar e analizar os incidentes de caráter antissemita, identificando seus promotores e fomentar a reflexão através da análise e de publicações.
"A infecção neonazi é crescente e em sua maioria é antissemita. Não se pode separar a luta contra o nazismo da luta contra o antissemitismo", sublinha Esteban Ibarra. O relatório documentou 4.000 casos de incidentes de ódio antirreligioso e violência xenófoba, entre os que estão incluídos os atos de antissemitismo. Por exemplo, existem mais de 400 websites de caráter xenófobo e antissemita.
Fonte: El País(Espanha)
http://www.elpais.com/articulo/sociedad/crisis/dispara/odio/antijudio/Espana/elpepusoc/20110330elpepusoc_12/Tes
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Los judíos españoles denuncian un aumento del antisemitismo (Xornal.com, Galícia)
58,4% dos espanhóis são antissemitas, muito acima da média europeia, segundo o Relatório sobre Antissemitismo de 2010
JUAN G. BEDOYA - Madrid - 30/03/2011
Cerimônia de consagração da Torá na Sinagoga Maior de Barcelona, em 2006.- MARCEL.LI SAENZ MARTINEZ |
Os resultados de uma pesquisa encarregada no outono passado pelo Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação não deixam dúvidas: 58,4% da população espanhola opina que "os judeus têm muito poder porque controlam a economia e os meios de comunicação", e mais de um terço (34,6%) têm uma opinião desfavorável ou totalmente desfavorável dessa comunidade religiosa, que na Espanha somam apenas 40.000 pessoas. O estudo foi realizado com 1.012 entrevistas entre cidadãos maiores de 15 anos.
Estes dados do entitulado Relatório sobre Antissemitismo na Espanha em 2010 avalizam outros de uma pesquisa oficial entre escolares realizada há um quinquênio, segundo a qual mais da metade dos estudantes não queriam ter um garoto judeu como companheiro de carteira escolar, em que pese não poder reconhecê-lo fisicamente.
Curiosamente, é a extrema-direita a que menos rechaço tem pelas comunidades judaicas (uns 34%), frente a 37,7% entre pessoas que se declaram de centro-esquerda. "Se esses dados estão corretos, a Espanha seria um caso único na Europa, e o país tem um verdadeiro problema", destacou o presidente da Federação de Comunidades Judaicas da Espanha (FCJE), Jacobo Israel Garzón.
O responsável pelo Movimento contra a Intolerância, Esteban Ibarra, sublinhou a seu lado esta percepção, com uma queixa severa ante o Governo, por não haver executado o compromisso de reformar o Código Penal para punir a incitação e apologia do ódio racial ou antissemita em suas diversas manifestações. O mandato da Comissão Europeia para reformar o artigo 510 do Código Penal que se refere a esses temas concluiu em 28 de novembro passado, sem a Espanha tê-lo cumprido.
Há outros dados chamativos neste Relatório sobre o Antissemitismo, o segundo que se realiza na Espanha. Por exemplo, a extrema-direita tem uma opinião menos desfavorável dos judeus (34%) que a centro-esquerda (37,7%), e a simpatia ante os judeus na extrema-direita (4,9 numa escala de 0 a 10) é superior à média da população (4,6)".
A crise econômica tem agravado a situação, pelo suposto poder econômico que a pesquisa atribui aos judeus espanhóis em que pese significar apenas 1% da população total nacional. Dois terços (62,2%) dos 58,4% que opinam que dizem que "os judeus têm muito poder porque controlam a economia e os meios de comunicação", são universitários. A percentagem sobe até os 70% entre os que afirmam "ter interesse por política". Quer dizer, "os mais antissemitas são supostamente os mais qualificados e informados", lamenta Jacobo Israel.
Entre os que reconhecem ter "antipatia com os judeus", só uns 17% disse que isto se deve ao chamado "conflito do Oriente Médio". "Não podemos associar o ódio aos judeus com o Estado de Israel ou suas políticas", sublinhou o presidente da FCJE. Não procede assim que os meios de comunicação, onde o auge do antissemitismo se dá em função desse conflito.
Outro conjunto de motivos alegados pelos pesquisados (com uma soma de 29,6%), tem a ver com "a religião", "os costumes", "sua forma de ser" etc. A estes se somam outros como "antipatia em geral", ou às percepções relacionadas "com o poder". Outros 17% dizem ter antipatia a judeus ainda sem saber os motivos."
Os insultos através da Internet, as pichações em sinagogas, a banalização do Holocausto ou frequentes concertos racistas são alguns dos problemas que se contemplam no relatório, elaborado por um Observatório de Antissemitismo que apenas tem três anos. Seu objetivo é centralizar, catalogar e analizar os incidentes de caráter antissemita, identificando seus promotores e fomentar a reflexão através da análise e de publicações.
"A infecção neonazi é crescente e em sua maioria é antissemita. Não se pode separar a luta contra o nazismo da luta contra o antissemitismo", sublinha Esteban Ibarra. O relatório documentou 4.000 casos de incidentes de ódio antirreligioso e violência xenófoba, entre os que estão incluídos os atos de antissemitismo. Por exemplo, existem mais de 400 websites de caráter xenófobo e antissemita.
Fonte: El País(Espanha)
http://www.elpais.com/articulo/sociedad/crisis/dispara/odio/antijudio/Espana/elpepusoc/20110330elpepusoc_12/Tes
Tradução: Roberto Lucena
Ver mais:
Los judíos españoles denuncian un aumento del antisemitismo (Xornal.com, Galícia)
sábado, 16 de outubro de 2010
Estudo aponta que extremismo é gerado mais por questões sociais e menos por ideologia
Extremistas de todas as colorações – desde os anarquistas munidos de coquetéis molotov, passando por terroristas islâmicos até skinheads neonazistas – têm algo em comum, diz estudo.
Para os jovens radicais, fatores de ordem social são mais determinantes do que convicções políticas: isso é o que afirma o recente estudo "Extremistas sob a Perspectiva Biográfica", idealizado pelo Departamento Federal de Investigações na Alemanha e realizado em cooperação com o Instituto de Pesquisa Social e Consultoria Política (RISP) da Universidade de Duisburg-Essen.
Os pesquisadores responsáveis entrevistaram 39 extremistas políticos entre dezembro de 2004 e dezembro de 2008 e detectaram diversas semelhanças entre suas biografias. A maioria dos entrevistados encontra-se hoje na prisão.
Aparentemente, diz o estudo, as ideologias dos entrevistados não poderiam ser mais díspares. No entanto, a convicção política acaba sendo um fator de segunda ordem no processo de radicalização, analisam os pesquisadores.
Desejo de inclusão
Os jovens, de acordo como o estudo, são mais atraídos pelo sentimento de pertencimento a um grupo do que por pontos de vista políticos, diz Thomas Kliche, pesquisador na área de Psicologia e Política da Universidade de Hamburgo.
"A ideologia ocupa um lugar muito secundário nas biografias desses extremistas. Nessa idade, eles nem ao menos compreenderam o alcance dessas ideias. Eles apenas sentem que o grupo os elogia, dizendo que são bons e fortes", descreve Kliche.
No entanto, acentua o pesquisador, nem todo jovem é suscetível ao fascínio da identidade grupal. Entre os entrevistados para o estudo do BKA, praticamente todos vinham de famílias com problemas e, por isso, desenvolveram um interesse exacerbado pelo grupo social nos quais circulam.
"Muitos infratores vêm de lares destruídos ou suas famílias não estão em condições de dar a eles o sentimento de segurança, calor humano, a sensação de serem bem-vindos. É aí que entra o grupo na jogada", afirmou o pesquisador à Deutsche Welle.
Extremismo por acaso?
O estudo detectou que muitos dos entrevistados, além de terem famílias com sérios distúrbios emocionais, tentam se integrar à sociedade por outros caminhos. Na maioria dos casos, eles interromperam a vida escolar ou a formação profissional ou foram mal-sucedidos nesses âmbitos, o que faz com que tenham necessidade de compensar suas deficiências.
De acordo com o estudo, a identificação de uma pessoa com uma ideologia extremista em particular depende mais do acaso do que de sua tendência para determinada convicção política. Religião e política são, para os entrevistados, irrelevantes, ao contrário de aspectos sociais como solidariedade ou apoio emocional.
Não raras vezes, a ânsia de pertencimento ou integração a determinado grupo leva à violência e ao abuso de drogas. A maioria dos entrevistados já havia demonstrado comportamento delinquente antes de se aliar à cena radical em questão, levando o autor da pesquisa a concluir que os chamados "crimes politicamente motivados" muitas vezes não têm, de fato, uma motivação ideológica real.
Autora: Sarah Harman/dpa (sv)
Revisão: Simone Lopes
Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6046901,00.html
Extremistas: mais coisas em comum que coturnos |
Para os jovens radicais, fatores de ordem social são mais determinantes do que convicções políticas: isso é o que afirma o recente estudo "Extremistas sob a Perspectiva Biográfica", idealizado pelo Departamento Federal de Investigações na Alemanha e realizado em cooperação com o Instituto de Pesquisa Social e Consultoria Política (RISP) da Universidade de Duisburg-Essen.
Os pesquisadores responsáveis entrevistaram 39 extremistas políticos entre dezembro de 2004 e dezembro de 2008 e detectaram diversas semelhanças entre suas biografias. A maioria dos entrevistados encontra-se hoje na prisão.
Aparentemente, diz o estudo, as ideologias dos entrevistados não poderiam ser mais díspares. No entanto, a convicção política acaba sendo um fator de segunda ordem no processo de radicalização, analisam os pesquisadores.
Desejo de inclusão
Os jovens, de acordo como o estudo, são mais atraídos pelo sentimento de pertencimento a um grupo do que por pontos de vista políticos, diz Thomas Kliche, pesquisador na área de Psicologia e Política da Universidade de Hamburgo.
"A ideologia ocupa um lugar muito secundário nas biografias desses extremistas. Nessa idade, eles nem ao menos compreenderam o alcance dessas ideias. Eles apenas sentem que o grupo os elogia, dizendo que são bons e fortes", descreve Kliche.
Jovens radicais são detidos com frequência |
"Muitos infratores vêm de lares destruídos ou suas famílias não estão em condições de dar a eles o sentimento de segurança, calor humano, a sensação de serem bem-vindos. É aí que entra o grupo na jogada", afirmou o pesquisador à Deutsche Welle.
Extremismo por acaso?
O estudo detectou que muitos dos entrevistados, além de terem famílias com sérios distúrbios emocionais, tentam se integrar à sociedade por outros caminhos. Na maioria dos casos, eles interromperam a vida escolar ou a formação profissional ou foram mal-sucedidos nesses âmbitos, o que faz com que tenham necessidade de compensar suas deficiências.
De acordo com o estudo, a identificação de uma pessoa com uma ideologia extremista em particular depende mais do acaso do que de sua tendência para determinada convicção política. Religião e política são, para os entrevistados, irrelevantes, ao contrário de aspectos sociais como solidariedade ou apoio emocional.
Não raras vezes, a ânsia de pertencimento ou integração a determinado grupo leva à violência e ao abuso de drogas. A maioria dos entrevistados já havia demonstrado comportamento delinquente antes de se aliar à cena radical em questão, levando o autor da pesquisa a concluir que os chamados "crimes politicamente motivados" muitas vezes não têm, de fato, uma motivação ideológica real.
Autora: Sarah Harman/dpa (sv)
Revisão: Simone Lopes
Fonte: Deutsche Welle(Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6046901,00.html
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Dia da Consciência recorda Aristides de Sousa Mendes
Pelo menos 10 mil judeus terão conseguido escapar das mãos dos nazis graças à intervenção do diplomata português.
(Áudio) Rui Afonso sobre actualidade do exemplo de Aristides de Sousa Mendes
O Cônsul Aristides de Sousa Mendes e todas as pessoas que se empenharam na ajuda às vítimas do holocausto serão hoje homenageados no âmbito do Dia da Consciência.
Foi neste dia, há 70 anos, que o então cônsul português em Bordéus, desobedecendo às ordens de Salazar, decidiu começar a passar vistos aos judeus que queriam fugir dos nazis.
O antigo diplomata emitiu vistos a cerca de 30 mil pessoas, das quais pelo menos 10 mil terão conseguido chegar efectivamente a Portugal. Rui Afonso, seu biógrafo, destaca sobretudo a actualidade do exemplo de Aristides de Sousa Mendes:
“Para nós é um exemplo do que devia ser uma das nossas preocupações principais na Europa, isto é, o respeito pelos direitos humanos, e nós temos que ser contra todo o tipo de descriminação, e sobretudo a descriminação por razões raciais, é essa a principal mensagem do Dr. Aristides de Sousa Mendes.”
Para assinalar a data, decorrerá uma missa na Sé de Lisboa, pelas 19h00, celebrada por D. Tomás da Silva Nunes, Bispo Auxiliar de Lisboa. Também no Vaticano será celebrada uma missa de Acção de Graças pela memória do diplomata português.
Fonte: Renascença(Portugal)
http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=95&did=108700
(Áudio) Rui Afonso sobre actualidade do exemplo de Aristides de Sousa Mendes
O Cônsul Aristides de Sousa Mendes e todas as pessoas que se empenharam na ajuda às vítimas do holocausto serão hoje homenageados no âmbito do Dia da Consciência.
Foi neste dia, há 70 anos, que o então cônsul português em Bordéus, desobedecendo às ordens de Salazar, decidiu começar a passar vistos aos judeus que queriam fugir dos nazis.
O antigo diplomata emitiu vistos a cerca de 30 mil pessoas, das quais pelo menos 10 mil terão conseguido chegar efectivamente a Portugal. Rui Afonso, seu biógrafo, destaca sobretudo a actualidade do exemplo de Aristides de Sousa Mendes:
“Para nós é um exemplo do que devia ser uma das nossas preocupações principais na Europa, isto é, o respeito pelos direitos humanos, e nós temos que ser contra todo o tipo de descriminação, e sobretudo a descriminação por razões raciais, é essa a principal mensagem do Dr. Aristides de Sousa Mendes.”
Para assinalar a data, decorrerá uma missa na Sé de Lisboa, pelas 19h00, celebrada por D. Tomás da Silva Nunes, Bispo Auxiliar de Lisboa. Também no Vaticano será celebrada uma missa de Acção de Graças pela memória do diplomata português.
Fonte: Renascença(Portugal)
http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=95&did=108700
sábado, 5 de dezembro de 2009
Menina cigana queimada em ataque neonazista deixa o hospital
PRAGA — A menina tcheca de 2 anos de idade, de origem cigana, que sofreu queimaduras graves durante um ataque neonazista em abril, recebeu alta do hospital nesta quarta-feira, segundo a agência de notícias local CTK.
"O tratamento foi muito duro. Nenhuma criança da idade dela com ferimentos tão graves havia sobrevivido antes neste país", indicou Michal Kadlcick, chefe da unidade de queimados do hospital onde a pequena ficou internada, na cidade de Ostrava, leste da República Tcheca.
Natalka Sivakova, de dois anos, teve mais de 80% do corpo queimado no dia 19 de abril, quando um grupo de neonazistas atirou três coquetéis Molotov dentro da casa onde ela morava com os pais, na cidade de Vitkov.
A polícia indiciou quatro suspeitos da extrema-direita, acusados de tentativa de homicídio. Se condenados, podem passar de 12 a 15 anos na prisão.
A garota, que superou três crises de septicemia no hospital, agora precisa de transplantes de pele para 60% do corpo. Ela também precisará frequentar uma clínica duas vezes por semana para trocar os curativos.
"Dizer 'obrigada' (para os médicos) não é suficiente. É uma recompensa insignificante por terem salvo a vida dela. Gostaria de abraçar todos eles", disse Anna Sivakova, mãe de Natalka, antes de levar a filha para casa depois de oito meses de internação entre a vida e a morte.
A família comprou uma nova casa com a ajuda de um fundo público, em uma vila a cerca de 10 quilômetros de sua antiga residência.
A República Tcheca registrou 11.746 ciganos em seu censo oficial de 2001, mas especialistas calculam que o número atual pode chegar a 300.000.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jIU9rXmgfkDOupLX-q7daFScBiTQ
"O tratamento foi muito duro. Nenhuma criança da idade dela com ferimentos tão graves havia sobrevivido antes neste país", indicou Michal Kadlcick, chefe da unidade de queimados do hospital onde a pequena ficou internada, na cidade de Ostrava, leste da República Tcheca.
Natalka Sivakova, de dois anos, teve mais de 80% do corpo queimado no dia 19 de abril, quando um grupo de neonazistas atirou três coquetéis Molotov dentro da casa onde ela morava com os pais, na cidade de Vitkov.
A polícia indiciou quatro suspeitos da extrema-direita, acusados de tentativa de homicídio. Se condenados, podem passar de 12 a 15 anos na prisão.
A garota, que superou três crises de septicemia no hospital, agora precisa de transplantes de pele para 60% do corpo. Ela também precisará frequentar uma clínica duas vezes por semana para trocar os curativos.
"Dizer 'obrigada' (para os médicos) não é suficiente. É uma recompensa insignificante por terem salvo a vida dela. Gostaria de abraçar todos eles", disse Anna Sivakova, mãe de Natalka, antes de levar a filha para casa depois de oito meses de internação entre a vida e a morte.
A família comprou uma nova casa com a ajuda de um fundo público, em uma vila a cerca de 10 quilômetros de sua antiga residência.
A República Tcheca registrou 11.746 ciganos em seu censo oficial de 2001, mas especialistas calculam que o número atual pode chegar a 300.000.
Fonte: AFP
http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jIU9rXmgfkDOupLX-q7daFScBiTQ
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Minaretes: autoridades suíças preocupadas com reações dos países muçulmanos
A Suíça mostrou-se preocupada, nesta segunda-feira, com as consequências para suas relações comerciais e diplomáticas com os países muçulmanos da proibição da construção de novos minaretes, num país que abriga 400.000 muçulmanos - um dia depois do voto surpreendente, em massa, de 57,5% de seus cidadãos. E tentou tranquilizá-los.
A ministra suíça dos Assuntos Exteriores, Micheline Calmy-Rey, explicou nesta segunda-feira ter recebido os embaixadores de países muçulmanos para explicar-lhes os resultados do referendo.
"Estamos tentando conversar sobre os resultados do voto, em particular aos países árabes e islâmicos. Encontrei os embaixadores dos países envolvidos (...) em Berna", declarou a ministra à rádio francesa RTL.
"O governo suíço teme efetivamente que este resultado tenha consequências para as exportações e o setor de turismo", reconheceu a ministra da Justiça e da Polícia suíças, Eveline Widmer-Schlumpf.
Na realidade, para o cientista político Pascal Sciariani da Universidade de Genebra, não haverá necessariamente apelo explícito dos governos destes países para boicotar a Suíça, mas pode haver reações individuais ou da elite pedindo aos muçulmanos que reduzam sua fortuna gerada na Suíça e suas viagens turísticas, principalmente a Genebra, complicando as relações comerciais com a Suíça".
O imame da mesquita de Genebra, uma das quatro únicas na Suíça com um minarete, fez nesta segunda-feira "um apelo à calma": "Os muçulmanos do mundo devem respeitar essa decisão, sem no entanto acatá-la. Caso contrário, nós seremos as primeiras vítimas", declarou o imame Youssef Ibram cuja mesquita foi visada por atos de vandalismo durante a campanha.
Os suíços aprovaram no domingo por 57,5% dos votos a proibição da construção de novos minaretes, em resposta a uma campanha da direita populista, que as considera um "símbolo político-religioso" do islã.
A União Europeia (UE) e o Vaticano criticaram a decisão.
"É a expressão de um preconceito e talvez de um medo, mas está claro que se trata de um sinal negativo, não tenho nenhuma dúvida", declarou o ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt, cujo país preside a UE durante o semestre.
apo/lm/sd
Fonte: AFP
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/11/30/minaretes+autoridades+suicas+preocupadas+com+reacoes+dos+paises+muculmanos+9187482.html
A ministra suíça dos Assuntos Exteriores, Micheline Calmy-Rey, explicou nesta segunda-feira ter recebido os embaixadores de países muçulmanos para explicar-lhes os resultados do referendo.
"Estamos tentando conversar sobre os resultados do voto, em particular aos países árabes e islâmicos. Encontrei os embaixadores dos países envolvidos (...) em Berna", declarou a ministra à rádio francesa RTL.
"O governo suíço teme efetivamente que este resultado tenha consequências para as exportações e o setor de turismo", reconheceu a ministra da Justiça e da Polícia suíças, Eveline Widmer-Schlumpf.
Na realidade, para o cientista político Pascal Sciariani da Universidade de Genebra, não haverá necessariamente apelo explícito dos governos destes países para boicotar a Suíça, mas pode haver reações individuais ou da elite pedindo aos muçulmanos que reduzam sua fortuna gerada na Suíça e suas viagens turísticas, principalmente a Genebra, complicando as relações comerciais com a Suíça".
O imame da mesquita de Genebra, uma das quatro únicas na Suíça com um minarete, fez nesta segunda-feira "um apelo à calma": "Os muçulmanos do mundo devem respeitar essa decisão, sem no entanto acatá-la. Caso contrário, nós seremos as primeiras vítimas", declarou o imame Youssef Ibram cuja mesquita foi visada por atos de vandalismo durante a campanha.
Os suíços aprovaram no domingo por 57,5% dos votos a proibição da construção de novos minaretes, em resposta a uma campanha da direita populista, que as considera um "símbolo político-religioso" do islã.
A União Europeia (UE) e o Vaticano criticaram a decisão.
"É a expressão de um preconceito e talvez de um medo, mas está claro que se trata de um sinal negativo, não tenho nenhuma dúvida", declarou o ministro sueco das Relações Exteriores, Carl Bildt, cujo país preside a UE durante o semestre.
apo/lm/sd
Fonte: AFP
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2009/11/30/minaretes+autoridades+suicas+preocupadas+com+reacoes+dos+paises+muculmanos+9187482.html
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Intolerância e Negacionismo: Sérgio Oliveira e Revisão Editora
Como não é possível reproduzir o conteúdo da matéria do site da Revista História e-História sobre o negacionismo("revisionismo" do Holocausto), intolerância, racismo e neonazismo, segue abaixo o link da matéria original para que leiam direto na página da Revista a matéria com um certo histórico da Editora Revisão, responsável por dezenas de publicações antissemitas e de apologia ao nazismo voltadas a negação do Holocausto(negacionismo, vulgo "revisionismo" entre aspas)em que o proprietário acabou condenado pelo STF(Supremo Tribunal Federal) e mostrando como é orquestrada a manipulação e distorção da História pelos negacionistas. Texto de Odilon Caldeira Neto.
Intolerância e Negacionismo: Sérgio Oliveira e Revisão Editora
http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=185
Pra quem não leu antes, outro texto do Odilon Neto, publicado no blog, sobre a História do "revisionismo"(negacionismo) do Holocausto, dividido em seis partes:
A História do "revisionismo" do Holocausto
Parte 1; Parte 2; Parte 3; Parte 4; Parte 5: Parte 6
Intolerância e Negacionismo: Sérgio Oliveira e Revisão Editora
http://www.historiahistoria.com.br/materia.cfm?tb=alunos&id=185
Pra quem não leu antes, outro texto do Odilon Neto, publicado no blog, sobre a História do "revisionismo"(negacionismo) do Holocausto, dividido em seis partes:
A História do "revisionismo" do Holocausto
Parte 1; Parte 2; Parte 3; Parte 4; Parte 5: Parte 6
sábado, 31 de outubro de 2009
Acusado de matar muçulmana vai a julgamento
Acusado de matar egípcia em tribunal alemão vai a julgamento
Foto de Marwa El-Sherbini em frente à prefeitura de Dresden, durante cerimônia fúnebre após sua morte
Tribunal de Dresden leva a julgamento jovem que esfaqueou a farmacêutica egípcia Marwa El-Sherbini. O processo vem sendo acompanhado com atenção por observadores internacionais.
Com acirradas medidas de segurança, o Tribunal Regional de Dresden inicia nesta segunda-feira (26/10) o julgamento em torno do assassinato da egípcia Marwa El-Sherbini, morta a facadas no último 1° de julho numa sala deste mesmo tribunal. A farmacêutica de 31 anos, natural de Alexandria, foi morta, segundo a promotoria, por motivos xenófobos.
O acusado, Alex W., de nacionalidade alemã, nasceu na Rússia, de onde se mudou para a Alemanha no ano de 2003. O homicídio causou consternação em vários países do mundo islâmico, tendo desencadeado uma série de protestos. Em Alexandria, a vítima se tornou conhecida como "a mártir do lenço muçulmano".
Altas medidas de segurança
Em Dresden, 200 policiais zelam pela segurança do local durante o julgamento, que vem sendo preparado há semanas. O Departamento de Criminalística do estado menciona um "perigo abstrato" de que haja tentativa de violência no tribunal.
Na internet, foram registradas ameaças de vingança por parte de muçulmanos no país. Neste fim de semana, uma orquestra da Saxônia cancelou dois concertos que faria em Alexandria e no Cairo, também por motivos de segurança.
(Foto)Manifestantes iranianas em protestos pela morte da egípcia
O caso envolvendo a morte de Marwa El-Sherbini começou no verão europeu de 2008, quando a egípcia, portando um lenço muçulmano, pediu para que Alex W. liberasse um dos balanços de um parquinho infantil para que sua filha pudesse usá-lo. O jovem, de então 28 anos, ofendeu El-Sherbini, chamando-a de "terrorista" e "vadia".
A vítima entrou com uma queixa contra Alex W.. Durante as negociações para estabelecer uma multa a ser paga pelo acusado, numa sessão do tribunal de Dresden, o mesmo esfaqueou El-Sherbini, grávida de três meses, matando-a com pelo menos 16 facadas na frente de seu filho de três anos de idade.
Seu marido, de 32 anos e doutorando de uma universidade de Dresden, tentou intervir para protegê-la e acabou gravemente ferido, depois de ser baleado por um policial que adentrou o recinto, supondo que ele seria o criminoso e não Alex W..
Ódio a não-europeus
No dia 28 de agosto último, a promotoria escreveu sobre o réu: "Como o motivo do acusado é seu ódio acentuado por não-europeus e muçulmanos, parte-se do princípio de que se trata de um homicídio pelas razões mais baixas". Um laudo psiquiátrico que se encontra nas mãos da Justiça não aponta nenhum distúrbio psíquico no acusado.
Michael Sturm, advogado de defesa do réu, acentua que o julgamento terá que tornar visível "que tipo de pessoa Alex W. é e sob que condições psíquicas ele cometeu o crime". Para o tribunal, contudo, acentua Sturm, será difícil "não condenar o réu".
(Foto)A farmacêutica egípcia foi assassinada em julho último
O processo, conduzido em Dresden, deverá prosseguir até o próximo 11 de novembro. Até então, serão ouvidas aproximadamente 30 testemunhas. Entre observadores, jornalistas que reportam sobre o caso e envolvidos, foi instalada uma parede de vidro à prova de bala de 2,5 metros de altura. As ruas nas proximidades do tribunal serão bloqueadas durante as sessões e nem mesmo os moradores da região terão acesso de carro às proximidades do tribunal.
Local do crime
O julgamento vem sendo acompanhado com grande atenção em outras partes do mundo, reunindo em Dresden jornalistas de outros países europeus, russos e egípcios. O presidente da Ordem dos Advogados do Egito, Hamdi Ahmed Chalifa, chegou à Alemanha neste domingo, a fim de acompanhar o processo e dar apoio à família da vítima.
"Nunca houve na Saxônia um julgamento com tamanho aparato de segurança", afirma o promotor Christian Avenarus. Uma das peculiaridades deste julgamento é o fato de que a maioria das testemunhas está ligada à Justiça. E o local do crime é uma sala do próprio tribunal que julga o caso.
SV/dpa/epd/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4824233,00.html
Foto de Marwa El-Sherbini em frente à prefeitura de Dresden, durante cerimônia fúnebre após sua morte
Tribunal de Dresden leva a julgamento jovem que esfaqueou a farmacêutica egípcia Marwa El-Sherbini. O processo vem sendo acompanhado com atenção por observadores internacionais.
Com acirradas medidas de segurança, o Tribunal Regional de Dresden inicia nesta segunda-feira (26/10) o julgamento em torno do assassinato da egípcia Marwa El-Sherbini, morta a facadas no último 1° de julho numa sala deste mesmo tribunal. A farmacêutica de 31 anos, natural de Alexandria, foi morta, segundo a promotoria, por motivos xenófobos.
O acusado, Alex W., de nacionalidade alemã, nasceu na Rússia, de onde se mudou para a Alemanha no ano de 2003. O homicídio causou consternação em vários países do mundo islâmico, tendo desencadeado uma série de protestos. Em Alexandria, a vítima se tornou conhecida como "a mártir do lenço muçulmano".
Altas medidas de segurança
Em Dresden, 200 policiais zelam pela segurança do local durante o julgamento, que vem sendo preparado há semanas. O Departamento de Criminalística do estado menciona um "perigo abstrato" de que haja tentativa de violência no tribunal.
Na internet, foram registradas ameaças de vingança por parte de muçulmanos no país. Neste fim de semana, uma orquestra da Saxônia cancelou dois concertos que faria em Alexandria e no Cairo, também por motivos de segurança.
(Foto)Manifestantes iranianas em protestos pela morte da egípcia
O caso envolvendo a morte de Marwa El-Sherbini começou no verão europeu de 2008, quando a egípcia, portando um lenço muçulmano, pediu para que Alex W. liberasse um dos balanços de um parquinho infantil para que sua filha pudesse usá-lo. O jovem, de então 28 anos, ofendeu El-Sherbini, chamando-a de "terrorista" e "vadia".
A vítima entrou com uma queixa contra Alex W.. Durante as negociações para estabelecer uma multa a ser paga pelo acusado, numa sessão do tribunal de Dresden, o mesmo esfaqueou El-Sherbini, grávida de três meses, matando-a com pelo menos 16 facadas na frente de seu filho de três anos de idade.
Seu marido, de 32 anos e doutorando de uma universidade de Dresden, tentou intervir para protegê-la e acabou gravemente ferido, depois de ser baleado por um policial que adentrou o recinto, supondo que ele seria o criminoso e não Alex W..
Ódio a não-europeus
No dia 28 de agosto último, a promotoria escreveu sobre o réu: "Como o motivo do acusado é seu ódio acentuado por não-europeus e muçulmanos, parte-se do princípio de que se trata de um homicídio pelas razões mais baixas". Um laudo psiquiátrico que se encontra nas mãos da Justiça não aponta nenhum distúrbio psíquico no acusado.
Michael Sturm, advogado de defesa do réu, acentua que o julgamento terá que tornar visível "que tipo de pessoa Alex W. é e sob que condições psíquicas ele cometeu o crime". Para o tribunal, contudo, acentua Sturm, será difícil "não condenar o réu".
(Foto)A farmacêutica egípcia foi assassinada em julho último
O processo, conduzido em Dresden, deverá prosseguir até o próximo 11 de novembro. Até então, serão ouvidas aproximadamente 30 testemunhas. Entre observadores, jornalistas que reportam sobre o caso e envolvidos, foi instalada uma parede de vidro à prova de bala de 2,5 metros de altura. As ruas nas proximidades do tribunal serão bloqueadas durante as sessões e nem mesmo os moradores da região terão acesso de carro às proximidades do tribunal.
Local do crime
O julgamento vem sendo acompanhado com grande atenção em outras partes do mundo, reunindo em Dresden jornalistas de outros países europeus, russos e egípcios. O presidente da Ordem dos Advogados do Egito, Hamdi Ahmed Chalifa, chegou à Alemanha neste domingo, a fim de acompanhar o processo e dar apoio à família da vítima.
"Nunca houve na Saxônia um julgamento com tamanho aparato de segurança", afirma o promotor Christian Avenarus. Uma das peculiaridades deste julgamento é o fato de que a maioria das testemunhas está ligada à Justiça. E o local do crime é uma sala do próprio tribunal que julga o caso.
SV/dpa/epd/ap
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: Deutsche Welle
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4824233,00.html
terça-feira, 14 de julho de 2009
Faltou solidariedade da maioria frente ao assassinato de Marwa El-Sherbini
Opinião: Faltou solidariedade da maioria frente ao assassinato de Marwa El-Sherbini
As reações ao homicídio de Marwa El-Sherbini em Dresden chegaram tarde mais. Consternação forçada não convence, comenta Stephan J. Kramer, secretário-geral do Conselho Geral dos Judeus na Alemanha.
Na segunda-feira (06/07), visitei Elwi Ali Okaz no hospital de Dresden, junto com o secretário-geral do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek; o embaixador egípcio Ramzi Ezzeldin Ramzi; o diretor da polícia Brend Merbitz e o secretário de Justiça da Saxônia, Geert Mackenroth.
A mulher de Ali Okaz, Marwa El-Sherbini, foi esfaqueada por um fanático que odeia muçulmanos – isso na sala de um tribunal alemão, diga-se de passagem. Seu filho, ainda no ventre, também morreu. O outro filho, de três anos de idade, foi obrigado a presenciar o ocorrido no tribunal. Seu marido, que tentou ajudá-la, foi ferido gravemente, correndo risco de vida.
Através da visita ao hospital, queríamos encorajar Elwi Ali Okaz após sua perda irreparável e seus ferimentos graves – ele ainda foi, em função de uma terrível confusão, considerado agressor, tendo sido baleado por um policial – e também darmos um sinal para o mundo lá fora de solidariedade não apenas com as vítimas, mas com todos os muçulmanos na Alemanha.
Nossa visita desencadeou uma ampla reação da mídia. Desconcertante é o fato de, para alguns desses jornalistas, a viagem de dois secretários-gerais de religiões distintas a Dresden parecer ser mais digna de nota do que o homicídio por motivos racistas em si. Tudo indica que alguns desses jornalistas acharam a morte de uma muçulmana muito menos relevante do que o aparecimento em público de dois secretários-gerais juntos: um, muçulmano; outro, judeu. Em algumas publicações, percebia-se até mesmo uma satisfação arrogante e cheia de boas intenções em relação a uma "aliança das minorias", que, enfim, agora, mostrava que tinha capacidade de aprender e estaria agindo conjuntamente.
Diante desta situação, há urgência de uma palavra esclarecedora. Não fui a Dresden porque, como judeu, sou membro de uma minoria. Fiz a viagem porque, como judeu, sei que quem ataca uma pessoa por causa de raça, etnia ou religião, não ataca somente uma minoria, mas a sociedade democrática como um todo.
Neste sentido, não é relevante perguntar por que um representante da comunidade judaica manifesta seu pesar e sua solidariedade a Elwi Ali Okaz, mas sim por que não houve também uma avalanche de visitantes nem a solidariedade de representantes da maioria da sociedade alemã?
Por que as reações da mídia e da política ao assassinato chegaram tão tarde? Agora, muito em função da pressão da opinião pública internacional, tenta-se melhorar a situação. Consternação forçada, contudo, não convence.
Parece que a sociedade alemã não entendeu a envergadura do atentado de Dresden. Falta reconhecer que o assassinato de Marwa El-Sherbini é evidentemente o resultado de uma propaganda praticamente desimpedida contra os muçulmanos, feita desde as margens extremistas da sociedade até seu centro.
Principalmente a cena da extrema direita provoca, há anos, um clima de exclusão, demonização e medo frente a pessoas de outras crenças, estrangeiros e membros de minorias. Mas falta também enxergar que a ausência de resistência na sociedade contra o racismo pode incentivar outros atos terroristas – o termo é, nesse caso, absolutamente adequado – como esse homicídio covarde em Dresden.
Por isso, a Alemanha precisa, o mais tardar agora, levar a si mesma a julgamento. Não se trata apenas de isolar e punir os agressores, mas também de fazer um trabalho sustentável de esclarecimento, bem como disseminar o saber sobre a população muçulmana, sua cultura, sua religião e seus costumes.
Nossa meta não é a tolerância, mas sim o respeito no convívio mútuo. Não há nada que substitua um diálogo amplo, do qual participem não somente teólogos e autoridades, mas sim o maior número possível de cidadãos – um trabalho de base, no melhor sentido do termo.
Sei que a indignação e a insegurança entre os muçulmanos são grandes no momento, o que é compreensível. Mesmo assim, eles não deveriam esmorecer em seus esforços pelo lugar legítimo que lhes cabe na sociedade alemã. Para muitos – e isto ensina a experiência de outras minorias, inclusive dos judeus – tal significa um exercício de equilíbrio entre manter a própria identidade e se abrir para o ambiente social. Para solucionar esse dilema, é também imprescindível um diálogo aberto entre a minoria e a maioria. Integração não significa assimilação. Em caso de respeito mútuo, a diferença não é uma pedra no sapato da convivência.
Stephan Joachim Kramer é secretário-geral do Conselho Central dos Judeus na Alemanha. Este comentário foi escrito originalmente para o portal www.qantara.de, que conta, entre outros, com a participação da Deutsche Welle.
Autor: Stephan Joachim Kramer
Revisão: Augusto Valente
Fonte: Deutsche Welle(12.07.2009, Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4474247,00.html
As reações ao homicídio de Marwa El-Sherbini em Dresden chegaram tarde mais. Consternação forçada não convence, comenta Stephan J. Kramer, secretário-geral do Conselho Geral dos Judeus na Alemanha.
Na segunda-feira (06/07), visitei Elwi Ali Okaz no hospital de Dresden, junto com o secretário-geral do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek; o embaixador egípcio Ramzi Ezzeldin Ramzi; o diretor da polícia Brend Merbitz e o secretário de Justiça da Saxônia, Geert Mackenroth.
A mulher de Ali Okaz, Marwa El-Sherbini, foi esfaqueada por um fanático que odeia muçulmanos – isso na sala de um tribunal alemão, diga-se de passagem. Seu filho, ainda no ventre, também morreu. O outro filho, de três anos de idade, foi obrigado a presenciar o ocorrido no tribunal. Seu marido, que tentou ajudá-la, foi ferido gravemente, correndo risco de vida.
Através da visita ao hospital, queríamos encorajar Elwi Ali Okaz após sua perda irreparável e seus ferimentos graves – ele ainda foi, em função de uma terrível confusão, considerado agressor, tendo sido baleado por um policial – e também darmos um sinal para o mundo lá fora de solidariedade não apenas com as vítimas, mas com todos os muçulmanos na Alemanha.
Nossa visita desencadeou uma ampla reação da mídia. Desconcertante é o fato de, para alguns desses jornalistas, a viagem de dois secretários-gerais de religiões distintas a Dresden parecer ser mais digna de nota do que o homicídio por motivos racistas em si. Tudo indica que alguns desses jornalistas acharam a morte de uma muçulmana muito menos relevante do que o aparecimento em público de dois secretários-gerais juntos: um, muçulmano; outro, judeu. Em algumas publicações, percebia-se até mesmo uma satisfação arrogante e cheia de boas intenções em relação a uma "aliança das minorias", que, enfim, agora, mostrava que tinha capacidade de aprender e estaria agindo conjuntamente.
Diante desta situação, há urgência de uma palavra esclarecedora. Não fui a Dresden porque, como judeu, sou membro de uma minoria. Fiz a viagem porque, como judeu, sei que quem ataca uma pessoa por causa de raça, etnia ou religião, não ataca somente uma minoria, mas a sociedade democrática como um todo.
Neste sentido, não é relevante perguntar por que um representante da comunidade judaica manifesta seu pesar e sua solidariedade a Elwi Ali Okaz, mas sim por que não houve também uma avalanche de visitantes nem a solidariedade de representantes da maioria da sociedade alemã?
Por que as reações da mídia e da política ao assassinato chegaram tão tarde? Agora, muito em função da pressão da opinião pública internacional, tenta-se melhorar a situação. Consternação forçada, contudo, não convence.
Parece que a sociedade alemã não entendeu a envergadura do atentado de Dresden. Falta reconhecer que o assassinato de Marwa El-Sherbini é evidentemente o resultado de uma propaganda praticamente desimpedida contra os muçulmanos, feita desde as margens extremistas da sociedade até seu centro.
Principalmente a cena da extrema direita provoca, há anos, um clima de exclusão, demonização e medo frente a pessoas de outras crenças, estrangeiros e membros de minorias. Mas falta também enxergar que a ausência de resistência na sociedade contra o racismo pode incentivar outros atos terroristas – o termo é, nesse caso, absolutamente adequado – como esse homicídio covarde em Dresden.
Por isso, a Alemanha precisa, o mais tardar agora, levar a si mesma a julgamento. Não se trata apenas de isolar e punir os agressores, mas também de fazer um trabalho sustentável de esclarecimento, bem como disseminar o saber sobre a população muçulmana, sua cultura, sua religião e seus costumes.
Nossa meta não é a tolerância, mas sim o respeito no convívio mútuo. Não há nada que substitua um diálogo amplo, do qual participem não somente teólogos e autoridades, mas sim o maior número possível de cidadãos – um trabalho de base, no melhor sentido do termo.
Sei que a indignação e a insegurança entre os muçulmanos são grandes no momento, o que é compreensível. Mesmo assim, eles não deveriam esmorecer em seus esforços pelo lugar legítimo que lhes cabe na sociedade alemã. Para muitos – e isto ensina a experiência de outras minorias, inclusive dos judeus – tal significa um exercício de equilíbrio entre manter a própria identidade e se abrir para o ambiente social. Para solucionar esse dilema, é também imprescindível um diálogo aberto entre a minoria e a maioria. Integração não significa assimilação. Em caso de respeito mútuo, a diferença não é uma pedra no sapato da convivência.
Stephan Joachim Kramer é secretário-geral do Conselho Central dos Judeus na Alemanha. Este comentário foi escrito originalmente para o portal www.qantara.de, que conta, entre outros, com a participação da Deutsche Welle.
Autor: Stephan Joachim Kramer
Revisão: Augusto Valente
Fonte: Deutsche Welle(12.07.2009, Alemanha)
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,4474247,00.html
sábado, 14 de junho de 2008
Crise acelera avanço neonazista
Vitória eleitoral anima extrema direita alemã, que ganha terreno no cada vez mais empobrecido leste do país
ALEMANHA
Marcos Guterman
A história ensina que não é bom subestimar a capacidade dos nazistas de perceber oportunidades históricas. Assim como na década de 20 do século passado, a extrema direita alemã está aproveitando agora uma mistura explosiva de crise econômica e hesitação política dos partidos tradicionais para alimentar um projeto declarado de se tornar uma força nacional.
Os neonazistas alemães, cuja ação é bastante limitada pela legislação, parecem estar se sentindo bastante à vontade, sobretudo após um importante triunfo nas últimas eleições no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental - terra da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que classificou o resultado como ‘desagradável’.
O Partido Nacional Democrático (NPD, na sigla em alemão), nome fantasia da agremiação neonazista, obteve 7,5% dos votos na eleição, em setembro, dando-lhe direito a cinco cadeiras no Parlamento do Estado.
Com os votos ainda quentes nas urnas, algumas lideranças civis voltaram a pedir a proibição do NPD, mas o governo se disse contrário, sob o argumento de que o problema não era legal, e sim de mobilização da sociedade para esvaziar o discurso dos extremistas.
Analistas ouvidos pelo Estado concordam com essa avaliação. Todos coincidem no ponto segundo o qual os neonazistas crescem a reboque do desemprego, da desatenção do poder federal e de uma indiferença mais ou menos generalizada.
Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, que fica no antigo lado comunista da Alemanha, é o Estado mais pobre do país e, portanto, é o ecossistema ideal para o florescimento do extremismo de direita.
Um estudo divulgado na semana passada mostra o quanto cresceu a clientela preferencial dos neonazistas. Segundo a Fundação Friedrich Ebert , ligada ao Partido Social Democrata, há 6,5 milhões de alemães abaixo da linha de pobreza, que é de 938 euros. Essa massa ganha, em média, 424 euros por mês, e representa 8% da população.
O índice sobe para 20% no lado oriental da Alemanha, exatamente a base do crescimento neonazista. ‘O voto nos nazistas em 1930-33 e o voto nos neonazistas hoje são votos de protesto, e os políticos dos grandes partidos precisam trabalhar duro para remover as causas desse protesto’, afirma Richard J. Evans, especialista em história contemporânea alemã na Universidade de Cambridge (Reino Unido). ‘O melhor meio de lidar com o neonazismo é reduzir o desemprego nas regiões do leste da Alemanha, que são sua maior fonte de apoio.’ No entanto, para Robert Gelatelly, historiador da Universidade Estadual da Flórida (EUA) que editou o livro As Entrevistas de Nuremberg, o problema é ainda mais profundo. Segundo ele, sucessivos governos alemães têm se dedicado bastante a resolver a crise do leste, ‘mas 50 anos de desmandos comunistas provaram-se muito mais difíceis de superar do que se imaginava’.
Entre especialistas alemães, parece haver bem menos boa vontade em relação à reação de suas instituições quando confrontadas com o problema do neonazismo. Christian Gerlach, historiador da Universidade de Colúmbia (EUA), por exemplo, acha que há ‘leniência’ (ler na próxima página).
Uma parte do problema pode ser debitada na conta da própria democracia. Como se convencionou acreditar, Hitler subiu ao poder em 1933 por conta da confusa situação política após a Primeira Guerra Mundial. Agora, novamente, os defensores do nazismo encontram campo para crescer dentro de um regime democrático.
Mas há diferenças que o tempo tratou de estabelecer. ‘A Alemanha impôs limites a sua democracia desde a fundação da Alemanha Ocidental’, explica Max Paul Friedman, historiador da Universidade Estadual da Flórida. ‘Diferentemente dos EUA, onde quase todo tipo de manifestação é protegida por lei, na Alemanha o sujeito pode ser punido por negar o Holocausto, incitar ataques racistas e cometer outros crimes de expressão política radical.’ De fato, vários partidos políticos já foram banidos na Alemanha desde o fim da 2ª Guerra por defender o nazismo, e as expressões políticas desse movimento têm sido sistematicamente limitadas. Por outro lado, como adverte Richard Evans, ‘uma democracia deve respeitar o voto das minorias’, ainda que violentas. A ‘minoria’ que o NPD quer representar são os alemães que não querem nem ouvir falar em imigrantes. A plataforma do partido é simples: os imigrantes devem ser expulsos do país.
Com essa disposição, e uma enorme resiliência, o NPD agora pretende ser o guarda-chuva sob o qual os diversos grupos extremistas de direita no país podem se abrigar, no que eles têm chamado de ‘pacto pela Alemanha’. ‘O apelo dos grupos neonazistas desde os anos 70, e especialmente desde a reunificação, deixou de ser basicamente o antisemitismo e agora é a propaganda antiimigração’, afirma Max Friedman. ‘Durante as campanhas eleitorais é possível ver cartazes do NPD com fotos de famílias turcas carregando bagagens sob o slogan ´Tenham uma boa viagem para casa´ - uma maneira esperta de escapar das restrições à propaganda racista.’ O relativo sucesso do NPD neste momento reflete, portanto, a recorrência da questão da imigração como problema na Alemanha.
A perseguição ao imigrante, muitas vezes violenta, feita por grupamentos paramilitares a serviço do NPD, lembra os ataques aos judeus nos anos 20 e 30. Trata-se de uma ação que visa a destruir o sujeito desenraizado que surge como uma ameaça ao modo de vida alemão. A preocupação é saber até aonde os neonazistas conseguirão ir. ‘Eu não acho que os ´neo´ irão mais longe’, argumenta Robert Gellately. ‘Mas não é uma coisa boa que eles já tenham chegado tão longe.
Fonte: Estado de São Paulo(arquivo, 25.10.2006)
http://blog.controversia.com.br/2006/10/25/crise-acelera-avanco-neonazista/
ALEMANHA
Marcos Guterman
A história ensina que não é bom subestimar a capacidade dos nazistas de perceber oportunidades históricas. Assim como na década de 20 do século passado, a extrema direita alemã está aproveitando agora uma mistura explosiva de crise econômica e hesitação política dos partidos tradicionais para alimentar um projeto declarado de se tornar uma força nacional.
Os neonazistas alemães, cuja ação é bastante limitada pela legislação, parecem estar se sentindo bastante à vontade, sobretudo após um importante triunfo nas últimas eleições no Estado de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental - terra da primeira-ministra alemã, Angela Merkel, que classificou o resultado como ‘desagradável’.
O Partido Nacional Democrático (NPD, na sigla em alemão), nome fantasia da agremiação neonazista, obteve 7,5% dos votos na eleição, em setembro, dando-lhe direito a cinco cadeiras no Parlamento do Estado.
Com os votos ainda quentes nas urnas, algumas lideranças civis voltaram a pedir a proibição do NPD, mas o governo se disse contrário, sob o argumento de que o problema não era legal, e sim de mobilização da sociedade para esvaziar o discurso dos extremistas.
Analistas ouvidos pelo Estado concordam com essa avaliação. Todos coincidem no ponto segundo o qual os neonazistas crescem a reboque do desemprego, da desatenção do poder federal e de uma indiferença mais ou menos generalizada.
Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, que fica no antigo lado comunista da Alemanha, é o Estado mais pobre do país e, portanto, é o ecossistema ideal para o florescimento do extremismo de direita.
Um estudo divulgado na semana passada mostra o quanto cresceu a clientela preferencial dos neonazistas. Segundo a Fundação Friedrich Ebert , ligada ao Partido Social Democrata, há 6,5 milhões de alemães abaixo da linha de pobreza, que é de 938 euros. Essa massa ganha, em média, 424 euros por mês, e representa 8% da população.
O índice sobe para 20% no lado oriental da Alemanha, exatamente a base do crescimento neonazista. ‘O voto nos nazistas em 1930-33 e o voto nos neonazistas hoje são votos de protesto, e os políticos dos grandes partidos precisam trabalhar duro para remover as causas desse protesto’, afirma Richard J. Evans, especialista em história contemporânea alemã na Universidade de Cambridge (Reino Unido). ‘O melhor meio de lidar com o neonazismo é reduzir o desemprego nas regiões do leste da Alemanha, que são sua maior fonte de apoio.’ No entanto, para Robert Gelatelly, historiador da Universidade Estadual da Flórida (EUA) que editou o livro As Entrevistas de Nuremberg, o problema é ainda mais profundo. Segundo ele, sucessivos governos alemães têm se dedicado bastante a resolver a crise do leste, ‘mas 50 anos de desmandos comunistas provaram-se muito mais difíceis de superar do que se imaginava’.
Entre especialistas alemães, parece haver bem menos boa vontade em relação à reação de suas instituições quando confrontadas com o problema do neonazismo. Christian Gerlach, historiador da Universidade de Colúmbia (EUA), por exemplo, acha que há ‘leniência’ (ler na próxima página).
Uma parte do problema pode ser debitada na conta da própria democracia. Como se convencionou acreditar, Hitler subiu ao poder em 1933 por conta da confusa situação política após a Primeira Guerra Mundial. Agora, novamente, os defensores do nazismo encontram campo para crescer dentro de um regime democrático.
Mas há diferenças que o tempo tratou de estabelecer. ‘A Alemanha impôs limites a sua democracia desde a fundação da Alemanha Ocidental’, explica Max Paul Friedman, historiador da Universidade Estadual da Flórida. ‘Diferentemente dos EUA, onde quase todo tipo de manifestação é protegida por lei, na Alemanha o sujeito pode ser punido por negar o Holocausto, incitar ataques racistas e cometer outros crimes de expressão política radical.’ De fato, vários partidos políticos já foram banidos na Alemanha desde o fim da 2ª Guerra por defender o nazismo, e as expressões políticas desse movimento têm sido sistematicamente limitadas. Por outro lado, como adverte Richard Evans, ‘uma democracia deve respeitar o voto das minorias’, ainda que violentas. A ‘minoria’ que o NPD quer representar são os alemães que não querem nem ouvir falar em imigrantes. A plataforma do partido é simples: os imigrantes devem ser expulsos do país.
Com essa disposição, e uma enorme resiliência, o NPD agora pretende ser o guarda-chuva sob o qual os diversos grupos extremistas de direita no país podem se abrigar, no que eles têm chamado de ‘pacto pela Alemanha’. ‘O apelo dos grupos neonazistas desde os anos 70, e especialmente desde a reunificação, deixou de ser basicamente o antisemitismo e agora é a propaganda antiimigração’, afirma Max Friedman. ‘Durante as campanhas eleitorais é possível ver cartazes do NPD com fotos de famílias turcas carregando bagagens sob o slogan ´Tenham uma boa viagem para casa´ - uma maneira esperta de escapar das restrições à propaganda racista.’ O relativo sucesso do NPD neste momento reflete, portanto, a recorrência da questão da imigração como problema na Alemanha.
A perseguição ao imigrante, muitas vezes violenta, feita por grupamentos paramilitares a serviço do NPD, lembra os ataques aos judeus nos anos 20 e 30. Trata-se de uma ação que visa a destruir o sujeito desenraizado que surge como uma ameaça ao modo de vida alemão. A preocupação é saber até aonde os neonazistas conseguirão ir. ‘Eu não acho que os ´neo´ irão mais longe’, argumenta Robert Gellately. ‘Mas não é uma coisa boa que eles já tenham chegado tão longe.
Fonte: Estado de São Paulo(arquivo, 25.10.2006)
http://blog.controversia.com.br/2006/10/25/crise-acelera-avanco-neonazista/
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terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Intolerância virtual - Racismo e neonazismo na rede
Pesquisa aponta crescimento do número de páginas com temática neonazista na internet
(Valhalla88): Uma das 12,6 mil páginas da internet com temática neonazista, racista ou revisionista identificadas pela equipe da Unicamp. A página, denunciada e retirada do ar, hoje apresenta conteúdo anti-nazista.
Nos últimos anos, cresceu o número de páginas na internet, blogs e chats destinados à exaltação da superioridade da ‘raça’ ariana e à disseminação do ódio a outras etnias e grupos sociais, como homossexuais e judeus. Uma análise detalhada do discurso ideológico presente em páginas virtuais neonazistas, feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra como elas conseguem conquistar cada vez mais simpatizantes.
O estudo, fruto da tese de mestrado da antropóloga Adriana Dias no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, identificou quem são os neonazistas na internet, como eles operam na rede e em que páginas se encontram. Segundo a pesquisadora, há na internet mais de doze mil páginas e aproximadamente 200 comunidades no Orkut (uma página virtual de relacionamentos) associadas a temáticas racistas, neonazistas e revisionistas (que negam a existência do holocausto na Segunda Guerra Mundial).
Para a pesquisa, Dias selecionou as páginas virtuais mais acessadas, com maior visibilidade e que estão disponíveis em inglês, português e espanhol. Segundo ela, um dos maiores desafios foi driblar as estratégias usadas para dificultar a identificação imediata do conteúdo.
“Os sites racistas são em geral muito densos, tanto em hipertextualidade (há páginas com mais de 500 links), como no uso de multimídia (ícones, vídeos e imagens ocupam dezenas de bytes). Há muito mais links internos do que externos, o que dificulta a localização de grande parte do conteúdo, geralmente de caráter mais agressivo, por meio de motores de busca”, explica Dias. Para superar esse obstáculo, ela usou em sua pesquisa uma ferramenta de análise de tráfego que permite identificar links mais internos e páginas de difícil acesso.
Rede de articulação
O aumento significativo no número de páginas virtuais neonazistas mostra que a internet é uma das grandes facilitadoras da comunicação e articulação entre os diversos grupos ou ativistas de movimentos desse tipo. Ela possibilita a formação de uma rede de apoio entre eles e ainda confere o anonimato necessário para que seus integrantes e suas ações não sejam identificados. Segundo Dias, além de irradiar idéias racistas, neonazistas e revisionistas, a internet faz com que a cada dia esses movimentos conquistem mais adeptos, principalmente entre os jovens.
A pesquisadora ressalta que esses grupos constroem ou se apropriam de discursos para validar suas visões e suas ações. Um deles é o discurso genômico, que afirma que os indivíduos pertencentes à ‘raça ariana’ possuem genes superiores e foram escolhidos por Deus para promover o desenvolvimento da humanidade e hierarquizar o mundo.
(National Alliance): A página norte-americana National Alliance, que se preocupa com a atuação política na luta pelos ‘direitos brancos’, exibe a imagem do deus nórdico Thor, mito apropriado pelo movimento nazista para legitimar a 'raça' ariana.
Em outra vertente, há o discurso mitológico, que se apropria de mitos já existentes, como o de Thor (deus da mitologia germânica), o da suástica e o da runa algiz (letra do alfabeto nórdico), e cria outros, como o do sangue ariano, para dar força à ideologia nazista. “O deus nórdico Thor é apontado como o responsável pela legitimação da 'raça ariana', a suástica é usada como símbolo da identidade ariana e da pureza racial e a runa algiz é utilizada para a proteção da família”, explica Dias.
Segundo a antropóloga, no mito do sangue ariano estaria a chave para compreender os mitos criados para defender a superioridade biológica, psíquica, cultural e espiritual da ‘raça’ ariana sobre outros povos. É ainda esse mito do sangue o responsável pela suposta conexão transcendental entre os membros da ‘raça’ ariana, que os faz desprezar o conceito de nação. “Para eles, a raça é a nação.”
A análise evidenciou as diferentes abordagens existentes entre os grupos neonazistas. Uma das mais correntes é a de que a raça ariana estaria ameaçada pela mistura racial. “Esses grupos têm uma ideologia de ódio ao outro, ao não ariano, principalmente a negros e judeus. O discurso adquire um tom religioso e messiânico, em que a raça ariana precisa ser preservada a todo custo”, afirma Dias.
Após o estudo, muitas páginas virtuais de conteúdo neonazista foram denunciadas e até retiradas do ar. A antropóloga alerta que a única forma de combater a formação do pensamento racista e discriminatório é a construção de uma educação conscientizadora que desmitifique o conceito de raça e pregue a solidariedade entre os povos.
Rachel Rimas
Fonte: Ciência Hoje On-line(08/01/2008)
http://cienciahoje.uol.com.br/109282
(Valhalla88): Uma das 12,6 mil páginas da internet com temática neonazista, racista ou revisionista identificadas pela equipe da Unicamp. A página, denunciada e retirada do ar, hoje apresenta conteúdo anti-nazista.
Nos últimos anos, cresceu o número de páginas na internet, blogs e chats destinados à exaltação da superioridade da ‘raça’ ariana e à disseminação do ódio a outras etnias e grupos sociais, como homossexuais e judeus. Uma análise detalhada do discurso ideológico presente em páginas virtuais neonazistas, feita por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra como elas conseguem conquistar cada vez mais simpatizantes.
O estudo, fruto da tese de mestrado da antropóloga Adriana Dias no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, identificou quem são os neonazistas na internet, como eles operam na rede e em que páginas se encontram. Segundo a pesquisadora, há na internet mais de doze mil páginas e aproximadamente 200 comunidades no Orkut (uma página virtual de relacionamentos) associadas a temáticas racistas, neonazistas e revisionistas (que negam a existência do holocausto na Segunda Guerra Mundial).
Para a pesquisa, Dias selecionou as páginas virtuais mais acessadas, com maior visibilidade e que estão disponíveis em inglês, português e espanhol. Segundo ela, um dos maiores desafios foi driblar as estratégias usadas para dificultar a identificação imediata do conteúdo.
“Os sites racistas são em geral muito densos, tanto em hipertextualidade (há páginas com mais de 500 links), como no uso de multimídia (ícones, vídeos e imagens ocupam dezenas de bytes). Há muito mais links internos do que externos, o que dificulta a localização de grande parte do conteúdo, geralmente de caráter mais agressivo, por meio de motores de busca”, explica Dias. Para superar esse obstáculo, ela usou em sua pesquisa uma ferramenta de análise de tráfego que permite identificar links mais internos e páginas de difícil acesso.
Rede de articulação
O aumento significativo no número de páginas virtuais neonazistas mostra que a internet é uma das grandes facilitadoras da comunicação e articulação entre os diversos grupos ou ativistas de movimentos desse tipo. Ela possibilita a formação de uma rede de apoio entre eles e ainda confere o anonimato necessário para que seus integrantes e suas ações não sejam identificados. Segundo Dias, além de irradiar idéias racistas, neonazistas e revisionistas, a internet faz com que a cada dia esses movimentos conquistem mais adeptos, principalmente entre os jovens.
A pesquisadora ressalta que esses grupos constroem ou se apropriam de discursos para validar suas visões e suas ações. Um deles é o discurso genômico, que afirma que os indivíduos pertencentes à ‘raça ariana’ possuem genes superiores e foram escolhidos por Deus para promover o desenvolvimento da humanidade e hierarquizar o mundo.
(National Alliance): A página norte-americana National Alliance, que se preocupa com a atuação política na luta pelos ‘direitos brancos’, exibe a imagem do deus nórdico Thor, mito apropriado pelo movimento nazista para legitimar a 'raça' ariana.
Em outra vertente, há o discurso mitológico, que se apropria de mitos já existentes, como o de Thor (deus da mitologia germânica), o da suástica e o da runa algiz (letra do alfabeto nórdico), e cria outros, como o do sangue ariano, para dar força à ideologia nazista. “O deus nórdico Thor é apontado como o responsável pela legitimação da 'raça ariana', a suástica é usada como símbolo da identidade ariana e da pureza racial e a runa algiz é utilizada para a proteção da família”, explica Dias.
Segundo a antropóloga, no mito do sangue ariano estaria a chave para compreender os mitos criados para defender a superioridade biológica, psíquica, cultural e espiritual da ‘raça’ ariana sobre outros povos. É ainda esse mito do sangue o responsável pela suposta conexão transcendental entre os membros da ‘raça’ ariana, que os faz desprezar o conceito de nação. “Para eles, a raça é a nação.”
A análise evidenciou as diferentes abordagens existentes entre os grupos neonazistas. Uma das mais correntes é a de que a raça ariana estaria ameaçada pela mistura racial. “Esses grupos têm uma ideologia de ódio ao outro, ao não ariano, principalmente a negros e judeus. O discurso adquire um tom religioso e messiânico, em que a raça ariana precisa ser preservada a todo custo”, afirma Dias.
Após o estudo, muitas páginas virtuais de conteúdo neonazista foram denunciadas e até retiradas do ar. A antropóloga alerta que a única forma de combater a formação do pensamento racista e discriminatório é a construção de uma educação conscientizadora que desmitifique o conceito de raça e pregue a solidariedade entre os povos.
Rachel Rimas
Fonte: Ciência Hoje On-line(08/01/2008)
http://cienciahoje.uol.com.br/109282
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