terça-feira, 20 de novembro de 2012

Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 01

RESUMO

Neste ensaio se analiza a relação entre a experiência original do fascismo italiano e suas expressões homólogas na América Latina (especialmente os casos do Brasil e do México) no período entreguerras. O objetivo principal é expôr as muitas ambiguidades, incertezas e leituras equivocadas que ocorreram em ambos sentidos durante essa época, em particular desde o lado italiano. Assim se chega a desenhar um mapa de encontros e sobretudo desencontros, que matizam a infuência e "difusão" do fascismo de origem italiana na América Latina, abarcando entre outros aspectos alguns elementos culturais e ideológicos. Avança-se assim para detectar os limites de expressão e propagação de um fascismo verdadeiro com respeito a outros fenômenos "nativos" da América Latina tais como as ditaduras e alguns movimentos políticos nacionalistas, e a marcar dessa forma um âmbito mais preciso de utilização da categoria "fascismo" na região.

PALAVRAS CHAVE: Fascismo, nacionalismo, Itália, América Latina, entreguerras.

Artigo recebido: 4 de fevereiro de 2008; Aprovado: 7 de julho de 2008; Modificado: 30 de setembro de 2008.

Introdução

A presença de um modelo político fascista ou semifascista na América Latina foi objeto de discussões e estudos ao longo das últimas quatro décadas, especialmente com relação aos regimes nacional-populistas, as ditaduras militares e alguns grupos nacionalistas radicais e "de direita" [01]. Um dos denominadores comuns das investigações foi o uso extensivo do qualificativo "fascismo" para cobrir um espectro amplo de fenômenos, entre fatos e personagens, oscilando desde o populismo da direita conservadora e autoritária, e passando por forças castrenses (com o modelo prototípico do ditador chileno Augusto Pinochet). A aplicação imprudente e excessiva do termo foi, além disso, característica dos ambientes políticos de esquerda os quais se cultivou por um longo tempo a ideia errônea de que a América Latina foi "a guarida do fascismo em suas formas mais abertamente contrarrevolucionárias e ditatoriais" [02]. Este uso polêmico, genérico e superficial da palavra, pela imprecisão, ou escasso rigor científico e o risco de graves erros de interpretação, foram denunciados por vários investigadores do fenômeno fascista, como Gilbert Allardyce, Stanley Payne e Emilio Gentile [03]. Cabe se perguntar de onde se origina esta ambiguidade ou incertidão semântica ao redor de um fenômeno fundamental do século XX. Neste ensaio se investigará uma das causas originais (não a única, mas sem dúvida importante) no "jogo de ilusões" entre as manifestações latinoamericanas do fascismo e a Itália fascista.

Naturalmente, para qualquer observador atento, na América Latina resultam de imediato evidentes as diferenças a respeito do fascismo europeu, se de "fascismo" se pode falar. Aqui não há movimentos de massas impulsionados pela classe média, líderes messiânicos, "religiões políticas" ou ideologias palingenésicas e poderosos partidos únicos, tampouco se percebe essa difura atmosfera intelectual voluntarista, vanguardista, soreliana e nietzcheana atiçada pelos mitos da guerra mundial, que constitui a base reativa para a formação da filosofia política do fascismo. Stanley Payne assinala a respeito que "a fragilidade ou bem a ausência de um fascismo verdadeiro na América Latina" se deve à "taxa geralmente baixa de mobilização política; um atraso mais que geracional em relação aos países mais atrasados da Europa; o caráter não competitivo do nacionalismo [...]; o controle tradicional elitista-patronal dos procedimentos políticos e portanto, a capacidade dos grupos dominantes e menos radicais [...] para reprimir o nacionalismo revolucionário; a composição multirracial de muitas associações latinoamericanas [...]; o predomínio político da casta militar [...] a debilidade da esquerda revolucionária [...]; a tendência dos nacionalistas latinoamericanos depois de 1930 a rechaçar tanto a Europa como a América do Norte e orientados para um nativismo populista ou de tradição hispânica; a insuficiência da economia social-nacional sindicalista do Estado em países dependientes [...]; o desenvolvimento, enfim, de um modo característico de nacionalismo radical na forma de movimentos populistas [...]" [04].

Na América Latina, contudo, existem também elementos comuns ou facilmente reconhecíveis para quem está familiarizado com os "modelos" europeus: a crise do liberalismo, a crítica à democracia parlamentar, o rechaço às oligarquias tradicionais, os impulsos à modernização nacional, a oposição ao imperialismo anglo-saxão (e a ideia de uma "nova ordem" mundial com a liderança de potências emergentes), a reação contra o "perigo" comunista (mais imaginário que real, ou bem distante geograficamente) e a busca de um sistema de tipo corporativo. O repertório de semelhanças é, sem dúvida, suficiente para perguntarmos não somente sobre a presença e extensão do fenômeno fascista - como assinalou em um momento Hélgio Trinidade - [05] senão precisamente indagar sobre as características das variantes regionais do mesmo. A este "fascismo" não teremos qualificativos tais como o "fascismo de esquerda" (Lipset, Incisa di Camerana) [06] ou o "fascismo desde cima/de direita" (Torcuato di Tella) [07], limitaremo-nos a descrever algumas peculiaridades das formas "fascistas" ou próximas ao fascismo presentes na América Latina, ao dar por certo que este constitui uma fenomenologia de alcance mundial com uma notável variação regional. O que faz falta por agora é, em primeiro lugar, incorporar as tendências mais recentes da investigação internacional sobre o fascismo, que lhe tirou a centralidade de questões tais como as classes sociais (fascismo=mobilização ou revolução das classes médias), as peculiaridades nacionais (fascismo=revanche de países humilhados ou ambiciosos) e a oposição às forças de esquerda (fascismo=anticomunismo), ou a relação com o modelo econõmico (fascismo=ditadura da burguesia ou fascismo=corporativismo) no que se enfoca melhor na ideología, na cultura, na morfologia institucional e na geopolítica [08]. Em segundo lugar é preciso abordar o problema da relação que existe entre todo fascismo e seu modelo original, que é sem dúvida alguma o italiano.

As investigações na Itália, na realidade, nunca perderam a consciência de que o fascismo fora essencialmente um produto "Made in Italy", uma perspectiva excessivamente limitada que em alguns casos (De Felice) dificultava ver os caracteres fascistas presentes em outras experiências extra-italianas, quer dizer, negar que o fascismo fora um fato de alcance mundial e de época. A atenção para a América Latina era óbvia, porque aqui se observavam fenômenos parecidos com características em parte similares e em partes diferentes a respeito do modelo transatlântico, o que criava confusão. Por outro lado, existia também uma linha de estudos que sem exagerar o alcance do "fascismo" como ideologia ou modelo político, destacava a influência do regime de Benito Mussolini como exemplo de Estado forte, autoritário e modernizador. Assim chegavam a ver erroneamente ou superficialmente como um "sucesso" da ditadura italiana tanto a função desta como um modelo, assim como o entrelaçar de contatos entre esta e os regimes latinoamericanos [09]. Este erro se deve em grande medida à falta de distinção entre a influência política e geopolítica por um lado (que foram menos consistentes do que se crê), e a influência ideológica por outro lado (ainda mais débil, muito além das imitações superficiais e as sugestões ocasionais e de toda toda forma, inferior às expectativas) [10].

A confusão dos âmbitos de influências, por demais, está presente já na produção escrita da época especialmente na Espanha e América Latina, onde se lia o fascismo no sentido conservador e autoritário, perdendo de vista ou mal interpretando os aspectos revolucionários, modernistas e progressivos da ideologia fascista [11], o que se levou a incluir apressadamente o fascismo entre "as direitas" [12]. Cabe mencionar além disso o hitlerismo antifascista que se propaga em muitos países entre as organizações trabalhistas e em círculos governamentais (no México), e alcança níveis de alarmismo exacerbado em fins da década de trinta e durante a Guerra, com as denúncias - em grande medida inverossímeis ou francamente exageradas - da presença de uma ubíqua "quinta coluna" fascista em todo o continente [13]. O aspecto mais surpreendente desta falta de entendimento ou alteração perceptiva - como se queira chamar - ao redor da presença fascista na América é talvez a confusão entre o verdadeiro fascismo (italiano) e suas imitações ou formas homólogas latinoamericanas. Os países que talvez podem exemplificar melhor estas confusões são México e Brasil: o primeiro, ao desenvolver um regime populista revolucionário de partido único com várias características em comum com o fascismo (mas derivadas do desenvolvimento autônomo) e o segundo, por ser o berço do movimento popular mais próximo ao fascismo de toda a América Latina. A estes dois casos nacionais lhes dedicaremos mais espaço em nosso percurso pelas formas e as manifestações políticas próximas ou paralelas ao fascismo na região.

O objetivo principal deste ensaio é mostrar através da profunda desilusão italiana pela escassa difusão ideológica e política do fascismo na América Latina, o desencontro com os movimentos, regimes e figuras políticas e intelectuais que se diziam fascistas ou simpatizantes (ou bem tinham esta reputação ou pareciam alinhados), para pôr em evidência como em grande parte da região se experimenta trajetórias político-ideológicas peculiares que, ao se extinguir abruptamente os fascismos "clássicos" europeus em 1945 (e ao mudar, em consequência, o clima ideológico mundial), manifestaram-se mais francamente nos modelos autóctenes de nacional-populismo. Desde o olhar italiano se chegara a descobrir finalmente o jogo de miragens e equívocos que contribuiu para originar a escassa ou errônea compreensão do que foi (e é) o fascismo na região [14].

1. Percepções e Realidades

Para abordar o tema, poderíamos começar por assinalar que o fascismo, ao contrário do comunismo, não é uma ideologia com vocação internacional. Ou melhor, ela o é somente na medida em que os objetivos nacionais se conjugam com as tarefas de elevar o status da "Civilização" (ocidental) e com a luta contra os inimigos desta (bolchevismo, liberalismo, individualismo, cosmopolitismo) e, em geral, contra a "decadência" (que é um conceito axial para todos os fascismos). Cada fascismo expressa, com efeito, um impulso de sua própria realidade nacional, surge - por assim dizer - de cada contexto com características peculiares e únicas, e só secundariamente se entrelaça com a fenomenologia ideológica e política mundial. Com estas exceções pode-se falar de "internacionalismo fascista" (especialmente nos anos vinte), e se pode detetar intenções de buscar laços e sinergias entre os movimentos fascistas internacionais e apregoar um "fascismo universal" (como o fizeram os CAUR [15] e alguns intelectuais italianos na década dos anos trinta). Contudo, todos os intentos de unir os esforços dos movimentos e regimes de tipo fascista se subordinam sempre ao princípio dos interesses nacionais. Não existe - nunca existiu em nenhuma parte - algo assim como uma forma de solidariedade espontânea com consequências políticas, como a que existiu entre os movimentos socialistas e comunistas mundiais e que favoreceu a formação do Komintern no período entreguerras. E fora isto, finalmente, a debilidade fatal do fascismo.

Os observadores contemporâneos mais atentos não se deixaram enganar e expressaram juízos céticos ou negativos sobre o conteúdo "fascista" das ditaduras latinoamericanas [16]. A influente revista Crítica Fascista em 1937 adverte a seus leitores que não tem como se entusiasmar por essas ditaduras e arriscar a fazer "de toda a erva uma só" [17]. O Conde Ciano (Ministro de Relações Exteriores e genro de Mussolini) observou nesse mesmo ano que:
"em todo o continente há uma tendência a considerar como "fascistas" as muitas medidas de caráter autoritário que são, na realidade, as ações de somente ditaduras militares ou semimilitares características desses países [...] para proveito pessoal [...]. O "Fascismo", na realidade, não é conhecido em suas verdadeiras finalidades e em sua essência no continente americano. [...] Em geral, quando se fala de "fascismo" na América do Sul se fala desta ou daquela pessoa que têm tendências de caráter fascista. Todos os demais homens políticos ignoram quase completamente o que são a teoria e práxis fascista" [18].
Os ditadores latinoamericanos, efetivamente, não se ajustavam ao perfil de Mussolini. Ainda que estes homens admirassem o Duce e o fascismo, eram por demais nacionalistas para reconhecer dúvidas a um modelo estrangeiro ou tolerar intromissões políticas externas [19]. Eram, sobretudo, bastante conservadores para aceitar o componente socialista, populista e revolucionário do fascismo. Deste eles tinham, como todo mundo, uma visão parcial e deformada. Por seu lado, o regime fascista não se inclinava a aceitar por princípio o caráter reacionário dos ditadores que eram a expressão de interesses castrenses, oligárquicos e pessoais, ao invés de serem a manifestação autêntica das massas nacionais [20]. Na imprensa fascista era frequente que se dessem "lições" a homens fortes latinoamericanos, para "impedir que alguns simples reacionários ou caudilhos militares exagerassem em se atribuir credenciais ilegítimas do fascismo" [21].

É certo também que a percepção italiana da realidade latinoamericana tinha suas limitações. Os fascistas italianos tão sencíveis em conceder o título de "fascista" a movimentos e regimes estrangeiros, especialmente se eram do tipo militar, personalista ou conservador, não souberam reconhecer os fenômenos paralelos (nacional-populistas) ou francamente próximos (fascismo "de esquerda", se aceitamos a expressão de Lipset e Incisa di Camerana) que se manifestavam na distância das terras americanas. O fascismo italiano tinha um componente populista, mas o populismo como fenômeno político em sentido estrito e completo é em si uma forma política autônoma, quer dizer, como o fascismo é autônomo em relação ao nacionalismo ou ao socialismo (que são suas duas principais raízes históricas) [22]. Os fascistas italianos simplesmente não souberam detetar o populismo. Além disso - enquanto estiveram dispostos a reconhecer formas políticas sui generis - não perceberam ou rechaçaram as formas mais esquerdistas e peculiares de fascismo que também nasciam, com a influência do modelo italiano mas respondendo a uma causalidade local diferente. A luta para construir a nação, derrubar as oligarquias decimonónicas (do séc. XIX) e romper com a dependência das potências anglo-saxãs levou a vários casos à formação de movimentos e regimes de tipo fascistizantes (Brasil, México, Bolívia), que não foram entendidos completamente pela Itália fascista, que os viu como algo exótico, distante e confuso.

Notas

* Este artigo é resultado do projeto de pesquisa do autor entitulado "Nación y nacionalismo", financiado pelo Instituto Nacional de Antropologia e Historia, INAH, do México.

[01] Ver entre os numerosos estudos, Theotonio Dos Santos, Socialismo o fascismo: el nuevo carácter de la dependencia y el dilema latinoamericano (Buenos Aires: Periferia, 1974); René Zavaleta Mercado, "Nota sobre fascismo, dictadura y coyuntura de disolución", Revista Mexicana de Sociología 41:1 (enero-marzo 1979): 75-85; David Viñas, Qué es el fascismo en Latinoamérica (Barcelona: La Gaya Ciencia, 1977); Hélgio Trinidade, "El tema del fascismo en América Latina", Revista de Estudios Políticos 30 (1982): 111-142. Geralmente estes autores se adscriben à teoria marxista e aos modelos de "dependência".

[02 Roger Grifn, The Nature of Fascism (New York: Routledge, 1991), 148.

[03 Cfr. Franco Savarino, "La ideología del fascismo entre pasado y presente", em Diálogos entre la historia social y la historia cultural, eds. Franco Savarino et al. (México: INAH-AHCALC, 2005), 253-272.

[04 Stanley G. Payne, Il fascismo (Roma: Newton, 1999), 345.

[05 Helgio Trinidade, "El tema del fascismo", 111.

[06 Seymour Martin Lipset, El hombre político. Las bases sociales de la politica (México: REI, 1993); Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos. Biografia di un continente (Milano: Corbaccio, 1994).

[07 Torcuato S. Di Tella, "Fascismo desde arriba" en Diccionario de las ciencias sociales y políticas, eds. Torcuato S. Di Tella et al. (Buenos Aires: Emecé, 2001), 271-272.

[08 Em particular as influentes investigações de George Mosse, Zeev Sternhell, Roger Grifn e Emilio Gentile que marcam um "giro" cultural (e institucional) nos estudos sobre o fascismo. Gentile define o fascismo como "um fenômeno político moderno, nacionalista e revolucionário, antiliberal e antimarxista, organizado por um partido milícia, como uma concepção totalitária do Estado, com uma ideologia ativista e antiteorética, com um fundamento mítico, viril e anti-hedonista, sacralizada como uma religião laica que afirma a supremacia absoluta da nação ao que se entende como uma comunidade orgânica etnicamente homogênea e hierarquicamente organizada em um Estado corporativo com uma vocação belicista a favor de uma política de grandeza, de poder e de conquista encaminhando à criação de uma nova ordem e de uma nova civilização". Emilio Gentile, Fascismo, historia e interpretación (Madrid: Alianza, 2004), 19.

9 Por exemplo, em Pietro Rinaldo Fanesi, "Le interpretazioni storiografiche e politiche dell'America Latina nel periodo fascista", en Ruggiero Romano. L'Italia, l'Europa, l'America, ed. A. Filippi (Camerino: Università di Camerino, 1999), 395-405. Mas é uma interpretaçaõ comum. Mugnaini por seu lado, Marco Mugnaini, "L'Italia e l'America latina (1930-1936): alcuni aspetti della politica estera fascista", Storia delle Relazioni Internazionali 2 (1986): 199-244 interpreta o encontro do fascismo com os regimes castrenses em termos de simpatias, interesses e instrumentalizações políticas (203-207).

10 Vê-se uma evaluación bastante precisa destas influências contraditórias em Stanley Payne, Il Fascismo, 345-354; e cfr. Franco Savarino, "Apuntes sobre el fascismo italiano en América Latina (1922-1940)", Reflejos 9 (2000-2001): aquí 107-109. Sobre la infuencia del fascismo entre las comunidades italianas (que se encontra fora do alcance deste estudo) existe já uma boa bibliografia: véase, entre otros a Joao Fábio Bertonha, "A migraçao internacional como Fator de Política Externa: os emigrantes italianos, a Expansâo Imperialista e a Politica Exterior da Itàlia, 1870-1943", Contexto Internacional, XXI: 1 (Enero-junio 1999): 123-64; Emilio Franzina y Matteo Sanflippo eds., Il fascismo e gli emigrati (Roma-Bari: Laterza, 2004); y Eugenia Scarzanella (ed.), Fascisti in Sud America (Firenze: Le Lettere, 2005).

11 Por exemplo, na Espanha um observador contemporâneo (1934) escreve: "Empiezan a existir en España grupos fascistas. Oír a la mayoría de quienes los componen, encoleriza. Se titulan fascistas por haber llegado a la cómoda conclusión de que orden y fascismo son términos sinónimos. Impórtanle un adarme la médula sindicalista, tan en pugna con la tesis conservadora, ni su carácter de doctrina en plena evolución. Ellos lo que quieren es orden, no justicia". Cesar Juarrós, Atalayas sobre el fascismo (Madrid: Ma. Yagües Editor, 1934), 42.

12 Que el fascismo fuera una revolución moderna (al lado y en rivalidad con la comunista) es un hecho aceptado por la mayoría de las investigaciones científicas actuales. El fallecido George Mosse titula significativamente su último líbro The Fascist Revolution. Toward a General Theory of Fascism (New York: Howard Fertig, 1999). La colocación del fascismo sobre el eje derecha-izquierda es más problemática, posiblemente la mejor opción sería asignarle un lugar "central" ("ni derecha ni izquierda" es el título de un famoso estudio de Zeev Sternhell), reconociendo la posibilidad de oscilar en los dos sentidos y marcando una distinción especialmente de las derechas con las cuales suele ser confundido. Cfr. Sandra McGee Deutsch, Las Derechas: The Extreme Right in Argentina, Brazil, and Chile, 1890-1939 (Stanford: Stanford University Press, 1999).

13 Un ejemplo de esta literatura alarmista es la obra de Hugo Fernández Artucio, La organización secreta nazi en Sudamérica (México: Minerva, 1943). Es posible leer retrospectivamente la obsesión por el fascismo internacional de esa época a la luz de la obsesión contemporánea por el "peligro" islámico.

14 Para um exame mais geral e de corte geopolítico das relações italianas com a América Latina remeto a Franco Savarino, "En busca de un "Eje" latino: la política latinoamericana de Italia entre las dos guerras mundiales", Anuario del Centro de Estudios Históricos "Prof. Carlos A. Segretti" 6 (2006): 239-261.

15 Comitati d'Azione per l'Universalità di Roma. Véase Mario Cuzzi, L'internazionale delle camicie nere. I CAUR 1933-1939 (Milano: Mursia, 2005).

16 Oreste Villa (agregado comercial en la Legación italiana en México en los años treinta) critica severamente todos los dictadores latinoamericanos con la excepción de Juan Vicente Gómez. Cfr. Oreste Villa, L'America Latina, problema fascista (Roma: Nuova Europa, 1933), 50-58.

17 Mario Da Silva, "'Fascismi' latino-americani", Critica Fascista, XVI: 3 (diciembre 1937): 44-47. En italiano es un juego de palabras: "fare di tutta l'erba un fascio" (haz=fascio).

18 Ciano a Lojacono, Roma, 26 de abril 1937, en Gianluca André comp., Documenti Diplomatici Italiani (DDI), s. VIII. Roma: Istituto Poligrafico e Zecca dello Stato, 1997, Vol. 6, doc. 515, 653. Las palabras de Ciano son también indicativas de lo difícil que era para los fascistas comprender los fenómenos políticos característicos de la región, como el populismo, o reconocer aquí elementos familiares en la maraña de formaciones autoritarias y auto-reivindicaciones o imitaciones del modelo italiano con ninguno o escaso espesor ideológico.

19 Marco Mugnaini, "L'Italia", 208-211.

20 Aldo Albonico, Italia y América (Madrid: MAPFRE, 1994), 166 y cfr. Folco Testena, "Sguardo sommario sulla situazione dell'America di lingua latina", Civiltá Fascista (Agosto 1942): 653-657. Sobre las dictaduras sudamericanas véase Ludovico Incisa di Camerana, I caudillos, 195-245. Los regímenes militares latinoamericanos resultaron ser menos permeables de lo esperado a las infuencias fascistas, también por la incompatibilidad fundamental existente entre el militarismo y el fascismo. Stanley Payne, Fascism. Comparision and definition (Madison: The University of Wisconsin Press, 1980), 19 y 167-175.

21 Aldo Albonico, "Immagine e destino delle comunità italiane in America latina attraverso la stampa fascista degli anni trenta", Studi Emigrazione XIX:65 (marzo 1982): 43.

22 Sobre el populismo hay una vasta literatura que resultaría imposible reportar aquí. Véase entre los clásicos: Octavio Ianni, La formación del Estado populista en América Latina (México: ERA, 1975); Ernesto Laclau, Política e ideología en la teoría marxista (Madrid: Siglo XXI, 1978); Margaret Canovan, Populism (New York: Harcourt Brace Jovanovich, 1981). Ver también María M. Mackinnon y Mario A. Petrone (eds.), Populismo y neopopulismo en América Latina (Buenos Aires: Eudeba, 1998); y cfr. Franco Savarino, "Populismo: perspectivas europeas y latinoamericanas", Espiral XIII:37 (septiembre-diciembre 2006): 77-94.

Fonte: Scielo
Texto: JOGO DE ILUSÕES: BRASIL, MÉXICO E OS "FASCISMOS" LATINOAMERICANOS FRENTE AO FASCISMO ITALIANO
Autor: Franco Savarino
http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S0121-16172009000100009&script=sci_arttext
Link alternativo: http://historiacritica.uniandes.edu.co/view.php/573/index.php?id=573
Tradução: Roberto Lucena

Ver:
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 02
Jogo de ilusões: Brasil, México e os "fascismos" latinoamericanos frente ao fascismo italiano - Parte 03

Ver também:
O NSDAP no México: história e percepções, 1931-1940 - parte 1
O Partido Alemão Nacional-Socialista na Argentina, Brasil e Chile frente às comunidades alemãs: 1933-1939 - parte 01

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