sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Besa, o código de honra albanês que salvou centenas de judeus na Segunda Guerra Mundial

Nesses dias nos quais o fanatismo religioso vem demonstrando a miséria a que pode chegar aos que são chamados "animais racionais" - nada muito novo abaixo do sol - , trago-lhes esta história na qual diferenças religiosas ficaram de lado para que vigorassem valores como a honra, a solidariedade, a compaixão - tudo isso é precisamente o Besa. [Besa e shqiptarit nuk shitet pazarit, traduzindo: "a honra de um albanês não pode ser vendida ou comprada num bazar"]

Obs: Besa (Wikipedia, verbete em inglês)

No começo da Segunda Guerra Mundial, a Albânia era uma monarquia dependente econômica e militarmente da Itália. Assim sendo, quando os italianos a ocuparam e o Rei Zog I fugiu - com isso, com todo o ouro que pode roubar - as coisas mudaram. Nesses tempos, o número de judeus na Albânia chegava apenas aos 200... quando terminou a guerra eram mais de 3.000. Os judeus que fugiram dos países ocupados pelos nazis encontraram refúgio na Albânia... um país de maioria muçulmana. Os organismos governamentais proporcionaram documentação falsa às famílias judias que lhes permitiam se misturar ao resto da população e os albaneses proporcionaram casas e seus escassos recursos para acolhê-los.

As coisas se complicaram em 1943 quando foram os nazis os que, a pedido de Mussolini, tomaram a Albânia. Igual ao que fizeram no resto da Europa ocupada, os nazis solicitaram às autoridades locais a lista dos judeus residentes no país... mas obtiveram um não como resposta. Por que um país de maioria muçulmana se arriscou a salvar os judeus ponde em jogo sua própria vida?
Não fizemos nada especial. Isto é Besa - assim respondem os albaneses.
Segundo o professor Saimir Lloja, da Associação de Fraternidade Albano-Israel,
Besa é a regra de ouro, é um código moral, uma norma de conduta social, além de ser parte de uma antiga tradição. [...] Besa se trata, em essência, de não ser indiferentes ante alguém que sofre ou é perseguido. É uma autoexigência moral que é pedida a cada albanês que viva honestamente e que - chegado a estes casos - também se sacrifiquem.
Ali Sheqer Pashkaj, fotografado por Norman Gershman. Seu pai, também chamado Ali,
salvou o jovem judeu Yasha Bayuhovio, com sombreiro mexicano em uma das fotos.
Herman Bernstein, embaixador dos Estados Unidos na Albânia nos anos 30, escreveu:
Não há rastro de nenhum tipo de discriminação contra os judeus na Albânia [...] Albânia passou a ser um lugar raro na Europa hoje em dia, onde não existe o ódio nem os preconceitos religiosos, apesar dos albaneses mesmos serem divididos em três religiões.
Por Javier Sanz em 16 de setembro de 2014

Fonte: Historia de las Historias (site espanhol)
http://historiasdelahistoria.com/2014/09/16/besa-el-codigo-de-honor-albanes-que-salvo-a-cientos-de-judios-en-la-segunda-guerra-mundial
Título original: Besa, el código de honor albanés que salvó a cientos de judíos en la Segunda Guerra Mundial
Tradução: Roberto Lucena

Ver mais:
Besa: A Code Of Honor (Yad Vashem)

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