Finkelstein e o Holocausto
por Alex Callinicos
UMA TEMPESTADE rompeu-se acerca de A Indústria do Holocausto, o novo e provocativo livro do historiador de extrema-esquerda de Nova York Norman Finkelstein. Seu alvo é em cima de um vasto esforço refletido numa pletora de museus, institutos, cursos, conferências e de como é relembrado o assassinato nazista de 5.1 milhões de judeus.
Para Finkelstein o Holocausto é uma ideologia. Ele acredita que a representação dominante dos crimes nazistas, particularmente nos Estados Unidos, não tem uma maneira séria de intentar compreender ou relembrar isso. Na crítica desta representação, Finkelstein segue a condução dada pelo historiador liberal Peter Novick. Em seu recente livro The Holocaust and Collective Memory(O Holocausto e a Memória Coletiva), Novick argumenta que o Holocauso apenas tornou-se uma questão maior até para judeus americanos nos fins dos anos de 1960s e início dos anos de 1970s.
Para Novick, esta mudança veio como um resultado das guerras árabe-israelenses de 1967 e 1973. Os mais destacados judeus americanos acreditavam que o Estado de Israel encarava um perigo comparável a Hitler. A invocação do Holocausto permitiu que defensores de Israel representasse seus oponentes como cripto-nazistas. Finkelstein rechaça esta explanação, apontando que Israel era um perigo muito maior perigo na guerra de 1948 quando o estado foi fundado. Ele argumenta que foi a decisão de Washington depois de 1967 de tratar o Estado sionista como um maior ativo estratégico norte-americano no Oriente Médio que foi responsável pela mudança na atitude.
"Não foram as alegadas fraqueza e isolamento de Israel, não foi o medo de um 'segundo Holocausto'," ele escreve, "mas ao invés disso é a prova que a força e aliança estratégica com os Estados Unidos que conduziu elites judaicas a elaborar a indústria do Holocausto depois de junho de 1967.
Um segundo fator, Finkelstein argumenta, foi o aumento da prosperidade dos judeus norte-americanos e sua correspondente mudança política para a direita: "ao agir agressivamente para defender seus interesses corporativos e de classe, as elites judaicas marcaram toda oposição para suas novas políticas anti-semitas conservadoras."
Esta análise proporcionou a base para a mordacidade de Finkelstein em atacar a "indústria do Holocausto". Assim ele denuncia o ganhador do prêmio Nobel sobrevivente de Auschwitz Elie Wiesel por transformar o Holocausto "numa religião 'misteriosa'" que ele expõe para um recebimento de honorários de $25,000 por aparição. Igualmente dúbio, para ele, são os esforços das organizações judaicas para ganhar compensação de países como Alemanha e Suíça. Finkelstein alega aquilo do que ele chama de "a Redobrada Chantagem", as compensações reivindicadas são exageradas e pouco do dinheiro chega aos genuínos sobreviventes do Holocausto.
Não é nada surpreendente que Finkelstein venha a estar sob ataque feroz. Jonathan Freedland escreveu no The Guardian na sexta-feira da semana passada que ele estava "próximo das pessoas que fizeram o Holocausto do que daqueles que o sofreram". Levando em conta que ambos os pais de Finkelstein sobreviveram ao Gueto de Varsóvia e aos campos nazistas, esta é uma acusação odiosa.
Apesar de tud, em sua fúria à classe dirigente sionista norte-americana, Finkelstein faz uma oferta enorme aos reféns da fortuna. Como seria sua afirmação diferente daquela que "o campo de estudos do Holocausto está repleto de nonsense, senão de pura fraude" feita pelo "revisionista" do Holocausto D. Irving ao esculhambar durante seu recente caso de difamação?
Finkelstein põe-se a elogiar a "'indispensável' contribuição" de Irving como historiador. Pior ainda, ele acompanha Novick no rechaço da significância da negação do Holocausto: "Não há qualquer evidência que os negadores do Holocausto exerçam qualquer influência maior nos Estados Unidos do que a Sociedade da Terra Plana o faça."
Mas, pode ser verdade que ao contrário dos EUA, a negação do Holocausto seja uma questão política viva na Europa. Quando Jean-Marie Le Pen, que desqualificou o Holocausto como "um detalhe da história", pode receber 15 porcento dos votos na França, e o simpatizante das SS Jšrg Haider pode dominar o governo austríaco, fazendo pouco caso de que o "revisionismo" do Holocausto é um perigo de luxo.
Pior ainda, Finkelstein às vezes faz concessões para a idéia de que alguns judeus pelo menos são parcialmente responsáveis pelo anti-semitismo. Assim ele com aprovação quotes the claim que o Congresso Mundial Judaico, em pressionar por reparações dos governos do Leste europeu, é "culpado de promover...uma terrível ressurgência do anti-semitismo".
Isto parece ser inteiramente o lugar errado de partida. Para amplitude de que há uma ressurgência do anti-semitismo na Rússia e leste da Europa, e em sua maioria a causa mais óbvia é o transtorno econômico e político causado pelo colapso dos regimes stalinistas no fim dos anos de 1980s. Neste clima não é difícil de se surpreender de que racistas encontrariam nos judeus e outros - notavelmente os Roma(ciganos) - os bodes expiatórios, totalmente independente do caráter dessas vítimas.
Finkelstein, como Novick antes dele, levantou questões legítimas. Ele tem destacado que algumas formas com as quais a comemoração do Holocausto tornou-se uma ferramenta de poder. Mas de tão exagerada que é sua polêmica às vezes ele a torna, totalmente contrário às suas próprias intenções, perigosamente próximo a dar conforto para aqueles que sonham com novos holocaustos.
Fotos: Norman Finkelsten com bandeira palestina, Alex Callinicos(socialista britânico)
Texto original(em inglês): Alex Callinicos
http://www.socialistworker.co.uk/archive/1706/sw170609.htm
Tradução: Roberto Lucena
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