segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Hitler - o judeu sionista (Parte III)

Aqui vamos nós com a terceira e última parcela da minha análise em curso (principalmente das fontes) sobre o filme de Jim Condit Jr "A Solução Final para Adolf Hitler" (The Final Solution to Adolf Hitler).

1. A entrevista de Rakovski. Esta é grande fonte de Condit nos últimos cinquenta minutos deste filme. Este é um livro singularmente difícil de conseguir, então eu vou tomar com algum risco a abordagem de Condit, confiante na sua palavra de que ele está citando corretamente o livro ao citá-lo diretamente. Existem algumas verdadeiras jóias fornecidas aqui:
1 - A primeira coisa que Condit retira desta suposta entrevista de Christian Rakovski (mais sobre ele mais tarde) é esta observação: "Eles [os banqueiros] estavam muito descontentes com Stalin. Eles viam Stalin como um bonapartista.".

Condit nos conta que "Rattisbone" descobriu que, os banqueiros que financiaram Napoleão, Napoleão se voltou contra eles. Assim, qualquer pessoa que despeja os banqueiros é um "bonapartista".

Infelizmente, parece que nem os falsificadores desta entrevista, "Rattisone", e nem Condit, sabem que o termo "bonapartista" quer dizer: marxista. "Bonapartista" é um termo cunhado por Marx em sua obra de 1852 The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte (O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte). Então, primeiramente, não estamos sequer falando de Napoleão Bonaparte; estamos falando de Luís Napoleão Bonaparte III, o segundo imperador francês que governou de 1848 a 1870.

De acordo com o comentário sobre o artigo, o bonapartismo "é usualmente descrito como um governo que se forma quando a classe dominante não está segura, e então a burocracia estatal, militar e policial intervém para estabelecer a ordem. O Bonapartismo do século XIX é comumente associado com o fascismo e o stalinismo do século XX". Em linguagem clara, o bonapartismo é, para Marx, uma ação contra-revolucionária.

Claro que, se a teoria abrangente do Condit - de que "os judeus" controlam tanto o capitalismo financeiro quanto o comunismo - é verdade, então talvez Stalin estava sendo citado como um bonapartista no sentido que Condit sugere. Mas eu ainda tenho que ouvir uma explicação plausível do porquê capitalistas e comunistas estarem agindo em cooperação.

2 - Agora Rakovsky é "citado", dizendo que, na procura de um agente para derrubar Stalin, eles se voltaram para a Alemanha e para o "orador talentoso" Adolf Hitler. Comento mais sobre isso mais tarde.
2. The Prisoner of Ottawa (O prisioneiro de Ottawa) de Douglas Reed. Condit se refere a Reed como um "historiador", mas ele era de fato jornalista. Este livro era sobre Otto Strasser, escrito enquanto Strasser estava vivendo no Canadá.

Deve se notar que Reed foi um antissemita inveterado. Ele foi condenado pelo menos duas vezes por ninguém menos que George Orwell acerca disso.

De qualquer forma, Reed diz que Strasser disse a ele que Hitler tinha dinheiro para queimar em 1929, e Condit conecta isto a Rakovsky supostamente dizendo que "Warburg" (não dizemos qual) deu a Hitler 10 milhões de dólares. Condit faz referência ao livro Who Financed Hitler? (Quem financiou Hitler?) de James Poole, que escreveu que na eleição de 1933 os nazistas tinham fundos ilimitados.

Condit é capaz de creditar isso em sua totalidade ao financiamento de Rothschild/Warburg, mas ele nunca toca na questão do financiamento de Hitler pelos industriais alemães como Ferdinand Porsche, a família Krupp etc. Condit também parece acreditar que Hitler e Stalin invadiram a Polônia no mesmo dia. Na verdade, as invasões tiveram 16 dias de intervalo.

A seguir Condit nos diz que Hitler teve o apoio do Grupo Cliveden. É nos dito que eram simpatizantes ingleses pró-sionistas de Hitler, só que seu "sionismo" não é provado por Condit. Por qualquer coisa, eles parecem ser Mosleyites (seguidores de Oswald Mosley) ou talvez seguidores de Edward III. Condit vai nos dizer que o Duque de Windsor era judeu?

Condit também menciona sua crença de que Rudolf Hess foi preso completamente sozinho na prisão de Spandau por 44 anos. Não, todos os réus de Nuremberg foram para Spandau. Hess foi simplesmente o último a morrer.

Agora Condit retorna ao livro de Reed sobre Strasser. Strasser diz, supostamente, que Hitler estava em Munique enquanto esta estava sob controle comunista. Assim, podemos supôr que Condit diz que Hitler foi "trabalhar com os comunistas" em Munique em 1919-1920. E sua fonte para isso?

3. Hitler: Hubris, 1889-1936 de Ian Kershaw. De acordo com Condit, Hitler agiu como um "intermediário" para o governo comunista da Baviera em Munique e do exército.

Foi isso o que realmente Kershaw escreveu? (Não importa que Kershaw ignore completamente a "teoria" de que o "avô de Hitler era um judeu" - se Condit está citando o que sabe de Kershaw, então ele está distorcendo novamente.) Não, claro que não. Condit diz que Hitler era um mensageiro entre o governo comunista e as tropas. O problema é que o governo não era "comunista" até depois que Kurt Eisner foi assassinado e, num todo, foi "comunista" por talvez um mês. A lealdade de Hitler, Kershaw escreve, foi com o SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), que tinha realmente chamado os Freikorps para esmagar a revolução em Berlim. E por qual razão Hitler comprometeu seus princípios? Kershaw destaca algo que Condit nunca mencionou - que ele queria evitar ser desmobilizado do exército por medo de ser deportado para a sua Áustria natal. Por que Condit omitiu isso? Será que ele está mentindo? Será que ele não leu o livro?

4. The House of Nasi: The Duke of Naxos (A Casa de Nasi: O duque de Naxos). Este livro é sobre "José de Nasi", o "príncipe dos judeus em todo o mundo" no século XVI (ele era um sefardita, e não existe um "príncipe dos judeus." Sua importância está além de mim, para ser franco.

5. Perfidy (Perfídia) de Ben Hecht. A única coisa que Condit parece não perceber ao citar o caso Kastner é que, apesar de seus protestos, o Irgun colaborou com os nazistas muito mais do que os trabalhistas sionistas.

A propósito, no início do Estado de Israel com o assassinato de Kastner, o ministro das Relações Exteriores de Israel era Moshe Sharrett.

6. Zionism in the Age of Dictators (O sionismo na Era dos ditadores) de Lenni Brenner. Ahhh... que sono... Ele também cita os 51 documentos de Brenner.

Na esteira deste, temos a velha e batida história de que os sionistas levaram os EUA à Primeira Guerra Mundial em troca da Palestina (a Alemanha estava perdendo na Frente Leste quando pessoas como Condit alegaram que estavam vencendo). Condit desconhece totalmente as motivações de Brenner uma vez que ele nunca menciona que Brenner é um marxista.

7. The Secret World Government (O Governo Mundo Secreto) do Major General Conde Cherep Spiridovich. Esta é mais outra porcaria conspiracionista antissemita produzida por um oficial derrotado do Exército Branco. Isto é o material que Condit confia como uma pilha de "provas" mas que revelam bastante seus preconceitos inerentes.

8. Wall Street and the Rise of Hitler (Wall Street e a Ascensão de Hitler), de Anthony Sutton. O quê?! Sabemos que grandes industriais norte-americanos estavam financiando Hitler. Isso não diz nada que apoie a noção de que os sionistas ou Rothschilds estavam fazendo isso.

9. The War Against the Jews (A guerra contra os judeus), de Lucy Davidowicz. Ela é uma espécie de piada. Eu me pergunto se Condit sabe disso. De acordo com Davidowicz, todo mundo foi responsável pelo Holocausto.

10. The Jews of Italy (Os judeus da Itália), da ADL da B'nai Brith. Se nós deveríamos nos surpreender de que havia fascistas judeus italianos, então Condit subestima o nosso conhecimento da história do fascismo. Ele afirma que este panfleto da ADL diz que Mussolini e Adolf Eichmann criaram campos de treinamento para o Irgun na Itália.

Bem, essa é novidade. Quanto à Eichmann, ele passou parte de 1937 na Palestina e depois voltou para sua Áustria natal para supervisionar a segurança durante a anexação da Áustria. Novamente, se nós deveríamos ficar surpresos é pelo fato de que Eichmann passou um tempo na Palestina, e não ficamos.

11. Special Treatment: The Untold Story of Hitler's Third Race (Tratamento Especial: A história não contada da terceira raça de Hitler), de Alan Abrams. Este é um livro sobre Mischlinge. Desde quando essa história não é contada? As Leis Raciais de 1935 são claras de que Mischlinge são distintos dos judeus.

Se Hitler sentiu que as pessoas de ascendência parcial judaica e parcialmente alemãs iriam "governar o mundo", então por que ele proibiu casamentos entre Mischlinge de segundo grau?

12. The Abandonment of the Jew (O abandono do judeu), de David Wyman. O que eu disse sobre Davidowicz vale para Wyman também.

13. The German-Bolshevik (O alemão-bolchevique), de Nesta Webster? Condit parece não perceber que a Alemanha não é um país religiosamente heterogêneo e que, portanto, não poderia ser unificado com base em motivos religiosos.

14. John "Birdman" Bryant. Ele afirma que Alfred Rosenberg era judeu.

Quero voltar para Rakovsky porque Condit nunca termina com ele.

Condit afirma que Rakovsky era judeu. O primeiro nome do homem era "cristão", mas ele ignora isso - ele era judeu porque "Rattisbone" disse que era. Curiosamente, Trotsky, que era judeu e estava trabalhando em uma biografia de Rakovsky quando ele foi assassinado, nunca identifica Rakovsky como sendo judeu. Isto acontece porque provavelmente ele não era.

Um último ponto: o que o longo e incoerente filme de Condit (a origem destas mensagens longas e incoerentes) nunca leva em conta é que: se Hitler queria que os judeus fora da Europa, por que ele não colaboraria de alguma forma com os sionistas que estavam dispostos a fazer isso? É a mais simples possível explicação para muito do que Condit apresenta, e não que Hitler estava recebendo financiamento dos Rothschild e que foi ele mesmo era um judeu.

Condit envolve as coisas com um pouco de negação do Holocausto e antissemitismo religioso. Ele apela para Denis Fahey e Hutton Gibson e sua esposa idiota que diz que não havia seis milhões de judeus na Europa em 1941: o próprio censo nazista aponta que havia 11 milhões de judeus. Ele cita o lunático palpável do Michael Hoffman, para explicar que a palavra "Holocausto" não aparece escrita em maiúscula no dicionário até 1980. E isso prova o quê? É um completo 'non sequitur'.

Condit, como a maioria dos teóricos da conspiração e antissemitas, é incapaz de aplicar o princípio da Navalha de Ockham: a explicação mais simples geralmente é a correta. Não é possível - apenas possível (eu diria provável se não for definido) - que um demagogo politicamente apto que odiava judeus, por quaisquer razões de "sangue da família", foi capaz de explorar os medos do comunismo a subir ao poder na Alemanha e erradicar de milhões de judeus no processo? Este não foi o primeiro genocídio e, infelizmente, provavelmente não será o último, então por que é o mais questionado?

Por que o duplo padrão de julgamento, o Sr. Condit?

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part III)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/08/hitler-jewish-zionist-part-iii.html
Tradução: Roberto Lucena

Anterior: Hitler - o judeu sionista (Parte II)

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