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domingo, 12 de outubro de 2014

Existem conspirações?

O título do post foi provocativo e intencional (a imagem também) pois o título original seria: "O problema das Teorias da Conspiração". Pois é disto que o post trata.

E é uma questão pertinente pois em 99% das discussões com esse pessoal "revi" ou de extrema-direita, essas teorias da conspiração estão sempre presentes misturadas com meias verdades e coisas que ocorreram/ocorrem, o que acaba implicando no risco de alguém ao discutir com eles, tender a negar que conspirações políticas existem pra não concordar em algo com eles (pois em sua maioria são um bando de fanáticos e lunáticos), quando conspirações existem, só que não da forma como esse pessoal propaga ou prega, ou a que eles pregam.

As mais batidas (ridículas) são aquelas folclóricas como os Illuminati, Nova Ordem Mundial etc (o próprio termo "teoria da conspiração" já representa um forte grau de descrédito justamente por conta da birutice desse pessoal), mas tem "teoria" de todo tipo. E ia esquecendo, é recorrente também as citações sobre o papel sempre controverso da Maçonaria em questões políticas reais, pois a postura da Maçonaria é de fato dúbia, ela nunca diz a que veio, embora a ideologia reinante nela ao que tudo indica são o liberalismo e o positivismo.

Quando você pergunta a um desses crentes que vivem falando em "NOM (Nova Ordem Mundial)" o que é isso, eles não sabem te responder, porque não entendem que o objeto de crítica deles na realidade é o liberalismo radical que vem a ser justamente a Nova Ordem Mundial (no sentido certo do termo) que emergiu com o colapso da URSS, com os EUA no papel de superpotência, e que agora mostra sinais de declínio com a ascensão da China e do declínio dos Estados Unidos decorrente de suas guerras tresloucadas no Oriente Médio e crise econômica e política interna.

Os grupos mais conservadores e radicais não gostam de liberalismo e da crise cultural que ele vem provocando desde os anos 90. Ao invés de usarem os termos políticos corretos eles citam as teorias da conspiração pra atacarem aquilo que eles abominam ou discordam. E ainda chamam isso às vezes de "marxismo cultural", fora do significado original do termo, o que é engraçado pois chamar marxista de "liberal" eu acho que soaria como ofensa pro primeiro.

O ponto central da coisa é: existem conspirações políticas?

A resposta é: sim, conspirações existem. Só que não são divulgadas aos quatro ventos como esse pessoal crédulo , fanático e bitolado dissemina.

E não se dão sob forma de "magia", crendices, folclore, ou venha a ser algo aberto (muito conhecido como esse pessoal espalha e como se fossem "iluminados", descobridores da "pólvora"), como muita gente obcecada com isso dissemina pela internet.

Aliás, magia não existe (sinto 'machucar' o pessoal que crê nisso e em coisas "sobrenaturais" etc, mas não isso não existe).

O problema central de quem é obcecado com essas coisas é que a maioria deles ignora até o que significa de fato o termo conspiração. Irei colar aqui o significado pois eu sei que muita gente não lê algo que preste (infelizmente) e sai repetindo como papagaio a primeira bobagem que lê pela internet.

Conspiração política: Link1 Link2
Em política, conspiração é um entendimento secreto entre várias pessoas para organizar e realizar ações subversivas contra um poder político estabelecido.

Os objetivos de uma conspiração podem variar, assim como suas estratégias e meios. Falsos testemunhos e boatos (como no Complô Papista), sequestro (como na surpresa de Meaux, organizada em 1567 por Luís I de Bourbon-Condé, para sequestrar o rei da França, Carlos IX, e a família real), 1 atentados (como a Operação Charlotte Corday, organizada pelo CNR e pela Organisation armée secrète (OAS) visando assassinar o presidente Charles de Gaulle, em 22 de agosto de 1962),2 assassinatos (como o de David Rizzio, confidente de Maria Stuart),3 e golpes de Estado (como na Conjuração de Catilina, que visava a tomada do poder em Roma, em 63 a.C. pelo senador Lucius Sergius Catilina) estão entre os métodos mais notórios das conspirações conhecidas.

Ou seja, uma conspiração é algo concreto (uma ação visando um objetivo político por um grupo) e não uma crendice como a maioria desses bandos espalham e os governos em geral fazem vista grossa.

Vou citar o caso de uma conspiração recente que não foi vista como conspiração, mas que houve uma conspiração na execução política do caso: A queda do governo da Ucrânia e a ascensão dos neonazis por lá.

Eu já comentei isto aqui: A crise na Ucrânia, os desdobramentos (um resumo).

Resumidamente: os Estados Unidos desde o fim da Guerra Fria, com a dissolução da União Soviética, tenta cercar a Rússia em seu território por ser um potencial rival econômico, militar, ideológico etc, dando apoio desde a governos fantoches/submissos como o de Iéltsin, até cercar a Rússia para contê-la militarmente e provocar uma crise interna (enfraquecer aquele país).

Isso é real, existe. A conspiração, no sentido literal do termo, reside no fato de que líderes de vários países atuam em prol do cerco à Rússia e não falam das intenções dos ataques àquele país abertamente, mas pelas ações é possível deduzir o que se passa. É uma operação com gente graúda, pesada (governos de países militarmente fortes), com participação da mídia (de lado a lado), dependendo de sua orientação ideológica ou financeira.

Os EUA (governo) queriam derrubar o governo ucraniano pró-russo ou mais próximo da Rússia para colocar um governo fantoche e fraco pró-EUA e bases da OTAN naquele país, ou trazer a Ucrânia pra área de influência da União Europeia (que é alinhada com os EUA, refiro-me aos governos e não aos povos desses países da UE).

Derrubaram o governo ucraniano eleito pelas urnas (golpe de estado), independente do fato se ele prestava ou não, e criaram todo o confronto que rola por lá atualmente, com a reação óbvia da Rússia (algo previsível), já que a Ucrânia nessa história virou biombo ou terra em disputa por ser área de influência próxima da Rússia.

A Rússia reagiu e tomou a parte da Crimeia, de maioria russa, e infla combates em áreas pró-russas no que sobrou da Ucrânia pra provavelmente pegar essas áreas e gerar instabilidade no governo fantoche ucraniano (bancado pelos EUA e inimigo da Rússia). Os aliados dos EUA dão suporte ao governo ucraniano.

Por que fazem isso? Em linhas gerais os Estados Unidos atacam qualquer país que desenvolva uma política nacional independente ou visando soberania. Não vamos com isso chancelar a insanidade do nazismo e fascismo pois muitos "revis" visualizam o conflito da segunda guerra nesses termos e sempre inocentando os líderes nazifascistas como se fossem um bando de "anjos" e não belicistas.

Isto é uma conspiração de fato, não "magia" ou delírio de religioso maluco.

Como podem ver, não há "magia", Illuminati ou ET de Varginha participando da contenda, só humanos, bem treinados e politicamente bastante bem informados e com objetivo definido. Se você não tiver ideia do que se passa e estiver no meio da luta de lado a lado, vai pagar o pato ou fazer papel de bobo.

Ou seja, o brasileiro médio continua tratando coisas sérias como esta, que podem vir a ocorrer aqui (o Brasil não está alheio do mundo), como "brincadeira" ou "coisa de filme" por alienação.

O mesmo se passou na Venezuela recentemente, ou naquelas marchas de junho de 2013 no Brasil, que mesmo contando com um apoio popular de início, essas marchas foram manipuladas (pautadas) pela grande mídia brasileira que é alinhada com os Estados Unidos e grupos liberais internos. Por sinal, ainda farei post sobre essas marchas e a turma que apareceu moldando opinião nelas pois não foi algo "espontâneo", com o vídeo daquela garota falando pra não virem à Copa sempre mirando o governo federal. Qual a razão por trás disso? A política independente e mais nacional do Brasil.

O problema de boa parte dessas teorias da conspiração é que ninguém sabe ao certo se elas vêm de trolls (psicopatas) querendo causar tumulto na web espalhando mentiras (que adquirem ar de verdade e incitam o posicionamento a favor de um dos lados ou deixar alguém confuso), de governos (os Serviços de Inteligência também espalham "histórias" pra confundir), de grupos políticos diversos (de ideologias diversas) ou se de todos os citados ao mesmo tempo (o que é o mais provável).

Já viram a enxurrada de boatos que pipoca na web no Brasil nos últimos anos? Os "Black Blocs"? Leiam isto:
Contrainformação
Agente provocador
Método Gene Sharp (que de "não-violento" e idealista não tem nada)

Entre as teorias da conspiração mais difundidas estão obviamente as teorias da conspiração citando judeus, e há as de todo tipo, desde as mais antigas e famosas como Os Protocolos dos Sábios de Sião, até as mais recentes como a negação do Holocausto), explorando o antissemitismo histórico e religioso.

E eis o problema: essas mesmas teorias da conspiração acabam tornando imunes grupos privados e indivíduos fortes (de uma minoria rica dentro de uma minoria, povo) que agem politicamente mesmo junto com outros grupos privados (de qualquer natureza pois esses grupos privados não agem por questões "étnicas" como os "revis" sempre mencionam), quando o povo em geral não tem nada a ver com a ação desses grupos.

O George Soros é uma amostra da questão, ele é um exemplo de um crápula poderoso por trás de golpismo pelo mundo, eu o chamaria de testa de ferro ou que faz o serviço sujo dos EUA (governo), que por ele ser bem conhecido é mais fácil criticá-lo. Ele era um dos que bancava a candidatura da Marina Silva no Brasil e o projeto político por detrás dela, como também banca o outro capacho dele, o ex-presidente do Banco Central com FHC, Armínio Fraga, imposto como presidente pelos acordos do governo tucano com os Estados Unidos no segundo governo FHC e que quebrou o Brasil três vezes pro país pedir empréstimos ao FMI e ficar pagando juros da dívida a credores. Sim, isso existiu e pelo visto a maioria do povo tem memória fraca ou é bastante desinformada.

O povo judeu (pessoas comuns) não deve pagar pelo que um crápula (ou meia dúzia deles) faz se escorando num povo.

O Finkelstein e o Hilberg (este, a maior autoridade no Holocausto) criticavam isto quando o Finkelstein lançou o livro Indústria do Holocausto e o Hilberg chancelou o livro (como crítica) à instrumentalização política do fato. O livro não trata nem propriamente de narrar o Holocausto e sim do pós-segunda guerra e da questão interna nos EUA.

Os "revis" fazem uma leitura totalmente distorcida do livro (pra variar) que em nenhuma parte nega o Holocausto. Não só eles, já vi este livro citado no verbete em português do Holocausto na Wikipedia, por alguma "inteligência rara" que colocou lá por extremismo político, pois o livro não relata o Holocausto e não foi mencionado como crítica.

Vejam que toda vez que um "revi" toca nesses assuntos é só pra culpabilizar "judeus", porque a tendência muitas vezes de quem é afetado/atingido é negar ou até defender gente desse tipo ao invés de isolá-los.

Já tive que ler muito ataque como se eu "adorasse" banqueiros ("amo"... conteúdo irônico e com aspas), a mídia (a mídia do Brasil, salvo exceções, é um esterco da pior espécie e ainda tenho que ler que eu "adoro" isso, ainda vou colar noutro post a baboseira que tive que ler aqui como se eu gostasse do grandão da Globo, eu "adoro" essa emissora, por isso chega a ser ridículo o que eu li) ou que não tivesse ideia do conflito de interesses políticos e econômicos entre países e grupos privados ou como se eu ignorasse o sistema político e econômico hegemônico no mundo e quem defende isso principalmente (os EUA).

Justamente por saber e não tratar isso como racismo (como os "revis" tratam), acho importante demarcar essas questões pois não irei ficar me justificando quando algum extremista desses vier falar sobre essas besteiras "racializando" (como eles dizem) essas coisas.

A turma do extremismo causa uma mixórdia (confusão) com esses assuntos e acaba provocando pânico e inação diante de perigos reais e concretos, como no caso da vacinação do H1N1 (gripe suína) que um monte de religiosos fundamentalistas saíram espalhando e pregando na web que as pessoas não deveriam se vacinar com argumentos ridículos de que a vacina fazia mal (mas diante de um público ignorante e suscetível esse discurso se propaga) o que provocaria o aumento da pandemia pois mais gente seria contaminada, podendo atingir qualquer um de vocês ou a mim. A meu ver quem propagou isso é criminoso e o Estado brasileiro deveria tratar esses grupos com mais rigor.

Ou seja, por detrás da couraça de "coisa ingênua" (pois a maioria disso é sandice mesmo e pra confundir), esse tipo de coisa é perigosa pois desinforma e pode provocar conflitos.

Gente crédula e ignorante ao extremo provoca estragos políticos e sociais por serem vulneráveis a manipulações e por muitos serem fanáticos do tipo que provocariam um estrago de verdade motivado por alguma crença e paranoia.

*A imagem do post é essa: Annuit cœptis, Grande Selo dos Estados Unidos, O Olho da Providência/O Olho que tudo vê.

sábado, 17 de maio de 2014

Os verdadeiros sentimentos de Germar Rudolf sobre os judeus

Isto pode ser lido na página 39 deste relatório, que cita Germar assim:

Se o Holocausto é visto como uma coleção única de mentiras, então o único pilar de sustentação que legitima o Judaísmo Internacional entrará em colapso. O destaque da religião substituta irá se desintegrar. A possibilidade de extorquir mais bilhões da Alemanha por conta de sua suposta obrigação também entrará em colapso. A possibilidade de obrigar os Estados Unidos a salvar eternamente os judeus de novos holocaustos através de doações infinitas de dinheiro também entrará em colapso. A simpatia mundial com os maiores mentirosos e vigaristas da história da humanidade também entrará em colapso. A segunda tentativa da Europa de estabelecer um enclave duradouro na Palestina contra a vontade dos árabes, similar às cruzadas, também entrará em colapso. E, finalmente, a futura Arábia, será unificada e auto governada (por árabes) sem ocupantes judeus, norte-americanos ou europeus e potências coloniais, e se desenvolverá irresistivelmente. Isso explica porque os judeus e a mídia dominada por eles e políticos de todos os lugares defenderem essas mentiras (Holocausto) e reprimir os profetas de verdade com todos os meios possíveis.

Fonte: Holocaust Controversies
http://holocaustcontroversies.blogspot.com/2014/05/germar-rudolfs-true-feelings-about-jews.html
Título original: Germar Rudolf's True Feelings about Jews
Texto: Jonathan Harrison
Tradução: Roberto Lucena

Observação: tem tanta besteira no comentário do G. Rudolf, principalmente a parte sobre Oriente Médio, que se for comentar pedaço por pedaço o post ficará muito espichado. Acho melhor fazer depois um post sobre esse comentário dele e Oriente Médio.

"Futura Arábia"? Esse tá "por dentro" das brigas sectárias do Oriente Médio.

Atualização: 18.05.2014

Eis o link com os comentários sobre este post: As visões geopolíticas de Germar Rudolf e sua "Arábia unificada"

domingo, 22 de dezembro de 2013

Discórdia na Cesspit (Codoh) com Mark Weber. Mais um racha no mundo "revisionista"

Pros que não sabem o que significa o termo Cesspit, confira clicando nas tag CODOH e Cesspit.

Parece que há um visível racha no clero "revisionista", e insatisfação e suspeita com o cabeça do IHR, Mark Weber. E para não confundir, este Mark Weber não é o ex-piloto de Fórmula 1 da RBR, os dois são homônimos, apesar do ex-piloto de F1 ter dois 'bês' no sobrenome.

Em post do Codoh um "revi", com foto de jogador do leste europeu, toca no assunto expondo o texto de uma "revi" neonazi (ou "supremacista branca", sempre rio desses termos "supremacismo"), Carolyn Yeager (não sabe quem ela é? Clique aqui e aqui), a crise e insatisfação de "revis" "gurus" como Rudolf com Mark Weber: link

C.Y: 'Is the IHR a dead horse?' (O IHR é um cavalo morto?)
Texto original

A queixa deles com Weber, tradução livre minha:
Mark Weber adquiriu o controle do Instituto para "Pesquisa" Histórica (vulgo IHR)control na metade dos anos 90 e mudou todo seu propósito distante do "Revisionismo" do Holocausto para nenhuma posição ou qualquer coisa semelhante;

Weber nunca foi um "revisionista" de verdade (mesmo nos anos 80), de acordo com ambos, Berg e Rudolf;

Weber resistiu em publicar livros de Germar Rudolf, e não queria textos traduzidos de "revisionistas" alemães, e queria escrever seus próprios artigos sumários por terceiros;

Com David Irving, Weber foi observado como se comportando como um total sicofanta; ele até parecia estar "apaixonado" por Irving;

Muitos ainda pensam que o IHR sob Weber "parece bem" e então financeiramente apoia isso;

Caller Jim trouxe o "discurso de Posen" de H. Himmler, que ambos, Berg e Rudolf, consideram-no genuíno porém um mal-entendido;

Dana apresentou a questão de que a maioria das pessoas que estão de saco cheio do "holocausto" na mídia - de que ele espera que haja reação sobre o que Germar disse, mas mais na Europa que nos Estados Unidos.
E há mais duas acusações de um outro "revi" com nick de Werd (que aparenta se contentar com o stalking promovido pela dupla dona de um site tosco sobre Holocausto nos EUA) sobre Weber:
Mark Weber conspira para vender listas de email para a ADL.
http://www.vho.org/GB/c/TOK/Whistleblower.html

A visão de Rudolf sobre a crise do IHR com Weber:
http://www.vho.org/GB/c/GR/IHRCrisis.html
Resumindo: haja choro e paranoia no "mundo" "revi"*, pra variar.

O IHR, pra quem não sabe, é o principal difusor de textos de negação do Holocausto no mundo (com sede nos Estados Unidos) junto com um site também hospedado nos EUA (host de Nova York, suspeito que o host seja do Michael Santomauro), VHO, com ramificação na Europa (Bélgica etc).

Observação:


Mas se me permitem, vou fazer algumas considerações sobre essa temática do combate ao negacionismo aproveitando o post em questão. Vou reforçar coisas que já disse antes pois é bom deixar claro que não só rola problemas no "lado "revi"" como de gente que se coloca na posição de "anti-"revi"", que não é uma posição exclusiva de A, B ou C obviamente, mas a partir do momento que tentam se passar (ou insinuar) por a gente, a coisa muda de conversa. Quem age por conta própria assumindo, eu nunca critiquei embora eu posso não concordar com certos posicionamentos (em geral o pessoal é de direita e meio paranoico, e eu sou de esquerda e cético até o talo, o que gera na maioria das vezes um conflito ideológico pois não tenho muita paciência com essa direita paranoica hidrófoba lunática brasileira).

Sobre o termo "revi" (que coloquei o asterisco pra comentar), passarei a preferir essa escrita ou mesmo chamar por "revisionista" (com aspas) do que o termo "revimané", que não fomos nós que criamos, foi um colega nosso no Orkut anos atrás. A quem usa o termo aleatoriamente achando que é "criação" nossa, taí mais um detalhe que não sabiam (pra variar), que inclusive já comentei aqui antes, só que as pessoas que leem seletivamente (de forma atabalhoada, como sempre) nunca prestam atenção aos detalhes.

Há gente mal-intencionada usando fakes tentando insinuar ou se passar pelo pessoal do blog (pra causar confusão) explorando a paranoia dos "revis" usando esses termos e expressões que usamos ironizando esse pessoal. Pra alguém mais safo dá pra notar de cara a falsificação, pra gente mais "burrinha" (ou seja, a maioria...) a falsificação não é algo tão óbvio assim e disso vem o problema.

Pra alguém mais paranoico, quem escreve o termo (que já é de domínio público) "x" só existe uma dedução lógica primária (pois não vão além disso): "só pode ser esse pessoal pois eles usam o termo". Nunca passa na cabeça desses imbecis que qualquer pessoa pode usar o termo pra confundir (ou mesmo porque gostou já que não tem "copyright") e pode se esconder com fakes.

Eu não uso fakes, escrevo com meu nome, discutia com "revis" usando meu nome e já emiti o que penso (mais de uma vez) sobre esse pessoal que se borra com "revis (No Reino da Fantasia dos Trolls "Ocultos"). Penso de fato que se uma pessoa se pela de medo desses "revis" se valendo desse artifício pra tentar confundir, como já disse antes aqui, deveria parar de fazer isso ou sumir, pois além da atitude covarde (pois a impressão que se passa é essa), só vejo discussão imbecil com esses caras, com um vitimismo ridículo, uma contemporização ridícula e localizei mais ou menos de onde é um dos perfis (do estado do Ceará).

A quem pensa que só "revis" criam problema, desencanem disso, as piores brigas e confusões que vi no Orkut foram causadas por gente que se dizia "anti-"revi"" criando atrito com esses "revisionistas" e afins, entravam lá posando de "valentões" e brigões e quando algum desses "revis" (ou neos) cismavam e iam pra cima, os caras corriam com o rabo entre as pernas e vinham tentar jogar o problema pro nosso lado, principalmente quando se entocavam em comunidades sobre conflito no Oriente Médio misturando questões como conflito israelense-palestino com essa questão do negacionismo no Brasil. E vou dizer claramente, esse pessoal hoje me irrita tanto quanto os "revis".

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Os Estados Unidos do ódio

‘El País Semanal’ e Canal + adentram na senda mais ‘conspiranóica’, racista e integrista dos EUA

Assim é o dia a dia do Ku-Klux-Klan, dos extremistas cristãos que se preparam para uma guerra santa racial e dos grupos neonazis que querem limpar o país de homossexuais e judeus

FOTOGALERIA Os EUA ultradireitista, em imagens
Jon Sistiaga 9 OCT 2013 - 00:00 CET

O líder das Nações Arianas. / Canal+ / Hernán Zin

“Você está me dizendo que também os treina para uma possível invasão de zumbis?”, pergunto com cara de estupor a Mike Lackomar, porta-voz e um dos líderes da Milícia de Michigan. “Sem dúvida, tanto faz ser um zumbi ou um reptiliano”, responde com severidade. “Há que procurá-lo corpo a corpo e lhe meter balas no peito e outra na cabeça, como no Vietnã”. E cai em gargalhadas. Mas não ri porque está reconhecendo, com toda seriedade, que suas crianças se preparam nos bosques de Michigan para deter hordas de mortos-vivos, senão pela suposta graça que acaba de fazer. Qual a graça? Eu tampouco sei, então Lackomar esclarece: “Como no Vietnã – sorri -, onde tinha que se ganhar os corações e mentes da população. Exatamente, dois tiros no coração e um na cabeça! Se um zumbi sangra quer dizer que ele pode matar”. Estamos em um parque natural a uns cem quilômetros ao sul de Detroit. É sábado. Ao nosso redor há ciclistas, gente fazendo footing, aprendizes de ornitólogos com seus prismáticos e famílias inteiras se preparando para passar um dia de campo. Uns 20 milicianos vestidos com traje de camuflagem e armados até os dentes começam, por seu lado, uma incursão no suposto território inimigo. Bubba, o alias de Tom, um engenheiro agrônomo que hoje às vezes passa por chefe do grupo, dá-lhes as últimas instruções: se escutam um drone, ou seja, o motor de um avião espião não tripulado, devem se esconder entre as árvores. Estamos no estacionamento do parque, junto a vários corredores que estiram seus músculos se preparando para sair para fazer esporte, mas Bubba acaba sua conversa de motivação mirando-lhes com expressão dura e lhes fala: “Se alguém é capturado ou ferido, que não espere resgate”.

O líder das Nações Arianas, uma organização
que se considera cristã e racista. / HERNÁN ZIN
A Milícia de Michigan é um dos mais de 1.300 grupos patrióticos monitorizados nos Estados Unidos por diferentes associações de direitos civis. Alguns desses grupos são considerados muito perigosos e imprevisíveis pela retórica irracional, emocional e até conspiranóica com que agem. Por isso são conhecidos como Grupos de Ódio. A crise econômica, o aumento do paro e a reeleição de Obama, um presidente negro, de sobrenome estrangeiro e pai muçulmano, fez eles crescerem em número.

“As milícias mais perigosas são aquelas que professam um ódio extremo contra o governo dos Estados Unidos, que se dedicam constantemente a fazer acopio de armas, que possuem enormes arsenais e que secretamente planejam possíveis ações contra o governo federal. Dito isto, a maior parte das milícias são cidadãos normais, que gostam de milícias e que são partidários de porte de armas e das liberdades da segunda emenda”, disse Jack Kay, antigo reitor da Universidade de Michigan e que levou anos estudando o fenômeno das milícias. Desde sua cátedra de Teoria da Comunicação, analisou as estratégias de captação e propaganda de dezenas de grupos radicais e está convencido de que muitos indivíduos violentos encontram aqui o lugar onde socializar todas as suas ocultas pulsões de ódio. Este Estados Unidos racista, integrista, supremacista e cheio de ódio é o ecossistema perfeito para a aparição dos lobos solitários.

Lackomar, o porta-voz dos milicianos de Michigan, parece um tipo muito normal. Casado, com dois filhos e com um bom emprego como caminhoneiro. Quando ele mostrou o porta-malas de sua perua, deixou-me boquiaberto: “Sempre levo meu rifle de combate, um Kalashnikov, uma arma muito boa… e leva 10 carregadores de 30 balas cada um… 300 disparos… Bem, isto é o que levo habitualmente no carro para coisas de emergência, mas sempre que saio de casa, ainda que seja para compra, levo minha pistola e algum carregador a mais, assim tenho sempre 60 balas sempre acima”. As leis de Michigan proíbem levar armas es­condidas sob o paletó ou a calça, é assim que Michael e muitos de seus colegas levam suas pistolas na cintura, à vista de todo mundo, como no Velho Oeste. Lackomar insiste em me dizer que não são ultradireitistas, senão libertários. Que não são racistas, que inclusive têm uma esposa de origem filipina, ainda que me confirme que não há nenhum membro negro, judeu, hispânico ou homossexual. Mas sobretudo, insiste que está farto de que o governo lhes considere um bando de pirados. Eles se consideram constitucionalistas, patriotas, defensores mortais dessa segunda emenda que lhes garante o direito de levar armas e formar milícias. Uma emenda da Constituição que tem 200 anos, do tempo da guerra contra os britânicos e os índios nativos.

DEFCON 4. As teorias da conspiração que manejam estas milícias são de todo tipo: desde aquela de que a Agência Federal de Saúde (FEMA) está preparando campos de concentração nas Montanhas Rocosas até a aquele em que a Casa Branca quer impôr a lei marcial em todo país. Aquela em que Obama vai apreender suas armas até aquela da Agenda 21 da ONU sobre a sustentabilidade do planeta, que pretende roubar os recursos naturais dos Estados Unidos. A Milícia de Michigan nos confirma que rebaixou seu nível de alerta a Defcon 3, nível amarelo, ameaça média, ainda que faça pouco tempo estavam em Defcon 4, estado de alerta quase de pré-guerra. Mas contra quê ou contra quem? Quem é o inimigo?... Segundo Lackomar, todas as milícias deveriam treinar em cinco áreas diferentes, cinco cenários nos quais todos seus homens deveriam estar atentos nesse momento: “Na luta contra o crime, fazendo patrulhas pela vizinhança, algo para o qual estamos muito capacitados; em resposta ante desastres naturais como os recentes tornados de Oklahoma ou as inundações provocadas pelo Katrina; sobre o terrorismo, como o de Boston; ante qualquer tipo de invasão, quer seja de Cuba, Coreia do Norte ou de zumbis, e em lutar contra a tirania de um governo que extrapole suas funções”.

Há mais de 1.300 grupos patrióticos monitorados nos Estados Unidos por diferentes associações civis

As milícias acreditam de verdade que os Estados Unidos estão a bordo de uma espécie de distopia, una sociedade indesejável em si mesma, um pesadelo em vida. Estão convencidos de que vem uma nova ordem mundial que os escravizará, por isso insistem tanto em treinar contra isso que Alexis de Toqueville chamou de “tirania da maioria”. Por isso vivem numa cultura de autodefesa e cultivam uma retórica partisan. Por isso se vem a si mesmos como a resistência, a força de choque. Os que defenderiam os Estados Unidos contra tudo aquilo que lhes ataque. “Algo não funciona nos Estados Unidos, neste país não podemos dizer a palavra ‘patriota’ porque seremos considerados terroristas, onde não podemos dizer ‘constitucionalistas’ porque somos tachados de terroristas”, queixa-se o coronel Robert Cross, o líder da Ohio Minutemen, outra conhecida milícia. Da janela de sua casa, em pleno campo, pode-se ver a vasilha fumegante da central nuclear de David-Besse, junto ao lago Erie. Cross insiste que não é um radical, senão alguém muito preocupado pelo desvio liberal do governo de Washington, mas Cross é um claro exemplo de pensamento cativo e vitimista. Como muitos milicianos, acredita que foi eleito para uma missão muito sacrificada e muito pouco reconhecida: defender os demais, ou seja, sua gente, de tropas federais, de capacetes azuis da ONU, dos mercenários da Blackwater ou dos sicários dos cartéis mexicanos. Todos esses supostos inimigos estão na página da web do supostamente pacífico Cross, que na internet explica como atuar se a gente se ver envolto em um tiroteio: “primeiramente, leve uma arma; o segundo, leve um amigo com armas, e em terceiro lugar, traga todos seus amigos com armas…”.

DETROIT, CIDADE EM RUÍNAS. Faz já alguns anos que não chega nenhum viajante à Estação Central de Detroit, em Michigan. Há décadas foi concebida como o edifício ferroviário mais alto do mundo, mas um dia os trens deixaram de sair. A cidade do motor; que chegou a ser a quarta urbe dos Estados Unidos, entrou em crise e começou a perder população. Seus edifícios se esvaziaram, seus bairros foram abandonados, suas ruas apodrecem e acabou se declarando quebrada ante a impossibilidade de pagar suas dívidas. Esta cidade converteu-se no epicentro dessa teologia do ódio que é defendida por muitos grupos extremistas. Uma cidade falida, quebrada, que perdeu 25% de sua população em 30 anos. Detroit passou de dois milhões de habitantes a apenas 700.000, tem uma taxa de desemprego insuportável de mais de 20% e é a segunda cidade mais violenta dos Estados Unidos (a primeira está também em Michigan, a 100 quilômetros). É uma urbe abandonada a sua própria sorte pela prefeitura, que cortou a luz, a água, coberta de lixo ou de patrulhas policiais em muitos bairros porque, simplesmente, apenas vive gente e já não tem capacidade de cobrança. Uma cidade que é um enorme bodega do fracasso. A primeira, como propõe algum intelectual, acrópole estadunidense. Neste entorno, como não vão surgir apóstolos do ódio que galvanizam todo o ressentimento e a frustração daqueles que sentem suas vidas desperdiçadas?

Estamos preparados para a luta contra o crime e ante qualquer invasão, sejam de cubanos ou zumbis”

“Os crimes de ódio aqui em Michigan aumentaram. Quando a economia falha, há uma tendência de determinada gente a simpatizar com esses grupos de ódio porque necessitam a alguém a quem jogar a culpa. E esse bode expiatório são os judeus, ou as minorias ou os imigrantes”. Heidi Budaj é a diretora da Liga Antidifamação, uma organização que tem mais de cem anos denunciado condutas xenófobas e racistas. Na atualidade monitoram mais de mil grupos dos chamados grupos de ódio, rastreando constantemente suas webs, seus chats, suas mensagens ou os discursos de seus líderes. Um deles, o Movimento Nacional-Socialista (MNS), a maior organização neonazi dos Estados Unidos, tem sua base em Detroit. Pergunto a Heidi, judia de origem húngara que perdeu parte de sua família nos campos de concentração da Alemanha nazista, que lhe diria ao líder do MNS, Jeff Schoep: “A mim me fascina que alguém dedique toda sua vida a difundir o ódio. Eu lhe perguntaria o que o fez lhe converter à sua máquina de odiar minorias étnicas, judeus, afro-americanos, gente que é diferente dele”. Schoep nos recebe na recepção do meu próprio hotel porque seu partido, confessa, não tem sede. Traslado a pergunta de Heidi ao dirigente neonazi, que, sem perder seu meio sorriso, contesta: “Não se trata de ódio, trata-se de amor. Podes nos considerar um grupo de amor, de amor a nossa gente. Queremos tanto esta nação que queremos nos separar de toda essa gente.”

“A suástica apavora…”. Schoep tem cara de bom garoto e uma esmerada presença. Fala pausado e escolhendo suas palavras. Seu discurso é afável, medido, até contido. Jeff está convencido que a raça branca nos Estados Unidos está se convertendo em uma minoria. Seu sobrenome é de origem alemã. Disse-nos sem lhe perguntar, que é orgulhoso de sua suposta ascendência ariana. Não quer dizer quantos membros são, mas em seus próprios vídeos se estima que as manifestações apenas chegue a meia centena. Segundo as estimativas de Jack Kay, o ex-reitor da Universidade de Michigan, “por cada membro real de um grupo radical há uma centena de simpatizantes”.

Jeff escreveu na página da web do MSN (NSM) o ideário de seu partido. Ponto três: “Demandamos territórios e colônias para alimentar nossa gente e enviar o excesso da população”. Um discurso que cheira ao famoso “espaço vital” dos nazis que desencadeou a II Guerra Mundial, ainda que pessoalmente suaviza e dizem que são só ideias soltas. Para posar para fotos, Jeff se coloca diante da bandeira de seu partido. Por que a suástica? Primeiro conta uma longa perorata sobre o significado esotérico das runas e das cruzes gamadas, mas no final reconhece: “A suástica sugere a nossos inimigos que não há conversa. Quando nossos inimigos veem este símbolo, encolhem-se. Se nos desafiam já sabem o que significa: justiça rápida e sem piedade.”

A Milícia de Michigan durante um treinamento. / HERNÁN ZIN

KKK, O IMPÉRIO INVISÍVEL. Muitos desses grupos compartilham ideologias, fins e inclusive até os símbolos. A suástica, por exemplo, e a saudação nazi do braço ao alto são utilizadas com frequência por muitos dos capítulos ou irmandades da Ku-Klux-Klan. A sede dos Cavaleiros Tradicionalistas da KKK fica em um pequeno povoado de Missouri, a uns cem quilômetros ao sul de San Luis. Os escritórios desta confraria autodenominada de "Império Invisível" é um pequeno despacho dentro do domicílio de seu líder máximo, Frank Ancona, grande mago imperial. Aqui nos recebe, entre gatos, cachorros e até um porco que sua esposa nos impede de fotografar por pudor. “Entre todos los capítulos del Klan seremos uns 7.000 membros”, disse Ancona. “Por segurança, não guardamos nenhum arquivo com os nomes de nossa gente. Cada um dos líderes locais sabe quem são. E cada dragão conhece a seus líderes locais”.

Frank Ancona, filho de um klansman e pai de futuros membros desta confraria racista, fala sobre si mesmo como um ativista pelos direitos civis dos brancos. Sua organização é a mais antiga e infame de todos os movimentos supremacistas dos Estados Unidos e em sua longa história tem centenas de assassinatos rituais de afro-americanos. “Eram outros tempos”, sentencia Ancona, que assegura que agora já não são violentos: “Somos uma organização cristã, branca e patriótica que se ocupa dos interesses da raça branca nos EUA. A gente diz que quando você fala que supremacismo branco significa ódio, mas o que nós acreditamos quando falamos de supremacismo é que a raça branca é superior as outras”.

Quase todas as ordens da KKK têm uma receita social para implementar suas teorias racistas. Obviamente, nesses tempos não podem defender nem ideias violentas nem soluções finais, mas continua insistindo no que eles chamam de separatismo branco. Rachel Pendergraft, líder dos Cruzados da KKK no Arkansas e apresentadora na internet de um informativo racista chamado Orgulho Branco, mostra-se categórica: “Estamos seguros de que há um genocídio programado contra a raça branco a nível mundial, e que somos o bode expiatório para tudo o que está funcionando mal em nosso planeta”. Por isso insiste, a única solução é o separatismo. O segregacionismo. A separação das raças. Evitar a mistura. A contaminação. Rachel vive em uma zona, as montanhas Harrison, que do ponto de vista racial é quimicamente pura. Só há brancos. Na sede da KKK se reúnem aos domingos os racistas locais para ir à missa, socializar entre eles e fazer um churrasco. É como um clube de campo que emana ódio. Aqui se defende o apartheid,os guetos para outras "raças", ou uma nova política de bantustões para prender negros judeus ou hispânicos.

A suástica sugere a nossos inimigos que não há conversa. Eles sabem o que significa. justiça sem piedade”

“É difícil encontrar uma organização supremacista branca cujos membros não tenham cometido algum delito ou passado pela prisão. Nas Nações Arianas, os 95% dos membros estiveram na prisão”. Paul Mullet nos encontra na caravana na qual vive e que lhe serve de quartel general da qual provavelmente seja a mais violenta, integrista e radical de todas as organizações extremistas. As Nações Arianas tiveram um passado turbulento, o próprio Mullet se define como um cara violento. Carrega um uniforme que recorda bastante a dos camisas pardas do partido nazi de Hitler e nos pede que falemos baixo porque sua filha de quatro meses está dormindo. Desde que seu ordenador escreveu o manual do cruzado de Deus, o decálogo do bom racista e toda essa besteirada que "arianos", como o próprio Mullet, são uma raça de deus. Os descendentes, assegura, das doze tribos de Israel. Adão e Eva, insiste, tiveram só um filho, Abel, o primeiro da linhagem dos brancos como ele. Eva, contudo, teve uma conjunção carnal com o diabo, com a serpente bíblica, e assim saiu Caim, o irmão mau do qual descendem os judeus, negros e o resto das raças. Paul disse que está tudo documentado. A guarida de ódio, a sede das Nações Arianas, essa organização ultracristã e extrema, é a habitação de Mullet.

“Claro que sou racista. Eu como branco sou superior as outras raças. Por supuesto”. Mullet não tem papas na língua. Não é um racista politicamente correto. O guru de tantos supremacistas é um homem cheio de ódio. Alguém cuja capacidade de amar foi desativada. Um paranoico que acredita ser eleito por seu deus para depurar o mundo. Tipos como ele são os que incendeiam de ira os lobos solitários que acabam pondo em prática todos esses sujetos que vomitam na internet. Graças à Red, Mullet se converteu na referência de uma ideologia alimentada pelo rancor. Antes de irmos a sua casa, perguntei-lhe se sente bem vivendo no ódio. E ele me respondeu: “Sim. Sinto-me bem. É o que sou. Um tipo que odeia.”

O documentário ‘La América del odio’ (Os EUA do ódio) é transmitido no Canal + nesta miércoles, 9 de outubro.

Fonte: El País (Espanha)
http://elpais.com/elpais/2013/10/03/eps/1380801578_189151.html
Título original: La América* del odio
Tradução: Roberto Lucena

Observação sobre grafia de Estados Unidos e "América": 1. pode parecer "bobagem" mas eu só uso o termo exato. "América" é nome de continente e não de país, apesar de faer parte do nome de um país. Usam esta expressão "América" de forma errada e generalizante em alguns países da Europa, principalmente Inglaterra, para se referir aos Estados Unidos. Como também os próprios EUA a usam. A Espanha tem uma certa mania (igual a de alguns países da América do Sul) de repetir esses modismos ou termos impositivos, ou porque acham bonito/diferente imitar britânicos ou norte-americanos (sem levar em conta a carga simbólica do termo) e abrem margem pra crítica. Como só escrevo o nome do país, eu troquei o título original da matéria que estava com "América" para "Estados Unidos". A quem por ventura achar que isso é anti-americanismo (pois tem gente que idolatra tudo e se dói com isso ao tentar politizar ao extremo o idioma, por achar "anormal" que as coisas sejam escritas da forma correta), não é, é apenas a forma correta de se escrever o nome desse país em português. Quem quiser chorar e espernear, à vontade, o termo correto há de prevalecer sobre o incorreto.

2. Muita gente também de forma grotesca usa a sigla EEUU pra se referir a Estados Unidos quando isso é uma grafia do espanhol (que dobra as letras da sigla de um nome quando este está no plural), não existe isso no português (a sigla usada em português pra Estados Unidos é EUA, que também existe no espanhol).

3. O termo estadunidense também é correto, como "ianque" e "norte-americano" (embora este seja referente à América do Norte, por generalização também se usa com mais frequência em relação aos EUA do que pra se referir ao Canadá ou México). Já vi "figuras" no Orkut (e quando fui pegar o link do dicionário pra colocar aqui achei uma pérola num site com o mesmo tipo de bobagem) querer questionar o termo quando em qualquer dicionário são citados todos esses termos. Eu aprendi no colégio. Ao pessoal do "contra tudo", por favor, parem de querer estuprar o idioma por ignorância e por fanatismo político, é ridículo isso.

Os comentários acima não são sobre erros ortográficos que são os mais comuns e frequentes (nos textos pode-se encontra vários), mas me refiro a erros de conceito mesmo e de interpretação, por cretinice, idolatria e/ou ignorância voluntária. Não seria necessário fazer essas observações se o ambiente político do país não estivesse tão polarizado e bitolado.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Hitler - o judeu sionista (Parte III)

Aqui vamos nós com a terceira e última parcela da minha análise em curso (principalmente das fontes) sobre o filme de Jim Condit Jr "A Solução Final para Adolf Hitler" (The Final Solution to Adolf Hitler).

1. A entrevista de Rakovski. Esta é grande fonte de Condit nos últimos cinquenta minutos deste filme. Este é um livro singularmente difícil de conseguir, então eu vou tomar com algum risco a abordagem de Condit, confiante na sua palavra de que ele está citando corretamente o livro ao citá-lo diretamente. Existem algumas verdadeiras jóias fornecidas aqui:
1 - A primeira coisa que Condit retira desta suposta entrevista de Christian Rakovski (mais sobre ele mais tarde) é esta observação: "Eles [os banqueiros] estavam muito descontentes com Stalin. Eles viam Stalin como um bonapartista.".

Condit nos conta que "Rattisbone" descobriu que, os banqueiros que financiaram Napoleão, Napoleão se voltou contra eles. Assim, qualquer pessoa que despeja os banqueiros é um "bonapartista".

Infelizmente, parece que nem os falsificadores desta entrevista, "Rattisone", e nem Condit, sabem que o termo "bonapartista" quer dizer: marxista. "Bonapartista" é um termo cunhado por Marx em sua obra de 1852 The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte (O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte). Então, primeiramente, não estamos sequer falando de Napoleão Bonaparte; estamos falando de Luís Napoleão Bonaparte III, o segundo imperador francês que governou de 1848 a 1870.

De acordo com o comentário sobre o artigo, o bonapartismo "é usualmente descrito como um governo que se forma quando a classe dominante não está segura, e então a burocracia estatal, militar e policial intervém para estabelecer a ordem. O Bonapartismo do século XIX é comumente associado com o fascismo e o stalinismo do século XX". Em linguagem clara, o bonapartismo é, para Marx, uma ação contra-revolucionária.

Claro que, se a teoria abrangente do Condit - de que "os judeus" controlam tanto o capitalismo financeiro quanto o comunismo - é verdade, então talvez Stalin estava sendo citado como um bonapartista no sentido que Condit sugere. Mas eu ainda tenho que ouvir uma explicação plausível do porquê capitalistas e comunistas estarem agindo em cooperação.

2 - Agora Rakovsky é "citado", dizendo que, na procura de um agente para derrubar Stalin, eles se voltaram para a Alemanha e para o "orador talentoso" Adolf Hitler. Comento mais sobre isso mais tarde.
2. The Prisoner of Ottawa (O prisioneiro de Ottawa) de Douglas Reed. Condit se refere a Reed como um "historiador", mas ele era de fato jornalista. Este livro era sobre Otto Strasser, escrito enquanto Strasser estava vivendo no Canadá.

Deve se notar que Reed foi um antissemita inveterado. Ele foi condenado pelo menos duas vezes por ninguém menos que George Orwell acerca disso.

De qualquer forma, Reed diz que Strasser disse a ele que Hitler tinha dinheiro para queimar em 1929, e Condit conecta isto a Rakovsky supostamente dizendo que "Warburg" (não dizemos qual) deu a Hitler 10 milhões de dólares. Condit faz referência ao livro Who Financed Hitler? (Quem financiou Hitler?) de James Poole, que escreveu que na eleição de 1933 os nazistas tinham fundos ilimitados.

Condit é capaz de creditar isso em sua totalidade ao financiamento de Rothschild/Warburg, mas ele nunca toca na questão do financiamento de Hitler pelos industriais alemães como Ferdinand Porsche, a família Krupp etc. Condit também parece acreditar que Hitler e Stalin invadiram a Polônia no mesmo dia. Na verdade, as invasões tiveram 16 dias de intervalo.

A seguir Condit nos diz que Hitler teve o apoio do Grupo Cliveden. É nos dito que eram simpatizantes ingleses pró-sionistas de Hitler, só que seu "sionismo" não é provado por Condit. Por qualquer coisa, eles parecem ser Mosleyites (seguidores de Oswald Mosley) ou talvez seguidores de Edward III. Condit vai nos dizer que o Duque de Windsor era judeu?

Condit também menciona sua crença de que Rudolf Hess foi preso completamente sozinho na prisão de Spandau por 44 anos. Não, todos os réus de Nuremberg foram para Spandau. Hess foi simplesmente o último a morrer.

Agora Condit retorna ao livro de Reed sobre Strasser. Strasser diz, supostamente, que Hitler estava em Munique enquanto esta estava sob controle comunista. Assim, podemos supôr que Condit diz que Hitler foi "trabalhar com os comunistas" em Munique em 1919-1920. E sua fonte para isso?

3. Hitler: Hubris, 1889-1936 de Ian Kershaw. De acordo com Condit, Hitler agiu como um "intermediário" para o governo comunista da Baviera em Munique e do exército.

Foi isso o que realmente Kershaw escreveu? (Não importa que Kershaw ignore completamente a "teoria" de que o "avô de Hitler era um judeu" - se Condit está citando o que sabe de Kershaw, então ele está distorcendo novamente.) Não, claro que não. Condit diz que Hitler era um mensageiro entre o governo comunista e as tropas. O problema é que o governo não era "comunista" até depois que Kurt Eisner foi assassinado e, num todo, foi "comunista" por talvez um mês. A lealdade de Hitler, Kershaw escreve, foi com o SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), que tinha realmente chamado os Freikorps para esmagar a revolução em Berlim. E por qual razão Hitler comprometeu seus princípios? Kershaw destaca algo que Condit nunca mencionou - que ele queria evitar ser desmobilizado do exército por medo de ser deportado para a sua Áustria natal. Por que Condit omitiu isso? Será que ele está mentindo? Será que ele não leu o livro?

4. The House of Nasi: The Duke of Naxos (A Casa de Nasi: O duque de Naxos). Este livro é sobre "José de Nasi", o "príncipe dos judeus em todo o mundo" no século XVI (ele era um sefardita, e não existe um "príncipe dos judeus." Sua importância está além de mim, para ser franco.

5. Perfidy (Perfídia) de Ben Hecht. A única coisa que Condit parece não perceber ao citar o caso Kastner é que, apesar de seus protestos, o Irgun colaborou com os nazistas muito mais do que os trabalhistas sionistas.

A propósito, no início do Estado de Israel com o assassinato de Kastner, o ministro das Relações Exteriores de Israel era Moshe Sharrett.

6. Zionism in the Age of Dictators (O sionismo na Era dos ditadores) de Lenni Brenner. Ahhh... que sono... Ele também cita os 51 documentos de Brenner.

Na esteira deste, temos a velha e batida história de que os sionistas levaram os EUA à Primeira Guerra Mundial em troca da Palestina (a Alemanha estava perdendo na Frente Leste quando pessoas como Condit alegaram que estavam vencendo). Condit desconhece totalmente as motivações de Brenner uma vez que ele nunca menciona que Brenner é um marxista.

7. The Secret World Government (O Governo Mundo Secreto) do Major General Conde Cherep Spiridovich. Esta é mais outra porcaria conspiracionista antissemita produzida por um oficial derrotado do Exército Branco. Isto é o material que Condit confia como uma pilha de "provas" mas que revelam bastante seus preconceitos inerentes.

8. Wall Street and the Rise of Hitler (Wall Street e a Ascensão de Hitler), de Anthony Sutton. O quê?! Sabemos que grandes industriais norte-americanos estavam financiando Hitler. Isso não diz nada que apoie a noção de que os sionistas ou Rothschilds estavam fazendo isso.

9. The War Against the Jews (A guerra contra os judeus), de Lucy Davidowicz. Ela é uma espécie de piada. Eu me pergunto se Condit sabe disso. De acordo com Davidowicz, todo mundo foi responsável pelo Holocausto.

10. The Jews of Italy (Os judeus da Itália), da ADL da B'nai Brith. Se nós deveríamos nos surpreender de que havia fascistas judeus italianos, então Condit subestima o nosso conhecimento da história do fascismo. Ele afirma que este panfleto da ADL diz que Mussolini e Adolf Eichmann criaram campos de treinamento para o Irgun na Itália.

Bem, essa é novidade. Quanto à Eichmann, ele passou parte de 1937 na Palestina e depois voltou para sua Áustria natal para supervisionar a segurança durante a anexação da Áustria. Novamente, se nós deveríamos ficar surpresos é pelo fato de que Eichmann passou um tempo na Palestina, e não ficamos.

11. Special Treatment: The Untold Story of Hitler's Third Race (Tratamento Especial: A história não contada da terceira raça de Hitler), de Alan Abrams. Este é um livro sobre Mischlinge. Desde quando essa história não é contada? As Leis Raciais de 1935 são claras de que Mischlinge são distintos dos judeus.

Se Hitler sentiu que as pessoas de ascendência parcial judaica e parcialmente alemãs iriam "governar o mundo", então por que ele proibiu casamentos entre Mischlinge de segundo grau?

12. The Abandonment of the Jew (O abandono do judeu), de David Wyman. O que eu disse sobre Davidowicz vale para Wyman também.

13. The German-Bolshevik (O alemão-bolchevique), de Nesta Webster? Condit parece não perceber que a Alemanha não é um país religiosamente heterogêneo e que, portanto, não poderia ser unificado com base em motivos religiosos.

14. John "Birdman" Bryant. Ele afirma que Alfred Rosenberg era judeu.

Quero voltar para Rakovsky porque Condit nunca termina com ele.

Condit afirma que Rakovsky era judeu. O primeiro nome do homem era "cristão", mas ele ignora isso - ele era judeu porque "Rattisbone" disse que era. Curiosamente, Trotsky, que era judeu e estava trabalhando em uma biografia de Rakovsky quando ele foi assassinado, nunca identifica Rakovsky como sendo judeu. Isto acontece porque provavelmente ele não era.

Um último ponto: o que o longo e incoerente filme de Condit (a origem destas mensagens longas e incoerentes) nunca leva em conta é que: se Hitler queria que os judeus fora da Europa, por que ele não colaboraria de alguma forma com os sionistas que estavam dispostos a fazer isso? É a mais simples possível explicação para muito do que Condit apresenta, e não que Hitler estava recebendo financiamento dos Rothschild e que foi ele mesmo era um judeu.

Condit envolve as coisas com um pouco de negação do Holocausto e antissemitismo religioso. Ele apela para Denis Fahey e Hutton Gibson e sua esposa idiota que diz que não havia seis milhões de judeus na Europa em 1941: o próprio censo nazista aponta que havia 11 milhões de judeus. Ele cita o lunático palpável do Michael Hoffman, para explicar que a palavra "Holocausto" não aparece escrita em maiúscula no dicionário até 1980. E isso prova o quê? É um completo 'non sequitur'.

Condit, como a maioria dos teóricos da conspiração e antissemitas, é incapaz de aplicar o princípio da Navalha de Ockham: a explicação mais simples geralmente é a correta. Não é possível - apenas possível (eu diria provável se não for definido) - que um demagogo politicamente apto que odiava judeus, por quaisquer razões de "sangue da família", foi capaz de explorar os medos do comunismo a subir ao poder na Alemanha e erradicar de milhões de judeus no processo? Este não foi o primeiro genocídio e, infelizmente, provavelmente não será o último, então por que é o mais questionado?

Por que o duplo padrão de julgamento, o Sr. Condit?

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part III)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/08/hitler-jewish-zionist-part-iii.html
Tradução: Roberto Lucena

Anterior: Hitler - o judeu sionista (Parte II)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A extrema direita na Europa (parte 4): Jobbik aproveita a onda da desilusão (Hungria)

Jobbik aproveita a onda da desilusão (Texto de 1 abril 2010, de uma série de 7 textos sobre a extrema-direita na Europa, no presseurop.eu)
Komment.hu Budapeste

Membros do Jobbik e da Guarda Magiar em Budapeste
, a 23 de Outubro de 2009, no aniversário da revolta de
1956 contra a invasão soviética. AFP
Um ano após a sua participação nas eleições europeias, o partido Jobbik talvez continue a seduzir inúmeros eleitores nas próximas legislativas húngaras (11 e 25 de Abril). É muito provável que a formação populista, xenófoba, anticigana e nacionalista de Gábor Vona pese na formação do futuro Governo.
Balázs Ablonczy

As forças políticas que detiveram o poder na Hungria, nos últimos 20 anos, defraudaram cruelmente as esperanças dos eleitores. Os inúmeros filiados no partido Jobbik [nacionalista, cujo nome significa, ao mesmo tempo, "o mais à direita" e "o melhor"] são o resultado dessa decepção. Qual será o programa e a retórica deste partido?

Quando o vemos no YouTube, as expressões que os simpatizantes mais utilizam são "decepção" e "confio nele". Perante as câmaras, o adepto da extrema-direita afirma, de modo corajoso, que apoia este partido porque conhece bem o programa, que é inovador e muito bom. Retoma, assim, a deixa de um velho diálogo: o que é original não é bom e o que é bom não é original?

Em nome de um Estado forte

O alarmismo a propósito de fascistas e nazis, tão do gosto dos intelectuais de esquerda, já não se usa. O Jobbik não é um partido nazi. Porque o movimento de Gábor Vona não é um partido. São três partidos juntos.

Segundo as últimas sondagens, o partido obtém fortes apoios nas regiões do Leste da Hungria, cujos eleitores desejam um Estado forte, que resolva os problemas de ordem pública e as questões existenciais que se lhes colocam todos os dias, criando uma guarda que os defenda dos ciganos. Ainda assim, nenhum dirigente da Guarda Magiar [organização paramilitar do partido, proibida no final de 2009] nem do Jobbik explicou como é que os seus desfiles marciais, seguidos por gente corajosa, conseguiram solucionar fosse o que fosse relativamente à integração dos ciganos na Húngria. Também está por provar a necessidade de gente fardada: as missões da Guarda Magiar limitam-se, ao que parece, ao voluntariado e à defesa da população durante as cheias.

Fartos do capitalismo e da UE

Os simpatizantes do Jobbik incluem eleitores de base da direita radical, que abandonaram outros partidos de direita. Estes últimos são visivelmente influenciados pelo mito da invasão da Hungria pelos promotores imobiliários israelitas e estão fartos do capitalismo, da UE e dos governos em geral. Possuem uma força limitada.

Uma parte do grupo limita-se a dizer que os demais partidos radicais europeus são capazes de influenciar as políticas governamentais. Atribuem ao Jobbik uma tarefa pedagógica: quando estiverem no Parlamento, poderão pressionar o Fidesz [artido conservador, na oposição, a que as sondagens dão a vitória nas legislativas de 11 e 25 de Abril] e colocá-lo na "direcção certa". Mas nenhum dos seus modelos estrangeiros, nem o polaco PiS nem o austríaco FPÖ, se refere aos ciganos e aos judeus num tom tão violento, nem ao Holocausto de forma tão aberta como os fóruns oficiais e semi-oficiais do Jobbik. Nem Ján Slota, do Partido Nacional Eslovaco, se atreve a fazê-lo, apesar de ter ali à mão, para acicatar o ódio contra os estrangeiros, a minoria húngara do seu país.

Afinidades com o nacional-socialismo

A verdade é que há no Jobbik uma terceira facção, que não disfarça a simpatia pelo nazismo. A seus olhos, o partido é demasiado brando, mas eles são realistas. Até à data, o Jobbik conseguiu conciliar a admiração incompreensível pelo primeiro-ministro russo Vladimir Putin, cuja actuação é muitas vezes contrária aos interesses nacionais húngaros, e o desejo de que seja demolido o memorial aos soldados russos, na Praça Szabadság [Praça da Liberdade] de Budapeste.

Os simpatizantes do Jobbik, em suma, estão desiludidos com tudo, excepto com o Estado – apesar de o Estado, sobretudo ele, não ter brilhado nestes últimos anos. Mas como poderá funcionar bem nas mãos de um partido cujo objectivo é o confronto permanente? No fundo, o Jobbik não passa de um partido político. Enquanto tal, o mais certo é que seja permeável a casos de corrupção. Acabará por ser uma grande decepção, mais uma, para a maioria dos seus eleitores.

O roubo, a insegurança, a precariedade ou a impotência podem legitimar a raiva e a decepção. Será possível, no entanto, que consigam fundar uma estratégia política?
Links exteriores

Artigo original do Komment (húngaro)

Romênia
O extremismo húngaro não tem limites

Treinos intensos, aspecto guerreiro, reuniões clandestinas em sítios secretos, uniformes com dragonas, bandeiras húngaras, slogans revisionistas: com o Pelotão Sicula, é mesmo a sério. Depois da proibição da Guarda Magiar, milícia paramilitar da extrema-direita húngara, em 2009, um grupo de jovens siculas, a minoria de origem húngara na Transilvânia, decidiu pegar no testemunho. "O Pelotão Sicula é a falange romena da Guarda Magiar", aponta o Adevărul. "Somos siculas, não somos magiares nem romenos. Em comparação com a Guarda Magiar, somos uma espécie de associação amiga”, afirma Csibi Barna, 30 anos, líder do grupo. Para ele, “a independência dos siculas” é um objectivo pessoal e não um fim em si. Contudo, o grupo, composto essencialmente por jovens, não esconde a admiração pela Grande Hungria e quer fazer perdurar as tradições do seu povo. “Aqui, como na Hungria, perdem-se cada vez mais perante os novos hábitos ocidentais. Se desaparecerem, deixaremos de poder falar em nação húngara”, proclama um dos seus membros.

Fonte: Presseurop.eu (série A extrema direita na Europa, parte 4)
http://www.presseurop.eu/pt/content/article/223261-jobbik-aproveita-onda-da-desilusao

sábado, 6 de abril de 2013

Hitler - o judeu sionista (Parte II)

Então estávamos falando sobre o filme de Jim Condit, The Final Solution to Adolf Hitler (A Solução Final para Adolf Hitler), e particularmente de suas fontes. Vamos continuar de onde paramos, sobre os quarenta e cinco minutos do filme.

Uma coisa que eu esqueci de mencionar é que todas as tentativas que Hitler supostamente fez para destruir as provas de suas ancestralidade, as lápides de seus pais estão ali a céu aberto em Linz para todos verem: Vejam só!

Hitler destruiu a cidade natal de seu pai, mas Condit nunca cogita a noção de que Hitler desprezou o seu abusivo pai pequeno-burguês e funcionário público.

Nesta seção do filme, Condit também retorna à idéia de um Hitler judeu ao retornar à Viena de Hitler (apesar da notação do autor do nosso último post de que Hans Frank é a única pessoa séria alegando a ascendência judaica de Hitler) e notando que alguns judeus em áreas periféricas do Império Austro-Húngaro tinham o sobrenome "Hitler". O nome significa "pequenos proprietários" em alemão, por isso não é de estranhar que alguns judeus, a maioria dos quais têm nomes alemães ou iídiche, teriam esse nome também.

01. Condit retorna à Viena de Hitler de Hamann, e sequer uma vez observou que Hans Frank foi a única fonte para a história da alegada ascendência judaica de Hitler.

Vamos tocar em fontes novamente:

02. Star Wars por Nord Davis. Condit menciona este livro pela primeira vez neste segmento, mas ele não menciona que Nord Davis era um pregador da Identidade Cristã e um profundo racista. Prometemos mais, "mais tarde".

03. The Last of the Hitlers (O Último dos Hitlers) por David Gardner. Condit afirma que a credibilidade deste livro é de que Gardner escreveu uma biografia de Tom Hanks. Certo: então ser biógrafo de uma estrela de Hollywood o qualifica como historiador? O que importa para Condit é o relato de Gardner da interação de Hitler com seu meio-sobrinho William Patrick que está em desacordo com a interação descrita por Hamann? Hamann não diz nada sobre um retorno de William Patrick e dele manter o silêncio sobre "ascendência judaica."

Por conta das idiotices e risadinhas, eu verifiquei quantas referências acadêmicas foi feita pra cada livro. Centenas levaram o livro Hamann, cerca de 60 levam o livro de Gardner. Meu próprio livro que foi publicado em 2002 - no mesmo ano em que livro de Gardner - tem cerca de 400 referências bibliográficas acadêmicas.

Outro pedaço escrito aparentemente por Gardner é de que o governo liderado pelo austríaco Engelbert Dollfuss investigou o passado de Hitler e descobriu que ele era neto de um "banqueiro Rothschild." Eu posso aceitar que deve ter havido Rothschilds em Viena no início e meados da década de 1930, mas em Linz, Graz ou Braunau?

03. Adolf Hitler: Founder of Germany (Adolf Hitler: Fundador da Alemanha) por Heinnecke Kardel. Condit nos diz que Kardel é um "judeu socialista da Alemanha." Na verdade, Kardel foi um condecorado veterano da Wehermacht da Segunda Guerra Mundial. O livro é geralmente considerado como inútil por historiadores, até mesmo Condit aceita que ele é pobremente provido de fontes.

Esta anedota que Kardel fala sobre o judeu vienense que serviu na Wehrmacht é ridícula, uma vez que Hitler não poderia ter sido um "judeu de Viena" porque ele veio de Linz.

04. Aos 59 minutos de filme, Condit fornece uma fonte - uma fotografia de Hitler e Hindenburg tirada no dia em que Hitler foi empossado no Reichstag como chanceler. Aqui temos uma boa visão do que Condit realmente pensa sobre os judeus. Primeiro, há a questão dos erros estúpidos de Condit: a fotografia foi tirada dois meses depois que Hitler se tornou chanceler, não antes. Segundo, Hitler não sucedeu Hindenburg como chanceler. Ele o sucedeu como presidente um ano depois, quando da morte de Hindenburg. Por um ano inteiro, Hitler serviu como chanceler com Hindenburg como presidente. Na verdade, Hitler concorreu contra Hindenburg para o presidente um ano antes e perdeu.

Um homem que faz um filme sobre Hitler não deveria conhecer um pouco mais sobre a história alemã e de seu governo?

De volta à foto. Condit diz que pelo biotipo do corpo de Hitler ele é "um pouco o tipo de judeu sefardita." Mas claro! Hitler era totalmente judeum, ele seria um judeu Ashkenazi, mas eu discordo. Este tipo de argumento do biotipo é o clássico antissemitismo racial.

05. Condit cita a marcha de Frank Collin do Partido Nazista através de Skokie, Illinois, e salienta que Collin era judeu. Em seguida, pulando para as conclusões, ele parece induzir que todos os nazistas deviem ser judeus. Pelo menos isso é o melhor que se pode extrair de Condit aqui.

06. Condit retorna a Hamann novamente, martelando sobre o desejo de Hitler de esconder sua história familiar. Talvez o que Hitler queria esconder não era que ele pudesse ser judeu, mas sim que (1) o seu pai era ilegítimo, (2) que seu meio-irmão Alois era um pequeno criminoso, (3) que seu pai nunca se divorciou de sua primeira esposa e, assim, foi um bígamo. Mais uma vez, notem: Hamann nunca associa o rumor de "Hitler era judeu" a William Patrick Hitler.

07. The Jewish Connection (A Conexão Judaica) por M. Hirsh Goldberg. Condit pega este livro para fazer vários apontamentos. Notavelmente, este livro (publicado mais de trinta anos atrás) cita várias fontes, mas não tem notas de rodapé ou notas no final. Assim, as alegações feitas por Goldberg, a menos que sua fonte seja declarada explicitamente em um texto adequado, deve ser pesquisada por conta própria. Não são apenas as omissões gritantes no livro (por exemplo, Stalin é mencionado como uma das pessoas que ajudou a fundar o Estado de Israel, mas o expurgo antissemita de Stalin dos anos 1940 e início dos anos 1950, velado como "antissionismo" é excluído). E algumas das informações oferecidas estão simplesmente erradas. Por exemplo, Goldberg afirma que o termo "uvas verdes" vem de Jeremias 31:29, mas se olharmos para a tradução literal de Young do verso, para não mencionar o original em hebraico (onde a palavra é Boser), não encontramos a palavra para "uva" em hebraico (gefen ou kedem). Jeremias e Esopo (este último de quem o termo é retirado), se eles existiram, teriam sido contemporâneos, mas a probabilidade é a de que um tradutor foi 'esperto' e mudou o original em hebraico para "uvas" em inglês.

Portanto, não é surpreendente que os pontos que Condit levanta do livro de Goldberg são todos errados. Por exemplo, há a alegação da página 27 de que Hitler não era um estudante com dificuldades em Viena e que foi rejeitado como um artista, mas mesmo assim ele tinha clientes judeus. O autor do relatório citado é Walter C. Langer do OSS (precursora da CIA). O problema é que o relatório Langer nunca foi considerado confiável (ele nunca entrevistou o colega de quarto de Hitler em Viena, August Kubisczek, em primeira pessoa), e a versão do livro diz que a avó de Hitler trabalhou em Viena para os Rothschild - s sobre Graz e os Frankenbergers?

Os erros de Goldberg não terminam aqui. Sua referência seguinte é o canônico "Ascensão e Queda do Terceiro Reich" de William Shirer. Shirer escreve, na página 20 da brochura da edição Bantam, que um judeu húngaro revendedor roupas deu um casaco que parecia um caftan ou seja, um casaco como aqueles usados pelos judeus chassídicos.

O que é realmente surpreendente é que no topo da mesma página em "Ascensão e Queda", Shirer conclui uma seção sobre a alegada carreira artística de Hitler em Viena, escrevendo: "Esta foi a extensão da "realização" artística de Hitler, e ao fim de sua vida ele se considerava um "artista"."

O embuste seguinte é que Hitler empregou uma cozinheira judia, uma tal de Fräulen Kunde, emprestado a ele pelo líder romeno Antonescu durante a guerra. Surpreendentemente, exatamente a mesma história, contada com quase exatamente as mesmas palavras, aparece no livro de Gerald Fleming "Hitler e a Solução Final". Uma das únicas referências à mulher que eu poderia encontrar era em um artigo de 1939 no American Imago, um jornal psicanalítico. Uma fonte compartilhada entre Fleming e Goldberg é The Psychoanalytic Interpretation of History (A interpretação psicanalítica da História) (1971), editado por Benjamin B. Wolman, que é quase seguramente a fonte de que tanto Fleming e Goldberg utilizaram - a menos que Fleming, que publicou uma década depois de Goldberg, usou o livro de Goldberg, que é extremamente duvidoso.

O problema não é só esse, como com o relatório O.S.S., os pontos de vista psicanalíticos de Hitler mostraram ser não confiáveis​​, mas a maioria dos acadêmicos identificam a cozinheira de Hitler não como "Fräulein Kunde", mas como Marlene von Exner, que, de acordo com Martin Gilbert, não era judia, mas, em vez disso, tinha um bisavô judeu. Ao divulgar para Hitler, ela foi demitida (Gilbert, The Second World War: A Complete History [A Segunda Guerra Mundial:. Uma história completa] [2004], pág. 504).

Outra fonte que menciona a cozinheira como Exner e não Kunde é ninguém menos que Brigitte Hamann (pág. 412), cujo livro está ao lado direito na mesa Condit, enquanto ele lê o que parece ser uma fotocópia das páginas do livro de Goldberg. Claramente Condit nunca leu todo o livro de Hamann e simplesmente apontou porções "incriminatórias" de seu "mentor" sombra, a quem ele chama apenas de "Ratisbone."

As revelações sobre o Oficial Superior judeu de Hitler durante a I Guerra Mundial e Dr. Bloch não são nada para quem sabe alguma coisa sobre Hitler. (Com um aparte, eu pessoalmente sou da opinião de que Hitler merecia suas condecorações de guerra, uma das quais foi concedida pelo transporte de uma mensagem entre pelotões sob fogo.)

As alegações de Angela Hitler ter trabalhado para uma organização Mensa judaica. Eu era capaz de rastrear esse assunto em uma publicação Tcheca de 1933. É pobre em fontes na melhor das hipóteses, mas, como Condit admite, não prova nada sobre Hitler ser judeu. Nem tampouco, sobre este assunto, fala da modéstia pessoal de Hitler, citada por Condit enquanto referenciada no livro "Hitler's War" de David Irving. Condit afirma que Hitler não iria permitir que as pessoas, até mesmo médicos, vissem-no nu, porque ele provavelmente era circuncidado, e somente os judeus eram circuncidados antes da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Então, lá vamos nós de novo com Hitler sendo um quarto judeu para ter sido submetido a circuncisão ritual, presumivelmente em 1889, ano de seu nascimento. Sério? Devemos supor que a pequena cidade de Braunau tinha um mohel para executar tal circuncisão, não? E sobre a edicação católica dos pais de Hitler?

Sei que esta é uma evidência anedótica, para encará-la com um grão de sal, mas eu mesmo tive um avô judeu. No entanto, o filho do meu avô, meu pai, foi criado como católico, como era minha mãe, e como eu fui.

08. The Rakovsky Interrogation (O Interrogatório de Rakovsky) por um Anônimo. Condit se refere a este livro como uma das "nossas" publicações, então em andamento. Antes que ele entre nisso, no entanto, ele nos mostra um exemplar do jornal que ele usou para publicar todas essas coisas - particularmente um artigo entitulado "A Entrevista de Rakovsky e o começo da Segunda Guerra Mundial". Condit escreveu ele mesmo este artigo. Ele diz que voltaremos para isso também.

Em seguida, ele puxa Sinfonia Vermelha de J. Landowsky, que fazia parte supostamente do interrogatório de Christian G. Rakovsky. O próximo livro é "Hitler e Stalin" de Alan Bullock, e uma referência de Condit da autobiografia de Trotsky sobre o tema sobre Rakovski. Condit chama Rakovsky de "banqueiro cavalheiro" judeu.

A próxima referência de Condit é "Ratisbone" novamente e então puxa "The Rules of Russia" (Os governos da Rússia) do Pe. Denis Fahey, um famoso padre católico antissemita e cismático. Fahey cita Douglas Reed, que a nós é dito que "já trabalhou para o The London Times. Você sabia que muitos dos bolcheviques que derrubaram o governo provisório na Rússia eram judeus de Nova York que não poderiam falar da Rússia?".

Eu posso pensar sobre um norte-americano que foi à Rússia durante a tomada bolchevique - John Reed, autor de "Dez dias que abalaram o mundo". Mas eu passo.

A seguir, Condit fala sobre as tomadas comunistas da Hungria por Bela Kun e da Baviera pelos comunistas, etc, depois da Primeira Guerra Mundial I. Condit referencia a Guerra polaco-soviética, que os poloneses ganharam em agosto de 1920. Condit liga esta derrota Soviética com a queda de Kun e dos comunistas da Baviera. O problema é que tanto Kun como o grupo bávaro foram derrubados antes da Batalha de Varsóvia (a batalha a qual Condit repetidamente se refere), e não estava claro que a Polônia iria ganhar a guerra até esta batalha acabar.

Enquanto ele discute a sucessão de Stalin para o governo da URSS de Lênin, ele menciona que Trotsky foi casado com alguém da família Rothschild. Antes de abordar esta idiotice, Condit conclui sua introdução afirmando que Trotsky era o homem dos banqueiros na Rússia e posto pra fora por Stalin, e os banqueiros e comunistas (que, como todos sabemos, sempre trabalham em equipe), tentaram derrubar Stalin. Ao descobrir isso, Stalin fez prisões em massa e começaram os expurgos dos anos de 1930 - também conhecido como o Grande Terror.

Curiosamente, Condit não menciona o assassinato de Kirov, que é o evento-chave que desencadeou a Grande Terror. Será que ele sabe quem foi Kirov? Será que ele sabe quem o matou e por quê?

Condit também parece não saber (ele nunca menciona isso) que entre a morte de Lênin e a consolidação de poder singular de Stalin (1924-1929), Stalin governou a URSS parte do tempo com dois judeus - Lev Kamenev e Grigori Zinoviev, o primeiro daquele que era cunhado de Trotsky. Por que Stalin não se distanciaria destes homens?

Como no casamento de Trotsky - ou deveríamos dizer, casamentos - ele se casou com Aleksandra Sokolovskaya na Sibéria em 1899. Ele se casou com sua segunda esposa, Aleksandra Sokolovskaia, em Paris, em 1903. Condit não menciona nem a mulher, nem qualquer ligação entre eles e a família Rothschild.

Eventualmente chegamos à alegação muitas vezes repetida do banqueiro judeu de Nova York, Jacob Schiff, que teria financiado os bolcheviques. Ele (em vez de Kaiser Guilherme II, como a história registra) encontrando Lenin em Zurique e lhe enviando para Petrogrado e Schiff, através de Bernard Baruch e seu capacho , Woodrow Wilson, teriam libertado Trotsky da prisão em Terra Nova, onde ele foi de fato pego pelos britânicas na rota de Nova York a Petrogrado, em março de 1917.

O ponto é este: Schiff ajudou a financiar a Revolução de Março na Rússia que colocou um governo provisório democrático no lugar sob Alexander Kerensky. (A maioria dos teóricos da conspiração como Condit parecem não saber que havia duas revoluções em 1917 na Rússia.). No entanto, como ele sentiu que o comunismo era prejudicial ao capitalismo (e foi), ele retirou seu financiamento quando os bolcheviques chegaram ao poder oito meses depois.

Se Schiff tinha financiado Trotski, a propósito, você não acha que Trotsky teria mencionado em sua autobiografia, publicada dez anos depois qye Schiff havia morrido? O que Trotsky teria a perder nesse ponto? Ele havia sido exilado à força da União Soviética e Stalin estava tramando contra sua vida.

Condit chamou Stalin de "gangster meio-judeu", só que Stalin não era judeu. Seu pai e sua mãe eram ambos cristãos ortodoxos georgianos. Jughashvili não significa "filho de judeu."

Isto praticamente encerra o segundo terço do filme de Condit. Vamos fazer a terceira parte finalmente, quando o tempo permitir.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part II)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/hitler-jewish-zionist-part-ii.html
Tradução: Roberto Lucena

Observação: sem revisão de texto.

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sábado, 16 de março de 2013

Hitler - o judeu sionista (Parte I)

Minha esposa e eu estávamos assistindo o Hitler Channel - ops, quer dizer, o History Channel outra noite, e havia uma biografia de Reinhard Heydrich, a Conferência de Wannsee, os campos nomeados por ele etc Foi um programa principalmente sobre seu assassinato, em Praga, na primavera de 1942, mas tinha algumas informações sobre ele, inclusive o seu próprio medo de que ele tinha uma ascendência parcialmente judaica. Isto é, tanto quanto eu sei (Sergey ou Nick, provavelmente podem me corrigir), isso nunca foi definitivamente provado de um jeito ou de outro. Naturalmente, o auto-ódio como uma fonte de antissemitismo não é um fenômeno novo.

E tudo que sabemos da afirmação de que Hitler tinha uma ascendência parcialmente judaica foi morrendo, particularmente difícil se sustentar por cerca de oitenta anos. Então, imagine minha surpresa quando ouvi uma entrevista de três horas com um "católico tradicional" (ou seja, cismático) Jim Condit, Jr., realizado pelo lunático Christopher Jon Bjerknes e descobri que não apenas Hitler era judeu, mas que ele foi um sionista e, além disso, a maioria da liderança nazista era igualmente judaica.

A maior parte deste lixo é narrado no filme de Condit, The Final Solution to Adolf Hitler (A solução final para Adolf Hitler), que pode ser visto online aqui. Eu vou encarar este vídeo em três partes. Esta aqui é a parte I.

A principal coisa que impressionou tanto Bjerknes em relação a Condit é que Condit supostamente tinha fontes de tudo o que afirmou. Então, eu decidi ver o filme de Condit (a primeira hora mais as duas horas restantes), visando avaliar suas fontes. Vou listá-las numericamente, então aqui estão as fontes de Condit, em ordem numérica.

01. Barbarians Inside the Gates (Bárbaros dentro dos portões) de Donn R. Grand Pre. Condit cita este livro como um dos que ele leu e o levou a se interessar por toda esta teoria da conspiração de que "Hitler era um judeu sionista". Grand Pre aparentemente era o maior traficante de armas na administração Carter - ou um dos que ele afirma (eu sempre achei que esta honraria tinha ido pra Adnan Khashoggi). Eu não posso garantir nada de uma forma ou de outra para este livro, a não ser dizer que foi aí que Condit teve sua "iniciação", e que é muito provavelmente uma porcaria.

02. Hitler's Policy Is a Jewish Policy (A polícia de Hitler é uma política judaica) de P.R. Masson and Borge Jensen. Este livro pretende ser a correspondência entre os autores acima listados e um "publicista judeu" (não citado - obviamente). Eu não pude encontrar muita informação sobre Masson, mas Borge Jensen tem pelo menos dois livros em seu nome: The "Palestine" Plot (O complô "Palestina") e The "World Food Shortage": A Communist-Zionist Plot (A "escassez mundial de alimentos": uma conspiração comunista-sionista). Eu acho que podemos ver que o segundo título é onde as afinidades de Sr. Jensen se encontram. O editor do panfleto citado aqui é a KRP Publications, Ltd., que numa busca no Google revelou que publica principalmente livros sobre bancos e "crédito social", um esquema econômico adotado por uma variedade de pessoas descontentes, principalmente Ezra Pound.

Os pontos-chaves que Condit retira deste panfleto são: (a) as leis raciais de Nuremberg foram apenas a "adequação" da Lei Judaica sobre "raça" em solo alemão, e (b) Otto von Bismarck e o Kaiser Guilherme II foram "cercados" por judeus. No primeiro ponto, deve-se considerar que, embora a Lei judaica permite que qualquer judeu, exceto um homem da linhagem Kohen/Cohen (sacerdotal) se case com um convertido - de fato, o Livro de Ruth em todo padrão das Bíblias é uma história de conversão ao judaísmo - - as Leis de Nuremberg não permitiria tal coisa. Sobre o segundo ponto, considere que Bismarck, uma vez brincou com Benjamin Disraeli, presumivelmente sobre o Sudoeste Africano, que "os alemães acabaram de comprar um novo país na África onde os judeus e os porcos serão tolerados", ao que Disraeli respondeu: "Felizmente ambos estamos aqui na Inglaterra." Quanto ao Kaiser Guilherme, enquanto ele achava que os nazistas seriam bandidos, ele não tinha nenhum "amor" por judeus. Uma citação informativa da Enciclopédia Judaica (The Jewish Encyclopedia) sobre ambos:
Enquanto Bismarck estava no poder o antissemitismo foi verificado, pois, embora fosse um antissemita de nascimento, como ele mesmo confessou, ele nunca permitiu que os elementos turbulentos 'ganhassem' o poder. De fato, após sua aposentadoria, ele disse que os conservadores, em sua tentativa de combater o socialismo com o antissemitismo, "haviam pego o inseticida errado" ("Allg. Zeit. D. Jud." 11 de novembro., 1892). A ascensão do imperador Guilherme II. ao trono (15 de junho de 1888) logo encorajou os antissemitas e seus aliados. Foi feita uma tentativa de induzir o imperador a recusar a sua confirmação da eleição do Prof Julius Bernstein como Reitor Magnífico da Universidade de Halle. Bismarck, evidentemente, aconselhou o Imperador a declinar de agir assim. Foi também a influência de Bismarck que trouxe a aposentadoria de Stöcker como capelão da corte.

Em suma, a alegação de que estes homens eram "rodeados" por judeus é um pouco ridícula em qualquer tempo.

03. American Free Press. Condit cita este artigo. Ele sugere que esta reunião da AIPAC foi "suprimida" pelos meios de comunicação de massa, e ainda o próprio artigo menciona tanto o Chicago Tribune como o Washington Post.

Mas o problema, de novo, é a fonte. A American Free Press é publicada por Willis Carto, um homem que processou o National Review por tê-lo chamado de "neonazista", apenas para ter a que o juiz dissesse se este era "um comentário justo." Sobre qualquer assunto que lide com os judeus, uma publicação de Carto não é confiável (ele fundou o Instituto de Revisão Histórica, IHR).

04. Hitler's Jewish Soldiers (Os soldados judeus de Hitler) de Brian Mark Rigg. Acho que a maioria de nós já ouviu falar deste livro. O que Condit diz apenas uma vez é que esses "soldados judeus" eram Mischlinge, ou seja, tinham apenas uma parcial ascendência judaica. E, se você já leu as Leis de Nuremberg, você sabe que as pessoas com um avô judeu tinha muito poucas restrições, e até mesmo pessoas com dois avós judeus poderiam ser isentos de prioridade no serviço militar.

Em outras palavras, não há grandes revelações neste livro.

05. Here We Go Again (Lá vamos nós novamente) de Doug Collins. Collins é um jornalista falecido canadense, cujo obituário em seu próprio jornal que você pode ler aqui.

06. IBM and the Holocaust (IBM e o Holocausto) de Edwin Black. Eu não sei exatamente qual o ponto de Condit ao citar este livro. Ele parece concordar com a conta de Black que Tom Watson, fundador da IBM (e um homem meu avô conheceu), trabalhou com os nazistas.

07. Open Secrets (Segredos Revelados) de Israel Shahak. Shahak poderia ser uma fonte útil se não fosse um mentiroso condenado em tribunal.

08. Secret Contacts: Zionist-Nazi Relations (Contatos secretos: relações nazi-sionistas), de Klaus Pohlken. Condit usa este artigo do Journal of Palestine Studies para provar, entre outras coisas, que, enquanto Hitler fechou todos os jornais judaicos publicados, ele deixou os jornais sionistas continuarem a operar.

Então, qual a conclusão? Não está claro (e estava ainda mais claro nas Leis de Nuremberg) que Hitler queria que a única voz judaica que poderia ser ouvida era uma que não tinha lealdade com a Alemanha?

O que é engraçado sobre a inclusão desta fonte pelo Condit é que Condit é um anticomunista, mas Pohlken era um alemão oriental, historiador marxista com a plena aprovação de seu governo. Eu pensava que o comunismo era um empreendimento sionista? Então, por que o antissionismo de um escritor comunista?

09. The Transfer Agreement (O Acordo de Transferência) de Edwin Black. Bocejos... Condit disse em sua entrevista com Bjerknes que Black inutilizou esta história. Na verdade, foi "inutilizada" pelo menos desde o início de 1963 por Hannah Arendt em Eichmann in Jerusalem (Eichmann em Jerusalém). Condit afirma que o acordo de transferência (Ha'avara em hebraico) foi um esforço de fazer dinheiro por parte dos sionistas. Na verdade, o que o yishuv conseguiu na Palestina foi o povo, não o dinheiro. Discuto isso no meu artigo sobre a Kristallnacht, que você pode ler aqui.

Condit faz uma grande jogada de que "Hitler nunca reclamou" sobre o acordo de transferência. Por que ele faria? Isso tirou os judeus da Alemanha e fez dinheiro para o Reich. O que há pra reclamar, do ponto de vista de Hitler?

10. Um panfleto do rabino Moshe Shonfeld. Bocejos novamente. Este rabino antissionista "revela" que a polícia judaica ajudou a prender judeus para deportação.

Hilberg não escreveu sobre isso ainda em 1961?

11. Hitler's Youth (A juventude de Hitler) de Franz Jetzinger. Condit nunca diz explicitamente que este livro supostamente faz a revelação, mas ele parece implicar de que o livro no fundo prova a alegada ascendência judaica de Hitler.

12. Bevor Hitler Kam de Dietrich Bronder. Condit não sabe ler alemão, mas ele afirma que este livro também confirma a teoria de que "Hitler era judeu".

13. Hitler's Vienna: A Dictator's Apprenticeship (A Viena de Hitler: Estágio para um ditador) de Brigitte Hamann. Neste Condit cita a "confissão no leito de morte" de Hans Frank, de que Hitler era judeu. Hamann escreve, "O que precisa ser destacado é que a história de Frankenberger [ver abaixo] tem uma única fonte: Hans Frank. Na procura por um motivo para suas insinuações equivocadas ele acaba não suspeitando da fúria antissemita de Frank querendo colocar sua responsabilidade sobre os judeus por causa de um Hitler supostamente judeu, ou pelo menos sacudi-los por meio de boatos "(p. 52). Aliás, apesar das afirmações em outros lugares feitas por Condit, este livro também afirma claramente que William Patrick Hitler, meio-sobrinho de Adolf por parte do meio-irmão Alois Jr. e sua esposa irlandesa, nunca alegou ascendência judaica.

Neste ponto deste filme, somos informados por Condit que, durante o Anschluss, Hitler teve registros etc, em sua cidade natal de Braunau, Áustria, destruídos. E ainda que a casa de seu nascimento ainda estava de pé. Além disso, dado que Hitler nasceu em Braunau, não muito longe de Linz, enquanto seu pai (que foi registrado antes do nascimento de Adolf) nasceu perto de Viena, não faz nenhum sentido destruir registros em Braunau - não teria havido qualquer pai supostamente judeu de Alois.

Darei a última palavra a Ian Kershaw:
A história de Frank ganhou grande circulação na década de 1950. Mas ela simplesmente não se sustenta. Não havia família judia chamada Frankenberger em Graz durante a década de 1830. Na verdade, não havia judeus em toda Styria naquele tempo, uma vez que os judeus não eram permitidos ficar naquela parte da Áustria até 1860. Uma família chamada Frankenreiter viveu lá, mas não era judia. Não há evidências de que Maria Anna estava sempre em Graz, e o deixou só quando foi contratada pelo açougueiro Leopold Frankenreiter. Nenhuma correspondência entre Maria Anna e uma família chamada Frankenberg ou Frankenreiter apareceu. O filho de Leopold Frankenreiter e suposto pai do bebê (de acordo com a história de Frank e aceitando que ele apenas confundiu os nomes) para quem Frankenreiter foi parentemente teria que pagar pensão alimentícia por treze anos tinha dez anos de idade na época do nascimento de Alois. Aliás, em tais tempos difíceis, o pagamento da família Frankenreiter de qualquer apoio a Maria Anna Schicklgruber teria sido inconcebível. Igualmente a falta de credibilidade do comentário de Frank de que Hitler aprendeu com sua avó que não havia nenhuma verdade na história de Graz: sua avó havia morrido há mais de 40 anos na ocasião do nascimento de Hitler. E se de fato Hitler recebeu uma carta de chantagem de seu sobrinho, em 1930, também é duvidosa. Se tal fosse o caso, então, Patrick - que repetidamente fez um incômodo a si mesmo por arrecadar dinheiro de seu tio famoso - teve sorte em sobreviver nos próximos anos que ele passou a maior parte na Alemanha, e de ser capaz de deixar o país por bem em Dezembro de 1938. Suas 'revelações', quando apareceram em um jornal de Paris, em agosto de 1939, não continha nada sobre a história de Graz. Nem uma série de inquéritos diferentes da Gestapo sobre a ascendência da família de Hitler nas décadas de 1930 e 1940 contém qualquer referência à alegada ligação com Graz. Na verdade, eles não descobriram novos esqueletos no armário. As Memórias de Hans Frank, ditada no momento em que ele estava esperando o carrasco e claramente passando por uma crise psicológica, está cheia de imprecisões e tem que ser usada com cautela. No que diz respeito à história da alegada ascendência judaica do avô de Hitler, elas não têm valor. O avô de Hitler, fosse quem fosse, não era um judeu de Graz.
Mais quando eu compilar o resto.

Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part I)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/07/hitler-jewish-zionist-part-i.html
Tradução: Roberto Lucena

Próximo: Hitler - o judeu sionista (Parte II)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Franco e o extermínio - Parte 2 (Holocausto)

Outra das imagens do encontro de Hitler e Franco
em Hendaya três meses depois do começo
da Segunda Guerra Mundial
Talvez outra das perguntas que sugerem estes acontecimentos é a de quanto tempo Franco se mostrou tão insensível e tão antissemita? Os documentos avindos só dão uma resposta parcial a esta questão. Há dezenas de papeis que tratam deste assunto e até o analisam, e alguns deles desliza alguma explicação para esta interrogação. Por exemplo, o telegrama cifrado de 22 de fevereiro de 1943 escrito pelo embaixador Hans von Moltke, que acabava de insistir mais uma vez ante o governo espanhol e informava a Berlim: "... o governo espanhol decidiu não permitir em nenhum caso a volta à Espanha dos espanhóis de raça judia que vivem em territórios sob jurisdição alemã" e acrescenta mais adiante que "o governo espanhol abandonará os judeus de nacionalidade espanhola a seu próprio destino". E além de outras considerações escrevia o seguinte: "O diretor geral [refere-se ao diplomata espanhol José María Doussinague] comentou que esses judeus seriam provavelmente mais perigosos na Espanha que em outros países porque os agentes americanos e ingleses os captariam em seguida para utilizá-los como propagandistas contra a aliança do eixo, em especial contra a Alemanha. Além disso, o senhor Doussinague não mostrou muito interesse espanhol no assunto. Rogo por novas ordens. Assinado: Moltke”.

Ninguém pode escapar que neste breve texto se evidencia que a olhos franquistas os judeus eram muito "perigosos", em sintonia com a ideia de Eberhard von Thadden, reproduzida em umas linhas antes, nas quais considerava que um judeu, pelo fato de ser judeu, já era um antialemão. E um detalhe a mais pra sublinhar: nos comentários de Doussinague que foram recolhidos por Moltke se percebe claramente que nas altas esferas da ditadura franquista não se acreditava na declarada neutralidade espanhola durante a Segunda Guerra Mundial, pois o diplomata espanhol não duvidou em situar como inimigo a "americanos e ingleses".

O regime era sintonizado totalmente com Berlim, e apesar dos reiterados ultimatos alemães - obviamente secretos - que advertiram explicitamente ao governo espanhol das medidas extremas de que seria alvo o coletivo judaico, Franco se opôs a salvá-los, mas não esqueceu de reclamar pelas propriedades e o dinheiro dos aniquilados, considerados, portanto, cidadãos espanhóis todavia. Diria-se o o seguinte: "(...) A embaixada espanhola solicita ao Ministério de Relações Exteriores (alemão) que intervenha ante as autoridades correspondentes para lhes explicar que os bens dos judeus espanhóis deixados pra trás ao saírem da França, Bélgica e Países Baixos serão administrados pelos cônsules espanhóis ou representantes da Espanha e que têm que ficar em sua posse por se tratar de bens de súditos espanhóis e portanto sendo um bem nacional da Espanha. Berlim, 25 de fevereiro de 1943”.

Capa do livro, publicado pela Librosdevanguardia
Essa história tem outro lado trágico, mas muito honroso. Enquanto se produziam as deportações e a Espanha negava o pão e sal a milhares de seres humanos, uns horrorizados diplomatas espanhóis atuaram por sua própria conta e contra as ordens vindas de Madri. Falsificaram documentos e conseguiram salvar centenas de pessoas. Todos alertaram a Madri do genocídio em telegramas secretos, e dois deles, Ángel Sanz Briz, de Budapeste (Hungria), e Julio Palencia, da representação da Espanha em Sófia (Bulgária), foram duramente explícitos em suas mensagens. O primeiro, conhecedor do chamado "protocolo de Auschwitz", avisou sobre as matanças em câmaras de gás, e o segundo, testemunha presencial em sua embaixada, escreveu a Madri avisando sobre o desastre humano. Julio Palencia redatou, com o respeito de um funcionário em uma ditadura, várias cartas que enviou a seu ministro e cuja leitura emociona ao mais endurecido"... se por acaso VE (Vossa Excelência) considera digna de ser tomada em consideração minha sugestão... tenha por bem me conceder certa elasticidade para... conceder vistos a israelitas de qualquer nacionalidade ou condição… pois os judeus estão sendo vítimas de uma perseguição cruel e encarniçada que a pessoa mais ponderada e fria ficaria espantada em seu ânimo ao contemplar as injustiças e horrores que essas autoridade vêm cometendo…”, dizia uma carta de Palencia de 14 de setembro de 1942. O ministro não autorizou os vistos que solicitou Palencia, que, desesperado, chegou a adotar dois jovens judeus para salvá-los da morte. Três anos depois, quando a guerra mundial mudou de curso e os aliados pressionaram a Franco, este se apropriou dos atos heroicos desses diplomatas para ganhar a benevolência dos vencedores.

Passaram-se os anos, Franco morreu na cama, e um jovem Juan Carlos manobrou em segredo a favor da democracia ante o atento olhar dos serviços de inteligência europeus e estadounidense. Com suas manobras, muitas em conivência com Adolfo Suárez, consta na documentação avinda que Juan Carlos jogou até o limite do possível para deixar pra trás o passado tão obscuro do que aqui tem sido dada uma pincelada. Era a transição, a mudança.

Os serviços secretos ocidentais tomaram nota de tudo, até de como Adolfo Suárez apontou em quatro papéis que entregou ao Rei no tempo da transição, que cumpriu com todo rigor contra o vento e a maré. O livro o explica. E um pouco depois, já com uma Espanha nova, Dom Juan Carlos seria o primeiro chefe de Estado espanhol que rendia homenagem em Yad Vashem às vítimas do Holocausto se apartando do terrível legado histórico de Franco e de Isabel, a Católica, a rainha espanhola mais admirada pelos nazis, a qual lhe dedicaram vários relatórios que fariam sorrir se se por detrás deles não houvesse uma matança de proporções colossais.

Mas nem tudo foi ocultado no que se refere à Espanha. Os aliados também têm algo a explicar. Uma mensagem secreta de Sir Harold MacMichael, alto comissionado britânico para o protetorado da Palestina, enviada em 15 de junho de 1944 a Sir Anthony Eden, então Ministro de Relações Exteriores do Reino Unido e logo premier, disse outras coisas: "Os nazis têm a esperança de obter alguma graça ante os olhos aliados pelo fato de não matar agora a dois milhões de judeus, pois creem que ajudará a esquecer que já mataram seis milhões de judeus". Lido de outra forma: em plena guerra, como Franco, os aliados sabiam perfeitamente o que estava acontecendo nos campos de extermínio. A pergunta é óbvia: o que fizeram pra evitar?

Fonte: Magazine Digital, do jornal Lavanguardia.com (Espanha)
http://www.magazinedigital.com/reportajes/los_reportajes_de_la_semana/reportaje/cnt_id/8416/pageID/2
Tradução: Roberto Lucena

Franco e o extermínio - Parte 1
O inimigo judeu-maçônico na propaganda franquista (1936-1945)

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