Desde 'O jovem Törless' (1966) a 'Diplomacia', que estreia na próxima sexta-feira, poucas filmografias no continente que pisamos (o velho) vivem tão perenemente torturadas pela memória. A História Contemporânea está nas mãos de Volker Schlöndorff (Wiesbaden, 1939) uma ferramenta para fazer perguntas, para abrir cabeças. E assim até chegar a sua obra mais conhecida, mais premiada e mais dolorosa: 'O tambor', sobre a novela de Günter Grass; um filme que lhe valeu tanto o Oscar como a Palma de Ouro. "A única saída é Europa", comenta este alemão criado e formado na França em um inglês polido. E o diz em Valhadolid onde há algumas semanas apresentava seu último trabalho, um regresso ao ponto zero do que somos. Acaba a Segunda Guerra Mundial e o regime nazi claudicante sonha com a possibilidade de arrasar tudo desde as bases. A primeira coisa: Paris inteira.
Pe: Não lhe parece que ao reivindicar no estado atual das coisas a diplomacia sonha com o passado, em coisas de um século atrás?
Re: Não tenho isso claro. Talvez o mundo dos diplomatas da Primeira Guerra Mundial já não exista, mas a diplomacia necessária sim. Agora mesmo estava lendo sobre a Ucrânia, e me perguntava: como resolver o conflito se não através da diplomacia? Não há outra opção. O papel diplomático é prevenir uma guerra antes de que ela comece ou ajudar a acabar com alguma que já tenha começado. Porque os militares podem começar uma guerra mas não são capazes de acabá-la, limitam-se a lançar bombas.
Pe: Falamos então de política...
Re: Não, de diplomacia. A diplomacia é um trabalho muito nobre que lamentavelmente se perdeu. Os políticos se empenham em desempenhar trabalhos diplomáticos, mas não os podem fazer bem porque têm que se preocupar com as próximas eleições. Por outro lado, os diplomatas são empregados do Estado durante 30 anos, e eles sim podem entender as dinâmicas sociopolíticas melhor que ninguém. Aqui está o problema.
Pe: De novo um filme sobre a Segunda Guerra Mundial. A pergunta é talvez muito simples: Por que?
Re: Porque segue sendo necessário. Não temos memória suficiente. Creio sinceramente que dentro de 100 anos ainda seguiremos falando da Segunda Guerra Mundial. E a razão é que segue sendo a última grande guerra na Europa. E sempre falamos da última. Quando era criança, acompanhava meu pai, que era médico rural na ribeira do Reno. As pessoas da época então ainda seguiam falando de Napoleão como se tudo houvesse acontecido ontem. A memória tem seus próprios mecanismos: quando mais nos distanciamos de alguns fatos, mas se convertem esses em mito. Quando contemplamos as pinturas de Goya não pensamos em sua época, senão nele aqui e agora.
Pe: Mas, não se cansa de tanto insistir?
Re: o que me cansa é ver que às vezes insistir não serve para nada. Cada vez mais a Segunda Guerra Mundial é reduzida ao Holocausto. O que é uma estupidez. Se hoje em dia você pergunta a um norte-americano sobre a guerra, tudo o que diz é que os alemães trataram de aniquilar os judeus e que os norte-americanos entraram nela para acabá-la e salvar os judeus. Isso é a guerra graças a determinado cinema.
Pe: Seu esforço é quase messiânico...
Re: Minha filha de 22 anos me pergunta às vezes: por que você fala uma vez ou outra da Segunda Guerra Mundial? A razão é simples: nasci em 1939. E o mesmo pode se dizer para explicar meu interesse pelos estados totalitários. Sou um produto de Hitler e Stalin. A Europa nasceu do medo aos estados totalitários.
Pe: Já que você mencionou. Para que serve a Europa hoje?
Re: Para nos proteger da possibilidade do totalitarismo e para nos proteger de nós mesmos. Quando existia a ameaça de um estado totalitário, durante a Guerra Fria, juntar-nos era algo mais fácil. É quando essa ameaça desaparece que tudo se fez mais difícil. Suponho que se não fosse por minhas origens eu estaria mais interessado na democracia e como fazê-la funcionar.
Pe: Seu filme fala da França e da Alemanha, os lugares nos quais cresceu e os dois países que formam o núcleo da Europa...
Re: eu sou o filho da guerra e em particular das relações entre França e Alemanha; de sua reconciliação. Cheguei a Paris pela primeira vez em 1955, dez anos depois da guerra. Foi a primeira cidade que conheci na minha vida que não havia sido destruída pela guerra. Surpreendeu-me muitíssimo. Perguntava-me: era esse o aspecto que Berlim e Frankfurt tinham no passado?
Pe: Eu tentava lhe perguntar antes se acredita que agora vivemos o que se forjou então?
Re: Sem dúvida. Pertencemos a esse momento que conta o filme ao final da guerra. Não é mais necessário ver Merkel para se dar conta disso. Comporta-se como se fora o general no comando da Europa dizendo a todo mundo o que tem que fazer. Está abrindo velhas feridas e, na verdade, eu a fiz saber disso em pessoa. Mas pra ela é indiferente. Quando estava preparando o filme, cada dia ao abrir o jornal lia sobre o programa de austeridade de Merkel. No ato seguinte vinha Sarkozy dizendo que era necessário seguir o modelo alemão. Tenho a sensibilidade de que quando um francês fala em seguir o modelo alemão instintivamente lhe dá por exclamar: Heil Hitler!
Pe: Não lhe parece algo exagerado comparar aquela época com esta?
Re: De forma alguma. Os nazis sempre tiveram em mente a construção de uma nova Europa liderada pela Alemanha. Justo como agora. Göring era um grande europeísta.
Pe: E você, considera-se europeísta?
Re: sou um europeísta apaixonado e estou muito preocupado. O que parece não se entender é que as mentalidades são mais importantes que as leis. O modelo alemão não se pode exportar. Se um alemão deve cinco euros a um amigo, não poderá dormir por noites até que lhe tenham devolvido o dinheiro. Se lhes baixam os impostos para que tenham mais dinheiro para consumir, em lugar de fazer isso, eles meterão todas as suas economias no banco. É uma atitude protestante. O problema é que os economistas que dirigem a Europa não entendem de mentalidades.
Pe: Já que se anima a falar de alta política, como de longe ou perto vê a saída para a crise?
Re: a crise colocou sobre a mesa tudo o que estava escondido debaixo do tapete. Creio que inventar o euro e o impor da noite para o dia foi uma verdadeira ousadia. A princípio para todo mundo pareceu que não estava tão mal, mas agora nos damos conta de que os fundamentos da Europa não eram tão sólidos depois de tudo isso. Agora compreendemos que há que levar a cabo um debate mais sério, e que todo mundo deve ser incluído neste debate, ainda que sejam da extrema-esquerda ou da extrema-direita. Afinal, os europeus é que decidirão o que a Europa têm que ser, não os políticos nem nós os artistas. Billy Wilder dizia do público que separados todos são idiotas, mas juntos são um gênio. E dos europeus se pode dizer o mesmo.
LUIS MARTÍNEZ
Atualizado: 08/11/2014 05:39 horas
Fonte: El Mundo (Espanha)
http://www.elmundo.es/cultura/2014/11/08/545d0240ca474168668b456d.html
Título original: 'Merkel abre viejas heridas'
Tradução: Roberto Lucena
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Hitler - o judeu sionista (Parte III)
Aqui vamos nós com a terceira e última parcela da minha análise em curso (principalmente das fontes) sobre o filme de Jim Condit Jr "A Solução Final para Adolf Hitler" (The Final Solution to Adolf Hitler).
1. A entrevista de Rakovski. Esta é grande fonte de Condit nos últimos cinquenta minutos deste filme. Este é um livro singularmente difícil de conseguir, então eu vou tomar com algum risco a abordagem de Condit, confiante na sua palavra de que ele está citando corretamente o livro ao citá-lo diretamente. Existem algumas verdadeiras jóias fornecidas aqui:
Deve se notar que Reed foi um antissemita inveterado. Ele foi condenado pelo menos duas vezes por ninguém menos que George Orwell acerca disso.
De qualquer forma, Reed diz que Strasser disse a ele que Hitler tinha dinheiro para queimar em 1929, e Condit conecta isto a Rakovsky supostamente dizendo que "Warburg" (não dizemos qual) deu a Hitler 10 milhões de dólares. Condit faz referência ao livro Who Financed Hitler? (Quem financiou Hitler?) de James Poole, que escreveu que na eleição de 1933 os nazistas tinham fundos ilimitados.
Condit é capaz de creditar isso em sua totalidade ao financiamento de Rothschild/Warburg, mas ele nunca toca na questão do financiamento de Hitler pelos industriais alemães como Ferdinand Porsche, a família Krupp etc. Condit também parece acreditar que Hitler e Stalin invadiram a Polônia no mesmo dia. Na verdade, as invasões tiveram 16 dias de intervalo.
A seguir Condit nos diz que Hitler teve o apoio do Grupo Cliveden. É nos dito que eram simpatizantes ingleses pró-sionistas de Hitler, só que seu "sionismo" não é provado por Condit. Por qualquer coisa, eles parecem ser Mosleyites (seguidores de Oswald Mosley) ou talvez seguidores de Edward III. Condit vai nos dizer que o Duque de Windsor era judeu?
Condit também menciona sua crença de que Rudolf Hess foi preso completamente sozinho na prisão de Spandau por 44 anos. Não, todos os réus de Nuremberg foram para Spandau. Hess foi simplesmente o último a morrer.
Agora Condit retorna ao livro de Reed sobre Strasser. Strasser diz, supostamente, que Hitler estava em Munique enquanto esta estava sob controle comunista. Assim, podemos supôr que Condit diz que Hitler foi "trabalhar com os comunistas" em Munique em 1919-1920. E sua fonte para isso?
3. Hitler: Hubris, 1889-1936 de Ian Kershaw. De acordo com Condit, Hitler agiu como um "intermediário" para o governo comunista da Baviera em Munique e do exército.
Foi isso o que realmente Kershaw escreveu? (Não importa que Kershaw ignore completamente a "teoria" de que o "avô de Hitler era um judeu" - se Condit está citando o que sabe de Kershaw, então ele está distorcendo novamente.) Não, claro que não. Condit diz que Hitler era um mensageiro entre o governo comunista e as tropas. O problema é que o governo não era "comunista" até depois que Kurt Eisner foi assassinado e, num todo, foi "comunista" por talvez um mês. A lealdade de Hitler, Kershaw escreve, foi com o SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), que tinha realmente chamado os Freikorps para esmagar a revolução em Berlim. E por qual razão Hitler comprometeu seus princípios? Kershaw destaca algo que Condit nunca mencionou - que ele queria evitar ser desmobilizado do exército por medo de ser deportado para a sua Áustria natal. Por que Condit omitiu isso? Será que ele está mentindo? Será que ele não leu o livro?
4. The House of Nasi: The Duke of Naxos (A Casa de Nasi: O duque de Naxos). Este livro é sobre "José de Nasi", o "príncipe dos judeus em todo o mundo" no século XVI (ele era um sefardita, e não existe um "príncipe dos judeus." Sua importância está além de mim, para ser franco.
5. Perfidy (Perfídia) de Ben Hecht. A única coisa que Condit parece não perceber ao citar o caso Kastner é que, apesar de seus protestos, o Irgun colaborou com os nazistas muito mais do que os trabalhistas sionistas.
A propósito, no início do Estado de Israel com o assassinato de Kastner, o ministro das Relações Exteriores de Israel era Moshe Sharrett.
6. Zionism in the Age of Dictators (O sionismo na Era dos ditadores) de Lenni Brenner. Ahhh... que sono... Ele também cita os 51 documentos de Brenner.
Na esteira deste, temos a velha e batida história de que os sionistas levaram os EUA à Primeira Guerra Mundial em troca da Palestina (a Alemanha estava perdendo na Frente Leste quando pessoas como Condit alegaram que estavam vencendo). Condit desconhece totalmente as motivações de Brenner uma vez que ele nunca menciona que Brenner é um marxista.
7. The Secret World Government (O Governo Mundo Secreto) do Major General Conde Cherep Spiridovich. Esta é mais outra porcaria conspiracionista antissemita produzida por um oficial derrotado do Exército Branco. Isto é o material que Condit confia como uma pilha de "provas" mas que revelam bastante seus preconceitos inerentes.
8. Wall Street and the Rise of Hitler (Wall Street e a Ascensão de Hitler), de Anthony Sutton. O quê?! Sabemos que grandes industriais norte-americanos estavam financiando Hitler. Isso não diz nada que apoie a noção de que os sionistas ou Rothschilds estavam fazendo isso.
9. The War Against the Jews (A guerra contra os judeus), de Lucy Davidowicz. Ela é uma espécie de piada. Eu me pergunto se Condit sabe disso. De acordo com Davidowicz, todo mundo foi responsável pelo Holocausto.
10. The Jews of Italy (Os judeus da Itália), da ADL da B'nai Brith. Se nós deveríamos nos surpreender de que havia fascistas judeus italianos, então Condit subestima o nosso conhecimento da história do fascismo. Ele afirma que este panfleto da ADL diz que Mussolini e Adolf Eichmann criaram campos de treinamento para o Irgun na Itália.
Bem, essa é novidade. Quanto à Eichmann, ele passou parte de 1937 na Palestina e depois voltou para sua Áustria natal para supervisionar a segurança durante a anexação da Áustria. Novamente, se nós deveríamos ficar surpresos é pelo fato de que Eichmann passou um tempo na Palestina, e não ficamos.
11. Special Treatment: The Untold Story of Hitler's Third Race (Tratamento Especial: A história não contada da terceira raça de Hitler), de Alan Abrams. Este é um livro sobre Mischlinge. Desde quando essa história não é contada? As Leis Raciais de 1935 são claras de que Mischlinge são distintos dos judeus.
Se Hitler sentiu que as pessoas de ascendência parcial judaica e parcialmente alemãs iriam "governar o mundo", então por que ele proibiu casamentos entre Mischlinge de segundo grau?
12. The Abandonment of the Jew (O abandono do judeu), de David Wyman. O que eu disse sobre Davidowicz vale para Wyman também.
13. The German-Bolshevik (O alemão-bolchevique), de Nesta Webster? Condit parece não perceber que a Alemanha não é um país religiosamente heterogêneo e que, portanto, não poderia ser unificado com base em motivos religiosos.
14. John "Birdman" Bryant. Ele afirma que Alfred Rosenberg era judeu.
Quero voltar para Rakovsky porque Condit nunca termina com ele.
Condit afirma que Rakovsky era judeu. O primeiro nome do homem era "cristão", mas ele ignora isso - ele era judeu porque "Rattisbone" disse que era. Curiosamente, Trotsky, que era judeu e estava trabalhando em uma biografia de Rakovsky quando ele foi assassinado, nunca identifica Rakovsky como sendo judeu. Isto acontece porque provavelmente ele não era.
Um último ponto: o que o longo e incoerente filme de Condit (a origem destas mensagens longas e incoerentes) nunca leva em conta é que: se Hitler queria que os judeus fora da Europa, por que ele não colaboraria de alguma forma com os sionistas que estavam dispostos a fazer isso? É a mais simples possível explicação para muito do que Condit apresenta, e não que Hitler estava recebendo financiamento dos Rothschild e que foi ele mesmo era um judeu.
Condit envolve as coisas com um pouco de negação do Holocausto e antissemitismo religioso. Ele apela para Denis Fahey e Hutton Gibson e sua esposa idiota que diz que não havia seis milhões de judeus na Europa em 1941: o próprio censo nazista aponta que havia 11 milhões de judeus. Ele cita o lunático palpável do Michael Hoffman, para explicar que a palavra "Holocausto" não aparece escrita em maiúscula no dicionário até 1980. E isso prova o quê? É um completo 'non sequitur'.
Condit, como a maioria dos teóricos da conspiração e antissemitas, é incapaz de aplicar o princípio da Navalha de Ockham: a explicação mais simples geralmente é a correta. Não é possível - apenas possível (eu diria provável se não for definido) - que um demagogo politicamente apto que odiava judeus, por quaisquer razões de "sangue da família", foi capaz de explorar os medos do comunismo a subir ao poder na Alemanha e erradicar de milhões de judeus no processo? Este não foi o primeiro genocídio e, infelizmente, provavelmente não será o último, então por que é o mais questionado?
Por que o duplo padrão de julgamento, o Sr. Condit?
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part III)
http://holocaustcontroversies.blogspot.com.br/2007/08/hitler-jewish-zionist-part-iii.html
Tradução: Roberto Lucena
Anterior: Hitler - o judeu sionista (Parte II)
1. A entrevista de Rakovski. Esta é grande fonte de Condit nos últimos cinquenta minutos deste filme. Este é um livro singularmente difícil de conseguir, então eu vou tomar com algum risco a abordagem de Condit, confiante na sua palavra de que ele está citando corretamente o livro ao citá-lo diretamente. Existem algumas verdadeiras jóias fornecidas aqui:
1 - A primeira coisa que Condit retira desta suposta entrevista de Christian Rakovski (mais sobre ele mais tarde) é esta observação: "Eles [os banqueiros] estavam muito descontentes com Stalin. Eles viam Stalin como um bonapartista.".2. The Prisoner of Ottawa (O prisioneiro de Ottawa) de Douglas Reed. Condit se refere a Reed como um "historiador", mas ele era de fato jornalista. Este livro era sobre Otto Strasser, escrito enquanto Strasser estava vivendo no Canadá.
Condit nos conta que "Rattisbone" descobriu que, os banqueiros que financiaram Napoleão, Napoleão se voltou contra eles. Assim, qualquer pessoa que despeja os banqueiros é um "bonapartista".
Infelizmente, parece que nem os falsificadores desta entrevista, "Rattisone", e nem Condit, sabem que o termo "bonapartista" quer dizer: marxista. "Bonapartista" é um termo cunhado por Marx em sua obra de 1852 The Eighteenth Brumaire of Louis Bonaparte (O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte). Então, primeiramente, não estamos sequer falando de Napoleão Bonaparte; estamos falando de Luís Napoleão Bonaparte III, o segundo imperador francês que governou de 1848 a 1870.
De acordo com o comentário sobre o artigo, o bonapartismo "é usualmente descrito como um governo que se forma quando a classe dominante não está segura, e então a burocracia estatal, militar e policial intervém para estabelecer a ordem. O Bonapartismo do século XIX é comumente associado com o fascismo e o stalinismo do século XX". Em linguagem clara, o bonapartismo é, para Marx, uma ação contra-revolucionária.
Claro que, se a teoria abrangente do Condit - de que "os judeus" controlam tanto o capitalismo financeiro quanto o comunismo - é verdade, então talvez Stalin estava sendo citado como um bonapartista no sentido que Condit sugere. Mas eu ainda tenho que ouvir uma explicação plausível do porquê capitalistas e comunistas estarem agindo em cooperação.
2 - Agora Rakovsky é "citado", dizendo que, na procura de um agente para derrubar Stalin, eles se voltaram para a Alemanha e para o "orador talentoso" Adolf Hitler. Comento mais sobre isso mais tarde.
Deve se notar que Reed foi um antissemita inveterado. Ele foi condenado pelo menos duas vezes por ninguém menos que George Orwell acerca disso.
De qualquer forma, Reed diz que Strasser disse a ele que Hitler tinha dinheiro para queimar em 1929, e Condit conecta isto a Rakovsky supostamente dizendo que "Warburg" (não dizemos qual) deu a Hitler 10 milhões de dólares. Condit faz referência ao livro Who Financed Hitler? (Quem financiou Hitler?) de James Poole, que escreveu que na eleição de 1933 os nazistas tinham fundos ilimitados.
Condit é capaz de creditar isso em sua totalidade ao financiamento de Rothschild/Warburg, mas ele nunca toca na questão do financiamento de Hitler pelos industriais alemães como Ferdinand Porsche, a família Krupp etc. Condit também parece acreditar que Hitler e Stalin invadiram a Polônia no mesmo dia. Na verdade, as invasões tiveram 16 dias de intervalo.
A seguir Condit nos diz que Hitler teve o apoio do Grupo Cliveden. É nos dito que eram simpatizantes ingleses pró-sionistas de Hitler, só que seu "sionismo" não é provado por Condit. Por qualquer coisa, eles parecem ser Mosleyites (seguidores de Oswald Mosley) ou talvez seguidores de Edward III. Condit vai nos dizer que o Duque de Windsor era judeu?
Condit também menciona sua crença de que Rudolf Hess foi preso completamente sozinho na prisão de Spandau por 44 anos. Não, todos os réus de Nuremberg foram para Spandau. Hess foi simplesmente o último a morrer.
Agora Condit retorna ao livro de Reed sobre Strasser. Strasser diz, supostamente, que Hitler estava em Munique enquanto esta estava sob controle comunista. Assim, podemos supôr que Condit diz que Hitler foi "trabalhar com os comunistas" em Munique em 1919-1920. E sua fonte para isso?
3. Hitler: Hubris, 1889-1936 de Ian Kershaw. De acordo com Condit, Hitler agiu como um "intermediário" para o governo comunista da Baviera em Munique e do exército.
Foi isso o que realmente Kershaw escreveu? (Não importa que Kershaw ignore completamente a "teoria" de que o "avô de Hitler era um judeu" - se Condit está citando o que sabe de Kershaw, então ele está distorcendo novamente.) Não, claro que não. Condit diz que Hitler era um mensageiro entre o governo comunista e as tropas. O problema é que o governo não era "comunista" até depois que Kurt Eisner foi assassinado e, num todo, foi "comunista" por talvez um mês. A lealdade de Hitler, Kershaw escreve, foi com o SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha), que tinha realmente chamado os Freikorps para esmagar a revolução em Berlim. E por qual razão Hitler comprometeu seus princípios? Kershaw destaca algo que Condit nunca mencionou - que ele queria evitar ser desmobilizado do exército por medo de ser deportado para a sua Áustria natal. Por que Condit omitiu isso? Será que ele está mentindo? Será que ele não leu o livro?
4. The House of Nasi: The Duke of Naxos (A Casa de Nasi: O duque de Naxos). Este livro é sobre "José de Nasi", o "príncipe dos judeus em todo o mundo" no século XVI (ele era um sefardita, e não existe um "príncipe dos judeus." Sua importância está além de mim, para ser franco.
5. Perfidy (Perfídia) de Ben Hecht. A única coisa que Condit parece não perceber ao citar o caso Kastner é que, apesar de seus protestos, o Irgun colaborou com os nazistas muito mais do que os trabalhistas sionistas.
A propósito, no início do Estado de Israel com o assassinato de Kastner, o ministro das Relações Exteriores de Israel era Moshe Sharrett.
6. Zionism in the Age of Dictators (O sionismo na Era dos ditadores) de Lenni Brenner. Ahhh... que sono... Ele também cita os 51 documentos de Brenner.
Na esteira deste, temos a velha e batida história de que os sionistas levaram os EUA à Primeira Guerra Mundial em troca da Palestina (a Alemanha estava perdendo na Frente Leste quando pessoas como Condit alegaram que estavam vencendo). Condit desconhece totalmente as motivações de Brenner uma vez que ele nunca menciona que Brenner é um marxista.
7. The Secret World Government (O Governo Mundo Secreto) do Major General Conde Cherep Spiridovich. Esta é mais outra porcaria conspiracionista antissemita produzida por um oficial derrotado do Exército Branco. Isto é o material que Condit confia como uma pilha de "provas" mas que revelam bastante seus preconceitos inerentes.
8. Wall Street and the Rise of Hitler (Wall Street e a Ascensão de Hitler), de Anthony Sutton. O quê?! Sabemos que grandes industriais norte-americanos estavam financiando Hitler. Isso não diz nada que apoie a noção de que os sionistas ou Rothschilds estavam fazendo isso.
9. The War Against the Jews (A guerra contra os judeus), de Lucy Davidowicz. Ela é uma espécie de piada. Eu me pergunto se Condit sabe disso. De acordo com Davidowicz, todo mundo foi responsável pelo Holocausto.
10. The Jews of Italy (Os judeus da Itália), da ADL da B'nai Brith. Se nós deveríamos nos surpreender de que havia fascistas judeus italianos, então Condit subestima o nosso conhecimento da história do fascismo. Ele afirma que este panfleto da ADL diz que Mussolini e Adolf Eichmann criaram campos de treinamento para o Irgun na Itália.
Bem, essa é novidade. Quanto à Eichmann, ele passou parte de 1937 na Palestina e depois voltou para sua Áustria natal para supervisionar a segurança durante a anexação da Áustria. Novamente, se nós deveríamos ficar surpresos é pelo fato de que Eichmann passou um tempo na Palestina, e não ficamos.
11. Special Treatment: The Untold Story of Hitler's Third Race (Tratamento Especial: A história não contada da terceira raça de Hitler), de Alan Abrams. Este é um livro sobre Mischlinge. Desde quando essa história não é contada? As Leis Raciais de 1935 são claras de que Mischlinge são distintos dos judeus.
Se Hitler sentiu que as pessoas de ascendência parcial judaica e parcialmente alemãs iriam "governar o mundo", então por que ele proibiu casamentos entre Mischlinge de segundo grau?
12. The Abandonment of the Jew (O abandono do judeu), de David Wyman. O que eu disse sobre Davidowicz vale para Wyman também.
13. The German-Bolshevik (O alemão-bolchevique), de Nesta Webster? Condit parece não perceber que a Alemanha não é um país religiosamente heterogêneo e que, portanto, não poderia ser unificado com base em motivos religiosos.
14. John "Birdman" Bryant. Ele afirma que Alfred Rosenberg era judeu.
Quero voltar para Rakovsky porque Condit nunca termina com ele.
Condit afirma que Rakovsky era judeu. O primeiro nome do homem era "cristão", mas ele ignora isso - ele era judeu porque "Rattisbone" disse que era. Curiosamente, Trotsky, que era judeu e estava trabalhando em uma biografia de Rakovsky quando ele foi assassinado, nunca identifica Rakovsky como sendo judeu. Isto acontece porque provavelmente ele não era.
Um último ponto: o que o longo e incoerente filme de Condit (a origem destas mensagens longas e incoerentes) nunca leva em conta é que: se Hitler queria que os judeus fora da Europa, por que ele não colaboraria de alguma forma com os sionistas que estavam dispostos a fazer isso? É a mais simples possível explicação para muito do que Condit apresenta, e não que Hitler estava recebendo financiamento dos Rothschild e que foi ele mesmo era um judeu.
Condit envolve as coisas com um pouco de negação do Holocausto e antissemitismo religioso. Ele apela para Denis Fahey e Hutton Gibson e sua esposa idiota que diz que não havia seis milhões de judeus na Europa em 1941: o próprio censo nazista aponta que havia 11 milhões de judeus. Ele cita o lunático palpável do Michael Hoffman, para explicar que a palavra "Holocausto" não aparece escrita em maiúscula no dicionário até 1980. E isso prova o quê? É um completo 'non sequitur'.
Condit, como a maioria dos teóricos da conspiração e antissemitas, é incapaz de aplicar o princípio da Navalha de Ockham: a explicação mais simples geralmente é a correta. Não é possível - apenas possível (eu diria provável se não for definido) - que um demagogo politicamente apto que odiava judeus, por quaisquer razões de "sangue da família", foi capaz de explorar os medos do comunismo a subir ao poder na Alemanha e erradicar de milhões de judeus no processo? Este não foi o primeiro genocídio e, infelizmente, provavelmente não será o último, então por que é o mais questionado?
Por que o duplo padrão de julgamento, o Sr. Condit?
Fonte: Holocaust Controversies
Texto: Andrew E. Mathis
Hitler the Jewish Zionist (Part III)
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Tradução: Roberto Lucena
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terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Napoleão e holocausto, por Kubrick?
(BR Press) - Os 13 longa-metragens que Stanley Kubrick realizou ao longo de sua carreira são amplamentes conhecidos pela mídia e o público. Obras como Laranja Mecânica, 2001: Uma Odisséia no Espaço e O Iluminado têm uma horda de fãs tão grande que criticá-las é quase uma ousadia. O que poucos cinéfilos conhecem, no entanto, são os filmes que Kubrick quis fazer mas não conseguiu.
Entre os arquivos doados pela família de Kubrick à Universidade de Artes de Londres, em 2007, estão diversos documentos relativos a, por exemplo, Aryan Papers, um filme sobre o holocausto que nunca saiu do papel. Segundo uma reportagem do jornal espanhol El País, a quantidade de material sobre o tema acumulada pelo diretor sugere um gigantesca dedicação ao projeto.
Kubrick, um judeu não praticante, se debruçou sobre diversos textos e fotos da época e chegou a fazer a prova fotográfica do figurino daquela que seria a personagem principal da obra: um judia polonesa que, junto com seu sobrinho, se passa por católica para fugir à perseguição nazista. Apesar do empenho do diretor, o projeto de Aryan Papers acabou abandonado definitivamente em 1993, depois que Spielberg lançou A Lista de Schindler.
Além do filme sobre o holocausto, Kubrick se envolveu também na produção de uma obra sobre o imperador francês Napoleão Bonaparte. E, de acordo com o El País, o teria feito durante nada menos que 30 anos. O altíssimo custo de realização do projeto, porém, teria sido a causa de seu insucesso.
Fonte: BR Press/Yahoo! Brasil
http://br.noticias.yahoo.com/s/14012009/11/entretenimento-napoleao-holocausto-kubrick.html
Entre os arquivos doados pela família de Kubrick à Universidade de Artes de Londres, em 2007, estão diversos documentos relativos a, por exemplo, Aryan Papers, um filme sobre o holocausto que nunca saiu do papel. Segundo uma reportagem do jornal espanhol El País, a quantidade de material sobre o tema acumulada pelo diretor sugere um gigantesca dedicação ao projeto.
Kubrick, um judeu não praticante, se debruçou sobre diversos textos e fotos da época e chegou a fazer a prova fotográfica do figurino daquela que seria a personagem principal da obra: um judia polonesa que, junto com seu sobrinho, se passa por católica para fugir à perseguição nazista. Apesar do empenho do diretor, o projeto de Aryan Papers acabou abandonado definitivamente em 1993, depois que Spielberg lançou A Lista de Schindler.
Além do filme sobre o holocausto, Kubrick se envolveu também na produção de uma obra sobre o imperador francês Napoleão Bonaparte. E, de acordo com o El País, o teria feito durante nada menos que 30 anos. O altíssimo custo de realização do projeto, porém, teria sido a causa de seu insucesso.
Fonte: BR Press/Yahoo! Brasil
http://br.noticias.yahoo.com/s/14012009/11/entretenimento-napoleao-holocausto-kubrick.html
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