"Fundamentalista cristão", "antimulçumano ultradireitista", "maçônico", "lobo solitário" e radical, os qualificativos não bastam para tratar de saber quem é e porque fez o que fez o assassino Anders Breivik, que ontem se declarou culpado do massacre de 86 adolescentes no campo de verão da social-democracia norueguesa (no poder) na ilha de Utoya. Duas horas antes, Breivik explodiu um carro-bomba — ao que parece para distrair — frente aos escritórios do governo no centro de Oslo, com um saldo de sete mortos.
De imediato, Bruno Gollnisch, eurodeputado do partido ultraconservador francês Front National (FN), o qual Marine Le Pen lidera, desligou Breivik da extrema-direita europeia e questionou que seja um "fundamentalista cristão". O ex-número dois da FN — no auge na França por suas posturas anti-imigração e antiárabes, iguais as de Breivik — disse que "em suas atividades (o assassino) não evoca nenhuma atividade religiosa senão só seu vínculo com a francomaçonaria, algo muito menos comum na Noruega”. Gollnisch, acusado de ser "negacionista" do Holocausto judeu comandado pelos nazis, aludiu assim a um vínculo de Breivik à loja John Lodge com "grau 3" (mestre), segundo informou o canal norueguês TV2 e como consta no Anuário da Ordem Maçônica da Noruega.
Desde já esta filiação é tema de debate em meios religiosos como o InfoCatólica (infocatolica.com/blog/delapsis.php) ou o Foro Católico (forocatolico.wordpress.com) que acusam a Breivik de "terrorista" e de "maçom sionista", com outro intento em distanciar sua imagem da extrema-direita (além de católico) a qual relaciona o governo de Oslo pelas diatribes arabofóbicas e nazi-islamistas do hoje confesso Breivik.
Mas em outro enfoque, o especialista em extrema-direita e violência política, Nicolas Lebourg (droites-extremes.blog.lemonde.fr Le cas Anders Behring Breivik : un imaginaire de « lone wolf »?) coloca o assassino de 32 anos mais próximo do imaginário do “lone wolf”, o “lobo solitário” elevado à categoria de mito pela extrema-direita dos Estados Unidos.
Este método foi idealizado pelo estadounidense Joseph Tommasi em 1974 quando fundou o grupelho National Socialist Liberation Front do qual queria transformar em força a debilidade dos neonazis, pela carência de apoio popular. "Nenhum risco de fuga ou de traição: ao atuar sozinho, cada um se encarrega solitariamente de levar a cabo uma ação terrorista”, dizia Tomassi (assassinado ele mesmo em 1975) e cujo método simples e ideal foi usado, entre outros, por Timothy McVeigh para destruir com um caminhão-bomba o Edifício Federal Murrah, em Oklahoma City, em 19 de abril de 1995. Saldo: 168 mortos e mais de 500 feridos.
Daños Colaterales
Irene Selser
Fonte: Milenio online(México)
http://impreso.milenio.com/node/8997691
Tradução: Roberto Lucena
Comentário: apesar de conter algumas expressões infelizes(que cortei do texo original, quem quiser checar que confira no link), a citação da análise do Le Monde, do Nicolas Lebourg, sobre o ataque do extremista de direita norueguês, foi uma das melhores(ou melhor)que saiu até o momento. Se fosse depender do que sai de "excesso de informação" sem análise crítica em sites de notícia sobre esse caso, seria literalmente um caos.
Parece ser o caso de um ataque de um "lobo solitário" com afinidades de uma vertente não muito comum à extrema-direita europeia, embora exista, que é a que tem afinidades ideológicas com aquele extremista holandês Geert Wilders, que dá ênfase ao preconceito anti-islâmico no lugar do tradicional antissemitismo da extrema-direita(fascistas, nazistas e outros nacionalistas de extrema-direita). Uma espécie de "diversionismo ideológico" da extrema-direita pra gerar confusão uma vez que a finalidade básica delas é quase sempre a mesma: revolução cultural de cunho fascista e racismo contra estrangeiros.
Pros que elagavam, ou por ceticismo honesto ou por permissividade, que esses "monstrinhos" de internet que ficam entocados em fóruns extremistas de ódio panfletando racismo e outras insanidades, eram inofensivos, mais uma amostra da destruição que são capazes de provocar. Fatos costumam ser mais fortes que crenças.
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segunda-feira, 25 de julho de 2011
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