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terça-feira, 16 de julho de 2013

França prende neonazi norueguês suspeito de planejar ataque terrorista

França prende músico norueguês suspeito de planejar ataque terrorista
Por iG São Paulo | 16/07/2013 12:50

Descrito como neonazista, Vikernes recebeu manifesto de Breivik, que deixou 77 mortos na Noruega há quase 2 anos

Um norueguês neonazista simpatizante do assassino em massa Anders Behring Breivik foi preso nesta terça-feira sob suspeita de planejar "um grande ataque terrorista", disseram autoridades francesas.

Julgamento: Breivik é considerado são e sentenciado a 21 anos por ataques
AP. Foto de 1994 mostra o músico Varg Vikernes, que foi preso na França sob suspeita de terrorismo

O escritório do procurador de Paris identificou o suspeito como Kristian "Varg" Vikernes. Em uma declaração, o Ministério do Interior disse que o suspeito foi preso em sua casa em Correze, no centro rural da França. Segundo o órgão, Vikernes representa "uma ameaça potencial à sociedade".

A mulher francesa de Vikernes, Marie Cachet, também foi presa, disse o escritório do procurador. Ela recentemente adquiriu quatro rifles, afirmou o Ministério do Interior. Investigadores estão agora avaliando como as armas de fogo foram obtidas e qual o objetivo de sua aquisição.

Descrito pelas autoridades francesas como neonazista, Vikernes recebeu no passado uma cópia do manifesto de Breivik, que deixou 77 mortos na Noruega em 2011.

Infográfico: Saiba como extremista executou plano de ataque na Noruega

Breivik colocou uma bomba no centro de Oslo e lançou um ataque a tiros na ilha de Utoya em julho de 2011. Ele foi sentenciado a 21 anos no ano passado.

Imagem: TV exibe vídeo de Breivik estacionando van com explosivos

Vikernes, 40, era conhecido nos círculos noruegueses de black metal no início dos anos 90 sob o nome artístico de Count Grishnackh. Ele tocou em várias bandas de black metal, incluindo a Mayhem.

Em 1994, ele foi sentenciado a 21 anos pela morte a facadas de Oystein Aarseth, membro da Mayhem, e por ataques incendiários contra três igrejas. Após ser solto em 2009 depois de servir 16 anos, ele se mudou para a França com sua mulher e três filhos.

Depois de ser libertado da prisão, ele continuou a gravar músicas sob o nome de Burzum. Em seu site, Vikernes debateu o manifesto de Breivik, mas também o criticou por matar noruegueses inocentes.

Endosso: Extrema direita apoia visão de Breivik sobre Islã

O manifestou de 1,5 mil páginas de Breivik descreveu sua planejada cruzada contra os muçulmanos, que ele dizia "estarem tomando o controle da Europa e que poderiam apenas ser derrotados por uma violenta guerra civil".

*Com AP e BBC

Fonte: BBC/AP/IG
http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2013-07-16/franca-prende-musico-noruegues-suspeito-de-planejar-ataque-terrorista.html

Ver mais:
França prende norueguês suspeito de preparar ataque terrorista (RFI, Portugal)

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Richard Millet - A extrema-direita dá as caras na França apoiando o assassino norueguês

"Breivik é o que a Noruega merece" - escritor francês causa polémica

Richard Millet, um respeitado escritor francês, está a provocar uma acesa polêmica depois de ter afirmado que o autor confesso dos ataques de Oslo, Anders Breivik, é "sem dúvida o que a Noruega merece".

Depois de ler as 1.500 páginas do manifesto online de Anders Breivik, Richard Millet disse não aprovar os ataques, que provocaram a morte a 77 pessoas, mas enalteceu as palavras do extremistas norueguês contra o multiculturalismo e a imigração.

O autor salienta que Breivik, condenado na semana passada a 21 anos de prisão, "é filho de uma família fraturada".

Vencedor de vários prêmios literários em França, Millet vê-se assim no meio de polêmica, que já levou outros autores a criticá-lo e a considerar que "ele perdeu a cabeça".

Fonte: Diário Digital (Portugal)
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=589518

Ver mais:
French writer forced to quit top post over Breivik essay (France24.com)
Norway deserved Breivik says respected French writer (RFI, França)
Writer's essay on Breivik killings provokes outrage (Irish Times, Irlanda)
French writer blasted for 'eulogy' to mass killer Breivik (France24.com)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A direita e os imigrantes

NORUEGA
A direita e os imigrantes

O julgamento de Anders Behring Breivik, acusado de matar 73 pessoas por razões políticas, terminou em 22 de junho. Como a Noruega, país rico e famoso pela tranquilidade, foi cenário de tal violência? A militância de extrema direita de Breivik, contudo, reflete uma visão de mundo predominante na Europa
por Rémi Nilsen

Foto: Anders Behring Breivik, em 3 de maio, durante seu julgamento. Analistas acreditavam que massacre havia sido um ataque islâmico.

Na sexta-feira, 22 de julho de 2011, quando uma bomba devastou o bairro administrativo de Oslo, onde se situam a maior parte dos ministérios e a sede do governo, os analistas imediatamente pensaram que o terrorismo islamita internacional tinha atacado; na rua, imigrantes foram maltratados.1 Mas, quando se soube do massacre na ilha de Utøya, situada a uns 50 quilômetros dali, as opiniões começaram a ficar confusas: por que o terrorismo islamita internacional teria decidido exterminar dezenas de adolescentes do acampamento de verão da Liga dos Jovens Trabalhistas (AUF)? O assassino que a polícia prendeu no mesmo dia era um grande loiro de olhos azuis vindo dos belos bairros de Oslo: Anders Behring Breivik, antigo filiado ao Partido do Progresso (Fremskrittspartiet), agremiação populista de tendência de extrema direita. A Noruega ficou chocada.

Um ser humano capaz de matar crianças a sangue frio é por definição um psicopata. Aparentemente, Breivik tinha trabalhado sozinho – poderíamos ver nessa matança apenas uma grande notícia sensacionalista se ele não tivesse reivindicado um ato político, destinado a fazer entender que os “marxistas culturais” – quer dizer, toda a esquerda – estavam entregando a Europa aos muçulmanos. Seu “manifesto” de 1.500 páginas publicado na internet oferece ao corajoso leitor uma antologia de temas que estão longe de ser inéditos nos debates políticos noruegueses.

Conservadorismo cultural, defesa de valores cristãos, medo do desaparecimento da cultura e da identidade europeias por culpa de uma política migratória muito frouxa, islamofobia embalada em um discurso que ousa evocar os direitos humanos: muitas posições parecidas com as do Partido do Progresso.

“Uma nova cruzada”

Carl Ivar Hagen, antigo responsável por esse partido, declarou em 2004 que “os muçulmanos há muito tempo já indicaram claramente, assim como Hitler o fez, que seu objetivo a longo prazo era dominar o mundo”.

Durante a campanha para as eleições legislativas de 2009 – vencidas pela coalizão “vermelho-verde”,2 mas que viram o Partido do Progresso se tornar a segunda maior força política do país, com 22,9% dos votos −,3 sua atual presidente, Siv Jensen, lançou a teoria de uma “islamização insidiosa” do país. Em agosto de 2010, uma figura crescente do mesmo partido, Christian Tybring-Gjedde, acusou o Partido Trabalhista de “apunhalar a cultura norueguesa pelas costas”, enquanto o responsável pelas questões de imigração postava a seguinte mensagem no Twitter: “Temo que uma nova cruzada seja necessária”.

Três sites servem para o essencial das discussões desse movimento – um deles, o Right.no, recebe subsídios do Ministério das Relações Internacionais. Apresentam-se como “críticos” do Islã e se mostram abertamente pró-Israel, denunciando fortemente o antissemitismo. Um de seus principais colaboradores, que foi durante um tempo, segundo Breivik, seu inspirador, é o blogueiro Fjordman; por muito tempo anônimo, ele preferiu revelar sua identidade para não ser associado ao assassino.

Peder Jensen, seu verdadeiro nome, é um antigo estudante de árabe atualmente empregado como enfermeiro em um estabelecimento para deficientes mentais. Apoia Israel desde 2002, quando foi observador em Hebron de uma organização de direitos humanos que defendia os palestinos. Ele se baseia em teorias da conspiração difundidas por Bat Ye’or – nome artístico de Gisèle Littman Orebi, britânica de origem egípcia – em seu livro Eurabia:4 os dirigentes europeus teriam escolhido se aliar aos muçulmanos para trair a população branca em troca de garantias na aquisição de petróleo – uma velha fantasia que existe desde a crise petroleira de 1973.5

Classe média

A imigração “maciça” de populações cujas taxas de natalidade são supostamente muito elevadas seria o sinal desse acordo secreto. A Europa estaria, assim, em guerra, num sentido mais ou menos literal. É com essa ideologia que Fjordman e seus acólitos incitam à “resistência ativa”, fazendo abertamente referência à ocupação da Noruega pelos nazistas. “Não são, claramente, neonazistas clássicas essas pessoas que espancam muçulmanos nas ruas”, nota Thomas Hylland Eriksen, professor de Antropologia Social especialista em multiculturalismo. “Não se trata de desempregados do sexo masculino deixados na mão devido ao fechamento das fábricas. São pessoas de classe média inferior, que leram muito, mesmo que suas leituras tenham sido muito seletivas.”6

Há realmente um “problema de imigração” na Noruega? A política de abertura à mão de obra estrangeira foi encerrada em 1975. Eram os paquistaneses que acabavam de chegar, então, ao mercado de trabalho. Essa comunidade, primeira e segunda gerações, representa hoje o grupo mais importante vindo de um país fora da Europa, e a maioria das 90 mil pessoas de confissão muçulmana – lembremos que a Noruega é um Estado confessional, onde 86% dos 5 milhões de habitantes se definem como protestantes luteranos. Os que chegaram depois de 1975 são essencialmente cidadãos da União Europeia – Suécia, Polônia, França, Alemanha – empregados pela indústria ou refugiados e exilados submetidos a critérios de aceitação muito estritos.

Ainda que o desemprego seja mais elevado na população oriunda da imigração (7,7%, enquanto a média nacional é de 3,3%; na segunda geração, o desemprego é apenas 1% mais elevado do que para o conjunto dos jovens),7 esta é relativamente bem integrada. Segundo uma sondagem de 2010, 70% dos noruegueses “apreciavam a cultura dos imigrantes e sua participação na vida ativa, e pensavam que os trabalhadores imigrantes vindos de um país de fora da Escandinávia contribuíam positivamente para a economia norueguesa”.8

A Noruega parece então ter conseguido criar uma sociedade multicultural onde a integração não é um problema maior. Então, como explicar que a islamofobia tenha se tornado um elemento cada vez mais frequente no debate político?

O país – riquíssimo, principalmente graças ao petróleo e aos recursos marítimos – foi muito pouco atingido pela crise financeira e a crise da dívida. O Estado de bem-estar social continua reinando: não houve cortes drásticos nos gastos públicos (apesar de uma reorganização que conduziu ao fechamento de alguns estabelecimentos), e o país mantém sem dúvida a política social mais generosa do mundo. Há anos, a Noruega está em primeiro lugar na classificação estabelecida pelas Nações Unidas dos países onde as condições de vida são as melhores.

Neoliberalismo

No entanto, ela não foi poupada pelo neoliberalismo, conduzido pelo Partido Trabalhista: as desigualdades sociais e as diferenças salariais aumentaram muito ao longo dos últimos vinte anos. “Depois de 1990, a diferença salarial entre o 1% que ganha mais e a remuneração média aumentou muito mais rápido na Noruega do que no Reino Unido ou nos Estados Unidos”,9 segundo um relatório da empresa de marketing à esquerda Manifest. A parte de ativos financeiros brutos (depósitos bancários, ações etc.) detida pela classe média foi dividida por dois entre 1984 e 2008. Os salários dos mais ricos aumentaram muito, enquanto os dos assalariados caíram.

É nesse contexto que a imigração se tornou uma questão política central. Os neoliberais, sob a influência da empresa de marketing Civita, financiada por organizações patronais, se esforçaram para provar que o modelo nórdico de Estado de bem-estar social não era mais viável, a despeito de uma realidade cotidiana que mostrava que o sistema fiscal e o crescimento da produtividade sustentavam amplamente o modelo atual.

A prosperidade crescente do país, cujo PIB progrediu de forma ininterrupta desde 1998 – com exceção de um recuo em 2009 – e se classifica, por habitante, como o terceiro da Europa,10 permitiu ocultar o agravamento das desigualdades sociais. Isso deixa à direita populista o campo livre para recuperar as frustrações de um eleitorado que se sente maltratado – essencialmente a classe média, que, desde o começo dos anos 1990, está perdendo em relação aos mais ricos.

Segundo Eriksen, a direita radical islamofóbica norueguesa se compõe “de pessoas que têm a impressão de ter sido desclassificadas. Elas consideram que seu nível de vida estagnou; sentem-se marginalizadas e excluídas pela sociedade. Veem-se como uma força essencial da nação, mas não conseguem mais se identificar com esta, porque outra concepção da comunidade nacional se impôs: mais cosmopolita e igualitária, baseada antes na cidadania do que na aparência etnonacional”.

Além das fronteiras


A direita populista pretende precisamente se apropriar da “vontade popular”; para citar Ali Esbati, “dos que pertencem a uma elite em certos meios e não podem suportar ver que os que eles desprezam ocupam o terreno para se tornarem mais visíveis na sociedade. Eles odeiam o movimento operário, as organizações para a libertação das mulheres ou ainda as personalidades de meios culturais ou acadêmicos que se expressam em favor de outra ordem social”. Helge Luras, “especialista em terrorismo” do muito reputado Instituto Norueguês de Relações Internacionais (Nupi), confirmou isso numa rede de televisão russa (Russian Today, 22 de julho), afirmando que “os multiculturalistas carregam a responsabilidade do atentado, pois eles abafaram a vontade popular com sua política de imigração”.

No entanto, mesmo que uma violência excepcional como essa tenha acontecido na Noruega, a onda direitista não se limita à Escandinávia. Se acreditarmos em Esbati, é inclusive fora do contexto escandinavo que é preciso procurar a origem disso. “Em todo o mundo ocidental, ao longo dessas últimas décadas, as forças muito organizadas do capitalismo trabalharam contra a estagnação econômica através de uma exploração ainda mais dura e da recuperação de antigos bastiões do movimento operário, atacando de passagem os regimes de previdência, os serviços de saúde pública e o direito trabalhista. Essa situação degradada cria um ambiente social dividido segundo linhas étnicas e religiosas. Esses temas são recorrentes e transnacionais.”

Rémi Nilsen

Jornalista, é o responsável pela edição norueguesa do Le Monde Diplomatique

Ilustração: Pool News / Reuters

1 Dagsavisen, Oslo, 25 jul. 2011.
2 Partido Trabalhista, Partido Socialista de Esquerda – fundado nos anos 1970, contra a política pró-norte-americana dos trabalhistas – e Partido do Centro.
3 Nas últimas eleições, em setembro de 2011, ele teve apenas 11,5% dos votos.
4 Bat Ye’or, Eurabia. L’axe euro-arabe [Eurábia, o eixo euro-árabe], Edições Jean-Cyrille Godefroy, Paris, 2006.
5 Andreas Malm, Hatet mot muslimer [O ódio contra os muçulmanos], Atlas, Estocolmo, 2011.
6 Aftenposten, Oslo, 1º ago. 2011.
7 Dados do Escritório Nacional de Estatísticas (www.ssb.no).
8 “A imigração e os imigrantes 2010”, Escritório Nacional de Estatísticas.
9 “A nova Noruega. A concentração do poder econômico do período pós-1990”, Manifest, Oslo, 2011.
10 Atrás de Liechtenstein e Luxemburgo.

Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil
http://diplomatique.org.br/artigo.php?id=1207

Observação: apesar do viés da publicação, isto não comprometeu o conteúdo da matéria. A matéria é relevante pois descreve como a visão do assassino da Noruega é bem compartilhada na Europa e fora dela. Não se trata de um "louco" e sim de um extremista que pôs em prática o que muita gente em vários países europeus (e não-europeus) pensam sobre imigrantes, racismo etc.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Psiquiatras e psicólogos acreditam que Breivik é criminalmente responsável

O autor confesso dos ataques de julho de 2011 na Noruega, Anders Behring Breivik, é mentalmente capaz para ser criminalmente responsável pelos atentados que fizeram 77 mortos, afirmaram hoje psiquiatras e psicólogos durante o julgamento do extremista de direita.

Os especialistas hoje ouvidos no tribunal de Oslo integram o painel de testemunhas da defesa.

O estado da saúde mental de Breivik é uma das questões centrais do julgamento do extremista, que arrancou a 16 de abril na capital norueguesa.

Breivik, opositor da multiculturalidade e da "invasão muçulmana" na Europa, quer ser considerado mentalmente capaz, para que os seus ideais não sejam invalidados por um diagnóstico de demência.

Um dos peritos, o psicólogo Eirik Johannesen, declarou diante do tribunal estar "plenamente convencido" que Breivik não estava psicótico no momento dos ataques, afirmando que os seus atos não tiveram como origem uma doença, mas sim os seus ideais políticos extremistas.

"Tendo em vista a sua ideologia, não penso que possa ser tratado através de terapia ou de medicação", sublinhou Johannesen, que teve oportunidade de observar o acusado, no total de 26 horas, durante o período de detenção.

Ainda durante o depoimento, Johannesen descreveu que o contacto que manteve com Breivik era "como encontrar Hannibal [Lecter]", a personagem do filme "O Silêncio dos Inocentes".

O extremista de direita foi submetido até à data a duas avaliações psiquiátricas oficiais.

Ainda na audiência de hoje, outra testemunha da defesa, o professor de psiquiatria Einar Kringlen, que inicialmente defendeu a inimputabilidade do acusado, acabou por admitir outro cenário.

"O mal nem sempre é explicado pela doença", declarou diante do tribunal, citando o exemplo do Holocausto.

Os relatórios psiquiátricos oficiais não têm um carácter vinculativo, uma vez que será o painel de juízes do tribunal de Oslo que irá determinar se Breivik é ou não criminalmente responsável.

Breivik foi o autor do atentado à bomba contra a sede do Governo norueguês e de um tiroteio na ilha de Utoya, perto de Oslo, a 22 de julho do ano passado.

Os dois ataques causaram 77 mortos, na maioria jovens que participavam num acampamento da Juventude Trabalhista, na ilha de Utoya.

O extremista de direita reconheceu a autoria dos ataques, mas recusou declarar-se culpado.

Se for considerado culpado, Breivik incorre numa pena de 21 anos de prisão ou de retenção de segurança -- uma pena renovável enquanto o preso for considerado perigoso. Caso seja considerado inimputável, pode ser condenado a internamento psiquiátrico, potencialmente para toda a vida.

A justiça norueguesa divulgou na semana passada que o veredito será conhecido a 20 de julho ou a 24 de agosto.

Fonte: Lusa (Portugal)
http://sicnoticias.sapo.pt/mundo/2012/06/11/psiquiatras-e-psicologos-acreditam-que-breivik-e-criminalmente-responsavel

Ver mais:
Tragédia norueguesa anunciada: Breivik tinha cadastro (Euronews)
Breivik reage à sentença com sorriso (Euronews)
Alívio na Noruega (Euronews)

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Breivik não sofre de psicose, diz avaliação

Homem foi o autor dos ataques de 22 de julho, onde 77 pessoas morreram

Da AFP noticias@band.com.br

População contestou os resultados da primeira
avaliação psiquiátrica de Anders Behring Breivik
/ Jon-Are Berg-Jacobsen/Aftenposten/AFP
Um segundo painel de psiquiatras que analisou Anders Behring Breivik concluiu que o autor dos ataques de 22 de julho de 2011 na Noruega não sofre de psicose e, portanto, é penalmente responsável.

"Nós concluímos que o acusado não era psicótico no momento dos fatos", declarou o psiquiatra Agnar Aspaas durante uma coletiva de imprensa realizada após a entrega do relatório ao Tribunal de Oslo. O processo deve começar na segunda-feira.

A nova avaliação contradiz os resultados de um primeiro exame psiquiátrico oficial que no ano passado concluiu que Breivik sofria de esquizofrenia paranoide, e que, portanto, deveria ser enviado para um hospital psiquiátrico, e não para uma prisão.

Um dos advogados de Breivik afirmou que seu cliente está "satisfeito" com a nova avaliação. Solicitada pela justiça norueguesa após as várias críticas dirigidas à primeira avaliação, esta nova ainda é provisória e de valor apenas consultivo.

Em última instância, será o veredicto dos juízes que decidirá a complicada questão da responsabilidade penal de Breivik e determinará o seu destino: prisão ou hospital psiquiátrico. Em ambos os casos, Breivik poderá permanecer trancafiado entre quatro paredes até sua morte.

Apesar de a pena máxima por "atos de terrorismo" ser de 21 anos na Noruega, um mecanismo de retenção de segurança permite prolongar indefinidamente a prisão de um detento, enquanto este for considerado perigoso.

Ultradireitista fanático, Breivik detonou uma bomba diante de um prédio do governo em Oslo e pouco depois abriu fogo contra jovens social-democratas que participavam em uma reunião política na ilha de Utoeya, matando 77 pessoas no total.

"Existe um alto risco de ele reincidir", afirmam Aspaas e seu colega Terje Toerrissen, em um comunicado do Tribunal que resume as conclusões. "Estamos muito seguros (de nossas conclusões) de que isso é possível", disse Toerrissen, acrescentando que os dois especialistas tiveram acesso "a tanto, ou mais material" do que seus colegas para avaliar a saúde mental de Breivik.

O relatório tem como base 11 entrevistas com o acusado, três semanas de observações contínuas e registros de interrogatórios policiais.

Mesmo sujeito a alterações até o final do julgamento, de acordo com o comportamento de Breivik durante o processo, seus resultados são esperados para reforçar a linha de defesa dos advogados do extremista que, a seu pedido, vão trabalhar para reconhecer a responsabilidade penal do cliente.

Um dos advogados de Breivik afirmou que seu cliente está "satisfeito" com a nova avaliação. Breivik acredita que ser declarado irresponsável por seus atos, invalidaria a sua ideologia islamofóbica e hostil ao multiculturalismo, resumidas no manifesto distribuído por ele no dia dos ataques.

Em uma carta enviada na semana passada para os jornais noruegueses, ele afirmou que um hospital psiquiátrico seria "pior do que a morte" e que a avaliação dos primeiros peritos-psiquiatras era "a maior humilhação."

Em uma inversão impressionante dos papéis habituais, o Ministério Público afirmou no mês passado que está preparado para manter a irresponsabilidade penal de Breivik, reservando a possibilidade de mudar de posição caso apareçam novas provas eventuais.

Fonte: AFP/Band
http://www.band.com.br/noticias/mundo/noticia/?id=100000496512

Ver também:
Noruega: irmão de princesa é uma das vítimas (AFP)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Anders Breivik prefere morrer a ser internado

Autor confesso do massacre na Noruega. Anders Breivik prefere morrer a ser internado

O autor confesso do massacre na Noruega
quer ser considerado imputável (Foto:
Jon-Are Berg-Jacobsen/Aftenposten/Reuters)
O extremista norueguês Anders Behring Breivik, autor confesso do massacre na ilha de Utoya e do atentado à bomba em Oslo no Verão do ano passado, de que resultaram 77 mortos e 151 feridos, diz que prefere morrer a ser internado numa instituição psiquiátrica.

“Enviar um ativista político para um hospício é mais sádico e mais maléfico do que matá-lo!”, escreveu Breivik numa carta publicada pelo jornal norueguês Verdens Gang.

Breivik, 33 anos, está em prisão preventiva e já foi submetido a duas avaliações psiquiátricas. Numa delas foi considerado responsável pelos seus actos, pelo que poderia ser julgado e condenado a uma pena de prisão, mas um segundo relatório concluiu que sofre de esquizofrenia paranóide, o que poderá levar à substituição de uma pena de prisão pelo internamento num estabelecimento psiquiátrico.

Na carta enviada ao Verdens Gang, com 38 páginas, Anders Behring Breivik contesta os resultados desta última avaliação, considerando que 80% do relatório dos psiquiatras Torgeir Husby e Synne Soerheim contém erros, e afirma que o internamento é “um destino pior do que a morte”.

Segundo as conclusões da avaliação clínica, Breivik é um psicótico que, com o tempo, desenvolveu uma esquizofrenia paranóide que teria alterado o seu juízo antes e durante os ataques, afirmou Svein Holden, procurador do Ministério Público da Noruega. "Ele vive no seu próprio universo delirante e os seus pensamentos e atos são regidos por esse universo", disse o responsável.

Eram 15h26 do dia 22 de Julho de 2011, quando uma bomba explodiu em Oslo. O ataque tinha sido anunciado num manifesto de mais de 1500 páginas escrito por Breivik ao longo de nove anos e que fora publicado na Internet horas antes das explosões. Às 17h25, surgiam relatos de tiros disparados na ilha de Utoya, onde decorria um acampamento de jovens do Partido Trabalhista. A equipa especial antiterrorismo chega a Utoya mais de uma hora depois de o atirador, disfarçado de polícia, ter desembarcado de um ferry na ilha. Nessa hora, Breivik disparou contra dezenas e dezenas de jovens, com balas modificadas para maximizar o número de vítimas. Matou 69 pessoas na ilha e outras oito morreram na explosão em Oslo.

O início do julgamento está marcado para o próximo dia 16 e Anders Behring Breivik insiste em ser julgado como uma pessoa sã e imputável.

Fonte: Público (Portugal)
http://www.publico.pt/Mundo/anders-breivik-diz-que-prefere-morrer-a-ser-internado-1540789

segunda-feira, 19 de março de 2012

Assassino em série da França seria paranóico racista (extrema-direita)

Perita trabalha na cena do crime em frente à escola judaica Ozar Hatorah, em Toulouse. Foto: AFP
19 de março de 2012 • 15h50 • atualizado às 16h31

O assassino que horrorizou a França, após matar em oito dias crianças em uma escola judaica e militares, tem um perfil de assassino em série que "atribuiu a si mesmo uma missão" em uma lógica de "guerra", com "um aumento de poder" em cada um de seus crimes, apontaram criminologistas e especialistas. "Serial killer", paranóico racista de extrema direita, que acredita estar em uma "missão", desequilibrado "desprovido de ideologia": todas as hipóteses são apresentadas para tentar definir a personalidade de um assassino, que age sozinho e que sabe manusear armas para atingir suas vítimas.

O assassino - que circula com uma scooter e usa uma arma de calibre 11,43 - primeiro atacou militares de origem norte-africana e um de seus companheiros negro, antes de atacar uma escola judaica no sudoeste do país. Um homem determinado, que mostrou ter sangue frio, matou a cada quatro dias. Ele poderia ser militar ou paramilitar, ativo ou não, motivado por "um desejo de destruir algumas categorias de pessoas", disse o ex-policial Jean-François Abgrall.

A cada ato "aumentou sua força na agressão", afirma o analista criminal que se tornou investigador, mencionando "um personagem que vai para a guerra". "Sua primeira vítima, um paraquedista, caiu em uma armadilha (em Toulouse no dia 11 de março). Em seguida, repetiu o ato ao atacar três outros paraquedistas (em Montauban na quinta-feira). Os militares tinham em comum o fato de poderem ser percebidos como estrangeiros", o que pode ser para ele "insuportável", acredita Abgrall.

"Finalmente, na segunda-feira, chegou a perseguir suas vítimas no interior de uma escola judaica", onde matou três crianças e um professor. "Há, definitivamente um gatilho. Não podemos dizer qual seria, mas estamos em um clima de campanha política e falamos de problemas sociais que podem ter significados diferentes para ele", acrescentou Abgrall. Para o psiquiatra criminologista Coutanceau Roland, a mais forte hipótese é a de "terrorismo reduzido a um homem", racista ou não.

"Seria uma pessoa que, em vez de ter uma doença mental, tem apenas uma personalidade paranóica. Ele desenvolveu uma forma de crença ideológica absoluta, inabalável na privacidade de sua imaginação. De maneira megalomaníaca, ele atribui a si a tarefa de agir: ele pode afirmar 'eu tinha que fazer isso!'". "Ao se tratar de uma lógica abstrata de combate, o ato é cometido de maneira fria, organizada, com uma insensibilidade para com as pessoas que ele mata", afirma Coutanceau.

Para ele, esse assassino certamente não é um "assassino em massa em sua forma clássica, como na escola de Columbine (EUA, 1999), porque esse tipo de assassino permanece no local e procura, de alguma maneira, ser morto pela polícia". O psiquiatra também considera a possibilidade de ser um "doente mental, com um desenvolvimento do caráter paranóico, como o assassino de Oslo (o norueguês Breivik que matou 77 pessoas em julho de 2011, ndlr.) Alguém que tem um delírio, enquanto o resto de sua personalidade funciona 'normalmente', tornando-o capaz de organizar com inteligência sua estratégia".

Autor de dezenas de livros sobre crimes, Stephane Bourgoin descreveu o autor dos ataques como um "assassino em série". "Se não for parado, vai continuar, é indiscutível. Mas este tipo de assassino é difícil de ser pego, pois não tem conexão alguma com suas vítimas". A pista de terrorismo, que ninguém quer descartar, não é privilegiada pelos especialistas nem pelos investigadores, mesmo que a seção anti-terrorista tenha sido chamada por causa do "clima de intimidação e terror" gerado pelos ataques.

Fonte: AFP
http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5673616-EI8142,00-Assassino+em+serie+da+Franca+seria+paranoico+racista.html

Ver mais:
França: atirador pode ser o autor de três chacinas (A Tarde online)

domingo, 31 de julho de 2011

Partido de Merkel quer fim dos apoios aos nazistas

Políticos do principal partido do governo, a CDU da chanceler Angela Merkel, propuseram que se acelere o processo em curso na conferência de ministros regionais do Interior para cortar os subsídios do Estado ao principal partido neonazi, o NPD.

Na opinião do ministro do Interior da Baixa Saxônia, Uwe Schünemann, esta medida será bem mais eficaz do que uma nova tentativa para proibir o NPD, “que iria deparar com grandes obstáculos jurídicos”.

Após os atentados de sexta-feira passada na Noruega, que causaram 76 mortos, o principal partido da oposição, o SPD, exigiu a reabertura do processo para proibir o NPD junto do Tribunal Constitucional.

Fonte: Jornal da Madeira(Portugal)
http://www.jornaldamadeira.pt/not2008.php?Seccao=5&id=190897&sup=0&sdata=

terça-feira, 26 de julho de 2011

Breivik não é uma singularidade na Noruega

MATTHEW GOODWIN
DO "GUARDIAN"

A tragédia que aconteceu na Noruega neste fim de semana pode vir a ser um divisor de águas em termos de como encaramos os seguidores da extrema-direita, os grupos da extrema-direita e sua ideologia. Até agora, as democracias europeias e seus serviços de segurança vinham focando quase exclusivamente a ameaça do terrorismo inspirado na Al Qaeda. Os grupos extremistas de direita e suas entidades afiliadas mais violentas eram vistos como nada mais que um movimento desorganizado, fragmentado e irrelevante.

Mas essa visão convencional não levava em conta as evidências mais amplas de um estado de ânimo mais violento e beligerante que se manifestava nos círculos da extrema-direita europeia. Essa mudança pode ter sido uma reação à chegada do terrorismo inspirado na Al Qaeda, ou o sentimento de que os partidos políticos de extrema-direita na Europa (como o Partido do Progresso norueguês, ao qual o autor dos ataques foi filiado no passado) não estão exercendo influência suficiente em questões como a imigração.

Dois anos atrás, autoridades antiterrorismo no Reino Unido lançaram um aviso sobre a ameaça crescente representada por "lobos solitários" de direita. Ao mesmo tempo, o Departamento de Segurança Interna dos EUA avisou que o clima econômico mais amplo e a eleição do primeiro presidente afro-americano poderiam resultar em confrontos entre extremistas de direita e autoridades governamentais, "semelhantes aos do passado". Esses acontecimentos passados incluíram o atentado contra um edifício federal em Oklahoma, no qual morreram 168 pessoas.

Os fatos ocorridos no fim de semana contestam diretamente a ideia de que o extremismo de direita seja uma ameaça apenas secundária à segurança. De acordo com a polícia norueguesa, o autor dos ataques --Anders Behring Breivik, de 32 anos-- confirmou que planejou e realizou os dois ataques sozinho.

As origens de suas influências ideológicas já começaram a vir à tona. Breivik era longe de ser o que se poderia descrever como um extremista de direita tradicional. Ao mesmo tempo em que estava profundamente preocupado com os efeitos da imigração, do multiculturalismo, do islã e do crescimento das comunidades muçulmanas radicadas no país, ele também rejeitava as ideias neonazistas e supremacistas raciais grosseiras e os partidos que as defendem, citando, por exemplo, o Partido Nacional Britânico (BNP).

Talvez tenha sido sua rejeição do BNP que o levou a se interessar pela Liga de Defesa Inglesa (EDL). Breivik ficou impressionado com a velocidade do crescimento desse grupo e elogiou as "escolhas táticas" feitas por seus líderes. Isso incluiu o endosso da rejeição por parte da EDL do discurso supremacista branco tradicional e do racismo, além da decisão da liga de opor-se ao islã por razões culturais. Essa distinção entre as formas tradicionais de extremismo de direita baseadas na questão racial (como as do BNP) e uma nova narrativa antimuçulmana reflete uma mudança mais ampla no interior da extrema-direita europeia. Em lugar da oposição à imigração e ao islã por razões raciais (argumento que atrairia pouco apoio), a ênfase se desloca para a questão da cultura, que encontra aceitação social maior: os muçulmanos não seriam biologicamente inferiores, mas seriam culturalmente incompatíveis, diz o argumento. O objetivo é abrir os grupos de extrema-direita modernos a um público mais amplo.

Como a maioria dos integrantes da extrema-direita, ao mesmo tempo em que Breivik expressava preocupação profunda diante de uma série de ameaças à sociedade mais ampla, ele parecia enxergar os partidos majoritários como sendo incapazes ou não dispostos a oferecer respostas à altura das ameaças. Ele foi em dado momento membro do Partido do Progresso, de direita, que também argumenta contra a imigração e tece críticas aos muçulmanos, mas, mais tarde, denunciou membros desse partido como sendo "políticos de carreira, politicamente corretos" que não estavam preparados para "correr riscos e trabalhar por metas idealistas". Mais amplamente, Breivik também se opunha ferrenhamente à influência cultural do marxismo e da chamada "correção política" e convocou setores da direita a combater essa influência, assumindo o controle da mídia e outras posições de influência.

Seria fácil qualificar Breivik como uma exceção norueguesa, mas seria um engano. Embora ele seja distinguível por seus atos, é importante observar que algumas de suas preocupações básicas também vêm exercendo papel destacado na política norueguesa e na política europeia, de modo mais geral. Eu passei quatro anos entrevistando ativistas da extrema-direita, muitos dos quais rejeitavam a violência política. Mas o que ficou claro ao longo dessa pesquisa é que existe, inquestionavelmente, uma cultura da violência dentro da subcultura de extrema-direita mais ampla. Muitas das ideias expressas durante a pesquisa também vieram à tona nas últimas 48 horas: a ameaça que seria representada pelas comunidades muçulmanas, a ideia de que os grandes partidos são incapazes de fazer frente a essa ameaça, e uma ênfase forte sobre o "choque de civilizações" entre membros da população majoritária e de grupos minoritários.

Por meio de sites na internet, materiais impressos e reuniões (e Breivik teria sido exposto a tudo isso), esse movimento fomenta entre seus seguidores várias narrativas: a ideia de que estão travando uma batalha pela sobrevivência racial ou cultural; que seu grupo racial, religioso ou cultural estaria ameaçado de extinção iminente; que as opções políticas existentes seriam incapazes de reagir a essa ameaça; que ações urgentes e radicais são necessárias para responder a essas ameaças na sociedade, e que eles precisam cumprir esse dever para poderem deixar um legado a seus filhos e netos.

Esses argumentos proporcionam aos seguidores de grupos de extrema-direita e fundamentalistas um raciocínio convincente e forte para que se envolvam ativamente. Para começar, esses cidadãos consideram que uma comunidade mais ampla se encontra ameaçada, quer seja pela Al Qaeda, por organizações supranacionais como a UE ou a ONU, pela imigração ou pelo crescimento de comunidades muçulmanas radicadas.

Ademais, eles argumentam que essa ameaça é de ordem cultural, e não econômica. Não é uma simples questão de emprego ou de moradias subsidiadas. É um conjunto profundo de receios de que um conjunto de valores, um modo de vida e uma comunidade maior estejam vivendo sob ameaça, e que apenas as formas de ação mais radicais seriam capazes de eliminar essa ameaça.

Recentemente escrevi uma resenha de um livro acadêmico que terminava com a previsão de que a próxima onda de terrorismo na Europa virá não de grupos inspirados na Al Qaeda, mas de grupos de direita que querem reagir a essa ameaça e reafirmar a posição de seu grupo mais amplo. Ainda é cedo para saber se os atos de Breivik vão inspirar ataques semelhantes, mas uma coisa está clara: a ameaça representada pelos grupos e as ideias extremistas de direita merecem uma atenção muito maior.

Tradução de Clara Allain

Fonte: Bol Notícias(Brasil)
http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2011/07/25/breivik-nao-e-uma-singularidade-na-noruega.jhtm
Texto original: The Guardian(Reino Unido)
Norway attacks: We can no longer ignore the far-right threat
http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2011/jul/24/norway-bombing-attack-far-right

Monstro norueguês acredita estar em guerra (AFP Brasil)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Anders Breivik - os delírios de um neo-cruzado

"Fundamentalista cristão", "antimulçumano ultradireitista", "maçônico", "lobo solitário" e radical, os qualificativos não bastam para tratar de saber quem é e porque fez o que fez o assassino Anders Breivik, que ontem se declarou culpado do massacre de 86 adolescentes no campo de verão da social-democracia norueguesa (no poder) na ilha de Utoya. Duas horas antes, Breivik explodiu um carro-bomba — ao que parece para distrair — frente aos escritórios do governo no centro de Oslo, com um saldo de sete mortos.

De imediato, Bruno Gollnisch, eurodeputado do partido ultraconservador francês Front National (FN), o qual Marine Le Pen lidera, desligou Breivik da extrema-direita europeia e questionou que seja um "fundamentalista cristão". O ex-número dois da FN — no auge na França por suas posturas anti-imigração e antiárabes, iguais as de Breivik — disse que "em suas atividades (o assassino) não evoca nenhuma atividade religiosa senão só seu vínculo com a francomaçonaria, algo muito menos comum na Noruega”. Gollnisch, acusado de ser "negacionista" do Holocausto judeu comandado pelos nazis, aludiu assim a um vínculo de Breivik à loja John Lodge com "grau 3" (mestre), segundo informou o canal norueguês TV2 e como consta no Anuário da Ordem Maçônica da Noruega.

Desde já esta filiação é tema de debate em meios religiosos como o InfoCatólica (infocatolica.com/blog/delapsis.php) ou o Foro Católico (forocatolico.wordpress.com) que acusam a Breivik de "terrorista" e de "maçom sionista", com outro intento em distanciar sua imagem da extrema-direita (além de católico) a qual relaciona o governo de Oslo pelas diatribes arabofóbicas e nazi-islamistas do hoje confesso Breivik.

Mas em outro enfoque, o especialista em extrema-direita e violência política, Nicolas Lebourg (droites-extremes.blog.lemonde.fr Le cas Anders Behring Breivik : un imaginaire de « lone wolf »?) coloca o assassino de 32 anos mais próximo do imaginário do “lone wolf”, o “lobo solitário” elevado à categoria de mito pela extrema-direita dos Estados Unidos.

Este método foi idealizado pelo estadounidense Joseph Tommasi em 1974 quando fundou o grupelho National Socialist Liberation Front do qual queria transformar em força a debilidade dos neonazis, pela carência de apoio popular. "Nenhum risco de fuga ou de traição: ao atuar sozinho, cada um se encarrega solitariamente de levar a cabo uma ação terrorista”, dizia Tomassi (assassinado ele mesmo em 1975) e cujo método simples e ideal foi usado, entre outros, por Timothy McVeigh para destruir com um caminhão-bomba o Edifício Federal Murrah, em Oklahoma City, em 19 de abril de 1995. Saldo: 168 mortos e mais de 500 feridos.

Daños Colaterales
Irene Selser

Fonte: Milenio online(México)
http://impreso.milenio.com/node/8997691
Tradução: Roberto Lucena

Comentário: apesar de conter algumas expressões infelizes(que cortei do texo original, quem quiser checar que confira no link), a citação da análise do Le Monde, do Nicolas Lebourg, sobre o ataque do extremista de direita norueguês, foi uma das melhores(ou melhor)que saiu até o momento. Se fosse depender do que sai de "excesso de informação" sem análise crítica em sites de notícia sobre esse caso, seria literalmente um caos.

Parece ser o caso de um ataque de um "lobo solitário" com afinidades de uma vertente não muito comum à extrema-direita europeia, embora exista, que é a que tem afinidades ideológicas com aquele extremista holandês Geert Wilders, que dá ênfase ao preconceito anti-islâmico no lugar do tradicional antissemitismo da extrema-direita(fascistas, nazistas e outros nacionalistas de extrema-direita). Uma espécie de "diversionismo ideológico" da extrema-direita pra gerar confusão uma vez que a finalidade básica delas é quase sempre a mesma: revolução cultural de cunho fascista e racismo contra estrangeiros.

Pros que elagavam, ou por ceticismo honesto ou por permissividade, que esses "monstrinhos" de internet que ficam entocados em fóruns extremistas de ódio panfletando racismo e outras insanidades, eram inofensivos, mais uma amostra da destruição que são capazes de provocar. Fatos costumam ser mais fortes que crenças.

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